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UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br Introdução ao Direito Agrário UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 1 O conceito de direito agrário................................................................................2 A reforma agrária.................................................................................................5 Princípios gerais do direito agroambiental...........................................................8 Implicações jurídicas..........................................................................................13 Invisibilidade do imóvel rural..............................................................................15 Direito agrário: Art. 184 e 191 da constituição federal.......................................18 Direito agrário é o estatuto da terra...................................................................20 Da regulamentação dos agrotóxicos.................................................................23 O direito agrário e o princípio democrático........................................................25 Atividade agrária e regularidades ambientais....................................................27 As normas constitucionais de direito agrário no Brasil......................................30 Referências bibliográficas..................................................................................32 UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 2 O CONCEITO DE DIREITO AGRÁRIO Sabemos que Direito Agrário é o ramo do Direito que visa o estudo das relações entre o homem e a propriedade rural. Direito Agrário acompanha a evolução do Direito Ambiental, na medida em que vai sendo estudado sob as novas teorias Geopolíticas. As formas hoje existentes de direito alternativas, vem surgindo com a evolução de novas ideias e novos estudos interdisciplinares. Trazendo da História e dos conhecimentos Geográficos as ideias sobre a relação entre o Homem e a terra rural, o próprio homem foi criando regras jurídicas para disciplinar seu comportamento sobre o meio ambiente em que vive, para que utilize da topografia regional de maneira adequada. À luz da Geopolítica, o Direito Agrário se inter relaciona primeiro com o Direito Ambiental e depois com o Direito Territorial e o Direito Internacional. Há ainda a perspectiva de um Direito Agroambiental, introduzindo percepções ecológicas na construção do Direito Agrário, de modo que estuda-se não somente as questões relativas ao agronegócio[5] mas também as dimensões da proteção ambiental, bem como, os impactos ambientais da agricultura. O Direito Agrário está prevista no Brasil entre os artigos 184 e 191 da Constituição Federal. Em sua competência está a definição das políticas de uso do solo, a Reforma agrária, a definição do que é minifúndio, latifúndio - medidas em porções ideais considerando aquilo que seja uma faixa de terra capaz de assegurar a sustentabilidade de um núcleo familiar mínimo, em cada tipo de terreno - nalgumas legislações chamadas de módulo rural. No Brasil o diploma legal principal a disciplinar o Direito Agrário é o Estatuto da Terra. Para tratar de Direito Agrário é imprescindível discorrer acerca da agricultura, do seu descobrimento, e seu significado, que é a atividade do homem no cultivo da terra; produzindo, extraindo, quer para seu próprio consumo ou com o escopo de atingir uma escala de abrangência maior. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 3 ―Remontam aos primórdios da civilização as origens do Direito Agrário. E não poderia ser outra a constatação, pois que o primeiro impulso do homem foi retirar da terra os alimentos necessários à sua sobrevivência. Depois, quando os homens se organizaram em tribos, tornou-se imprescindível a criação de normas reguladoras das relações entre eles, tendo por objeto o ―agro‖. Nascia, ali, com tais normas, o ordenamento jurídico agrário‖. (Marques (2015, p. 1) ―A sesmaria é o latifúndio, inacessível ao lavrador sem recursos. A posse é, pelo contrário – ao menos nos seus primórdios, – a pequena propriedade agrícola, criada pela necessidade, na ausência de providência administrativa sobre a sorte do colono livre, e vitoriosamente firmada pela ocupação‖. (PEREIRA, José Edgar Penna Amorim, 2003, p. 25 Apesar da maior facilidade na obtenção das terras em comparação à fase anterior, no regime de posses, o pequeno proprietário para exercer a tutela possessória devia se atentar a sua função social, como denota-se de PINHEIRO FILHO, 2016 ―nessa fase, também conhecida como de ocupação, ao pequeno lavrador só era exigido que ele fizesse da terra sua morada habitual e a cultivasse com o próprio trabalho e o de sua família‖. Buscamos no mercado bons livros de bons autores para que possa agregar conhecimento: Leitura Complementar: Livro: Direito Do Agronegócio - Teoria E Prática Autor: Lucas Monteiro De Souza, Rafael molinari Rodrigues Editora: LTr; 1ªª edição (31 outubro 2019) Foi a Lei de Terras (Resolução de 1850) e o Estatuto da Terra (Lei 4504/1964) que estabeleceram freios para a situação, que até hoje ainda é ponto de conflito no campo. Entendido o contexto em que está inserido o Direito Agrário, vamos conhecer o conceito, o objeto, o relacionamento desta disciplina com outras ciências, a natureza jurídica do direito agrário, suas fontes e princípios. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 4 A questão agrária está vinculada a relações jurídicas, econômicas e sociais oriundas da atuação humana no setor primário da economia (agricultura, pecuária, pesca e extrativismo mineral) e de sua repercussão (no meio ambiente, na indústria, no transporte e comercialização de produtos). ―Direito Agrário é o ramo do direito positivo que regula as relações jurídicas do homem com a terra‖ (Wellington Pacheco Barros). A primeira ideia que precisamos entender é que o direito agrário preocupa-se com o homem e a propriedade que produz, aquela que é viável economicamente. Então podemos designar como ―agrário‖ o bem que admite exploração econômica. O designativo ―rural‖ acabou deixado de lado porque definia mais o ―campo‖ ou ainda, visto que imóvel ―rural‖ era termo antagônico ao imóvel ―urbano‖ (no direito romano). Sabemos que estas expressões não são abandonadas na explicação dos pontos importantes do direito, porém, tecnicamente, a palavra ―agrária‖ passou a melhor expressar a ciência que analisamos agora. Sodero aponta quais são as atividades agrárias: ―(...) Observe-se que a atividade agrária é produtiva por excelência. Por meio dela se realizam o cultivo da terra, pela exploração agrícola, extrativa, agro-industrial e florestal; bem como a exploração de animais, ou seja, a pecuária. Já as atividades agrárias vinculadas se dirigem à conservação dos recursos naturais considerados renováveis, terra, água e ar; às conexas à de produção, têm por fim transformar ou vender os produtos agropecuários‖. