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Dupla Articulação da Linguagem


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RESUMO DOS PRINCIPAIS TÓPICOS DE LINGUÍSTICA – AP2 
A DUPLA ARTICULAÇÃO DA LINGUAGEM: UMA JORNADA PELA 
ECONOMIA E EFICIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO HUMANA 
A linguagem humana, em sua complexa beleza, se destaca por sua capacidade de 
transmitir ideias, emoções e conhecimentos de forma eficiente. Essa proeza se torna 
ainda mais admirável quando desvendamos o princípio da dupla articulação, um 
conceito fundamental na área da linguística. 
Imagine um sistema de comunicação onde cada ideia ou objeto precisasse de um 
símbolo único e específico. Essa hipotética língua seria extremamente complexa e de 
difícil aprendizado. Felizmente, a linguagem humana é muito mais engenhosa. 
Na primeira articulação, os sons da língua, chamados fonemas, se combinam para 
formar unidades sem significado próprio, os morfemas. Estes, por sua vez, são as 
peças modulares que carregam o significado. 
Por exemplo, a palavra "casa" é composta por dois morfemas: "cas-", que remete à 
construção em si, e "-a", que indica o gênero feminino. Através da livre combinação 
desses morfemas, podemos gerar um número infinito de palavras, cada qual com um 
significado distinto. 
Já na segunda articulação, os morfemas se combinam em regras gramaticais para formar 
unidades com significado completo: as palavras. Estas, por sua vez, se organizam em 
frases, que expressam ideias complexas. 
Essa engenhosa estrutura da linguagem nos permite criar um número infinito de frases a 
partir de um conjunto finito de elementos. É como se tivéssemos um kit de peças Lego, 
onde cada peça (morfema) pode ser combinada de diversas maneiras para construir 
diferentes estruturas (palavras e frases). 
A dupla articulação da linguagem proporciona diversos benefícios: 
Economia: Permite a criação de um número infinito de palavras e frases a partir de um 
conjunto finito de fonemas e morfemas. 
Eficiência: Facilita o aprendizado da língua, pois os mesmos morfemas podem ser 
reutilizados em diferentes palavras. 
Criatividade : Permite a livre expressão de ideias e a criação de novas palavras e frases. 
Em resumo, a dupla articulação da linguagem é um princípio fundamental que 
torna a comunicação humana possível, eficiente e criativa. Através da combinação 
de um número limitado de elementos, podemos expressar um universo infinito de ideias 
e pensamentos. 
 
ESTRUTURALISMO NA LINGUÍSTICA: DESVENDANDO A LINGUAGEM 
COMO UM SISTEMA 
O Estruturalismo na Linguística, nascido no início do século XX, revolucionou a forma 
como compreendemos a linguagem. Inspirado no trabalho do linguista Ferdinand de 
Saussure, esse movimento propôs analisar a língua não como um conjunto de elementos 
isolados, mas como um sistema complexo de relações interdependentes. 
Imagine uma língua como um grande jogo de peças. Cada peça, como as palavras, 
possui um valor próprio, mas só ganha significado quando se relaciona com as outras 
peças na frase ou no discurso. É como se a gramática, a fonética e a semântica fossem 
as regras do jogo, definindo como as peças podem se combinar para criar diferentes 
significados. 
Conceitos-chave para desvendar o código: 
Sincronia vs. Diacronia: O Estruturalismo se concentra na sincronia, ou seja, na 
análise da língua em um momento específico, sem levar em conta sua evolução histórica 
(diacronia). Isso permite identificar as relações estruturais presentes na língua naquele 
instante. 
Signo Linguístico: A unidade básica da língua é o signo linguístico, formado por duas 
partes inseparáveis: o significante (a forma sonora ou escrita da palavra) e o significado 
(o conceito ou ideia que ela representa). A relação entre significante e significado é 
arbitrária e convencional, ou seja, não há uma ligação natural entre eles. 
Estrutura e Elementos: A língua é composta por diferentes níveis de estrutura, como a 
fonologia (sons), a morfologia (formação das palavras), a sintaxe (combinação das 
palavras em frases) e a semântica (significado das palavras e frases). Cada nível possui 
seus próprios elementos e regras de combinação. 
Valor dos Elementos: O valor de cada elemento linguístico depende das relações que 
ele estabelece com os outros elementos no sistema. Um fonema, por exemplo, só tem 
valor porque se opõe aos outros fonemas da língua. 
Oposição Binária: As relações estruturais na língua são frequentemente organizadas 
em oposições binárias, como presente vs. passado, singular vs. plural, masculino vs. 
feminino. Essas oposições permitem a diferenciação dos elementos e a construção do 
significado. 
Aplicações e Influências: 
O Estruturalismo teve um impacto significativo em diversas áreas da linguística, 
como a fonética, a fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica. Também 
influenciou outras áreas do conhecimento, como a antropologia, a sociologia e a 
filosofia. 
 
