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5 4 Título livro FORMANDO MULTIPLICADORES DO BEM WAGNER LUIZ VILLALVA GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS FORMANDO MULTIPLICADORES DO BEM EDUCANDO PARA A PAZ Lorem ipsum G E S T Ã O E S T R A T É G IC A D E C U S T O S P Ó S -G R A D U A Ç Ã O G e s tã o e N e g ó c io s MBA GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS 2022 Wagner Luiz Villalva PRESIDENTE Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM DIRETOR GERAL Jorge Apóstolos Siarcos REITOR Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM VICE-REITOR Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO Adriel de Moura Cabral PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Dilnei Giseli Lorenzi COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Franklin Portela Correia GESTOR DO CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE Franklin Portela Correia REVISÃO TÉCNICA Patrícia Ferreira do Amaral PROJETO GRÁFICO Impulsa Comunicação DIAGRAMADOE Lucas Ichimaru Testa CAPA Lucas Ichimaru Testa © 2022 Universidade São Francisco Avenida São Francisco de Assis, 218 CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – ORDEM DOS FRADES MENORES WAGNER LUIZ VILLALVA ` Especialista tributário contábil e financeiro; ` Palestrante consultor financeiro; ` Ministro treinamentos corporativos; ` Especialista na Calculadora HP 12C; ` Ministro MBA voltado a área financeira contábil e tributaria; ` Participo de gravações de vídeo aula das disciplinas Contabilidade – Gerenciamento de Custos – Matemática Financeira – Planejamento Tributário; ` Autor de 32 desafios acadêmicos; ` Autor de livros de contabilidade, gerenciamento de custos, analise das demonstrações contabeis e matemática financeiras; ` Autor de 1685 questões para faculdades; ` Ministro consultoria de gerenciamento de custos, contabilidade e finanças para algumas empresas a nível Brasil; ` Graduado em Ciências Contábeis – PUC; MBA em Controladoria e auditoria - PUC; Modulo es- pecifico em Matemática financeira pela UNICAMP; Cursos de Legislação Tributária a nível Brasil. O AUTOR A REVISORA TÉCNICA PATRÍCIA FERREIRA DO AMARAL Mestre em Administração pela UNIFACCAMP, Especialista em Gestão Financeira e Controladoria pela UNISAL, Bacharel em Ciências Contábeis pela PUC Campinas. Em- preendedora, Contadora na EPTV, Experiência de 10 anos na ONG Sociedade Hípica de Campinas nas áreas de Gestão Contábil e Gestão Financeira. Atuação na Contabi- lidade da Eaton Divisão e Transmissões. Articulista com publicações nos Congressos USP e Convibra. Docente com experiência em disciplinas da área Contábil, Financeira, de Negócios e Afins. Autora de questões para Proficiência do Curso de Ciências Con- tábeis ? Padrão ENADE. Experiência com Contabilidade Gerencial e Financeira, Orça- mento, Compliance e Gestão Financeira. SUMÁRIO UNIDADE 01: CONTABILIDADE DE CUSTOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE E CONHECIMENTO DE SUA TERMINOLOGIA .............................6 1. Terminologia de Custos .......................................................................................7 2. Terminologia de custos quanto a formação e quanto a apropriação ...................10 3. Mão de obra direta ..............................................................................................13 4. Gerenciamento de custos e análise de variação da Mão de obra direta e dos materiais diretos ..............................................................................................15 UNIDADE 02: IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS: INFLUÊNCIA DOS TRIBUTOS E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES. ..22 1. Markup – formando um preço de venda .............................................................23 2. Métodos de avaliação de estoques .................................................................................29 UNIDADE 03: PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – MÉTO- DOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL..........38 1. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio ....................................................39 2. Ponto de equilíbrio ..............................................................................................42 3. A importância de se analisar a Margem de contribuição e o Ponto de Equilíbrio 48 4. Métodos de Custeio ............................................................................................50 UNIDADE 04: A IMPORTÂNCIA DE BOAS PRÁTICAS E DO GERENCIAMENTO DE CUSTOS NAS ORGANIZAÇÕES. .................................62 1. A importância do Gerenciamento de Custos em uma organização ....................64 2. Aumentando a lucratividade no gerenciamento de custos ..................................67 3. Bloco K e Bloco H ...............................................................................................68 6 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia UNIDADE 1 CONTABILIDADE DE CUSTOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE E CONHECIMENTO DE SUA TERMINOLOGIA INTRODUÇÃO Esta unidade abordará a importância da Contabilidade de custos para as organizações e se falando em custo se faz necessário entendermos sobre a abrangência de e sua terminologia. Será analisado o que são custos diretos, custos indiretos, custos fixos e custos variáveis. Trará também os custos ocorridos em três cenários distintos: em uma indústria, em um comércio e também em uma empresa prestadora de serviço. Além de denotar a importância do gerenciamento de custos dentro de uma empresa e se bem gerenciado o reflexo positivo que dará a estrutura financeira da empresa. Buscar a redução de custos nas organizações atualmente passou a ser a bola da vez, em razão dessa gestão ser válvula propulsora de um melhor desempenho, e visto que em muitas empresas as vendas não correspondem a expectativa esperada, sendo as- sim, as empresas a trabalham com o foco na redução de custos para minimizar os reflexos negativos com as expectativas das vendas. Outro detalhe muito importante, o gerenciamento de custos está atrelado diretamente na tomada de decisão de uma empresa, e com a busca da redução de custo, permite a ela colocar os seus produtos no mercado com um preço de venda mais atraente, tor- nando-se mais competitiva. Esta obra vai permitir para o leitor um passeio pelo processo produtivo de uma indústria onde estará sendo mostrado passo a passo e também a importância do reconhecimen- to deste custo durante ele. A contabilidade de custo elabora exatamente a mensuração destes valores ocorridos, principalmente no processo produtivo como por exemplo: ` O custo dos Materiais diretos ` O custo dos materiais indiretos ` O custo efetivo da mão de obra direta. ` O gerenciamento de custos de uma organização A contabilidade de custos teve uma importância muito relevante após a Revolução In- dustrial, visto que com o surgimento de muitas empresas, trazendo consigo a chegada da tecnologia com muitas máquinas e equipamentos, mão de obra direta e indireta, aumentando assim os negócios e as transações comerciais, as informações de custos tornaram-se relevantes e essenciais para o processo de tomada de decisão gerencial. 7 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co A Revolução Industrial exigiu um maior foco da contabilidade, pois, o sistema de pro- dução em série, com vários trabalhadores envolvidos no processo de produção de um produto ou uma linha de produtos, trouxe o desafio de precificar atividades de produção com recursos diferentes, em meio a uma grande variedade de recursos utilizados para a obtenção do produto ao final da produção. Com o grande número de empresas e a entrada de várias máquinas, equipamentos, mão de obra, houve a necessidade de uma maior e melhor mensuração dos custos. E este é o foco da contabilidade de custos. Simplesmente “achar” a lucratividade de uma empresa já nãoera mais importante, pois havia a necessidade de mensurar todos os gastos ocorridos no processo produtivo. Reconhecer fielmente os seus custos diretos e indiretos e os seus custos fixos e variá- veis passou a ser o objetivo das empresas, no intuito de reduzir os custos incorridos no processo produtivo e refletindo no aumento de lucratividade. Nesta unidade você vai conhecer a terminologia de custos bem como a importância de cada uma no processo produtivo e principalmente o gerenciamento constante sobre eles. A unidade começa com o conhecimento da terminologia de custos, e avança até a im- portância do gerenciamento destes custos. Nesta obra você se sentirá como um passageiro em um trem, sentando na janela e observando as paisagens que passarão por você durante esta viagem. 1. TERMINOLOGIA DE CUSTOS A cada dia que passa as organizações enfrentam concorrências acirradas, pois o con- sumidor vem exigindo produtos de qualidade a um valor monetário pequeno. Por este motivo, as organizações se sentem obrigadas a buscar a redução de custos e despesas. Primeiramente antes de começarmos a falarmos de custos há a necessidade de se verificar a diferença entre estes dois conceitos que ocorrem cotidianamente nas organi- zações. Importante atentar-se que o foco desta obra está voltada a custos, porém caso não se identifique a diferença poderá ocorrer distorções relativas a ambos conceitos. Figura 01. Diferença entre Custos e Despesas CUSTOS DESPESAS Todo o gasto direcionado na área produtiva. Todo o gasto direcionado na área administrativa, vendas e outras áreas não relacionadas a produção. Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Observe na figura acima que custos são gastos ocorrido na produção e despesas são gastos ocorridos nas outras áreas da empresa, como administração, marketing e ven- das, por exemplo. 8 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia Esta separação precisa ser tão exata que caso uma empresa compre, por exemplo, um determinado material ou produto e cadastrá-lo indevidamente, poderá afetar o fecha- mento contábil da empresa. EXEMPLO Uma indústria química multinacional utiliza elásticos (o tradicional elástico de amarrar di- nheiro) em sua linha de processo produtivo. Ela fabrica lixas e as mesmas são enroladas e envolvidas por estes elásticos. Quando o elástico arrebenta é o sinal que a cura destas lixas ocorreu. Porém ela utiliza este mesmo elástico para a administração e no momento da compra há a necessidade de se diferenciar de acordo com o destino de cada um, ou seja, destacando-se o que é custo e o que é despesa. A separação de custos e despesas em uma organização é tão relevante, devido ao sucesso deste controle (recuperação de impostos) que em muitas empresas de grande porte, ao entrar na portaria, poderá se deparar com a exposição de um gráfico conforme mostra a figura abaixo. Figura 02. Gráfico de relação percentual das áreas Fonte: elaborada pelo autor. Uma das grandes vantagens da separação é que neste caso a empresa poderá tomar o crédito de 18% (necessário informar o estado da empresa para apresentar a alíquota) do ICMS referente a parte produtiva, crédito este permitido pela legislação do ICMS - Lei Complementar 102/12. Na tabela abaixo pode-se perceber exatamente o reconhecimento de custos e despe- sas de uma organização: 9 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Quadro 01. Custos e despesas ESTRUTURA CUSTOS/ DESP. Matéria-prima consumida Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de energia elétrica na fábrica Custos Gasto ligado diretamente na produção Mão-de-obra direta Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de combustível em empilha- deiras Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de telefone na administração Despesa Gasto ligado diretamente na área adminis- trativa Salário do pessoal do faturamento Despesa Gasto ligado diretamente na área adminis- trativa Depreciação das máquinas da fábrica Custos Gasto ligado diretamente na produção Fonte: elaborado pelo autor. 1.1. CUSTOS EM CENÁRIOS DISTINTOS Embora por se entender que custo é o gasto no processo produtivo, muitos entendem que custos ocorrem somente em indústrias de transformações, ou seja, empresas que possuem um pátio fabril. Na realidade custos podem ser encontrados em três cenários distintos como mostra a figura abaixo. INDÚSTRIA COMÉRCIO EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO É considerado custo todo o gasto direcionado para a pro- dução como por exemplo: insumos, Mão de Obra Direta e Indireta, compra de peças de máquinas e outros É considerado custo todo o gasto direcionado para a ativi- dade da empresa, como por exemplo: a compra do produto bem como o frete se houver, referente a aquisição de um produto para a revenda É considerado custo todo o gasto direcionado para a ativi- dade da empresa, como por exemplo: o salário do presta- dor do serviço como a compra de materiais utilizado para a prestação do serviço Figura 03. Custos em industrias, comércios e empresas prestadoras de serviços Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. 10 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 2. TERMINOLOGIA DE CUSTOS QUANTO A FORMAÇÃO E QUANTO A APROPRIAÇÃO Como já narrado nos parágrafos anteriores, a contabilidade de custos é responsável pelo levantamento de dados na área produtiva. É esta contabilidade que irá gerenciar e acom- panhar o processo produtivo, mensurando assim todos os gastos ocorridos neste processo. A contabilidade de custos também possui uma relação direta com a contabilidade ge- rencial, que tem por objetivo suportar as decisões da organização com informações que sejam úteis para responder questões como quanto devo produzir, qual o produto devo enfatizar, se é ou não rentável continuar produzindo determinado produto, se a empresa deve produzir internamente ou comprar de um fornecedor. Se tem ou não mão de obra ociosa no processo produtivo, otimização de tempo e custos no processo produtivo, entre outras situações. Para isso precisamos conhecer alguns conceitos compreendidos pela contabilidade de custos: ` Gasto – Toda organização necessita ter gastos para que possam gerir as suas ativida- des. Estes gastos são sacrifícios financeiros que as empresas pagam para que se possa fazer o material chegar nas mãos de seus clientes. Como exemplo destes gastos pode- mos encontrar todo o valor monetário pago a compras de mercadorias, pagamento de funcionários pagamento de impostos compra de material para o escritório comissão de vendedores e outros. ` Despesas – É um tipo de gasto que ocorre fora da área de produção, ou seja é um gasto com a área administrativa. É um gasto que não está voltado para a área produtiva. Nas empresas as despesas precisam ser separadas dos custos, pois a tratativa se dife- rencia. Pode-se encontrar as despesas fixas e despesas variáveis. Como exemplo de despesas fixas, tem-se o salário do pessoal da administração, de vendas, de marketing bem como a energia elétrica utilizada nestes locais. São denominadas pela contabilidade de despesas operacionais que não são computadas no custo. São necessárias para a atividade da empresa, afinal se a empresa produz, precisa divulgar e vender o seu produto (marketing e vendas), se vende há a necessidade de se faturar (faturamento). Futuramen- te há a necessidade de se controlar o recebimento destas vendas (contas a receber) e se a empresa compra há a necessidade de se controlar estas compras (contas a pagar). Observe que embora para a empresa sendo uma despesa, são atividades que comple- mentam o ciclo dentro da mesma. ` Desembolso - é o pagamento por um serviço ou um bem que foi adquirido. Dessa forma, se adquirirmos algo à vista, o desembolso ocorre durante a compra do bem e se comprar o bem a prazo, o desembolso acontece após a aquisição. ` Investimentos – consideradoscomo gastos “ativados” em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos, são gastos em bens ou serviços que geram retornos para a empresa, são “estocados” nos ativos da empresa e são “baixados” à me- dida que são vendidos, consumidos, que desaparecem ou se desvalorizam. Exemplo: a matéria-prima é um gasto classificado como investimento na forma de estoque, até ser consumida, uma máquina é um investimento classificado em ativo imobilizado. ` Custos - podemos entender como custos todo o gasto voltado para a área produtiva. É reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção para a devida fabricação de um produto ou mesmo para a execução de um determinado serviço. Um exemplo 11 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co clássico é a matéria-prima quando adquirida pela empresa, sendo considerada como um investimento, enquanto estiver no almoxarifado e até ser requisitada para a produção. Pode ser classificado como custo fixo ou custo variável e custo direto ou custo indireto. Quando requisitada e destinada à produção, a matéria-prima passa a ser um custo para a organização. ` Perdas - considerado como um gasto involuntário e anormal que ocorre sem intenção, no momento da obtenção da receita, exemplo perdas com incêndio, perdas com inundações e obsoletismo de estoque. EXEMPLO Se ocorrer a necessidade em uma indústria de se comprar um determinado produto, ocorrerá um ocorrerá um GASTO, caso seja o produto destinado à produção isso será um CUSTO, caso seja o produto destinado outra área da empresa será uma DESPESA. Para a aquisição destes produtos se faz necessário um DESEMBOLSO que poderá ser no ato, caso seja a vista ou não, caso seja a prazo. Todo o produto de valor unitário igual ou superior a R$ 1.200,00 e com vida útil acima de um ano, é considerado um INVESTIMENTO para a empresa e poderá ser ativado, tornando-se um ativo imobilizado. Toda aquisição de custo ou despesas será considerado um investimen- to até o momento da sua utilização. 