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 5 A REFORMA AGRÁRIA Após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, estabeleceu-se a estratégia de ocupação das terras abundantes utilizando pouca mão de obra local. As plantações eram voltadas para a exportação, utilizando mão de obra composta majoritariamente por escravos africanos. Apesar da abundância de terras, o acesso à terra sempre foi dificultado pela presença perene do "proprietário". Conforme Celso Furtado, amesma foi explorada pela chamada "empresa agrícola-comercial", consequência da expansão comercial europeia. A pecuária foi introduzida por causa da demanda por carne e animais de tração e carga tanto da empresa agromercantil quanto da posterior exploração mineira. As primeiras concessões de terras brasileiras foram feitas a homens de recursos, ou seja, economicamente poderosos, capazes de assumirem custos com grandes instalações e aquisição de escravos. A nova população de homens livres que chegava não tinha acesso às terras, que já possuíam donos. Tornavam-se, assim, dependentes dos grandes proprietários, trabalhando como artesãos, soldados ou eram aventureiros, o que permitia que o controle da terra fosse mantido. O pequeno plantador se transforma em morador e os sitiantes se tornavam empreiteiros para derrubadas ou agregados para tarefas auxiliares das empresas. Celso Furtado e Roberto Campos (1950-67) cita a doação de terras para cafezais no Espírito Santo a famílias (quase todas alemãs) que ficaram sob o controle dos comerciantes, que acabaram por monopolizar a terra. Esse autor afirma que "a propriedade da terra foi utilizada pra formar e moldar um certo tipo de comunidade, que já nasce tutelada e a serviço dos objetivos da empresa agro-mercantil". O que explica por que a massa escrava liberta também se transformou em comunidades tuteladas, sem afetar muito os negócios da empresa agromercantil no país. Nesse sentido, se insere a afirmação de autores que qualificaram o latifúndio como um sistema de poder, pela manutenção do controle da terra. No Brasil, em dois momentos históricos do século XX, os movimentos campesinos defenderam a tese da revolução agrária. O primeiro se deu entre os anos de 1920 e 1930, com a Coluna Prestes e a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Outro momento se deu na década de 1960, com a criação das Ligas Camponesas (com o lema "Reforma Agrária na lei ou na marra") e no episódio da Guerrilha do Araguaia. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 6 No dia 13 de março de 1964, no Comício da Central do Brasil, o presidente João Goulart assinou o decreto n.º 53 700, que determinava a desapropriação de terras nas margens das rodovias e estradas de ferro. João Pinheiro Neto, presidente da Superintendência da Política Agrária (Supra), entidade responsável pela implantação da reforma agrária, foi quem elaborou o decreto, mas, com a deposição do governo em 31 de março de 1964, o novo regime anulou o referido decreto de 13 de março. Pinheiro Neto foi afastado da direção da Supra, teve os direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional Número Um, foi preso e respondeu a três inquéritos policiais militares. No Brasil, a Constituição de 1988 garante a desapropriação do latifúndio improdutivo para finalidade pública e interesse social, como a desapropriação da terra com finalidade de reforma agrária ou para a criação de reservas ecológicas, não sendo permitida, no entanto, a desapropriação de propriedades que tenham sido invadidas. É feita indenização aos ex-proprietários. Um aspecto frequentemente criticado nesse sistema é a falta de ajuda financeira para os camponeses assentados, o que, muitas vezes, acaba por gerar um novo êxodo rural. "Êxodo rural" é a expressão pela qual se designa o abandono do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos. Reforma agrária é a reorganização da estrutura fundiária com o objetivo de promover e proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terra para realização de sua função social. A Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro DE 1993, dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. Abaixo citaremos alguns artigos desta lei para conhecimento: Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 7 § 7o Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, sequestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais situações. Art. 10. Para efeito do que dispõe esta lei, consideram-se não aproveitáveis: I - as áreas ocupadas por construções e instalações, excetuadas aquelas destinadas a fins produtivos, como estufas, viveiros, sementeiros, tanques de reprodução e criação de peixes e outros semelhantes; II - as áreas comprovadamente imprestáveis para qualquer tipo de exploração agrícola, pecuária, florestal ou extrativa vegetal; III - as áreas sob efetiva exploração mineral; IV - as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente. V - as áreas com remanescentes de vegetação nativa efetivamente conservada não protegida pela legislação ambiental e não submetidas a exploração nos termos do inciso IV do § 3º do art. 6º desta Lei. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 8 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO AGROAMBIENTAL Dando início aos nossos estudos, pontuamos os principais instrumentos de proteção ambiental. Principais instrumentos de proteção ambiental: Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) Plano de Controle Ambiental (PCA) Relatório de Controle Ambiental (RCA) Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) Relatório Ambiental Preliminar (RAP) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) A Lei da Ação Civil Pública (lei 7.347, de 24/7/85) tutela os valores ambientais, disciplina as ações civis públicas de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, consumidor e patrimônio de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Em 1988, a Constituição Federal dedicou normas direcionais da problemática ambiental, fixando as diretrizes de preservação e proteção dos recursos naturais e definindo o meio ambiente como bem de uso comum da sociedade humana. O artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988 diz: ―todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações.‖ Além disso, a Rio-92 – Conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento – sacramentou a preocupação mundial com o problema ambiental, reforçando princípios e regras para o combate à degradação ambiental no documento intitulado "Agenda 21", que consolidam a diretriz do desenvolvimento sustentável. A lei 6.938, regulamentada pelo decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, institui também o Sistema Nacionaldo Meio Ambiente (SISNAMA), constituído por UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 9 órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, conforme a seguinte estrutura: Órgão superior: conselho de governo Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) Órgão executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) Órgãos seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; Órgãos locais: órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e pela fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. No Brasil, o emergente Direito Ambiental estabelece novas diretrizes de conduta, fundamentadas na Política Nacional do Meio Ambiente (lei 6.938, de 31/8/81). Esse código estabelece definições claras para o meio ambiente, qualifica as ações dos agentes modificadores e provê mecanismos para assegurar a proteção ambiental. Direito ambiental é um ramo do direito, constituindo um conjunto de normas jurídicas e princípios jurídicos voltados à proteção da qualidade do meio ambiente. Para alguns, trata-se de um direito "transversal" ou "horizontal", que tem por base as teorias geopolíticas ou de política ambiental transpostas em leis específicas, pois abrange todos os ramos do direito, estando intimamente relacionado com o direito constitucional, direito administrativo, direito civil, direito penal, direito processual e direito do trabalho. No ano de 1972 foi realizada, em Estocolmo, Suécia, a I Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, marco inicial das reuniões envolvendo representantes de diversos Estados para a debate sobre a questão ambiental no mundo. O Brasil, que vivia sobre o regime da ditadura militar um período denominado como milagre econômico, participou da Conferência, se posicionando a favor do crescimento econômico ambientalmente irresponsável. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 10 Durante os anos 80, a discussão sobre a questão ambiental frente ao desenvolvimento econômico foi retomada. Em 1983, a Organização das Nações Unidas, em assembleia geral, indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para a presidência da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), criada para estudar o tema. Esta comissão, apresentou, em 1987, seu relatório intitulado Our Common Future (Nosso futuro comum), também conhecido como Relatório Brundtland, que cunhou a expressão desenvolvimento sustentável. Em 1992, o Brasil recepcionou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), mais conhecida como ECO- 92 ou Rio-92, na qual participaram mais de 150 países. Esta é considerada uma das mais importantes conferências sobre o assunto, na qual vários documentos foram produzidos, entre eles a Convenção da Biodiversidade e a Agenda 21. BENJAMIN nos oferece a seguinte retrospectiva histórica: I - Primeira fase: do descobrimento, em 1500, até aproximadamente a metade do Século XX, período em que a proteção ambiental no Brasil recebeu pouca atenção, à exceção de umas poucas normas isoladas. II - Segunda fase: fase fragmentária, onde o legislador, "preocupado com largas categorias de recursos naturais, mas ainda não preocupado com o meio ambiente em si mesmo considerado, impôs controles legais às atividades exploratórias". São desse período o Código Florestal (1965), os Códigos de Caça, de Pesca e de Mineração (todos de 1967), a Lei de Zoneamento Industrial (1980) e a Lei dos Agrotóxicos (1989). III - Terceira fase: prenunciada pela edição da Lei 6938/81, tem início a "fase holística" do Direito Ambiental onde, na dicção de BENJAMIN, "o ambiente passa a ser protegido de maneira integral, vale dizer, como sistema ecológico integrado". Em junho de 2012 o Brasil foi novamente anfitrião da ONU, recebendo representantes de todo o planeta para debater o futuro do Direito Ambiental, em conferência que vem sendo chamada de "Rio + 20". Trata-se de um período particularmente crítico para o Brasil, já que enfrentamos nos últimos anos uma série de retrocessos na área ambiental, de que são exemplos a iminente revogação do Código Florestal de 1965 e diversos megaprojetos de grave repercussão ambiental, como é o caso da Usina de Belo Monte. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 11 Direito ambiental no Brasil Os antecedentes históricos da legislação ambiental brasileira remontam às Ordenações Filipinas que estabeleciam normas de controle da exploração vegetal no país, além de disciplinar o uso do solo, conspurcação de águas de rios e regulamentar a caça. Sobre a evolução histórica da legislação o principal trabalho nesta matéria é o livro de Ann Helen Wainer. A Lei n.º 12.651/2012[19] revogou o antigo Código Florestal Brasileiro Lei n.° 4.771/65. Na antiga lei foram tratados de forma pioneira assuntos relacionados ao direito material fundamental. De acordo com LEUZINGER et alii,[20] o Código Florestal vigente "confere alto grau de proteção não apenas aos ecossistemas florestais, mas também a outras formas de vegetação encontradas nos espaços ambientais indicados, consubstanciados nas áreas de preservação permanente (APPs) e nas áreas de reserva legal (RL)". Todavia, a matéria do meio ambiente só foi introduzida em nosso ordenamento jurídico através da Lei 6.938/81, que estabeleceu a PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente. Nesse sentido, afirma RODRIGUES[21]: "Pode-se dizer que a lei 6938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) foi, por assim dizer, o marco inicial, o primeiro diploma legal que cuidou do meio ambiente como um direito próprio e autônomo. Antes disso, a proteção do meio ambiente era feita de modo mediato, indireto e reflexo, na medida em que ocorria apenas quando se prestava tutela a outros direitos, tais como o direito de vizinhança, propriedade, regras urbanas de ocupação do solo, etc." Em 1985 foi editada a Lei 7.347, que proporcionou a oportunidade de agir processualmente, através da Ação Civil Pública, toda vez que houvesse lesão ou ameaça ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. No projeto da citada Lei, em seu artigo 1º, inciso IV, foi a primeira oportunidade onde se falou de defesa dos direitos difusos e coletivos do cidadão; porém, este inciso foi vetado pelo Presidente da República. A previsão de utilização da ação civil pública para a defesa de quaisquer interesses difusos, entretanto, foi introduzida novamente em nosso ordenamento jurídico quando da edição da Lei 8.078/90, que acrescentou o inciso IV, do artigo 1º, da Lei 7.347/85, anteriormente vetado. A Lei 8.078/90 também definiu os direitos metaindividuais, criando os institutos dos Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. A tal respeito, afirmam alguns autores que a Constituição Federal de 1988 trouxe ao nosso ordenamento jurídico a defesa dos bens coletivos, através da inclusão da redação constante no artigo 225. Admite, inclusive, a UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 12 existência de uma terceira espécie de bem: o bem ambiental. Este bem é caracterizado por não ter uma propriedade definida, isto é, não é interesse único do particular, nem tampouco é considerado bem público: é um bem comum, de uso coletivo de todo um povo. FIGUEIREDO oferece, contudo, uma visão diversa do tema, asseverando que a defesa dos interesses difusos e coletivos, "se adequadamente exercida pelo Estado,não poderia merecer outra qualificação que não a de tutela de interesses públicos primários. Sob este enfoque, não há por que afirmar que o advento da consciência acerca da existência de interesses difusos teria causado uma crise profunda e incontornável na dicotomia clássica direito público/direito privado". Em 18 de julho de 2000 foi publicada a Lei Federal n. 9.985, que regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. De acordo com BENJAMIN, a configuração jurídico-ecológica das unidades de conservação depende do cumprimento de cinco pressupostos: relevância natural, oficialismo, delimitação territorial, objetivo conservacionista e regime especial de proteção e administração. LEUZINGER afirma que esta lei "tem por mérito a sistematização do tratamento normativo destas unidades de conservação (UCs), que antes estavam previstas, de forma desordenada, em diferentes leis e atos normativos". Em 30 de junho de 2003, sob os auspícios do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública - IBAP, foi criada na cidade de São Paulo a Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil - APRODAB, primeira entidade do gênero no planeta. Reunindo praticamente a totalidade dos principais doutrinadores de Direito Ambiental do Brasil, desde então a APRODAB realiza anualmente o Congresso Brasileiro do Magistério Superior de Direito Ambiental. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 13 IMPLICAÇÕES JURÍDICAS Direito Agrário se compõe do estatuto jurídico da propriedade da terra e da atividade agrária, e que é indispensável que o princípio da função social da terra informe esse estatuto (Ígor TEN6RIO, 1975:6). O Direito agrário é considerado um novo ramo do direito, possuindo inúmeros conceitos, alguns de forma mais técnica, mais formal e outros de maneira mais singela e um tanto objetiva. Entrementes, elencamos alguns conceitos, para melhor elucidar pedagogicamente a definição de Direito agrário. Dentre os conceitos citamos primeiramente, Paulo Torminn Borges: ―É o conjunto de normas jurídicas que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade.‖ (BORGES, 1994, pág. 17). Um mecanismo jurídico democrático orientado pela concepção de justo demanda, sobretudo, o convite de todos os atores sociais para a discussão da importância da pessoa na articulação política, social e econômica da sociedade. A análise do status da pessoa e de sua implicação jurídica perpassa pela conclusão de que a ciência jurídica em grande medida foi e continua sendo responsável pela legitimação das decisões da sociedade no que diz respeito ao enquadramento das pessoas no meio, conferindo a elas alocações artificiais conforme contextos escolhidos, os quais podem ser político, econômico, social ou cultural. Em Umberto Machado de Oliveira a função fundamentadora dos princípios é apresentada de forma pedagógica e extremante compreensível. ―Eficácia derrogatória e diretiva. Por ela, segundo Espínola, as normas que confrontem os centros de irradiação normativa assentados nos princípios (constitucionais), perdem sua validade (no caso da eficácia diretiva) e/ou sua vigência (em se tratando da eficácia derrogatória), tudo isso em face do contraste normativo com normas de estalão constitucional‖. (OLIVEIRA, 2010, pág. 96). ―O papel de orientarem as soluções jurídicas a serem aplicadas em situações concretas submetidas à apreciação do intérprete. São, desse modo, vetores de sentido jurídico às demais normas, em face dos fatos e atos que exijam compreensão normativa. Assim, os princípios jurídicos desempenham o papel UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 14 de guiamento do momento cognoscitivo do responsável pela aplicação das regras jurídicas, diante de um caso em que lhe é solicitada uma solução‖. (OLIVEIRA, 2010, pág. 97). Outro doutrinador que aprofundou estudos sobre os princípios do Direito agrário foi Vicente Gonçalves de Araújo Júnior. Em sua obra vemos os princípios que ele enfatizou: ―1º) função social da propriedade; 2º) progresso econômico do rurícola; 3º) progresso social do rurícola; 4º) fortalecimento da economia nacional, pelo aumento da produtividade; 5º) fortalecimento do espírito comunitário, mormente de família; 6º) desenvolvimento do sentimento de liberdade (pela propriedade) e de igualdade (pela oferta de oportunidades concretas); 7º) implantação da Justiça distributiva; 8º) eliminação das injustiças sociais no campo; 9º) povoamento da zona rural, de maneira ordenada; 10º) combate ao minifúndio 11º) combate ao latifúndio 12º) combate a qualquer tipo de propriedade rural ociosa, sendo aproveitável e cultivável; 13º) combate à exploração predatória ou incorreta da terra.‖ (JÚNIOR, 2002) UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 15 INVISIBILIDADE DO IMÓVEL RURAL ―O interessado deve retificá-las por meio da Declaração para Cadastro Rural (DCR) e, com isso, o próprio sistema gera novo certificado com a Guia de Recolhimento da União (GRU) e valores atualizados‖. ( Incra ) Lei 13.465, de 11 de julho de 2017 - Dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal. Lei 11.952, de 25 de junho de 2009 - Dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Institui o Código Civil. Lei 10.267, de 28 de agosto de 2001 - Altera dispositivos das Leis 4.947/66, 6.015/73, 6.739/79, 9.393/96 e cria o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR. Lei 8.935, de 18 de novembro de 1994 - Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios). Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 - Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII da Constituição Federal. Estabelece os critérios para classificação do imóvel rural quanto ao tamanho e produtividade. Lei 6.634, de 2 de maio de 1979 - Dispõe sobre a Faixa de Fronteira, altera o Decreto-lei 1.135, de 3 de dezembro de 1970. Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973 - Dispõe sobre os registros públicos. Lei 5.868, de 12 de dezembro de 1972 - Cria o Sistema Nacional de Cadastro Rural. Lei 5.709, de 7 de outubro de 1971 - Regula a aquisição de imóvel rural por estrangeiro residente no país ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 16 Lei 4.947, de 6 de abril de 1966 - Fixa Normas de Direito Agrário, dispõe sobre o Sistema de Organização e Funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964 - Dispõe sobre o Estatuto da Terra. Decreto nº 10.165, de 10 de dezembro de 2019 - Altera o Decreto nº 9.309, de 15 de março de 2018, que dispõe sobre a regularização fundiária das áreas rurais. Decreto nº 9.309, de 15 de março de 2018 - Regulamenta a Lei n º 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor sobre a regularização fundiária das áreas rurais. Decreto 4.449, de 30 de outubro de 2002 - Regulamenta a Lei 10.267/2001. Decreto 85.064, de 26 de agosto de 1980 - Regulamenta a Lei nº 6.634, de 2 de maio de 1979, que dispõe sobre a Faixa de Fronteira. Decreto 74.965, de 26 de novembrode 1974 - Regulamenta a Lei 5.709, de 7 de outubro de 1971, que dispõe sobre a aquisição de imóvel rural por estrangeiro residente no País ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil. Decreto 72.106, de 18 de abril de 1973 - Regulamenta a Lei 5.868, de 12 de dezembro de 1972, que institui o Sistema Nacional de Cadastro Rural e dá outras providências. Decreto 62.504, de 8 de abril de 1968 - Regulamenta o artigo 65 da Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964, o artigo 11 e parágrafos do Decreto-Lei 57, de 18 de novembro de 1966. Decreto 59.566, de 14 de novembro de 1966 - Regulamenta a Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964 e a Lei 4.947, de 6 de abril de 1966. Decreto 55.891, de 31 de março de 1965 - Regulamenta o Estatuto da Terra no que se refere a zoneamentos e cadastros. Em caso de descaracterização da área total do imóvel, o Incra envia ofício ao interessado, ao cartório de registro de Imóveis e à prefeitura