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Gastroenterologia @laura.medstudies Laura Catarine – M4 Predomina no sexo masculino, a partir dos 40 anos Tipo escamoso é comum na raça negra e o adenocarcinoma é comum na raça branca Carcinoma escamoso ou epidermoide o Derivado do epitélio estratificado não queratinizado, característico da mucosa normal do esôfago o O tumor se origina principalmente no terço médio do esôfago (50% dos casos) o Fatores de risco: Hábitos de vida: Etilismo – bebidas destiladas ou muito quentes Tabagismo Fatores dietéticos: Alimentos rico em nitratos e nitrosaminas (defumados) Contaminação por fungos produtores de toxina Deficiência de selênio, zinco, molibdênio e vitaminas Doenças esofágicas: Acalasia Síndrome de Plummer-Vinson Estenose cáustica Genética: Tilose palmar e plantar – distúrbio caracterizado por hiperceratose na palma das mãos ou planta dos pés Outros fatores: Bulimia HPV Adenocarcinoma o Derivado do epitélio de Barret (DRGE erosiva) o Localizado no terço distal do esôfago Se confunde com o adenocarcinoma da cárdia (junção esofagogástrica) o Fatores de risco: Presença do epitélio de Barret secundário à erosão da esofagite de refluxo Tabagismo Obesidade Sintomas iniciais inespecíficos: dor retroesternal mal definida e indigestão Disfagia o Inicia com sólidos e evolui pra líquidos o Para haver disfagia mecânica o câncer deve ter comprometido > 2/3 do lúmen Perda ponderal Em lesões mais avançadas: halitose e tosse após ingestão de líquidos o Indica que o lúmen foi quase todo comprometido ou que há uma fístula esofagotraqueal Sintomas menos comum: o Rouquidão por envolvimento do nervo laríngeo o Hematêmese Sintomas de doença avançada: o Icterícia o Dispneia Diagnóstico Laura Catarine – M4 Bem diagnosticados com a Esofagografia Baritada e com a EDA com biópsia No exame baritado é possível ver a irregularidade da mucosa e a transição entre o esôfago normal e a obstrução (sinal do degrau) Por meio da endoscopia o Ca de esôfago pode ser classificado como: o Polipoide exofítico o Escavado ou ulcerado o Plano ou infiltrativo O Ca de esôfago tem caráter agressivo, disseminando-se localmente e a distância o A ausência de serosa facilita a disseminação para os linfonodos regionais e órgãos adjacentes o Tumores do terço superior e médio: Invadem a árvore brônquica, aorta e nervo laríngeo recorrente Drenam para linfonodos cervicais, paraesofágicos, mediastínicos posteriores e traqueobrônquicos o Tumores do terço inferior: Invadem o diafragma, pericárdio e estômago Drenam para os linfonodos paraesofágicos, celíacos e hilo esplênico o Metástase para fígado e pulmão o Câncer de esôfago precoce: Forma rara Invade até a submocosa – T1 o Exames usados pro estadiamento: Ultrassom endoscópico – melhor exame para o estadiamento T e N Rx de tórax – alterado em 50% dos pacientes TC toracoabdominal – avalia o tamanho do tumor, linfonodos mediastinais e metástases à distância Broncofibroscopia – mostra invasão traqueobrônquica Mediatinoscopia e laparoscopia com biópsia – avalia linfonodos e metástases à distância PET scam – determina metástase à distância o Sequência do estadiamento: 1 – Diagnóstico de Ca de esôfago por biópsia endoscópica 2 – TC toracoabdominal para determinar metástases a distância Se confirmado, classifica o paciente em estágio IV 3 – Na ausência de metástase a distância, Ultrassom endoscópico para avaliar a penetração do tumor na parede esofagiana 4 – Laparoscopia opcional Cura em 10-35% dos casos Sobrevida em cinco anos: o Estágio 1 – 60% o Estagio II – 30% o Estágio III – 20% o Estágio IV – 4% Estratégia cirúrgica: o Esofagectomia + linfadenectomia regional o Margem de segurança de pelo menos 8 cm o Realizar reconstrução do transito intestinal com o estômago Laura Catarine – M4 O Ca gástrico é um dos tumores malignos mais comuns Os sintomas da fase inicial, potencialmente curável, costumam ser mínimos ou inexistentes 3ª maior causa de câncer em homens, e a 5ª em mulheres O adenocarcinoma gástrico está entre as principais causa de morte relacionadas ao câncer Mais frequente no sexo masculino, com pico de incidência entre 50 a 70 anos, sendo raro antes dos 35 O tipo de Ca gástrico mais comum é o adenocarcinoma – 95% Epidemiologia e histopatologia: o O Ca gástrico está se tornando uma doença mais proximal A incidência de adenocarcinoma de antro e piloro está menor, e a de cárdia está aumentando Isso está ocorrendo principalmente em homens brancos, e relacionado ao tabagismo e alcoolismo o Classificação de Lauren dos tipos histológicos do adenocarcinoma: Intestinal: Tumor bem diferenciado, com formação de estruturas glandulares Mais comum no Brasil Predomina em homens de 55 a 60 anos Possui lesões expansivas, polipoides e ulceradas na endoscopia Comum no estômago distal Disseminação hematogênica Difuso: Tumor indiferenciado sem formações glandulares, apresentando células em anel de sinete (acúmulo de muco no citoplasma deslocando o núcleo para a periferia) Caráter infiltrativo EDA – úlceras infiltrativas ou linite plástica (infiltração difusa no órgão) Acomete mais a cárdia Prognóstico pior que o tipo intestinal Disseminação por contiguidade e pela via linfogênica Incide ambos os sexos na idade de 40-48 anos Possui relação com o tipo sanguíneo A Fatores de risco: o Gastrite atrófica por H. pylori e Anemia perniciosa (gastrite atrófica autoimune) Dão origem a metaplasia intestinal, que evolui para displasia e dão origem ao Ca Laura Catarine – M4 o Dieta com alimentos conservados no sal, defumados ou mal conservados, poucas frutas e vegetais, poucas proteínas e gorduras animais o Tabagismo o Grupo sanguíneo A o Com exceção do grupo sanguíneo A, os outros fatores de risco predispõe ao tipo intestinal de Ca Aspecto macroscópico: o Câncer gástrico invasivo: Classificação macroscópica de Borrmann é a mais utilizada Borrmann I – Carcinoma polipoide Lesão bem demarcada com área de tecido normal a sua volta Sobrevida em 5 anos – 40% Borrmann II- Carcinoma Ulcerado com margens bem demarcadas e nenhuma infiltração Somente é diferenciada da úlcera gástrica benigna por método endoscópico Sobrevida em 5 anos – 35% Borrmann III – Carcinoma Ulcerado e Infiltrante com margens rasas e pouco definidas Há infiltração da mucosa, muscular e serosa Apresentação mais comum Sobrevida em 5 anos – 20% Borrmann IV – Carcinoma Infiltrativo difuso Difícil de ser definido Ataca tocas as camadas do estômago e em todas as direções Quando ocorre em todo o estômago é chamado de linite plástica Borrmann V – Câncer gástrico que a definição não se encaixa nas outras o Câncer gástrico precoce: Trata-se dos tumores restritos à mucosa e submucosa, independente do acometimento ou não de linfonodos regionais Chance de cura > 85% 3 subtipos: Tipo I – polipoide Tipo IIa – elevado em menos de 5 mm Tipo IIb – superficial sem elevação Tipo IIc – depressão inferior a 1,5 cm Tipo III – ulcerado Tratamento cirúrgico ou ressecção endoscópica Manifestações clínicas: o Em estágios iniciais o carcinoma é geralmente assintomático ou apresenta sintomas dispépticos inespecíficos o Sintomas mais comuns: Perda ponderal Dor epigástrica Náusea Anorexia Disfagia – ocorre na invasão da cárdia ou esôfago distal pelo Ca Pseudoacalásia Melena Provoca uma anemia ferroprivapor perda sanguínea crônica Perfuração e sangramentos agudos são raros Saciedade precoce Dor semelhante a úlcera péptica Costuma ser constante, sem irradiação e sem Laura Catarine – M4 melhora com a alimentação o O alívio temporário pode ser obtido com o uso de antissecretores o Vômitos recorrentes – sugerem obstrução antro-pilórica pelo Ca o Metástase para pulmão, fígado e peritônio o Exame físico de doença avançada: Massa abdominal palpável Linfonodo supraclavicular esquerdo palpável Linfonodo periumbilical palpável Metástase peritoneal palpável pelo toque retal Massa ovariana palpável Hepatomegalia, ascite, icterícia Diagnóstico: o EDA: EDA + Biópsia = precisão de 98% Indicada em todo paciente com dispepsia >45 anos ou com sinais de alarme Fornece a classificação de Borrmann Localização mais comum: mucosa de transição do corpo com o antro na pequena curvatura Ulcera gástrica em local atípico pode representar malignidade o Exame baritado: SEED Sinais radiológicos que sugerem malignidade: Lesão em massa Úlceras com pregas irregulares Úlceras com fundo irregular