2.1. CUSTO QUANTO A FORMAÇÃO Os custos quanto a sua formação poderão ser identificados como custos fixos ou custos variáveis. ` Custo fixo - é todo o custo, o gasto que a empresa tem, havendo produção, vendas ou não. Por isso, o custo fixo é conhecido como o ladrão do lucro. Vamos supor se uma empresa tem um custo fixo de R$ 200.000,00, este valor ela terá que pagar, vendendo, produzindo ou não. Um grande exemplo de custos fixos para uma empresa é o aluguel do barracão onde ela produz, lucrando ou não, ela terá que pagar o aluguel no final do mês. 1600 1400 Custo fixo Custo fixo unitário 1200 1000 VOLUME R $ 800 600 400 200 0 0 1 2 3 Figura 04. Aplicabilidade do Custo Fixo Fonte: Elaborado pelo autor Pontos a ressaltar: ` O custo fixo total (linha la- ranja) não se altera ` O custo fixo unitário (linha azul) diminui de acordo com a quantidade produzida 12 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 35 Custo variável unitátio Custo variável total 30 25 VOLUME R $ 20 15 10 5 0 0 1 2 3 Pontos a ressaltar: ` O custo variável total (linha marrom) varia de acordo com a quantidade produzida ` O custo variável unitário (li- nha azul) não se altera ` Custo Variável - é o custo que está diretamente relacionado com a produção e vendas da empresa. Um grande exemplo pode-se dizer a matéria-prima e o material de embalagem. Vamos dar um exemplo: se uma empresa que produz panelas e tem como matéria-prima chapas de aço, ao produzir 500 panelas necessitará de uma certa quantidade de chapa de aço, caso produza 5.000 panelas, precisará de uma quantidade maior. Figura 05. Aplicabilidade do Custo Variável Fonte: elaborada pelo autor. CURIOSIDADE Você sabia que a mão de obra direta é considerada ao mesmo tempo como um custo fixo e um custo variável? Custo fixo quando visto pela área de recursos humanos, em razão de o salário ser pago todo mês esse custo variável quando a mão de obra direta é vista como foco pelo processo produtivo. Se um produto cair a demanda de produção, os funcionários desta área serão alocados para outro departamento. 2.2. CUSTO QUANTO A APROPRIAÇÃO Os custos quanto a sua apropriação podem ser identificados como custos diretos ou custos indiretos: ` Custos diretos – são os custos ligados diretamente no processo produtivo, ou seja, que participam na produção. Um exemplo clássico é a matéria-prima, afinal não se vende sapato de couro, sem ser feito de couro, não é mesmo? Um outro exemplo pode-se dizer que é o material de embalagem. ` Custos indiretos - são os custos ligados indiretamente no processo produtivo, ou seja, participam indiretamente na produção. Um exemplo é a energia elétrica, a depreciação de uma máquina, o supervisor da produção e o diretor de manufatura. Observe que todos participam do processo produtivo, porém não tem contato com o produto. Para que se possa entender a metodologia e os cálculos ocorridos em uma produção, se faz necessário a aplicabilidade de algumas fórmulas utilizadas pelas organizações. ` Custo Total - é considerado como a somatória do custo fixo mais o custo variável. Tam- bém se obtém o custo total, da somatória do custo direto com o custo indireto. ` Custo Unitário - é encontrado quando dividimos o custo total pela quantidade produzida de um determinado produto. 13 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co ` Custo Médio - é obtido quando dividimos o custo total de produção pela quantidade pro- duzida de vários produtos 2.3. CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS LOCALIZADAS NAS INDUSTRIAS NOS COMÉRCIOS E NAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS O quadro abaixo mostra exemplos de custos fixos, variáveis, diretos e indiretos na in- dústria, no comércio e também nas empresas prestadoras de serviços, afinal, não se pode deixar de comentar que custos existem nestes três tipos distintos de cenários. Quadro 02. Custos nas indústrias, comércios e empresas prestadoras de serviços LOCAL CUSTO DIRETO CUSTO INDIRETO CUSTO FIXO CUSTO VARIÁVEL Indústrias Matéria-prima Óleo para acionar a máquina Energia elétrica Embalagem Comércios Mercadoria para revenda Energia elétrica Aluguel da Loja Aquisição de produtos para a venda Empresas presta- doras de serviços Mão de obra quem Irá prestar o serviço Combustível do carro dos presta- dores Salário do pres- tador Materiais utilizados na prestação de serviço Fonte: elaborado pelo autor. 3. MÃO DE OBRA DIRETA Considerada como o segundo maior custo de uma empresa, a mão de obra direta fica atrás somente dos insumos, estes custos de maior relevância, importância e valor como as matérias primas e também o material de embalagem. São conhecidos como custos diretos pelo fato de atuar diretamente com o produto. No processo produtivo a mão de obra direta é conhecida como chão de fábrica atuando diretamente na operação da máquina, este supervisionado pela mão de obra indireta, neste caso, o supervisor, gerenciando as atividades praticadas pela mão de obra direta. Para que as empresas conheçam efetivamente o custo real da mão de obra é de fun- damental importância que saibam todos os custos acessórios à mão de obra, para que assim, a empresa tenha o custo real desta mão de obra, ou seja, que a empresa conheça o seu custo anual bem como o custo hora. Geralmente a mão de obra direta está atrelada a um salário hora, ou seja, as pessoas da produção são consideradas horistas e trabalham em média 44 horas semanais, em seis dias da semana. Abaixo segue um exemplo da empresa Vale do Sol, uma indústria química que produz e revende álcool em gel para todo o país. É uma empresa que tra- balha em seu pátio fabril, operacionalizando em dois turnos, sendo que o primeiro vai das 6:30 às 14:00 e o segundo compreende o horário das 14:00 às 22:00. Os colaboradores da empresa Vale do Sol, perfazem um salário de R$ 12,00a hora. A empresa oferece ainda alguns benefícios adicionais aos seus colaboradores, pagando 14 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia além do décimo terceiro salário, um salário adicional no ano trabalhado e também um prêmio de 150 horas por assiduidade e pontualidade. Como narrado anteriormente, o regime de trabalho é de 220 horas mensais, as quais equivalem a 44 horas semanais, trabalhando de segunda a sábado. Os encargos sociais correspondem a 36,80% e o ano possui 12 feriados. A Vale do Sol quer saber o custo anual com o seu empregador bem como o custo efetivo do seu salário hora. Para se chegar no valor esperado, há a necessidade de se passar por 4 passos, ficando assim mais claro o entendimento. 44 horas semanais / 6 dias da semana = 7,33 horas/dia 365 dias no ano (-) 30 dias das férias (-) 12 feriados (-) 48 domingos = 275 dias no ano 275 dias x 7,33 horas/dia = 2.015,75 horas 1º Passo – deve-se calcular a quantidade de horas trabalhada por dia pelo trabalhador, logo 2º Passo – nesta etapa há a necessidade de se calcular quantos dias no ano o colabo- rador trabalha para a empresa, logo Neste caso multiplica-se os dias trabalhados no ano pela quantidade de horas diárias, logo: IMPORTANTE Vale ressaltar que no ano há 52 domingos, porém, como 4 domingos já estão inclusos nas férias restam, então, 48 domingos. 3º Passo – nesta etapa se faz necessário calcular todo o pagamento efetivo que será feito para o colaborador, logo Salário: 2.015,75 x 12,00 =24.189,00 13º salário = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 14º salário = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 Férias = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 1/3 Férias 2.638,80 / 3 = 879,60 Prêmio= 150 horas x 12,00 = 1.800,00 Feriados = 12 x 7,33 x 12,00 = 1.055,52 Domingos = 48 x 7,33 x 12,00 = 4.222,08 Total dos custos anuais = 40.062,60 Observação: Nesta demonstração não estão citados valores relacionados a ces- tas básicas, convênios médicos, convênios odontológicos e outros, pois neste caso irá depender do acordo sindical de cada categoria. 15 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Custo Hora do empregador 4º Passo – nesta etapa há o acréscimo referente aos encargos sociais que é de 36,80%( para o cálculo transformamos a porcentagem em índice, ou seja 36,80 / 100 + 1 = 1,3680) e também onde se localiza o custo hora do empregador e o custo anual dele. Logo 40.062,60 x 1,3680 = 54.805,64 Custo Anual do Empregador 54.805,64 / 2.015,75 horas = 27,19 27,19 / 12,00 – 1 x 100 = 126,58% Observe que o salário contratado para o colaborador corresponde a R$ 12,00, porém o salário efetivo ou seja o custo real do empregador será de R$ 27,19, logo Este resultado de 126,58% representa o custo adicional do empregador sobre o salário contratado, pois embora na carteira de trabalha o contrato foi referente a R$ 12,00 a hora, efetivamente para a empresa o custo real é de R$ 27,19. Este é um dos motivos que caracteriza a mão de obra direta de uma empresa como o segundo maior custo de uma empresa na planta fabril ficando atrás somente dos insumos. 4. GERENCIAMENTO DE CUSTOS E ANÁLISE DE VARIAÇÃO DA MÃO DE OBRA DIRETA E DOS MATERIAIS DIRETOS Gerenciar os custos ocorridos no processo produtivo passou a ser observado com outros olhares pelas organizações, visto as oscilações constantes ocorridas nos materiais diretos como matéria prima, material secundário, material intermediário e material de embalagem. Não se pode ignorar o aumento do material direto bem como todo e qualquer custos ocorridos no processo produtivo, pois estas oscilações trarão aumento no processo produtivo, refletindo em um custo de produção maior e tornando o produto final menos atraente no mercado. Todo custo assim como toda perda e desperdício no processo produtivo deverá ser rela- tado e mensurado com a finalidade de que a organização possa reduzir estes custos. O tema redução de custos tornou-se tão relevante para as organizações que nos dias de hoje, muitas empresas premiam seus colaboradores com ideias de redução de custo. Caso a ideia seja aprovada os colaboradores são premiados com viagens juntamente com o seu cônjuge em um final de semana, por exemplo. Este tipo de incentivo traz à tona a busca de mais oportunidades de redução de custo, premiando assim o autor da ideia e também a empresa alcançando o seu objetivo, melhorando o desempenho com a redução de custos, e consequentemente, aumentando seus dígitos na lucratividade, sem precisar aumentar as vendas. 16 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 4.1. ANÁLISE DAS VARIAÇÕES DE MÃO DE OBRA Quando falamos em variação de mão de obra direta, podemos relacionar alguns moti- vos conhecidos, como PPP. A figura 6 denota estes motivos que podem causar grandes oscilações nas variações da mão de obra PERFORMANCE PROCESSO PRODUTIVIDADE Ligada diretamente ao comportamento do profissional Ligado a metodologia e aplicabilidade do processo produtivo Ligado automaticamente com a aplicação da performance e processo. Figura 06. Motivos referentes a variações não mão de obra. Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Especial atenção deve ser dada, por exemplo, à mão de obra direta. Seria esse um custo fixo direto ou um custo variável direto? Como descrito anteriormente, a mão de obra direta deve ser olhada por dois lados distintos; primeiramente, perante a área de recursos humanos, referente à folha de pa- gamento, a mão de obra direta é um custo fixo, pois o salário é pago todo o mês. Assim, para a área de recursos humanos, somente será variável o valor monetário referente às horas-extras que o funcionário fizer no mês. No entanto, diante da perspectiva da produção, do custeio, a mão de obra direta poderá ser reconhecida como um custo variável. 4.2. ANÁLISE NAS VARIAÇÕES DE MATERIAIS DIRETOS Quando se fala em variação de material direto, esta relação está ligada diretamente a utilização das matérias-primas e materiais de embalagem bem como na sua aquisição junto ao fornecedor. Muitas organizações elaboram trabalhos junto aos seus colaboradores de produção com o intuito de reduzir custos no processo produtivo e um destes projetos está relacio- nado diretamente nos materiais diretos. Por ser considerado um produto de alta relevância para a empresa e também o tipo de custo mais oneroso para a mesma, os trabalhos são realizados com o objetivo do que se conhece por consumo eficiente nas organizações. 17 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co AQUISIÇÃO DO MATERIAL DIRETO DESPERDÍCIO NA PRODUÇÃO ALMOXARIFADO No momento da aquisição o comprador deverá trabalhar com o menor valor e qualidade no produto adquirido O gerenciamento e a conscientização dos colaboradores em relação ao disperdícios O preenchimento de requisição da retirada do almoxarifado se faz necessário A matéria-prima é considerada também um material direto e um insumo para a empre- sa, com o valor de maior relevância a nível de volume e também a nível de valores. Vários cuidados deverão ser tomados para o controle e gerenciamento deste produto, como por exemplo: ` Fornecedores – escolha de parceiros que não falhem na entrega do produto e ofereçam preços acessíveis, já que a demanda será alta. ` Armazenamento – o estoque de matéria-prima deverá ser muito bem armazenado para que não se perca o insumo por situações climáticas, por exemplo. ` Transporte – para transportar a matéria-prima deverá ser escolhida empresa especializada, por exemplo, aquelas com equipamentos adequados (caminhão tanque, contêineres e outros). ` Controle – por tratar-se de um tipo de material de grande volume, o controle de estoque deverá ser bem gerenciado, sistematizado e com a possibilidade de inventários periódicos. Vale ressaltar que, de acordo com a legislação tributária,as indústrias, quando adqui- rem materiais e mercadorias voltadas à área produtiva, podem se beneficiar com a recuperação dos impostos contidos nas notas fiscais; por exemplo: ` Empresa Optante pelo Lucro Presumido: poderá recuperar ICMS e o IPI na compra de matéria-prima, material de embalagem e material secundário (produto que participa do processo produtivo, porém não tem relevância). ` Empresa Optante pelo Lucro Real: poderá recuperar ICMS e o IPI na compra de maté- ria-prima, material de embalagem e material secundário (produto que participa do proces- so produtivo, porém, não tem relevância), e ainda recuperar 9,25% do PIS e COFINS na aquisição de todo e qualquer material ou serviço prestado destinado à produção. Um dos grandes problemas para as organizações se concentra no custo fixo, já que, conforme o próprio nome diz, ele é fixo. Assim, a empresa necessita calcular a sua margem de contribuição e o seu ponto de equilíbrio (assunto que estudaremos adiante), para que ela possa vender o mínimo suficiente para bancar o seu custo e despesa fixas. Figura 07. Motivos referentes a variações de materiais diretos. 18 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia OBJETO DE APRENDIZAGEM Evolução do controle e gerenciamento de custos A evolução do gerenciamento de custos vem nos últimos anos se aprimorando e tam- bém se qualificando. No passado, para a contabilidade somente se bastava a localiza- ção da lucratividade, nos dias de hoje ter a lucratividade é ótimo, mas também buscar oportunidades de alavancagem de lucro bem como oportunidades de redução de cus- tos passou a ser praticado pelas organizações como estratégia de sustentabilidade. A evolução do processo produtivo nas organizações de 1950 até os dias atuais, envolvendo ai a melhoria na tomada de decisão dos gestores, o avanço da tecnologia neste setor bem como o gerenciamento eficaz de custos no processo produtivo Fo nt e: d is po ní ve l e m : h ttp s: //w w w .re se ar ch ga te .n et /fi gu re /F ig ur a- 1- Li nh a- do -te m po -d a- ev ol uc ao -d os -s is te m as -d e- in fo rm ac ao -n as - em pr es as -F on te _fi g1 _3 04 22 75 71 . A ce ss o em 3 0/ 08 /2 02 2 Fonte: disponível em: https://engeteles.com.br/industria-4-0/. Acesso em 30/08/2022 19 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co CONCLUSÃO Nesta unidade você pode ver e perceber como se torna fundamental a organização co- nhecer, mensurar e gerenciar os seus custos. Tornar mensurável os seus custos fixos, variáveis e os seus custos diretos e indiretos e, principalmente, gerenciá-los vêm se tornando uma incisiva atitude no que diz respeito à concorrência. Conhecer o seu pátio fabril e principalmente conhecer o seu processo produtivo permi- tirá a empresa maior flexibilidade em sua gestão para a tomada de decisão tornando-se assim mais competitiva no mercado. Conhecer e atuar na área produtiva buscando assim oportunidades financeiras ou mes- mo oportunidades de melhorias de processos vem tornando as empresas mais incisivas no mercado perante a concorrência. Buscar ganhos financeiros no processo produtivo trará reflexos positivos no momento da formação do preço de venda, pois achatando-se o custo de produção, achata-se o preço de venda. Em síntese, gerenciar os insumos da empresa em relação a perdas e desperdícios aliando- -se isto ao conhecimento tácito de seus custos, promoverá maiores ganhos para a organi- zação e estes ganhos certamente irão refletir no fluxo de caixa. Ter uma visão macro do pro- cesso produtivo poderá transformar um cenário produtivo em um cenário de oportunidades. As organizações precisam entender que o custo de produção é a nascente, ou seja, o embrião do preço de venda de determinado produto. Acompanhar o processo produtivo buscando melhorias e oportunidades é a chave de sucesso para qualquer empresa. No passado, conhecer a lucratividade da empresa pegando-se as vendas e subtraindo os seus custos e suas despesas era o foco principal. Isto já não basta nos dias de hoje. Devi- do à grande concorrência se faz necessário buscar oportunidades no processo produtivo com um gerenciamento eficaz, refletindo-se diretamente no seu preço de venda tornando- -se mais atraente no mercado, conseguindo assim abrir o seu leque de clientes parceiros. Figura 08. Linha de processo produtivo Fo nt e: 1 23 R F. 20 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONI, Gustavo. Gestão de custos industriais [recurso eletrônico]. Porto Alegre: SAGAH, 2017. BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas, 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. [Acervo Virtual]. BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe Pimentel. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade). São Paulo: Editora Atlas, 2017. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Editora Atlas, 2010. 