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5 4 Título livro FORMANDO MULTIPLICADORES DO BEM WAGNER LUIZ VILLALVA GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS FORMANDO MULTIPLICADORES DO BEM EDUCANDO PARA A PAZ Lorem ipsum G E S T Ã O E S T R A T É G IC A D E C U S T O S P Ó S -G R A D U A Ç Ã O G e s tã o e N e g ó c io s MBA GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS 2022 Wagner Luiz Villalva PRESIDENTE Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM DIRETOR GERAL Jorge Apóstolos Siarcos REITOR Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM VICE-REITOR Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO Adriel de Moura Cabral PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Dilnei Giseli Lorenzi COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Franklin Portela Correia GESTOR DO CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE Franklin Portela Correia REVISÃO TÉCNICA Patrícia Ferreira do Amaral PROJETO GRÁFICO Impulsa Comunicação DIAGRAMADOE Lucas Ichimaru Testa CAPA Lucas Ichimaru Testa © 2022 Universidade São Francisco Avenida São Francisco de Assis, 218 CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – ORDEM DOS FRADES MENORES WAGNER LUIZ VILLALVA ` Especialista tributário contábil e financeiro; ` Palestrante consultor financeiro; ` Ministro treinamentos corporativos; ` Especialista na Calculadora HP 12C; ` Ministro MBA voltado a área financeira contábil e tributaria; ` Participo de gravações de vídeo aula das disciplinas Contabilidade – Gerenciamento de Custos – Matemática Financeira – Planejamento Tributário; ` Autor de 32 desafios acadêmicos; ` Autor de livros de contabilidade, gerenciamento de custos, analise das demonstrações contabeis e matemática financeiras; ` Autor de 1685 questões para faculdades; ` Ministro consultoria de gerenciamento de custos, contabilidade e finanças para algumas empresas a nível Brasil; ` Graduado em Ciências Contábeis – PUC; MBA em Controladoria e auditoria - PUC; Modulo es- pecifico em Matemática financeira pela UNICAMP; Cursos de Legislação Tributária a nível Brasil. O AUTOR A REVISORA TÉCNICA PATRÍCIA FERREIRA DO AMARAL Mestre em Administração pela UNIFACCAMP, Especialista em Gestão Financeira e Controladoria pela UNISAL, Bacharel em Ciências Contábeis pela PUC Campinas. Em- preendedora, Contadora na EPTV, Experiência de 10 anos na ONG Sociedade Hípica de Campinas nas áreas de Gestão Contábil e Gestão Financeira. Atuação na Contabi- lidade da Eaton Divisão e Transmissões. Articulista com publicações nos Congressos USP e Convibra. Docente com experiência em disciplinas da área Contábil, Financeira, de Negócios e Afins. Autora de questões para Proficiência do Curso de Ciências Con- tábeis ? Padrão ENADE. Experiência com Contabilidade Gerencial e Financeira, Orça- mento, Compliance e Gestão Financeira. SUMÁRIO UNIDADE 01: CONTABILIDADE DE CUSTOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE E CONHECIMENTO DE SUA TERMINOLOGIA .............................6 1. Terminologia de Custos .......................................................................................7 2. Terminologia de custos quanto a formação e quanto a apropriação ...................10 3. Mão de obra direta ..............................................................................................13 4. Gerenciamento de custos e análise de variação da Mão de obra direta e dos materiais diretos ..............................................................................................15 UNIDADE 02: IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS: INFLUÊNCIA DOS TRIBUTOS E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES. ..22 1. Markup – formando um preço de venda .............................................................23 2. Métodos de avaliação de estoques .................................................................................29 UNIDADE 03: PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – MÉTO- DOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL..........38 1. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio ....................................................39 2. Ponto de equilíbrio ..............................................................................................42 3. A importância de se analisar a Margem de contribuição e o Ponto de Equilíbrio 48 4. Métodos de Custeio ............................................................................................50 UNIDADE 04: A IMPORTÂNCIA DE BOAS PRÁTICAS E DO GERENCIAMENTO DE CUSTOS NAS ORGANIZAÇÕES. .................................62 1. A importância do Gerenciamento de Custos em uma organização ....................64 2. Aumentando a lucratividade no gerenciamento de custos ..................................67 3. Bloco K e Bloco H ...............................................................................................68 6 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia UNIDADE 1 CONTABILIDADE DE CUSTOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE E CONHECIMENTO DE SUA TERMINOLOGIA INTRODUÇÃO Esta unidade abordará a importância da Contabilidade de custos para as organizações e se falando em custo se faz necessário entendermos sobre a abrangência de e sua terminologia. Será analisado o que são custos diretos, custos indiretos, custos fixos e custos variáveis. Trará também os custos ocorridos em três cenários distintos: em uma indústria, em um comércio e também em uma empresa prestadora de serviço. Além de denotar a importância do gerenciamento de custos dentro de uma empresa e se bem gerenciado o reflexo positivo que dará a estrutura financeira da empresa. Buscar a redução de custos nas organizações atualmente passou a ser a bola da vez, em razão dessa gestão ser válvula propulsora de um melhor desempenho, e visto que em muitas empresas as vendas não correspondem a expectativa esperada, sendo as- sim, as empresas a trabalham com o foco na redução de custos para minimizar os reflexos negativos com as expectativas das vendas. Outro detalhe muito importante, o gerenciamento de custos está atrelado diretamente na tomada de decisão de uma empresa, e com a busca da redução de custo, permite a ela colocar os seus produtos no mercado com um preço de venda mais atraente, tor- nando-se mais competitiva. Esta obra vai permitir para o leitor um passeio pelo processo produtivo de uma indústria onde estará sendo mostrado passo a passo e também a importância do reconhecimen- to deste custo durante ele. A contabilidade de custo elabora exatamente a mensuração destes valores ocorridos, principalmente no processo produtivo como por exemplo: ` O custo dos Materiais diretos ` O custo dos materiais indiretos ` O custo efetivo da mão de obra direta. ` O gerenciamento de custos de uma organização A contabilidade de custos teve uma importância muito relevante após a Revolução In- dustrial, visto que com o surgimento de muitas empresas, trazendo consigo a chegada da tecnologia com muitas máquinas e equipamentos, mão de obra direta e indireta, aumentando assim os negócios e as transações comerciais, as informações de custos tornaram-se relevantes e essenciais para o processo de tomada de decisão gerencial. 7 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co A Revolução Industrial exigiu um maior foco da contabilidade, pois, o sistema de pro- dução em série, com vários trabalhadores envolvidos no processo de produção de um produto ou uma linha de produtos, trouxe o desafio de precificar atividades de produção com recursos diferentes, em meio a uma grande variedade de recursos utilizados para a obtenção do produto ao final da produção. Com o grande número de empresas e a entrada de várias máquinas, equipamentos, mão de obra, houve a necessidade de uma maior e melhor mensuração dos custos. E este é o foco da contabilidade de custos. Simplesmente “achar” a lucratividade de uma empresa já nãoera mais importante, pois havia a necessidade de mensurar todos os gastos ocorridos no processo produtivo. Reconhecer fielmente os seus custos diretos e indiretos e os seus custos fixos e variá- veis passou a ser o objetivo das empresas, no intuito de reduzir os custos incorridos no processo produtivo e refletindo no aumento de lucratividade. Nesta unidade você vai conhecer a terminologia de custos bem como a importância de cada uma no processo produtivo e principalmente o gerenciamento constante sobre eles. A unidade começa com o conhecimento da terminologia de custos, e avança até a im- portância do gerenciamento destes custos. Nesta obra você se sentirá como um passageiro em um trem, sentando na janela e observando as paisagens que passarão por você durante esta viagem. 1. TERMINOLOGIA DE CUSTOS A cada dia que passa as organizações enfrentam concorrências acirradas, pois o con- sumidor vem exigindo produtos de qualidade a um valor monetário pequeno. Por este motivo, as organizações se sentem obrigadas a buscar a redução de custos e despesas. Primeiramente antes de começarmos a falarmos de custos há a necessidade de se verificar a diferença entre estes dois conceitos que ocorrem cotidianamente nas organi- zações. Importante atentar-se que o foco desta obra está voltada a custos, porém caso não se identifique a diferença poderá ocorrer distorções relativas a ambos conceitos. Figura 01. Diferença entre Custos e Despesas CUSTOS DESPESAS Todo o gasto direcionado na área produtiva. Todo o gasto direcionado na área administrativa, vendas e outras áreas não relacionadas a produção. Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Observe na figura acima que custos são gastos ocorrido na produção e despesas são gastos ocorridos nas outras áreas da empresa, como administração, marketing e ven- das, por exemplo. 8 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia Esta separação precisa ser tão exata que caso uma empresa compre, por exemplo, um determinado material ou produto e cadastrá-lo indevidamente, poderá afetar o fecha- mento contábil da empresa. EXEMPLO Uma indústria química multinacional utiliza elásticos (o tradicional elástico de amarrar di- nheiro) em sua linha de processo produtivo. Ela fabrica lixas e as mesmas são enroladas e envolvidas por estes elásticos. Quando o elástico arrebenta é o sinal que a cura destas lixas ocorreu. Porém ela utiliza este mesmo elástico para a administração e no momento da compra há a necessidade de se diferenciar de acordo com o destino de cada um, ou seja, destacando-se o que é custo e o que é despesa. A separação de custos e despesas em uma organização é tão relevante, devido ao sucesso deste controle (recuperação de impostos) que em muitas empresas de grande porte, ao entrar na portaria, poderá se deparar com a exposição de um gráfico conforme mostra a figura abaixo. Figura 02. Gráfico de relação percentual das áreas Fonte: elaborada pelo autor. Uma das grandes vantagens da separação é que neste caso a empresa poderá tomar o crédito de 18% (necessário informar o estado da empresa para apresentar a alíquota) do ICMS referente a parte produtiva, crédito este permitido pela legislação do ICMS - Lei Complementar 102/12. Na tabela abaixo pode-se perceber exatamente o reconhecimento de custos e despe- sas de uma organização: 9 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Quadro 01. Custos e despesas ESTRUTURA CUSTOS/ DESP. Matéria-prima consumida Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de energia elétrica na fábrica Custos Gasto ligado diretamente na produção Mão-de-obra direta Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de combustível em empilha- deiras Custos Gasto ligado diretamente na produção Consumo de telefone na administração Despesa Gasto ligado diretamente na área adminis- trativa Salário do pessoal do faturamento Despesa Gasto ligado diretamente na área adminis- trativa Depreciação das máquinas da fábrica Custos Gasto ligado diretamente na produção Fonte: elaborado pelo autor. 1.1. CUSTOS EM CENÁRIOS DISTINTOS Embora por se entender que custo é o gasto no processo produtivo, muitos entendem que custos ocorrem somente em indústrias de transformações, ou seja, empresas que possuem um pátio fabril. Na realidade custos podem ser encontrados em três cenários distintos como mostra a figura abaixo. INDÚSTRIA COMÉRCIO EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO É considerado custo todo o gasto direcionado para a pro- dução como por exemplo: insumos, Mão de Obra Direta e Indireta, compra de peças de máquinas e outros É considerado custo todo o gasto direcionado para a ativi- dade da empresa, como por exemplo: a compra do produto bem como o frete se houver, referente a aquisição de um produto para a revenda É considerado custo todo o gasto direcionado para a ativi- dade da empresa, como por exemplo: o salário do presta- dor do serviço como a compra de materiais utilizado para a prestação do serviço Figura 03. Custos em industrias, comércios e empresas prestadoras de serviços Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. 10 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 2. TERMINOLOGIA DE CUSTOS QUANTO A FORMAÇÃO E QUANTO A APROPRIAÇÃO Como já narrado nos parágrafos anteriores, a contabilidade de custos é responsável pelo levantamento de dados na área produtiva. É esta contabilidade que irá gerenciar e acom- panhar o processo produtivo, mensurando assim todos os gastos ocorridos neste processo. A contabilidade de custos também possui uma relação direta com a contabilidade ge- rencial, que tem por objetivo suportar as decisões da organização com informações que sejam úteis para responder questões como quanto devo produzir, qual o produto devo enfatizar, se é ou não rentável continuar produzindo determinado produto, se a empresa deve produzir internamente ou comprar de um fornecedor. Se tem ou não mão de obra ociosa no processo produtivo, otimização de tempo e custos no processo produtivo, entre outras situações. Para isso precisamos conhecer alguns conceitos compreendidos pela contabilidade de custos: ` Gasto – Toda organização necessita ter gastos para que possam gerir as suas ativida- des. Estes gastos são sacrifícios financeiros que as empresas pagam para que se possa fazer o material chegar nas mãos de seus clientes. Como exemplo destes gastos pode- mos encontrar todo o valor monetário pago a compras de mercadorias, pagamento de funcionários pagamento de impostos compra de material para o escritório comissão de vendedores e outros. ` Despesas – É um tipo de gasto que ocorre fora da área de produção, ou seja é um gasto com a área administrativa. É um gasto que não está voltado para a área produtiva. Nas empresas as despesas precisam ser separadas dos custos, pois a tratativa se dife- rencia. Pode-se encontrar as despesas fixas e despesas variáveis. Como exemplo de despesas fixas, tem-se o salário do pessoal da administração, de vendas, de marketing bem como a energia elétrica utilizada nestes locais. São denominadas pela contabilidade de despesas operacionais que não são computadas no custo. São necessárias para a atividade da empresa, afinal se a empresa produz, precisa divulgar e vender o seu produto (marketing e vendas), se vende há a necessidade de se faturar (faturamento). Futuramen- te há a necessidade de se controlar o recebimento destas vendas (contas a receber) e se a empresa compra há a necessidade de se controlar estas compras (contas a pagar). Observe que embora para a empresa sendo uma despesa, são atividades que comple- mentam o ciclo dentro da mesma. ` Desembolso - é o pagamento por um serviço ou um bem que foi adquirido. Dessa forma, se adquirirmos algo à vista, o desembolso ocorre durante a compra do bem e se comprar o bem a prazo, o desembolso acontece após a aquisição. ` Investimentos – consideradoscomo gastos “ativados” em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos, são gastos em bens ou serviços que geram retornos para a empresa, são “estocados” nos ativos da empresa e são “baixados” à me- dida que são vendidos, consumidos, que desaparecem ou se desvalorizam. Exemplo: a matéria-prima é um gasto classificado como investimento na forma de estoque, até ser consumida, uma máquina é um investimento classificado em ativo imobilizado. ` Custos - podemos entender como custos todo o gasto voltado para a área produtiva. É reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção para a devida fabricação de um produto ou mesmo para a execução de um determinado serviço. Um exemplo 11 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co clássico é a matéria-prima quando adquirida pela empresa, sendo considerada como um investimento, enquanto estiver no almoxarifado e até ser requisitada para a produção. Pode ser classificado como custo fixo ou custo variável e custo direto ou custo indireto. Quando requisitada e destinada à produção, a matéria-prima passa a ser um custo para a organização. ` Perdas - considerado como um gasto involuntário e anormal que ocorre sem intenção, no momento da obtenção da receita, exemplo perdas com incêndio, perdas com inundações e obsoletismo de estoque. EXEMPLO Se ocorrer a necessidade em uma indústria de se comprar um determinado produto, ocorrerá um ocorrerá um GASTO, caso seja o produto destinado à produção isso será um CUSTO, caso seja o produto destinado outra área da empresa será uma DESPESA. Para a aquisição destes produtos se faz necessário um DESEMBOLSO que poderá ser no ato, caso seja a vista ou não, caso seja a prazo. Todo o produto de valor unitário igual ou superior a R$ 1.200,00 e com vida útil acima de um ano, é considerado um INVESTIMENTO para a empresa e poderá ser ativado, tornando-se um ativo imobilizado. Toda aquisição de custo ou despesas será considerado um investimen- to até o momento da sua utilização. 2.1. CUSTO QUANTO A FORMAÇÃO Os custos quanto a sua formação poderão ser identificados como custos fixos ou custos variáveis. ` Custo fixo - é todo o custo, o gasto que a empresa tem, havendo produção, vendas ou não. Por isso, o custo fixo é conhecido como o ladrão do lucro. Vamos supor se uma empresa tem um custo fixo de R$ 200.000,00, este valor ela terá que pagar, vendendo, produzindo ou não. Um grande exemplo de custos fixos para uma empresa é o aluguel do barracão onde ela produz, lucrando ou não, ela terá que pagar o aluguel no final do mês. 1600 1400 Custo fixo Custo fixo unitário 1200 1000 VOLUME R $ 800 600 400 200 0 0 1 2 3 Figura 04. Aplicabilidade do Custo Fixo Fonte: Elaborado pelo autor Pontos a ressaltar: ` O custo fixo total (linha la- ranja) não se altera ` O custo fixo unitário (linha azul) diminui de acordo com a quantidade produzida 12 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 35 Custo variável unitátio Custo variável total 30 25 VOLUME R $ 20 15 10 5 0 0 1 2 3 Pontos a ressaltar: ` O custo variável total (linha marrom) varia de acordo com a quantidade produzida ` O custo variável unitário (li- nha azul) não se altera ` Custo Variável - é o custo que está diretamente relacionado com a produção e vendas da empresa. Um grande exemplo pode-se dizer a matéria-prima e o material de embalagem. Vamos dar um exemplo: se uma empresa que produz panelas e tem como matéria-prima chapas de aço, ao produzir 500 panelas necessitará de uma certa quantidade de chapa de aço, caso produza 5.000 panelas, precisará de uma quantidade maior. Figura 05. Aplicabilidade do Custo Variável Fonte: elaborada pelo autor. CURIOSIDADE Você sabia que a mão de obra direta é considerada ao mesmo tempo como um custo fixo e um custo variável? Custo fixo quando visto pela área de recursos humanos, em razão de o salário ser pago todo mês esse custo variável quando a mão de obra direta é vista como foco pelo processo produtivo. Se um produto cair a demanda de produção, os funcionários desta área serão alocados para outro departamento. 