Críticas e Desdobramentos: 
Apesar de suas contribuições, o Estruturalismo também recebeu críticas por sua ênfase 
na estrutura formal da língua e por negligenciar o contexto social e histórico em que a 
linguagem é utilizada. Essas críticas abriram caminho para o surgimento de novas 
correntes linguísticas, como o Pós-Estruturalismo e a Linguística Cognitiva. 
Conclusão: 
O Estruturalismo representou um marco na história da linguística, fornecendo 
ferramentas valiosas para a análise da linguagem como um sistema complexo e 
estruturado. Sua influência ainda se faz sentir nos estudos linguísticos atuais, e seus 
conceitos continuam a inspirar pesquisas e debates sobre a natureza da linguagem. 
 
A CONCEPÇÃO DE LÍNGUA EM SAUSSURE E BENVENISTE: UMA 
JORNADA DA ESTRUTURA À ENUNCIAÇÃO 
Saussure: A Língua como um Sistema de Signos Arbitrários e Abstratos 
Para Ferdinand de Saussure , pai da linguística moderna, a língua se configura como 
um sistema de signos linguísticos , onde cada signo é composto por duas faces 
indissociáveis: o significante (a imagem acústica) e o significado (o conceito). Essa 
relação entre significante e significado é arbitrária, ou seja, não há uma conexão 
natural entre eles, mas sim uma convenção social. 
A língua, segundo Saussure, possui características que a definem como um sistema 
autônomo: 
Imaterialidade: A língua reside no âmbito mental da comunidade linguística, não se 
concretizando em sons ou objetos físicos. 
Dualidade: Cada signo linguístico é composto por significante e significado, duas faces 
inseparáveis. 
Arbitrariedade: A relação entre significante e significado é arbitrária, ou seja, não há 
uma ligação natural entre eles, mas sim uma convenção social. 
Linearidade: Os elementos da língua se organizam de forma linear no tempo, seguindo 
uma sequência. 
BENVENISTE: A LÍNGUA EM AÇÃO E A ENUNCIAÇÃO COMO ATO 
INDIVIDUAL 
Émile Benveniste, discípulo de Saussure, propõe uma visão mais dinâmica da 
língua, centrando-se na enunciação, o ato individual de produção da linguagem. 
Para ele, a língua se manifesta na fala, onde o sujeito falante se posiciona e interage 
com o mundo. 
Benveniste introduz conceitos chave para compreender a língua em ação: 
Enunciação: O ato individual de produzir a linguagem, onde o sujeito se posiciona e 
interage com o mundo. 
Instância: Os diferentes papéis que o sujeito assume na enunciação: locutor (aquele que 
fala), enunciatário (aquele com quem se fala) e referente (aquilo de que se fala). 
Discurso: A atividade linguística concreta, composta por enunciados produzidos em um 
contexto específico. 
Subjetividade: A marca do sujeito na enunciação, revelada através da escolha de 
palavras, entonação e outros recursos linguísticos. 
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: UMA VISÃO COMPLEMENTAR DA 
LÍNGUA 
Embora apresentem perspectivas distintas, Saussure e Benveniste contribuem para uma 
compreensão mais abrangente da língua. Saussure fornece os fundamentos estruturais 
da língua, enquanto Benveniste destaca o papel ativo do sujeito na enunciação e na 
construção do significado. 
A relação entreas concepções de Saussure e Benveniste pode ser vista como 
complementar: a estrutura da língua, proposta por Saussure, fornece a base para a 
enunciação, explorada por Benveniste. Ao articularmos essas visões, podemos 
compreender a língua como um sistema dinâmico e multifacetado, onde estrutura e uso 
se entrelaçam na produção do significado. 
 
QUESTÕES DE REVISÃO PARA AP2 – LINGUÍSTICA I 
AULA 14 / AULA 15 
1) Explique o que é um FONEMA a partir da noção saussuriana de 
valor 
linguístico. 
 
Fonema é a "imagem sonora" que temos do som. Por exemplo: um 
falante do Rio fala "carta" de uma forma diferente da do falante do interior 
de São Paulo. Esse é o som material. Contudo, em nosso sistema 
linguístico, temos a mesma imagem acústica desses sons - ou seja, temos um 
mesmo fonema. 
Assim, não importa a substância dentro do sistema - tanto faz se 
pronuncio o "r" de "carta" como um "r" retroflexo (do interior de São Paulo) 
ou como um "r" velar (do Rio) - porque o que importa é a FUNÇÃO desse 
elemento. Ou seja, esses diferentes sons MATERIAIS tomam a mesma 
forma /r/ em nossa língua. 
 