21 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co 22 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. UNIDADE 2 IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS: INFLUÊNCIA DOS TRIBUTOS E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES. INTRODUÇÃO Muitos pequenos e médios empresários alegam constantemente que estão vendendo muito, mas não estão vendo a “cor do dinheiro”, porem o grande motivo até citado pe- las mídias está ligado intimamente a falta de planejamento financeiro empresarial e e falhas na formação dos preços. Geralmente, o preço está incoerente com o que aquele produto, mercadoria ou serviço realmente vale, ou seja, a demanda é grande, e o custo de reposição acaba prejudicando a empresa, gerando um início vicioso, como antecipa- ção de recebíveis e empréstimos. Existe uma diferença muito grande em vender muito e vender bem: quando se vende muito, existe a possibilidade de o preço de venda estar incoerente com os gastos totais refletidos na confecção do produto ou serviço. Porém, quando se vende bem, o valor da mercadoria cobre todos os gastos que a empresa teve, desde a compra da matéria- -prima até a venda do produto. Com o dinheiro da venda, a organização precisa pagar todos os custos e as despesas, além de impostos, e tirar sua margem de lucratividade. A falha de formação do preço de venda geralmente causa o óbito da empresa, pois se não praticar o preço correto, na primeira compra após a venda, o empresário sentirá di- ficuldades financeiras. Vale ressaltar que os tributos têm grande influência na formação do preço de venda, e nesta unidade estudaremos a diferença e o reflexo no preço no momento da venda de um mesmo produto para estados diferentes. Esse cenário dificilmente é observado nas grandes organizações, pois todo o custo en- volvido é mensurado na precificação. Não podemos nos esquecer que a nascente de formação de preço, ou seja a base para se iniciar a formação de um preço de vendas está ` Na indústria – no seu custo de produção ` No Comercio – no valor da compra de um produto de um determinado fornecedor ` Na empresa prestadora de serviço, no valor da hora homem trabalhada bem como os materiais e produtos utilizados na prestação do serviço. As grandes organizações trabalham com a avaliação de seus estoques com três tipos de critérios: PEPS, UEPS e PMP. Analisaremos esses tipos e a diferença de tratativa dada a cada um deles. 23 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos 1. MARKUP – FORMANDO UM PREÇO DE VENDA Antes de iniciar este tópico, analise a seguinte pergunta, considerada desafiadora para pequenos emédios proprietários: você precifica corretamente os seus produtos e serviços? É muito comum empresários não praticarem corretamente a formação do preço de venda. Uma maneira de cálculo muito simples e exercida por eles é acrescentar um percentual calculado por estimativa, o que acaba refletindo negativamente na margem. O grande problema de se formar um preço de venda dessa maneira é que geralmente o valor final não condiz com a realidade de gastos de determinado produto ou serviço. Com isso, o pequeno empresário fica sem liquidez e, pior, precisa solicitar empréstimos e antecipa- ção de recebíveis em instituições financeiras, que acarretam taxas de juros altíssimas, afetando diretamente sua margem de lucro. Essa atitude gera um prejuízo financeiro para os empresários que, quando observam o fato ocorrido, já é muito tarde, e assim são obrigados a assumirem novas dívidas, com taxas bancárias altíssimas. É interessante notar que esse cenário dificilmente é encon- trado nas grandes organizações, em que elas têm a técnica de conhecer seus custos e suas despesas. Formar corretamente o preço de venda proporcionar para a empresa uma estabilidade financeira e um menor capital de terceiros em seus demonstrativos contábeis. A precifi- cação propõe finalidades como: ` Aumentar o capital empregado, refletindo em um negócio autossustentado; ` Aumentar a capacidade produtiva, refletindo em menor ociosidade e desperdícios; ` Aumentar o lucro, gerando a longevidade da empresa; ` Garantir a participação de mercado. ` O cálculo correto do preço de venda leva a um patamar de valor que: ` Manterá a qualidade e atenderá a necessidade do mercado ao preço determinado; ` Trará para a empresa o aumento de dígitos na lucratividade; ` Atenderá melhor ao nível de produção. Hoje muitas empresas contratam consultores para a sua gestão de custos e estes por sinal encontram grandes divergências operacionais nas empresas. Uma empresa de pequeno e médio porte geralmente possuem muitos problemas operacionais e isto aca- ba refletindo em um maior custo para estas m um categorias (pequenas e medias) não possuem política de formação de preço de venda, o que acaba se refletindo em um preço indevido enviado para o mercado. Vamos imaginar as duas situações abaixo: ` Um preço enviado para o mercado com um valor baixo: A demanda de produto sera alta e a empresa não terá lucro na sua venda ` Um preço enviado para o mercado com um valor alto: Não terá demanda e o produto fica- ra estagnado na prateleira, refletindo no prejuízo da empresa. 24 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Afinal de contas quem nuca ouviu a seguinte frase: “Estou vendendo muito, mas não vejo a cor do dinheiro”. Para a estratégia da administração do preço de venda, deverão ser respeitados três objetivos: mercadológico, financeiro e estratégico. O quadro a seguir apresenta pontos relevantes sobre esses objetivos. Quadro 01. Objetivos para o preço de venda OBJETIVOS MERCADOLÓGICOS OBJETIVOS FINANCEIROS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS Obter ganhos de participação de mercado. Obter alto retorno sobre o investimento. Estabilizar o mercado, evitando o ingresso de novos concorrentes. Obter crescimento rápido de vendas. Maximizar o lucro a curto e a longo prazo. Reduzir a sensibilidade do cliente aos preços. Fazer um preço aderente à ima- gem que se deseja formar Recuperar o investimento feito (payback). Ser líder de mercado em preços. Criar interesse pelo produto. Gerar volume de vendas. Ser reconhecido como justo pelo cliente, dando sinais à concorrência. Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. É de fundamental importância que, no momento da formação do preço de venda, a empresa tenha em mente a sincronização desses três objetivos, proporcionando assim uma venda correta que satisfaça o cliente e, principalmente, uma venda cuja margem de lucratividade agregue valor financeiro à companhia. IMPORTANTE As empresas que não precificam corretamente seus produtos, mercadorias ou serviços po- derão ter turbulência financeira em seus fluxos de caixa. Existem três principais critérios para a formação e a fixação dos preços, que estão de- monstrados na figura a seguir: Figura 01. Critérios para a formação de preço de venda CRITÉRIO DE CUSTO CRITÉRIO DE CONCORRÊNCIA CRITÉRIO DE DEMANDA Por este critério deverão ser mensurados todos os custos ocorridos no processo produtivo. Critério mais delicado e preocupante devido à tendência de querer o preço igual da concorrência, sem conhecer seus reais custos e também os dos concorrentes. A elevação de preços pode fazer a empresa perder clientes. Uma formação de preço correta permitira uma estabilização no seu preço de venda garantindo assim a satis- fação e fidelidade de seus clientes Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. 25 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. 1.1. MARKUP O markup é considerado uma ferramenta fundamental para que os produtos possam ser precificados e colocados à venda no mercado. Sua utilização propõe ao empresário preços para vendas de produtos e serviços suficientes para atender a suas necessida- des, arcando com custos, despesas e impostos e, principalmente, obtendo margem de lucratividade. Toda e qualquer organização necessita de uma política de preço eficiente, e a utilização dessa ferramenta propicia esse resultado. Vamos dar um exemplo de cálculo de markup. Observe que no Quadro 2, é necessá- rio reconhecer o percentual das despesas operacionais nos demonstrativos contébeis. Imagine que a empresa Panela Boa tenha em seus demonstrativos contábeis valores dos quais retirou os seguintes dados percentuais: Quadro 02. Percentuais de despesas e custos da empresa Panela Boa PORCENTAGENS DE GASTOS TIPOS DE DESPESAS, CUSTOS E MARGEM DE LUCRO 5,80% Despesas administrativas 7,50% Despesas comerciais fixas 3,25% Despesas comerciais variáveis 12,00% ICMS 1,65% PIS 7,60% COFINS 20,00% Margem de lucro Suponha que o custo unitário da panela produzida pela Panela Boa seja de R$ 15,80. Primeiro passo: Vamos somar todas as porcentagens apuradas referentes à empresa, logo: 5,80% + 7,50% + 3,25% + 12,00% + 1,65% + 7,60% + 20,00% = 57,80%. Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: 100,00 – 57,80 = 42,20. Terceiro passo: Agora, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: 100 / 42,20 = 2,369668 – este índice se refere ao markup encontrado. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 e multiplicamos pelo custo unitário de produção da empresa Panela Boa, logo: 15,80 x 2,369668 = 37,44 – preço de venda à vista da Panela Boa. 26 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Vamos agora analisar os valores no quadro a seguir: Quadro 03. Comparação do preço de venda à vista com despesas x custos x margem PREÇO DE VENDA À VISTA PORCENTAGENS VALOR = R$ 37,44 Custo unitário do produto R$ 15,80 Despesas administrativas 5,80% R$ 2,16 Despesas comerciais fixas 7,50% R$ 2,81 Despesas comerciais variáveis 3,25% R$ 1,22 ICMS 12,00% R$ 4,49 PIS 1,65% R$ 0,62 COFINS 7,60% R$ 2,85 Margem de lucro 20,00% R$ 7,49 Total R$ 37,44 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Para que uma empresa elabore sua tabela de preço, é fundamental que ela conheça to- dos os seus custos e suas despesas, pois só assim conseguirá mensurar corretamente seu preço. Outro detalhe importante é a precificação à vista e o preço de venda a prazo: neste último caso, deverão ser embutido os encargos financeiros. Imagine que a empresa Panela Boa queira elaborar um preço a prazo para pagamento em 30 dias e que nesse valor esteja embutido um encargo financeiro de 4,50% am (ao mês). Vamos calcularo passo a passo novamente para a identificação do preço a prazo. Primeiro passo: Somamos todas as porcentagens apuradas referentes à empresa Pa- nela Boa, logo: 5,80% + 7,50% + 3,25% + 12,00% + 1,65% + 7,60% + 20,00% + 4,50% = 62,30% Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: 100,00 – 62,30 = 37,70 Terceiro passo: Neste terceiro passo, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: 100 / 37,70 = 2,652520 – este índice se refere ao markup encontrado. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 e multiplicamos pelo custo unitário de produção da empresa Panela Boa, logo: 15,80 x 2,652520 = 41,91 – preço de venda à prazo da Panela Boa. 27 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Vamos agora analisar os valores no Quadro 4: Quadro 04. Comparação do preço de venda a prazo com despesas x custos x margem PREÇO DE VENDA À VISTA PORCENTAGENS VALOR = R$ 41,91 Custo unitário do produto R$ 15,80 Despesas administrativas 5,80% R$ 2,43 Despesas comerciais fixas 7,50% R$ 3,14 Despesas comerciais variáveis 3,25% R$ 1,36 ICMS 12,00% R$ 5,03 PIS 1,65% R$ 0,69 COFINS 7,60% R$ 3,19 Margem de lucro 20,00% R$ 8,38 Despesas financeiras 4,50% R$ 1,89 Total R$ 41,91 Outro fator importante no momento de calcular o preço de venda de determinado produ- to ou serviço está relacionado ao destino do material, para que estado ele irá, em razão da oscilação da alíquota dos impostos. Os impostos têm grande influência no momento de calcular o preço de venda, o que estudaremos no próximo tópico. 1.2. A INFLUÊNCIA DOS IMPOSTOS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Os tributos têm grande influência na formação de preço de venda de um produto ou um servi- ço. O Brasil é um dos países com a maior carga tributária, e isso afeta diretamente o markup. Imagine uma empresa localizada na região sudeste, cuja carteira de clientes está regi- ões sul, sudeste e norte. Essa mesma empresa tem o custo unitário de produção de R$ 32,00. O quadro a seguir mostra uma empresa com a mesma estrutura de despesas operacionais, porém com clientes em regiões diferentes. Quadro 05. Formação de preço de venda em regiões diferentes TIPO DE DESPESA SUL SUDESTE NORTE Despesa comercial 13,5% 13,5% 13,5% Despesa administrativa 8,2% 8,2% 8,2 Despesa financeira 2,5% 2,5% 2,5% Margem desejada 20,0% 20,0% 20,0% ICMS 12,00% 18,00% 7,00% PIS 1,65% 1,65% 1,65% COFINS 7,60% 7,60% 7,60% 28 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Primeiro passo: Somamos todas as porcentagens apuradas referentes à empresa por região, logo: Região sul = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 12% + 1,65% + 7,60% = 65,45; Região sudeste = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 18% + 1,65% + 7,60% = 71,45; Região norte = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 7% + 1,65% + 7,60% = 60,45. Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: Região sul = 100 - 65,45 = 34,55; Região sudeste = 100 - 71,45 = 28,55; Região norte = 100 - 60,45 = 39,55. Terceiro passo: Neste terceiro passo, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: Região sul = 100 / 34,55 = 2,894356; Região sudeste = 100 / 28,55 = 3,502627; Região norte = 100 / 39,55 = 2.528445. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 de cada região e multiplica- mos pelo custo unitário de produção da empresa, logo: Região sul = 32,00 x 2,894356 = R$ 92,62; Região sudeste = 32 x 3,502627 = R$ 112,08; Região norte = 32 x 2,528445 = R$ 80,91. A empresa deverá praticar preços diferenciados de acordo com cada região, devido à influência da carga tributária. Por isso a importância de definir a localização geográfica da empresa, dos estabelecimentos (filiais) e a visão da empresa (área de atendimento). 29 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Figura 02. A influência dos impostos Fo nt e: 1 23 R F. 2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES Vamos neste tópico analisar e estudar os critérios de avaliação de estoques o que é PEPS (do inglês FIFO – First In, First Out) – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai –, UEPS (do inglês LIFO – Last In, First Out) – Último que Entra, Primeiro que Sai – e PMP (Preço Médio Ponderado) ou CMP (Custo Médio Ponderado). Vamos entender na prática o melhor método a ser utilizado e qual dos critérios não é reconhecido pela legislação. Para manterem seus custos de estoque controláveis e atualizados, as organizações podem praticar esses três critérios de avaliação (PEPS, UEPS e PMP) de forma gerencial e, dependendo da escolha, podem mensurar correta- mente a avaliação do estoque, atendendo às exigências fiscais. Os critérios ou métodos de avaliação de estoque vão demonstrar de que forma será a valoração dos estoques e dos custos de mercadoria da empresa, ou seja, de que maneira os custos das mercadorias serão levados ao custo de fabricação. Isto significa dizer o quanto será reconhecido na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) como custo (baixa de investimentos – estoque). Ao término de cada exercício social e financeiro para a elaboração das demonstrações contábeis, a empresa terá condições e dados suportáveis para a devida tomada de decisão. Outro detalhe importante é que, com o inventário completo, a a companhia co- nhecerá a valoração de seu estoque. Esse inventario é elaborado mediante a contagem física do estoque, devendo ele ser registrado no livro denominado registro de inventário, exigido pelas legislações do IR, do IPI e do ICMS. Vale ressaltar também que no momento da aquisição dos materiais diretos, o valor des- tinado ao custo será o da nota fiscal subtraído de ICMS, o IPI, caso seja uma empresa do lucro presumido, ou o ICMS, o IPI o PIS e o COFINS, caso a organização seja optan- te do lucro real. Posteriormente à subtração, acrescentam-se as despesas referentes a fretes, seguros, armazenagem e outros gastos pagos pelo comprador. 30 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. EXEMPLO Uma nota fiscal no valor total de R$ 90.000 com 10% de IPI e 18% de ICMS. Primeiramente, tira-se o valor do IPI, logo: 90.000/1,10 = R$ 81.818,18. Posteriormente, subtrai-se o ICMS, então: R$ 81.818,18 x 0,82 = R$ 67.090,90. A quantia que vai para o custo da empresa é de R$ 67.090,90. 2.1. PEPS – PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI Por esse critério, as primeiras unidades que entram no estoque são as primeiras reme- tidas ao custo fabril, iniciando assim o processo de fabricação e de atendimento das primeiras requisições de materiais. Em reflexo, o custo final do estoque será formado sempre pelas últimas entradas e unidades na empresa. À medida que ocorrem as vendas, são dadas as baixas da seguinte maneira: primeiro que entra, primeiro que sai. Assim, o valor do estoque fica maior, pois sempre é mantido o valor das últimas entradas. 2.2. UEPS – ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI Pelo critério de avaliação UEPS, as últimas unidades a entrarem no estoque serão as primeiras a serem remetidas ao custo fabril e iniciarem o processo de fabricação e de atendimento às requisições de materiais. Logo, os custos referentes às primeiras uni- dades adquiridas formarão o saldo final em estoque. O UEPS é um critério de avaliação de estoques que não é aceito pelos órgãos competentes e pelo Fisco. Em relação ao saldo do custo total para o UEPS, o valor do estoque fica menor, visto que a primeiras saídas se referem às últimas entradas. 2.3. PREÇO MÉDIO PONDERADO (PMP) No critério de avaliação pelo PMP, os materiais estocados serão sempre avaliados pela média dos custos de aquisição, sendo efetuados após cada compra realizada. Automá- tica e principalmente em um país inflacionário,o custo aumenta a cada nova aquisição, com o aumento do valor da mercadoria. Caso ocorra a redução da compra de determi- nada mercadoria (o que é difícil acontecer), os custos também serão reduzidos. No próximo tópico observaremos um exemplo de determinada empresa em que serão aplicados os três critérios de avaliação que permitirá identificar o resultado de cada um dos critérios de avaliação. 2.4. APLICANDO OS TRÊS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM UMA MOVIMENTAÇÃO DE ESTOQUE Neste tópico serão aplicado os três critérios de avaliação usando como exemplo a em- presa Ki Delícia, fabricante de bolos, biscoitos e bolachas, que os distribui para todo o território brasileiro. Para essa companhia, o trigo é um material direto e a matéria-prima de maior relevância, pela utilização em praticamente 90% na fabricação de seus produtos. 