Prévia do material em texto
2011 Conservação e Uso Do solo Prof.ª Francieli Stano Torres Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.ª Francieli Stano Torres Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. T693c Torres, Francieli Stano Conservação e uso do solo / Francieli Stano Torres. Indaial : UNIASSELVI, 2011. 206 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-420-1 1. Conservação e uso do solo I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Ensino a Distância. II. Título. 631.41 Impresso por: III apresentação Caro acadêmico! O solo é um importante recurso natural que desempenha inúmeras funções, desde o armazenamento da água e de nutrientes até o suporte físico para o desenvolvimento das plantas, sendo considerado base para os processos ecológicos. Podemos considerá-lo essencial à vida de todos os seres vivos do nosso planeta. Nele desenvolvemos a pecuária, realizamos os plantios e as colheitas, construímos nossos lares, entre outras atividades. Logo, os diferentes usos que fazemos dos solos nos proporcionam alimentos, moradias além de movimentar a economia de um país. Contudo, temos que lembrar que ele também é suporte para toda uma teia de biodiversidade, que se estabelece tanto acima quanto dentre, e que esse recurso natural, quando superexplorado, torna-se frágil. O uso desenfreado do solo, intensificado pelo desmatamento, leva à perda da biodiversidade e a sua degradação. A adoção de técnicas agrícolas inadequadas destrói a sua fertilidade, reduzindo a produção dos alimentos e, como consequência, surgem inúmeros problemas ambientais, sociais e econômicos. De tal forma, conservar, manejar e recuperar os solos é fundamental para a qualidade de vida das populações e todo o ecossistema. Assim, esse Livro de Estudos vem trazer a você o conhecimento sobre o processo de formação dos solos, os agentes de sua degradação, quando o uso é realizado de forma inadequada, além das técnicas de conservação e recuperação, levando em consideração a bacia hidrográfica como unidade de planejamento. Espero que este Caderno possa oferecer parte do conhecimento necessário para seu desempenho em sua futura profissão. Bom estudo! Prof.ª Francieli Stano Torres IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – FORMAÇÃO DO SOLO ............................................................................................. 1 TÓPICO 1 – SOLOS COMO RECURSO NATURAL ........................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CONCEITUAÇÃO DE SOLO ............................................................................................................. 3 3 PEDOLOGIA E EDAFOLOGIA ........................................................................................................ 5 4 SOLOS COMO RECURSO NATURAL ............................................................................................ 7 5 IMPORTÂNCIA DO SOLO................................................................................................................ 9 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 14 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 – FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) ...................................................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS ...................................................................................... 19 2.1 CLIMA .............................................................................................................................................. 20 2.2 ORGANISMOS VIVOS ................................................................................................................... 21 2.3 ROCHAS ........................................................................................................................................... 23 2.4 RELEVO ............................................................................................................................................ 24 2.5 TEMPO .............................................................................................................................................. 27 3 INTEMPERISMO.................................................................................................................................. 28 3.1 INTEMPERISMO FÍSICO ............................................................................................................... 29 3.2 INTEMPERISMO QUÍMICO ......................................................................................................... 31 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 37 TÓPICO 3 – ESTRUTURA DOS SOLOS ............................................................................................ 39 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39 2 COMPOSIÇÃO DO SOLO ................................................................................................................39 2.1 PORÇÃO SÓLIDA: OS MINERAIS .............................................................................................. 40 2.2 PORÇÃO SÓLIDA: MATÉRIA ORGÂNICA (M.O.) .................................................................. 42 2.3 A ÁGUA NO SOLO ......................................................................................................................... 43 2.3.1 Solo muito mal drenado (encharcado) ................................................................................ 44 2.3.2 Solo mal drenado (úmido) ..................................................................................................... 44 2.3.3 Solo bem drenado (seco) ........................................................................................................ 44 2.4 O AR NO SOLO .............................................................................................................................. 45 3 MORFOLOGIA DO SOLO ................................................................................................................ 46 3.1 ESTRUTURA ................................................................................................................................... 46 3.2 TEXTURA ......................................................................................................................................... 47 3.3 CONSISTÊNCIA .............................................................................................................................. 49 3.4 POROSIDADE .................................................................................................................................. 50 3.5 COR ................................................................................................................................................... 51 4 PERFIL DO SOLO ............................................................................................................................... 51 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56 sUmário VIII TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ................................................................................... 59 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59 2 HISTÓRICO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS NO BRASIL .............................................. 59 3 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ................................................................ 61 4 CLASSIFICAÇÃO ATUAL DOS SOLOS – EMBRAPA 2006 ...................................................... 61 4.1 CLASSES DO 1o NÍVEL CATEGÓRICO (ORDEM) ................................................................... 63 4.2 CLASSES DO 2° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBORDENS) ........................................................ 64 4.3 CLASSES DO 3° NÍVEL CATEGÓRICO (GRANDES GRUPOS) ........................................... 64 4.4 CLASSES DO 4° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBGRUPOS) .......................................................... 65 4.5 CLASSES DO 5° NÍVEL CATEGÓRICO (FAMÍLIA) ................................................................. 65 4.6 CLASSES DO 6° NÍVEL CATEGÓRICO (SÉRIE) ....................................................................... 65 4.7 REGRAS PARA O USO DA NOMENCLATURA DE 1º, 2º, 3º E 4º NÍVEIS CATEGÓRICOS ........................................................................................................ 66 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 69 UNIDADE 2 – RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE ....................................... 71 TÓPICO 1 – RELAÇÃO SOLO E ÁGUA ............................................................................................. 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 CAMINHOS DA ÁGUA NO SOLO ................................................................................................. 73 2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM A INFILTRAÇÃO .................................................................. 75 2.1.1 Cobertura florestal .................................................................................................................. 75 2.2 TOPOGRAFIA ................................................................................................................................. 