Irregularidade da mucosa com perda da distensibilidade Pregas alargadas Massa polipoide Serve como triagem para a realização ou não de EDA com biópsia Estadiamento: o Sistema TNM O N (linfonodos acometidos) só pode ser determinado após cirurgia, sendo necessário ressecar no mínimo 15 linfonodos regionais o Estadiamento pré-operatório: TC de tórax, pelve e abdome: Excelente para avaliar metástase para órgãos e linfonodos à distância USG endoscópica: Determina a extensão locorregional do Ca gástrico Análise do T e N Videolaparoscopia: Realizado em pacientes que os outros exames não mostram metástase à distância Tratamento: o Cirurgia curativa: Deve ser tentada na ausência de metástases à distância Ressecar toda a extensão da neoplasia, se possível Margem de segurança de 5 a 6 cm Alimentação pós-operatória por sonda nasoenteral Os tumores de terço distal e os tumores de terço médio (com 5 a 6 cm de distância da junção gastroesofágica) podem ser submetidos a gastrectomia subtotal e reconstrução a Billroth II Tumores de terço médio, com menos de 5cm de distância da junção gastroesofágica – gastrectomia total Tumores de fundo gástrico – gastrectomia total Laura Catarine – M4 Tumores de cárdia – esofagectomia distal e gastrectomia total Todos os tumores precisam de linfadenectomia profilática regional o Terapia adjuvante: Radioquimioterapia adjuvante após a cirurgia o Terapia paliativa: Tenta fornecer alívio sintomático Quimioterapia paliativa Gastrectomia paliativa – em pacientes com risco cirúrgico baixo Dilatadores pneumáticos – pacientes com disfagia Radioterapia o Câncer gástrico precoce: Gastrectomia com linfadenectomia Terapia curativa endoscópica Pode ser realizada quando o tumor for limitado à mucosa, não ulcerado, com lesão de ausência de invasão linfavascular e menos de 2cm de diâmetro Compreende menos de 5% dos Ca gástricos Tipos histológicos: o Linfoma difuso de grandes células B Linfoma não Hodgkin agressivo Tratamento – gastrectomia total e radioquimioterapia o Linfoma MALT Linfoma não Hodgkin indolente com alta chance de cura Relacionado com a infecção po H. pylori Tratamento – erradicação da H. pylori Na EDA o linfoma parece igual ao adenocarcinoma, porém na maioria daqueles casos possui invasão da submucosa Diagnóstico por biópsia endoscópica o TC para avaliação dos linfonodos acima e abaixo do diafragma o USG endoscópica para determinar a invasão na mucosa e submucosa Laura Catarine – M4 Conceito: o A constipação intestinal é definida como sintoma ou conjunto de sintomas relacionados à alteração do hábito intestinal normal o Relacionada com uma menor frequência evacuatória, à maior consistência das fezes e ao esforço para defecação, e sensação de evacuação incompleta o O hábito intestinal que caracteriza a constipação é variável em cada indivíduo o Critério consensual de constipação – critérios de Roma III: Presença de duas ou mais características a seguir, nos últimos 3 meses, por pelo menos 6 meses do quadro inicial: Esforço para evacuar em mais de 25% das evacuações Fezes endurecidas ou fragmentadas > 25% das evacuações Sensação de obstrução anorretal > 25% das evacuações Manobras digitais para evacuar > 25% das evacuações Menos de 3 evacuações por semana As causas são divididas em: o Causas primárias – decorrentes de problemas inerentes ao próprio intestino o Causas secundárias – decorre de problemas extra-intestinais Inclui distúrbios psiquiátricos e medicações (analgésicos, AINES, antidepressivos, diuréticos e outros) Quanto à fisiopatologia das causas primárias, divide-se em: o Constipação com trânsito intestinal normal: Forma mais comum Chamada de constipação funcional ou constipação crônica idiopática O trânsito intestinal e a frequência evacuatória são normais, mas o paciente se queixa de constipação associada a desconforto e dor abdominal o Constipação com trânsito intestinal lento: Ocorre retardo da passagem das fezes pelos cólons Ocorre queixa de baixa frequência evacuatória e distensão abdominal Prováveis causas: anormalidades do plexo mioentérico, alterações da inervação colinérgica e anormalidades do sistema de transmissão neuromuscular noradrenérgico Histologicamente, ocorre alterações de neuropeptídios do sistema nervoso entérico, diminuição do volume das células intersticiais no cólon e aumento de neurônios entéricos em processo apoptótico o Distúrbio anorretal: Ocorre incoordenação do mecanismo defecatório Laura Catarine – M4 dependente da musculatura pélvica Queixas de sensação de evacuação incompleta ou de obstrução e necessidade de manipulação digital para evacuar Causa frequente de constipação em idosos, principalmente mulheres Confirmado por meio de manometria anorretal e defecografia Uma das causas é a dificuldade de relaxamento ou a contração inadequada do músculo puborretal e do esfíncter anal externo Principal etiologia de constipação no idoso: o Dieta pobre em fibras e baixa ingestão hídrica, diminuição da mobilidade e menor atividade física, comorbidades e uso de medicações que tem efeito constipante Sintomas de defecação: o Evacuações infrequentes o Ausência de urgência evacuatória o Dificuldade para evacuar o Esforço inefetivo evacuatório o Sensação de evacuação incompleta o Dor anal ou perianal o Escape fecal o Necessidade de manobras digitais Sintomas abdominais: o Distensão abdominal o Dor ou desconforto abdominal relacionado ou não à evacuação Sintomas sistêmicos: o Halitose, cefaleia, náuseas e cansaço Tempo de início dos sintomas: o Infância – problema congênito o Início recente e progressivo em adultos – neoplasia Além disso, sintomas como emagrecimento e sangue nas fezes o Cólicas e dores abdominais após a alimentação podem indicar obstrução Os sintomas neurológicos podem estar relacionados a uma doença neurológica de base Hipotireoidismo – lentificação, sensação de frio, queda de cabelo e rouquidão Exame físico do abdome: o Pode revelar distensão, fezes endurecidas na palpação dos cólons ou massa inflamatória ou neoplásica o Se o abdome estiver distendido, palpar a coluna para descartar distensão abdominal postural Exame digital do reto: o Avaliação do tônus do esfíncter anal o Investigação de anormalidades napalpação O diagnóstico é clínico o Dificuldade e esforço para evacuar, presença de fezes endurecidas e sensação de evacuação incompleta o Afastar doenças e uso de medicações que possam causar constipação intestinal crônica Exames – hemograma, glicemia, TSH, cálcio e creatinina sérica Colonoscopia – pacientes acima de 50 anos, com emagrecimento ou sangramento intestinal Sorologia para doença de Chagas dependendo da epidemiologia Investigação da função dos cólons e do reto 1 – Identificar comorbidades e drogas que possam atuar na gênese da constipação Medidas não-farmacológicas: o Reeducação do hábito intestinal: O ato defecatório é um ato reflexo condicionado Evacuar no mesmo horário (preferencialmente, pela manhã) e evitar abolir o desejo de evacuar o Ingestão de fibras: 30g de fibras diariamente, com aumento de 5g por semana Laura Catarine – M4 para evitar produção excessiva de gases, distensão e desconforto abdominal Frutas, vegetais e produtos integrados o Ingestão hídrica: Cerca de 1,5 a 2 L/dia, exceto em casos de hipervolemia o Atividade física: Diminui o risco de constipação Medidas farmacológicas: uso de laxativos o Iniciar com agentes formadores de massa ou hidróxido de magnésio e na falha desses, usar bisacodil e, depois, polietilenoglicol o Agentes formadores de massa: Composto por fibras solúveis, insolúveis, as duas ou fibras sintéticas As substâncias absorvem água do lúmen intestinal, aumentam o bolo fecal, amolecem as fezes e facilitam a evacuação Também aumentam a motilidade gastrointestinal, diminuindo o tempo do transito intestinal e aumenta a frequência evacuatória A introdução das fibras deve ser gradual pra evitar flatulências e distensão abdominal o Osmóticos ou salinos: Substâncias hiperosmolares que secretam água para a luz intestinal, amolecem as fezes e aumenta a atividade propulsora dos cólons Salinos – hidróxido de magnésio Polietilenoglicóis – PEG o Estimulantes: Bisacodil, fenolfetaleina, sene Aumenta a motilidade e a secreção intestinal por meio da estimulação do plexo mioentérico colônico e da alteração do fluxo de água e eletrólitos (doses maiores estimulam a secreção) Constipação refratária ao tratamento