2.2. CUSTO QUANTO A APROPRIAÇÃO Os custos quanto a sua apropriação podem ser identificados como custos diretos ou custos indiretos: ` Custos diretos – são os custos ligados diretamente no processo produtivo, ou seja, que participam na produção. Um exemplo clássico é a matéria-prima, afinal não se vende sapato de couro, sem ser feito de couro, não é mesmo? Um outro exemplo pode-se dizer que é o material de embalagem. ` Custos indiretos - são os custos ligados indiretamente no processo produtivo, ou seja, participam indiretamente na produção. Um exemplo é a energia elétrica, a depreciação de uma máquina, o supervisor da produção e o diretor de manufatura. Observe que todos participam do processo produtivo, porém não tem contato com o produto. Para que se possa entender a metodologia e os cálculos ocorridos em uma produção, se faz necessário a aplicabilidade de algumas fórmulas utilizadas pelas organizações. ` Custo Total - é considerado como a somatória do custo fixo mais o custo variável. Tam- bém se obtém o custo total, da somatória do custo direto com o custo indireto. ` Custo Unitário - é encontrado quando dividimos o custo total pela quantidade produzida de um determinado produto. 13 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co ` Custo Médio - é obtido quando dividimos o custo total de produção pela quantidade pro- duzida de vários produtos 2.3. CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS LOCALIZADAS NAS INDUSTRIAS NOS COMÉRCIOS E NAS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS O quadro abaixo mostra exemplos de custos fixos, variáveis, diretos e indiretos na in- dústria, no comércio e também nas empresas prestadoras de serviços, afinal, não se pode deixar de comentar que custos existem nestes três tipos distintos de cenários. Quadro 02. Custos nas indústrias, comércios e empresas prestadoras de serviços LOCAL CUSTO DIRETO CUSTO INDIRETO CUSTO FIXO CUSTO VARIÁVEL Indústrias Matéria-prima Óleo para acionar a máquina Energia elétrica Embalagem Comércios Mercadoria para revenda Energia elétrica Aluguel da Loja Aquisição de produtos para a venda Empresas presta- doras de serviços Mão de obra quem Irá prestar o serviço Combustível do carro dos presta- dores Salário do pres- tador Materiais utilizados na prestação de serviço Fonte: elaborado pelo autor. 3. MÃO DE OBRA DIRETA Considerada como o segundo maior custo de uma empresa, a mão de obra direta fica atrás somente dos insumos, estes custos de maior relevância, importância e valor como as matérias primas e também o material de embalagem. São conhecidos como custos diretos pelo fato de atuar diretamente com o produto. No processo produtivo a mão de obra direta é conhecida como chão de fábrica atuando diretamente na operação da máquina, este supervisionado pela mão de obra indireta, neste caso, o supervisor, gerenciando as atividades praticadas pela mão de obra direta. Para que as empresas conheçam efetivamente o custo real da mão de obra é de fun- damental importância que saibam todos os custos acessórios à mão de obra, para que assim, a empresa tenha o custo real desta mão de obra, ou seja, que a empresa conheça o seu custo anual bem como o custo hora. Geralmente a mão de obra direta está atrelada a um salário hora, ou seja, as pessoas da produção são consideradas horistas e trabalham em média 44 horas semanais, em seis dias da semana. Abaixo segue um exemplo da empresa Vale do Sol, uma indústria química que produz e revende álcool em gel para todo o país. É uma empresa que tra- balha em seu pátio fabril, operacionalizando em dois turnos, sendo que o primeiro vai das 6:30 às 14:00 e o segundo compreende o horário das 14:00 às 22:00. Os colaboradores da empresa Vale do Sol, perfazem um salário de R$ 12,00a hora. A empresa oferece ainda alguns benefícios adicionais aos seus colaboradores, pagando 14 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia além do décimo terceiro salário, um salário adicional no ano trabalhado e também um prêmio de 150 horas por assiduidade e pontualidade. Como narrado anteriormente, o regime de trabalho é de 220 horas mensais, as quais equivalem a 44 horas semanais, trabalhando de segunda a sábado. Os encargos sociais correspondem a 36,80% e o ano possui 12 feriados. A Vale do Sol quer saber o custo anual com o seu empregador bem como o custo efetivo do seu salário hora. Para se chegar no valor esperado, há a necessidade de se passar por 4 passos, ficando assim mais claro o entendimento. 44 horas semanais / 6 dias da semana = 7,33 horas/dia 365 dias no ano (-) 30 dias das férias (-) 12 feriados (-) 48 domingos = 275 dias no ano 275 dias x 7,33 horas/dia = 2.015,75 horas 1º Passo – deve-se calcular a quantidade de horas trabalhada por dia pelo trabalhador, logo 2º Passo – nesta etapa há a necessidade de se calcular quantos dias no ano o colabo- rador trabalha para a empresa, logo Neste caso multiplica-se os dias trabalhados no ano pela quantidade de horas diárias, logo: IMPORTANTE Vale ressaltar que no ano há 52 domingos, porém, como 4 domingos já estão inclusos nas férias restam, então, 48 domingos. 3º Passo – nesta etapa se faz necessário calcular todo o pagamento efetivo que será feito para o colaborador, logo Salário: 2.015,75 x 12,00 =24.189,00 13º salário = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 14º salário = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 Férias = 30 x 7,33 x 12,00 = 2.638,80 1/3 Férias 2.638,80 / 3 = 879,60 Prêmio= 150 horas x 12,00 = 1.800,00 Feriados = 12 x 7,33 x 12,00 = 1.055,52 Domingos = 48 x 7,33 x 12,00 = 4.222,08 Total dos custos anuais = 40.062,60 Observação: Nesta demonstração não estão citados valores relacionados a ces- tas básicas, convênios médicos, convênios odontológicos e outros, pois neste caso irá depender do acordo sindical de cada categoria. 15 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Custo Hora do empregador 4º Passo – nesta etapa há o acréscimo referente aos encargos sociais que é de 36,80%( para o cálculo transformamos a porcentagem em índice, ou seja 36,80 / 100 + 1 = 1,3680) e também onde se localiza o custo hora do empregador e o custo anual dele. Logo 40.062,60 x 1,3680 = 54.805,64 Custo Anual do Empregador 54.805,64 / 2.015,75 horas = 27,19 27,19 / 12,00 – 1 x 100 = 126,58% Observe que o salário contratado para o colaborador corresponde a R$ 12,00, porém o salário efetivo ou seja o custo real do empregador será de R$ 27,19, logo Este resultado de 126,58% representa o custo adicional do empregador sobre o salário contratado, pois embora na carteira de trabalha o contrato foi referente a R$ 12,00 a hora, efetivamente para a empresa o custo real é de R$ 27,19. Este é um dos motivos que caracteriza a mão de obra direta de uma empresa como o segundo maior custo de uma empresa na planta fabril ficando atrás somente dos insumos. 4. GERENCIAMENTO DE CUSTOS E ANÁLISE DE VARIAÇÃO DA MÃO DE OBRA DIRETA E DOS MATERIAIS DIRETOS Gerenciar os custos ocorridos no processo produtivo passou a ser observado com outros olhares pelas organizações, visto as oscilações constantes ocorridas nos materiais diretos como matéria prima, material secundário, material intermediário e material de embalagem. Não se pode ignorar o aumento do material direto bem como todo e qualquer custos ocorridos no processo produtivo, pois estas oscilações trarão aumento no processo produtivo, refletindo em um custo de produção maior e tornando o produto final menos atraente no mercado. Todo custo assim como toda perda e desperdício no processo produtivo deverá ser rela- tado e mensurado com a finalidade de que a organização possa reduzir estes custos. O tema redução de custos tornou-se tão relevante para as organizações que nos dias de hoje, muitas empresas premiam seus colaboradores com ideias de redução de custo. Caso a ideia seja aprovada os colaboradores são premiados com viagens juntamente com o seu cônjuge em um final de semana, por exemplo. Este tipo de incentivo traz à tona a busca de mais oportunidades de redução de custo, premiando assim o autor da ideia e também a empresa alcançando o seu objetivo, melhorando o desempenho com a redução de custos, e consequentemente, aumentando seus dígitos na lucratividade, sem precisar aumentar as vendas. 16 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia 4.1. ANÁLISE DAS VARIAÇÕES DE MÃO DE OBRA Quando falamos em variação de mão de obra direta, podemos relacionar alguns moti- vos conhecidos, como PPP. A figura 6 denota estes motivos que podem causar grandes oscilações nas variações da mão de obra PERFORMANCE PROCESSO PRODUTIVIDADE Ligada diretamente ao comportamento do profissional Ligado a metodologia e aplicabilidade do processo produtivo Ligado automaticamente com a aplicação da performance e processo. Figura 06. Motivos referentes a variações não mão de obra. Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. Especial atenção deve ser dada, por exemplo, à mão de obra direta. Seria esse um custo fixo direto ou um custo variável direto? Como descrito anteriormente, a mão de obra direta deve ser olhada por dois lados distintos; primeiramente, perante a área de recursos humanos, referente à folha de pa- gamento, a mão de obra direta é um custo fixo, pois o salário é pago todo o mês. Assim, para a área de recursos humanos, somente será variável o valor monetário referente às horas-extras que o funcionário fizer no mês. No entanto, diante da perspectiva da produção, do custeio, a mão de obra direta poderá ser reconhecida como um custo variável. 4.2. ANÁLISE NAS VARIAÇÕES DE MATERIAIS DIRETOS Quando se fala em variação de material direto, esta relação está ligada diretamente a utilização das matérias-primas e materiais de embalagem bem como na sua aquisição junto ao fornecedor. Muitas organizações elaboram trabalhos junto aos seus colaboradores de produção com o intuito de reduzir custos no processo produtivo e um destes projetos está relacio- nado diretamente nos materiais diretos. Por ser considerado um produto de alta relevância para a empresa e também o tipo de custo mais oneroso para a mesma, os trabalhos são realizados com o objetivo do que se conhece por consumo eficiente nas organizações. 17 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co AQUISIÇÃO DO MATERIAL DIRETO DESPERDÍCIO NA PRODUÇÃO ALMOXARIFADO No momento da aquisição o comprador deverá trabalhar com o menor valor e qualidade no produto adquirido O gerenciamento e a conscientização dos colaboradores em relação ao disperdícios O preenchimento de requisição da retirada do almoxarifado se faz necessário A matéria-prima é considerada também um material direto e um insumo para a empre- sa, com o valor de maior relevância a nível de volume e também a nível de valores. Vários cuidados deverão ser tomados para o controle e gerenciamento deste produto, como por exemplo: ` Fornecedores – escolha de parceiros que não falhem na entrega do produto e ofereçam preços acessíveis, já que a demanda será alta. ` Armazenamento – o estoque de matéria-prima deverá ser muito bem armazenado para que não se perca o insumo por situações climáticas, por exemplo. ` Transporte – para transportar a matéria-prima deverá ser escolhida empresa especializada, por exemplo, aquelas com equipamentos adequados (caminhão tanque, contêineres e outros). ` Controle – por tratar-se de um tipo de material de grande volume, o controle de estoque deverá ser bem gerenciado, sistematizado e com a possibilidade de inventários periódicos. Vale ressaltar que, de acordo com a legislação tributária,as indústrias, quando adqui- rem materiais e mercadorias voltadas à área produtiva, podem se beneficiar com a recuperação dos impostos contidos nas notas fiscais; por exemplo: ` Empresa Optante pelo Lucro Presumido: poderá recuperar ICMS e o IPI na compra de matéria-prima, material de embalagem e material secundário (produto que participa do processo produtivo, porém não tem relevância). ` Empresa Optante pelo Lucro Real: poderá recuperar ICMS e o IPI na compra de maté- ria-prima, material de embalagem e material secundário (produto que participa do proces- so produtivo, porém, não tem relevância), e ainda recuperar 9,25% do PIS e COFINS na aquisição de todo e qualquer material ou serviço prestado destinado à produção. Um dos grandes problemas para as organizações se concentra no custo fixo, já que, conforme o próprio nome diz, ele é fixo. Assim, a empresa necessita calcular a sua margem de contribuição e o seu ponto de equilíbrio (assunto que estudaremos adiante), para que ela possa vender o mínimo suficiente para bancar o seu custo e despesa fixas. Figura 07. Motivos referentes a variações de materiais diretos. 18 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia OBJETO DE APRENDIZAGEM Evolução do controle e gerenciamento de custos A evolução do gerenciamento de custos vem nos últimos anos se aprimorando e tam- bém se qualificando. No passado, para a contabilidade somente se bastava a localiza- ção da lucratividade, nos dias de hoje ter a lucratividade é ótimo, mas também buscar oportunidades de alavancagem de lucro bem como oportunidades de redução de cus- tos passou a ser praticado pelas organizações como estratégia de sustentabilidade. A evolução do processo produtivo nas organizações de 1950 até os dias atuais, envolvendo ai a melhoria na tomada de decisão dos gestores, o avanço da tecnologia neste setor bem como o gerenciamento eficaz de custos no processo produtivo Fo nt e: d is po ní ve l e m : h ttp s: //w w w .re se ar ch ga te .n et /fi gu re /F ig ur a- 1- Li nh a- do -te m po -d a- ev ol uc ao -d os -s is te m as -d e- in fo rm ac ao -n as - em pr es as -F on te _fi g1 _3 04 22 75 71 . A ce ss o em 3 0/ 08 /2 02 2 Fonte: disponível em: https://engeteles.com.br/industria-4-0/. Acesso em 30/08/2022 19 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co CONCLUSÃO Nesta unidade você pode ver e perceber como se torna fundamental a organização co- nhecer, mensurar e gerenciar os seus custos. Tornar mensurável os seus custos fixos, variáveis e os seus custos diretos e indiretos e, principalmente, gerenciá-los vêm se tornando uma incisiva atitude no que diz respeito à concorrência. Conhecer o seu pátio fabril e principalmente conhecer o seu processo produtivo permi- tirá a empresa maior flexibilidade em sua gestão para a tomada de decisão tornando-se assim mais competitiva no mercado. Conhecer e atuar na área produtiva buscando assim oportunidades financeiras ou mes- mo oportunidades de melhorias de processos vem tornando as empresas mais incisivas no mercado perante a concorrência. Buscar ganhos financeiros no processo produtivo trará reflexos positivos no momento da formação do preço de venda, pois achatando-se o custo de produção, achata-se o preço de venda. Em síntese, gerenciar os insumos da empresa em relação a perdas e desperdícios aliando- -se isto ao conhecimento tácito de seus custos, promoverá maiores ganhos para a organi- zação e estes ganhos certamente irão refletir no fluxo de caixa. Ter uma visão macro do pro- cesso produtivo poderá transformar um cenário produtivo em um cenário de oportunidades. As organizações precisam entender que o custo de produção é a nascente, ou seja, o embrião do preço de venda de determinado produto. Acompanhar o processo produtivo buscando melhorias e oportunidades é a chave de sucesso para qualquer empresa. No passado, conhecer a lucratividade da empresa pegando-se as vendas e subtraindo os seus custos e suas despesas era o foco principal. Isto já não basta nos dias de hoje. Devi- do à grande concorrência se faz necessário buscar oportunidades no processo produtivo com um gerenciamento eficaz, refletindo-se diretamente no seu preço de venda tornando- -se mais atraente no mercado, conseguindo assim abrir o seu leque de clientes parceiros. Figura 08. Linha de processo produtivo Fo nt e: 1 23 R F. 20 1 Contabilidade de Custos e a importância da análise e conhecimento de sua terminologia REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONI, Gustavo. Gestão de custos industriais [recurso eletrônico]. Porto Alegre: SAGAH, 2017. BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas, 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. [Acervo Virtual]. BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe Pimentel. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade). São Paulo: Editora Atlas, 2017. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Editora Atlas, 2010. 21 1 Gestão Estratégica de Custos U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co 22 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. UNIDADE 2 IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS: INFLUÊNCIA DOS TRIBUTOS E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES. INTRODUÇÃO Muitos pequenos e médios empresários alegam constantemente que estão vendendo muito, mas não estão vendo a “cor do dinheiro”, porem o grande motivo até citado pe- las mídias está ligado intimamente a falta de planejamento financeiro empresarial e e falhas na formação dos preços. Geralmente, o preço está incoerente com o que aquele produto, mercadoria ou serviço realmente vale, ou seja, a demanda é grande, e o custo de reposição acaba prejudicando a empresa, gerando um início vicioso, como antecipa- ção de recebíveis e empréstimos. Existe uma diferença muito grande em vender muito e vender bem: quando se vende muito, existe a possibilidade de o preço de venda estar incoerente com os gastos totais refletidos na confecção do produto ou serviço. Porém, quando se vende bem, o valor da mercadoria cobre todos os gastos que a empresa teve, desde a compra da matéria- -prima até a venda do produto. Com o dinheiro da venda, a organização precisa pagar todos os custos e as despesas, além de impostos, e tirar sua margem de lucratividade. A falha de formação do preço de venda geralmente causa o óbito da empresa, pois se não praticar o preço correto, na primeira compra após a venda, o empresário sentirá di- ficuldades financeiras. Vale ressaltar que os tributos têm grande influência na formação do preço de venda, e nesta unidade estudaremos a diferença e o reflexo no preço no momento da venda de um mesmo produto para estados diferentes. Esse cenário dificilmente é observado nas grandes organizações, pois todo o custo en- volvido é mensurado na precificação. Não podemos nos esquecer que a nascente de formação de preço, ou seja a base para se iniciar a formação de um preço de vendas está ` Na indústria – no seu custo de produção ` No Comercio – no valor da compra de um produto de um determinado fornecedor ` Na empresa prestadora de serviço, no valor da hora homem trabalhada bem como os materiais e produtos utilizados na prestação do serviço. As grandes organizações trabalham com a avaliação de seus estoques com três tipos de critérios: PEPS, UEPS e PMP. Analisaremos esses tipos e a diferença de tratativa dada a cada um deles. 