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Psicopedagogia e Intervenções Familiares e Institucionais

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Prévia do material em texto

PSICOPEDAGOGIA E
INTERVENÇÕES 
FAMILIARES E 
INSTITUCIONAIS 
PROFESSORES
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1001
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. FIGUEROA, Amanda Gladyz 
Blasquez; CAMPOS, Sonia Maria de.
Psicopedagogia e Intervenções Familiares e Institucionais. 
Amanda Gladyz Blasquez Figueroa; Sonia Maria de Campos.
Reimpressão - 2020
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
216 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Pedagogia 2. Família 3. Institucional. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Waléria Henrique dos Santos 
Leonel
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Ellen Jeane da Silva
Design Educacional
Amanda Peçanha
Revisão Textual
Nágela Neves da Costa
Ilustração
Welington Oliveira
Fotos
Shutterstock
CDD - 22 ed. 3.701.523 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-103-8
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio-
nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val 
Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane 
Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de 
Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina 
da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais 
Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração 
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Me. Amanda Gladyz Blásquez Figueroa
Mestre em Educação, na linha de pesquisa História e Historiografia da Educaçã,o 
pela Universidade Estadual de Maringá (2019). Especialista em Neuropedagogia 
(2017) pela Univale, em Docência no Ensino Superior (2016) e em Educação a dis-
tância e as tecnologias educacionais (2016), ambas pela UniCesumar. Graduada 
em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá e Licenciatura em História 
pela UniCesumar. Atualmente, é professora e orientadora de iniciação científica 
no Núcleo de Educação a Distância - NEAD do Centro Universitário de Maringá 
- UniCesumar e tutora a distância no Núcleo de Educação a Distância - NEAD da 
Universidade Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência na área da Educação, 
atuando, principalmente, nos seguintes temas: intelectuais, educação, revoluções 
e as ditaduras na América Latina, sistemas educacionais e prática de ensino na 
formação de professores, a medicalização na infância, a neuropedagogia e as 
estratégias de aprendizagem em intervenções familiares.
http://lattes.cnpq.br/4708364597786505
Me. Sonia Maria de Campos
Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações. Especialista em Gestão 
Escolar: Supervisão e Orientação e em Psicopedagogia abrangência Institucional e 
Clínica. Graduada em Pedagogia. Desenvolve pesquisas e tem experiência na área 
de Educação. Atuou na Educação básica por 4 anos, tendo neste período trabalha-
do com a Educação Infantil e Primeiros anos do Ensino Fundamental. Coordenou, 
também, por 2 anos, a Educação Infantil e as Séries Iniciais do Ensino Fundamental. 
Atuou na Coordenação Pedagógica no Ensino Fundamental Séries Finais e Ensino 
Médio por 2 anos. Atualmente, trabalha na Unicesumar como Professora em curso 
de graduação. Orienta Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização, ministra 
palestras, produção de material pedagógico escrito e audiovisual, participação em 
banca de defesa de trabalho de conclusão de cursos. Docente em cursos de Gradua-
ção e Pós-graduação no Centro Universitário Metropolitano de Maringá Unifamma. 
http://lattes.cnpq.br/7371131120808017
A P R E S E N T A Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
PSICOPEDAGOGIA E INTERVENÇÕES 
FAMILIARES E INSTITUCIONAIS
Olá caro(a) alunos(a), espero que esteja animado para concluir este estudo. Pretendemos, 
aqui, apresentar a você a relevância dos psicopedagogos no auxílio da formação do homem 
atuante na sociedade. Nesse sentido, este material se justifica por vislumbrar os Fundamentos 
da Psicopedagogia e as Intervenções Familiares e Institucional. Em um primeiro momento, 
abordaremos as mudanças que ocorrem, socialmente, e que se manifestam também nos 
modelos familiares para, assim, conhecer a história da família, uma precursora fundamental. 
Levantaremos, desse modo, discussões em relação à família e ao desenvolvimento do indiví-
duo, em todos os seus aspectos. 
Propomos analisar, na sequência, quando o vínculo é a doença, as formas de relacionamento 
familiar e trataremos dos problemas e/ou dificuldades de aprendizagens e a sua relação com 
a família. Verificaremos, no decorrer dos estudos, a resistência da família em aceitar que a 
criança precisa de um atendimento especializado, diante de suas dificuldades acadêmicas, 
uma vez que a influência da família no desempenho escolar é de grande relevância. Outro 
ponto refere-se aos sistemas que trabalham com a aprendizagem, sem limitar o aluno à 
escola, relacionando a instituição, os professores e as dificuldades de aprendizagem. Após 
compreendermos os padrões evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem, 
destacaremos as diferentes formas e caminhos para resolver o problema no âmbito escolar. 
Apresentaremos, também, a importância do acolhimento institucional e, posteriormente, a 
compreensão da relação existente entre a motivação, atenção e memorização como meca-
nismos da aprendizagem do ser humano. Pretendemos, com isso, entender como se dá o 
processo de aprendizagem e seus motivadores. 
Trataremos, ainda, da mediação psicopedagógica para auxiliar o desenvolvimentodos aspec-
tos de déficit de aprendizagem, definindo os campos de atuação do psicopedagogo, um pro-
fissional generalista, especialista em problemas de aprendizagens, e que atua, diretamente, 
com a aprendizagem humana. Para finalizamos o material, destacaremos o papel do psicope-
dagogo frente às instituições social e familiar, que, ultimamente, apresentam muitas situações 
de desigualdade e se ocupam dos problemas de aprendizagem e o processo de aprender.
Desejamos que você, caro(a) aluno(a), entenda que a aprendizagem não se faz somente no 
decorrer deste estudo, mas durante todo o dia. Ficar atento às ocorrências do dia a dia per-
mite encontrar elementos para reforçar o aprendizado.
Bons estudos!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
A PSICOPEDAGOGIA
E A FAMÍLIA
08 
A PARTICIPAÇÃO
E INFLUÊNCIA
DA FAMÍLIA
44 
80 
INTERVENÇÃO 
INSTITUCIONAL:
UMA VISÃO
PSICOPEDAGÓGICA
134 
A INSTITUIÇÃO COMO
CO-CONSTRUTORA
DA APRENDIZAGEM
162 
A PSICOPEDAGOGIA 
E AS INSTITUIÇÕES 
SOCIAIS
192
CONCLUSÃO 
GERAL
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A PSICOPEDAGOGIA
E A FAMÍLIA
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: As transformações familiares • 
A Família e o desenvolvimento do indivíduo • Quando o vínculo é a doença.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Analisar as implicações que decorrem da ausência da família, no processo de ensino e aprendizagem 
dos filhos • Refletir sobre a importância de uma juventude mais comprometida com a vida em so-
ciedade • Observar a responsabilidade de educar, a importância de caminhar junto, de disponibilizar 
tempo, paciência e, sobretudo, persistência da família para com os seus filhos.
PROFESSORAS 
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos 
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Preparamos este material com o in-
tuito de apresentar a você os princípios e conceitos básicos da integração da 
família no pleno desenvolvimento do ser humano, presente em toda e qual-
quer manifestação de aprendizagem cognitiva, afetiva ou social cotidiana 
da criança. As características da família podem ser a causa desencadeante 
do problema de aprendizagem ou do sucesso. Por isso, o psicopedagogo 
precisa conhecer e realizar um planejamento, junto aos familiares, de res-
gate dos valores, considerando as vivências, os conhecimentos e as infor-
mações que a criança carrega e a sua forma de ver e de viver no mundo. 
No decorrer das atividades, direcionamos você para isso. Vamos encarar 
juntos as construções desses conhecimentos?
Abordaremos, primeiramente, as mudanças que ocorrem, socialmente, 
e que se manifestam também nos modelos familiares e, assim, conhecer a 
história da família, uma precursora fundamental para compreender o nos-
so presente. Levantaremos discussões em relação à família e ao desenvolvi-
mento do indivíduo, em todos os seus aspectos, pois é no ambiente familiar 
que se apresenta os primeiros conhecimentos do ser humano. Isso mostra 
a necessidade do comprometimento da família com o desenvolvimento 
da criança. É preciso, desse modo, que a família entenda a importância 
no processo de aprender e as dificuldades que a criança enfrenta, uma vez 
que, neste meio, o ser humano absorve valores, deveres, responsabilidades 
e compromissos que auxiliam no fortalecimento e nas estruturas pessoais 
da aprendizagem.
Propomos analisar, também, quando o vínculo é a doença. Nesse sen-
tido, observamos as formas de se relacionar das famílias e como o vínculo 
familiar é importante para o desenvolvimento em todos os aspectos hu-
manos, pois a sua falta pode causar vários tipos de problemas. Desejamos 
a você, aluno(a), um ótimo estudo, e que possamos, juntos, dialogar na 
construção de novos conhecimentos.
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AS TRANSFORMAÇÕES 
FAMILIARES
Caro(a) aluno(a), verificaremos, no decorrer deste estudo, que, nos últimos tem-
pos, a constituição familiar sofreu significativas mudanças, entre as quais pode-
mos destacar a configuração, a dimensão, a atribuição de papéis, entre outras, que 
despertaram possibilidades e rupturas. A família tem, em sua função primária, 
a transmissão dos valores, da tradição e dos costumes, dependendo da cultura 
que corresponde à sociedade. Roudinesco (2003, p. 10) destaca que a família é 
uma “célula de base da sociedade”. Nela, estabelece-se os papéis que o indivíduo 
desempenhará bem como a formação dos vínculos. É nessa relação que a célula 
base da sociedade, a família, distingue-se entre o ser humano e o animal.