31 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Primeiramente, vamos apresentar os fatos contábeis ocorridos na empresa no mês de fevereiro. Como os valores de custos que carregam os estoques estão sem os devidos impostos, as quantias a seguir já se referem ao valor de estoque. No dia 2 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinho Redenção S/A 100 sacas de trigo (60 kg cada) no valor de R$ 900.000,00, a prazo, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção 50 sacas de trigo no valor de R$ 540.000,00, a prazo, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Primeiramente vamos elaborar o controle de avaliação de estoque pelo critério PEPS. Quadro 06. Critério de avaliação pelo método PEPS ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 SALDO 90 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 100 13.500 1.350.000 SALDO 190 2.250.000 29/02 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 70 13.500 945.000 SALDO 30 13.500 405.000 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário se diferencia e precisa ser relatado sepa- radamente. ` Os saldos são controlados por entrada de material. ` A cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima, será sempre utilizada a primeira que entrou na empresa. 32 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 405.000. Vamos agora utilizar o mesmo exemplo aplicando o critério de avaliação UEPS que, diferentemente do PEPS, é o último que entra, e o primeiro que sai. ` No dia 2 de fevereiro foram adquiridos do fornecedor Moinho Redenção, 100 sacas de tri- go (60 kg cada), a prazo, no valor de R$ 900.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção 50 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 540.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Vamos agora elaborar o quadro utilizando o controle de avaliação de estoque pelo cri- tério UEPS. Quadro 07. Critério de avaliação pelo método UEPS ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 SALDO 90 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 100 13.500 1.350.000 SALDO 190 2.250.000 29/02 100 13.500 1.350.000 50 10.800 540.000 10 9.000 90.000 SALDO 30 9.000 270.000 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário se diferencia e precisa ser relatado sepa- radamente. ` Os saldos são controlados por entrada de material. ` A cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima, será sempre utilizada a última que entrou na empresa. 33 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 270.000. Utilizaremos agora o mesmo exemplo aplicando o critério de avaliação PMP, que traba- lha com o custo médio de cada compra. ` No dia 2 de fevereiro foram adquiridos do fornecedor Moinho Redenção 100 sacas de trigo (60 kg cada), a prazo, no valor de R$ 900.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção S/A 50 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 540.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Vamos elaborar o quadro utilizando o controle de avaliação de estoque pelo critério PMP. Quadro 08. Critério de avaliação pelo método PMP ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 90 10.000 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 190 11.842 2.250.000 29/02 160 11.842 1.894.720 30 11.842 355.260 SALDO 30 11.842 355.260 Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário é calculado pelo custo médio referente ao saldo que se tinha somado a nova entrada e dividido pela quantidade de estoque. ` Os saldos são controlados pelo custo médio. ` Para cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima será sempre utiliza- do o custo médio atualizado do produto. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 355.260,00, ou seja, um saldo entre o custo total do PEPS e o custo total do UEPS. Nos dias de hoje, muitas empresas utilizam o PMP, para manterem seus custos mais próximos da realidade. Outras também aplicam o PEPS como suporte gerencial para tomada das decisões. 34 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. OBJETO DE APRENDIZAGEM Formação de preço de venda Formar preço é uma arte, pois caso algo ocorra errado na formação do preço de venda, poderá a empresa em cair em duas situações: 1 – Caso forme um preço abaixo a demanda sera alta porem a empresa não terá lucro e o custo de reposição irá estrangular a empresa. 2 – Caso forme um preço acima certamente o produto ficará estagnado na prateleira. Fo nt e: h ttp s: //c re sc er co m .g ru po el ia n. co m /2 01 9/ 10 /3 0/ ge st ao -d e- ve nd as /fo rm ac ao - pr ec o- de -v en da -c om o- ac ha r-o -p re co -id ea l-p ar a- a- su a- lo ja /. A ce ss o em 3 0/ 08 /2 02 2 35 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de CustosFonte: https://blog.cefis.com.br/controle-de-estoque-na-contabilidade/. Acesso em 30/08/2022 Critérios de avaliação de estoque A utilização de cada critério de avaliação de estoque irá levar a um valor de custo di- ferente para a organização. As empresas geralmente utilizam o critério de avaliação do Preço Médio Ponderado, pois este critério deixa o valor do custo mais próximo da realidade da empresa. Outras utilizam este critério mas também utilizam o critério de avaliação PEPS como suporte. O critério de avaliação UEPS pelo fato de não ser per- mitido por Lei não é utilizado. A influência do critério de avaliação de estoque no preço do produto CONCLUSÃO Pode-se concluir, primeiramente, falando em precificação, que se todos os custos e despesas forem devidamente mensurados para a formação deste preço de venda a em- presa estará ai garantindo a estabilidade do seu fluxo de caixa. Também conseguimos perceber e constatar a importância de se precificar corretamente produtos e serviços. Afinal, se a empresa compra material para produzir ou revender produtos, logicamente precisa pagar o que comprou. Além disso, precisa assumir o ônus de seus impostos e manter sua margem de lucro desejada. O markup é hoje uma das ferramentas que requer melhor e maior atenção dos gestores, visto que caso ocorra vendas com preços em desacordo com a realidade da empresa, é possível haver grandes turbulências no fluxo de caixa da organização. O grande deta- lhe para o sucesso está concentrado no reconhecimento de custos e despesas, assunto abordado na unidade 1, uma vez que, se não houver o reconhecimento desses gastos, certamente o produto ou serviço estará sendo colocado no mercado a um preço indevido. 36 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Formar preço de venda é uma arte, pois caso o preço de determinado produto ou ser- viço seja estipulado em um valor acima do ideal, certamente ele ficará estagnado no estoque, e a empresa terá prejuízo; caso o preço do produto ou serviço seja estipulado em um valor abaixo do ideal, haverá um volume de saída muito grande, mas a empresa será penalizada no custo de reposição, desestabilizando seu fluxo de caixa. Esta unidade trouxe também os modelos de critério de avaliação do estoque: PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) e PMP (Preço Médio Ponderado) ou CMP (Custo Médio Ponderado). Estudamos a importância de avaliar o estoque corretamente, pois caso ocorra uma análi- se indevida, isso se refletirá na formação do preço de venda e afetará diretamente o custo unitário de produção em que se encontra a nascente para a formação do preço de venda. Nesta unidade pudemos analisar a importância da valoração dos estoques refletindo a metodologia de avaliação no preço final do produto no mercado. Figura 03. Estoque de mercadorias Fonte: 123RF. 37 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSEF, R. Guia prático de formação de preços: aspectos mercadológicos, tributários e financeiros para pe- quenas e médias empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, J. J. dos. Análise de custos: remodelando com ênfase para custo marginal, relatórios e estudos de caso. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 38 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável UNIDADE 3 PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – MÉTODOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL INTRODUÇÃO Muitas organizações buscam nos dias de hoje aumentar a sua lucratividade através da redução de custos, porém para isso se faz necessário conhecer o seu processo produti- vo bem como identificar oportunidades de melhorias e mensurá-las conseguindo assim a tão sonhada redução de custos. As grandes organizações possuem uma estrutura que as permitem fazer este tipo de levantamento, porém quando falamos das pequenas e médias empresas o assunto já se torna mais turbulento e com grandes dificuldades de identificação de melhorias. Esta unidade irá discorrer sobre a importância de se identificar a margem de contribuição gerada por cada mercadoria produzida e vendida por uma indústria e cada produto vendido por um comércio ou mesmo cada serviço prestado por uma empresa prestadora de serviço, isto é, entender o retorno para empresa da atividade desenvolvida. A margem de contribui- ção é o número percentual que cada venda retorna para a sua empresa e se faz necessário o seu conhecimento para que a empresa possa evitar turbulências financeiras em seu fluxo de caixa. Além disso, esta unidade irá mostrar que a margem de contribuição poderá ser mensurada na forma financeira ou mesmo na forma percentual e irá mostrar também a importância da margem de contribuição para a localização do ponto de equilíbrio. E por falar em ponto de equilíbrio, uma outra ferramenta financeira que vai ser narrada nesta unidade, será analisada a importância de seu conhecimento bem como o seu ge- renciamento para a estabilidade do fluxo de caixa bem como a tomada de decisão. Para que se possa calcular a margem de contribuição e posteriormente o ponto de equilíbrio, se faz necessário o reconhecimento dos custos e despesas variáveis unitários bem como o reconhecimento dos custos e despesas fixas de uma empresa. Mais uma vez se faz necessário ressaltar que este reconhecimento é bem gerenciado e controlado pelas grandes organizações, porém ignorado inclusive pelas pequenas e medias empresas, principalmente pelas empresas familiares. E é neste momento que que se gera uma dúvida: A falta do conhecimento destas ferramentas financeiras bem como o gerenciamento do fluxo de caixa poderia ser considerada o fator preponderante para o grande número de óbitos das pequenas empresas? Sem dúvida nenhuma, e a própria mídia confirma, todos os dias ocorrem óbitos de em- presas e estes óbitos estão relacionados diretamente com a falta de conhecimento das ferramentas financeiras. 39 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Posteriormente, esta unidade também irá mostrar métodos de custeio como o custo por absorção e o custeio variável. O primeiro, muito utilizado pelas organizações, e o se- gundo, embora não permitido por Lei, é utilizado como um grande suporte no momento da tomada de decisão dos gestores. 1. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E PONTO DE EQUILÍBRIO A margem de contribuição poderá ser compreendida como o valor referente em um determinado produto ou serviço que retorna para a sua empresa. A sua identificação ocorre da subtração do preço de venda unitário do produto ou serviço pela somatória dos custos e despesas variáveis unitários. De uma maneira ampla, pode-se dizer que a margem de contribuição é o quanto cada produto ou serviço contribui para o negócio da empresa, tendo como finalidade cobrir todos os custos e despesas fixas, propiciando assim o lucro da organização. A margem de contribuição é calculada pela formula: MC = PV – (CV + DV)1 Onde: MC = Margem de contribuição - PV = Preço de venda - CV = Custo variável - DV = Despesa variável. Uma outra maneira de se conhecer a margem de contribuição, embora de uma maneira mais ampla, se faz através da subtração dos Custos de produtos vendidos e as despe- sas variáveis dos valores das vendas Para facilitar a visualização, vamos falar da empresa Araucária que produz os produtos A, B e C e estes produtos são vendidos respectivamente por R$ 126,00, R$ 78,00 e R$ 60,00 a unidade, e que a empresa vendeuno mês 1.000 unidades de cada produto como mostra a tabela abaixo. Tabela 01. Margem de contribuição A B C TOTAL Vendas 126.000,00 78.000,00 60.000,00 264.000,00 (-) CPV (50.000,00) (42.000,00) (20.000,00) (112.000,00) (-) Despesas variáveis (6.300,00) (3.900,00) (3.000,00) (13.200,00) (=) Margem de contribuição 69.700,00 32.100,00 37.000,00 138.800,00 (-) Custos fixos (52.800,00) (-) Despesas fixas (60.000,00) (=) Resultado operacional 26.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor 40 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Observe que a margem de contribuição total de cada produto (A, B e C) em relação ao faturamento pode-se encontrar: Produto A = R$ 69.700,00. Produto B = R$ 32.100,00. Produto C = R$ 37.000,00. Já a margem de contribuição unitária pode ser identificada como a divisão da margem de contribuição total de cada produto pela quantidade produzida e vendida, logo: Produto A = R$ 69.700,00 / 1000 unidades = R$ 69,70 Produto B = R$ 32.100,00 / 1000 unidades = R$ 32,10 Produto C = R$ 37.000,00 / 1000 unidades = R$ 37,00 Uma outra maneira e tipo de informação sobre a margem de contribuição é que ela poderá ser informada também na forma percentual. Para isso basta dividir a margem de contribuição pelo preço de venda e posteriormente multiplica-la por 100, como mostra a fórmula abaixo: 2 MC% = (MC/PV) x 100 Onde: MC% = Margem de contribuição percentual. MC = Margem de contribuição - PV = Preço de venda. No caso da empresa Araucária a margem de contribuição percentual (MC%) dos produ- tos A, B e C ficariam como segue na tabela abaixo: Tabela 02. Margem de contribuição e margem de contribuição percentual PRODUTO PREÇO DE VENDA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO % A 126,00 69,70 55,32% B 78,00 32,10 41,15% C 60,00 37,00 61,67% Fonte: elaborado pelo autor (2022) 41 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos A margem de contribuição poderá ser fornecida ou na forma monetária ou mesmo na forma percentual como mostra a figura abaixo FORMA MONETÁRIA FORMA PERCENTUAL A partir da subtração do preço de venda em relação aos custos e despesas variáveis A partir da divisão da margem de contribuição dividida pelo preço de venda e multiplicada por 100 Figura 01. Demonstração da margem de Contribuição Fo nt e: E la bo ra da p el o au to r IMPORTANTE Quando as empresas não reconhecem os seu custos e despesas variáveis afetará direta- mente a sua margem de contribuição 1.1. BUSCANDO AUMENTAR A MARGEM Muitas empresas procuram aumentar a sua margem muitas vezes tomando decisões que infelizmente afetam o seu preço de venda, porém muitas empresas conseguem aumentar a margem desenvolvendo novos fornecedores de matérias primas, materiais de embala- gem ou mesmo o comércio com os seus produtos de revenda. A cada momento em que se reduz os custos e despesas variáveis a margem poderá aumentar sem afetar o preço. Como exemplo podemos citar o caso da pizzaria Massa Pura que possui custos variá- veis como por exemplo farinha de trigo, óleo, gás, recheio e outros no valor de R$ 5,00 por unidade e possui um valor de custos e despesas fixas como aluguel, energia elétrica funcionários e outros no valor de R$ 20.000,00. Cada Pizza é vendida por R$ 10,00, logo: MC = PV – (CV + DV) MC = 10,00 – 5,00 MC = 5,00 MC = PV – (CV + DV) MC = 10,00 – 7,00 MC = 7,00 Observe que a margem de contribuição de cada pizza é de R$ 5,00, ou seja, a pizzaria tem uma margem de 50% a cada pizza vendida. Caso a pizzaria desenvolva fornecedo- res com o melhor preço e reduza os seus custos variáveis para R$ 3,00 a unidade, ela automaticamente terá um aumento de margem de contribuição, ou seja: 42 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Observe que a margem de contribuição de cada pizza é de R$ 7,00, ou seja, a pizzaria tem uma margem de 70% a cada pizza vendida. Nos dias de hoje muitas empresas vem buscando fornecedores com a mesma qualidade a um menor valor. A relação de margem de contribuição e os custos e despesas variáveis estão intimamente ligadas. REFLITA A manutenção da margem de contribuição de uma empresa está ligada diretamente aos custos e despesas variáveis, porém o sucesso da empresa está ligado diretamente ao de- partamento de compras Um caso de sucesso de uma empresa Norte Americana, uma indústria química que produz e vende produtos de consumo. A empresa em um determinado produto tinha um custo variável de R$ 10,00 e o preço de venda deste produto era de R$ 15,00. A empresa tem um custo fixo de R$ 200.000,00. A margem de contribuição da empresa era de R$ 5,00 e a empresa necessitava vender a quantia de 40 unidades por mês para alcançar o ponto de equilíbrio daquele produto. Como é um produto de alta demanda, a empresa aumentou o galpão onde se estoca a matéria prima e o comprador fez uma negociação com o fornecedor aumentando a quantidade de compra, reduzindo o preço da compra e também começou a trabalhar com o desenvolvimento de novos fornecedores. O resultado foi positivo, pois o custo variável unitário da empresa caiu de R$ 10,00 para R$ 5,00, ou seja, 50%. Com isso, a empresa passou a ter uma margem de contribuição de R$ 10,00 (Preço de venda R$15,00 – Custo variável unitário de R$ 5,00) refletindo positivamente no seu ponto de equilíbrio em 20.000 unidades (Custo fixo R$ 200.000,00 / nova margem de contribuição 10,00). Pode-se perceber no exemplo acima que toda organização tem a condição de melhorar a sua margem de contribuição e a chave para o sucesso está concentrada no departa- mento de compras através de uma ótima negociação com o fornecedor. 