23 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos 1. MARKUP – FORMANDO UM PREÇO DE VENDA Antes de iniciar este tópico, analise a seguinte pergunta, considerada desafiadora para pequenos emédios proprietários: você precifica corretamente os seus produtos e serviços? É muito comum empresários não praticarem corretamente a formação do preço de venda. Uma maneira de cálculo muito simples e exercida por eles é acrescentar um percentual calculado por estimativa, o que acaba refletindo negativamente na margem. O grande problema de se formar um preço de venda dessa maneira é que geralmente o valor final não condiz com a realidade de gastos de determinado produto ou serviço. Com isso, o pequeno empresário fica sem liquidez e, pior, precisa solicitar empréstimos e antecipa- ção de recebíveis em instituições financeiras, que acarretam taxas de juros altíssimas, afetando diretamente sua margem de lucro. Essa atitude gera um prejuízo financeiro para os empresários que, quando observam o fato ocorrido, já é muito tarde, e assim são obrigados a assumirem novas dívidas, com taxas bancárias altíssimas. É interessante notar que esse cenário dificilmente é encon- trado nas grandes organizações, em que elas têm a técnica de conhecer seus custos e suas despesas. Formar corretamente o preço de venda proporcionar para a empresa uma estabilidade financeira e um menor capital de terceiros em seus demonstrativos contábeis. A precifi- cação propõe finalidades como: ` Aumentar o capital empregado, refletindo em um negócio autossustentado; ` Aumentar a capacidade produtiva, refletindo em menor ociosidade e desperdícios; ` Aumentar o lucro, gerando a longevidade da empresa; ` Garantir a participação de mercado. ` O cálculo correto do preço de venda leva a um patamar de valor que: ` Manterá a qualidade e atenderá a necessidade do mercado ao preço determinado; ` Trará para a empresa o aumento de dígitos na lucratividade; ` Atenderá melhor ao nível de produção. Hoje muitas empresas contratam consultores para a sua gestão de custos e estes por sinal encontram grandes divergências operacionais nas empresas. Uma empresa de pequeno e médio porte geralmente possuem muitos problemas operacionais e isto aca- ba refletindo em um maior custo para estas m um categorias (pequenas e medias) não possuem política de formação de preço de venda, o que acaba se refletindo em um preço indevido enviado para o mercado. Vamos imaginar as duas situações abaixo: ` Um preço enviado para o mercado com um valor baixo: A demanda de produto sera alta e a empresa não terá lucro na sua venda ` Um preço enviado para o mercado com um valor alto: Não terá demanda e o produto fica- ra estagnado na prateleira, refletindo no prejuízo da empresa. 24 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Afinal de contas quem nuca ouviu a seguinte frase: “Estou vendendo muito, mas não vejo a cor do dinheiro”. Para a estratégia da administração do preço de venda, deverão ser respeitados três objetivos: mercadológico, financeiro e estratégico. O quadro a seguir apresenta pontos relevantes sobre esses objetivos. Quadro 01. Objetivos para o preço de venda OBJETIVOS MERCADOLÓGICOS OBJETIVOS FINANCEIROS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS Obter ganhos de participação de mercado. Obter alto retorno sobre o investimento. Estabilizar o mercado, evitando o ingresso de novos concorrentes. Obter crescimento rápido de vendas. Maximizar o lucro a curto e a longo prazo. Reduzir a sensibilidade do cliente aos preços. Fazer um preço aderente à ima- gem que se deseja formar Recuperar o investimento feito (payback). Ser líder de mercado em preços. Criar interesse pelo produto. Gerar volume de vendas. Ser reconhecido como justo pelo cliente, dando sinais à concorrência. Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. É de fundamental importância que, no momento da formação do preço de venda, a empresa tenha em mente a sincronização desses três objetivos, proporcionando assim uma venda correta que satisfaça o cliente e, principalmente, uma venda cuja margem de lucratividade agregue valor financeiro à companhia. IMPORTANTE As empresas que não precificam corretamente seus produtos, mercadorias ou serviços po- derão ter turbulência financeira em seus fluxos de caixa. Existem três principais critérios para a formação e a fixação dos preços, que estão de- monstrados na figura a seguir: Figura 01. Critérios para a formação de preço de venda CRITÉRIO DE CUSTO CRITÉRIO DE CONCORRÊNCIA CRITÉRIO DE DEMANDA Por este critério deverão ser mensurados todos os custos ocorridos no processo produtivo. Critério mais delicado e preocupante devido à tendência de querer o preço igual da concorrência, sem conhecer seus reais custos e também os dos concorrentes. A elevação de preços pode fazer a empresa perder clientes. Uma formação de preço correta permitira uma estabilização no seu preço de venda garantindo assim a satis- fação e fidelidade de seus clientes Fo nt e: e la bo ra da p el o au to r. 25 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. 1.1. MARKUP O markup é considerado uma ferramenta fundamental para que os produtos possam ser precificados e colocados à venda no mercado. Sua utilização propõe ao empresário preços para vendas de produtos e serviços suficientes para atender a suas necessida- des, arcando com custos, despesas e impostos e, principalmente, obtendo margem de lucratividade. Toda e qualquer organização necessita de uma política de preço eficiente, e a utilização dessa ferramenta propicia esse resultado. Vamos dar um exemplo de cálculo de markup. Observe que no Quadro 2, é necessá- rio reconhecer o percentual das despesas operacionais nos demonstrativos contébeis. Imagine que a empresa Panela Boa tenha em seus demonstrativos contábeis valores dos quais retirou os seguintes dados percentuais: Quadro 02. Percentuais de despesas e custos da empresa Panela Boa PORCENTAGENS DE GASTOS TIPOS DE DESPESAS, CUSTOS E MARGEM DE LUCRO 5,80% Despesas administrativas 7,50% Despesas comerciais fixas 3,25% Despesas comerciais variáveis 12,00% ICMS 1,65% PIS 7,60% COFINS 20,00% Margem de lucro Suponha que o custo unitário da panela produzida pela Panela Boa seja de R$ 15,80. Primeiro passo: Vamos somar todas as porcentagens apuradas referentes à empresa, logo: 5,80% + 7,50% + 3,25% + 12,00% + 1,65% + 7,60% + 20,00% = 57,80%. Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: 100,00 – 57,80 = 42,20. Terceiro passo: Agora, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: 100 / 42,20 = 2,369668 – este índice se refere ao markup encontrado. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 e multiplicamos pelo custo unitário de produção da empresa Panela Boa, logo: 15,80 x 2,369668 = 37,44 – preço de venda à vista da Panela Boa. 26 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Vamos agora analisar os valores no quadro a seguir: Quadro 03. Comparação do preço de venda à vista com despesas x custos x margem PREÇO DE VENDA À VISTA PORCENTAGENS VALOR = R$ 37,44 Custo unitário do produto R$ 15,80 Despesas administrativas 5,80% R$ 2,16 Despesas comerciais fixas 7,50% R$ 2,81 Despesas comerciais variáveis 3,25% R$ 1,22 ICMS 12,00% R$ 4,49 PIS 1,65% R$ 0,62 COFINS 7,60% R$ 2,85 Margem de lucro 20,00% R$ 7,49 Total R$ 37,44 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Para que uma empresa elabore sua tabela de preço, é fundamental que ela conheça to- dos os seus custos e suas despesas, pois só assim conseguirá mensurar corretamente seu preço. Outro detalhe importante é a precificação à vista e o preço de venda a prazo: neste último caso, deverão ser embutido os encargos financeiros. Imagine que a empresa Panela Boa queira elaborar um preço a prazo para pagamento em 30 dias e que nesse valor esteja embutido um encargo financeiro de 4,50% am (ao mês). Vamos calcularo passo a passo novamente para a identificação do preço a prazo. Primeiro passo: Somamos todas as porcentagens apuradas referentes à empresa Pa- nela Boa, logo: 5,80% + 7,50% + 3,25% + 12,00% + 1,65% + 7,60% + 20,00% + 4,50% = 62,30% Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: 100,00 – 62,30 = 37,70 Terceiro passo: Neste terceiro passo, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: 100 / 37,70 = 2,652520 – este índice se refere ao markup encontrado. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 e multiplicamos pelo custo unitário de produção da empresa Panela Boa, logo: 15,80 x 2,652520 = 41,91 – preço de venda à prazo da Panela Boa. 27 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Vamos agora analisar os valores no Quadro 4: Quadro 04. Comparação do preço de venda a prazo com despesas x custos x margem PREÇO DE VENDA À VISTA PORCENTAGENS VALOR = R$ 41,91 Custo unitário do produto R$ 15,80 Despesas administrativas 5,80% R$ 2,43 Despesas comerciais fixas 7,50% R$ 3,14 Despesas comerciais variáveis 3,25% R$ 1,36 ICMS 12,00% R$ 5,03 PIS 1,65% R$ 0,69 COFINS 7,60% R$ 3,19 Margem de lucro 20,00% R$ 8,38 Despesas financeiras 4,50% R$ 1,89 Total R$ 41,91 Outro fator importante no momento de calcular o preço de venda de determinado produ- to ou serviço está relacionado ao destino do material, para que estado ele irá, em razão da oscilação da alíquota dos impostos. Os impostos têm grande influência no momento de calcular o preço de venda, o que estudaremos no próximo tópico. 1.2. A INFLUÊNCIA DOS IMPOSTOS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Os tributos têm grande influência na formação de preço de venda de um produto ou um servi- ço. O Brasil é um dos países com a maior carga tributária, e isso afeta diretamente o markup. Imagine uma empresa localizada na região sudeste, cuja carteira de clientes está regi- ões sul, sudeste e norte. Essa mesma empresa tem o custo unitário de produção de R$ 32,00. O quadro a seguir mostra uma empresa com a mesma estrutura de despesas operacionais, porém com clientes em regiões diferentes. Quadro 05. Formação de preço de venda em regiões diferentes TIPO DE DESPESA SUL SUDESTE NORTE Despesa comercial 13,5% 13,5% 13,5% Despesa administrativa 8,2% 8,2% 8,2 Despesa financeira 2,5% 2,5% 2,5% Margem desejada 20,0% 20,0% 20,0% ICMS 12,00% 18,00% 7,00% PIS 1,65% 1,65% 1,65% COFINS 7,60% 7,60% 7,60% 28 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Primeiro passo: Somamos todas as porcentagens apuradas referentes à empresa por região, logo: Região sul = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 12% + 1,65% + 7,60% = 65,45; Região sudeste = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 18% + 1,65% + 7,60% = 71,45; Região norte = 13,5% + 8,2% + 2,5% + 20% + 7% + 1,65% + 7,60% = 60,45. Segundo passo: Posteriormente, subtraímos de 100 o resultado do passo 1 (conside- rando 100% o equivalente ao valor do todo), logo: Região sul = 100 - 65,45 = 34,55; Região sudeste = 100 - 71,45 = 28,55; Região norte = 100 - 60,45 = 39,55. Terceiro passo: Neste terceiro passo, dividimos 100 pelo resultado do segundo passo, logo: Região sul = 100 / 34,55 = 2,894356; Região sudeste = 100 / 28,55 = 3,502627; Região norte = 100 / 39,55 = 2.528445. Quarto passo: Pegamos o markup encontrado no passo 3 de cada região e multiplica- mos pelo custo unitário de produção da empresa, logo: Região sul = 32,00 x 2,894356 = R$ 92,62; Região sudeste = 32 x 3,502627 = R$ 112,08; Região norte = 32 x 2,528445 = R$ 80,91. A empresa deverá praticar preços diferenciados de acordo com cada região, devido à influência da carga tributária. Por isso a importância de definir a localização geográfica da empresa, dos estabelecimentos (filiais) e a visão da empresa (área de atendimento). 29 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Figura 02. A influência dos impostos Fo nt e: 1 23 R F. 2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES Vamos neste tópico analisar e estudar os critérios de avaliação de estoques o que é PEPS (do inglês FIFO – First In, First Out) – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai –, UEPS (do inglês LIFO – Last In, First Out) – Último que Entra, Primeiro que Sai – e PMP (Preço Médio Ponderado) ou CMP (Custo Médio Ponderado). Vamos entender na prática o melhor método a ser utilizado e qual dos critérios não é reconhecido pela legislação. Para manterem seus custos de estoque controláveis e atualizados, as organizações podem praticar esses três critérios de avaliação (PEPS, UEPS e PMP) de forma gerencial e, dependendo da escolha, podem mensurar correta- mente a avaliação do estoque, atendendo às exigências fiscais. Os critérios ou métodos de avaliação de estoque vão demonstrar de que forma será a valoração dos estoques e dos custos de mercadoria da empresa, ou seja, de que maneira os custos das mercadorias serão levados ao custo de fabricação. Isto significa dizer o quanto será reconhecido na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) como custo (baixa de investimentos – estoque). Ao término de cada exercício social e financeiro para a elaboração das demonstrações contábeis, a empresa terá condições e dados suportáveis para a devida tomada de decisão. Outro detalhe importante é que, com o inventário completo, a a companhia co- nhecerá a valoração de seu estoque. Esse inventario é elaborado mediante a contagem física do estoque, devendo ele ser registrado no livro denominado registro de inventário, exigido pelas legislações do IR, do IPI e do ICMS. Vale ressaltar também que no momento da aquisição dos materiais diretos, o valor des- tinado ao custo será o da nota fiscal subtraído de ICMS, o IPI, caso seja uma empresa do lucro presumido, ou o ICMS, o IPI o PIS e o COFINS, caso a organização seja optan- te do lucro real. Posteriormente à subtração, acrescentam-se as despesas referentes a fretes, seguros, armazenagem e outros gastos pagos pelo comprador. 30 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. EXEMPLO Uma nota fiscal no valor total de R$ 90.000 com 10% de IPI e 18% de ICMS. Primeiramente, tira-se o valor do IPI, logo: 90.000/1,10 = R$ 81.818,18. Posteriormente, subtrai-se o ICMS, então: R$ 81.818,18 x 0,82 = R$ 67.090,90. A quantia que vai para o custo da empresa é de R$ 67.090,90. 2.1. PEPS – PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI Por esse critério, as primeiras unidades que entram no estoque são as primeiras reme- tidas ao custo fabril, iniciando assim o processo de fabricação e de atendimento das primeiras requisições de materiais. Em reflexo, o custo final do estoque será formado sempre pelas últimas entradas e unidades na empresa. À medida que ocorrem as vendas, são dadas as baixas da seguinte maneira: primeiro que entra, primeiro que sai. Assim, o valor do estoque fica maior, pois sempre é mantido o valor das últimas entradas. 2.2. UEPS – ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI Pelo critério de avaliação UEPS, as últimas unidades a entrarem no estoque serão as primeiras a serem remetidas ao custo fabril e iniciarem o processo de fabricação e de atendimento às requisições de materiais. Logo, os custos referentes às primeiras uni- dades adquiridas formarão o saldo final em estoque. O UEPS é um critério de avaliação de estoques que não é aceito pelos órgãos competentes e pelo Fisco. Em relação ao saldo do custo total para o UEPS, o valor do estoque fica menor, visto que a primeiras saídas se referem às últimas entradas. 2.3. PREÇO MÉDIO PONDERADO (PMP) No critério de avaliação pelo PMP, os materiais estocados serão sempre avaliados pela média dos custos de aquisição, sendo efetuados após cada compra realizada. Automá- tica e principalmente em um país inflacionário,o custo aumenta a cada nova aquisição, com o aumento do valor da mercadoria. Caso ocorra a redução da compra de determi- nada mercadoria (o que é difícil acontecer), os custos também serão reduzidos. No próximo tópico observaremos um exemplo de determinada empresa em que serão aplicados os três critérios de avaliação que permitirá identificar o resultado de cada um dos critérios de avaliação. 2.4. APLICANDO OS TRÊS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM UMA MOVIMENTAÇÃO DE ESTOQUE Neste tópico serão aplicado os três critérios de avaliação usando como exemplo a em- presa Ki Delícia, fabricante de bolos, biscoitos e bolachas, que os distribui para todo o território brasileiro. Para essa companhia, o trigo é um material direto e a matéria-prima de maior relevância, pela utilização em praticamente 90% na fabricação de seus produtos. 31 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Primeiramente, vamos apresentar os fatos contábeis ocorridos na empresa no mês de fevereiro. Como os valores de custos que carregam os estoques estão sem os devidos impostos, as quantias a seguir já se referem ao valor de estoque. No dia 2 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinho Redenção S/A 100 sacas de trigo (60 kg cada) no valor de R$ 900.000,00, a prazo, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção 50 sacas de trigo no valor de R$ 540.000,00, a prazo, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Primeiramente vamos elaborar o controle de avaliação de estoque pelo critério PEPS. Quadro 06. Critério de avaliação pelo método PEPS ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 SALDO 90 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 100 13.500 1.350.000 SALDO 190 2.250.000 29/02 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 70 13.500 945.000 SALDO 30 13.500 405.000 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário se diferencia e precisa ser relatado sepa- radamente. ` Os saldos são controlados por entrada de material. ` A cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima, será sempre utilizada a primeira que entrou na empresa. 32 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 405.000. Vamos agora utilizar o mesmo exemplo aplicando o critério de avaliação UEPS que, diferentemente do PEPS, é o último que entra, e o primeiro que sai. ` No dia 2 de fevereiro foram adquiridos do fornecedor Moinho Redenção, 100 sacas de tri- go (60 kg cada), a prazo, no valor de R$ 900.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção 50 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 540.