Para Terkesen (1980), a família é definida, do ponto de vista psicológico, 
como um pequeno grupo social em que pessoas se relacionam por meio do afe-
to existente entre ambos, em um mesmo espaço, e que se perdura por toda a 
vida. A constituição familiar, ainda, pode ocorrer pela união entre duas pessoas, 
nascimento ou adoção, ou seja, pode ter vários arranjos. Para Burgess (1970, p. 
546-547), por sua vez:
 “ Em todo caso, a unidade real da vida familiar tem sua existência não em qualquer concepção legal, nem num contrato formal, mas na interação de seus membros, porque a família não depende, para 
sobreviver, de relações harmoniosas de seus membros, nem se 
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desintegra necessariamente em resultado de conflitos entre seus 
membros. A família vive enquanto a interação está se realizando e 
só morre quando ela cessa.
Com essa afirmação, podemos perceber que a unidade familiar existe de várias 
formas e, após se constituir independe de outros fatores, continuará como família. 
O que podemos observar é que, nas últimas décadas, tem-se mostrado poliva-
lente, tanto em expressões como pelo aumento da complexidade das relações 
familiares. Essas transformações que ocorrem de maneira rápida são resquícios 
culturais engendrados, ao longo da história (PASSOS, 2015).
O ser humano, pois, ao receber o dom da vida, liga-se de alguma maneira ao 
seio familiar. Para melhor refletirmos sobre isso, a seguir, discutiremos a família 
tradicional, moderna, contemporânea e as transformações que ocorreram na 
família, por meio dos acontecimentos sociais e culturais, e refletem até os dias de 
hoje bem como a importância da família no desenvolvimento humano e social.
Família tradicional ou pré-moderna
O homem possui um grande vínculo natural que o une à família. Nesse sentido, 
esclarece-se que não há outra instituição tão intimamente ligada a ele. Lévi-S-
trauss (1986) menciona que, de acordo com o contexto social, isto é, a sociedade 
e a época histórica, a vida familiar passa a adquirir suas especificidades, pois a 
família é socialmente constituída, conforme as normas culturais.
Ao analisar as histórias das famílias tradicionais, verifica-se que era repre-
sentada por uma célula estável, referente a um mundo imutável, e oriunda do 
casamento. Este tinha por finalidade a procriação, a maioria das famílias era bem 
numerosa, ou seja, composta por muitos membros familiares (PASSOS, 2015). 
A família, sem sombra de dúvida, foi a instituição que sofreu, ao longo do tempo, pro-
fundas adaptaçõese modificações. E você, conhece as histórias já vivenciadas por sua 
família? 
pensando juntos
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Os casamentos dos filhos eram com-
binados pelos pais para a preservação 
do patrimônio familiar. Desse modo, a 
relação era por uma questão econômica 
e não afetiva. Segundo Passos (2015), o 
respeito pelo pai era primordial, pois 
tinha uma visão de mundo que a ver-
dade absoluta era advinda do pai. As-
sim, prevalecia a submissão de todos os 
membros da família a uma autoridade 
patriarcal, como nos esclarece Barbosa 
(2001, p. 67), “[...] ao homem compe-
tia a chefia da sociedade conjugal, ad-
ministrar o patrimônio familiar, nesse 
compreendido os bens do casal, além de 
reger a pessoa e bens dos filhos menores 
na medida em que detinha, com exclu-
sividade, o poder familiar”.
A figura do pai, na constituição da 
família tradicional, associava-se a uma 
subordinação de todos os outros mem-
bros da família, fundada na lógica do 
espírito religioso e dos antigos meios 
de produção. Evidencia-se, em vista 
disso, em uma família tradicional, a 
obediência patriarcal, hierarquizada e 
com lugares claramente estabelecidos. 
Ao homem atribuía-se o papel de pro-
ver e manter a família. À mulher, além 
de obedecer às ordens advindas do es-
poso, sem questionar, tinha a obrigação 
de manter em perfeito funcionamento o 
lar e os afazeres domésticos bem como 
a educação dos filhos. A figura femini-
na ligava-se, também, à reprodução da 
família (PASSOS, 2015).
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Passo (2015) destaca, também, que os idosos eram tratados com muito res-
peito; depositava-se a eles confiança; e eram vistos como figuras importantes 
para a família, por deter a memória familiar e a genealogia. Podemos verificar 
que os idosos ocupavam um lugar na transmissão viva dos valores familiares e, 
com isso, eram muito respeitados e atendidos, prontamente, em suas colocações 
no meio familiar. 
A criança, por sua vez, como era vista no meio da família tradicional? Essa 
tinha um período de infância curto. Segundo Ariès (1978, p. 17), “até por volta do 
século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É 
difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. 
É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”.
A indiferença à criança, no meio da família tradicional, justificava-se pela de-
mografia da época. A infância, neste momento, era vista como uma fase sem im-
portância, não tinha um controle de natalidade, as crianças nasciam e morriam, 
precocemente, sem ter uma organização familiar. Ou seja, a criança mantinha-se 
em um lugar anônimo e intercam-
biável. Outro ponto que podemos 
observar refere-se aos trajes de uso 
habitual, não tinha distinção das 
crianças para os adultos (ZORNIG, 
2008).
Para Ariès (1978), a infância 
adquiriu um valor social apenas a 
partir do discurso econômico e pe-
dagógico do final do século XVIII. 
O discurso faz menção à importân-
cia da população para um país e seu 
desenvolvimento. Diante disso, os 
economistas atribuíram à criança 
um valor mercantil, passou, então, 
a ser potencialmente uma riqueza 
econômica para o país, iniciando 
uma preocupação maior em seu de-
senvolvimento.
Figura 1 - Imagem de uma criança de família 
tradicional
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Figura 2 - Foto de uma família tradicional
Em resumo, a família tradicional era:
 ■ Extensa.
 ■ Pai detinha o poder absoluto.
 ■ Mãe, uma figura reprodutora.
 ■ Criança, um adulto em miniatura.
 ■ Os mais velhos, guardiões da memória.
Como vimos, a família tradicional tem um modelo que quase não vemos nas 
famílias atualmente, mas é importante conhecer estes aspectos para compreender 
a história familiar e as mudanças que se apresentam socialmente. Desse modo, 
entenderemos o ser humano em sua totalidade.
No decorrer dos tempos, modificou-se a maneira da família se relacionar com a criança. 
No século XVII, por exemplo, os retratos de crianças sozinhas se tornaram comuns. Foi 
também, nesse século, que as fotos de família traziam as crianças em seu entorno e apre-
sentava ter afetividade entre as relações.
(Philippe Ariès) 
pensando juntos
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 A Família Moderna
Ao buscar os fatos históricos, caro(a) aluno(a), temos como intuito entender 
que somos herdeiros do encontro das histórias familiares, ocorridas em outras 
épocas, antecedentes a nós e importantes, pois de alguma forma nos marcaram. 
Ao analisar os valores e as referências sociais que levamos para nossas vidas, ve-
rificamos que são constituídos em nosso passado e disseminados de geração em 
geração, configurando-se para cada um dos seres humanos de maneira singular. 
Diante disso, é preciso conhecer a história de nossas origens para garantir nossa 
identidade psíquica e social (PASSOS, 2006).
A partir do século XVIII, iniciou-se uma organização diferente no meio fami-
liar, com laço mais estreito entre os membros familiares, desfazendo-se o modelo 
anterior. A passagem da família tradicional para a moderna trouxe muitas mu-
danças, como a queda da tradição patriarcal, a emancipação da mulher e parti-
cipação na vida econômica, social e cívica, a paternidade por escolha e as formas 
de moradias melhor instaladas. Laqueur (1992) descreve em seus estudos que, 
após a Revolução Francesa, por meio das mudanças políticas e morais difundidos, 
observou-se a necessidade de uma luta por igualdade de direito entre os cida-
dãos, quebrando o paradigma da diferença sexual. Ou seja, era preciso respeitar 
a natureza do homem e da mulher, pois cada sexo teria funções sociais diferentes. 
A mulher então, passa por uma nova fase, é um momento de valori-
zação no meio familiar. Além de genitora, detinha os cuidados maternos 
com os seus.
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 A mãe se tornou um agente de investimento da família, fazendo a mediação 
entre os filhos, a escola e os cuidados médicos. Outro aspecto era a ajuda finan-
ceira e, com isso, não sendo mais o homem o único provedor do sustento familiar 
(CARNEIRO, 2015).
A criança, também, inicia um novo momento. Agora, é vista como o futuro 
da nação e torna-se objeto de investimento, por ser idealizada. A figura da mãe 
estava ligada a esse processo da criança, sendo ela quem provia os cuidados e 
condução da criança (FOUCAULT, 1988). Como podemos ver, o reconheci-
mento da criança veio ao encontro de uma preocupação moral e educacional, 
objetivando o seu desenvolvimento em nome do ideal de um futuro adulto que 
pudesse compreender e respeitar as normas sociais. 