medicamentoso: o Constipação funcional: Dieta rica em fibras Formadores de massa Osmóticos salinos o Constipação com transito intestinal lento: Drogas procinéticas: Aceleram o transito intestinal e aumentam a frequência das evacuações, por meio da ativação dos receptores 5-HT de serotonina o Distúrbios anorretais: Bio feedback: Treinamento do ato defecatório com auxílio de eletromiografia e manometria anorretal Laura Catarine – M4 Também chamada de enteropatia induzida pelo glúten É uma doença autoimune de caráter permanente, que só aparece em indivíduos geneticamente predispostos, sendo desencadeada pela exposição ao glúten da dieta O glúten é uma mistura de proteínas presente nas reservas nutritivas das sementes dos cereais o A gliadina é a fração do glúten que é tóxica levando os indivíduos a desenvolver a doença celíaca Acomete principalmente indivíduos brancos Apenas 10% dos indivíduos recebem diagnóstico, pois a maioria é oligo ou assintomático o Poucos paciente possuem os sintomas típicos da doença, a maioria possui os sintomas atípicos, dificultando o diagnóstico O glúten é parcialmente digerido no lúmen intestinal, liberando gliadina, um peptídeo rico em glutamina A gliadina se liga à enzima transglutaminase tecidual presente nos enterócitos da mucosa intestinal, formando um complexo que é reconhecido como antígeno por células apresentadoras que possuem determinados alelos do complexo de histocompatibilidade MHC classe II Quando ocorre a formação desse neoantígeno, as células apresentadoras podem estimular os linfócitos T à uma resposta imune, o que acarreta a destruição da mucosa intestinal 40% da população total possuem os alelos do MHC da doença celíaca, mas apenas uma minoria desenvolve a doença A intensidade dos sinais e sintomas depende da extensão do acometimento intestinal Síndrome de má absorção intestinal completa: o Forma típica em crianças menores de 2 anos, durante a introdução de novos alimentos e desmame de aleitamento materno. o Sinais clínicos: Distensão abdominal Diarreia crônica com esteatorreia Déficit ponderal e estatural Carência de múltiplos nutrientes Ferro, ácido fólico e vitamina B12 – anemia Cálcio e vitamina D – doença óssea Vitamina K – coagulopatia Vitamina E – neuropatia E outras doenças... Sinais e sintomas em crianças mais velhas e adultos: o Diarreia crônica o Dispepsia o Flatulência o Perda ponderal Manifestações extraintestinais: o Fadiga o Depressão o Anemia ferropriva refratária à reposição oral de ferro o Osteopenia e osteoporose o Baixa estatura o Atraso na puberdade o Amenorreia o Infertilidade o Dermatite herpetiforme Considerada uma forma de doença celíaca na pele Laura Catarine – M4 Pode aparecer em associação ou não com queixas gastrointestinais Ocorre em menos de 10% dos celíacos, mas todos os pacientes com dermatite herpetiforme tem doença celíaca É um rash papulovesicular pruriginoso, que está presente nas regiões extensoras das extremidades, tronco, couro cabeludo e pescoço Exames gerais: o Hemograma: Lesões proximais tendem a causar má absorção de ferro e ácido fólico, enquanto lesões longas o bastante para atingir o íleo provocam má absorção de B12 Em todos os casos, o paciente apresenta deficiência de ferro que pode ou não acompanhar a deficiência de folato e B12 É comum anemia o Coagulograma: A má absorção de vitamina K costuma causar coagulopatia, com alargamento do INR o Densitometria óssea: A má absorção de cálcio e vitamina D causa hipocalcemia e hipovitaminose D, que acompanhada de fosfatase alcalina aumentada, indica doença óssea o Albumina sérica: Má absorção de proteínas causa hipoalbuminemia o Gasometria e eletrólitos: Pode surgir acidose metabólica e hipocalemia por perda intestinal de bicarbonato e potássio devido à diarreia o Aminotransferases: Pode mostrar elevação discreta, presente em 40% dos celíacos Sorologia: o IgA anti-transglutaminase tecidual: Teste de escolha Quando negativo, mas a suspeita clínica é grande, realizar dosagem de IgA total Os títulos dos autoanticorpos dosados devem ser indetectáveis com 3 a 12 meses de dieta sem glúten, sendo esse exame importante para verificar a adesão terapêutica Endoscopia digestiva alta: o A EDA sempre deve ser realizado na suspeita de doença celíaca com sorologia positiva Há raros casos em que a sorologia é negativa, mas há grane suspeita clínica, e assim o EDA é indicado o Biópsia do bulbo duodenal e após a papila de Vater, na porção distal o A doença celíaca não tem alterações histológicas características, pois outras condições como alergia podem causar as mesmas alterações na mucosa o Alterações esperadas: Macroscopia – atrofia e aplainamento das pregas circulares e vilosidades Microscopia – infiltração linfocítica no epitélio e na lâmina própria, com atrofia das vilosidades e hipertrofia das criptas Alguns autores preconizam a realização de EDA e sorologia após a restrição dietética para comprovação da eficácia terapêutica, mas outros consideram essa conduta desnecessária A negatividade dos testes genéticos afasta em definitivo o diagnóstico de doença celíaca Suspensão do glúten da dieta Laura Catarine – M4 o Restrições dietéticas: Trigo, aveia, centeio, cevada,malte Cerveja, whisky, gin, vodka, Ovomaltine, cafés misturados com cevada Leites achocolatados contendo malte, queijos fundidos Patês enlatados e embutidos, carne à milanesa Maionese, catchup e temperos industrializados Por se tratar de uma doença autoimune, a doença celíaca responde a imunossupressores, como glicocorticoides, mesmo que o paciente continue a ingerir glúten, porém essa abordagem possui uma grande toxicidade No início do tratamento, é importante também limitar laticínios, poiso paciente pode ter uma intolerância à lactose transitória o Isso ocorre porque a doença celíaca atrofia a mucosa intestinal, o que diminui a quantidade de lactase na borda em escova dos enterócitos Reposição de nutrientes deve ser feita conforme necessidade Prognóstico excelente caso o paciente consiga manter a dieta Os sintomas tem remissão em poucas semanas após a introdução da dieta Alguns pacientes são refratários ao tratamento: o Doença refratária tipo 1: Com linfócitos policlonais Indicação de uso de imunossupressores – glicocorticoides Pode ser necessária a manutenção com drogas poupadores de corticois em longo prazo, como azatiopina o Doença refratária tipo 2: Com linfócitos monoclonais Corticoterapia está indicada Em 50% dos casos, evolui para linfoma T intestinal, com tratamentopor meio de poliquimioterapia seguida de transplante de células-tronco hematopoiéticas Espru colágeno: o É uma complicação da doença celíaca em que ocorre deposição de colágeno abaixo da membrana basal do epitélio da mucosa intestinal, impedindo permanentemente a absorção de nutrientes o Celíacos possuem maior incidência de: Doença de Addison Doença de Graves e Hashimoto DM tipo 1 Miastenia gravis Esclerose sistêmica Laura Catarine – M4 Doença do Refluxo Gastroesofágico Introdução Definição: retorno do conteúdo gástrico através do esfíncter esofagiano inferior (EEI) É chamado de fisiológico o refluxo gastroesofágico de curta duração, que ocorre durante as refeições É patológico o refluxo interprandial recorrente, de longa duração, que origina sintomas como regurgitação e pirose, devido a agressão à mucosa esofágica o A DRGE é uma afecção crônica secundária ao refluxo patológico Epidemiologia Distúrbio mais comum do TGI alto no Ocidente Pode aparecer em qualquer idade, e a prevalência aumenta com o avançar dos anos Pirose ocorre em 20% dos pacientes Fatores de risco: o Obesidade Além de fator de risco, prediz a gravidade o Gravidez Durante a gestação ocorre relaxamento do EEI promovido pela progesterona e pelo aumento da pressão intra- abdominal exercida pelo útero gravídico o Lactentes: Imaturidade do EEI Desaparece dos 2 a 4 anos de idade A esofagite erosiva relacionada à DRGE é um fator de risco para o adenocarcinoma de esôfago o A cicatrização das erosões podem ocorrer por metaplasia intestinal, na qual há a substituição do epitélio estratificado do esôfago para um epitélio colunar com maior resistência ao pH encontrado no intestino delgado Quando 1/3 distal do esôfago estiver assim, passa a ser chamado de esôfago de Barret O epitélio do esôfago de Barret tem mais chance de evoluir para displasia e transformação neoplásica maligna o Infecção