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Vamos agora elaborar o quadro utilizando o controle de avaliação de estoque pelo cri- tério UEPS. Quadro 07. Critério de avaliação pelo método UEPS ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 SALDO 90 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 40 9.000 360.000 50 10.800 540.000 100 13.500 1.350.000 SALDO 190 2.250.000 29/02 100 13.500 1.350.000 50 10.800 540.000 10 9.000 90.000 SALDO 30 9.000 270.000 Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário se diferencia e precisa ser relatado sepa- radamente. ` Os saldos são controlados por entrada de material. ` A cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima, será sempre utilizada a última que entrou na empresa. 33 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Fo nt e: e la bo ra do p el o au to r. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 270.000. Utilizaremos agora o mesmo exemplo aplicando o critério de avaliação PMP, que traba- lha com o custo médio de cada compra. ` No dia 2 de fevereiro foram adquiridos do fornecedor Moinho Redenção 100 sacas de trigo (60 kg cada), a prazo, no valor de R$ 900.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 5321. ` No dia 5 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 1, 60 sacas de trigo. ` No dia 10 de fevereiro foram adquiridas do fornecedor Moinhos Redenção S/A 50 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 540.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6001. ` No dia 15 de fevereiro ocorreu nova compra do fornecedor Moinhos Redenção, de 100 sacas de trigo, a prazo, no valor de R$ 1.350.000,00, de acordo com a nota fiscal nº 6110. ` No dia 29 de fevereiro foram transferidas para a produção, conforme requisição nº 2, 160 sacas de trigo. Vamos elaborar o quadro utilizando o controle de avaliação de estoque pelo critério PMP. Quadro 08. Critério de avaliação pelo método PMP ENTRADAS SAÍDAS SALDO DATA QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL QT. UNIT. TOTAL 02/02 100 9.000 900.000 100 9.000 900.000 05/02 60 9.000 540.000 40 9.000 360.000 10/02 50 10.800 540.000 90 10.000 900.000 15/02 100 13.500 1.350.000 190 11.842 2.250.000 29/02 160 11.842 1.894.720 30 11.842 355.260 SALDO 30 11.842 355.260 Pontos a ressaltar ` A cada entrada de mercadoria, o custo unitário é calculado pelo custo médio referente ao saldo que se tinha somado a nova entrada e dividido pela quantidade de estoque. ` Os saldos são controlados pelo custo médio. ` Para cada solicitação do departamento de produção de matéria-prima será sempre utiliza- do o custo médio atualizado do produto. ` O saldo do custo total da empresa no mês de fevereiro foi fechado com o valor de R$ 355.260,00, ou seja, um saldo entre o custo total do PEPS e o custo total do UEPS. Nos dias de hoje, muitas empresas utilizam o PMP, para manterem seus custos mais próximos da realidade. Outras também aplicam o PEPS como suporte gerencial para tomada das decisões. 34 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. OBJETO DE APRENDIZAGEM Formação de preço de venda Formar preço é uma arte, pois caso algo ocorra errado na formação do preço de venda, poderá a empresa em cair em duas situações: 1 – Caso forme um preço abaixo a demanda sera alta porem a empresa não terá lucro e o custo de reposição irá estrangular a empresa. 2 – Caso forme um preço acima certamente o produto ficará estagnado na prateleira. Fo nt e: h ttp s: //c re sc er co m .g ru po el ia n. co m /2 01 9/ 10 /3 0/ ge st ao -d e- ve nd as /fo rm ac ao - pr ec o- de -v en da -c om o- ac ha r-o -p re co -id ea l-p ar a- a- su a- lo ja /. A ce ss o em 3 0/ 08 /2 02 2 35 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de CustosFonte: https://blog.cefis.com.br/controle-de-estoque-na-contabilidade/. Acesso em 30/08/2022 Critérios de avaliação de estoque A utilização de cada critério de avaliação de estoque irá levar a um valor de custo di- ferente para a organização. As empresas geralmente utilizam o critério de avaliação do Preço Médio Ponderado, pois este critério deixa o valor do custo mais próximo da realidade da empresa. Outras utilizam este critério mas também utilizam o critério de avaliação PEPS como suporte. O critério de avaliação UEPS pelo fato de não ser per- mitido por Lei não é utilizado. A influência do critério de avaliação de estoque no preço do produto CONCLUSÃO Pode-se concluir, primeiramente, falando em precificação, que se todos os custos e despesas forem devidamente mensurados para a formação deste preço de venda a em- presa estará ai garantindo a estabilidade do seu fluxo de caixa. Também conseguimos perceber e constatar a importância de se precificar corretamente produtos e serviços. Afinal, se a empresa compra material para produzir ou revender produtos, logicamente precisa pagar o que comprou. Além disso, precisa assumir o ônus de seus impostos e manter sua margem de lucro desejada. O markup é hoje uma das ferramentas que requer melhor e maior atenção dos gestores, visto que caso ocorra vendas com preços em desacordo com a realidade da empresa, é possível haver grandes turbulências no fluxo de caixa da organização. O grande deta- lhe para o sucesso está concentrado no reconhecimento de custos e despesas, assunto abordado na unidade 1, uma vez que, se não houver o reconhecimento desses gastos, certamente o produto ou serviço estará sendo colocado no mercado a um preço indevido. 36 2 Importância da formação do preço de vendas: influência dos tributos e do método de avaliação de estoques. Formar preço de venda é uma arte, pois caso o preço de determinado produto ou ser- viço seja estipulado em um valor acima do ideal, certamente ele ficará estagnado no estoque, e a empresa terá prejuízo; caso o preço do produto ou serviço seja estipulado em um valor abaixo do ideal, haverá um volume de saída muito grande, mas a empresa será penalizada no custo de reposição, desestabilizando seu fluxo de caixa. Esta unidade trouxe também os modelos de critério de avaliação do estoque: PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) e PMP (Preço Médio Ponderado) ou CMP (Custo Médio Ponderado). Estudamos a importância de avaliar o estoque corretamente, pois caso ocorra uma análi- se indevida, isso se refletirá na formação do preço de venda e afetará diretamente o custo unitário de produção em que se encontra a nascente para a formação do preço de venda. Nesta unidade pudemos analisar a importância da valoração dos estoques refletindo a metodologia de avaliação no preço final do produto no mercado. Figura 03. Estoque de mercadorias Fonte: 123RF. 37 2 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSEF, R. Guia prático de formação de preços: aspectos mercadológicos, tributários e financeiros para pe- quenas e médias empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, J. J. dos. Análise de custos: remodelando com ênfase para custo marginal, relatórios e estudos de caso. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 38 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável UNIDADE 3 PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – MÉTODOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL INTRODUÇÃO Muitas organizações buscam nos dias de hoje aumentar a sua lucratividade através da redução de custos, porém para isso se faz necessário conhecer o seu processo produti- vo bem como identificar oportunidades de melhorias e mensurá-las conseguindo assim a tão sonhada redução de custos. As grandes organizações possuem uma estrutura que as permitem fazer este tipo de levantamento, porém quando falamos das pequenas e médias empresas o assunto já se torna mais turbulento e com grandes dificuldades de identificação de melhorias. Esta unidade irá discorrer sobre a importância de se identificar a margem de contribuição gerada por cada mercadoria produzida e vendida por uma indústria e cada produto vendido por um comércio ou mesmo cada serviço prestado por uma empresa prestadora de serviço, isto é, entender o retorno para empresa da atividade desenvolvida. A margem de contribui- ção é o número percentual que cada venda retorna para a sua empresa e se faz necessário o seu conhecimento para que a empresa possa evitar turbulências financeiras em seu fluxo de caixa. Além disso, esta unidade irá mostrar que a margem de contribuição poderá ser mensurada na forma financeira ou mesmo na forma percentual e irá mostrar também a importância da margem de contribuição para a localização do ponto de equilíbrio. E por falar em ponto de equilíbrio, uma outra ferramenta financeira que vai ser narrada nesta unidade, será analisada a importância de seu conhecimento bem como o seu ge- renciamento para a estabilidade do fluxo de caixa bem como a tomada de decisão. Para que se possa calcular a margem de contribuição e posteriormente o ponto de equilíbrio, se faz necessário o reconhecimento dos custos e despesas variáveis unitários bem como o reconhecimento dos custos e despesas fixas de uma empresa. Mais uma vez se faz necessário ressaltar que este reconhecimento é bem gerenciado e controlado pelas grandes organizações, porém ignorado inclusive pelas pequenas e medias empresas, principalmente pelas empresas familiares. E é neste momento que que se gera uma dúvida: A falta do conhecimento destas ferramentas financeiras bem como o gerenciamento do fluxo de caixa poderia ser considerada o fator preponderante para o grande número de óbitos das pequenas empresas? Sem dúvida nenhuma, e a própria mídia confirma, todos os dias ocorrem óbitos de em- presas e estes óbitos estão relacionados diretamente com a falta de conhecimento das ferramentas financeiras. 