A composição familiar se diferenciava da tradicional, pois não se constituía 
de um número grande de pessoas, condensando-se em torno dos pais e poucos 
filhos, ou seja, preservou-se, fechou-se em seu núcleo. Esse modelo não tinha 
mais a obrigação de reproduzir os padrões das gerações anteriores, então, iniciou 
um novo processo de valorização dos sentimentos e da escolha individual, como 
princípio de vida. Tem-se, também, um outro olhar para os valores. Isso, porém, 
não ocorre de forma isolada da sociedade, que colocou no topo dos relaciona-
mentos o status.
Na sociedade moderna, a nova organização de classe baseia-se, principalmente, nas di-
ferenças econômicas e, por conseguinte, o progresso econômico parece a única medida 
do valor individual. Nessa perspectiva, a família, ao sofrer mudanças abruptas, precisa se 
reorganizar, o que exige o realinhamento das perspectivas de seus membros bem como 
de suas condutas na dinâmica da vida moderna. Esse processo de adaptação é, muitas 
vezes ,dramático, pois se a desorganização afeta as famílias que chegam à nova cidade, 
não é com a sua fixação no lugar que a situação melhora, ao contrário, a desorganização 
familiar se acentua na segunda geração, quando se agravam os problemas relacionados 
à delinquência, ao alcoolismo, à vagabundagem e ao crime. 
Fonte: Thomas e Znaniecki (1996, p. 52) e Coulon (1995, p. 38).
explorando Ideias
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Nesse momentohistórico, a valorização da qualificação de uma população passou 
a ser reconhecida como a riqueza de uma nação. Assim, a saúde e educação eram 
critérios importantes para aparentar uma população qualificada. Resumindo, a 
família moderna pode ser definida:
 ■ A hierarquia do homem sobre a mulher é questionada.
 ■ Não existe diferença sexual.
 ■ A mulher já não é mais fadada, somente, à maternidade.
 ■ A mulher tem a gestão dos lares.
 ■ O homem a gestão do espaço público.
 ■ A criança é reconhecida.
Dessa forma, pode se dizer que a família moderna, com base nos fatos históricos, 
é reconhecida como propulsora da sociedade, incumbida de promover a reali-
zação social.
Famílias Contemporâneas
A pós-modernidade, ou contemporaneidade, é um período histórico formado 
por uma divisão entre a visão moderna de mundo e de homem; uma resposta 
cultural, pregada pelo capitalismo tardio ou pelas novas formas de poder, que fez 
da própria cultura uma mercadoria de consumo (DINIZ NETO; FÉRES-CAR-
NEIRO, 2005). 
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O momento contemporâneo assume uma responsabilidade ideológica funda-
mental: a de coordenar as práticas e hábitos sociais e mentais em novos meios 
de organização e de produção econômica, que geram novas maneiras de subje-
tividade. Segundo Ferrari e Kaloustian (2002, p.14):
 “ A família, da forma como vem se modificando e estruturando nos últimos tempos, impossibilita identificá-la como um modelo úni-co ou ideal. Pelo contrário, ela se manifesta como um conjunto de 
trajetórias individuais que se expressam em arranjos diversificados 
e em espaços e organizações domiciliares peculiares.
A família apresenta relações pessoais em função do desejo. As mulheres saem 
do lugar exclusivo de mãe e passa a atuar em prol de seus objetivos, ou seja, a 
mulher se lança com o homem e disputa o mesmo espaço social e de trabalho. 
O casamento não é mais “para sempre”, a dissolução conjugal ocorre com mais 
frequência, e uma nova família pode surgir por meio de múltiplas possibilidades 
de vida conjugal e parental (MAGALHÃES et al., 2013). Desse modo, Dias (2008, 
p. 66) acentua:
 “ Alargou-se o conceito de família, que, além da relação matrimonia-lizada, passou a albergar tanto a união estável entre um homem e uma mulher como o vínculo de um dos pais com seus filhos. Para 
configuração de uma entidade familiar, não mais é exigida, como 
elemento constitutivo, a existência de um casal heterossexual, com 
capacidade reprodutiva, pois dessas características não dispõe a fa-
mília monoparental.
Nesse sentido, a família contemporânea está mais diversificada e caracteriza-se 
por formação pluralista, por apresentar diversos tipos e modelos de convivência. 
Podemos ver novos modelos familiares, decorrentes dos fatores como: as sepa-
rações dos casais, diminuição da quantidade de filhos, outros tipos de uniões 
além do casamento, levando a novos modelos de família. Atualmente, quando se 
refere ao declínio da família, compara-se à configuração nuclear tradicional, em 
detrimento do surgimento de formas alternativas. Desse modo, convido você a 
analisar o quadro a seguir.
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Família Nuclear Tradicional Novas Alternativas
União legal Solteiros, união consensual
Com filhos Voluntariamente sem filhos
Pai e mãe
Pai ou mãe (nunca casados ou sepa-
rados)
Permanente Divórcio, reconstituição
Homem como provedor primário e 
autoridade única
Casamento igualitário (incluindo car-
reira de ambos os cônjuges e casais 
que residem em lugares diferentes)
Exclusividade sexual Relações extramaritais
Heterossexualidade
Relações entre pessoas do mesmo 
sexo
Domicílio com dois adultos Domicílio com mais de dois adultos
Quadro 1 - Diferenças entre a tipologia nuclear tradicional e os novos tipos alternativos de 
família na contemporaneidade / Fonte: Macklin (1980).
Como podemos observar no Quadro 1, o meio familiar descentralizou-se, tor-
nando as relações mais democráticas, a mulher autônoma, o homem auxilia nas 
atividades do lar bem como na criação e educação dos filhos, a família mais 
afetuosa e com liberdade de escolha, os avós são pessoas com destaque no meio 
familiar e a solidariedade entre as gerações, no auxílio aos menos favorecidos so-
cioeconômicos (FÉRES-CARNEIRO; ZIVIANI; MAGALHÃES, 2007). Podemos 
verificar que, no decorrer da história familiar, a honra da família foi superada 
pela importância à vida de todos, a família torna-se mais íntima e afetiva, parece 
não se importar com a continuidade de sua linhagem, mas prioriza a harmonia 
familiar. Bock et al (2001, p. 248) postulam:
 “ Vamos percebendo que a família, como a conhecemos hoje, não é uma organização natural, nem uma determinação divina. A organi-zação familiar transforma-se no decorrer da história do homem. A 
família está inserida na base material da sociedade ou, dito de outro 
modo, as condições históricas e as mudanças sociais determinam 
a forma como a família irá se organizar para cumprir sua função 
social.
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E, assim, como em outras épocas, a família contemporânea traz algumas carac-
terísticas que a marca, mas não desprezando o que a trouxe até essa época, pois 
é nos segmentos anteriores que se forma o novo. O novo e o velho estão, sempre, 
engendrados nas experiências de um sujeito ou de uma família, sem que neces-
sariamente essa situação seja visível.
Ao referir às transformações ocorridas na família no decorrer das épocas, é 
possível observar a mudança de um modelo que vigorava até o século passado. 
Nele, a criança continuava com sua família até sua entrada na pré-escola, entre os 
dois e três anos. A família, até esse momento, era o único meio de socialização da 
criança, era sua base o lugar de segurança e referência para o seu desenvolvimen-
to. Atualmente, é substituída, precocemente, por um espaço social em comum 
com outras pessoas e suas respectivas regras e leis, que não lhe são familiares, em 
uma transmissão de conhecimentos (BERNARDINO; KUPFER, 2008).
Em relação à criança na família contemporânea, podemos observar que na 
década de 80, teve um movimento social no Brasil, reivindicando os direitos 
das crianças. Conforme Almeida e Lara (2005, p.107), “a partir da elaboração do 
Estatuto, se estabeleceu os princípios de proteção integral à criança a qual passou 
a ser concebida como pessoa em fase peculiar de desenvolvimento e, portanto, 
pressupõe que tenham prioridade absoluta”. Por muito tempo ou séculos a crian-
ça foi “calada”, não lhe era dado a voz, por não ser considerada importante, sem 
lugar social. Bujes (2002) destaca que a criança que compreendemos, atualmente, 
não é um dado atemporal, mas um acompanhamento da modernidade.
A criança contemporânea imerge em um momento de símbolos, aos quais 
confere sentido, ao passar do tempo de sua vida, pelas interações com o meio; 
dá novos significados a sua cultura e constrói novas possibilidades de leitura de 
mundo. Caro(a) aluno(a), de acordo com Bauman (1998), o que pode ser obser-
vado na contemporaneidade é o real desejo pela liberdade, essa tende a seguir a 
velocidade das transformações econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano 
familiar. Independentemente, porém, da época ou do modelo social,
 “ A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente-mente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. 
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais 
necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. 
Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal. 
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É em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitá-
rios, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também 
em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são 
observados os valores culturais (YAEGASHI, 2007, p. 79).