77 2.3 PRECIPITAÇÃO .............................................................................................................................. 77 2.4 TIPO DE MATERIAL ...................................................................................................................... 77 2.5 OCUPAÇÃO DO SOLO ................................................................................................................. 78 3 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO ................................................................................. 78 3.1 INFLUÊNCIA DA POROSIDADE E DA PERMEABILIDADE NA DISPONIBILIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ..................................................................... 82 4 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS SEGUNDO A GEOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM POROSIDADE DO SOLO ........................................................................ 85 4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS - SEGUNDO A PRESSÃO DA ÁGUA ....................... 86 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 88 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91 TÓPICO 2 – RELAÇÃO SOLO E PLANTAS 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93 2 FATORES DO SOLO RELACIONADOS COM O DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS .................................................................................................................................... 93 2.1 ESTRUTURA DO SOLO E SUA RELAÇÃO COM AS PLANTAS ........................................... 94 2.2 PERFIL DO SOLO E A RELAÇÃO COM AS PLANTAS ........................................................... 94 2.3 ADENSAMENTO DO SOLO E AS PLANTAS ............................................................................ 95 2.4 POROSIDADE DO SOLO E AS PLANTAS .................................................................................. 97 2.5 MINERAIS DO SOLO E AS PLANTAS ........................................................................................ 98 2.5.1 Elementos de nutrição essenciais para as plantas .............................................................. 99 2.6 ACIDEZ E ALCALINIDADE DO SOLO E AS PLANTAS ......................................................100 2.7 ÁGUA DO SOLO E AS PLANTAS ..............................................................................................101 2.7.1 A influência do nível freático sobre e crescimento radicular .........................................103 2.8 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E AS PLANTAS ................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107IX TÓPICO 3 – COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO ..................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 CONCEITO E SURGIMENTO DOS AGROTÓXICOS ..............................................................109 3 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS QUANTO AO COMPONENTE QUÍMICO ....111 3.1 GRAU DE PERICULOSIDADE/TOXICIDADE E O MEIO AMBIENTE ...............................113 4 COMPORTAMENTO DE AGROTÓXICOS NO SOLO .............................................................115 4.1 VOLATILIDADE ...........................................................................................................................116 4.2 ADSORÇÃO ...................................................................................................................................117 4.3 LIXIVIAÇÃO ..................................................................................................................................118 4.4 REAÇÕES QUÍMICAS ..................................................................................................................118 4.5 METABOLISMO MICROBIANO ................................................................................................119 4.6 PERSISTÊNCIA NOS SOLOS ......................................................................................................120 5 INFLUÊNCIA DO TIPO DE SOLO NO COMPORTAMENTO DOS AGROTÓXICOS ...121 6 RELAÇÃO ENTRE OS AGROTÓXICOS E A MATA CILIAR .................................................122 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................127 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129 TÓPICO 4 – QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO .....................................................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 CONCEITO DE QUALIDADE DO SOLO ....................................................................................131 3 INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO .............................................................................132 3.1 INDICADORES FÍSICOS DA QUALIDADE DO SOLO ..........................................................134 3.2 INDICADORES QUÍMICOS DE QUALIDADE DO SOLO .....................................................135 3.3 INDICADORES BIOLÓGICOS DE QUALIDADE DO SOLO ................................................137 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................139 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 140 UNIDADE 3 – DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS ........................................... 141 TÓPICO 1 – RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA ..................................... 143 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 143 2 A BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................................................ 143 2.1 A BACIA COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO ............................................................. 148 3 USOS DO SOLO NO BRASIL ........................................................................................................ 149 4 CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS ............................................. 151 4.1 TERRAS PRÓPRIAS PARA TODOS OS USOS ........................................................................ 152 4.2 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO INTENSIVO ..................................................... 153 4.3 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO ............................................................................. 153 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 154 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 TÓPICO 2 – DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS...............................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 CONCEITO DE EROSÃO E DEGRAÇÃO DOS SOLOS ...........................................................161 3 A SUSCEPTIBILIDADE DOS SOLOS BRASILEIROS AOS PROCESSOS EROSIVOS ....162 4 PRINCIPAIS AGENTES DA EROSÃO .........................................................................................164 5 TIPOS EROSÃO/DEGRADAÇÃO E SEUS IMPACTOS ............................................................166 6 EROSÃO HÍDRICA ...........................................................................................................................169 6.1 TIPOS DE EROSÃO HÍDRICA ....................................................................................................169 6.2 FASES NO PROCESSO DE EROSÃO .........................................................................................172 6.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO ..................................173 X LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................175 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................178 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................179 TÓPICO 3 – MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS .............................................................181 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181 2 CONSERVAÇÃO E MANEJO ..........................................................................................................181 3 MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO E MANEJO .............................................................................182 3.1 MÉTODOS EDÁFICOS .................................................................................................................182 3.2 MÉTODOS MECÂNICOS ............................................................................................................185 3.3 MÉTODOS VEGETATIVOS..........................................................................................................187 4 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ....................................................................................................189 4.