do fundo gástrico por H. pylori protege contra o adenocarcinoma de esôfago por diminuir a secreção gástrica e o desenvolvimento do esôfago de Barret Patogênese Há 3 anormalidades que podem originar o refluxo: o Relaxamentos transitórios do EEI não relacionados à deglutição Mecanismo mais comum Característica de indivíduos sem esofagite ou com esofagite leve O refluxo tende a ser menos intenso com esofagite Acredita-se que os relaxamentos sejam mediados por um reflexo vagovagal anômalo estimulado pela distensão gástrica Relaxamaneto > 10 segundo e não seguidos por peristalse esofagiana eficaz A peristalse ajuda a limpar o conteúdo refluído, diminuindo a exposição da mucosa esofagiana Pressão do EEI normal o Hipotonia verdadeira do EEI Pressão do EEi diminuída Laura Catarine – M4 Condições que justificam uma hipotonia do EEI: esclerose sistêmica, lesão cirúrgica do EEI, tabagismo, gestação e esofagite erosiva Na esofagite erosiva grave o refluxo tende a ser mais intenso e mais prolongado o Desestruturação anatômica da junção esofagogástrica (hérnia de hiato) O EEI fica em posição inapropriada dentro da cavidade torácica, o que facilita o refluxo pois não há a ajuda do diafragma como reforço mecânico à função de barreira do EEI Hérnia de hiato nem sempre é acompanhada de DRGE, mas quando ocorre, normalmente é mais grave Mecanismos de defesa contra o refluxo: o Bicarbonato salivar – neutraliza a acidez do material refluído o Peristalse esofagiana – devolve o material refluído para o estômago Manifestações clínicas Sintomas típicos (esofagianos): pirose e regurgitação Pirose: o Queimação retroesternal o Principal sintoma o Geralmente ocorre 3 horas após as refeições e ao deitar o Pode ou não ser acompanhada de regurgitação – percepção de fluido salgado ou ácido na boca Disfagia: o 1/3 dos casos o Sugere a ocorrência de complicações como estenose péptica e adenocarcinoma, ou apenas resultado do edema inflamatório da parede do esôfago Reforça a presença de adenocarcinoma uma evolução rápida de disfagia Dor precordial: o Queixa menos frequente, que pode ser indistinguível da dor coronariana Sintomas atípicos (extraesofágicos): o Relacionados ao refluxo ácido para: Boca – erosão do esmalte dentário Faringe – irritação da garganta Laringe – rouquidão Cavidade nasal – sinusite crônica e otite média Arvore traqueobrônquica – tosse crônica, pneumonite aspirativa, broncoespasmos o Nesses casos o Esfincter Esofagiano Superior (EES) que deveria proteger a via aérea do refluxo, também possui problemas Anemia ferropriva por perda crônica de sangue: o Ocorre em pacientes com esofagite erosiva grave Diagnósticos diferenciais: o Esofagite infecciosa o Esofagite eosinofílica o Dispepsia não ulcerosa o Ulcera péptica gastroduodenal o Doença coronariana o Distúrbios motores do esôfago o Doença do trato biliar Diagnóstico Na maior parte das vezes o diagnóstico é feito pela anamnese o Pirose pelo menos uma vez por semana, por no mínimo 4 a 8 semanas A prova terapêutica é o principal teste confirmatório o Redução sintomática >50% após 1-2 semanas em uso de inibidores de bomba de prótons Exames: o Endoscopia digestiva alta Principal finalidade – identificar as complicações da DRGE, como esofagite, estenose péptica, esôfago de Barret e adenocarcinoma Principais indicações: Laura Catarine – M4 Presença de sinais de alarme – perda ponderal, disfagia, anemia.... Sintomas refratários ao tratamento História prolongada de pirose Idade > 45-55 anos Presença de náuseas e vômitos, história familiar de câncer e sintomas intensos Esofagite de refluxo: é quando desenvolve-se alterações inflamatórias na mucosa esofagiana visíveis pela endoscopia A esofagite de importância clínica possui erosões (pelo menos 3 mm de extensão), sendo necessário a coleta de biopsias da mucosa esofagiana EDA normal não descarta uma DRGE o pHmetria de 24h Método padrão-ouro Indicações: Sintomas refratários ao tratamento Avaliação de sintomas atípicos Existência de DRGE antes de cirurgia antirrefluxo Reavaliação de pacientes sintomáticos após cirurgia antirrefluxo É passado uma sonda com dois sensores (um a 5cm do EEI e o outro a 20cm) O refluxo é detectado pela quedado pH intraesofágico (pH<4) Confirmação: Índice de refluxo > 14,7 ou pH intraesofagiano < 4 por mais de 7% do tempo do exame Interromper bloqueadores do receptores H2 de histamina 3 dias antes do exame, e IBP 14 dias antes Dieta e atividade física deve ser mantida normalmente durante o exame Pode ser feito com impedanciometria: no caso de aparelhos modernos, eles verificam a existência do refluxo não ácido (sais biliares ou suco pancreático) o Esofagomanometria Serve para auxiliar no planejamento da cirurgia Não diagnostica DRGE Identifica distúrbios motores primários do esôfago (diagnóstico diferencial da DRGE) Indicações: Identificação do EEI para posicionamento de cateter de pHmetria Antes de cirurgia antirrefluxo Suspeita de distúrbio motor primário o Esofagografia baritada O paciente deglute contraste baritado e são obtidas imagens radiológicas que revelam anatomia do esôfago Finalidade: caracterização das hérnias de hiato Estenose péptica – afunilamento progressivo do lúmen Adenocarcinoma esofágico – súbita redução do lúmen Complicações Estenose péptica do esôfago: Laura Catarine – M4 o Ocorre em 5% dos portadores de esofagite erosiva devido a uma cicatrização intensamente fibrótica das lesões o Inicia no terço inferior e depois vai ascendendo o Ocorre disfagia por obstrução mecânica que aparece de maneira insidiosa Precedida por anos de sintoma de pirose, que diminui a medida que a estenose se instala, uma vez que a estenosa funciona como uma barreira antirrefluxo o Os pacientes perdem pouco ou nenhum peso o Abaixo da área estenosada há epitélio metaplásico Necessário biópsia endoscópica para identificar malignidade o Tratamento: Dilatação endoscópica por balão IBP em longo prazo Correção cirúrgica da estenose é medida de exceção Cirurgia antirrefluxo: Em caso de dilatação satisfatória e descartado a presença de câncer Ulcera esofágica: o A úlcera é uma lesão mais profunda que a erosão, que alcança a submucosa e muscular o O paciente se queixa de dor ao deglutir (odinofagia) e hemorragia digestiva oculta (anemia ferropriva) o Geralmente se concentram em áreas de epitélio metaplásico (úlcera de Barret) o Sempre presentes no 1/3 distal do esôfago o Diagnósticos diferenciais: Síndrome de Zollinger-Ellison Úlceras induzidas por comprimidos Asma relacionada à DRGE: o A DRGE pode causar broncoespasmos ou exacerbar uma asma preexistente o O tratamento da asma com uso de agonistas beta-adrenérgicos pode induzir o refluxo por meio do relaxamento do EEI o Critérios de suspeita: Asma de difícil controle Crises asmáticas pós-prandial Sintomas típicos de DRGE o Tratamento: Cirurgia antirrefluxo Esôfago de Barret: o Patogenia: O refluxo pode causar uma esofagite erosiva, em que na cicatrização das áreas lesadas ocorre a substituição do epitélio escamoso normal por epitélio colunar de padrão intestinal, resistente ao pH ácido o Obesidade é um fator de risco o Dificuldade de diagnóstico – pacientes oligo ou assintomáticos o Fatores de proteção: Consumo de vinho tinto Infecção crônica por H. pylori Raça negra o EDA: “Línguas” vermelho-salmão o Biópsia: Metaplasia Presença de células caliciformes o Lesão precursora do adenocarcinoma de esôfago o Tratamento: Terapia intervencionista apenas em caso de displasia IBP Tratamento A cirurgia antirrefluxo deve ser reservada para os casos refratários ou com complicações Componentes da terapia: o Medidas antirrefluxo: Elevação da cabeceira do leito Reduzir ingestão de alimento que relaxem o EEI ou que irritam o esôfago Gordura, cítrico, café, álcool, pimenta, chocolate Laura Catarine – M4 Evitar deitar após as refeições Esperar 2-3 horas Suspender o fumo Evitar liquido durante as refeições Evitar atitudes que aumentar a pressão intra-abdominal Agachar, cintos apertados Redução de peso em obesos Evitar drogas que relaxam o EEI o Tratamento farmacológico: Bloqueadores dos receptores H2 de histamina (BH2) Bloqueiam os receptores H2 de histamina nas células parietais gástricas, inibindo uma das vias da secreção ácida Menos eficazes que os IBP Ranitidina ou Nizatidina 75-150 mg 2x ao dia Não devem ser prescritas se houver esofagite grave ou outras complicações Inibidores