Diante disso, é preciso ter um olhar dinâmico em relação à constituição familiar, 
por ser um sistema abertoque se transforma constantemente. Resumindo o que 
vimos em relação à família contemporânea, podemos destacar que, em pleno 
século XXI, o conceito de constituição familiar diferencia-se das concepções das 
décadas passadas. Como vimos, anteriormente, na família tradicional, somente 
eram respeitadas e valorizadas as famílias constituídas por pai e mãe casados que, 
como resultado dessa união, tivessem filhos. Atualmente, elas podem ser forma-
das de vários modos, com apenas pai e filho(s), pais do mesmo sexo e filho(s), 
pais solteiros, e, assim, por diante. Há uma quebra de menor hierarquia e maior 
afetividade entre pais e filhos, outro ponto são as horas de trabalho e afastamento 
dos filhos, isso ocorre tanto da parte do pai como da mãe. Com isso, a criança é 
socializada em ambientes escolares cada vez mais cedo. 
Independentemente da época, porém, a família se configura como o primeiro 
meio de socializar o ser humano, e, portanto, é a referência que temos e levamos 
por toda nossa vida de afetividade, amparo, educação, acolhimento, desenvolvi-
mento entre outros sentimentos.
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Como vemos, caro(a) aluno(a), a família, independentemente da época, con-
figura-se como um conjunto de pessoas, em um mesmo espaço, e expressa a 
relação da vida social. No contexto atual, analisar a família não se refere, somen-
te, à diversidade dos arranjos familiares, requer entender a sua importância no 
desenvolvimento da individualidade. Nos últimos tempos, observamos mudan-
ças, no plano sócio-político-econômico, ligadas ao processo de globalização da 
economia capitalista, que interfere na dinâmica e estrutura familiar, levando às 
mudanças em seu padrão original de organização (SIERRA, 2011).
Se é no meio familiar, em sua articulação entre o individual e o universal, 
que se leva a pessoa a reconhecer seus direitos e se tornar cidadão atuante na 
sociedade, é preciso, então, compreender a estrutura familiar e acompanhar o 
desenvolvimento. Como afirma Osório (1996): 
 “ A família é uma unidade grupal onde se desenvolvem três tipos de relações pessoais – aliança (casal), filiação (pais e filhos) e con-sanguinidade (irmãos) – e que a partir dos objetivos genéricos de 
preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe 
condições para a aquisição de suas identidades pessoais desenvol-
veu através dos tempos funções diversificadas de transmissão de 
valores éticos, estéticos, religiosos e culturais.
2 
A FAMÍLIA E O 
DESENVOLVIMENTO
do indivíduo
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Para tanto, o primeiro espaço de convivência do ser humano é o meio familiar. Ela 
é a referência primordial para qualquer pessoa, pois é na família que aprendemos 
a incorporar valores éticos e vivenciamos as primeiras experiências afetivas bem 
como representações, juízos e expectativas. É possível, portanto, verificar a im-
portância da família no desenvolvimento do ser humano, é por meio dela que a 
pessoa aprende a reproduzir os padrões culturais existentes, recebe conhecimen-
tos que o acompanhará no seu desenvolvimento pessoal por toda vida. Podemos 
observar que a família constrói e se constrói pela sociedade:
 “ Na sociedade, a competição acirra o individualismo, de modo que no lugar da regulação da vida pela reprodução de padrões de rela-cionamentos proximais típicas da comunidade, tem-se o aumento 
da intervenção do Estado, que ocorre por meio da produção de 
leis e da criação de instituições que se encarregam do exercício do 
controle social. Por conseguinte, os indivíduos acabam se sentido 
mais dependentes do Estado do que de suas famílias, passando a 
cobrar dele ações para resguardar a sua proteção, seja na forma de 
elaboração de novas leis, seja na criação de novas instituições (SIER-
RA, 2011, p. 11).
Nessa perspectiva, a família é a principal fonte de socialização. Ela é a instituição 
de elo entre o indivíduo e a sociedade, a transição necessária que prepara o indi-
víduo para a vida social. Nesse sentido, a família é a organização social doméstica 
que desenvolve e capacita a cultura existente aos seus, como o valor, proteção, 
integridade física e moral, fortalecendo, assim, a união e a reciprocidade entre 
família e constituição social. 
Em síntese, a família proporciona os aportes afetivos e materiais relevantes 
ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Desempenha, com isso, 
um importante papel na educação formal e informal, pois é no meio familiar que 
o indivíduo é colocado a experienciar os valores éticos e humanitários. 
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Família papéis e funções
Figura 3 - Função da Família
A família tem a função de socialização e regularização do equilíbrio da perso-
nalidade dos indivíduos nela inseridos. A sociedade que desejamos, por sua vez, 
interliga-se na sociedade que construímos, para isso, depende da família, pois é 
dentro dela que inicia, ou seja, ela é a primeira célula da sociedade. Logo, só po-
demos contar com uma sociedade melhor, se as mudanças iniciarem na educação 
e na condução da família e seus filhos. 
A família, a princípio, deve se constituir em um grupo social comprometido 
com a função de absorver toda a dependência da criança, em termos emocio-
nais, de modo que possa se sentir “completamente submersa nos laços familiares” 
(PARSONS; BALES, 2002, p. 27). Esse sistema, no entanto, diferencia-se, à medi-
da que alcança estágios, progressivamente, mais complexos. Todo esse processo 
ocorre em relação direta com o aumento progressivo da complexidade estrutural 
da ordem, em uma série de sistemas de interação social. 
É na família que consiste o papel de auxílio, ou seja, em subsidiar, por meio de 
sua vocação, os indivíduos que nutrem, em seus ninhos familiares, a possibilidade 
de serem livres e, na sociedade, relacionarem-se de maneira entendida de seus 
direitos e deveres, voltados para o bem comum.
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Não afirmamos que tudo é resolvido ou culpa das famílias, mas apresentamos a 
sua relevância na constituição de uma sociedade sadia. Apesar dos avanços tec-
nológicos e as redes sociais ganharem espaços no desenvolvimento do indivíduo, 
é, ainda, a família a grande geradora de afetividade. Esta, por sua vez, humaniza 
o homem. Desse modo, a família é de suma importância para a sociedade, pois, 
como composição integradora, ela move o desenvolvimento social. 
Portanto, é preciso compreender as diversas funções atribuídas a ela na or-
ganização social, levando-se o que tão, costumeiramente, conhece-se como “base 
do Estado”. Nesse sentido, pensar e repensar a família é uma necessidade para 
compreender, sedimentar, fortalecer as suas competências na construção do ser 
humano em todas as suas expectativas.
A família e a natureza biológica do ser humano
Falar de família, em pleno século XXI, implica em compreender as mudanças e 
transformações, tornando, assim, mais complexos os contornos que a delimitam, 
pois vivemos em um momento que a família sofre interferências externas e, com 
isso, leva a abalos internos. Pois
 “ [...] sustentar a ideologia que associa a família à ideia de natureza, ao evidenciarem que os acontecimentos a ela ligados vão além de respostas biológicas universais às necessidades humanas, mas confi-
guram diferentes respostas sociais e culturais, disponíveis a homens 
e mulheres em contextos históricos específicos (SARTI, 1995, p. 31).
O papel fundamental da família na construção do ser humano está tanto no “privado” 
como no “afetivo”, pois as pessoas que dirigem o Estado e as empresas, que trabalham e 
militam nos sindicatos e nas organizações não governamentais, ou que vivem suas con-
turbadas relações nos meios urbanos, são as mesmas que nascem e crescem no seio de 
uma família, sendo por ela e nela, efetivamente, moldadas em aspectos fundamentais.
(Ana Rojas Acosta e Maria Amália Vitale)
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Ao analisar os fatos históricos, podemos verificar que a Revolução Indus-
trial trouxe uma nova forma de organização da sociedade,afetando as funções 
familiares, em especial o papel da mulher. Esta vai para o mercado de trabalho e 
os filhos passam a ser responsabilidade das instituições de ensino, pelo período 
de ausência da mãe. Mais recentemente, podemos verificar outras mudanças no 
meio familiar, entre elas, as descobertas científicas e as intervenções tecnológi-
cas, que transformaram a maneira de reprodução humana (SCAVONE, 1993). 
Em relação às descobertas científicas, podemos destacar, em 1960, o surgimento 
da pílula anticoncepcional, com objetivo de libertar a mulher da maternidade, 
interferindo, assim, significativamente, em sua atuação no meio familiar e social 
(MORAES, 1994).
Figura 4 - Pílula anticoncepcional
As tecnologias, por sua vez, iniciaram as suas intervenções no meio familiar, 
a partir de 1980, com as inseminações artificiais ou fertilização in vitro, isto é, 
“conjunto de técnicas médicas voltadas para o tratamento de situações de in-
fertilidades” (BARBOSA, 2000, p. 212), fazendo com que a maternidade ficasse 
dissociada da relação sexual entre homem e mulher.
A ruptura das tecnologias e o novo modo de concepção da família deram a 
oportunidade de escolha da maternidade. Não houve, porém, intenção de tirar a 
natureza biológica do ser humano, mas dar à mulher a livre escolha para decidir 
o melhor momento de ser mãe (GIDDENS, 1993). 
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Destaca-se, também, neste contexto, o exame de DNA, que permite a iden-
tificação da paternidade. Isso ocorreu em meados de 1990 e, até então, a dúvida 
da paternidade prevalecia no meio familiar. Esse recurso, por sua vez, garantiu 
a proteção à mulher, ao homem e à criança. A responsabilidade biológica, logo, 
é cobrada tanto da mãe como do pai, estes devem dar a proteção à criança até a 
sua maturidade (FONSECA, 2002). 
