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Psicanálise: Inconsciente e Sonhos


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1ª tópica: consciente e inconsciente
1. O que é o inconsciente para a psicanálise?
O inconsciente é parte da teoria da primeira tópica de Freud, justamente com o consciente e o pré-consciente.
Ele é o “lugar” onde armazenamos memórias, pulsões, desejos, e vontades recalcadas, que influenciam diretamente o sujeito, porém sem que ele tenha total domínio sobre ele.
2. O que é o determinismo psíquico?
É a premissa fundamental psicanalítica que todo comportamento humano (pensamentos e sentimentos) é determinado por razões inconscientes.
A ideia é que nada do que acontece em nossa mente é por acaso. Cada manifestação do indivíduo tem uma origem no aparelho psíquico.
Como postulou Freud: “não somos senhores da nossa própria casa”.
2ª tópica: Ego, ID e Superego
3. Quais demandas apareceram para que Freud sentisse a necessidade de criar a segunda tópica da psicanálise?
Ele sentiu dificuldade de explicar os fenômenos psíquicos apenas com a primeira tópica, e que precisava aprofundar a teoria.
Dessa forma, ele postulou o ID, Ego e Superego para complementar sua teoria.
4. Na segunda tópica temos um mecanismo que haja 100% consciente?
Não. O Id é relacionado com o inconsciente, e o Ego e o Superego possuem instâncias conscientes, pré-conscientes e inconscientes.
5. Como Freud entende o papel da cultura na formação do inconsciente?
Isso se dá na formação do Superego, que carrega todas as normas e ideais culturais para o aparelho psíquico.
Ele possui instâncias conscientes e inconscientes.
6. O que é a formação de compromisso e como ela funciona?
A formação de compromisso é um acordo entre consciente e inconsciente sobre os desejos reprimidos de forma que eles possam se manifestar no consciente, porém em uma linguagem figurada como nos sonhos.
A segunda tópica postula que o Ego é quem faz essa mediação.
7. Sobre o princípio “prazer x desprazer” – como o aparelho psíquico equilibra essa dinâmica entre o consciente e o inconsciente?
O aparelho psíquico, por meio do Ego, faz essa mediação através da mecânica da formação de compromisso descrita acima.
8. Qual a função do Ego na relação do Id com o Superego?
O ego faz a intermediação entre o Id e o Superego, de modo a garantir o equilíbrio psíquico. O ego bem estruturado é aquele que consegue fazer essa intermediação.
9. O ID, Ego e Superego pode ser alterado em caso de lesão cerebral?
Pode até ser que sim, mas lembrando que essas estruturas são instâncias psíquicas e não lugares físicos.
A psicanálise não se propõe a ser uma ciência neurológica, mas uma metapsicologia, como explicado acima.
Interpretação dos sonhos
10. Freud acreditava que os sonhos tem significado. A qual conclusão ele chegou?
Ele postulou que todo sonho possui conteúdos com os desejos inconscientes do sujeito “disfarçados” em metáforas e ilustrações.
11. Quais os mecanismos de formação dos sonhos segundo Freud?
Deslocamento, condensação, simbolismo e dramatização.
12. Para que servem esses mecanismos dos sonhos e como eles funcionam?
Visam proteger o sonhador, de forma que o consciente não reconheça o desejo oculto.
Dessa forma, o sujeito pode dormir sem ser invadido pelo desejo. Quando isso não ocorre, pode surgir o terror noturno, com angústia e pesadelos.
13. O que é sonho recordado?
É o sonho que passou pelo processo secundário da fragmentação, que tenta se esconder através de um discurso.
14. Mas por que não lembramos de alguns sonhos?
O esquecimento de um sonho se dá através do processo secundário do Superego que preserva o “não querer saber do sonho”.
15. O sonho pode ser usado pelo o aparelho psíquico para “proteger” a pessoa que não está preparada para lidar com um conflito?
Quem melhor sabe se a pessoa está preparada para lidar com o conflito é o analista.
Para a psicanálise, a grande maioria dos sonhos são uma manifestação do que está recalcado no inconsciente, mas de forma parcial e metafórica.
16. Como o aparelho psíquico “permite” que o sujeito durma sem risco de ser invadido pelos desejos proibidos pelo Superego?
Isso ocorre devido ao processo primário do sonho, no qual o sujeito não reconhece o desejo proibido, pois esse é vivenciado através de metáforas.
17. Como o sonho faz o papel da formação de compromisso entre as pulsões do Id e as defesas do Ego?
A partir do processo primário citado acima.
As pulsões são deformadas (como nos processos de condensação e deslocamento) para que possam emergir para o consciente de forma onírica.
Dessa forma, a metáfora não é carregada do afeto e pode ser expressa.
18. Sonhos e pesadelos: como os pesadelos de quem tem Transtorno do Estresse Pós-Traumático sacia o princípio de desprazer?
Através da compulsão à repetição e da pulsão de morte.
A dificuldade e resistência em lidar com os acontecimentos de guerra reprimidos, dariam origem ao sintoma.
Atos falhos e chistes
19. Como um ato falho gera prazer para o Inconsciente ao mesmo tempo que gera desprazer para o Consciente?
O ato falho dá prazer ao inconsciente pois permite o escape do desejo, mesmo que de forma simbólica.
Essa libido é como uma energia psíquica fluida, que ora é empurrada para cima, ora para baixo, tentando satisfazer ora o consciente, ora o inconsciente.
A formação do compromisso ocorre quando há um acordo de forças que satisfaça ambas as instâncias através do sintoma.
20. O que significa o esquecimento para a psicanálise?
O esquecimento é um lapso de memória ou ato falho, indicando algum tipo de recalcamento que pode estar representado no item esquecido de uma forma simbólica.