de bomba de prótons (IBP) Inibem a H+/K+ ATPase (bomba de prótons) bloqueando a via final para a secreção de ácido pelas células parietais do estômago Droga de escolha em paciente sintomático, com esofagite ou outras complicações Omeprazol, Pantoprazol e Esomeprazsol, 20-40 mg, 1-2x ao dia Efeitos adversos: o Agudos: Cefaleia, diarreia e dor abdominal – resolvidos com a troca da medicação Antiácidos: Neutralizam diretamente a acidez do suco gástrico, sem interferir na secreção Hidróxido de alumínio e/ou magnésio, como Mylanta Plus, 10-20 ml, VO Não são úteis no tratamento prolongado da DRGE, pois tem efeito de curta duração Usado para alívio imediato Formulações com magnésio devem ser evitadas em pacientes com DRC, pelo risco de hipermagnesia o Cirurgia antirrefluxo: Visa estabelecer a competência do EEI, circundando a extremidade inferior do esôfago com um manguito formado pelo fundo gástrico – Fundoplicatura Indicações: Refratariedade ao tratamento Impossibilidade de utilizar IBP a longo prazo Exames complementares necessários: Refluxo documentado por pHmetria de 24h EDA para descartar complicações Esofagomanometria para escolha do tipo de fundoplicatura Laura Catarine – M4 Esofagografia baritada para avaliar hérnias de hiato Pacientes com obesidade mórbida devem realizar cirurgia bariátrica e não antirrefluxo A fundoplicatura pode ser completa ou incompleta Estratégia terapêutica: o Sintomas leves e intermitentes: Frequência < 1x por semana Medidas de antirrefluxo de forma individualizada Os medicamentos são conforme a necessidade BH2 ou antiácidos BH2: Demoram 30 minutos para começar a agir Duração de 2 horas Devem ser tomados 30 min antes de uma refeição que possa causar pirose Antiácidos: Ação imediata e duração de 2 horas o Sintomas mais graves e frequentes: Tratamento inicial: IBP, 1x ao dia, por 4-8 semanas Na ausência de resposta ao tratamento com 2-4 semanas, pode dobrar a dose (2x ao dia) Pacientes com complicações começam com dose dobrada (2x ao dia) Tratamento de manutenção: Pacientes que respondem bem ao tratamento inicial podem suspender a medicação ao término do período Quando ocorre recidivas pode-se fazer: o Reintrodução dos IBP na dose padrão por tempo indefinido o IBP na dose padrão de forma intermitente (2-4 semanas alternantes) o IBP sob demanda, para resolver sintomas eventuais Pode-se manter o paciente com dose dobrada de BH2 (2x ao dia), desde que não haja esofagite ou complicações Pacientes que usam dose dobrada no tratamento iniciar, não suspender a medicação após o período de 4-8 sem o Tratamento esôfago de Barret: O paciente deve realizar biópsias a procura de displasia ou neoplasia Ausência de displasia: EDA com biópsias a cada 3-5 anos Presença de displasia de baixo grau: EDA anual ou terapia endoscópica Presença de displasia de alto grau: Terapia endoscópica ou esofagectomia Terapia endoscópica: Ressecção da mucosa Laura Catarine – M4 o Indicada na presença de nódulos ou irregularidade s superficiais Ablação com ondas de radiofrequênciao Elimina o restante do epitélio metaplásico Laura Catarine – M4 Doenças Intestinais Inflamatórias Introdução A DII aplica-se a duas doenças intestinais: Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU) o Essas doenças precisam ser diferenciadas de outras doenças que causam inflamação intestinal, como apendicite São doenças crônicas Etiologia desconhecida o Supõe-se que ocorra um distúrbio na regulação da imunidade da mucosa intestinal, que justifica o surgimento de uma inflamação espontânea provavelmente direcionado à microbiota fisiológica Fatores de risco: o História familiar positiva: Presente em 10-25% o Predominância de RCU em homens, e DC em mulheres o Judeus o Pico de incidência de 15-40 anos o Gene NOD2/CARD15 – associado à DC o Tabagismo: Protege da RCU, mas associado à DC Anatomopatologia – RCU Princípios básicos da RCU: o Doença exclusiva do cólon o Doença exclusiva da mucosa o É tipicamente ascendente e uniforme A RCU é uma doença intestinal caracterizada pelo surgimento inexplicado (idiopático)de lesões inflamatórias que ascendem de maneira uniforme pela mucosa do cólon o Sem área de mucosa normal entremeadas Extensão da RCU: o 40 a 50% - Mucosa retal até 15 cm da linha denteada (proctite), ou atinge o sigmoide, até 30 cm da linha denteada (proctossigmoidite) o 30 a 40% - Até a flexura esplênica (colite esquerda) o 20 a 30% - A inflamação vai além da flexura esplênica (pancolite) Alguns autores usam o termo pancolite para quando a doença se estender além da flexura hepática, enquanto no colo transverso usam o termo colite extensa Na pancolite, pode haver uma complicação chamada de ileíte de refluxo, na qual ocorre a passagem de material tóxico do cólon para o intestino delgado (íleo) Aspecto macroscópico da mucosa do cólon: o 1 – Desaparecimento do padrão vascular típico do cólon Precoce o 2 – Hiperemia, edema, mucosa friável, erosões, ulcerações e exsudação de muco, pus ou sangue o 3 – Formação de pseudopólipos o 4 – Mucosa pálida, atrófica, com aspecto tubular Cronicidade Ocorre inflamação e necrose do epitélio das criptas, com ulcerações rasas que se estendem até a lâmina própria o Em casos graves, pode acometer a submucosa e a muscular. Nesses casos, há risco de megacólon tóxico e perfuração espontânea. Alterações radiológicas: o Perda das haustrações o Espessamento da musculatura lisa com aspecto de cano de chumbo Com o tratamento, a recuperação começa pela extremidade proximal e o reto é o último segmento a melhorar Laura Catarine – M4 Na RCU de longa duração pode ocorrer displasia, que está associada ao desenvolvimento de neoplasia maligna do cólon Anatomopatologia – DC A DC também é chamada de enterite regional Comprometimento predominantemente do intestino delgado, mas pode acometer qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até o ânus A DC não acomete o trato intestinal de forma homogênea ou contínua o As lesões são salteadas, ou seja, acometimento de locais no TGI separados por trechos de mucosa normal As alterações patológicas inflamatórias são transmurais o Na RCU, se restrige à mucosa o Por isso, ocorre o espessamento da parede intestinal, com estreitamento de lúmen (formação de estenoses), e potencial formação de fístulas A DC inicia com a formação de úlceras aftoides o Essas ulcerações da mucosa se desenvolvem sobre as placas de Peyer, no intestino delgado, ou sobre aglomerados linfoides no cólon o Evolução das úlceras aftoides: Extensão lateral de forma retilínea: Quando várias úlceras progredindo retilineamente se encontram, geralmente passam a separar áreas de mucosa normal, num aspecto de pedras de calçamento Aprofundamento através das camadas da parede intestinal, resultando em fístulas Achado de granulomas em biópsia, caracteriza a DC, mas não é necessário para sua confirmação Locais comprometidos: o 70 a 75% - Porção distal do íleo e cólon ascendente o 10 a 20% - Acometimento exclusivo do cólon Chamada de colite de Crohn ou colite granulomatosa O reto está mais preservado em metade dos pacientes, o que não acontece na RCU o 20% - Limitada ao intestino delgado Chamada de ileíte de Crohn o 5% - cavidade oral ou mucosa gastroduodenal 1/3 dos pacientes com DC tem doenças perianais Ocorre invasão da serosa por tecido adiposo, sendo visto na superfície externa da alça intestinal pequenos nódulos esbranquiçados, por meio da laparotomia Critérios de diferenciação entre RCU e DC Localização do acometimento: o Cólon, difuso, limitado... Padrão de acometimento da mucosa: o Contínuo e salteado Envolvimento ou não de planos profundos na parede intestinal Envolvimento do canal anal Presença de granulomas não caseosos Presença de fístulas Manifestações clínicas – RCU Episódios de diarreia invasiva, com sangue, muco ou pus, intercalado por períodos assintomáticos Principais sintomas: o Diarreias sanguinolentas o Dor abdominal o Febre e sintomas gerais em casos graves Na maior parte das vezes, é de início insidioso (diagnóstico após cerca de 9 meses do início do quadro): o Crescente urgência para defecar o Leves cólicas abdominais baixas o Aparecimento de sangue e muco nas fezes Esse sintoma é quase mandatório na RCU Laura Catarine – M4 No caso de proctossigmoidite, as fezes estão normais ou endurecidas, podendo haver constipação Se a RCU for mais difusa e proximal, as fezes ficam amolecidas, com