Diante de tantos avanços que interferem na conjuntura familiar, podemos 
observar que a família comporta uma enorme elasticidade. Com isso, mesmo a 
família sendo a idealizações de muitas pessoas, as mudanças ocorridas desesta-
bilizaram o modelo desejado, e se torna, hoje, complexo sustentar a ideia de um 
modelo adequado. Dessa forma, não existe um padrão adequado ou inadequado 
em relação à família (SARTI, 2003).
Como vimos, caro(a) aluno(a), tivemos muitos avanços tecnológicos e cien-
tíficos que influenciaram o meio familiar, isso fez com que os arranjos familiares 
tivessem algumas transformações, gerando mudanças nos relacionamentos inter-
nos e externos da família. Pode-se afirmar, no entanto, que, independentemente, 
dos avanços tecnológicos e científicos, a família continua a ser a base do desen-
volvimento humano, em todos os seus aspectos. 
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Esse diálogo nos remete a uma reflexão das ações realizadas pela família, nas tro-
cas afetivas ou sociais, a fim de possibilitar a construção e a apropriação de sabe-
res, práticas e hábitos da criança. Por estar em constante formação, a criança vive 
em um mundo que lhe é questionado em tudo, esse processo de apropriação e de 
negociação entre o adulto e as dúvidas dos pequenos ocorrem nas interlocuções 
com a criança, já que é na linguagem que mundo e sujeito se inter-relacionam e 
se constituem como tal. A criança, desse modo, precisa do adulto para conduzi-la 
em suas decisões, por não ter, ainda, constituído os seus saberes. Como um ser 
humano em formação, a criança não se reconhece nem se difere de outros seres 
vivos. Com isso, os familiares assumem a responsabilidade pela continuidade de 
sua integridade no mundo, protegendo e conduzindo o seu desenvolvimento.
O sentido de proteger a criança tem como características a horizontalidade 
de igualdade, valores, respeito e a escuta, reconhecimento de si e do outro, como 
seres de igual valor. Trata-se de transmitir conhecimentos e levar a criança à inter-
pretação do mundo. Isso não significa que não haverá atritos, mas é na superação 
desses que se constitui o vínculo entre a criança e a família.
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QUANDO O VÍNCULO 
É A DOENÇA
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Pensando nisso, Freire (1996) acredita que a família precisa saber diferenciar 
liberdade e licenciosidade. Liberdade significa o direito que uma pessoa tem em 
suas atitudes, ou seja, o seu livre arbítrio, desde que não ofereça dano algum a ou-
tra pessoa, é a sensação de independência entre outros significados que poderão 
encontrar. A característica de licencioso, por sua vez, é de quem age, livremente, 
com falta de disciplina e sem regras, não se preocupa com suas atitudes e a pos-
sibilidade de serem prejudiciais aos outros. 
Diante disso, o vínculo com a criança, seja afetivo, seja educativo, precisa ocor-
rer de maneira a exercer a função de auxiliar a construção do exercício crítico e 
das habilidades argumentativas de si e do mundo. Não desistir, assim, de conduzir 
o pleno desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança, permitindo e 
acompanhando a sua liberdade, para não desenvolver a licenciosidade. 
Isso nos leva a inferir que a qualidade do suporte e dos laços afetivos familiar 
oferecidos à criança poderão refletir nos seus aspectos comportamentais, afetivos 
e sociais, pois é na família que encontramos a segurança. Desde o início da vida, o 
ser humano deposita na família a sua principal fonte de existência e, no decorrer 
de seu desenvolvimento, torna-se a mais relevante auxiliadora do processo de 
aprendizagem e do suporte de interação social. Sendo assim, a base familiar é 
essencial ao desenvolvimento sociocognitivo da criança.
As mudanças socioculturais das últimas décadas evidenciam o surgimento de compor-
tamentos infantis disfuncionais. Um conjunto de atitudes e comportamentos que mais 
preocupam os pais é possibilidade da criança se torna o mestre indiscutível da família, 
submetendo os outros membros da família às suas necessidades e caprichos.
Fonte: as autoras.
explorando Ideias
Como se têm, hoje, estabelecido os laços entre os filhos e a famílias?
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O vínculo familiar e o desenvolvimento do 
ser humano
Para entender o vínculo familiar e o desenvolvimento do ser humano, buscare-
mos compreender o seu desenvolvimento sociocognitivo ou a teoria da mente, 
empatia, influência do vínculo familiar, autoconceito, habilidades sociais e sua 
inter-relação. É sabido que o ser humano experimenta, constantemente, por meio 
de suas relações intra e interpessoais, várias vivências baseadas na percepção 
social e na cognição social que contribuem na sua atribuição e interpretação de 
desejos, crenças e emoções em si e no que prospecta em outras pessoas. 
Essa capacidade de atribuir a si e ao outro uma mente e/ou estados mentais 
intencionais é que caracteriza o desenvolvimento sociocognitivo ou a teoria da 
mente. Na verdade, refere-se à capacidade do sujeito de atribuir uma mente e/ou 
estados mentais intencionais a si e aos outros. Isso é fundamental no ajustamento 
social das pessoas (SPERB; MALUF, 2008). Ao dizer que um indivíduo tem uma 
teoria da mente, queremos dizer que o indivíduo atribui estados mentais a si 
mesmo e aos outros. 
 “ [...] um sistema de inferências desse tipo é apropriadamente visto como uma teoria, primeiramente porque tais estados não são dire-tamente observáveis e, em segundo lugar, porque o sistema pode ser 
usado para fazer predições, especificamente sobre o comportamen-
to de outros organismos (PREMACK; WOODRUFF, 1978, p. 515).
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Podemos observar essa habilidade do ser humano, por meio do processamen-
to das informações recebidas (perceptiva e cognitiva) do comportamento e do 
ambiente (contextos e/ou situações), levando à conclusão do estado mental do 
outro (eu penso que você pensa e/ou eu penso que você pensa que eu penso) 
(SPERB; MALUF, 2008).
É relevante observar que existem diversas variáveis atreladas às questões da teoria 
da mente, podemos destacar as habilidades sociais, comportamento afetivo, entre 
outras. Tem, ainda, uma terceira variável: a empatia. Esta envolve “sentir o queo 
outro sente, [...] uma resposta emocional que se origina do estado ou condição 
emocional do outro e que é congruente com o estado ou situação emocional do 
outro” (EISENBERG; STRAYER, 1987, p. 5). Os autores Ruffman, Perner e Par-
kin (2001) mencionam, em seus estudos, que as características familiares, como 
o estilo e a qualidade da interação entre a criança, são associadas à aquisição de 
uma teoria da mente. 
Desse modo, destacamos, aqui, o vínculo familiar. Este tem por característica 
básica o conjunto de atribuições proativas que a família oferece nas suas relações, 
levando ao desenvolvimento socioemocional do meio que se relaciona. Para Sou-
za e Baptista (2008), a família é a primeira fonte de interação social e deve prover 
o apoio indispensável à integridade física e emocional do indivíduo.
Acerca do desenvolvimento da teoria da mente, não há uma época correta do surgimento 
dessa habilidade no ser humano. Para Bussab, Pedrosa e Carvalho (2007, p. 116), por 
volta dos 9 meses de idade, o bebê apresenta sinais de uma teoria da mente, quando 
“apontar objeto protodeclarativo”. Domingues (2006) destaca que a teoria da mente é 
uma habilidade encontrada em criança, a partir de 3 anos de idade.
Fonte: as autoras.
explorando Ideias
Podemos compreender que a Teoria da Mente ou o desenvolvimento sociocognitivo do 
ser humano é a capacidade de inferir sobre o estado mental de si e do outro. A Empatia, 
por sua vez, é uma resposta cognitivo-afetiva despertada após a observação da situação 
de outras pessoas. 
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É por meio da influência do ambiente familiar que iniciará a formação dos 
principais aspectos relacionados à personalidade e comportamentos na vida de 
uma pessoa. Conforme o vínculo familiar, no entanto, os processos de formação 
da personalidade e do repertório comportamental alcançam, ou não, o nível de 
qualidade adequado à demanda social (GOMIDE, 2003). 
Dessa forma, inferimos que um ambiente familiar, capaz de oferecer um su-
porte emocional e social, que atenda às expectativas essenciais à vida de uma 
criança, é baseado no vínculo afetivo e preocupado com o desenvolvimento de 
todos os aspectos, emocionais, cognitivos, físicos e sociais. Esse vínculo corrobora 
para formação do autoconceito e de habilidades necessárias no desenvolvimento 
do ser humano.
Tem, ainda, algumas teorias que defendem o vínculo como essencial ao de-
senvolvimento de uma pessoa segura de si e com desenvoltura social de destaque. 
Desse modo, a Teoria Social Cognitiva valoriza o papel da família como modelo 
social importante neste processo. Para Colaciti (2006, p. 7-8) a teoria social cog-
nitiva: 
 “ Considera que a criança adquire o autoconceito por meio de um processo de “imitação”, através do qual incorpora em seus próprios esquemas as condutas e as atitudes das pessoas que são importantes 
para ela. A criança, ao identificar-se com elas, imita-as e faz suas as 
características que lhes pertencem. Assim, vai formando um concei-
to de si mesma parecido com o das pessoas que a cercam.