2. PONTO DE EQUILÍBRIO Figura 02. Ponto de Equilíbrio Fo nt e: 1 23 R F. No tópico anterior foi estudada a margem de contribuição, em conjunto com a análi- se da sua fórmula, metodologia e funcio- nalidade na análise empresarial. Percebeu-se que a margem de contribuição está diretamente ligada aos custos e as des- pesas variáveis, mas qual a tratativa e impor- tância no gerenciamento dos custos fixos e despesas fixas? Afinal, durante o estudo, foi visto que os custos fixos, independentemen- te de a empresa produzir ou vender, preci- sam ser pagos. Para análise dos custos e despesas fixas, vamos continuar a verificar o caso da pizzaria Massa Pura. 43 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Preço de venda unitário – R$ 10,00 Custos e despesas variáveis unitário – R$ 5,00 Custos e despesas fixas – 20.000,00. Calculo da margem de contribuição: MC = PV – (CV + DV). MC = 10,00 – 5,00 MC = 5,00 MC% = 50,00%. Vamos agora estudar os três tipos de pontos de equilíbrio para a análise financeira da empresa: o contábil, o econômico e o financeiro. 2.1. PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL Ainda utilizando o caso da Pizzaria Massa Pura, uma vez identificado os custos vari- áveis e automaticamente localizada a margem de contribuição, é preciso verificar os custos fixos e as despesas fixas para descobrir quantas unidades a pizzaria precisa vender e atingir o ponto de equilíbrio. PE = (CF + DF) / MC. PE = 4.000 unidades A pizzaria precisará vender 4.000 unidades ou ter uma receita de vendas, equivalente a R$ 40.000 para atingir o ponto de equilíbrio. CURIOSIDADE No momento do ponto de equilíbrio, a empresa não terá nem lucro e nem prejuízo. No momento do ponto de equilíbrio da empresa, seu lucro será igual a 0,00 (zero) Como narrado no tópico anterior, caso a empresa desenvolva estratégias junto aos for- necedores, capazes de reduzir os custos e despesas variáveis, ou seja, que resultem em R$ 3,00, teremos: MC = PV – (CV + DV). MC = 10,00 – 3,00 MC = 7,00 MC% = 70,00%. 44 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável PE = (CF + DF) / MC. PE = 20.000,00/ 7 PE = 2.857 unidades Observe que com a redução dos custos variáveis reflete diretamente no aumento da margem de contribuição, ocasionando neste caso uma menor quantidade para se atin- gir o ponto de equilíbrio. Observe a figura abaixo. Figura 03. Reflexo da redução dos custos e despesas variáveis REDUÇÃO DOS CUSTOS VARIÁVEIS AUMENTA A MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO REDUZ O PONTO DE EQUILÍBRIO Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: Elaborada pelo autor. Com a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio poderá ser fornecido na forma monetária ou na forma percentual como mostra a figura abaixo. Figura 04. Demonstração do Ponto de Equilíbrio Forma Monetária Forma Quantitativa A partir da multiplicação do preço de venda pela quantida- de do ponto de equilíbrio A partir da divisão dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição unitária Caso a quantidade vendida seja maior que o ponto de equilíbrio, a empresa terá lucro e caso a quantidade vendida seja menor que o ponto de equilíbrio, a empresa terá prejuízo. ` Lucro: quantidade que ultrapassou o ponto de equilíbrio multiplicado pela margem de contribuição. ` Prejuízo: quantidade que faltou para atingir o ponto de equilíbrio multiplicado pela margem de contribuição. 2.2. PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO Vamos analisar agora o Ponto de Equilíbrio Econômico. Para este caso, precisa-se ter referência do capital de terceiros e também do capital próprio. É notório que as orga- nizações busquem lucratividade e que esta lucratividade patrocine o retorno do capital investido. Assim, a partir do momento em que a empresa define uma taxa de retorno sobre o próprio capital, pode-se aplicadar essa taxa para obter o valor do retorno. 45 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos IMPORTANTE A taxa de retorno sobre o capital próprio é um indicador que mensura a capacidade de se agregar valor a uma empresa tendo como partida os próprios recursos desta empresa e tam- bém o valor monetário dos investidores. Sendo assim, a este valor deverá ser adicionado os custos e as despesas fixas com o objetivo de se conhecer o ponto de equilíbrio, podendo ser por meio da quantidade ou, até mesmo, da receita conforme o que foi estudado. Vamos estudar a Industria Aimoré, uma multinacional no ramo químico que produz e vende para todo o território nacional detergentes. Abaixo, algumas informações da Aimoré para analisar. ` Estrutura de capital próprio da empresa é de R$ 10.000.000,00 ` Retorno desejado pelos acionistas 5% ` Custos e despesas fixas = 1.500.000,00 ` Margem de contribuição = R$ 250,00 ` Custos de produtos vendidos unitário = R$ 140,00 ` Pagamento de comissão para vendedores = R$ 50,00 por unidade vendida PE econômico = Custos e despesas fixas + retorno sobre o capital / margem de contribui- ção unitária. PE econômico = 1.500.000,00 + 500.000,00 / 250,00. PE econômico = 8.000 unidades. Tabela 03. Demonstrativo do resultado do exercício do ponto de equilíbrio econômico DESCRIÇÃO CÁLCULO VALOR PORCENTAGEM Receita Bruta 8.000 x 440,00 3.520.000,00 100% (-) Custos de produtos vendidos variável 8.000 x 140,00 1.120.000,00 31,82% (-) Comissão de vendedores 8.000 x 50,00 400.000,00 11,37% (=) Margem de contribuição 8.000 x 250,00 2.000.000,00 56,81% (-) Custos indiretos fixos 840.000,00 (-) Despesas fixas comerciais 296.000,00 (-) Despesas administrativas fixas 284.000,00 (-) Despesas financeiras – juros 80.000,00 Lucro 500.000,00 20% Fonte: elaborada pelo autor. Percebe-se que pelo ponto de equilíbrio econômico há um lucro de 5% (R$ 500.000,00), porém esta lucratividade já está provisionada para o retorno dos acionistas. 46 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável IMPORTANTE No Ponto de Equilíbrio Econômico ocorre a cobertura dos custos e despesas fixas mais o lucro desejado pelo proprietário e interessados. 2.3. PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO Para estudar o Ponto de Equilíbrio Financeiro é preciso entender os seus gastos conside- rados. Por isso, trazemos para análise os gastos não desembolsáveis, que são os gastos que a empresa tem, porém não desembolsa valores monetários. Gastos não desembol- sáveis são gastos que a empresa tem, porém ela não desembolsa valores monetários. Embora seja um gasto que não se paga, foi visto que o desembolso é o reflexo de todo o pagamento resultante da aquisição de uma matéria-prima de um bem ou de um serviço. Vimos que o desembolso é o reflexo de todo o pagamento resultante da aquisição de uma matéria-prima ou de um bem ou serviço. Mas, conforme narrado, gastos não desembolsáveis são gastos que não incorrem em pagamento, e um bom exemplo, é a depreciação, a amortização e a exaustão. A empresa não paga a depreciação de um equipamento ou uma máquina, e a amortiza- ção de um bem intangível ou ainda a exaustão de um pomar, uma mina. Porém, tanto a depreciação, a amortização, e também a exaustão são contas redutoras do patrimônio líquido, ou seja, contas que reduzem o lucro da empresa. Vamos relembrá-las. A depreciação, a amortização e a exaustão ocorrem no grupo do ativo não circulante, nos grupos imobilizados e intangíveis, logo: ` Depreciação: é a perda do valor de um bem em virtude de seu desgaste pela utilização ou obsolescência. ` Amortização: corresponde a redução do valor dos bens intangíveis. ` Exaustão: se refere às perdas de valor referentes aos recursos naturais. Tabela 04. Modelo de um balanço patrimonial ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo não circulante Passivo não circulante Ativo realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Patrimônio líquido (-) Depreciação (-) Amortização (-) Exaustão Fonte: elaborada pelo autor. 47 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fonte: elaborada pelo autor. Note que no Balanço Patrimonial, as três contas patrimoniais aparecem com o sinal negati- vo, ou seja, contas redutoras, reduzindo assim o valor do ativo. No momento do cálculo do ponto de equilíbrio financeiro, gastos com depreciação, amortização e exaustão não podem ser considerados, ou seja, eles são excluídos do total dos custos e despesas fixas. Conforme estudado anteriormente, custos fixos indiretos são custos que não participam do processo produtivo e, assim, encontramos valores, como a depreciação, a amortiza- ção e a exaustão. Vamos relembrar alguns dados da empresa Aimoré: ` Quantidade de produto vendido = 10.000 unidades ` Retorno desejado pelos acionistas 5% ` Custos e despesas fixas = 1.500.000,00 ` Margem de contribuição = R$ 250,00 ` Custos de produtos vendidos unitário = R$ 140,00 ` Pagamento de comissão para vendedores = R$ 50,00 por unidade vendida Tabela 05. Demonstrativo do resultado do exercício DESCRIÇÃO CÁLCULO VALOR PORCENTAGEM Receita bruta 10.000 x 440,00 4.400.000,00 100% (-) Custos de produtos vendidos variável 10.000 x 140,00 1.400.000,00 31,82% (-) Comissão de vendedores 10.000 x 50,00 500.000 11,36% (=) Margem de contribuição 10.000 x 250,00 2.500.000,00 56,82% (-) Custos indiretos fixos 840.000,00 (-) Despesas fixas comerciais 296.000,00 (-) Despesas administrativas fixas 284.000,00 (-) Despesas financeiras – juros 80.000,00 Lucro 1.000.000,00 22,72% Vamos entender que do valor dos custos indiretos fixos 40% se refere ao percentual de depreciação, amortização e exaustão. PE financeiro = custos e despesas fixas (-) gastos não desembolsáveis/ margem de contri- buição unitária. PE financeiro = (840.000,00 * 60%) + 396.000,00 + 384.000,00+ 80.000,00/ 264,00. PE financeiro = 504.000,00 + 296.000,00 + 284.000,00 + 80.000,00/ 250,00. PE financeiro = 1.164.000,00 / 250,00. PE financeiro = 4.656 unidades. 48 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Portanto, o ponto de equilíbrio financeiro é de 4.656 unidades.A seguir, mostraremos como fica o demonstrativo do resultado do exercício com a quantidade do ponto de equilíbrio, ou seja, 5167 unidades. Tabela 06. Demonstrativo do resultado do exercício do ponto de equilíbrio financeiro DESCRIÇÃO CÁLCULO VALOR PORCENTAGEM Receita bruta 4656 x 440,00 2.048.640,00 100% (-) Custos de produtos vendidos variável 4656 x 140,00 651.840,00 31,82% (-) Comissão de vendedores 4656 x 50,00 232.800,00 11,37% (=) Margem de contribuição 4656 x 250 1.164.000,00 56,81% (-) Custos indiretos fixos 504.000,00 (-) Despesas fixas comerciais 296.000,00 (-) Despesas administrativas fixas 284.000,00 (-) Despesas financeiras – juros 80.000,00 Lucro 0,00 No quadro a seguir, observa-se que as quantidades do ponto de equilíbrio oscilam de acordo com cada metodologia: Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 07. Comparativo de quantidades para cada tipo de ponto de equilíbrio TIPO DE PONTO DE EQUILÍBRIO QUANTIDADE Ponto de equilíbrio contábil 6.000 unidades (1.500.000 / 250,00) Ponto de equilíbrio econômico 8.000 unidades Ponto de equilíbrio financeiro 4.656 unidades 3. A IMPORTÂNCIA DE SE ANALISAR A MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E O PONTO DE EQUILÍBRIO Tanto a margem de contribuição quanto o ponto de equilíbrio são fundamentais para a toma- da de decisão do gestor. A seguir vamos analisar o caso da Industria Aurora, uma pequena indústria que produz peças automotivas. A empresa produz mensalmente 1000 unidades do produto A, 2500 unidades do produto B e 3000 unidades do produto C. A estrutura dos custos dos produtos, bem como o preço de venda de cada, está destacada na tabela abaixo: Tabela 08. Estrutura de custos dos produtos PRODUTO CUSTO DIRETO VARIÁVEL CUSTO INDIRETO VARIÁVEL CUSTO FIXO TOTAL DO PRODUTO PREÇO DE VENDA Produto A R$ 7,00 R$ 0,80 R$ 3.170,00 R$ 15,50 Produto B R$ 10,00 R$ 1,00 R$ 27.425,00 R$ 20,00 Produto C R$ 7,50 R$ 0,90 R$ 11.880,00 R$ 17,00 49 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Através de uma reunião da diretoria ficou resolvido que a empresa irá parar a produção de um dos produtos e pediu uma análise da margem de contribuição e do Ponto de Equilíbrio de cada produto. Primeiramente, precisa ser calculado a margem de contribuição de cada produto, logo: Produto A = MC = PV – (CV + DV) MC = 15,50 – (7,00 + 0,80) MC = 7,70 Produto B = MC = PV – (CV + DV) MC = 20,50 – (10,00 + 1,00) MC = 9,00 Produto C = MC = PV – (CV + DV) MC = 17,00 – (7,50 + 0,90) MC = 8,60 Pela análise da Margem de contribuição, o produto a ser excluído deverá ser o produto A, que possui a menor margem (7,70). Porém a decisão não poderá ser tomada somen- te pela margem, mas também pelo ponto de equilíbrio. Produto A = PE = (CF + DF) / MC PE = 3.170 / 7,70 = 412 unidades Produto B = PE = (CF + DF) / MC PE = 27.425 / 9,00 = 3.047 unidades Produto A = PE = (CF + DF) / MC PE = 11.880 / 8,60 = 1.381 unidades Observe na tabela abaixo a importância da análise do ponto de equilíbrio. Tabela 09. Comparação Produção e venda x Ponto de Equilíbrio PRO- DUTO QUANTIDADE PRODUZIDA/MÊS PONTO DE EQUILÍBRIO/MÊS DIFERENÇA A 1.000 unidades 412 unidades 588 unidades a mais B 2.500 unidades 3.047 unidades 547 unidades a menos C 3.000 unidades 1.381 unidades 1619 unidades a mais Observe que o produto B tendo a maior margem de contribuição (R$9,00), está carre- gando prejuízos mensais para a empresa. A tabela abaixo mostra a alavancagem de lucratividade em simplesmente tirar o produto B de circulação. Tabela 10. Lucratividade de cada produto PRODUTO DIFERENÇA MARGEM COM O PRODUTO B SEM O PRODUTO B A 588 R$ 7,70 R$ 4.527,60 R$ 4.527,60 B (547) R$ 9,00 (R$ 4.923,00) C 1619 R$ 8,60 R$ 13.923,40 R$ 13.923,40 Lucratividade R$ 13.528,00 R$ 18.451,00 Observe que o simples fato do produto B ser retirado do processo produtivo e de vendas, refletiu no aumento da lucratividade da empresa de R$ 13.528,00 para R$ 18.451,00, ou seja, a empresa alavancou a sua lucratividade em 36,39%, sem precisar 50 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável aumentar as suas vendas, simplesmente fazendo a análise da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio IMPORTANTE Muitas pequenas e médias empresas poderão estar passando pela mesma situação da empresa Aurora, porém pelo fato de não fazerem esta análise estão deixando de alavancar a sua lucratividade. 4. MÉTODOS DE CUSTEIO Também chamados de métodos de rateio são considerados como ferramentas que irão au- xiliar no cálculo referente ao quanto é gasto em um processo produtivo. São estes métodos que irão gerenciar a gestão do custo de determinado produto que, conforme narrado na uni- dade anterior, é fundamental para a decisão da precificação e rentabilidade da organização. Vamos estudar o método de custeio por absorção e também o método de custeio variável. 4.1. MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO Considerado como o primeiro método de custeio a ser praticado pela contabilidade e também nos dias de hoje, é o mais utilizado pelas organizações, pois trata-se de um método simplificado e de fácil controle pela contabilidade de custos. Este método originou do sistema RKW - Reichskuratorium fur Wirtschaftlichtkeit, que teve a sua prática no século XX. No método do custeio por absorção todos os custos de fabricação ocorridos no processo de produção serão alocados aos produtos, sendo que as despesas vão diretamente para o resultado. A figura abaixo mostra a metodologia do custeio por absorção, bem como a considera- ção das despesas diretamente no resultado. Figura 05. Metodologia do Custeio por Absorção Material direto Mão de obra direta Produção em curso Produtos acabados Receita de vendas Margem de contribuição Outros custos/Despesas Custo variável dos produtos vendidos Resultados antes dos tributos (-) (=) (-) (=) Fonte: elaborada pelo autor. 51 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fonte: elaborada pelo autor. Observando a figura acima pode-se verificar alguns pontos relevantes sobre o Método de Custeio por Absorção como por exemplo: ` Todos os materiais diretos, a produção em curso até a chegada do produto acabado é excluída a receita, promovendo a margem bruta e posteriormente excluindo os demais custos e despesas, chegando-se ao resultado antes dos tributos. ` Para a sua prática, os gastos consumidos no processo de fabricação dos produtos deve- rão ser separados das despesas e estas aparecerão diretamente no resultado. ` Uma vez separadas as despesas se fazem necessárias para agregarem aos produtos. O método de custeio por absorção é uma sequência de procedimentos onde ao final desta sequência se reconhece todos os custos do processo produtivo. Por este motivo é denominado custeio por absorção pelo fato de se absorver todos os custos envolvidos no processo produtivo. Para a prática do custeio por absorção se faz necessário a escolha de uma base de rateio que poderá ser por hora máquina, metragem da área ou Mão de obra direta. O método de custeio por absorção é muito utilizado pelas organizações, pois possui algumas vantagens, dentre elas destacam-se as seguintes: ` Mais simples que os demais; ` Permite ao gestor um planejamento a longo prazo; ` Tem em seus custos um valor mais próximo da realidade; ` Permitido pela Lei 6.404 (Brasil, 1976), e princípios contábeis; ` Engloba praticamente todos os custos do processo produtivo. Para deixar mais transparente o conhecimento e a prática deste método de custeio, vamos falar da empresa Ki Gostoso, uma pequena indústria fabricante de sorvetes. A Ki Gostoso fabrica 4 tipos de sorvetes nos sabores: chocolate, morango, coco e goiaba. A tabela abaixo mostra a estrutura decustos desta empresa. Tabela 11. Relatório mensal da produção dos sorvetes. PRODUTO CHOCOLATE MORANGO COCO GOIABA TOTAL Quantidade 1200 800 1500 500 4000 Horas Máquinas 20 70 60 50 200 Matéria Prima R$ 3.500 R$3.200 R$3.000 R$ 3.400 R$13.100 Embalagem R$ 600 R$ 800 R$ 3.000 R$ 500 R$ 4.900 Mão de Obra Direta R$ 600 R$ 400 R$ 600 R$ 400 R$ 2.000 Custos Diretos R$ 4.700 R$ 4.400 R$ 6.600 R$ 4.300 R$ 20.000 Custos indiretos de produção R$ 8.000 52 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Observando o relatório mensal de produção da empresa Ki Gostoso acima, pode-se retirar alguns dados importantes como: ` Matéria Prima, Embalagem e Mão de obra direta já estão mensuradas por tipos de produto; ` O custo indireto de produção no valor de R$ 8.000,00 deverá sofrer o rateio entre os pro- dutos produzidos; A base de rateio a ser utilizada para elaborar os custos será a hora máquina. O rateio a ser elaborado pelos produtos através da hora máquina segue na tabela abaixo. Tabela 12. Rateio das Horas máquinas por produto PRODUTO HORA MAQUINA PORCENTAGEM Chocolate 20 10% Morango 70 35% Coco 50 25% Goiaba 60 30% 200 Observe que no rateio pelas horas máquinas o produto chocolate corresponde a 10%, o produto morango 35%, o produto coco 25% e o produto goiaba 30%. Estes percentuais serão aplicados no rateio dos custos indiretos de fabricação como mostra a tabela abaixo. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 13. Rateio dos produtos PRODUTO HORA MAQUINA PORCENTAGEM CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO VALOR RATEADO Chocolate 20 10% R$ 8.000,00 R$ 800,00 Morango 70 35% R$ 8.000,00 R$ 2.800,00 Coco 50 25% R$ 8.000,00 R$ 2.000,00 Goiaba 60 30% R$ 8.000,00 R$ 2.400,00 200 100% R$ 8.000,00 Uma vez identificado o rateio dos custos indiretos de fabricação, soma-se com os cus- tos diretos de fabricação para a localização do custo total de cada produto como mostra a tabela abaixo. Tabela 14. Custo total de cada produto PRODUTO CUSTO DIRETO CUSTO INDIRETO CUSTO TOTAL Chocolate R$ 4.700,00 R$ 800,00 R$ 5.500,00 Morango R$ 4.400,00 R$ 2.800,00 R$ 7.200,00 Coco R$ 6.600,00 R$ 2.000,00 R$ 8.600,00 Goiaba R$ 4.300,00 R$ 2.400,00 R$ 6.700,00 Total R$ 20.000,00 R$ 8.000,00 R$ 28.000,00 53 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Posteriormente, finalizando o custeio por absorção, divide o custo total de cada produto pela quantidade de produtos fabricados de cada sabor, como segue na tabela abaixo Tabela 15. Custo Unitário do Produto PRODUTO CUSTO TOTAL QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO Chocolate R$ 5.500,00 1200 R$ 4,58 Morango R$ 7.200,00 800 R$ 9,00 Coco R$ 8.600,00 1500 R$ 5,73 Goiaba R$ 6.700,00 500 R$ 13,40 Total R$ 28.000,00 4.2. MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL OU DIRETO Este método recebe este nome pelo fato de trabalhar e mensurar somente os custos variáveis diretos e indiretos. Com relação aos custos fixos irão direto para o resultado juntamente com as despesas. A figura abaixo mostra a metodologia do método do cus- teio variável ou direto. Figura 06. Metodologia do Método de Custeio Variavel Receita de vendas Custo variável dos produtos vendidos Produtos acabados Fretes e comissões de venda Custos fixos indiretos Despesas fixas operacionais Produção em curso Material direto - MOD - custos indiretos Desp Variáveis não de Produção Custos indiretos de produção fixo Despesas operacionais fixas Resultado do período Margem de contribuição(-) (-) (=) (-) (+) (=) A grande diferença entre o custeio variável ou direto e o custeio por absorção se con- centra na identificação dos custos fixos, pois enquanto pelo método do custeio por absorção há o envolvimento de todos os custos do processo produtivo, inclusive os fixos, no método do custeio variável ou direto o custo a ser considerado será somente os variáveis. O método do custeio variável ou direto, mesmo não sendo permitido pela legislação, promove um grande suporte para o gestor na tomada de decisão, ou seja, para fins ge- 54 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável renciais, visto que nele se concentram os custos variáveis. Quando falamos em custos variáveis, lembramos de matéria prima, material de embalagem, material secundário, enfim, insumos que representam grande relevância de valores no processo produtivo. Para que se possa implementar o custeio variável ou direto, se faz necessária a sepa- ração dos custos fixos e custos variáveis. Uma vez os custos separados, é necessário calcular a margem de contribuição, apurando-se assim o resultado da empresa. A figura abaixo mostra os passos a serem seguidos para que se implemente o custeio variável na organização. Mas vale ressaltar que pela legislação não se pode utilizar este tipo de custeio, porém é uma excelente ferramenta para tomada de decisão. Figura 07. Passos para a implementação do custeio variável ou direto Separar custos do perío- do em fixos e variáveis Alocar os custos variáveis no respectivo produto Alocar as depsesas variáveis no respectivo produto Apurar a margem de contribuição Incluir custos fixos indire- tos e despesas fixas operacionais Apurar o resultado da empresa Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Algumas diferenças permeiam estre estas duas modalidades de custeio, o de absorção e o de variável. A tabela abaixo nos mostra estas diferenças. Tabela 16. Diferença entre Custeio por Absorção e Custeio Variável CUSTEIO POR ABSORÇÃO CUSTEIO VARIÁVEL OU DIRETO Nos custos do produto são considerados todos os custos de fabricação Por este método somente os custos variáveis são considerados O resultado oscila conforme a produção O resultado oscila em função das vendas Utilização de rateio para os custos fixos Não se utilizam rateios, pois os custos fixos são considerados despesas Não identifica a margem de contribuição Identifica a margem de contribuição Essencial para tomada de decisão a longo prazo Classifica os custos em diretos e indiretos e tam- bém fixos e variáveis Classifica os custos em diretos e indiretos Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de vendas Método considerado legal perante a fiscalização. Preceitos contábeis aceitos pelo fundamento do regime de competência Este método é um critério gerencial, interno para tomada de decisão. Não limitado aos preceitos contábeis, podendo contrariar os fundamentos do regime de competência Vamos agora analisar a funcionalidade do método de custeio variável da indústria Qua- lidade Total, uma indústria de médio porte que trabalha somente com um tipo de reves- timento, o stander, e fabrica por mês 60.000 metros deste revestimento. A tabela abaixo mostra os gastos do mês da empresa Qualidade Total. 55 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Tabela 17. Gastos do es da empresa Qualidade Total GASTOS DO MÊS VALOR Matéria-prima 200.000,00 Impostos sobre vendas 40.000,00 Mão-de-obra direta fixa 60.000,00 Mão-de-obra direta variável 116.000,00 Aluguel do prédio do escritório 30.000,00 Despesas com comunicação (internet, telefone) 10.000,00 Depreciação (Instalações produtivas da fábrica) 50.000,00 Vigilância das lojas comerciais 24.000,00 Vigilância da fábrica 20.000,00 Fretes variáveis 30.000,00 Aluguel fixo do galpão da fábrica 80.000,00 Salários e encargos do pessoal administrativo 40.000,00 Embalagens de produtos 24.000,00 Combustível de acionamento da máquina 50.000,00 Salários e comissões de vendedores 26.000,00. Total 800.000,00 1º Passo – A princípio, há a necessidade da separação dos custos fixos, custos vari-áveis, despesas fixas e despesas variáveis. A tabela abaixo mostra essa separação. Tabela 18. Separação de custos fixos – custos variáveis – despesas fixas – despesas variáveis Custos Variáveis R$ 440.000,00 Matéria-prima R$ 200.000,00 Depreciação (Instalações produtivas da fábrica) R$ 50.000,00 Mão-de-obra direta variável R$ 116.000,00 Embalagens de produtos R$ 24.000,00 Combustível de acionamento da máquina R$ 50.000,00 Custos Fixos R$ 160.000,00 Mão-de-obra direta fixa R$ 60.000,00 Aluguel fixo do galpão da fábrica R$ 80.000,00 Vigilância da fábrica R$ 20.000,00 Despesas Fixas R$ 104.000,00 Aluguel do prédio do escritório R$ 30.000,00 Despesas com comunicação (internet, telefone) R$ 10.000,00 Vigilância das lojas comerciais R$ 24.000,00 Salários e encargos do pessoal administrativo R$ 40.000,00 Despesas Variáveis R$ 96.000,00 Fretes variáveis R$ 30.000,00 Impostos sobre vendas R$ 40.000,00 Salários e comissões de vendedores R$ 26.000,00 56 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável 2º Passo – Neste segundo passo se calcula o custo unitário, como demonstrado na tabela abaixo Tabela 19. Cálculo do custo unitário CUSTEIO VARIÁVEL – CUSTEIO DIRETO Custo de Produção (Custos variáveis) R$ 440.000,00 Quantidade produzida 60.000,00 Metros Custo Unitário R$ 7,33/ metro Fonte: elaborada pelo autor. Pode-se notar pelo quadro acima que o reconhecimento correto e também a separação dos custos fixos e custos variáveis são de extrema importância para esta modalidade de custeio. OBJETO DE APRENDIZAGEM Diferenças e metodologias de custeio por absorção e custeio variável Custos Vairáveis Custos Fixos Margem Contribuição Parte dos custos totais da empresa Parte dos custos totais da empresa Diferença entre vendas e custos variáveis Mudam de acordo com a produção Não mudam de acordo com a produção Inclui lucro da venda Os valores precisos não são previsíveis Os valores precisos são são previsíveis Inclui rateio Custos Fixos Fonte: elaborada pelo autor. 57 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fonte: elaborada pelo autor. Escolha da melhor opção através do cálculo da Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio Você deverá escolher a melhor opção de compra de um dos três hotéis conforme qua- dro abaixo, ou seja o hotel escolhido deverá ser o que representa maior lucratividades com lotação de 90% dos quartos. ITENS HOTEL PARAISO HOTEL RECANTO FELIZ HOTEL PARAISO Valor médio das diárias, líquido dos tributos 350 440 500 Quantidade de quartos para aluguel 120 140 90 Custos e despesas variáveis, para cada diária 120 250 180 Total dos custos e despesas fixas, por mês 506.000 380.000 896.000 Você deverá calcular: a) A margem de contribuição por quarto de cada hotel b) O ponto de equilíbrio de cada hotel c) A lucratividade de cada hotel com 90% dos quartos sendo utilizados durante o mês d) Descrever qual hotel deverá ser o escolhido para a compra. Fluxograma referente a Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio O fluxograma a seguir mostra o passo a passo para o cálculo da Margem de Contribui- ção e Ponto de Equilíbrio Passo 1 - Pegar o preço de venda do produto Passo 2 – Subtrair dos custos e despesas variáveis unitários da empresa Passo 3 – Você chegará a margem de contribuição do produto, ou seja, o quanto cada produto retorna para a empresa Passo 4 – Pegar o valor total dos custos e despesas fixas da empresa Passo 5 - Dividir o valor da somatória dos custos e despesas fixas pelo valor da mar- gem de Contribuição Passo 6 – Você chegará a quantidade que deverá ser vendida pela empresa para atingir o ponto de equilíbrio 58 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Passo 1 - Preço de Venda Passo 2 - (-) (=) Custos e despe- sas variaveis Passo 3 - Margem de Contribuição (=) Passo 4 - Cus- tos e Despesas Fixas Passo 6 - Ponto de Equilíbrio Passo 5 (/) Margem de Contribuição Fonte: elaborada pelo autor. CONCLUSÃO Nesta unidade você estudou como as ferramentas financeiras, a margem de contribui- ção e o ponto de equilíbrio são de extremas importâncias para as organizações. Seria o cenário ideal se as pequenas e médias empresas iniciassem o mês sabendo o quanto precisariam vender e o quanto precisariam vender para atingir o seu ponto de equilíbrio. Porém, muitas nem reconhecem os seus custos fixo e custos variáveis, conhecimento básico para operacionalizar uma empresa. O grande sucesso do ponto de equilíbrio e da margem de contribuição de uma organi- zação está atrelado diretamente ao custo variável de uma empresa e, falando em custo variável, lembramos da matéria prima, do material de embalagem. Enfim, os insumos são os maiores gastos de uma organização na área fabril. Quando se tem um departamento de compras com objetivos de redução de custos e se atrela a uma negociação por exce- lência, a empresa poderá reduzir os seus custos variáveis, permitindo assim um aumento na margem de contribuição e automaticamente otimizando o seu ponto de equilíbrio O grande número de óbitos de microempresas, tem como fator principal, a falta de conhecimento de ferramentas de controles, gerenciais e financeiras, as quais são pri- mordiais para a sobrevivências destas. Vale ressaltar que o cenário econômico instável obriga os gestores destas empresas a buscar o conhecimento destas ferramentas, pois caso contrário estas empresas estarão caminhando por direções incertas e inseguras. Estudamos também os métodos de custeios e falamos sobre o custeio por absorção e o custeio variável ou direto. Vimos que o método de custeio por absorção é o método o qual se considera todos os custos envolvidos do processo produtivo e o custeio variável ou direto trabalha somente com os custos variável, porém, mesmo não sendo aceito pela legislação, é um excelente direcionador para o gestor para a tomada de decisão. 59 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos As organizações precisam entender e conhecer um dos princípios contábeis: o princí- pio da continuidade. Princípio este que rege o direito de qualquer empresa trilhar o seu caminho, mas este caminho deverá ser muito bem gerenciado. Uma empresa poderá ser comparada como um corpo humano, ambos necessitam de cuidados preventivos para que não venham ter uma morte súbita. 60 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas, 3ª edição. Atlas, 2010. [Acervo Virtual]. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. IUDÍCIBUS, S. de. Contabilidade gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1987. JIAMBALVO, J. Contabilidade gerencial. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. LUNELLI, Reinaldo Luiz. Créditos de ICMS – Energia Elétrica. Portal Tributário, [s. d]. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/artigos/creditoicmsenergia.htm#:~:text=A%20Lei%20Complementar%20 87%2F1996,2000%20e%20sucessivos%20atos%20complementares. Acesso em: 26 abr. 2021. MARION, J. C. Introdução à contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2017. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Editora Atlas, 2010. MARTINS, Eliseu, Contabilidade de Custos, São Paulo: Editora Atlas, 2007. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 61 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos 62 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. UNIDADE 4 A IMPORTÂNCIA DE BOAS PRÁTICAS E DO GERENCIAMENTODE CUSTOS NAS ORGANIZAÇÕES. INTRODUÇÃO A alta competitividade no mercado faz as organizações buscarem redução de custos com a finalidade de alavancarem a sua lucratividade, uma vez que está difícil alavancar a lucratividade pelas vendas. Uma alternativa é trabalhar com a redução de custos. Há várias possibilidades de redução de custos. Pode acontecer, por exemplo, o reco- nhecimento e a mensuração do processo produtivo em uma indústria. Já no comércio, há a busca pelo melhor preço na aquisição de materiais e produtos para a revenda e nas empresas prestadoras de serviço também pode haver alterações de procedimentos na prestação dos serviços prestados. Entretanto, muitas empresas não possuem este controle e o pior, ainda há aquelas que não sabem ao certo o quanto faturam por mês ou não reconhecem o seu custo real na produção de determinadas mercadorias. O gerenciamento de custos e despesas deveria ser a ativida- de primordial para muitas empresas, porém, infelizmente, nem todas as empresas possuem este controle, o que acaba causando neste caso diversos “vazamentos financeiros” os quais refletem negativamente nos dígitos da lucratividade no final do período ou exercício. As empresas precisam entender que, praticar este gerenciamento, buscar as causas de per- das e de desperdícios e, principalmente, mensurar estas causas, passou a ser um item fun- damental da cartilha de sucesso da organização. Mas, como já narrado anteriormente, o que preocupa são as pequenas e médias empresas que não possuem uma estrutura gerencial - administrativa ou suporte que lhes dê esta condição, e o resultado infelizmente é o seu óbito. Um grande problema nos dias de hoje, encontrado principalmente nas pequenas e nas medias empresas está na falta de mensuração referente a perda no processo produti- vo. Quando não se relata as perdas ocorrem os custos ocultos, ou seja, os gastos não relatados. Uma vez não mensurados, a empresa não consegue saber efetivamente qual o seu custo de produção. Valorar estas perdas no processo produtivo vem sendo atualmente a saída que as empresas vêm encontrando, pois quando se valora conse- quentente o valor perdido passa a ser conhecido, e quando reconhece o valor perdido torna-se possível fazer um trabalho para a minimização destes custos. Com a redução destes custos ocorre o aumento da lucratividade. Para se ter uma noção desta importância, ou seja, do gerenciamento e da mensuração de custos e despesas, basta analisar os demonstrativos contábeis de uma empresa, mas acreditem, muitas empresas de pequeno e médio porte nem olham e o pior não solicitam as demonstrações contábeis ao seu contador. 63 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos O governo, com a finalidade de pôr um fim na sonegação fiscal, lançou mais dois braços do SPED fiscal: o Bloco K e o Bloco H O governo em 2016, através do SPED Fiscal, implantou o Bloco K que, nada mais nada menos, trata do gerenciamento efetivo dos estoques da organização. A princípio, o Bloco K foi implementado nas 200 maiores empresas do Brasil e a partir desta data vem sendo imple- mentado por categorias de CNAE (Código Nacional de Atividade Econômica) das empresas. O governo criou o Bloco K no sentido de amenizar a sonegação fiscal nas empresas, visto que já que ele tem o controle dos estoques inviabilizando a venda ou a compra de mercadorias sem documento fiscal. IMPORTANTE O SPED fiscal é a ferramenta que promove a interação entre o fisco e as empresas com padronização e compartilhamento das informações A implementação do Bloco K é muito simples: caso uma empresa seja obrigada a entrar em um determinado ano no Bloco K, no mês de dezembro do ano anterior ela deverá fazer um inventario e enviar este inventario em uma relação padrão contida no sistema do governo. A partir daí o governo começará a gerenciar o estoque da empresa. Você acha complicado? Então veja o passo a passo na Figura 1. Figura 01. Procedimento do Bloco K A empresa entrega o relatório do inventario para o governo As notas de entrada e de saida são eletronicas e o fisco tem o controle Como o fisco tem o saldo atraves do inventério E tem o controle das entradas e saidas Estoque da empre- sa em poder de terceiros Automaticamente se tem todo o controle da movi- mentação Estoque de tercei- ros em poder da empresa Este controle envolve estoque da empresa Todas perdas e extravios o imposto devera ser devolvi- do para o fisco Fonte: Elaborado pelo autor Muitas empresas criticam e temem o Bloco K, porém esta metodologia do governo promove automaticamente a reorganização no gerenciamento de estoque das organi- zações. Com este Bloco e o Bloco H, que também veremos nesta unidade, as empresas se sentem obrigadas a conhecerem o seu processo produtivo ou mesmo o tramite no gerenciamento de estoques. Obviamente, o Bloco K e o Bloco H foram criados com a finalidade de inibir a sonega- ção, porém vem deixar mais transparente para as empresas o seu processo de geren- ciamento de estoques, detalhe este que não se vê em muitas empresas. 