21. O que pode significar alguém chamar o namorado ou namorada pelo nome do(a) ex?
Como na questão acima, a troca do nome é um lapso de linguagem, um ato falho.
Não é possível identificarmos o que está sendo reprimido, a não ser através de uma análise mais elaborada com a pessoa.
22. O que são chistes?
É como uma proto-piada, com teor engraçado a partir de conteúdos reprimidos no inconsciente.
23. Qual a diferença de chiste e piada?
Chiste é diferente de piada, pois a última é criada com o objetivo de provocar o riso de forma objetiva.
Já o chiste é um escape de um desejo oculto que provoca o riso espontâneo por tocar em desejos ocultos dos que estão ao redor.
24. Como os chistes, mesmo em forma de piada, são inconscientes?
Um chiste é uma manifestação inconsciente dada através de um comentário que gera o riso por tangibilizar em questões reprimidas.
Portanto, necessariamente são inconscientes.
25. Se os chistes são praticados e compartilhamos em grupo como eles são tratados e interpretados na análise individualmente?
De forma natural, ao longo da análise.
Analista e analisando fazem a interpretação.
26. Qual a importância de os chistes serem tratados na análise ? Quem normalmente aborda esse assunto, o psicanalista ou o paciente?
O chiste pode ser usado para dar outro olhar a possíveis conteúdos reprimidos.
Isso ocorre naturalmente durante uma conversa, utilizando associação livre.
27. Por meio dos chistes é possível reconhecer os desejos reprimidos de uma pessoa?
Sim, porém através de análise e de forma individual.
Sintomas, neuroses e psicoterapia psicanalítica
28. O que é o sintoma para a psicanálise?
Sintoma é uma das formas de expressar algo que foi reprimido, sempre em forma de linguagem.
Por isso, um sintoma pode vir por sinais subjetivos ou físicos, mas sempre deve ser interpretado a partir de uma subjetividade.
29. Qual a diferença entre o conceito de sintoma da psiquiatria e o conceito de sintoma psicanalítico?
A psiquiatria é uma ciência mais prescritiva, portanto ela vai se atentar aos sintomas sem considerar a subjetividade do paciente.
Na psicanálise, o sintoma pode vir por um viés físico, mas aqui é sempre levado em consideração a subjetividade do indivíduo.
30. Se para a psicanálise a questão não é acabar com o sintoma, mas sabemos que este é desagradável para o indivíduo, qual é afinal a sua intenção?
Não existe estado de não neurose para a psicanálise, portanto, a ideia de patologia difere da patologia psiquiátrica.
Dessa forma, a tarefa do trabalho analítico é aproximar o indivíduodo seu desejo, atenuando o sofrimento sim, porém de uma forma subjetiva.
O analista irá ajudar o indivíduo a fazer a ressignificação do seu sofrimento, e que ele saiba sofrer, ou seja, que ele sofra “melhor” conciliando o desejo consigo mesmo, se apropriando do próprio desejo.
31. Qual a diferença entre neurose fóbica e histérica?
A neurose fóbica é um conflito psíquico transposto para um objeto no ambiente, como a fobia de baratas.
Existem objetos contra-fóbicos, como um amuleto.
A ideia é a mesma, mas funciona “ao contrário”, servindo como alívio de um conflito psíquico.
A neurose histérica é um conflito psíquico transporto para dentro, especificamente para o corpo, como uma cegueira parcial, uma paralisia de um membro, etc.
32. Sobre o ato de escrever, até quando a escrita criativa pode ser uma forma de aliviar o sintoma?
Aliviar o sintoma significa que algo que está recalcado está aparecendo de alguma forma.
Sim, pode ser uma forma de aliviar o sintoma.
Na escrita poética, por exemplo, o ato de escrever está relacionado com a sublimação, um mecanismo de defesa no qual um desejo inaceitável socialmente é transformado em algo aceitável pela sublimação.
33. A verbalização do sentimento causador do sintoma, mesmo quando não expressado para um psicanalista, pode aliviar o sintoma?
Sim, a verbalização pode aliviar o sintoma, mesmo na ausência do psicanalista.
Ao verbalizar o sentimento, o paciente traria à tona o que está dentro do inconsciente de alguma forma.
Sobre a própria psicanálise
34. O que é metapsicologia?
“Meta” significa “além de”.
Dessa forma, a psicanálise vai além da psicologia, ou seja, além do que é material.
Ela, portanto, se trata do imaterial, do subjetivo, das estruturas do aparelho psíquico, considerando os aspectos tópico, dinâmico e econômico do psiquismo que se mostram nessas relações.
Outras teorias psicanalíticas
35. Quais as diferenças entre a análise dos sonhos de Freud e Lacan?
Freud trabalha com os processos primário e secundário da elaboração dos sonhos.
Lacan dá ênfase à linguagem, o processo secundário.
36. O que significa “o sintoma são estruturados em forma de linguagem, de forma metafórica” citado por Christian Dunker?
Significa que um sintoma é uma tradução em forma de metáfora ou metonímia de um conflito interno.
A barata, exemplificada por Christian Dunker, é um significante (palavra) atrelada a um significado.
Não se tem medo da barata em si (significante), mas do significado que ela tem.
Dessa forma, os sintomas são estruturados em forma de linguagem (metáfora) para representar pq não temos condições de lidar com os conteúdos.
37. O que Christian Dunker quis dizer ao afirmar que o sintoma se manifesta na relação com o outro?
O Outro é o intermediário entre eu e o outro.
Dunker quis elucidar que sem o Outro não existe linguagem, e sem a linguagem não existe sintoma.
38. Na teoria de Winnicott um “objeto transicional” poderia ter seu papel realizado por um ser humano?
Não. Um ser humano faria parte do “fenômeno transicional”, porém não como o “objeto transicional”.

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