No decorrer da vida, o ser humano passa por várias situações que o leva a es-
truturar, rever, reafirmar ou rejeitar atitudes e valores. Podemos observar essas 
ocorrências, primeiramente, no meio familiar; depois, na sociedade e, após, nas 
relações escolares. São meios que submete o indivíduo às diferentes pressões e 
exigências, levando-o a construir ou modificar seu modo de ver e a postura em 
relação ao mundo. 
Nessa construção, a qualidade da relação entre pais e filhos, sociedade e su-
jeito, professor e aluno são fatores importantes para o desenvolvimento social da 
pessoa. A forma, pois, como se expressa o afeto na família, professores e colegas 
bem como a disciplina são fatores que contribuem para a estruturação de um 
autoconceito positivo ou negativo. 
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Podemos compreender, ainda, que a qualidade do vínculo ofertado à criança 
é essencial à construção tanto do autoconceito quanto das habilidades sociais. 
Por meio do convívio familiar, a criança adquire para si os modelos presentes, 
podendo ser bons ou não. Para Brandão (2011, p. 27), “em todo caso, a interação 
entre os membros do grupo familiar proporciona à criança a percepção do que 
se espera dela”.
Nesse sentido, é preciso destacar a importância da interação familiar e as 
habilidades sociais no desenvolvimento do indivíduo. 
As habilidades sociais contribuem para a competência social. Haja vista que 
a pessoa precisa desenvolver tal competência, pois é ela quem dá um sentido 
avaliativo e está relacionada à capacidade do indivíduo de interagir, por meio 
de seus pensamentos, sentimentos e ações em prol de objetivos pessoais e de 
demandas da situação exigida, socialmente e culturalmente, trazendo conse-
quências positivas para o indivíduo e para a sua relação com as demais pessoas 
(PRETTE; PRETTE, 2005).
É comum, portanto, buscar uma compreensão, ao analisar o indivíduo adulto, 
interagindo socialmente em seu cotidiano. A questão das habilidades sociais está 
presente desde o nascimento, na dinâmica familiar, e segue por toda a vida da 
pessoa, embora, em cada momento diferente da vida, sejam solicitados alguns 
ajustes (PRETTE; PRETTE, 2005; DIAS, 2013).
A família é o principal meio propulsor e modelador dos vínculos afetivos, 
comportamentais e cognitivos. As características existentes no ambiente familiar 
são determinantes na qualidade de vida da criança, em seu desenvolvimento pes-
soal, escolar e social. O vínculo com a família, portanto, é decisivo na construção 
de um coerente e positivo desenvolvimento pessoal, além de proporcionar bases 
sólidas e flexíveis no desempenho das interações do sujeito com a sociedade.
Assim, de acordo com o que foi abordado, a formação da teoria da mente, em-
patia, a influência do vínculo familiar, o autoconceito e as habilidades sociais estão 
interligados, ou seja, na maneira que o indivíduo se enxerga, qual é a imagem que 
faz de si mesmo e do julgamento que os outros fazem dele. Essa vivência ocorre, 
sobretudo, influenciada pelas interações que ocorrem, no meio familiar, social 
e escolar. Nessa construção, é importante ressaltar que a qualidade das relações 
entre os familiares, na vida escolar do aluno e nas vivências sociais, é relevante 
para o desenvolvimento do ser humano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), verificamos, no decorrer da unidade, que as relações sociais 
e familiares estão no epicentro da vida do indivíduo em desenvolvimento. A 
família é palco de mudanças marcantes que refletem até a atualidade, por isso, 
movida pelas mudanças sociais, surgem novos modelos. Vimos que existem três 
tipos básicos de família: tradicional, moderna e contemporânea ou pós-moderna.
A família tradicional, composta por numerosos membros, era centrada na 
autoridade patriarcal, mais comum até a primeira metade do século passado. 
Constituía-se não só pelos pais e filhos, mas por todo o entorno familiar, como 
os avós, tios, primos, e as relações eram determinados por meio dos conceitos 
morais e autoritários, estabelecidos na época.
A família moderna surgiu na metade do século XX, e podemos perceber um 
modelo diferente do que estava estabelecido na família tradicional. Composta 
por poucos membros familiares, como pai, mãe e poucos filhos. As relações cons-
truíam-se com a interação familiar e não mais patriarcal.
A família contemporânea é a que temos atualmente, não tem uma regra 
pré-estabelecida de parentesco. O modelo é diversificado, podemos encontrar 
filhos morando com só um dos pais, por adoção ou pelo divórcio, casais optam 
em não ter filhos, uniões homossexuais, entre outras formações. Atualmente, 
podemos notar esses três modelos básicos de família coexistindo, com suas va-
riações, cada família a seu modo.
Outro ponto relevante a ser observado liga-se à importância da família no 
desenvolvimento do ser humano, independentemente do modo de viver de uma 
pessoa ou do tipo defamília. O estabelecimento do vínculo é o propulsor na busca 
do desenvolvimento humano, pois precisamos de afeto, cuidados, orientações e 
proteção. Desse modo, não existe um modelo de família ideal, mas o modo como 
a família lida com esses aspectos. 
35
na prática
1. A família foi e, ainda, é considerada o núcleo da sociedade. Os seus papéis e padrões, 
porém, evoluíram, ao longo dos anos, e nota-se que, a partir do século XX, sofreram 
alterações muito significativas. Considerando a situação hipotética apresentada, 
podemos afirmar que os modelos de famílias podem ser classificados como:
I - Família tradicional: uma autoridade paterna e papéis bem definidos.
II - Família moderna: uma estrutura mais independente e flexível.
III - Família moderna: a “mãe” saiu de casa para trabalhar.
IV - Família tradicional: o casamento não é mais “para sempre” a dissolução conjugal 
ocorre com mais frequência, uma nova família pode surgir por meio de múltiplas 
possibilidades de vida conjugal e parental.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
2. À família é delegada uma função fundamental para o desenvolvimento humano: 
prover cuidado. Esse aspecto é reconhecido independentemente das transforma-
ções, em diferentes arranjos de famílias, que coexistem em distintas sociedades ao 
longo do tempo. Diante do exposto, analise as alternativas e assinale a que melhor 
argumenta em relação à família e à sua função na formação do ser humano.
a) É por meio da família que a pessoa aprende a reproduzir os padrões culturais 
existentes e recebe conhecimentos que o acompanhará no seu desenvolvimento 
pessoal por toda vida.
b) A família, não obstante, vai além de um valor instrumental no processo de de-
senvolvimento humano, mas o ser humano não leva para suas ações sociais o 
que foi desenvolvido no meio familiar.
c) Pode ser observado no desenvolvimento familiar de alguns lares um desajuste 
nos laços familiares que leva o ser humano a construir uma sociedade equilibra-
da, por meio de suas ações.
36
na prática
d) Nos dias de hoje, a sociedade supre a falta do apoio familiar, auxiliando as pes-
soas em seu desenvolvimento.
e) O modo familiar tradicional é o único que se apresenta eficaz para educar e 
estabelecer uma sociedade desenvolvida.
3. A família é um assunto amplamente discutido no senso comum, nos meios profis-
sionais, entre outros. É, ainda, assunto alvo de inúmeras teorizações e discutido, 
exaustivamente, em múltiplos veículos de comunicação. Sendo assim, analise as 
afirmativas e assinale V para verdadeiras e F para falsas, em relação à família e à 
natureza biológica.
( ) A Revolução Industrial traz uma nova forma de organização social, afetando 
o meio familiar, em suas funções, entre elas, a mulher vai para o mercado de 
trabalho e os filhos passam a ser responsabilidades de instituições de ensino, 
pelo período de ausência da mãe.
( ) Em 1960, surgiu a pílula anticoncepcional, com objetivo de libertar a mulher 
da maternidade, interferindo, assim, na sua atuação no meio familiar e social.
( ) Em meados de 1990, surgiu o exame de DNA que permite à identificação da 
paternidade, desmistificando a dúvida da paternidade que prevalecia no meio 
familiar.
( ) Tiveram-se muitos avanços tecnológicos e científicos que influenciaram o meio 
familiar. Isso fez com que os arranjos familiares se mantivessem de maneira 
estática, sem ser transformados.
Assinale a alternativa correta:
a) V, V, F e V.
b) F, F, V e V.
c) V, F, V e F.
d) F, F, F e V.
e) V, V, V e F.
37
na prática
4. Não é tarefa fácil conceituar, definir e delimitar as potencialidades e as possibilidades 
da vida em família, porém não se pode negar que a vivência no meio familiar afeta, 
direta e profundamente, o modo como construímos a nossa identidade e a nossa 
escala de valores. Diante disso, analise as alternativas em relação à função primária 
da família.
I - A função primária da família está na transmissão dos valores, da tradição e dos 
costumes, de acordo com a cultura que corresponde à sociedade.
II - A família é uma célula de base da sociedade. Nela, estabelecem-se os papéis 
que o indivíduo desempenhará.
III - É na família que inicia a formação dos vínculos, é nessa relação que a célula base 
da sociedade, a família, distingue-se entre o ser humano e o animal.