diarreia, cólicas intensas e tenesmo o Geralmente não há pausa à noite, as fezes são pastosas ou liquído-pastosas e costumam ter sangue, pus e muco Anormalidades laboratoriais: o Anemia ferropriva por perda crônica de sangue o Hipoalbuminemia por perda de proteínas pelo cólon inflamado o Lecocitose com desvio à esquerda em casos mais inflamados sistemicamente Manifestações clínicas – DC Diarreia crônica invasiva, associada à dor abdominal Sintomas gerais como febre, anorexia e perda de peso Massa palpável no QID o Pode representar uma alça intestinal edemaciada ou um abcesso intra- abdominal Doença perianal Complicações das DII Sangramentos: o Sangue oculto é frequente na DC Sangramento visível é mais comum na coleíte de Crohn o Sangramento macroscópico (hematoquezia) é mais frequente na RCU Megacólon Tóxico / Perfuração / Peritonite: o O megacólon tóxico ocorre quando a inflamação compromete a camada muscular, levando à perda de tônus e adelgaçamento da parede intestinal o A dilatação do cólon predomina no transverso e no cólon direito o Diagnóstico de megacólon tóxico: Dilatação colônica com diâmetro maior que 6cm no Rx de abdome Dor abdominal Febre alta Diminuição da peristalse o Complicações do megacólon: Perfuração Peritonite séptica Estenoses: o Costumam resultar do comprometimento repetitivo e grave dos planos profundos da parede intestinal o Mais comum na DC o Sintomas de obstrução parcial, como cólicas e distensão abdominal, constipação, diarreia paradoxal e massa palpável Fístulas: o As fístulas transmurais são típicas da DC o Podem resultar em massas inflamatórias e abcessos Câncer: o O adenocarcinoma colorretal pode ocorrer em pacientes com RCU de longa duração (> 8 anos) Lesão precursora – displasia epitelial Manifestações extraintestinais das DII Manifestações articulares: o Acontece em 25% dos pacientes o Variam de artralgia até artrite aguda, com dor e edema articularo Ocorre principalmente nos joelhos, tornozelos e punhos o Mais comum na RCU ou DC de cólon Manifestações cutaneomucosas: o Ocorre em 15% dos pacientes com DII o Eritema nodoso, pioderma gangrenoso e lesões labiais e úlceras aftosas orais Manifestações oculares: o Ocorre em 5% dos pacientes o Inclui uveíte, conjuntivite e episclerite Manifestações hepáticas e biliares: o Hepatite focal, esteatose, cirrose biliar, pericolangite Manifestações renais: o Cálculos renais de oxalato de cálcio ou de ácido úrico, e uropatia obstrutiva Laura Catarine – M4 Manifestações ósseas, nutricionais, metabólicos e tromboembólicos Diagnóstico da DII RCU: o Padrão-ouro: retossigmoideoscopia com biópsia É encontrado um comprometimento uniforme e contínuo, manifesto por perda de padrão vascular da mucosa, exsudatos, friabilidade, ulcerações, granulosidade e, nos casos de doença de longa data, os pseudopólipos o Colonoscopia com biópsias: Indicada na suspeita de doença grave (mais de 6 evacuações diárias ou sinais sistêmicos) Contraindicada na suspeita de magacolon tóxico Histopatológico – distorção das criptas, infiltração do inflamatório mononuclear na lâmina própria e abcesso das criptas cm acúmulo de neutrófilos no epitélio DC: o Padrão-ouro: ileocolonosvopia com biópsias Comprometimento salteado, com úlceras aftosas que, quando coalescentes, dão o aspecto de pedras de calçamento Histopatológico – Presença de granulomas não caseosos Métodos de imagem: o Revelam de forma não invasiva a extensão do acometimento do TGI e complicações, como obstrução intestinal o Clister opaco contrastado com ar: RCU: Ausência de haustros Granularidade difusa em áreas contíguas Ulcerações superficiais Pseudopólipos Cólon em aspecto tubular - cano de chumbo DC: Ulcerações assimétricas e focais Fístulas Preservação do reto Íleo terminal comprometido, com refluxo do bário o Transito de delgado – exame contrastado do delgado: Demonstra a extensão do acometimento na DC o Outros: entero-TC ou entero-RNM Marcadores sorológicos: o P-ANCA: Presente em cerca de 60-70% dos pacientes com RCU e em 5-10% de pacientes com DC A presença deste autoanticorpo relaciona-se com pancolite, cirurgia precoce e evolução para colangite o ASCA: Presente em 60-70% da DC e em 10-15% de pacientes com RCU Diagnósticos diferenciais Síndrome do cólon irritável: o Não há características inflamatórias o O clister opaco e a sigmoidoscopia são normais Infecção entérica: o Geralmente, duram pouco, sendo autolimitadas o Não são inflamatórias, apenas uma minoria Apendicite; Hemorroidas: o Um sangramento retal só pode ser atribuído a hemorroidas em caso de exclusão de DII Carcinoma de cólon Linfoma intestinal Colite colágena Laura Catarine – M4 Tratamento das DII Drogas úteis nas DII: o Derivados do ácido 5-aminosalicílico: Anti-inflamatório de ação tópica na mucosa intestinal Absorvido pelo intestino delgado, mas tem pouca absorção pelo cólon Usadas na indução da remissão e na manutenção da remissão das DII Os efeitos colaterais são incomuns: náuseas, rash cutâneo, diarreia, pancreatite e nefrite intersticial aguda 5-ASA não ligados a radicais de sulfa: Asacol, Apriso e Lialda 5-ASA ligados a radicais de sulfa: Olsalazina, Balsalazina e Sulfasalazina o Glicocorticoides: Usados apenas para indução da remissão nas DII moderadas a graves, visando uma rápida melhora da inflamação Pode ser utilizado em via intravenosa, oral ou retal Via intravenosa é reservada aos casos mais graves, com sinais de inflamação sistêmica exuberante IV – hidrocortisona e metilprednisolona Oral – Prednisona e Budesonida Retal – supositórios, espumas ou enemas de hidrocortisona o Via preferível nos pacientes com doença colônica distal Deve ser evitado por períodos prolongados o Imunomoduladores: Os principais são as tiopurinas: Azatioprina e Mercaptopurina Drogas empregadas em portadores de DII moderada a grave em combinação com um agente anti-TNF, ou em pacientes que não conseguem reduzir a dose de glicocorticoides sem exacerbação do quadro o Agentes biológicos: Grupo composto por anticorpos monoclonais que tem como alvo as moléculas essenciais para a cascata inflamatória Agentes anti-TNF: O TNF-alfa é uma citocina imprescindível para a ativação dos linfócitos TH Agentes anti-integrina: Os anticorpos monoclonais direcionado contra as integrinas são capzes de bloqueara interação entre as referidas células, inibindo o tráfego de leucócitos do intravasculoar para os tecidos, o que reduz a inflamação Natalizumab e Vedolizumab Tratamento da DC: o Início precoce de agentes biológicos nos pacientes com fatores de risco para doença mais agressiva Fatores de risco para a DC: Idade jovem Doença perianal Doença estenosante Necessidade de corticoterapia o O tabagismo deve ser abandonado o Dieta: Dieta bem equilibrada Laura Catarine – M4 Na queixa de intolerância à lactose, devem diminuir ou abolir o consumo de laticínios Dieta enteral – em crianças com baixa ingestão oral e déficit de crescimento Nutrição parenteral total – indicada por curto prazo em pacientes desnutridos e com doença grave Indicada também a longo prazo em pacientes com ressecção cirúrgica que evoluíram com síndrome do intestino curto o Classificação de gravidade: Leve a moderada: O paciente tolera a dieta oral e não apresenta desidratação, sem sinais de inflamação sistêmica, perda ponderal > 10%, massas, obstruções O tratamento começa com drogas menos potentes e evolui para outras drogas apenas em caso de refratariedade 1ª linha – 5-AS 2ª linha – Antibióticos 3ª linha – Glicocorticoides o Se atingida a remissão, a manutenção será feita com um derivado de 5-ASA Moderada a grave: Com sinais de inflamação sistêmica, com náuseas, vômitos, dor e hipersensibilidade abdominal, perda ponderal > 10% e/ou anemia 1ª linha – Agentes biológicos, principalmente os agentes anti-TNF o Uso de terapia dupla, associado a imunomodulad ores é mais eficaz o Manutenção da terapia dupla por pelo menos 1 ano, e após esse período, utilização apenas do agente anti- TNF 2ª linha – Agentes anti- integrinas: o Para pacientes refratários à terapia dupla Grave a fulminante: Paciente toxêmico (febre alta, prostração), vômitos persistentes, obstrução intestinal, sinais de irritação peritoneal, podendo ter indícios de abcesso intra-abdominal Se houver perfuração – correção cirúrgica Se houver abcessos – drenagem Se houver obstrução intestinal – dieta zero, drenagem nasogástrica e reposição volêmica Uso