do município de localização da área. No caso de parte dele, haverá atualização da área remanescente no Sistema Nacional de Cadastro Rural. A solicitação pode ser feita presencialmente, nas superintendências regionais e unidades avançadas UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 17 do Incra, nas Unidades Municipais de Cadastramento existentes em municípios, ou por correspondência, via Correios. Se a área do imóvel for inferior à 3 (três) Módulos de Exploração Indefinida (MEI), sendo a primeira aquisição, a descaracterização poderá ser feita normalmente, com os mesmos procedimentos utilizados para imóveis de brasileiros. No caso de o estrangeiro ser proprietário de mais de um imóvel no Brasil, ou, se a área for superior a 3 (três) ** MEI, o estrangeiro deverá apresentar a autorização do Incra para a aquisição do imóvel, conforme o caso. No Registro de Imóveis, o imóvel será rural, independentemente de sua localização, se constar da matrícula o código que o Incra lhe atribuir, ou melhor, se houver referência ao Certificado de Cadastro de Imóvel Rural — CCIR —, considerando-se a unidade imobiliária o prédio rústico descrito na sua respectiva matrícula, em observância ao princípio da unitariedade da matrícula, ou seja, cada imóvel terá sua própria matrícula e cada uma representará um único imóvel, conforme artigo 176, § 1º, inciso I, da Lei nº 6.015/73. É evidente que no procedimento de certificação do memorial descritivo georreferenciado, para os fins e efeitos do Registro de Imóvel, não se aplica o conceito agrário de imóvel rural. A identificação do imóvel rural referida nos §§ 3º e 4º do artigo 176 da Lei nº 6.015/93 é requisito da matrícula. É exigência imposta ao Registro de Imóveis. A Lei nº 6.015/73, com suas alterações introduzidas pela Lei nº 10.267/2001, não se dirige ao cadastro do Incra. Definitivamente, não há Lei que imponha ao proprietário a obrigação de promover o georreferenciamento de todas as áreas rurais contíguas que lhe pertençam e que estejam matriculadas no Registro de Imóveis competente, quando pretender realizar algum ato relativo a uma de suas propriedades imobiliárias. Melhor esclarecendo — embora pareça já estar se tornando repetitivo —, se uma pessoa detém a titularidade em mais de uma matrícula de imóvel rural que estejam contiguamente localizados e pretenda realizar alguma modificação em uma área correspondente a alguma das matrículas, não estará obrigada a promover o georreferenciamento de todas as outras áreas, mas apenas daquela que sofrerá a alteração. No entanto, a afirmação contrária encontra fundamento legal, porquanto, ao proprietário que desmembra, remembra, parcela ou aliena a área descrita na sua respectiva matrícula, a Lei impõe a obrigação de georreferenciá-la, sob pena de não conseguir efetivar o registro do título que deu causa a esses fatos imobiliários. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 18 DIREITO AGRÁRIO: ART. 184 E 191 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Os representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. A usucapião rural, também conhecida por usucapião pro labore, encontra guarita no texto constitucional brasileiro no artigo 191. Apresenta modos UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 19 peculiares de aquisição de propriedade como forma de conferir ao indivíduo e sua família a segurança sobre o aspecto da titularidade da terra no intuito de residir e laborar para o sustento próprio. Por força do art. 22, I, da Constituição Federal, compete a União legislar privativamente sobre direito agrário, despontando dentre outras, a lei 4.947/66, art. 1º, que dispõe sobre o direito agrário e a reforma agrária, e a lei 4.504/64, conhecida por Estatuto da Terra, as quais estabelecem normas e princípios específicos que comprovam a especialidade, autonomia e independência do direito agrário. Em linhas gerais o direito agrário está intimamente ligado com a terra, o cultivo, a produtividade, a utilidade, dispondo-se a qualificar o aproveitamento da terra por meio da função social e econômica, e quando não é atendida pelo proprietário rural, impõe-se penalidades como a desapropriação e a prescrição extintiva, esta própria do instituto da usucapião. Feitas essas considerações, o instituto da usucapião rural surgiu pela primeira vez na Constituição Federal de 1934, art. 125, dispondo ―que todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por 10 anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, o trecho de terras até 10 hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele sua morada, adquirirá o domínio do solo, mediante sentença declaratória devidamente transcrita‖. A Constituição de 1937, art. 148, manteve igualmente a usucapião rural, já a Constituição de 1946, art. 156, disciplinou a usucapião rural, apenas aumentando o tamanho da área para vinte e cinco hectares. A Emenda Constitucionaln. 10 de 1964 aumentou novamente a área para 100 hectraes. A usucapião constitucional que nos dispomos a tratar recebe diversas denominações que, na lição de Benedito Silvério Ribeiro, pode ser ―usucapião rústica, pro labore, rural, agrária, especial ou constitucional, também chegada a denominar-se pro deserto […]. A palavra "rural", do latim rus, rurais, que significa campo, é indicativa daquilo que está forma dos limites das zonas urbanas ou suburbanas […]‖. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 20 DIREITO AGRÁRIO É O ESTATUTO DA TERRA O Estatuto da Terra foi a primeira lei a regulamentar o princípio da função social da terra conforme § 1º do artigo 2º,(verbis): ―A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: a) Favorece o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) Mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) Assegura a conservação dos recursos naturais; d) Observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam‖. Importante frisar que este dispositivo legal, com pequenas nuances, foi elevado à categoria constitucional prevista no artigo 186 da CF/88. Este princípio regulamentado é que norteia o Direito Agrário Brasileiro. O órgão imediatamente anterior foi a SUPRA – Superintendência da Política Agrária, criada pela Lei Delegada Nº 11 de 11 de outubro de 1962. Esta instituição agrária, por sua vez, havia incorporado os serviços e patrimônio da Fundação Serviço Social Rural- SSR, criado pela Lei nº. 2.613/55; os serviços e patrimônio do Instituto Nacional de Imigração e Colonização – INIC, criado pela Lei nº 2.163, de 05/01/54; Os serviços e patrimônio da Carteira de Colonização do Banco do Brasil –S/A, criada pela Lei nº 2.237, de 19 de junho de 1954, e do Estabelecimento Rural de Tapajós , criado pela Lei nº 3.431, de 18 de julho de 1958, e localizado no município de Santarém, Estado do Pará e formado por Plantações FORD de Belterra e Forlândia ( norte-americanas) , adquiridas pelo Decreto-Lei nº 8.440, de 24 de dezembro de 1945, sendo transferidas ao Ministério da Agricultura pelo artigo 113 do Estatuto da Terra. Estatuto da Terra é a forma como legalmente se encontra disciplinado o uso, ocupação e relações fundiárias no Brasil. Conforme o Estatuto da Terra, criado UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 21 em 