IV - Família é a única que auxilia no desenvolvimento do ser humano.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
5. A família tradicional é formada por dois pais, pai e mãe, vivendo em comum, e as 
funções são, estritamente, divididas entre eles. Sendo assim, como é a figura do pai 
na família tradicional? Analise as afirmativas.
I - Associada a uma subordinação de todos os outros membros da família, fundada 
na lógica do espírito religioso e dos antigos meios de produção.
II - Uma família tradicional, essencialmente obediente à autoridade patriarcal, hie-
rarquizada e com lugares claramente estabelecidos.
III - Ao pai atribui-se o papel de prover e manter a família.
IV - A mãe e o pai têm a mesma função no sustento familiar.
38
na prática
Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
39
aprimore-se
O MICROSSISTEMA DA FAMÍLIA
A família em particular é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois consti-
tui a estrutura social que determina as possibilidades de desenvolvimento de uma 
pessoa desde o começo da vida, o que a escola ou outras instituições não podem 
fazer (NUSSBAUM, 2000).
À família atribuem-se funções importantes para o desenvolvimento infantil, 
como a função biológica, psicológica e social. Na função biológica a família é respon-
sável pelos primeiros cuidados e necessidades do bebê e da criança, permitindo seu 
desenvolvimento físico e cognitivo adequado. A função psicológica é central na famí-
lia por estabelecer interações afetivas ao longo da vida de um indivíduo, essenciais 
como suporte para seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A função social está 
associada à transmissão dos padrões culturais, educação de valores e princípios de 
vida e de convivência (OSÓRIO, 1996).
A família normativamente constitui uma rede de cuidado e afeto; não obstante, 
também pode se converter no lugar de maiores privações para as crianças (NUSS-
BAUM, 2000). Assim, é importante entender como a família atua para incentivar 
o pleno desenvolvimento infantil e estabelecer fatores de proteção; e do mesmo 
modo, identificar como na família se definem fatores de risco que levam a um déficit 
no potencial de desenvolvimento das crianças.
O Quadro 1 apresenta um marco analítico de como atuam simultaneamente fa-
tores de proteção e fatores de risco que, por sua vez, são definidos por aspectos 
internos e externos à família, influem sua dinâmica e têm implicações no desen-
volvimento de crianças, na formação de habilidades e qualidades físicas, sociais, 
cognitivas e emocionais.
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento das crianças que podem ser 
definidos por aspectos externos à família incluem-se alguns padrões demográficos 
(mãe solteira, adolescente, separações e divórcios) e padrões socioeconômicos (po-
breza, urbanização, desigualdade, baixa escolaridade dos pais, condições precárias 
de trabalho) que, por sua vez, influenciam os aspectos estruturais da família.
40
aprimore-se
Padrões demográficos e transformações nos arranjos familiares como aumento 
da gravidez na adolescência e famílias monoparentais podem representar fatores 
de risco para o bem-estar e desenvolvimento dos membros da família e das crianças. 
O lar monoparental, por exemplo, que é geralmente constituídopela mulher, está 
associado a maior vulnerabilidade na criação dos filhos. Estudos apontam que mães 
solteiras experimentam maiores níveis de stress, trabalham mais horas, porém, têm 
mais dificuldades financeiras (BROWN; MORAN, 1997), tendem a ser isoladas, com 
elevada exposição à violência e contam com menor suporte social comparado com 
mães casadas (ESTRADA; NILSSON, 2004). Estas circunstâncias estão correlaciona-
das com práticas parentais agressivas de menor proteção e comunicação negativa 
com os filhos (ZHANG; ANDERSON, 2010). Isto pode significar maior vulnerabilidade 
na educação dos filhos e seu desenvolvimento. A pesquisa de Sarsour et al. (2011) 
mostra que crianças de baixo status socioeconômico e de mães solteiras têm menor 
desempenho em funções executivas (que correspondem a habilidades cognitivas 
e que ajudam na regulação emocional como trabalho de memória e flexibilidade 
cognitiva) do que crianças do mesmo status, mas que moram com ambos os pais.
A gravidez na adolescência, por outra parte, está associada a riscos biológicos 
para o bebê, aumentando a chance de baixo peso ao nascer e sendo um fator de-
sencadeador de deficiências neurológicas e doenças na infância (KLEIN, 2005). Além 
desses aspectos, os riscos para o bem-estar do infante associam-se a características 
socioeconômicas das mães adolescentes, já que muitas vivem em condições de po-
breza, com baixo grau de escolaridade, recebem menos cuidados pré-natais e pós-
-natais e estão menos preparadas para a maternidade, com insuficiente conheci-
mento sobre o desenvolvimento e os cuidados que requerem elas mesmas durante 
a gravidez e o bebê após o nascimento (KLEIN, 2005). Estudos confirmam que mães 
adolescentes são menos preparadas para assumir a maternidade e, como conse-
quência, são menos sensíveis às necessidades de seus filhos em idades precoces 
(4 meses) (BRIGAS; PAQUETTE, 2007). Outros estudos revelam que a interação mãe 
adolescente e seu bebê é deficiente, sendo menos estimuladora (brincam menos, 
verbalizam e sorriem menos para seus bebês) e com menos expressões de afeto 
(FIGUEIREDO, 2000).
41
aprimore-se
Por outro lado, o status socioeconômico que se define por variáveis de renda da 
família, escolaridade e o status laboral dos pais está associado às competências pa-
rentais e ao desenvolvimento infantil (BRADLEY; CORWYN, 2002). Segundo Conger, 
Conger e Martin (2010), os mecanismos dessa associação estão baseados em dois 
tipos de modelos. O primeiro, denominado de modelo de estresse familiar (family 
stress model – FSM) argumenta que as dificuldades financeiras podem afetar as re-
lações entre o casal e as interações entre pais e filhos e, consequentemente, podem 
ter impactos no desenvolvimento das crianças. O segundo, chamado de modelo de 
investimento (investment model – IM) aponta o status socioeconômico como van-
tagem (ou também desvantagem) para o desenvolvimento infantil ao influenciar os 
investimentos dos pais, determinando a provisão de necessidades básicas como 
alimentos, vestuário, cuidados de saúde, moradia, educação escolar, assim como 
materiais e atividades de aprendizagem. Esses investimentos estão associados com 
os resultados cognitivos e socioemocionais das crianças desde o nascimento até a 
vida adulta (BRADLEY; CORWYN, 2002; YEUNG; LINVER; BROOKS-GUNN, 2002).
Outros fatores de risco definidos, no entanto, por aspectos da dinâmica interna 
da família estão relacionados com estilos e práticas parentais negativas, como a 
negligência ou a agressão física e verbal, o que pode levar a interações mal adapta-
das entre cônjuges ou entre pais e filhos e que prejudica o ambiente familiar. Estes 
aspectos estão associados com deficiências de habilidades cognitivas e socioemo-
cionais das crianças (SHONKOFF; PHILLIPS, 2000). Dependendo do ambiente emo-
cional e das práticas usadas para criar os filhos, a família pode influenciar positiva-
mente ou negativamente a formação das habilidades nas crianças.
Fonte: Macana (2014, p. 30-34).
42
eu recomendo!
Título: As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura 
para a terapia familiar
Autor: Betty Carter e Monica McGoldrick
Editora: Artmed
Sinopse: esta obra apresenta uma visão abrangente, rica e 
bem-conceitualizada da família, conforme ela se movimenta por 
meio do ciclo de vida e dirige seu olhar em direção a questões 
práticas e à variedade de estilos familiares e ciclos de vida, à diversidade cultural, 
às mudanças nos papéis femininos e nas formas e às estruturas familiares.
livro
Coisas de Família
Ano: 2008
Sinopse: esta incrível produção retrata o decorrer de muitos 
anos, na vida de três famílias que residem na mesma rua. Fatos 
comuns no cotidiano de muitos de nós, como a insegurança para 
educar uma criança, a falta de amor no casamento e casos extra-
conjugais, a perda de um parente querido e a homossexualidade 
de um filho são abordados de maneira inteligente e sensível. Im-
possível não gostar!
filme
Café filosófico com Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso. Palestra do módulo 
“Reinvenção da família contemporânea: na tela e na vida real”. Uma conversa in-
teressante que traz o papel da mãe e do pai no meio familiar e os papéis que já 
representaram e representam na contemporaneidade.
https://www.youtube.com/watch?v=J0xcCszAlqc
conecte-se
https://www.youtube.com/watch?v=J0xcCszAlqc
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
anotações
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PARTICIPAÇÃO
E INFLUÊNCIA
da família
PROFESSORAS 
Me. Amanda Gladyz Blasquez Figueroa
Me. Sonia Maria de Campos
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: Percepção do suporte familiar • 
Problemas e/ou dificuldades de aprendizagens e sua relação com a família • Influência da família no 
desempenho escolar.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Compreender a percepção que a criança tem a respeito do suporte familiar que recebe • Analisar o 
suporte familiar nas habilidades sociais e cognitivas dos filhos • Refletir sobre os aspectos positivos do 
envolvimento da família com a escola.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, continuamos nossos estudos em relação 
às intervenções familiares na formação do ser humano. Propomos, neste 
momento, diálogo e reflexão para compreendermos as funções e contribui-
ções da família no processo de aprendizagem do aluno. Destacamos, aqui, a 
necessidade do suporte familiar, assunto tratado no primeiro momento da 
unidade. Desse modo, refletiremos sobre o apoio familiar e suas práticas, 
a importância da parceria entre família e escola no processo de ensino e 
aprendizagem da criança. Abordar os aspectos familiares e escolares no 
desenvolvimento do ser humano é, sempre, muito desafiador, é preciso 
destacar que o desenvolvimento humano não depende só da família e da 
escola, mas de uma relação entre ambas e a sociedade. 