39 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Posteriormente, esta unidade também irá mostrar métodos de custeio como o custo por absorção e o custeio variável. O primeiro, muito utilizado pelas organizações, e o se- gundo, embora não permitido por Lei, é utilizado como um grande suporte no momento da tomada de decisão dos gestores. 1. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E PONTO DE EQUILÍBRIO A margem de contribuição poderá ser compreendida como o valor referente em um determinado produto ou serviço que retorna para a sua empresa. A sua identificação ocorre da subtração do preço de venda unitário do produto ou serviço pela somatória dos custos e despesas variáveis unitários. De uma maneira ampla, pode-se dizer que a margem de contribuição é o quanto cada produto ou serviço contribui para o negócio da empresa, tendo como finalidade cobrir todos os custos e despesas fixas, propiciando assim o lucro da organização. A margem de contribuição é calculada pela formula: MC = PV – (CV + DV)1 Onde: MC = Margem de contribuição - PV = Preço de venda - CV = Custo variável - DV = Despesa variável. Uma outra maneira de se conhecer a margem de contribuição, embora de uma maneira mais ampla, se faz através da subtração dos Custos de produtos vendidos e as despe- sas variáveis dos valores das vendas Para facilitar a visualização, vamos falar da empresa Araucária que produz os produtos A, B e C e estes produtos são vendidos respectivamente por R$ 126,00, R$ 78,00 e R$ 60,00 a unidade, e que a empresa vendeuno mês 1.000 unidades de cada produto como mostra a tabela abaixo. Tabela 01. Margem de contribuição A B C TOTAL Vendas 126.000,00 78.000,00 60.000,00 264.000,00 (-) CPV (50.000,00) (42.000,00) (20.000,00) (112.000,00) (-) Despesas variáveis (6.300,00) (3.900,00) (3.000,00) (13.200,00) (=) Margem de contribuição 69.700,00 32.100,00 37.000,00 138.800,00 (-) Custos fixos (52.800,00) (-) Despesas fixas (60.000,00) (=) Resultado operacional 26.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor 40 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Observe que a margem de contribuição total de cada produto (A, B e C) em relação ao faturamento pode-se encontrar: Produto A = R$ 69.700,00. Produto B = R$ 32.100,00. Produto C = R$ 37.000,00. Já a margem de contribuição unitária pode ser identificada como a divisão da margem de contribuição total de cada produto pela quantidade produzida e vendida, logo: Produto A = R$ 69.700,00 / 1000 unidades = R$ 69,70 Produto B = R$ 32.100,00 / 1000 unidades = R$ 32,10 Produto C = R$ 37.000,00 / 1000 unidades = R$ 37,00 Uma outra maneira e tipo de informação sobre a margem de contribuição é que ela poderá ser informada também na forma percentual. Para isso basta dividir a margem de contribuição pelo preço de venda e posteriormente multiplica-la por 100, como mostra a fórmula abaixo: 2 MC% = (MC/PV) x 100 Onde: MC% = Margem de contribuição percentual. MC = Margem de contribuição - PV = Preço de venda. No caso da empresa Araucária a margem de contribuição percentual (MC%) dos produ- tos A, B e C ficariam como segue na tabela abaixo: Tabela 02. Margem de contribuição e margem de contribuição percentual PRODUTO PREÇO DE VENDA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO % A 126,00 69,70 55,32% B 78,00 32,10 41,15% C 60,00 37,00 61,67% Fonte: elaborado pelo autor (2022) 41 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos A margem de contribuição poderá ser fornecida ou na forma monetária ou mesmo na forma percentual como mostra a figura abaixo FORMA MONETÁRIA FORMA PERCENTUAL A partir da subtração do preço de venda em relação aos custos e despesas variáveis A partir da divisão da margem de contribuição dividida pelo preço de venda e multiplicada por 100 Figura 01. Demonstração da margem de Contribuição Fo nt e: E la bo ra da p el o au to r IMPORTANTE Quando as empresas não reconhecem os seu custos e despesas variáveis afetará direta- mente a sua margem de contribuição 1.1. BUSCANDO AUMENTAR A MARGEM Muitas empresas procuram aumentar a sua margem muitas vezes tomando decisões que infelizmente afetam o seu preço de venda, porém muitas empresas conseguem aumentar a margem desenvolvendo novos fornecedores de matérias primas, materiais de embala- gem ou mesmo o comércio com os seus produtos de revenda. A cada momento em que se reduz os custos e despesas variáveis a margem poderá aumentar sem afetar o preço. Como exemplo podemos citar o caso da pizzaria Massa Pura que possui custos variá- veis como por exemplo farinha de trigo, óleo, gás, recheio e outros no valor de R$ 5,00 por unidade e possui um valor de custos e despesas fixas como aluguel, energia elétrica funcionários e outros no valor de R$ 20.000,00. Cada Pizza é vendida por R$ 10,00, logo: MC = PV – (CV + DV) MC = 10,00 – 5,00 MC = 5,00 MC = PV – (CV + DV) MC = 10,00 – 7,00 MC = 7,00 Observe que a margem de contribuição de cada pizza é de R$ 5,00, ou seja, a pizzaria tem uma margem de 50% a cada pizza vendida. Caso a pizzaria desenvolva fornecedo- res com o melhor preço e reduza os seus custos variáveis para R$ 3,00 a unidade, ela automaticamente terá um aumento de margem de contribuição, ou seja: 42 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável Observe que a margem de contribuição de cada pizza é de R$ 7,00, ou seja, a pizzaria tem uma margem de 70% a cada pizza vendida. Nos dias de hoje muitas empresas vem buscando fornecedores com a mesma qualidade a um menor valor. A relação de margem de contribuição e os custos e despesas variáveis estão intimamente ligadas. REFLITA A manutenção da margem de contribuição de uma empresa está ligada diretamente aos custos e despesas variáveis, porém o sucesso da empresa está ligado diretamente ao de- partamento de compras Um caso de sucesso de uma empresa Norte Americana, uma indústria química que produz e vende produtos de consumo. A empresa em um determinado produto tinha um custo variável de R$ 10,00 e o preço de venda deste produto era de R$ 15,00. A empresa tem um custo fixo de R$ 200.000,00. A margem de contribuição da empresa era de R$ 5,00 e a empresa necessitava vender a quantia de 40 unidades por mês para alcançar o ponto de equilíbrio daquele produto. Como é um produto de alta demanda, a empresa aumentou o galpão onde se estoca a matéria prima e o comprador fez uma negociação com o fornecedor aumentando a quantidade de compra, reduzindo o preço da compra e também começou a trabalhar com o desenvolvimento de novos fornecedores. O resultado foi positivo, pois o custo variável unitário da empresa caiu de R$ 10,00 para R$ 5,00, ou seja, 50%. Com isso, a empresa passou a ter uma margem de contribuição de R$ 10,00 (Preço de venda R$15,00 – Custo variável unitário de R$ 5,00) refletindo positivamente no seu ponto de equilíbrio em 20.000 unidades (Custo fixo R$ 200.000,00 / nova margem de contribuição 10,00). Pode-se perceber no exemplo acima que toda organização tem a condição de melhorar a sua margem de contribuição e a chave para o sucesso está concentrada no departa- mento de compras através de uma ótima negociação com o fornecedor. 2. PONTO DE EQUILÍBRIO Figura 02. Ponto de Equilíbrio Fo nt e: 1 23 R F. No tópico anterior foi estudada a margem de contribuição, em conjunto com a análi- se da sua fórmula, metodologia e funcio- nalidade na análise empresarial. Percebeu-se que a margem de contribuição está diretamente ligada aos custos e as des- pesas variáveis, mas qual a tratativa e impor- tância no gerenciamento dos custos fixos e despesas fixas? Afinal, durante o estudo, foi visto que os custos fixos, independentemen- te de a empresa produzir ou vender, preci- sam ser pagos. Para análise dos custos e despesas fixas, vamos continuar a verificar o caso da pizzaria Massa Pura. 43 3 U ni ve rs id ad e S ão F ra nc is co Gestão Estratégica de Custos Preço de venda unitário – R$ 10,00 Custos e despesas variáveis unitário – R$ 5,00 Custos e despesas fixas – 20.000,00. Calculo da margem de contribuição: MC = PV – (CV + DV). MC = 10,00 – 5,00 MC = 5,00 MC% = 50,00%. Vamos agora estudar os três tipos de pontos de equilíbrio para a análise financeira da empresa: o contábil, o econômico e o financeiro. 2.1. PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL Ainda utilizando o caso da Pizzaria Massa Pura, uma vez identificado os custos vari- áveis e automaticamente localizada a margem de contribuição, é preciso verificar os custos fixos e as despesas fixas para descobrir quantas unidades a pizzaria precisa vender e atingir o ponto de equilíbrio. PE = (CF + DF) / MC. PE = 4.000 unidades A pizzaria precisará vender 4.000 unidades ou ter uma receita de vendas, equivalente a R$ 40.000 para atingir o ponto de equilíbrio. CURIOSIDADE No momento do ponto de equilíbrio, a empresa não terá nem lucro e nem prejuízo. No momento do ponto de equilíbrio da empresa, seu lucro será igual a 0,00 (zero) Como narrado no tópico anterior, caso a empresa desenvolva estratégias junto aos for- necedores, capazes de reduzir os custos e despesas variáveis, ou seja, que resultem em R$ 3,00, teremos: MC = PV – (CV + DV). MC = 10,00 – 3,00 MC = 7,00 MC% = 70,00%. 44 3 Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição – Métodos de Custeio por Absorção e Método de Custeio Variável PE = (CF + DF) / MC. PE = 20.000,00