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS) ..............................................189 4.2 PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS ...................................................................190 4.3 REGENERAÇÃO NATURAL ......................................................................................................191 4.4 IMPLANTAÇÃO DE POLEIROS ARTIFICIAIS ........................................................................192 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................195 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................197 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................1991 UNIDADE 1 FORMAÇÃO DO SOLO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • conceituar o solo de acordo com as diferentes áreas do conhecimento; • compreender os solos como recurso natural e como parte integrante e es- sencial do biótopo; • conhecer as estruturas e a composição dos solos; • identificar os fatores ativos e passivos do processo de formação dos solos; • conhecer os diferentes tipos de solos e como se dá sua classificação. Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos explorados. TÓPICO 1 – SOLOS COMO RECURSO NATURAL TÓPICO 2 – FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) TÓPICO 3 – ESTRUTURA DO SOLO TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 SOLOS COMO RECURSO NATURAL 1 INTRODUÇÃO O solo pode ser considerado um recurso natural da superfície terrestre formado por diferentes agregados. Entre esses agregados se encontram poros destinados ao armazenamento e fluxo de água e ar, bem como uma diversidade de organismos vivos. Esse recurso natural desempenha importantes funções, desde o armazenamento da água e nutrientes até o suporte físico para o desenvolvimento das plantas, sendo a base para os processos ecológicos. Por ser um recurso natural, o uso do solo passa a fazer parte do contexto, pois é nele que plantamos e cultivamos grande parte dos alimentos, construímos nossos lares, indústrias, retiramos minerais, entre outras atividades. Contudo, ele é um recurso finito e não renovável, por isso devemos usá- lo de forma sustentável, para que possa ser sempre produtivo e desenvolver suas inúmeras funções. É esse contexto que vamos estudar nesse primeiro tópico do Livro de Estudos, ou seja, compreender o solo como um recurso natural, diferenciar o trabalho de um edafologista e um pedologista e identificar as diferentes funções desempenhadas pelos solos. Primeiramente, conceituaremos o que é solo. Você sabe que os conceitos podem variar dependendo da área de atuação do profissional ou de acordo com seu uso? Então, vamos conhecer essas variações conceituais! 2 CONCEITUAÇÃO DE SOLO Os solos podem ser definidos como qualquer material que se sobrepõe à rocha inalterada. Dentre esses materiais, incluem-se os minerais derivados da rocha-mãe, novos minerais formados pelo processo de intemperismo, a matéria orgânica vegetal e animal, o ar e a água. Podemos também definir o solo como corpos naturais constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos e formados UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 4 por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta. Contém ainda matéria viva e permite o desenvolvimento de plantas na natureza onde ocorrem. (EMPRABA, 2006). Pode-se dizer ainda que o solo é o resultado de algumas transformações que ocorrem nas rochas, de forma lenta e ao longo do tempo, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos atuando sobre as rochas são os principais responsáveis pela formação do solo. Os solos, acima de tudo, são recursos naturais e é neles que realizamos atividades diversas, nos sustentamos, construímos, plantamos e retiramos minerais. Por isso, as definições podem variar, dependendo da área de atuação ou do uso do solo. A seguir estão listados alguns exemplos dessas definições, segundo as diferentes áreas, conforme Lepsch (2002): Agrônomo: camada superficial de terra arável, possuidora de vida microbiana. Arqueólogo: material onde se encontram registros de civilizações e organismos fósseis. Ecólogo: porção do ambiente condicionado por organismos vivos e que, por sua vez, interagem com esses organismos. Engenheiro civil: material escavável, que perde sua resistência quando em contato com a água. Engenheiro de minas: o solo é o detrito que cobre rochas ou minerais a serem explorados. Engenheiro de obras: parte da matéria-prima para construções de aterros, estradas, barragens e açudes. Geologia: parte de uma sequência de eventos geológicos, que se torna um produto do intemperismo físico-químico das rochas. Fazendeiro: considera o solo como ambiente para as plantas. Ele vive do solo e assim é forçado a prestar mais atenção as suas características. Físico: massa de material cujas características mudam em função das variações de clima. Químico: porção de material sólido que pode ser analisado em todos seus constituintes elementares (compostos químicos). Pedólogo: camada viva, que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos. TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 5 IMPORTANT E Como requisito básico para maior conhecimento sobre solo, deve-se ter a noção do que ele representa, abrangendo nesta noção os pontos de vista do engenheiro, do fazendeiro, do pedólogo entre outros. Ao desenvolver esta conceituação, é importante levar em consideração as descobertas práticas e científicas do passado. 3 PEDOLOGIA E EDAFOLOGIA Você já ouviu falar em Pedologia e Edafologia? Certamente, já ouviu dizer que ambas estão relacionadas com o estudo dos solos. Se ambas estudam as relações com o solo, você sabe qual a diferença entre elas? O que abrange o estudo da edafologia e o estudo da pedologia? Então vamos entender mais a respeito. Se analisarmos os conceitos de solos, conforme estudados na seção anterior, podemos perceber que há diferentes conceituações. Um leva em consideração o solo como um corpo natural, ou seja, um produto sintetizado da natureza e submetido ao intemperismo. O outro leva em consideração sua aplicação prática e/ou imagina o solo como viveiro natural para as plantas. Essas concepções indicam os dois caminhos a seguir no estudo dos solos: o do pedologista e o do edafologista. O estudo das fases de formação do solo, sua origem, classificação e descrição são compreendidas no que se conhece como Pedologia (da palavra grega “pedon”, que significa solo ou terra). A Pedologia considera o solo um corpo natural e o pedologista o estuda, o examina e o classifica como é encontrado no seu ambiente natu ral (Figura 1). Sua descoberta pode ser útil aos engenheiros construtores assim como aos agricultores. (BRANDY, 1983; LEPSCH, 2002). A Edafologia (da palavra grega “edaphos”, que também significa solo ou terra) é o estudo do solo do ponto de vista florestal. Considera as diversas propriedades do solo na medida em que se relacionam com a produção agrícola ou florestal (Figura 1). O edafologista é um homem prático, uma vez que visa à produção de alimentos e de fibras como objetivo final. Ao mesmo tempo, precisa ser um cientista para estabelecer as razões da variação da produtividade dos solos e desco brir os meios para manter e melhorar essa produtividade. (BRANDY, 1983; LEPSCH, 2002). UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 6 Neste Caderno de Conservação e Uso dos Solos, você perceberá que ambas as concepções serão estudadas, uma vez que a Pedologia será utilizada na medida em que proporcionamos a compreensão geral dos solos, como são encontrados na natureza e como são classificados, enquanto que os estudos das características básicas dos solos, sob o ponto de vista físico, químico e biológico, contribuem de igual modo para a Edafologia e a Pedologia. DICAS Para maior aprofundamento sobre Pedologia e Edafologia, leia o artigo: “História da Pedologia: um resgate bibliográfico”. Disponível em: <http://www.ige.unicamp.br/ simposioensino/artigos/029.pdf>. IMPORTANT E A pedologia é o estudo do solo como um corpo natural e a edafologia é o estudo do solo considerando suas propriedades para a produção agrícola e florestal. FIGURA 1 – A) IMAGEM REPRESENTATIVA DE PEDOLOGIA (ESTUDO DO SOLO COMO UM CORPO NATURAL); B) IMAGEM REPRESENTATIVA DE EDAFOLOGIA (ESTUDO DO SOLO COMO PRODUÇÃO AGRÍCOLA E FLORESTAL)FONTE: Disponível em: A) <http://www.ceplac.gov.br/restrito/imgNot/200812/_1302_ Pesquisadores%20observam%20solo%20na%20Nova%20Zel%C3%A2ndia.jpg> B) <http://www. jardimdasideias.com.br/public/userfiles/plantar.jpg> Acesso em: 31 maio 2011. A B TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 7 4 SOLOS COMO RECURSO NATURAL Os solos são considerados recursos naturais uma vez que são usados, transformados e fornecerem suporte e alimento para as mais variadas formas de vida. Esse recurso natural fornece o substrato para as raízes, retém água o tempo suficiente para esta ser utilizada pelas plantas e fixam nutrientes essenciais para a vida – sem os solos, a paisagem da Terra seria tão estéril como a de Marte. Os solos são o lar para microrganismos que provocam importantes transformações bioquímicas - fixando nitrogênio nas plantas, conduzindo à decomposição de matéria orgânica - e para a biodiversidade de animais microscópicos, bem como para as minhocas, formigas e outros. UNI Você sabia que o solo é assegurado por lei? A Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visa à sustentabilidade do uso dos recursos naturais e ressalta em um dos seus princípios fundamentais a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. Num contexto ambiental, o solo é a base para os processos ecológicos, ou seja, para a biocenose (inter-relação entre os seres vivos). O solo é visto como a parte integrante e essencial do biótopo (meio físico onde vivem os seres vivos como plantas, animais, microrganismos, definido por fatores como o clima e características do substrato). (Figura 2). No exemplo de uma floresta, o biótopo é a área que contém um tipo de solo (com quantidades típicas de minerais e água) e é afetada por um determinado clima (umidade, temperatura, grau de luminosidade e outros fatores). Esses fatores afetam diretamente a biocenose, e também são por ela influenciados. O desenvolvimento de uma floresta, por exemplo, modifica a umidade do ar e a temperatura de uma região. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 8 No contexto socioeconômico, o solo é base da produção alimentar destacando o cenário agropecuário no Brasil. Poucos setores da economia brasileira têm se desenvolvido tanto como a agricultura. Nesse cenário de grande importância para o desenvolvimento de um país, a visão econômica ainda é simplista e imediatista, uma vez que extensas áreas sem aptidão para a agropecuária foram incorporadas ao processo produtivo de forma acelerada, levando a prejuízos ambientais. (LEPSCH, 2002). De tal forma, esse recurso natural tem limites definidos, assim se pode dizer que o limite superior é a biosfera e a atmosfera. Os limites laterais são os contatos com corpos d’água superficiais, rochas, gelo, áreas com cobertura arenosa como dunas ou praias costeiras e aterros. O limite inferior do solo é difícil de ser definido. Em geral, o solo passa gradualmente no seu limite inferior, em profundidade, para a rocha dura ou sedimentos que não apresentam sinais da influência de atividade biológica. (LEPSCH, 2002). FIGURA 2 – O BIÓTOPO (MEIO FÍSICO ONDE VIVEM OS SERES VIVOS) ATUANDO SOBRE A BIOCENOSE (INTER-RELAÇÃO ENTRE OS SERES VIVOS) FONTE: Kiehl (1979) IMPORTANT E O solo está ligado à base da cadeia alimentar e é por meio dele que os produtores (plantas) se desenvolvem. Também está ligado aos consumidores, que dependem dos produtores, bem como aos decompositores, responsáveis pela reciclagem dos elementos. TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 9 5 IMPORTÂNCIA DO SOLO O solo é sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é dele que derivam os produtos alimentares para toda a população humana, bem como, para muitas espécies de animais que diretamente se alimentam das plantas que deles crescem. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). Nas regiões intertropicais, essa importância é ainda maior, por duas razões: • Nessa região ou zona climática, encontra-se praticamente a maior parte dos países em desenvolvimento como o Brasil, cuja economia depende da exploração de seus recursos naturais especialmente agrícolas. (Tabela 1). • Os processos que levam à formação dos solos podem nas zonas intertropicais, levar também à formação de importantes recursos minerais (bauxita, carvão mineral, ferro, alumínio, chumbo etc). TABELA 1: DADOS DE ÁREAS UTILIZADAS DE AGRICULTURA, EM HECTARES, NO TERRITÓRIO BRASILEIRO Área agricultável disponível total estimada 152,5 milhões de hectares ou 17,9% do território. Área agricultável utilizada 62,5 milhões de hectares ou 7,3% do território. Lavouras permanentes 15 milhões de hectares ou 1,8% do território. Lavouras temporárias 42,5 milhões de hectares ou 5% do território. Florestas plantadas 5 milhões de hectares ou 0,6% do território. Área agricultável disponível não utilizável 90 milhões de hectares ou 10,5% do território. Pastagem 177 milhões de hectares ou 20,8% do território. Área de florestas nativas e reservas ambientais 440 milhões de hectares ou 53% do território. FONTE: IBGE/CONAB. Disponível em: <http://ecen.com/eee74/eee74p/ biocombustiveis_liquidos_ no_brasil.htm>. Acesso em: 20 fev. 2011. Imagem: Disponível em: <http://canoinhasonline.blogspot. com/2009_11_22_archive.html>. Acesso em: 20 fev. 2011. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 10 IMPORTANT E O solo, por ser um recurso finito e não renovável, pode levar milhares de anos para se tornar produtivo, uma vez destruído, na escala de tempo de algumas gerações, desaparece para sempre. Segundo Hernani et al. (2002), as perdas anuais de solo em áreas ocupadas por lavouras e pastagens, no Brasil, são da ordem de 822,7 milhões de toneladas. Esses autores estimaram que tais valores estariam associados a uma perda total, na propriedade rural, de US$ 2,93 bilhões por ano. Os autores relatam que a erosão acarreta ao Brasil um prejuízo total de aproximadamente US$ 4,24 bilhões anuais. A relação entre as perdas de solo de acordo com os diferentes usos podem ser vistos por meio da Figura 3. Entretanto, os solos dessas regiões, em geral, são solos velhos, frágeis, empobrecidos quimicamente e que se encontram em contínua evolução. Esses solos se encontram em estado muito precário, de tal forma que os impactos provocados por causas naturais ou por atividades antrópicas podem desestabilizar o sistema. O desmatamento, o cultivo da terra, o uso de agroquímicos e a exploração de minérios são atividades que, se não forem bem conduzidas, por meio de técnicas desenvolvidas com bases científicas, podem levar à erosão e contaminação dos solos. TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 11 FIGURA 3 – COMPARAÇÃO DA PERDA DE SOLO (QUILOGRAMA POR ANO) EM ÁREAS DE FLORESTA, PASTAGEM, PLANTAÇÃO DE CAFÉ E DE ALGODÃO FONTE: Guerra et al. (1999) A perda dos solos e o crescimento demográfico, que geram grandes pressões para a produção de maior quantidade de alimentos, têm resultado no desmatamento de áreas florestadas para a expansão das áreas agricultáveis. Contudo, essa é uma ação que não apresenta funcionalidade, uma vez que os solos das florestas representam sistemas muito frágeis, que acabam sendo destruídos junto com o desmatamento. UNI Na Amazônia, por exemplo, a taxa de desmatamento para fins agrícolas é cerca de 1,3 milhão de hectares por ano. Perdas de solo Mata Solo erodido 4 kg ha ano 700 kg ha ano 1 100 kg ha ano 38 000 kg ha ano Pastagem Algodoal Cafezal UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 12 Agora que analisou a Figura 4, você pode concluir que os solos exercem ainda as seguintes funções: • Alicerce da vida em ecossistemas terrestres. • Armazenamento e liberação de água para as plantas e animais. • Reciclagem de nutrientes, fornecendo 15 elementos essenciais à vida das plantas (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel, cobalto, zinco). • Hábitat para a fauna e flora. • Recarga dos aquíferos. • Filtro da água melhorando a qualidade. • Fornecimentode material para construção de estradas, barragens em açudes, casas, outros. O uso adequado dos solos existentes, prevenindo-se sua destruição e exaustão é a melhor solução. Nada adianta desmatar extensas áreas de floresta nativa, como vem acontecendo na Amazônia, se o solo não é adequado para tais práticas. Para proteger esse importante recurso natural, existe um conjunto de técnicas de manejo que iremos estudar na Unidade 3 desse Livro de Estudos. Contudo, já se podem identificar até aqui algumas funções importantes que o solo desempenha, mas se você pensou que o solo é importante somente para a produção de alimentos, convido-o(a) para analisar a Figura 4 e identificar que outras funções o solo vem a exercer. FIGURA 4 – PRINCIPAIS INTERAÇÕES ENTRE PEDOSFERA (SOLO), BIOSFERA (PLANTAS E ANIMAIS), LITOSFERA (ROCHAS), HIDROSFERA (ÁGUA) E ATMOSFERA (AR) Litosfera PedosferaHidrosfera troca de energia eva por açã o eva por açã o Lixiviação evaporação água do solo drenagem e escoamento recarga dos aquíferos cap taç ão de ele me nto s me teo riza ção de roc has reciclagem fotossínteserespiração fauna e flora do solo em is sã o de g as es fo rm aç ão de s ol o Atmosfera Biosfera FONTE: Planeta Terra (2007). Disponível em: <http://www.yearofplanetearth.org/content/ downloads/portugal/brochura10_web.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011. TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 13 IMPORTANT E Os solos desempenham importantes funções, que vão desde o processo de produção de alimentos para a manutenção da vida até o fornecimento de hábitat para muitas espécies da fauna e da flora e o armazenamento e recarga dos recursos hídricos, dos quais todos dependem. A vida, o solo, a atmosfera, a água e as geoformas evoluíram em conjunto. Nenhum destes elementos seria tal como o conhecemos, sem os outros. Os solos que cobrem a superfície terrestre estabelecem a ligação e interagem com a atmosfera e condições climáticas, com as águas superficiais e subterrâneas e com os ecossistemas. (PLANETA TERRA, 2007). No caso das ciências do solo, isto significa o apoio a várias atividades, incluindo a produção agrícola, a engenharia civil, o fornecimento de água, a qualidade da água e do ar, o saneamento e o armazenamento de resíduos, visando à utilização sustentável deste sistema finito e frágil. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 14 CIÊNCIAS DO SOLO E SOCIEDADE A utilização e a gestão do território são bem sucedidas quando existe compatibilidade com a aptidão dos solos. As colheitas e jardins florescem, o gado cresce, as nascentes e poços enchem, as estradas e os edifícios são utilizados de forma adequada, os investimentos estão seguros – e a maioria das pessoas nem sequer se apercebe disso. Esse sucesso não ocorre se os solos forem incapazes de reter água e nutrientes necessários. Neste caso, as colheitas falham e o gado adoece; estradas, edifícios, condutas e cabos danificam-se em solos instáveis ou com contaminação salina, podendo mesmo algumas estruturas ruir catastroficamente. Quando existem grandes alterações na utilização do solo e na sua gestão, atinge-se uma situação em que as suas aptidões produtivas, hidrológicas e ecológicas se perdem – aptidões que consideramos como um dado adquirido. Apesar dos enormes sucessos obtidos neste domínio (como por exemplo, na aplicação de fertilizantes, na drenagem e na irrigação) verificam-se ainda graves desfaçamentos entre a utilização do solo e a sua real aptidão. O desafio para as ciências do solo é o de fornecer conhecimento para que locais inadequados possam ser evitados ou que possam ser tomadas as devidas precauções, de forma a que a estabilidade e as funções essenciais do solo sejam garantidas. Uma nova perspectiva do planeta Terra tem vindo a ser revelada pelas novas tecnologias, que retratam processos e sistemas geológicos nas escalas onde realmente acontecem. Sem as limitações associadas a nossa escala física e aos nossos cinco sentidos, podemos agora observar e medir desde a escala molecular à escala global, em períodos de tempo que vão do nanossegundo ao milênio. Estas observações têm sido integradas em modelos de processos geológicos, que preveem cenários futuros com base nas atuais tendências e nas opções de gestão. Em vez de se confiar no destino, usam-se modelos de previsão para suportar decisões e políticas, com potencial para melhorar a qualidade do solo, conservar suas funções e proteger a pele da Terra para as gerações futuras. O conhecimento dos minerais, da estrutura dos solos, dos organismos vivos dotações para a proteção à escala microscópica e dos processos físicos, químicos e biológicos oferece novas potencialidades interessantes ao nível da manipulação e da intervenção – sem grandes alterações no modo como a ciência é desenvolvida ou na forma como as decisões são tomadas. O antigo cientista do microscópio óptico é o atual cientista do microscópio eletrônico ou LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL 15 do espectrômetro de massa. Contudo, as políticas baseadas neste novo tipo de informação continuam a depender da vontade e consciência individuais, bem como da competência das administrações nacionais. O conhecimento atual acerca dos sistemas terrestres, que são maiores, mais poderosos e que existem há muito mais tempo do que os poucos milênios de duração da civilização humana, traz maiores implicações. FONTE: SOLO: A PELE DA TERRA. Ciências da Terra para a Sociedade, 2007. Disponível em: <http:// www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portugal/brochura10_web.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011. 16 Neste tópico, você estudou: • Conceitos de solo: resultado de algumas transformações que ocorrem nas rochas; corpos naturais constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, formados por materiais minerais e orgânicos e que contêm matéria viva. • Definições do solo podem variar dependendo da área de atuação ou uso do solo. • Diferenças entre Pedologia e Edafologia: o primeiro refere-se ao estudo das fases de formação do solo, sua origem, classificação e descrição e o segundo é o estudo do solo, do ponto de vista florestal. • Os solos são recursos naturais: num contexto ambiental, o solo é a base para os processos ecológicos e no contexto socioeconômico é base da produção alimentar destacando o cenário agropecuário no Brasil. • O solo está ligado à base da cadeia alimentar e é por meio dele que os produtores (plantas) se desenvolvem. Também está ligado aos consumidores, que dependem dos produtores, bem como aos decompositores, responsáveis pela reciclagem dos elementos. • Os solos são protegidos por lei (Política Nacional de Meio Ambiente) que ressalta em um dos seus princípios fundamentais a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. • A importância do solo: fornecimento de produtos alimentares para toda a população humana; alicerce da vida em ecossistemas terrestres; armazenamento e liberação de água para as plantas e animais; fornecimento de quinze elementos essenciais à vida das plantas; hábitat para animais, micro-organismos, fungos; abastecimento do aquífero freático; filtro da água melhorando a qualidade; fornecimento de material para construção de estradas, barragens em açudes e casas. RESUMO DO TÓPICO 1 17 Caro acadêmico, para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu Livro de Estudos. Bom trabalho! 1 Que critérios são adotados para se definir ou conceituar os solos? Como você define solo? 2 Quais as principais interações existentes entre a pedosfera (solo), biosfera (plantas e animais), litosfera (rochas), hidrosfera (água) e atmosfera (ar)? 3 O solo é considerado um recurso natural. Fale sobre essa afirmativa. 4 Na prática, de que forma se dá a aplicação da edafologia e da pedologia? Pesquise e explique por meio de exemplos concretos. AUTOATIVIDADE 18 19 TÓPICO 2 FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Os solos são formados por um conjunto de agentes atuando sobre a rocha matriz, entre esses se encontra a ação do tempo, do clima e do relevo, das plantas e animais. Estes fatores são chamados de agentes formadores do solo. De forma geral, o processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que atuam sobre a rocha e conduzem à formação de partículas não consolidadas. A diversidade de solos encontrados no Brasil, conforme você vai ver no último tópico dessa unidade, reflete as variações que ocorrem na natureza dos fatores de formação. Ressalta-se que é preciso sobre tudo que a matéria orgânica seja misturada com o material mineral para que o solo possa existir de verdade. Assim, neste tópico, você vai estudar os fatores de formação do solo, sejam eles ativos (clima, organismos) quanto passivos (rocha, relevo, tempo), além dos agentes físicos e químicos do processo de intemperismo. 2 FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS Estudos realizados em várias partes do mundo atestam que os diversos tipos de solos são controlados por cinco principais fatores (Figura 5): FIGURA 5 – FATORES QUE CONTROLAM A FORMAÇÃO DO SOLO Fatores ativos • Clima • Organismos Fatores passivos • Rochas • Relevo • Tempo FONTE: A autora O clima e os organismos são os fatores ativos porque durante determinado tempo e condições de relevo, agem diretamente sobre as rochas (materiais de origem). Já as rochas, o relevo e o tempo são os fatores passivos. Qualquer solo é o resultado da ação combinada de todos esses cinco fatores de formação. (LEPSCH, 2002). A seguir, será visto como age cada um dos cinco fatores na formação do solo. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 20 2.1 CLIMA O clima é o fator que geralmente exerce maior influência sobre todos os outros fatores que auxiliam na formação dos solos. Os elementos do clima que atuam diretamente no intemperismo das rochas são a temperatura, precipitação e a umidade. Um material derivado de uma mesma rocha poderá formar solos diferentes se decomposto em condições climáticas diferentes. Porém, rochas diferentes podem formar solos parecidos em exposição a longo período, em um mesmo ambiente climático. NOTA Os principais elementos do clima (temperatura, precipitação e umidade) regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e a distinção entre os horizontes pedogenéticos. (LEPSCH, 2002). O oxigênio e o gás carbônico dissolvidos na água são os responsáveis pela maior parte das reações químicas nos minerais. Portanto, quanto mais quente e mais úmido for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição das rochas, que fornecem materiais muito intemperizados, como solos espessos e com abundância de minerais secundários (principalmente argilominerais e óxidos de ferro e de alumínio) e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio e potássio). Você pode visualizar a atuação do clima no esquema da Figura 6. FIGURA 6 – ATUAÇÃO DO CLIMA NA FORMAÇÃO DOS SOLOS vento chuva granizo gelo minerais:: nutrientes íons em solução óxidos de ferro e alumínio solo temperado argila 2:1 argila 1:1 interações químicas material de origem solo tropical areia silte sílica calor frio FONTE: Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/imagens/figura_03.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011. TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 21 Já no clima árido e/ou muito frio, os solos são normalmente pouco espessos, contêm menos argila e mais minerais primários, que pouco ou nada foram afetados pelo intemperismo. (LEPSCH, 2002). Nos solos de clima quente e úmido (solos tropicais), a grande quantidade de chuva faz com que maiores volumes de água se infiltrem, solubilizando e arrastando para o nível freático e cursos d'água muitos nutrientes da solução do solo, onde as cargas elétricas são neutralizadas conferindo ao solo propriedades ácidas. Nestas condições se encontram em exuberantes florestas com árvores constantemente verdes, que produzem grandes quantidades de resíduos orgânicos, que se decompõem rapidamente. (LEPSCH, 2002). UNI A maior parte dos solos das regiões áridas e semiáridas é neutra ou alcalina, enquanto a maioria dos solos em regiões úmidas é ácida. 