Também tratamos, aqui, dos problemas e/ou dificuldades de aprendiza-
gens e a sua relação com a família. É imprescindível valorizar e incentivar a 
participação dos pais e, assim, discutir o acompanhamento da aprendiza-
gem ou não da criança. Para isso, é preciso entender como os pais podem 
perceber e auxiliar os filhos em relação às dificuldades que apresentam e, 
ainda, buscar os devidos encaminhamentos. Verificaremos, no decorrer 
dos estudos, a resistência da família em aceitar que a criança precisa de 
um atendimento especializado, de suas dificuldades acadêmicas, e, assim, 
conduzi-la, corretamente, em seu desenvolvimento cognitivo, para que se 
torne um adulto responsável, com futuro próspero. 
Por fim, discutiremos a influência da família no desempenho escolar, 
acreditando que a grande maioria dos pais não tem clara a relevância da 
sua participação na vida escolar de seus filhos e, por conseguinte, como 
auxiliar no desenvolvimento, no ensino e aprendizagem da criança. Por-
tanto, espera-se que este estudo possa servir como objeto de reflexão para 
que você compreenda o verdadeiro valorda família nos aspectos afetivos, 
nos cuidados físicos da criança e, não menos importante, nas questões 
cognitivas, que iniciam desde muito cedo, na convivência familiar.
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1 
PERCEPÇÃO DO 
SUPORTE FAMILIAR
Caro(a) aluno(a), neste momento, compreenderemos a necessidade do suporte 
familiar no desenvolvimento humano. Como vimos em nossos estudos anterio-
res, o ambiente familiar é a primeira socialização que proporciona a construção e 
a formação da personalidade, da confiança, do afeto e das relações com os outros, 
primordiais no desenvolvimento saudável de todos.
Vimos, também, que na família, encontramos refúgio, proteção, e com isso, 
desenvolvemos recursos para lidar com as dificuldades, uma vez que a constru-
ção afetiva, recebida no meio familiar, e todos os conhecimentos ficam em nossa 
memória. Desse modo, sempre que precisamos de autoafirmação, teremos con-
dições estabelecidas na mente. Para Nunes (1994, p. 7), “o conceito de reatividade 
no desenvolvimento infantil: as sociedades estabelecem ambientes específicos 
de comportamento que se espera que as crianças apresentem, e, no geral, elas 
crescem da maneira esperada”. Assim, elas desenvolvem resistência a eventos que 
apregoam ideias contrárias ao que lhes foi afirmado pela família, pois a memória, 
ao ser reativada, dá sustentabilidade mental de que a informação não deve ser 
levada em consideração, já que elas aprenderam com os familiares o que é correto.
Uma pesquisa realizada pela Unicef, em 2002, com parcela representativa da 
população jovem de diferentes condições sociais e de todas as regiões do Brasil, 
indica “que 95% percebem a família como a mais importante das instituições; 70% 
declararam mesmo que a convivência familiar é motivo de alegria” (ACOSTA; 
VITALE, 2015, p. 54).
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 Observa-se, assim, a importância do apoio familiar na construção mental do 
ser humano, pois este é o alicerce que auxilia o desempenho e o desenvolvimento. 
Para Bronfenbrenner (1986, p. 5), o desenvolvimento humano é “uma mudança 
duradoura na maneira como uma pessoa percebe e lida com o seu ambiente”, o 
contrário, ou seja, a falta do suporte familiar, poderá levar a mal desenvolvimento, 
a distúrbios e dificuldades em vários aspectos, como os de aprendizagens. Isto 
porque as relações familiares estão intrínsecas ao desenvolvimento dos compor-
tamentos e ações, levando o ser humano a ter um senso de pertencimento ou não 
ao meio em que vive, dinamizando, assim, possíveis relações sociais conflitantes.
Percebemos, até aqui, a relevância do suporte familiar no desenvolvimento 
saudável da criança. Dessa forma, as práticas educativas adotadas pelos fami-
liares são determinadoras do futuro da criança, pois ela, ainda, é pequena e em 
formação; está em um mundo totalmente estranho e mudanças frenéticas ocor-
rem neste ambiente, e como um ser humano em formação, a criança não vê dife-
rença entre ela e os outros seres vivos. É no meio familiar, porém, que receberá a 
sua condução de vida e o reconhecimento do ser que é. Os pais devem, portanto, 
assumir a responsabilidade pela sua proteção para, assim a criança compreender 
o seu papel, neste mundo, e como deve se comportar no meio em que vive.
Figura 1 - Apoio no desenvolvimento da criança
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O que você acha do diálogo no meio familiar? Para algumas pessoas, o diálogo é entendi-
do como uma ameaça à autoridade familiar, por dar oportunidade a debates e divergên-
cias de opiniões. Para outros, seria um tempo dedicado para entender o que cada pessoa 
pensa sobre determinado assunto.
pensando juntos
Para tanto, a família precisa instaurar um modo de pensar crítico, com sen-
sibilidade e abertura para entender a criança; dar-lhe afeto e confiança; dialogar; 
incentivar suas capacidades; compreender suas limitações; auxiliá-la na constru-
ção de seus conhecimentos e respeitar os fundamentos éticos do educar.
Para Gomide (2014), a família precisa dialogar entre seus membros, pois mesmo 
que a escola, os clubes, os amigos e a televisão influenciem a formação do ser hu-
mano, a promoção da educação, os valores morais e os padrões de conduta, ainda 
precisam ser construídos por meio de exemplos e diálogos familiares. Dessen e 
Polonia (2007, p. 22) pontuam que 
 “ Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e 
culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem 
humana, com significados e práticas culturais próprias que geram 
modelos de relação interpessoal e de construção individual e co-
letiva.
Dessa forma, as relações que a família mantém com o seu meio influenciam, 
significativamente, a vida da criança. Isto é possível relembrarmos ou, até mesmo, 
analisarmos no meio em que vivemos. A maneira como nos comportamos é, em 
grande parte, consolidada na educação que obtivemos junto à família. Com isso, 
a criança é diretamente influenciada pelo suporte que recebe dela, em sua forma 
de pensar e agir.
Outro fator relevante a ser destacado é o que Vigotsky (2007, p. 94) afirma: “o 
aprendizado das crianças começa muito antes de elas frequentarem a escola”. Isto 
evidencia a responsabilidade da família ao auxiliar a criança na aprendizagem 
significativa, mediando este processo de seu desenvolvimento. Montadon (2005, 
p. 492) reforça que,
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 “ De modo geral, os trabalhos que enfocam as influências dos pais afirmam que suas condutas afetam a personalidade e outras carac-terísticas dos filhos. Alguns trabalhos, por exemplo, relacionaram 
os estilos educativos e o desenvolvimento da criança no plano de 
sua personalidade assim como no de suas relações com os outros.
Não estamos, aqui, tirando a responsabilidade que a escola tem em auxiliar o 
desenvolvimento cognitivo da criança. Ela pode trabalhar as diferentes vivências 
que as crianças possuem no âmbito familiar e, a partir de seus conhecimentos pré-
vios, levarem-nas a vivenciarem, fora do contexto familiar, os aspectos escolares e 
sociais. De acordo com Brandão (1982, p. 12), “a educação existe sob tantas formas 
e é praticada em situações tão diferentes, que algumas vezes parece ser invisível”.
A aprendizagem, assim, ocorre em vários ambientes, e a criança tem a sua 
formação desenvolvida em meio a eles. Destes, podemos destacar a educação 
familiar e a educação escolar, aos pais cabe a responsabilidade de ensinar aos 
filhos valores morais, levá-los a ter comportamentos aceitáveis socialmente, e 
à escola cabe a responsabilidade de desenvolver os aspectos relacionados aos 
conhecimentos ditos científicos. Portanto,
 “ Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre 
filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às institui-
ções de ensino que frequentam (TIBA, 1996, p. 111).
Neste contexto, é possível observar a função da família que, ao deixar de cum-
prir o seu papel de transmitir os valores coerentes, transfere aos demais veículos 
formativos esse papel. Para Rego (2003), no entanto, a família precisa de outros 
espaços para auxiliar a educação dos filhos, e a escola interliga a família às funções 
de socialização da criança. Podemos observar isso na influência que ambas têm 
na formação do indivíduo. Os pais, por sua vez, não devem achar que a educação 
só ocorrerá quando a criança for à escola e deixar para, neste momento, educá-la. 
Segundo Gomide (2014), o estabelecimento de regras e limites à criança precisa 
ocorrer no seio familiar, de maneira que ela tenha plena compreensão destes 
comandos.
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Figura 2 - Interação familiar
Dese modo, é preciso levar em consideração que a criança, antes mesmo de fre-
quentar outros ambientes, seja escolar, seja social, toma para si a vivência que

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