1964, o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à terra para quem nela vive e trabalha. Um dos primeiros códigos inteiramente elaborados pelo Governo Militar no Brasil, a Lei 4 504, de 30 de novembro de 1964, foi concebida como forma de colocar um freio nos movimentos campesinos que se multiplicavam durante o Governo João Goulart. Apesar de importantes peças para o ordenamento jurídico brasileiro, seu conteúdo é muito pouco difundido, e conta com poucos especialistas no meio doutrinário. Conquanto seus conceitos abarquem definições de cunho inteiramente político, servem para nortear as ações de órgãos governamentais de fomento agrícola e de reforma agrária, como o INCRA. São diversos os conceitos ali enunciados, com importantes repercussões para a vida no campo, bem como a relação do proprietário de terras com o seu imóvel. Dentre elas: Reforma agrária - é o conjunto de medidas em que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. (Art. 1º) . Reforma agrária é a reorganização da estrutura fundiária com o objetivo de promover a distribuição mais justa das terras. A reforma agrária tem o objetivo de proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terra para realização de sua função social; Módulo rural - consiste, em linhas gerais, na menor unidade de terra onde uma família possa se sustentar ou, como define a lei: lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico - e cujas dimensões, variáveis consoante diversos fatores (localização, tipo do solo, topografia, etc.), são determinadas por órgãos oficiais. Por estes critérios, uma área de várzea de meio hectare pode configurar, em tese, um módulo rural - ao passo que 10 hectares de caatinga podem não atingi-lo; Minifúndio - Uma propriedade de terra cujas dimensões não perfazem o mínimo para configurar um módulo rural (nos exemplos anteriores, uma várzea de 0,2ha...); O minifúndio é a propriedade de pequena extensão para o seu auto sustento, em função de vários fatores: a situação regional, por meio do plantio de hortaliças, apicultura, criação de aves, piscicultura, fruticultura e qualquer UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 22 atividade que dependa de pouco espaço e muita mão de obra. Estes são utilizados na agricultura tradicional. No Brasil o minifúndio está atrelado principalmente à agropecuária de subsistência, geralmente familiar, utilizando conhecimentos tradicionais e uso de tecnologias sociais com baixo impacto ambiental. O minifúndio dedica-se principalmente em policultura para o mercado interno. A cidade com maior número de minifúndios do mundo é Canguçu, no Rio Grande do Sul. Latifúndio - propriedades que excedam a 600 módulos rurais ou, independente deste valor, que sejam destinadas a fins não produtivos (como a especulação). Um latifúndio é uma propriedade agrícola de grande extensão pertencente a uma única pessoa, uma família ou empresa e que se caracteriza pela exploração extensiva de seus recursos. A extensão necessária para se considerar uma propriedade como um latifúndio depende do contexto: enquanto na Europa o grande latifúndio pode ter algumas centenas de hectares, na América Latina, pode facilmente ultrapassar os 10 mil. Além da extensão, outras características do que é conhecido como latifúndio são: baixos rendimentos unitários, uso da terra abaixo do nível de exploração máxima e baixa capitalização. O latifúndio tem sido tradicionalmente uma fonte de instabilidade social, associada à existência de grandes massas de camponeses sem terra. Para resolver os problemas causados por grandes propriedades, já se tentou fórmulas diferenciadas, dependendo do tipo de governo: desde a mudança na estrutura da propriedade (reforma agrária), inclusive com expropriações, até a modernização da exploração agrícola (agricultura de mercado). UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 23 DA REGULAMENTAÇÃO DOS AGROTÓXICOS Após a 2º Guerra Mundial, foi período de grande avanço químico industrial e farmacêutico, de reconstrução dos países destruídos e do crescente aumento populacional, que foi difundido o uso dos agrotóxicos. Os agrotóxicos serviram também como arma química nas guerras da Coréia e do Vietnã, conhecido como ―agente laranja‖, que dizimou milhares de soldados e civis, além de ter contaminado o meio ambiente. Nas décadas de 60 e 70 surgiu a Revolução Verde, um modelo que se baseia na utilização de sementes geneticamente melhoradas e uso de fertilizantes e agrotóxicos entre outros com o objetivo de aumentar as produtividades agrícolas e resolver os problemas da fome nos países em desenvolvimento. No Brasil, a Revolução Verde se deu através do aumento da importação de produtos químicos, da instalação de indústrias produtoras e formuladoras de agrotóxicos e do estímulo do governo, através do crédito rural, para o consumo de agrotóxicos e fertilizantes. Após a constatação de que os resíduos de DDT persistiam ao longo de toda cadeia alimentar, o produto foi banido em vários países na década de 1970, com uso controlado pela Convenção de Estocolmo sobre poluentesOrgânicos Persistentes. Contudo, no Brasil, apenas em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei n.º 11.936/09, proveniente do projeto de lei (PLS 416/99) do senador Tião Viana (PT-AC), que proíbe a fabricação, a importação, a exportação, a manutenção em estoque, a comercialização e o uso de diclorofeniltricloroetano – DDT. É a partir de 1975, com o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que cuidou da abertura do Brasil ao comércio internacional desses produtos, que ocorrerá um verdadeiro boom na utilização de agrotóxicos no trabalho rural. No Brasil, os agrotóxicos passarão a ser regulados pela Lei n.º 7.802/89, até então a matéria era regulada apenas por portarias ministeriais e representou um grande avanço no controle destas substâncias. A referida lei é regulamentada pelo Decreto n.º 4.074, de 2002. Agrotóxico, segundo o Decreto, em seu artigo 1º, inciso IV, é definido como: ―produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 24 plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento‖. De acordo com a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, em seu Art. 3º Os agrotóxicos, seus componentes e afins, de acordo com definição do art. 2º desta Lei, só poderão ser produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura. § 1º Fica criado o registro especial temporário para agrotóxicos, seus componentes e afins, quando se destinarem à pesquisa e à experimentação. § 2º Os registrantes e titulares de registro fornecerão, obrigatoriamente, à União, as inovações concernentes aos dados fornecidos para o registro de seus produtos. § 3º Entidades públicas e privadas de ensino, assistência técnica e pesquisa poderão realizar experimentação e pesquisas, e poderão fornecer laudos no campo da agronomia, toxicologia, resíduos, química e meio ambiente. § 4º Quando organizações internacionais responsáveis pela saúde, alimentação ou meio ambiente, das quais o Brasil seja membro integrante ou signatário de acordos e convênios, alertarem para riscos ou desaconselharem o uso de agrotóxicos, seus componentes e afins, caberá à autoridade competente tomar imediatas providências, sob pena de responsabilidade. § 5º O registro para novo produto agrotóxico, seus componentes e afins, será concedido se a sua ação tóxica sobre o ser humano e o meio ambiente for comprovadamente igual ou menor do que a daqueles já registrados, para o mesmo fim, segundo os parâmetros fixados na regulamentação desta Lei. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 25 O DIREITO AGRÁRIO E O PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO Para Raymundo LARANJEIRA (2002, p. 27), ao discorrer sobre o "Estado da Arte do Direito Agrário no Brasil", afirma que: (...) as obras doutrinárias brasileiras, no que se refere ao Direito Agrário, não fazem por destoar, em sua grande maioria, o compromisso que seus autores, como juristas de país de 3º Mundo, hão de ter com os fundamentos da nacionalidade e com os interesses das camadas populares. A interpretação dos princípios de Direito Agrário induz ao seu conteúdo peculiar, ficando assim legitimada a ação dos movimentos sociais de luta pela terra, como o principal impulsionador das transformações na estrutura agrária brasileira e da realização da justiça social. Na definição sintética de Marcelo Dias VARELLA (1997, p. 267), "direito agrário é o conjunto de normas e princípios que visam regular e desenvolver a atividade agrária e promover o bem-estar da sociedade ." Vários respeitados jus-agraristas se empenharam em formular definições completas e científicas para o Direito Agrário, cada qual enfocando um princípio ou característica que entendesse ser a mais importante, e outras vezes pendendo a uma suposta neutralidade. Como o Direito origina-se dos fatos sociais, a principal fonte (fonte material, tomando-se a classificação tradicional) do Direito Agrário são os conflitos de interesse (litígios), sociais e inter-individuais, decorrentes das atividades agrárias. Estes por sua vez determinam, numa relação dialética, a formação das fontes classificadas como formais: a legislação, a doutrina, a jurisprudência e os costumes. Impulsionadas pelos conflitos pela posse da terra, culminando-se, na ocasião do Estatuto da Terra , a aniquilação genocida, pelo Exército Brasileiro, após o golpe militar de 1964, das Ligas Camponesas, que vinham se desenvolvendo desde o final da década de 40. Aqui se tornam emblemáticos os dizeres de Gishkow (apud RIBEIRO, 1997, p. 233) de que "a desvinculação do direito agrário do direito civil não foi uma posição doutrinária, mas a contestação de uma necessidade política e econômica, com inegável caráter jurídico ". UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 26 Também são o Estatuto da Terra e sua legislação complementar que reforçam a autonomia científica do Direito Agrário. O que dá essa autonomia são princípios, objeto e método próprios. E tudo isso já foi desenvolvido no Direito Agrário. Quanto aos princípios, veremos a seguir. Quanto ao objeto, tratam-se das atividades agrárias. Já o método leva em conta aqueles princípios, para abordar um objeto cheio de particularidades visando um fim específico que é a justiça social. O Direito Agrário atualmente é regido por princípios, costumes, pela Constituição Federal e, principalmente pelo Estatuto da Terra, o processo próprio do Direito Agrário é sistematizado em sua doutrina, explicitando um código de estudos próprio, gerando uma autonomia didática. O Direito Agrário se conceitua por ser o conjunto das normas, dos regulamentos, das leis e dos alinhamentos que regem a propriedade e a organização territorial e as posses agrícolas. As principais características do Direito Agrário são: Imperatividade: que se refere a forte intervenção do Estado nas relações agrárias, sendo obrigatória a aplicação da lei, tal imperatividade tem como motivo a proteção do trabalhador do campo, dessa forma regras próprias. A segunda característica marcante do direito agrário está ligada a função social de suas regras que se resume em equalizar de forma mais social o direito sobre as propriedades rurais no Brasil combatendo terras improdutivas e os latifúndios. Como características principais, ou seja, as tendências para as quais a doutrina da matéria aponta, primeiro, a imperatividade, ideia na qual o Estado exerce forte intervenção nas relações agrárias, tornando obrigatória a aplicação da lei. A imperatividade é uma ferramenta que busca principalmente proteger o elo mais vulnerável do direito agrário, o camponês ou trabalhador rural. A segunda característica marcante deste ramo do direito é a promoção da função social da terra, que se traduz na utilização racional do solo, fazendo com que este beneficie o maior número possível de cidadãos, tanto no campo como na cidade, nunca esquecendo de reforçar as práticas de preservação ambiental dos recursos naturais.(SANTIAGO, 2016) UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 27 ATIVIDADE AGRÁRIA E REGULARIDADES AMBIENTAIS Antigamente não havia uma legislação específica que regia as terras, produções agrícolas e até seus impactosno meio ambiente, havia uma cobrança de uma legislação própria para isso. Antes eram regidos pelo Direito Civil, no que tangia à propriedade. Em 1850 nasceu a Lei n. 601 (Lei de Terras), servindo para cobrir vazio legislativo consentido após a revogação do regime colonial de sesmarias, em 1822. Porém, ainda não era uma lei que atendia os campestres pobres, e sim, favorecia a concentração das terras. Apenas no ano de 1964, durante o período Militar, com a promulgação da Lei n. 4.504, o Estatuto da Terra , que o Direito Agrário concretizou sua autonomia legislativa. O Direito Agrário atualmente é regido por princípios, costumes, pela Constituição Federal e, principalmente pelo Estatuto da Terra, o processo próprio do Direito Agrário é sistematizado em sua doutrina, explicitando um código de estudos próprio, gerando uma autonomia didática. O Direito Agrário é regido por princípios próprios, tais quais SANTIAGO (2016) cita em seu artigo: Monopólio legislativo da União – a União é a única competente para legislar em matéria de direito agrário; Utilização da terra se sobrepõe à titulação dominical – a terra é um bem que deve servir à coletividade, em detrimento de um ou um número restrito de indivíduos; Propriedade condicionada à função – a propriedade rural deve ser plenamente utilizada, e não se tornar um objeto de especulação financeira; Dicotomia do direito agrário: política de reforma agrária e política de desenvolvimento rural – a terra deve estar disponível a todos, e estes devem nela produzir; Interesse público sobre o individual – o interesse público prevalece sobre as pretensões do indivíduo. Proteção à propriedade familiar e a pequena e média propriedade – a lei deve buscar a manutenção da propriedade que sirva ao sustento de um núcleo UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 28 familiar, e as pequenas e médias propriedades – sempre produtivas, claro – devem ter o estímulo do poder público; Fortalecimento da empresa rural – deve ser estimulada a unidade que se dedica a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda. Conservação e preservação dos recursos naturais e do meio ambiente etc. – a produção rural não deve desperdiçar ou por em risco os recursos naturais disponíveis. Conceitualmente, a atividade