de antibioticoterapia de amplo espector: o Ciprofloxacina + Laura Catarine – M4 metronidazol, ou amoxicilina + clavulanato Tratamento da RCU: o Possibilidade de cura: proctocolectomia total Retirada cirúrgica do cólon e reto Realizada apenas em casos de doença refratária e extremamente grave o RCU leve: Menor que 4 evacuações por dia, ausência de sinais de inflamação sistêmica Colite distal Uso de mesalamina via retal Corticoide retal ou derivados 5- ASA orais são opções menos eficazes, mas igualmente válidas Se não houver resposta clínica, associar a mesalamina com essas duas drogas o RCU moderada: Maior que 4 evacuações por dia e discretos sinais de inflamação sistêmica Derivado 5-ASA pela via oral Pacientes sem respostas, podem ser associadoscom glicocorticoides o RCU grave: Maior ou igual a 6 evacuações por dia, com inflamação sistêmica exuberante Medidas de suporte, medicamentos (antimicrobianos, glicocorticoides e agentes biológicos) e cirurgia Laura Catarine – M4 Na maioria dos casos, a hepatite viral aguda é autolimitada, durando até 2 meses o Em alguns casos, pode evoluir para hepatite viral crônica, quando dura mais que 6 meses Alguns outros vírus que podem causar hepatite: o Epstein-Barr, citomegalovírus, herpes simples, vírus da febre amarela Hepatite aguda de origem desconhecida: o É uma hepatite aguda com características clinicolaboratoriais, mas que não consegue identificar o agente causador Todas as hepatites virais são de notificação compulsória, devendo ser feita em até 7 dias Macete: o Vogais (A e E) – transmissão fecal-oral o Consoantes (B,C e D) – transmissão sexual, percutânea, hemotransfusão Quadro clinicolaboratorial: o Em geral, o curso clínico das hepatites virais seguem 3 fases sucessivas: prodrômica, ictérica e convalescência o Fase prodrômica: Caracterizada por sintomas inespecíficos, seja sistêmicos ou gastrointestinais Mal-estar, astenia, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, perda ou perversão do paladar e olfato, e outros Assemelha-se a um quadro gripal Febre costuma ser leve – até 38,5 °C Febre alta deve levar à consideração de outros diagnósticos, ou um caso de hepatite fulminante Desconforto abdominal pode estar associado à hepatomegalia, que pode se associar à esplenomegalia Alguns pacientes podem cursar com artrite e/ou glomerulonefrite aguda pela deposição de imunocomplexos Em crianças, os sintomas da fase prodrômica podem ser mais brandos o Fase ictérica: Após vários dias a poucas semanas, a fase prodrômica evolui para a fase ictérica Caracterizada pelo surgimento da icterícia, associada ou não com colúria, hipocolia fecal e prurido (síndrome colestática) Os achados da fase prodrômica regridem nessa fase, com exceção dos sintomas gastrointestinais A fase ictérica pode não acontecer o Fase de convalescência: Marcada pela percepção, por parte do paciente, da melhora dos sintomas e pela melhora dos sinais desenvolvidos durante a fase ictérica Costuma durar algumas semanas O termino dessa fase marca o fim do quadro agudo de hepatite Ou o paciente está curado ou evolui para hepatite crônica Os sinais e sintomas não devem durar mais de 6 meses o Achados laboratoriais: Laura Catarine – M4 Hemograma: Leucopenia – queda de neutrófilos e linfócitos, evoluindo para linfocitose Leucocitose neutrofílica – hepatite fulminante Hepatograma: As hepatites virais são os principais representantes da síndrome hepatocelular – há uma injúria generalizada nos hepatócitos, suficiente para liberarem as aminotransferases no plasma, como a ALT e a AST Aumento das aminotransferases acima de 10 vezes o limite superior da normalidade o Isso também ocorre na intoxicação por paracetamol e na hepatite isquêmica o A elevação das aminotransfera ses não tem relação direta com o prognóstico da hepatopatia Hiperbilirrubinemia e icterícia: o BT pode chegar ultrapassar 20mg/dl, predomínio da elevação da BD Elevações moderadas de fosfatase alcalina e gama-GT: o Representa colestase intra- hepática Paciente com hepatite viral que apresenta-se torporoso – avaliar a albumina sérica e o TAP, afim de confirmar precocemente uma insuficiência hepática fulminante Provas de função hepática: albuminemia, TAP com INR, bilirrubinas, amonemia o Síndrome pós-hepatite: A síndrome pós-hepatite é caracterizada pela persistência de alguns sinais e sintomas da hepatite, como fadiga, intolerância ao álcool, mesmo após a cura do quadro agudo Pode ser necessário biópsia para descartar hepatite crônica Apresenta curta duração, alta infectividade e evolução benigna Vírus da hepatite A – HAV Epidemiologia: o Predominante em crianças com idade abaixo de 10 anos, com pico de incidência entre 5 e 6 anos o Maior número de casos em Norte e Nordeste o Principal via de contágio: fecal-oral A transmissão parenteral é rara, porém possível Patogenia: o O HAV resiste ao pH ácido do trato digestivo alto e, após ingerido, penetra na mucosa intestinal chegando ao fígado através da circulação porta Laura Catarine – M4 o O vírus se prolifera e fica no citoplasma dos hepatócitos, sendo posteriormente excretados na bile Por isso a alta carga viral nas fezes o O HAV é órgão-específico – se reproduz apenas nos hepatócitos o O HAV não causa dano aos hepatócitos infectados, mas a lesão decorre da resposta imune do hospedeiro, principalmente mediada pelos linfócitos TCD8 o O HAV pode ser encontrado na saliva, mas não foi comprovada a transmissão por esta via Manifestações clínicas: o Se caracteriza por uma inflamação difusa do parênquima hepático o O quadro costuma ser leve, principalmente nas crianças, sendo confundido com uma gastroenterite Os adultos possuem sintomas e sinais mais prolongados e acentuados o Cursa com as fases sequenciais o É a hepatite viral mais relacionada com a síndrome colestática intra-hepática Prurido intenso, colúrias, acolia fecal Elevação moderada da fosfatase alcalina, GGT e bilirrubina direta Diagnóstico: o O período de incubação varia de 15 a 45 dias, com pico médio de 28 dias A maior eliminação viral nas fezes ocorrem nessa fase o Anticorpos anti-HAV: Elevam-se no soro poucos dias antes do início dos sintomas IgM – infecção aguda Permanecem aumentados por 3 a 6 meses Somete o IgM autoriza o diagnóstico de hepatite A aguda O fator reumatoide pode causar falsa positividade desse teste IgG – hepatite curada ou vacinada Elevam-se na mesma época que o IgM, mas perduram por tempo indefinido Tratamento: o Repouso relativo o Aumento da ingesta calórica o Medicamentos sintomáticos, quando necessários Antitérmico, antiemético o Evitar drogas com potencial hepatotóxico e a ingesta de álcool por 6 meses o Administração parenteral de vitamina K em pacientes com queda na atividade da protrombina o Pacientes com hepatite fulminante – encaminhado para transplante hepático Evolução e prognóstico: o Prognóstico excelente e sem sequelas o A hepaite A NÃO SE CRONIFICA O vírus e seus antígenos: o Vírus da hepatite B – HBV Possui um envoltório lipoproteico e um núcleo central denso o HBsAg – Antígeno do envoltório lipoproteico Produzido em grande quantidade durante a infecção pelo HBV, sendo facilmente detectado nos exames sorológicos É um marcador da presença do HBV no corpo, esteja o vírus ativo ou não Anticorpo: anti-HBs Surge com o desaparecimento do HBsAg, indicando cura da hepatite B Quando positivo indica diagnóstico da hepatite B Laura Catarine – M4 o HBcAg – Antígeno do núcleo central: Não é secretado no plasma, não sendo detectado no sangue Anticorpo: anti-HBc É o principal marcador da infecção pelo vírus B, seja curada ou ativa Sua presença não indica a cura da infecção o HBeAg – Antígeno liberado na corrente sanguínea pelos hepatócitos infectados Facilmente detectado no sangue Quando positivo, indica eleva viremia e infectividade Anticorpo: anti-HBe Quando aparece, diminui o HBeAg Marca a fase de baixa infectividade o Antígeno que estimula a transcrição de genes virais e celulares, como HIV – HBxAg Epidemiologia: o Faixa etária entre 20 a 69 anos Idade média de diagnóstico é 35 anos, com predomínio no sexomasculino o Principal via de transmissão: sexual Modos de transmissão: o Transmitido através do contato com fluidos corporais infectados, principalmente o sangue o Chance de transmissão é maior com HBeAg positivo (alta infectividade) o Transmissão vertical: Pode ser intrauterina ou perinatal Transmissão