64 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. 1. A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM UMA ORGANIZAÇÃO A importância de um gerenciamento de custos em uma organização é de extrema im- portância e se faz necessária, visto que esta atitude dá suporte ao fluxo de caixa da empresa. Com a chegada do Bloco K (estudaremos adiante) as organizações foram obrigadas a conhecer o seu processo de estoque, o seu processo de transformação, e mensura-los corretamente apontando as divergências, transformando em qualidade e em oportunidade. Para que isso ocorra, as empresas precisam enxugar as suas ativida- des operacionais tornando mais visível os processos e procedimentos fabris. Dentre algumas oportunidades positivas dentro de um gerenciamento de custos pode-se citar: ` Visualização mais transparente do processo produtivo ` Reconhecimento de um possível material utilizado erroneamente no processo (Material secundário que é um material menos relevante no processo produtivo, mas concede o direito de credito dos impostos) ` Melhorias no processo produtivo ` Planejamento Tributário ` Otimização de tempo e recurso no processo produtivo IMPORTANTE Muitas empresas buscam a redução de custos através do gerenciamento de seus processos. De alguns anos para cá, muitas empresas vêm implementando controles nos processos produtivos e melhorias. Dentre eles pode-se citar o Lean Manufacture e vamos conhe- ce-lo um pouco, antes de falarmos em gerenciamento de custos. Conhecido mundialmente como uma filosofia, foi criado após a Segunda Guerra Mun- dial e nesta filosofia procura-se reduzir desperdícios com ganhos de otimização de tempo. Com o Japão totalmente destruído na fase de pós-guerra, o país necessitava se levantar. A procura de materiais de construção, de alimentos e outros produtos de utilidade básica aumenta sensivelmente o que vinha em sentido contrário referente ao pensamento das empresas, ou seja, as empresas buscavam a fabricação em massa onde o lucro era refletido através das altas negociações das empresas, envolvendo grandes quantidades em contrapartida ofertando baixa variedade. O Lean Manufacturing é considerado por muitos como uma filosofia de gestão que con- siste no aumento de produção com a melhor quantidade de recurso (produção enxuta). Esta aplicabilidade do Lean Manufacturing nas organizações tem sua importância, pois quando se fala em gerenciamento de custos, a primeira visualização no pensamento do gestor se refere à prática do Lean Manufacturing. Esta filosofia, acima de tudo, possui o foco em 7 (sete) tipos de desperdícios que são: o excesso na produção, o tempo de espera, o transporte, o excesso de processamento, o estoque, a movimentação exces- siva e os defeitos. 65 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Quandoligamos estes sete desperdícios ao gerenciamento de custos podemos obter grandes resultados: ` O excesso de produção – Sabemos que quando as empresas produzem em grande quantidade, se faz necessário esta produção estar atrelada a uma venda, pois caso con- trário o produto ficará parado na prateleira e poderá afetar diretamente o fluxo de caixa da empresa, pois ao final do mês a empresa paga os funcionários, paga a conta de energia, paga os insumos para os fornecedores, paga as horas extras dos colaboradores. Enfim, paga-se todo o custo do produto produzido, sendo que o seu retorno financeiro ainda está estagnado nas prateleiras ` O tempo de espera – Quando se fala em tempo de espera lembramos do tempo da che- gada de uma matéria prima na empresa por exemplo, bem como a sua chegada desta matéria prima na linha de produção. Este tempo necessita ser o mais breve possível, visto que se a empresa não tiver insumos estará pagando para os seus colaboradores ficarem ociosos. Quando se fala em tempo de espera, caso seja uma empresa de grande porte, se faz necessário um sistema integrado onde a comunicação entre os departamentos é muito mais rápida e eficaz ` O transporte – Para este caso há a necessidade de se olhar através de dois focos. O pri- meiro é a chegada do material na empresa, isto é, a empresa precisa ter parceiros com- prometidos com a entrega do material, pois caso o material não chegue a tempo, poderá comprometer o processo produtivo bem como a entrega para o cliente. Para isso se faz necessário também o contrato de transportadoras que obedeçam e respeitem o contrato, caso a empresa não tenha o frete próprio. O segundo foco é a chegada do material no processo produtivo. Através de requisição é solicitado o material e o mesmo é entregue nos departamentos. Nos dias atuais as organizações mapeiam esta entrega e possuem até o horário que as empilhadeiras circulam na empresa. ` O excesso de processamento – Quando se fala em excesso de processamento se re- flete diretamente no trabalho que não agrega. Como exemplo pode-se citar um aumento de tempo e gasto na produção para um produto muito pouco usado pelo consumidor. Um outro fator do excesso de processamento se refere as etapas e passos desnecessários, prolongando o tempo no processo produtivo ` O estoque – Como já narrado anteriormente, os insumos são os gastos mais altos de uma empresa. Sendo assim se faz necessário o seu gerenciamento mantendo um controle não somente no estoque, mas também para a demanda do processo produtivo. Uma empresa pode ao mesmo tempo possuir três modalidades de estoque que são: estoque de matéria prima, estoque de produto em elaboração e estoque de produtos acabados. ` A movimentação excessiva – Como se diz, em uma casa que tem muitas pessoas, uma tromba na outra e as tarefas não rendem. Na produção temos a mesma situação, em que as empresas precisam de um processo produtivo enxuto, desenhado e organizado, onde naturalmente transcorra o processo produtivo. Isso reflete na otimização de tempo dos colaboradores trazendo consigo o aumento de produtividade. ` Os defeitos – As organizações sabem que hoje o retrabalho ou mesmo a perda no pro- cesso produtivo geram custos e estes custos refletem no fluxo de caixa da empresa. Muitas empresas promovem treinamentos para os seus colaboradores transformando-os em especialistas no que fazem, conseguindo assim reduzir o retrabalho, a perda, enfim o seu custo de produção. 66 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Muitas empresas adotam esta filosofia buscando atingir: ` Aumentar a produção – Sempre buscando maior produtividade no processo produtivo alavancando assim a quantidade maior de produção de mercadoria, visto que, conforme estudado na unidade 1, o custo fixo unitário cai de acordo com o aumento de produção. Vale ressaltar que produzir por produzir poderá comprometer a empresa. O ideal é que se tenha uma comunicação transparente entre os supervisores das áreas de vendas, de produção e administrativo. ` Reduzir custos – Como narrado anteriormente, as organizações buscam a todo o mo- mento a redução de custos e esta filosofia promove esta redução. Quando o processo produtivo é realinhado, organizado e gerenciado, cada um com a sua função especifica, o trabalho ocorre naturalmente e o cenário produtivo fica mais transparente. A grande vantagem de se organizar é que o processo produtivo está em encontrar possíveis opor- tunidades que até então muito pelo fato de estar “bagunçado” não se permitia encontrar. ` Melhorar a qualidade de produtos produzidos ou serviço prestado – A partir do mo- mento em que a empresa tenha o processo produtivo totalmente mapeado, o rendimento pessoal melhora e traz consigo a qualidade do produto ou serviço prestado. Nós como seres humanos adquirimos conhecimento e expertise através de nossa ex- periência. Todos os dias precisamos aprimorar os nossos conhecimentos e a convivên- cia, a presença e a interação no processo produtivo nos permite descobrir inúmeras oportunidades de melhoria, seja referente a valores monetários ou mesmo na melhoria do processo produtivo. A localização do problema e a sua identificação, bem como a maneira de resolve-lo, proporcionará o processo produtivo mais transparente, reduzin- do os desperdícios e ao mesmo tempo otimizando custos e tempo. Esta melhoria continua é fundamental para o sucesso de movimentação e ganhos na planta fabril. Em muitas empresas nos dias de hoje, as melhorias vêm transformando os processos produtivos, tornando-os mais ágeis e também mais econômico refletindo ganhos financeiros para a organização. Estes projetos de melhoria pelos próprios obje- tivos de negócios da empresa, uma vez aprovados e implementados, irão se expandir da produção para os demais departamentos ou setores da empresa. Quando se perce- be estão todos em um único pensamento, todos em um único objetivo, e todos em uma só direção. Para isso se faz necessárias reuniões semanais como uma válvula de tirar dúvidas e atualização do projeto. Muitas empresas, com a pratica do Lean Manufacturing, aderiram a reuniões semanais ou quinzenais com os seus colaboradores de produção e de logística para discutirem assuntos relacionados ao dia a dia. Ao contrário do que se pensa, essa parada não é considerada como uma perda de tempo e sim um ganho de oportunidades, onde ideias de melhoria no processo ocorre também novas ideias e proporcionam tanto a produtivi- dade como a redução de perdas de material. Falamos um pouco da filosofia Lean Manufacturing, bem como os seus benefícios de retorno financeiro que trazem para as organizações. O Lean Manufacturing é considera- do um braço muito forte para a redução de custos, mas outros fatores e outros motivos permeiam operacionalmente com foco na redução de custos. 67 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Quando falamos em gerenciar custos não significa somente controlar o processo produ- tivo, mas sim todo o percurso da matéria prima como insumos, material de embalagem na empresa. Esta categoria para a empresa se refere ao maior gasto que a empresa tem no processo produtivo ou mesmo na comercialização. A tabela abaixo demonstra o controle e o gerenciamento que se deve ocorrer a nível departamental Tabela 01. Gerenciamento e controle por departamento DEPARTAMENTO NÍVEL DE CONTROLE Compras Neste departamento deverá haver uma negociação a qual implique o menor valor e a melhor qualidade Recebimento Aqui os materiais deverão ser conferidos para a verificação se a quantidade está correta e encaminhados para o armazenamento Armazenamento Uma vez armazenados deverão ser adequadamente estocados com a finalida- de de não se perder material como avarias e extravios Almoxarifado Este departamento deverá liberar o material através de requisição para que se tenha o controle da quantidade destinada para a produção Controlede Qualidade Este departamento irá analisar a qualidade do material que entra na empresa Contas a pagar Este departamento embora considerado como despesa deverá ter o controle do fluxo de caixa com a finalidade de que não se pague determinada nota fiscal em atraso, evitando assim o pagamento de juros Departamento de Tributos Este departamento deverá analisar a nota fiscal e recuperar os impostos devi- dos. Com a recuperação correta o custo de produção cai Produção Uma vez na produção, deverá ser elaborado um processo produtivo que se otimize a perda de material bem como o tempo do colaborador. Este fato é geralmente acompanhado pelo supervisor de produção Fonte: Elaborada pelo autor 2. AUMENTANDO A LUCRATIVIDADE NO GERENCIAMENTO DE CUSTOS O gerenciamento de custos é praticado nas grandes empresas, visto que muitas con- seguem alavancar a lucratividade sem precisar aumentar o valor das vendas. Muitas organizações gerenciam estes custos pois sabem que a maior oportunidade de crédito de impostos e oportunidades de melhorias estão alocadas no processo produtivo. Um exemplo clássico como resultado positivo ocorreu em uma empresa multinacional americana quando em 2009 elaborou um planejamento tributário em que foi feita uma “varredura” no processo produtivo e foram levantados R$ 40.000.000,00. Este valor é devido pelo fato do crédito extemporâneo. O crédito extemporâneo se refere quando a empresa observa que não recuperou corretamente os impostos, o fisco autoriza a recu- peração desta situação dos últimos 5 (cinco) anos. O grande problema das empresas está em reconhecer o seu material secundário e muitas não tomam o devido crédito desta categoria de material. Um outro caso típico de sucesso ocorreu em uma multinacional que fabrica detergen- tes e desinfetantes. Ao final do processo é colocado um reagente para verificar se o produto não irá reagir no tanque do caminhão durante o seu percurso até o seu cliente. 68 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Este reagente participa do processo produtivo em pequena quantidade, porém pode ser considerado como material secundário ou intermediário. O gerenciamento de custos também traz oportunidades de ganhos não financeiros, mas sim de processos e quem pode dar ideias com referência a este ganho de processo é a mão de obra direta, conhecida como chão de fábrica. É este profissional que conhece fielmente a máquina, pois passa praticamente 90% ao lado da máquina. Ele, conhecen- do a máquina, poderá proporcionar oportunidades de melhoria que talvez muitos não conhecem, mesmo pelo fato dele estar o tempo todo operando-a. As oportunidades de melhoria e de ganho financeiro existem em todas as organizações, para isso se faz necessário este gerenciamento de custos. IMPORTANTE Muitas empresas conseguem aumentar a recuperação de impostos através do gerenciamen- to de custos. Devida falha localizada a empresa poderá recuperar os impostos referente aos últimos 5 anos 3. BLOCO K E BLOCO H Neste tópico vamos conhecer duas ferramentas que se adicionam ao SPED fiscal: O Bloco K e o Bloco H. Essas duas ferramentas são os braços do SPED que aparecem com o intuito de se evitar a sonegação, porém agregam qualidade no gerenciamento do processo produtivo. Vamos lá! 3.1. BLOCO K O bloco K foi implementado no ano de 2016 pelo fisco. Sendo considerado mais uma atividade do SPED Fiscal, sua função é de gerenciar os estoques da empresa bem como controlar todas as entradas e saídas. Para se ter uma ideia do nível deste geren- ciamento, o Bloco K controla: ` O estoque dentro da empresa ` O material da empresa em poder de terceiros (materiais que vão para industrialização e retornam) ` Materiais de terceiros em poder da empresa (materiais que chegam na empresa para industrialização O Bloco K, se for compreendido de uma visão macro, trata-se do gerenciamento de todos os materiais de insumos, desde a sua entrada até a sua saída como produto final para o cliente como mostra a Figura 2. 69 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Figura 02. Metodologia do Bloco K Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor O Bloco K, para o governo, trata-se de uma ferramenta de controle, desde a compra do ma- terial até a sua saída com destino ao cliente. Logicamente este controle inibe a sonegação de impostos como a venda de produtos sem nota fiscal, compra de mercadorias sem nota fiscal e outras situações. A pergunta é: como se inibe a sonegação? Veja os passos abaixo: ` Quando uma empresa vai entrar pelo controle do Bloco K geralmente é de acordo com o Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE), cuja entrada ocorre em janeiro; ` Em dezembro a empresa precisa fazer o inventario um mês antes e envia-lo ao governo em uma relação já modelada no sistema governamental; ` A partir de janeiro o fisco, tendo o controle do gerenciamento de entradas e saídas de mercadorias na empresa, consegue ter o controle do estoque da empresa. Pode estar se perguntando: e enquanto as perdas ocorridas no processo produtivo como o extravio de mercadorias e dentre outras? Todo extravio e perda de mercadorias deverão ser mensurados e relatados através da nota fiscal CFOP 5.927 (lançamento efetuado a título de baixa de estoque decorrente de perda, roubo ou deterioração) onde o devido imposto será devolvido para o governo como mostra a Figura 3. Na entrada do ma- terial na empresa se recupera os impostos Isto é permitido pelo fisco pelo fato que a empresa irá pagar os impostos na saida do material Porém se a empresa extraviou ou perdeu o material na produção Este imposto é devolcido atraves da nota fiscal com o CFOP 5.927 Logo se faz necessa- rio devolver o imposto recuperado anteriormente para o fisco Este material não vai mais sair Figura 03. Tratativas de perdas e extravio de mercadorias no processo produtivo 70 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Muitos entendem o Bloco K como uma ferramenta de segurança e minimização de sone- gação, uma vez que é uma obrigação acessória fiscal, porém o fato é que o Bloco K obri- ga muitas empresas a se moldarem e a iniciarem a prática de gerenciamento de custos. As pequenas e médias empresas, que não tinham e não tem o procedimento para men- surarem os seus custos e suas perdas, precisaram mudar a sua cultura, enquanto que as grandes empresas conseguiram encontrar o melhor momento para ajustar os seus custos e também minimizar as suas perdas no processo produtivo. Nesse caso, quanto maior for a perda no processo produtivo, maior será o custo da empresa e menor será a sua lucratividade, se conhecer mais profundamente o processo produtivo, pois este conhecimento trará melhorias para o processo bem como a localização de possíveis situações de recuperação que a empresa não vinha tendo. O Bloco K obriga o controle desde a chegada da matéria prima na empresa até a en- trega do produto final para o cliente. Ele controla dentro de uma organização todo e qualquer produto que se tem no estoque, ou seja, as mercadorias de maior relevância. Além disso, pode ser considerado como um depósito, tendo dentro de si, várias caixi- nhas e vários compartimentos (Figura 4), cada qual com um tipo e nível de informação relevante ao processo produtivo. Figura 04. Escopo de cobertura do Bloco K Fonte: 123RF. Para que se possa implementar o Bloco K na organização é necessária uma prepa- ração especial e, principalmente, o engajamento de todos. Se o Bloco K irá gerenciar todo o controle de estoque da empresa, a primeira tarefa a ser feita é a de verificar se o cadastro dos itens está correto, ou seja, coerentes com a realidade da empresa. Mas o primeiro passo é realizar um trabalho de conscientização nos funcionários e denotar para eles a importância desta nova realidade à empresa, visto que se a imple- mentação não ocorrer dentro doperíodo estipulado a empresa pagará multas altíssimas em relação a este atraso. A implementação do Bloco K na empresa encontra algumas dificuldades por parte dos gestores e a Tabela 2 nos mostra estas dificuldades. 