agrária é ―aquela na qual se interrelacionem certo trato de terra, o processo agrobiológico e o homem, este agindo profissionalmente e sujeito ao risco biológico, visando a um produto, agrícola, pecuário, florestal ou do extrativismo, e, até, ao beneficiamento, à transformação e à alienação deste, quando pertinentes à exploração da terra rural‖ (de acordo com conceito trazido pelo Esboço Parcial de Anteprojeto de Consolidação de Diplomas Agrários). Por consequência da agrariedade, a atividade agrária, diferentemente das outras atividades econômicas (comércio, indústria e serviços) possui a sua capacidade de expansão limitada e diretamente vinculada aos elementos da natureza. O setor agropecuário vem se destacando na economia brasileira nas últimas décadas por seu expressivo aumento em produtividade e sua crescente importância para a manutenção do equilíbrio da balança comercial do país. Com a modernização da agricultura e o aumento do uso intensivo de máquinas e insumos, elevaram-se os níveis de produtividade da terra e do trabalho, contribuindo também para o crescimento da indústria associada ao setor (Gasques et al., 2010). Estima-se que a produção do agronegócio brasileiro, que inclui toda a produção resultante das atividades agropecuárias e das indústrias a montante e a jusante desse processo produtivo, responda atualmente por 22,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (Cepea, 2011). O aumento das pressões sobre os recursos naturais no planeta gerou uma crescente preocupação mundial relacionada ao esgotamento desses recursos e à sustentabilidade do crescimento econômico dos países, resultando na realização de uma série de encontros internacionais para debater sobre o tema. Em meio a esses debates, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, definido como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações no sentido de atenderem às suas próprias necessidades (CMMAD, 1988). Na construção desse novo conceito, aliaram-se também às discussões, além das questões ambientais, as questões relativas às desigualdades sociais e ao direito dos países subdesenvolvidos de crescer economicamente, levando à busca por uma UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 29 agenda de desenvolvimento que seja economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. O Brasil é considerado um dos países que apresentam condições de aumentar a produção agropecuária para suprir a demanda mundial por alimentos e biocombustíveis. Entretanto, muitos obstáculos ainda precisam ser vencidos para que esse crescimento do setor agropecuário ocorra de uma maneira sustentável, gerando não apenas benefícios econômicos para o país, mas também garantindo a conservação da sua grande riqueza de recursos naturais e proporcionando melhores condições de vida para o homem do campo. É importante destacar que os serviços ambientais fornecidos por esses recursos, além de essenciais para o bem-estar de toda a população brasileira, são também fundamentais para a continuidade da própria produção agropecuária do país, a exemplo do serviço realizado pelos polinizadores (Klein et al., 2007). Não existem soluções únicas, que possam ser efetivas para todas as situações. É preciso adequar as ações à realidade socioeconômica e ambiental específica de cada região e somar as ações federais com as estaduais e municipais para que os esforços possam ser efetivos. As estratégias precisam também abranger ações relacionadas ao desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente adequadas, ao desenvolvimento de sistemas de informação integrados e à adoção de instrumentos econômicos que possam corrigir ou minimizar as falhas de mercado. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 30 AS NORMAS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO AGRÁRIO NO BRASIL No Brasil a história do direito agrário se inicia a partir do Tratado de Tordesilhas, em que após a chegada de Colombo a América já havia uma preocupação em proteger as leis pela corte espanhola. A partir deste momento surgiriam os primeiros latifúndios e que posteriormente, com a colonização criou as léguas das sesmarias, onde se percebia o privilégio dos próprios portugueses em latifundiar as terras. Essa léguas durou até o ano de 1822. Com o desrespeito ao tratado de Tordesilhas houve uma desenfreada ocupação no território brasileiro. Nesse contexto firmou se a ― Lei das Terras‖, tendo em vista que uma das finalidades era a de legitimar a posse de terras devolutas. Como essa Lei de Terras não satisfez os anseios da época, igualmente nos dias de hoje, em que existe inúmeras e vastas áreas de terras com um pequeno número de pessoas, posteriormente as Constituições vinham regulando tal assunto, como o texto constitucional de 1891, que regulamentava áreas destinadas à defesa de fronteiras. Para Benedito Ferreira Marques a Constituição de 1946 que mais progrediu sobre o Direito agrário: A Constituição Federal de 1946, entretanto, pode ser considerada a que impregnou avanços mais significativos, tendentes à institucionalização do nascente ramo jurídico. Em primeiro lugar, porque manteve as normas de conteúdo agrarista inseridas na Constituição anterior. Em segundo lugar, porque ampliou o raio de abrangência de situações ligadas diretamente ao setor rural, podendo-se destacar a criação da desapropriação por interesse social que, mais tarde, viria a ser adaptada para fins de reforma agrária.Em função dessa Carta Política, nasceu o Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) através da Lei no 2.163, de 1954, seguramente o embrião do atual INCRA. A criação desse órgão federal foi de fundamental importância, na medida em que começaram a ser elaborados os planos de reforma agrária, sendo os dois primeiros o de Coutinho Cavalcanti, em 1954, e o de Nelson Duarte, em 1955.(MARQUES, 2015, p.57) O direito agrário está inicialmente disciplinado no Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, no art. 22, inciso I, em que ―compete a União legislar sobre: I (...) direito agrário‖. UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 31 Direito agrário é o conjunto de normas jurídicas concernentes ao aproveitamento do imóvel rural. (SILVIA, 2014, p. 60). Buscamos no mercado nomes de bons livros de bons autores para que possa agregar conhecimento. Saiba mais. Leia sempre mais livros. O direito à educação é previsto na norma contida no art. 6º, da CF/88. Leitura Complementar: Livro: Direito Agrário: Origens, Evolução E Biotecnologia Autor: Fernando Campos Scaff Editora: Atlas; 1ª edição (8 maio 2012) UP CURSOS 2024 https://upcursosgratis.com.br 32 Referências Bibliográficas: Wikipédia, a enciclopédia livre.Direito Agrário. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_agr%C3%A1rio Âmbito Jurídico.01/12/2017.Direito Agrário no Brasil: Uma abordagem histórica e pontual. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/direito-agrario-no- brasil-uma-abordagem-historica-e-pontual/ Campus Cirtual. Cruzeiro do Sul.DIREITO AGRÁRIO TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO . Disponível em: http://professor.pucgoias.edu.br/ Wikipédia, a enciclopédia livre.Reforma agrária. 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