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Divisão Funcional do Sistema Nervoso


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GENÉTICA E 
NEUROANATOMIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Patrícia Carla de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta aula, daremos ênfase à divisão funcional do sistema nervoso, 
diferenciando os principais aspectos neurofuncionais dos sistemas somático e 
autonômico. Iniciaremos, dentro dessa abordagem, com as diferenças entre os 
componentes sensoriais e motores presentes nesses sistemas, responsáveis 
pelo reconhecimento e transporte de estímulos, permitindo a integração do corpo 
humano ao ambiente ao seu redor e também a manutenção das atividades vitais 
em equilíbrio. 
 Baseados nesses conceitos, poderemos sistematizar as principais 
características do sistema nervoso autônomo, bem como suas duas divisões: 
simpática e parassimpática, consideradas antagonistas fisiológicas no equilíbrio 
do ambiente interno, devido às diferenças morfológicas, nos neurotransmissores 
e nos efeitos de cada divisão no funcionamento das vísceras. 
 Estudaremos as vias aferentes relacionadas a dor, temperatura e 
propriocepção e a cadeia de neurônios envolvida no trajeto desses estímulos até 
o córtex cerebral. Também serão contempladas as vias eferentes compostas 
pelos neurônios motores superiores e inferiores que interferem nos movimentos 
da cabeça, tronco e membros, além de síndromes relacionadas a lesões nas 
vias motoras. 
 Finalizaremos com as principais técnicas de neuroimagem utilizadas no 
estudo e no diagnóstico de doenças do sistema nervoso, que possibilitam a 
identificação com precisão de estruturas anatômicas e também de áreas 
funcionais importantes. 
TEMA 1 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
Funcionalmente, o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso 
somático e sistema nervoso autônomo, de acordo com o local e o tipo de 
informação nervosa transmitida. A divisão somática do sistema nervoso é aquela 
que relaciona o organismo com o meio ambiente e, por isso, pode ser chamada 
de sistema nervoso de vida de relação. Para isso, os neurônios sensoriais das 
vias aferentes somáticas conduzem sinais nervosos dos receptores periféricos 
aos centros nervosos capazes de interpretar informações referentes a visão, 
olfato, audição, paladar e equilíbrio, além de sensações dolorosas, térmicas, 
táteis e proprioceptivas. Os neurônios motores das vias eferentes somáticas, por 
 
 
3 
sua vez, levam aos músculos esqueléticos informações dos centros nervosos 
para a produção de movimentos conscientes e voluntários, na maioria das vezes, 
levando à integração com o meio externo. 
O sistema nervoso autônomo compreende a divisão do sistema nervoso 
responsável pela inervação das estruturas viscerais, permitindo a integração no 
funcionamento dessas estruturas e a consequente homeostasia corporal. Dessa 
forma, pode ser denominado também de sistema nervoso visceral. Os neurônios 
sensoriais das vias aferentes autônomas estão associados a viscerorreceptores 
que monitoram condições internas, como os níveis sanguíneos de O2 e CO2, 
diâmetro das paredes dos vasos sanguíneos, pressão arterial, entre outros 
(Figura 1). Os neurônios motores das vias eferentes autônomas levam impulsos 
dos centros nervosos até os tecidos efetores, como os músculos lisos e cardíaco, 
e as glândulas, que podem ser estimulados ou inibidos, constituindo os reflexos 
viscerais, na maior parte das vezes involuntários e inconscientes (Figura 2). 
Alguns autores consideram apenas o componente eferente visceral como 
constituinte do sistema nervoso autônomo, visto que as vias aferentes somáticas 
e autônomas são semelhantes e compartilham o mesmo gânglio sensitivo. 
Figura 1 – Controle nervoso da micção 
 
Crédito: Alila Medical Media/Shutterstock. 
 
 
4 
Figura 2 – Reflexo barorreceptor 
 
Crédito: Alila Medical Media/Shutterstock. 
Alguns impulsos viscerais tornam-se conscientes e se manifestam sob a 
forma de sensações como a sede, fome, plenitude gástrica ou dor. A 
sensibilidade visceral difere da somática principalmente por ser mais difusa, não 
permitindo localização precisa. Assim, pode-se dizer que dói a ponta do dedo 
mínimo, mas não se pode dizer que dói a primeira ou a segunda alça intestinal. 
Por outro lado, os estímulos que determinam dor somática são diferentes dos 
que determinam a dor visceral. A secção da pele é dolorosa, mas a secção de 
uma víscera não o é. A distensão de uma víscera, como uma alça intestinal, é 
muito dolorosa, o que não acontece com a pele. Considerando-se que a dor é 
um sinal de alarme, o estímulo adequado para provocar dor em uma região é 
aquele que mais usualmente é capaz de lesar esta região (Machado; Haertel, 
2014). 
Uma diferença importante entre os componentes eferentes do sistema 
nervoso somático e do sistema nervoso autônomo é que existe apenas um 
neurônio motor somático ligando o sistema nervoso central ao órgão efetuador. 
O corpo desse neurônio se localiza no encéfalo ou na medula espinal e seu 
axônio chega ao músculo esquelético por meio de terminações nervosas 
conhecidas como placas motoras, já evidenciadas por nós em outra 
 