71 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Tabela 02. Dificuldades da implementação do Bloco K DIFICULDADES PERCENTUAL Mapeamento de movimentação de estoque 25% Adequação de softwares 21% Movimentação existentes com terceiros 19% Cultura da empresa em relação a uma equipe comprometida 16% Revisão de cadastro de mercadorias e produtos 14% Sistema adequado para atender o sistema SPED 5% Fonte: Elaborada pelo autor ` Mapeamento das movimentações de estoque – Este é o maior problema encontrado na implementação do Bloco K, visto que muitas empresas não possuem este mapeamento de roteiro da transformação da matéria prima ao produto acabado. ` Adequação de softwares – É um grande problema que a empresa encontra, pois, as in- formações passadas para o fisco exigem um sistema robusto e até um sistema integrado. ` Movimentações de produtos com terceiros – Como muitas empresas trabalham com terceiros, o controle de materiais da empresa em poder de terceiros e o controle de ma- teriais de terceiros em poder da empresa deverá ser rigorosamente controlado. Este con- trole em muitas empresas acaba se perdendo, porém, com a implementação do Bloco K, este controle se faz necessário. ` Equipe comprometida – Principalmente nas pequenas e médias empresas e com a corre- ria do dia a dia não se consegue elaborar uma reunião geral e para esta implementação a conversa, a reunião, o entendimento e o engajamento de todos se torna muito importante. ` Revisão de cadastro de mercadorias e dos produtos – Conforme descrito acima, mui- tas empresas não possuem corretamente o seu cadastro de mercadorias e produtos; sem isto não se tem como iniciar a implementação do Bloco K. Para se ter uma ideia, muitas empresas possuem três ou quatro descrições no cadastro de item de um mesmo produto e neste caso se perde totalmente o controle de estoque ` Sistema adequado para atender o SPED - A demanda de um sistema integrado se faz necessário, visto que com a implementação desta ferramenta a comunicação entre os departamentos precisa ser rápida e eficaz. Ao verificar que a implementação do Bloco K é muito complexa, caso uma empresa entre em janeiro de um ano qualquer nesta metodologia é preciso de pelo menos um ano e meio ou dois anos de preparo antecipado para que no momento certo ela não tenha nenhuma turbulência. Conforme narrado de antemão, o Bloco K pode ser considerado como um processo de melhoria para a empresa, pois a obriga gerenciar literalmente suas perdas e extravios no processo produtivo, conhecidos até no momento como custos ocultos do processo produtivo. A partir da implementação, esta perda de extravio deverá ser mensurada e relatada na nota fiscal de CFOP 5927 – lançamento efetuado a título de baixa de esto- que decorrente de perda, roubo ou deterioração. 72 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. IMPORTANTE Quando uma empresa compra matéria prima, material de embalagem, material secundário ou mes- mo material auxiliar de produção, ela tem o direito de recuperar os impostos contidos na nota fiscal: Se a empresa for lucro presumido – ICMS – IPI Se a empresa for lucro real – ICMS – IPI – PIS – COFINS ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IPI – Imposto sobre Produto industrializado PIS – Programa de Integração Social COFINS – Contribuição para o Financiamento de Seguridade Social Caso a empresa perca material ou tenha extravio no processo produtivo a empresa precisa devolver estes impostos para o fisco A partir da implementação do Bloco K, a visão destes impostos se altera, pois, muitas em- presas não estornavam seus impostos em relação as matérias perdidas no processo produ- tivo, retomando o que conhecemos hoje como recuperação ilícita (sonegação). Portanto, a partir de agora, os impostos deverão ser devolvidos, obrigando as empresas a procurarem minimizar suas perdas no processo produtivo. Observe que a presença do Bloco K reflete: ` Na regularização do processo produtivo ` No gerenciamento de custos da empresa ` No aumento da qualidade na produção ` Na minimização de impostos perdidos pelo governo Outro fator preponderante para o sucesso da implementação do Bloco K está atrelado em alguns departamentos pontuais. Figura 05. Departamentos Produtivo e suas ligações para atender o Bloco K Fo nt e: 1 23 R F. 73 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos A Figura 5 ilustra a importância da comunicação entre três departamentos dentro de uma empresa: ` Departamento de produção – Irá mensurar todas as perdas ocorridas no processo pro- dutivo ` Departamento de Tributos – Este departamento deverá analisar o processo produtivo buscando aí oportunidades de créditos de impostos para a empresa ` Departamento de contabilidade – Este departamento deverá também com a sua expe- riência facilitar os relatos ocorridos no processo produtivo. O Bloco K possui muitas caixas de registro, porém aqui vamos falar de apenas duas caixas: a 0200 e a 0210. Observe a tabela abaixo. . Tabela 03. Caixa de registro do Bloco K CAIXAS DE REGISTRO DESCRIÇÃO 0200 É uma tabela de identificação do item onde apresenta o cadastro de todos os produtos e serviços da empresa, inclu- sive produtos acabados, semiacabados, matérias primas, embalagens, subprodutos, entre outros. 0210 Consumo específico padronizado onde representa a lista de materiais padrão de todos os produtos acabados e semiaca- bados da empresa. Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Observando a Figura 6, pode-se perceber a importância na classificação dos itens de uma empresa em seu gerenciamento de estoque, pois, os itens precisam ser cadas- trados corretamente pois caso o contrário poderá ter destinos indevidos no Bloco K e refletir sérios problemas para a organização. Produto acabado Produto em processo Consumo padronizado Originado no processo produtivo e pronto para ser comercializado - relacionado direta- mente ao Registro 200 Originado no processo produtivo e consumi- do no processo produtivo: relacionado direta- mente aos Registros 200 e 0210 O código do componente/insumo é validado no registro 210 Figura 06. Relação entre processo produtivo e registro 74 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Alguns impactos no percorrer da implementação do Bloco K poderão ocorrer em dois cená- rios distintos que são: Base de dados e Sistema de informação. No primeiro cenário, quando o foco se refere a análise do banco de dados (Figura 7), a preocupação se volta para o cadastro de itens da empresa, pois os itens precisam estar devidamente cadastrados e corretos. Figura 07. Analise da base de dados Analise de Cadastro de materiais Atualização dos sistemas de informação Atividade mais importante para a garantia do sucesso da implementação Verificação do sistema atualmente utilizado para controle de ordem de produção – produção finalizada e não finalizada e seus componentes consumidos no período O trabalho consiste na revisão da classificação atual dos itens cadastrados Revisão no sistema de custos para atender as modificações necessarias Fo nt e: E la bo ra da p el o au to r Fonte: Elaborada pelo autor Quando o foco se refere a sistema de informação (Figura 8) deverá haver uma valida- ção no que se refere ao sistema de custos para atender as modificações prévias que ocorrerão com a implementação. Figura 08. Analise do sistema de informações 75 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos 00 – MATERIAL PARA REVENDA 01 – MATÉRIA PRIMA 02 - EMBALAGEM 03 - PRODUTOS EM PROCESSO 04 – PRODUTOACABADO 05 - SUBPRODUTO 10 – OUTROS INSUMOS K 220 Fonte: Elaborada pelo autor O que mais poderá preocupar a empresa está relacionado à comunicação, visto que o Bloco K é uma ferramenta de controle que irá gerenciar toda a movimentação de itens dentro da empresa como mostra a Figura 9. Observe o nível de gerenciamento que a Caixa K 220 carrega com ela. Figura 09. Componentes da Caixa K 220 Além do nível de gerenciamento que a Caixa K 220 carrega com a empresa, toda movimentação de itens de estoque, como matéria prima, material de embalagem os produtos em processos bem como os produtos acabados e outros insumos, estará sen- do gerenciada pela Caixa K 220. Qualquer perda de material ou extravio no processo produtivo deverá ser relatado. Perceba o nível de gerenciamento de custos que as empresas precisam ter a partir do modelo implementado. Neste caso, a ferramenta de método de gestão usada para o estudo de ambiente interno e externo é a Análise SWOT ou Análise FOFA (Força, Opor- tunidade, Fraquezas e Ameaças). Se caso elaborarmos esta análise, em relação a sua aplicabilidade na empresa, de certo irá identificar forças fraquezas, ameaças e também oportunidades. Em resumo, a Análise SWOT tem como objetivo: ` Análises externas e internas. ` Identificar prioridades ` Permitir elaboração de estratégias para possíveis problemas 76 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Figura 10. Análise SWOT do Bloco K Fo nt e: 1 23 R F. Quando falamos em força, se referimos a: ` Processos bem definidos desde o setor de compras até o produto acabado; ` A prática de uma ferramenta de auditoria do SPED; ` Os cadastros de produtos corretos e alinhados com a realidade da empresa; ` O reconhecimento real do custo da organização. Quando falamos em fraquezas, se referimos a: ` Não ter o processo bem definido desde o momento da compra até a produção; ` Não se ter um sistema ERP; ` Cadastro de mercadorias e produtos não definidos; ` Não ter ficha técnica de produção; ` Não conhecer os custos e despesas perdas e desperdícios do processo produtivo. Quando falamos em oportunidades, se referimos a: ` Uma maior competitividade no mercado; ` A eliminação das chamadas concorrências desleais; ` O poder de solicitar ao fisco alterações nas regras e carga tributária; ` Facilidade no desenvolvimento de novos produtos; ` Abrir portas para novos mercados. 77 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Quando falamos em ameaças, se referimos a: ` Os segredos industriais (neste quesito muitas empresas entraram com uma liminar; para não mostrarem as suas formulas e conseguiram); ` As possíveis autuações ao se prestar informações irregulares; ` Possíveis falências; ` Choque de gestão e de cultura; ` Falta de capital e a busca de capital de terceiros para a implementação. O que foi descrito até aqui foi a implementação do Bloco K na empresa que certamente trará o que se chama de excelência operacional, mas para isso tem-se um altíssimo ônus tanto no fator capital como no fator cultural. SAIBA MAIS Empresas que implementaram esta ferramenta em 2016 passaram por diversas turbulências, mas hoje possuem uma excelente gestão de custos 3.2. BLOCO H O Bloco H pode ser entendido não apenas como um outro braço do SPED, mas também como uma continuação do Bloco K, pois tanto o Bloco K como o bloco H estão atrelados ao inventario da organização. Enquanto a entrega do Bloco K ocorre mensalmente, ou seja, 12 (doze) vezes por ano, a entrega do Bloco H ocorre 1 (uma) vez por ano. Vale ressaltar que os dois blocos são equiparados e não deverão ter divergências de um quando comparado com o outro, ou seja, ocorre o cruzamento de dados. No Bloco K as informações serão fornecidas mensalmente ao fisco enquanto que no Blo- co H as informações serão anuais. No Bloco H será apresentado todo o inventario físico da empresa decorrente no período de um ano, denotando toda a movimentação em: ` A quantidade de estoque dentro da empresa ` A quantidade de estoque da empresa em poder de terceiros ` A quantidade de estoques de terceiros em poder da empresa. Geralmente os motivos mais comuns para a diferença do estoque físico e contábil são: ` Perdas, furtos, avaria, deterioração ou obsolescência. ` Mercadorias com prazo de validade vencido. ` Sinistro, incineração e descarte. ` Sobras de mercadorias ou bens. ` Ajustes em decorrência de inventario. 78 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Com as verificações apontadas mensalmente no Bloco K, comparando com a mo- vimentação anual do Bloco H, é esperado que os saldos sejam iguais, pois se um controla mensalmente a movimentação de estoques da organização e o outro controla a movimentação anual do mesmo estoque se faz necessário a igualdade dos saldos. O Bloco H possui alguns registros bem relevantes como mostra a Tabela 4: Tabela 04. Registros do Bloco H REGISTRO NIVEL DE INFORMAÇÕES H001 Abertura do Bloco H H005 Totais do inventário H010 Inventário H020 Informações complementares do inventário H990 Encerramento do Bloco H Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Através da tabela acima pode-se confirmar que tanto os registros do Bloco K como os registros do Bloco H estão voltados diretamente para o estoque e o inventário da orga- nização (Figura 11). Figura 11. Bloco K e Bloco H BLOCO K BLOCO H Voltado diretamente a toda movimentação de estoques e processos produtivo da empresa Voltado ao inventario da empresa IMPORTANTE Os dois blocos se complementam e esta complementação traz um nível de informação de alta qualidade em relação ao processo produtivo, facilitando assim a visão da empresa em relação a sua gestão de custos. Pode-se notar e provar que, embora cause uma grande transformação na produção, o reflexo é positivo, pois torna um processo produtivo mais correto e transparente permi- tindo assim as empresas buscarem novas oportunidades. 79 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos OBJETO DE APRENDIZAGEM Bloco K A implementação do Bloco K nas organizações é de fundamental importância para ambas as partes. Primeiramente para a empresa pois a partir desta implementação a empresa terá condições de se obter um gerenciamento de custos, o que antes desta im- plementação isto não ocorria. Para o lado do governo do fisco ocorre a minimização de transações fiscais irregulares como a venda e compra de mercadoria sem a nota fiscal. Fo nt e: 1 23 R F. Fo nt e: h ttp s: //j on at as ba ck .w or dp re ss .c om /2 01 5/ 10 /3 1/ ev ol uc ao -h is to ric a- da -g es ta o- de -p ro du ca o- e- op er ac oe s/ . A ce ss o em 0 6/ 09 /2 02 2 Gerenciamento de custos Com a evolução do gerenciamento de custos nas organizações a mensuração dos tipos de custos precisou melhorar também Você deverá elaborar um cenário de custos de uma empresa identificando os custos fixos e custos variáveis 80 4 A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. Ocorrências em um processo produtivo Deste a entrada da matéria prima na empresa, se faz necessário o seu gerenciamento, por se tratar de insumos, os quais possuem a grande fatia de gastos da organização. Identificar a utilização bem como o controle se faz necessários para a redução de custos O mapa mental abaixo é um exemplo que aponta as dores da indústria. Faça um mapa mental identificando o processo produtivo de uma epresa. Fo nt e: h ttp s: //w w w .n om us .c om .b r/b lo g- in du st ria l/m ap a- m en ta l/. A ce ss o em 0 6/ 09 /2 02 2 CONCLUSÃO O que foi narrado nesta unidade confirma a importância do gerenciamento de custos nas organizações, pois este gerenciamento irá refletir na transparência operacional bem como a alavancagem de lucratividade. Para reforçareste gerenciamento, o governo e o fisco lançou o Bloco K e Bloco H, ambos dando suporte a este controle e gerenciamento. As empresas precisam perceber que a lucratividade não vem somente no aumento das vendas, mas também pela redução de custos que está atrelada diretamente ao gerenciamento de seus custos, principalmente dos seus insumos, considerados como o material de maior relevância quando se fala em gasto. Muitas organizações conseguem driblar situações adversas pelo gerenciamento de custos e com isso conseguem resol- ver possíveis problemas operacionais. Gerenciar os custos de uma organização é trazer para dentro da empresa o que se cha- ma em excelência de alavancagem operacional, pois se reduzir os custos do processo produtivo irá refletir diretamente na redução do preço de venda, tornando a empresa mais competitiva no mercado. Com isso pode-se dizer que o aumento das vendas da empresa está em um preço mais atraente e este preço nasce do seu custo unitário de produção. 81 4 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONI, Gustavo. Gestão de custos industriais [recurso eletrônico]. Porto Alegre: SAGAH, 2017 BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. [Acervo Virtual]. CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2013. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2004. Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 1. Terminologia de Custos 2. Terminologia de custos quanto a formação e quanto a apropriação 3. Mão de obra direta 4. Gerenciamento de custos e análise de variação da Mão de obra direta e dos materiais diretos Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. 1. Markup – formando um preço de venda 2. Métodos de avaliação de estoques Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável 1. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio 2. Ponto de equilíbrio 3. A importância de se analisar a Margem de contribuição e o Ponto de Equilíbrio 4. Métodos de Custeio A importância de boas práticas e do gerenciamento de custos nas organizações. 1. A importância do Gerenciamento de Custos em uma organização 2. Aumentando a lucratividade no gerenciamento de custos 3. Bloco K e Bloco H