2.2 ORGANISMOS VIVOS O solo é habitado por inúmeras espécies, formando um ecossistema. Os microrganismos fazem parte do solo de maneira indissociável, sendo responsáveis por inúmeras reações bioquímicas relacionadas não só com a transformação da matéria orgânica, mas também com o intemperismo das rochas. Assim, os microrganismos do solo desempenham papel fundamental na gênese (formação) do solo e ainda atuam como reguladores de nutrientes, pela decomposição da matéria orgânica e ciclagem dos elementos, atuando, portanto, como fonte e dreno de nutrientes para o crescimento das plantas. (SILVEIRA; FREITAS, 2007). Os microrganismos do solo (Figura 7), também chamados coletivamente de microbiotas, são representados por cinco grandes grupos: bactérias, actinomicetos ou actinobactérias, fungos, algas e protozoários. Apesar de constituírem somente 1 a 4% do carbono total e ocuparem menos de 5% do espaço poroso do solo, a diversidade e a quantidade dos microrganismos é bastante elevada. Entretanto, como o solo é normalmente um ambiente estressante, limitado por nutrientes, somente 15% a 30% das bactérias e 10% dos fungos se encontram em estado ativo. Os componentes microbianos vivos do solo são também denominados de biomassa microbiana e as bactérias e fungos respondem por cerca de 90% da atividade microbiana do solo. (SILVEIRA; FREITAS, 2007). UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 22 FIGURA 7 – DIVERSIDADE DE ORGANISMOS VIVOS NO SOLO FONTE: Disponível em:<http://marianaideiasforadacaixa.wordpress.com/>. Acesso em: 20 fev. 2011. Os microrganismos são responsáveis pelos processos de mineralização, representando eles próprios uma quantidade considerável de nutrientes potencialmente disponíveis para as plantas. Em condições ideais, a microbiota do solo permite que os nutrientes sejam, gradualmente, liberados para a nutrição das plantas, sem perdas por lixiviação. A diminuição da microbiota do solo prejudica a fixação temporária dos nutrientes, incrementando suas perdas e resultando no empobrecimento do solo. (SILVEIRA; FREITAS, 2007). De uma maneira geral, os microrganismos estão envolvidos em vários processos de grande interesse agronômico, particularmente no que se refere à agricultura orgânica e à rotação de culturas. Dentre os processos podem ser destacados: a) decomposição e ressíntese da matéria orgânica; b) ciclagem de nutrientes; c) as transformações bioquímicas específicas (nitrificação, desnitrificação, oxidação e redução do enxofre); d) fixação biológica do nitrogênio; e) a ação antagônica aos patógenos; f) produção de substâncias promotoras ou inibidoras de crescimento, entre outros. (SILVEIRA; FREITAS, 2007). TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 23 IMPORTANT E Os organismos vivos viabilizam a estabilidade estrutural do solo. Isso acontece devido à presença dos microrganismos que provocam a acumulação de matéria orgânica, a mistura dos perfis e promovem a ciclagem dos nutrientes no solo. NOTA Para se aprofundar mais a respeito dos organismos vivos do solo, sugiro a leitura do livro: Microbiota do solo e a qualidade ambiental (SILVEIRA; FREITAS, 2007). Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/7981055/Livro-Microbiota-Do-Solo-e-Qualidade-Ambiental>. 2.3 ROCHAS As rochas são consideradas como o material geológico do qual o solo é originário, sendo um fator de resistência à formação do mesmo, exercendo passividade à ação do clima e dos organismos. A maior ou menor velocidade com que o solo se forma depende do tipo de material originário, uma vez que, sob condições idênticas de clima, organismos e topografia, certos solos se formam mais rápidos do que outros. (LEPSCH, 2002). O material originário se refere a todo material nãoconsolidado a partir do qual o solo se formou. Outro ponto interessante é que os materiais que dão origem ao solo podem ser classificados como autóctones, ou seja, originam- se da ação intempérica junto ao material parental (rocha subjacente). Já os materiais que foram conduzidos de outras áreas e que não estão relacionados com o embasamento são classificados como alóctones. E, por último, os materiais pseudoautóctones são todos aqueles que resultam de um processo de mistura dos produtos locais ao longo das encostas. (GUERRA; CUNHA, 2000). Existe uma grande variedade de rochas (materiais de origem), porém os mais comuns podem ser agrupados em quatro categorias: a) materiais derivados de rochas claras (ou ácidas), como granitos, gnaisses, xistos e quartzitos; b) materiais derivados de rochas ígneas escuras (ou básicas), como basalto, diabásios, gabros e anfibolitos; c) materiais derivados de sedimentos consolidados, como arenitos, ardósias e rochas calcárias; d) sedimentos inconsolidados, como aluviões recentes, dunas de areia, cinzas vulcânicas e depósitos orgânicos. (LEPSCH, 2002). UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 24 O solo que é formado sobre a superfície terrestre origina-se de vários tipos diferentes de rochas (Figura 8). FIGURA 8 – ORIGEM DAS ROCHAS ÍGNEAS, METAMÓRFICAS E SEDIMENTARES FONTE: Disponível em: <http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid= 4741e640-949f-44d0-a2ba-f6714595caca>. Acesso em: 20 fev. 2011. 2.4 RELEVO Existe uma grande diversidade de formas na superfície terrestre que se configura em diferentes paisagens caracterizadas pelo relevo. Assim, podemos dizer que os conjuntos irregulares que a superfície terrestre apresenta são denominados de relevo. (Figura 9). O relevo deriva de um processo de configuração superficial da crosta terrestre, afetando diretamente o desenvolvimento dos solos. Logo, exerce influência sobre a dinâmica da água, erosão, microclimas e, por consequência, na temperatura do solo. (GUERRA; CUNHA 2000). É a ação do relevo que reflete, de forma direta, na dinâmica das águas, seja num sentido vertical através da infiltração, seja no sentido lateral, pelo escoamento das águas da chuva, e também nos processos de drenagens do solo, e seja no sentido longitudinal, que determina a configuração dos rios no formato mais reto (retilíneo), com ilhas no leito (anastomosado) ou curvo (meândrico). meteorização e erosão deposição em oceanos e continentes soerguimento aumento de pressão e temperatura fusão arrefecimento aumento de pressão e temperatura soerguimento soerguimento litificação SEDIMENTOS ROCHAS SEDIMENTARES ROCHAS METAMÓRFICAS MAGMA ROCHAS MAGMÁTICAS Pr es sã o e te m pe ra tu ra c re sc en te s TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 25 FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE RELEVO FONTE: Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br/atividade. php?id=209>. Acesso em: 20 fev. 2011. De acordo com as características geomorfológicas do relevo, podemos encontrar diferentes tipos de solos, assim solos de encostas são diferentes de solos das planícies. Devido à topografia, encontramos denominações diferentes para os solos: aluviais, coluviais e eluviais. (GUERRA; CUNHA, 2000). • Solos aluviais: são solos que foram transportados pela água corrente e depositados nas laterais dos rios, formando as planícies aluviais ou diques marginais. Os materiais constituintes desses solos são de origem acumulativa de resíduos minerais ao longo do tempo, oriundos de regiões de dentro da bacia hidrográfica. (Figura 10). FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE SOLOS ALUVIAIS, TRANSPORTADOS PELOS RIOS EM BACIA HIDROGRÁFICA FONTE: Disponível em: <http://geoportal.no.sapo.pt/meio_natural.htm>. Acesso em: 20 fev. 2011. • Solos coluviais: são solos resultantes de fragmentos minerais de rochas alteradas, advindas de camadas mais profundas misturadas a partículas de solo advindas dos locais de maior elevação (Figura 11). Esses solos são encontrados, de forma geral, em locais de terreno com declive. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 26 FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO DE SOLO COLUVIAL FONTE: Disponível em: <http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap3/index.php>. Acesso em: 20 fev. 2011. • Solos eluviais: são solos derivados somente do material de origem, ou seja, não sofrem influência pelo transporte de material mineral particulado de regiões próximas. (Figura 12). FIGURA 12 – SOLO ELUVIAL, OU SEJA, DE ORIGEM DA ROCHA MATRIZ FONTE: Disponível em: <http://wapedia.mobi/pt/Solo>. Acesso em: 20 fev. 2011. TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 27 2.5 TEMPO O estágio inicial da formação do solo pode ser exemplificado como uma superfície de um afloramento rochoso, em que musgos e liquens começam a se desenvolver sobre uma delgada camada de rocha decomposta. Com o passar do tempo, as características desse solo começam a se tornar distintas, em que os horizontes vão se espessando e se tornando diferentes, e o solum pode atingir alguns metros. Portanto, a característica principal de influência do/pelo tempo é a espessura, pois solos jovens são normalmente menos espessos que os velhos. A exposição do material de origem na superfície terrestre ocorre tanto por eventos lentos e contínuos, como pela deposição dinâmica de sedimentos nas várzeas dos rios, como por derrame de lavas ou cinzas de erupções vulcânicas ou desbarrancamento súbito, que remove todo o regolito de uma encosta íngreme e expõe a rocha inalterada subjacente. Estes eventos representam o início do novo ciclo de formação do solo (tempo zero). (LEPSCH, 2002). Ao ficar exposta na atmosfera, a rocha se intemperiza para se equilibrar com as novas condições de organismos vivos e elementos do clima atmosférico, e em seguida, as plantas e microrganismos se estabelecem, alimentando-se da água armazenada e dos nutrientes liberados pela decomposição dos minerais. Ao longo do tempo, outras mudanças vêm a ocorrer como a formação e translocação de argila, a remoção de sais minerais e adições de húmus. Essas transformações acorrem para haver um novo equilíbrio dinâmico com a natureza, e quando os solos atingem esse estado, tornam-se espessos e com horizontes bem definidos (maduros) (Figura 13). No início de sua formação são denominados pouco desenvolvidos. FIGURA 13 – FORMAÇÃO DO SOLO DESDE O TEMPO ZERO ATÉ A MATURAÇÃO FONTE: Lepsch (2002, p. 65) O período para que um solo passe do estágio jovem, para o maduro varia com o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão, precisando de centenas a muitos milhares de anos para ser completado. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 28 UNI O tempo necessário para a formação da espessura do solo, a partir de um material, é assunto de vários estudos. Um estudo feito na Fortaleza de Kamenetz, localizada na Ucrânia (construída em 1362 e permanecendo em uso até 1699) verificou a formação de solo. O prédio foi abandonado e os blocos de rocha calcária, com que foi construído, começaram a se decompor sem a ação do homem. Algumas plantas cresceram formando o solo. Em 1930, o cientista Akimtzev investigou o solo formado no topo de uma das torres e comparou com os solos da redondeza, derivados também de rochas calcárias. As conclusões do estudo foram que os solos da torre eram idênticos aos solos dos arredores do forte e que, supondo-se não terem ocorrido depósitos de poeira nesse local, formou-se relativamente rápido, em torno de 261 anos. Um perfil com profundidade média de 30 cm havia ali se desenvolvido, o que dá uma média de 12 cm de solum para cada 100 anos de sua formação. (LEPSCH, 2002). 3 INTEMPERISMO O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgir na superfície da Terra. Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros processos, como erosão, transporte e sedimentação, que acabam levando à denudação continental, com o consequente aplainamento do relevo.(TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). IMPORTANT E Os fatores controladores do intemperismo são a rocha parental, o clima, o relevo, a fauna e flora e o tempo de exposição da rocha aos agentes intempéricos. A formação do solo (pedogênese) ocorre quando as modificações causadas nas rochas pelo intemperismo tornam-se, sobretudo, estruturais, com importante reorganização e transferência dos minerais formadores do solo (argilominerais e oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio) entre os níveis superiores do manto de alteração. Posteriormente, entram em ação a fauna e a flora do solo que, ao realizarem suas funções vitais, modificam e movimentam grandes volumes de material, mantendo o solo aerado e renovado em sua parte exposta. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 29 Tanto o intemperismo quanto a pedogênese levam à formação de um perfil de solo. A estruturação de um perfil ocorre na posição vertical a partir da rocha fresca, na base, sobre a qual se formam o saprólito e o solum, que constituem juntos, o manto de alteração ou regolito (Figura 24 – Tópico 3), a ser estudado com maior aprofundamento no Tópico 3 desta unidade. Quanto mais afastados se encontram os materiais do perfil em relação à rocha parental, mais diferenciados em termos de composição, estrutura e texturas eles vão se tornando. A pedogênese e o intemperismo são dependentes do clima e do relevo, ocorrendo de maneira distinta nos diferentes estágios morfoclimáticos do globo, levando à formação de perfis decompostos de horizontes de diferente espessura e composição. (TOLEDO et al., 2000). O intemperismo é classificado como físico e químico, em função dos mecanismos predominantes de atuação. 3.1 INTEMPERISMO FÍSICO IMPORTANT E Os processos intempéricos que atuam como mecanismos modificadores das propriedades físicas dos minerais e rochas são denominados de intemperismo físico. Este causa a degradação das rochas, separando os grãos minerais antes coesos, e sua fragmentação, transformando a rocha inalterada em material descontínuo e friável. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). As rochas têm sua origem em condições extremas de temperatura e pressão, em sua maioria e quando expostas à atmosfera, ficam sujeitas às condições de umidade, de temperatura, precipitação e de pressão diferentes daquelas de origem. (LEPSCH, 2002). As variações de temperatura causam a expansão e contração térmica nos materiais rochosos, levando à fragmentação dos grãos minerais. Já os minerais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, comportam-se de forma diferenciada às variações de temperatura, provocando o deslocamento relativo entre os cristais, rompendo a coesão inicial entre os grãos. Também a mudança periódica de umidade pode causar expansão e contração provocando o enfraquecimento e fragmentação das rochas. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 30 NOTA Esse mecanismo de expansão e contração dos materiais rochosos é eficiente nos desertos, onde a diferença de temperatura entre o dia e a noite é muito acentuada. As rochas possuem fissuras que quando preenchidas com água e posteriormente congeladas, sofrem um aumento de volume de cerca de 9% exercendo pressão nas paredes, causando esforços que terminam por aumentar a rede de fraturas e fragmentação da rocha. (Figura 14). FIGURA 14 – FRAGMENTAÇÃO POR AÇÃO DO GELO. A ÁGUA LÍQUIDA OCUPA AS FISSURAS DA ROCHA (A), QUE DEPOIS É CONGELADA, SE EXPANDE E EXERCE PRESSÃO NAS PAREDES DAS FISSURAS (B) FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi (2000, p. 141) A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração tem efeito parecido com o congelamento, pois o crescimento desses minerais, também favorece a expansão das fissuras e a fragmentação das rochas. Esta cristalização pode chegar a exercer pressões enormes sobre as paredes das rochas, devido à expansão térmica. UNI O intemperismo físico de cristalização é um dos principais problemas que afetam os monumentos, em que os sais que se precipitam nas fissuras das rochas são cloretos, sulfatos e carbonatos originados da própria alteração intempérica da rocha, que são dissolvidos pelas soluções percolantes provenientes das chuvas. Há, atualmente, uma grande preocupação em preservar e restaurar monumentos históricos e, por essa razão, esses processos intempéricos são intensamente investigados. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 31 Quando as partes mais profundas dos corpos rochosos ascendem a níveis mais superficiais, acontece o alívio da pressão, e os corpos rochosos expandem, causando a abertura de fraturas grosseiramente paralelas à superfície ao longo da qual a pressão foi aliviada. Estas fraturas recebem o nome de juntas de alívio e também fazem parte dos mecanismos do intemperismo físico. (Figura 15). FIGURA 15 – FORMAÇÃO DAS JUNTAS DE ALÍVIO DEVIDO À EXPANSÃO DO CORPO ROCHOSO ONDE TEVE A PRESSÃO DIMINUÍDA PELA EROSÃO DO MATERIAL SOBREPOSTO. ESTAS DESCONTINUIDADES SERVEM DE CAMINHOS PARA A PERCOLAÇÃO DAS ÁGUAS, PROMOVENDO AS ALTERAÇÕES QUÍMICAS. A) ANTES DA EROSÃO; B) DEPOIS DA EROSÃO FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.142) Outro efeito do intemperismo físico é a quebra das rochas pela pressão causada devido ao desenvolvimento das raízes das plantas em suas fissuras. Portanto, quando as rochas são fragmentadas e, consequentemente, aumentando a superfície exposta ao ar e à água, o intemperismo físico abre caminho e facilita o intemperismo químico. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). 3.2 INTEMPERISMO QUÍMICO Quando as rochas afloram à superfície da Terra, seus minerais entram em desequilíbrio e, através de uma série de reações químicas, transformam- se em outros minerais, que por sua vez são mais estáveis neste novo ambiente (com pressões e temperaturas baixas e grande concentração de água e oxigênio). (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). IMPORTANT E O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e percola as rochas. UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 32 Essa água possui grande concentração de oxigênio (O2), que reage com o dióxido de carbono (CO2) atmosférico adquirindo caráter ácido, tornando-se cada vez mais ácido quando entra em contato com o solo, pois, a respiração das plantas pelas raízes e a oxidação da matéria orgânica enriquecem o ambiente com CO2. Quando a degradação da matéria orgânica não é completa, vários ácidos orgânicos são formados reagindo com as águas percolantes, tornando-as muito ácidas e, aumentando seu poder de oxidação dos minerais. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). Os constituintes solúveis das rochas intemperizados são transportados pelas águas que drenam o perfil de alteração (fase solúvel). Em consequência, o material que resta no perfil de alteração (fase residual) torna-se enriquecido nos constituintes menos solúveis e estão nos minerais primários residuais, que resistiram à ação intempérica e nos minerais secundários que se formaram no perfil. UNI As mudanças climáticas e fenômenos tectônicos colocam em desequilíbrio o manto de alteração dos continentes, removendo a vegetação e o tornando vulnerável à erosão mecânica. As reações do intemperismo químico podem ser representadas pela seguinte equação genérica: Mineral + Solução de alteração → Mineral ll +Solução de lixiviação Na maioria dos ambientes da superfície terrestre, as águas percolantes tem pH entre 5 e 9, onde as principais reações do intemperismo químico são: hidratação, dissolução, hidrólise e oxidação. A hidrólise é a reação de sais de ácido fraco, como o ácido ortossilícico (H4 Si O4) e bases fortes, como hidróxido de sódio (NaOH), o hidróxido de potássio (KOH), o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2). TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 33 FIGURA 16 – ALTERAÇÃO DE UM FELDSPATO. POTÁSSIO EM PRESENÇA DE ÁGUA E ÁCIDO CARBÔNICO, COM A ENTRADA DE H+ NA ESTRUTURA DO MINERAL, SUBSTITUINDO K+. O POTÁSSIO É ELIMINADO PELA SOLUÇÃODE LIXIVIAÇÃO E A SÍLICA APENAS PARCIALMENTE. A SÍLICA PERSISTENTE REAGE COM O ALUMÍNIO, FORMANDO A CAULINITA FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.145) A hidratação dos minerais ocorre pela atração entre os dipolos das moléculas de água e as cargas elétricas não neutralizadas das superfícies dos grãos, onde as moléculas de água entram na estrutura mineral, formando um novo mineral. (Figura 17). FIGURA 17 – AS CARGAS ELÉTRICAS INSATURADAS NA SUPERFÍCIE DOS MINERAIS INTERAGEM COM AS MOLÉCULAS DE ÁGUA FUNCIONANDO COMO DIPOLOS DEVIDO À SUA MORFOLOGIA FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.145) UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO 34 A dissolução é a solubilização completa de alguns minerais, ocorrendo com frequência em terrenos calcários, levando à formação de relevos cársticos, caracterizados por cavernas e dolinas. Já a oxidação é a reação que acontece com transferência de elétrons, modificando o número de elétrons dos minerais envolvidos, logo, adquirindo outras propriedades. Por exemplo, podemos observar na figura 18 um piroxênio transformando-se em goethita através de uma reação de oxidação. FIGURA 18 – ALTERAÇÃO POR MEIO DE UMA REAÇÃO DE OXIDAÇÃO DE UM MINERAL DE FE2+ (FERRO FERROSO) RESULTANDO EM FE3+ (FERRO FÉRRICO), RESULTANDO NO MINERAL GOETHITA FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.147) 35 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou que: • Os solos no processo de formação são controlados por cinco principais fatores: ativos (clima e organismos) e passivos (rocha, relevo e tempo). • Os principais elementos do clima (temperatura e umidade) regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e, a distinção entre os horizontes pedogenéticos. • Os organismos auxiliam no processo de decomposição e formação da matéria orgânica do solo. • Os materiais que dão origem ao solo podem ser classificados como autóctones (originam-se da ação do intemperismo do material parental - rocha subjacente); alóctones (materiais que foram conduzidos de outras áreas) e; pseudoautóctones (resultam de um processo de mistura dos produtos locais ao longo das encostas). • As rochas (materiais de origem) podem ser agrupadas em quatro categorias: a) materiais derivados de rochas claras; b) materiais derivados de rochas ígneas escuras; c) materiais derivados de sedimentos consolidados; d) sedimentos inconsolidados. • A partir da lixiviação, da erosão e da cobertura vegetal, o relevo afeta o desenvolvimento do solo. Além do mais, devido à topografia, encontramos denominações diferentes para os solos: aluviais, coluviais e eluviais. • O período para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão. • Intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgirem na superfície da Terra. • Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros processos, como erosão, transporte e sedimentação. • O intemperismo é classificado como físico e químico, em função dos mecanismos predominantes de atuação. • Os processos intempéricos que atuam como mecanismos modificadores das propriedades físicas dos minerais e rochas (morfologia, resistência, textura, entre outros) são denominados de intemperismo físico. 36 • O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e percola as rochas. • As principais reações do intemperismo químico são: hidratação, dissolução, hidrólise e oxidação. 37 Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda-as em seu Livro de Estudos. Bom trabalho! 1 Complete a frase a seguir com relação aos cinco fatores de formação do solo: O ________________ e os _________________ são os fatores ativos porque durante determinado tempo e condições de relevo agem diretamente sobre as rochas. Já as ________________, o _____________ e o ________________ são os fatores passivos. 2 Descreva que características possuem solos formados em clima árido e em clima tropical. 3 Quais funções são desempenhadas pelos microrganismos no solo? 4 Com relação à atuação dos microrganismos no solo, sabe-se que eles estão envolvidos em vários processos de grande interesse agronômico, particularmente no que se refere à agricultura orgânica e à rotação de culturas. Que ações são desempenhadas por esses microrganismos? Coloque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas: ( ) Decomposição e ressíntese da matéria orgânica. ( ) Ciclagem de nutrientes. ( ) Transformações bioquímicas específicas. ( ) Fixação química do nitrogênio. ( ) Produção de substâncias promotoras ou inibidoras de crescimento. 5 Existe uma grande variedade de rochas, porém as mais comuns podem ser agrupadas em quatro categorias. Quais são? Dê exemplos. 6 Diferencie os solos aluviais, eluviais e coluviais. 7 Que produtos são formados pelo intemperismo? 8 O que é intemperismo físico? 9 Quais são as principais reações do intemperismo químico? AUTOATIVIDADE 38 39 TÓPICO 3 ESTRUTURA DOS SOLOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A estrutura do solo refere-se à forma de como suas partículas estão agrupadas e organizadas em agregados e é o tipo de agregado que irá determinar o tipo de estrutura do solo. Entretanto, é importante conhecer a estrutura que os solos possuem uma vez que uma série de fatores age sobre eles. O suprimento de água, a aeração, a atividade microbiana, a disponibilidade de nutrientes e a penetração de raízes, dentre outros, são afetados pela estrutura dos solos. Dessa forma, podemos perceber que a estrutura do solo tem relação direta com a qualidade dos mesmos, além do mais, uma estrutura adequada permite uma melhor produção agrícola. Assim, neste tópico você vai estudar que o solo é composto por uma parte orgânica, advinda da ação de agentes decompositores de restos de plantas e animais; uma parte sólida advinda dos minerais e; uma parte gasosa. Também vamos conhecer suas características morfológicas como cor, textura, estrutura, consistência e porosidade e seus horizontes (O, A, A1 ou E, B, C e R) que formam o chamado perfil do solo. 2 COMPOSIÇÃO DO SOLO O solo é formado por constituintes nos três estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. A porção sólida é formada por matéria inorgânica (minerais – resultantes da decomposição de rochas) e matéria orgânica (resíduos de plantas e animais em diferentes estágios de decomposição, e organismos vivos e em atividade). A fase líquida é constituída pela água no solo, sais em dissolução e matéria coloidal em suspensão. Já a porção gasosa é o ar, apresentando diferença na proporção percentual de seus constituintes em relação ao ar atmosférico (KIEHL, 1979). Tanto o ar como água preenchem os espaços porosos (vazios) entre os materiais sólidos (orgânicos e inorgânicos). (LEPSCH, 2002). Os constituintes do solo apresentam-se geralmente em um estágio adiantado de subdivisão, muito bem misturados que se torna difícil uma separação eficiente. (BRANDY, 1983). Assim, a proporção volumétrica média do solo superficial (horizonte A), quando em boas condições para o desenvolvimento das plantas, está demonstrada na Figura 19. A maior ou menor quantidade desses 40 UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO elementos depende, diretamente, de condições climáticas, principalmente do fator "pluviosidade". (LEPSCH, 2002). FIGURA 19 – ESQUEMA DA COMPOSIÇÃO DO SOLO SUPERFICIAL QUANDO EM BOAS CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS. O VOLUME DE AR E ÁGUA DOS POROS SÃO EXTREMAMENTE VARIÁVEIS COM FORTE INFLUÊNCIA NA ADEQUAÇÃO DO CRESCIMENTO DE PLANTAS FONTE: A autora 2.1 PORÇÃO SÓLIDA: OS MINERAIS As partículas que constituem os componentes minerais do solo têm sua origem na intemperização das rochas. São compostas de fragmentos de rochas, de minerais primários (geralmente de tamanhos maiores), e de