Aliás, não precisa nem fazermos comparações entre falantes de diferentes 
dialetos. Cada emissão sonora que produzimos é diferente uma da outra 
(ou seja, se medirmos num aparelho sofisticado, veremos que nossas ondas 
sonoras são diferentes a cada vez que pronunciamos uma mesma expressão 
linguística). A questão é que "apagamos" essas diferenças materiais e 
"retemos" o fonema – a função que aquele som possui em nosso sistema 
linguístico. 
 
2) Explique a dupla articulação da linguagem a partir da definição 
saussuriana de signo linguístico. 
 
A linguagem humana é articulada, ou seja, ela pode ser desmembrada 
em unidades menores. Neste sentido, o linguista André Martinet nos 
legou uma importante contribuição para os estudos da linguagem: ter 
mostrado que essa articulação da linguagem se dá em dois níveis . No 
primeiro nível, ou melhor, na primeira articulação, desmembramos a 
linguagem humana em unidades menores que ainda têm significado, ou 
seja, que são signos linguísticos (imagens sonoras possuidoras de conceito), 
os morfemas. 
 
Mas não paramos por aí. Martinet nos mostra que, se continuarmos a 
desmembrar a linguagem humana, chegaremos a unidades ainda 
menores – não mais signos linguísticos, pois não mais detentoras de 
significado, mas apenas significantes –, os fonemas. 
AULA 16 / AULA 17 
 
1) Ainda que tenham diferenças que as separam, por que podemos 
chamar as perspectivas linguísticas surgidas na Europa e nos Estados no 
início do século passado de “estruturalismo”? 
 
Tanto Saussure na Europa quanto Bloomfield nos Estados Unidos 
pensaram em um modelo de descrição das línguas naturais a partir de um 
entendimento da língua como uma estrutura, como um sistema. Assim, 
podemos descrever sincronicamente uma língua com o aparato teórico 
saussuriano, analisando os signos linguísticos de determinada língua: 
suas possibilidades de combinação e substituição. 
 
Também podemos descrever uma língua, entendida como uma estrutura, 
com o aparato teórico bloomfieldiano, e ver como os elementos de 
determinada língua se distribuem no nível da frase . 
 
AULA 18 / AULA 19 
 
1) Leia este verso de Arnaldo Antunes: 
 
“O seu olhar melhora o meu” 
 
Sobre ele, diga se é verdadeira (V) ou falsa (F) as seguintes proposições, 
e corrija aquelas que julgar falsas. 
 
a) ( F ) “O” é uma forma livre. 
“O” é uma forma dependente. 
 
b) ( F ) “seu” é uma forma presa. 
“Seu” é uma forma livre. 
 
c) ( F ) “olhar” é uma forma dependente. 
“Olhar” é uma forma livre. 
 
d) ( F ) “melhora” é uma forma dependente. 
“Melhora” é uma forma livre. 
 
 
 
 
 
 
AULA 22 
 
I) A fala (parole) saussuriana equivale à enunciação conforme definida 
por Benveniste? Justifique sua resposta. 
 
Não, a fala de Saussure NÃO corresponde à ENUNCIAÇÃO de 
Benveniste – e isso nos mostra a importância de se definir claramente um 
conceito quando estamos escrevendo textos acadêmicos e, também, a 
importância de não se “misturar” conceitos de autores diferentes. Afinal, se 
falamos em fala, nos termos de Saussure, isso já implica a língua 
(langue) também como ele a definiu. Ou seja, se nos referirmos à fala 
saussuriana estaremos entendendo aquela “parte” da língua que 
Saussure desconsiderou como objeto de estudo da linguística – por ser a 
“parte” que muda, que não é heterogênea etc. e que, portanto, não se presta a 
ser o objeto de uma ciência 
. 
Essa foi exatamente uma crítica sofrida por Saussure pelos assim 
chamados “pós-estruturalistas” (alguns dos quais vocês conhecerão 
melhor em Linguística III). Quer dizer, uma das críticas sofridas por 
Saussure é que essa langue que ele formulou como objeto da Linguística 
é, na verdade, uma completa abstração. Afinal, é um sistema de signos 
que significam em relação uns aos outros e que, portanto, NÃO depende de 
um sujeito enunciador. É exatamente para esse fator que Benveniste 
chama a atenção quando fala em ENUNCIAÇÃO. Veja que, então, é uma 
concepção bastante diferente da fala de Saussure, pois, agora, a 
enunciação e o sujeito enunciador são fundamentais, são colocados no 
centro da análise linguística.

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