intrauterina ou transplacentária é incomum Transmissão vertical – contato diário com adultos ou crianças infectadas A chance de cronificação da hepatite B é máxima quando a transmissão é vertical porque ao adquirir a infecção durante o parto, o sistema imune do RN não reconhece os antígenos como estranhos, e o vírus consegue se replicar sem impedimento Isso pode ocorrer quando a mãe possui altos níveis de HBeAg+ Não é recomendado a suspensão do aleitamento materno o Transmissão sexual: Modo de transmissão mais comum Uso de preservativo diminui o risco o Transmissão percutânea: Materiais perfurocortantes contaminados Usuários de drogas endovenosas, tratamento dentário, manicures o Hemotransfusão e transplante de órgãos; Patogênese: o O HBV não é diretamente citopático, mas a hepatite B inicia por uma resposta imune celular mediada por linfócitos TCD8 e citocinas pró- inflamatórias, como TNF-alfa Manifestações clínicas: o As manifestações clínicas da hepatite B dependem da idade em que ocorre a infecção, nível de replicação viral e do estado imune do paciente o A hepatite B aguda tende a ter sintomas mais intensos que a A e C o A infecção perinatal ou infantil está associada a um quadro clínico mais brando, mas com elevado risco de cronicidade o No adulto, os sintomas são mais proeminentes, mas com pouca chance de cronicidade Laura Catarine – M4 o Formas de evolução aguda da hepatite B: Evolução aguda benigna: Assintomática Anictérica Ictérica Recorrente Colestática Evolução aguda grave: Hepatite fulminante Hepatite subaguda o Manifestações extra-hepáticas: Relacionada com a circulação de imunocomplexos contendo antígenos virais e anticorpos do hospedeiro Poliarterite nodosa, glomerulonefrite, acrodermatite papular ‘ Diagnóstico: o 1 – Analisar o mais precoce e importante antígeno da hepatite B, o HBsAg o 2 – Observar o anti-HBc, frações IgM e IgG o HBsAg positivo: Indica a presença de HBV no organismo Pode ser: Hepatite B aguda Hepatite B crônica Portador assintomático do vírus o HBsAg negativo: Torna improvável, mas não exclui a hepatite B No final da fase ictérica, os níveis de HBsAg tornam-se indetectáveis ou ausentes, mesmo havendo infecção por hepatite B – chamada janela imunológica o Anti-HBc IgM positivo: O encontro de anti-HBc IgM fecha o diagnóstico de hepatite B aguda, quaisquer que sejam os resultados dos outros marcadores o HBsAg+ / Anti-HBc IgM - e IgG+: HBsAg+ indica presença de HBV no organismo Anti-HBc IgG+ há mais de 6 meses indica hepatite B crônica o HBsAg negativo / Anti-Hbc IgM- e IgG+: Se o Anti-HBc IgG for o único marcador positivo, deve-se realizar sorologia para anti-Hbs Anti-Hbs positivo indica hepatite B curada, e negativo indica hepatite B crônica o Apenas anti-HBs positivo: Imunização vacinal Profilaxia: o Imunização ativa – vacina o Profilaxia da transmissão vertical: Vacina + imunoglobulina para o RN logo após o nascimento o Profilaxia pós-exposição: Imunoglobulina aplicada em um prazo máximo de 7 a 14 dias O HCV é o vírus da hepatite C O HCV é um vírus extremamente mutagênico, sendo difícil a criação de uma vacina Epidemiologia: o A média de idade do diagnóstico é de 46,3 anos o Predomínio no sexo masculino o A cirrose afeta cerca de 1/3 dos portadores crônicos de HCV Modos de transmissão: o Contato com sangue contaminado, principalmente nos exposições percutâneas, hemotransfusões e transplantes de doadores infectados o Pode ocorrer transmissão por meio de contato do sangue contaminado com mucosas o A carga viral do HCV em outros fluidos corpóreos é baixa o A presença de uma DST é considerada um importante facilitador da transmissão sexual do HCV o Transmissão vertical – 5% dos casos Laura Catarine – M4 o Principal forma de transmissão atualmente é o uso de drogas ilícitas, principalmente drogas injetáveis Manifestações clínicas: o Os sintomas costumam surgir de 6 a 12 semanas após a exposição ao vírus o A probabilidade de cronificar é de 80% o A lesão hepatocelular causada pelo HCV se deve a uma resposta imune do hospedeiro o As aminotransferases começam a se elevar entre 2 a 8 semanas após a exposição, antes mesmo do surgimento de sintomas o O HCV-RNA pode ser detectado no sangue 2 semanas após a exposição Positivo em 80% dos pacientes sintomáticos Diagnóstico: o Os anticorpos anti-HCV levam de 8 a 12 semanas para ficarem positivos, por isso em situações de suspeita de Hepatite C aguda, recomenda-se realizar a dosagem do HCV-RNA Tratamento: o Drogas antivirais: Quanto mais precoce o tratamento, melhor a resposta terapêutica Interferon convencional em monoterapia Interferon convencional + ribavirina Ocorre sempre como coinfecção com o vírus B Transmissão sexual ou percutânea Pode se tornar crônica Transmissão fecal-oral Incubação de 15-60 dias É raro se tornar crônica, exceto em imunodeprimidos Laura Catarine M4 O centro do vômito está localizado no tronco cerebral, sendo identificado por interneurônios medulares, no núcleo solitário, e em vários locais da formação reticular adjacente o Os interneurônios recebem informações do córtex, vago, sistema vestibular e área postrema A área postrema está localizada na base do quarto ventrículo, fora da barreira hematoliquórica, recebendo estímulos predominantemente pelo sangue, em resposta a drogas e toxinas circulantes O vômito é a expulsão violenta e forçada do conteúdo gástrico, acompanhada de contração do diafragma e da musculatura abdominal, com relaxamento da cárdia e contração do piloro Normalmente, é precedido de náuseas e acompanhado de palidez, taquicardia, sialorreia, sudorese A musculatura lisa do estômago é irrelevante para que ocorra o vômito A hipertensão craniana causa vômito por via aferente cortical, enquanto doenças intra- abdominais causam vômitos por via aferente vagal Aspecto e conteúdo: o Vômitos alimentares: Possui restos alimentares Alimentos mal digeridos ou inalterados – obstrução alta, acima da cárdia ou curta permanência no estômago o Vômitos aquosos: Saliva deglutida ou secreção esofagiana Geralmente, resultam de afecções do esôfago o Vômitos biliosos: Tingidos de bile – tonalidade verde-claro a verde-musgo Quando decorrem de processo obstrutivo, indicam obstrução abaixo da ampola de Vater Ocorrem também em caso de vômitos prolongados após a eliminação de todo o conteúdo gástrico o Vômitos mucosos: Ricos em muco e de aspecto gelatinoso Encontrado em certos tipos de gastrite e sinusites e bronquites o Vômitos porráceos: Constituídos de massa de aspecto herbáceo, resultantes da mistura de secreção gástrica, biliar, duodenal e matéria fecal Ocorre nas obstruções intestinais, peritonites e nos íleos adinâmicos o Vômitos fecaloides: Verde ou escuros, com cheiro de fezes Ocorrem na obstrução baixa do íleo, colo ou peritonite o Vômitos de sangue: Varia desde raias de sangue até hematêmese Decorrem do sangramento do esôfago, estomago ou duodeno Sangue vermelho vivo indica pouco contato com o conteúdo gástrico, com origem na cárdia ou acima, ou até em hemorragia gástrica volumosa Vômitos em borra-de-café indica alteração do sangue pelo suco gástrico e sangramento lento Laura Catarine M4 Vômitos sanguinolentos podem ser devido a deglutição de sangue o Vomito em jato: Súbito, inesperado, às vezes violento e sem náuseas Ocorrem na hipertensão intracraniana, quadros obstrutivos e intoxicações Cheiro: o Rançoso – estase gástrica o Amoniacal – uremia o Fecal – obstruções baixas do TGI e peritonites Tardio x Precoce: o Precoce – ocorre minutos após a ingestão de alimentos o Tardios – ocorre 2 a 3 horas após a ingestão de alimentos Duração: o Agudos o Crônicos o Recorrentes Conduta inicial: o 1 – Suspensão da dieta por um breve período o 2 – Líquido para manutenção da hidratação 10 a 15 mL de solução glicossalina ou solução hidratante a cada 15 minutos Em caso de distensão abdominal intensa, vômitos incoercíveis, suspeita de obstrução intestinal, choque ou distúrbios da consciência, optar por hidratação venosa o 3 – Se houver boa tolerância, reiniciar a dieta com volume de 30 a 50 mL a cada 2-3 horas Terapêutica medicamentosa: o Utilizada caso as medidas gerais e dietéticas não forem eficazes o Bromoprida: Bloqueio dos receptores D2 da dopamina, no SNC e no TGI Dose: Oral: o 10mg VO, 2 ou 3x ao dia o Dose máxima de 60mg/dia EV: o 10-20mg/dia, em bólus Contraindicado na hemorragia gastrointestinal, íleo obstrutivo