 
5 
oportunidade. Em contrapartida, dois neurônios motores unem o sistema 
nervoso central ao órgão efetuador no sistema nervoso autônomo. Um deles tem 
o corpo dentro do tronco encefálico ou da medula espinal, enquanto o outro está 
localizado no sistema nervoso periférico, nas dilatações que formam os gânglios 
autônomos. Dessa forma, o primeiro é denominado neurônio pré-ganglionar e o 
segundo, neurônio pós ganglionar, como representado na Figura 3. 
Figura 3 – Reflexo motor somático e autônomo 
 
Crédito: Sithii/Shutterstock. 
Do sistema nervoso autônomo, fazem parte estruturas presentes no 
sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico. Centros de controle 
autônomo estão localizados nos núcleos hipotalâmicos, na formação reticular do 
tronco encefálico, no sistema límbico, na área pré-frontal do córtex cerebral e na 
medula espinal. Segundo Martinez, Allodi e Uziel (2014), as vias nervosas que 
conectam o sistema nervoso central aos neurônios pré-ganglionares podem ser 
indiretas ou diretas. As vias indiretas começam na formação reticular do 
mesencéfalo e projetam-se para os neurônios pré-ganglionares por meio do trato 
reticuloespinal, e as vias diretas conectam o hipotálamo aos neurônios pré-
ganglionares pelo trato hipotalamoespinal. 
O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema simpático e 
parassimpático e essa divisão baseia-se nas diferenças anatômicas, diferenças 
nos neurotransmissores e diferenças nos efeitos fisiológicos de cada divisão. As 
divisões simpática e parassimpática produzem efeitos opostos na maioria dos 
 
 
6 
órgãos e, portanto, são consideradas antagonistas fisiológicos. No entanto, 
deve-se enfatizar que as duas divisões operam em conjunto entre si, e é o 
equilíbrio das atividades que conserva o ambiente interno estável (Snell, 2019). 
TEMA 2 – DIVISÕES SIMPÁTICA E PARASSIMPÁTICA 
O sistema simpático é a maior divisão do sistema nervoso autônomo e 
tem como função preparar o corpo para uma emergência. É geralmente 
catabólico, pois eleva a frequência cardíaca e a pressão arterial; dilata as 
pupilas; inibe a musculatura lisa dos brônquios, intestinos e paredes vesicais; 
fecha os esfíncteres; promove a sudorese; os pelos são eriçados; e promove a 
vasoconstrição na pele e a vasodilatação nos músculos esqueléticos para que o 
sangue seja redistribuído e a produção de energia aumente no encéfalo, coração 
e músculos esqueléticos. 
A divisão simpática é estruturalmente formada por pares de gânglios 
autônomos localizados de forma paralela à medula espinal, nos 12 segmentos 
torácicos e nos 3 segmentos lombares superiores. Esses gânglios paravertebrais 
formam o tronco simpático e, por essa localização, o sistema nervoso simpático 
é chamado de toracolombar. Os neurônios pré-ganglionares estão dispostos na 
coluna cinzenta da medula espinal, saempela raiz anterior do nervo espinal e 
chegam aos gânglios por meio de um ramo comunicante branco (mielinizado), 
realizando sinapse com 20 ou mais neurônios pós-ganglionares. O 
neurotransmissor envolvido na maioria dessas sinapses é a acetilcolina. 
Os neurônios pré-ganglionares podem também fazer sinapse com 
neurônios pós-ganglionares situados em gânglios pré-vertebrais, em posição 
anterior à coluna vertebral. Estes são os gânglios celíacos, gânglios 
aorticorrenais e gânglios mesentéricos superiores e mesentéricos inferiores, 
unidos ao tronco simpático pelos nervos esplâncnicos. A medula da glândula 
suprarrenal também pode ser considerada um gânglio simpático, porém, 
separado da cadeia de gânglios, pois recebe inervação direta das fibras 
provenientes dos neurônios pré-ganglionares. A epinefrina e a norepinefrina 
produzidas pela medula da suprarrenal intensificam as respostas obtidas pelos 
neurônios pós-ganglionares simpáticos. 
 Os neurônios pós-ganglionares simpáticos são mais longos que os 
neurônios pré-ganglionares, se estendem para formar os ramos comunicantes 
cinzentos (não mielinizados) que chegam nos órgãos-alvo, e a maioria realiza 
 
 
7 
sinapse por meio do neurotransmissor noradrenalina (Figura 4). Exceções 
incluem aqueles que inervam as glândulas sudoríparas e alguns vasos 
sanguíneos por meio da acetilcolina, por exemplo. 
Figura 4 – Sistema nervoso autônomo simpático 
 
Crédito: Alila Medical Media/Shutterstock. 
A divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo promove o 
equilíbrio e a manutenção da homeostase corporal. A atividade parassimpática 
de descansar e digerir envolve salivação, lacrimação (lágrimas), micção, 
digestão, defecação e excitação sexual. Ela reduz a pressão sanguínea e a 
frequência cardíaca, desse modo preservando e restaurando a energia 
(Noreldine, 2019). Estruturalmente, é formado por pares de gânglios localizados 
nas regiões cranianas e sacral, sendo, por esse motivo, chamado de sistema 
nervoso craniossacral. Na região craniana tem origem dos nervos cranianos 
oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago, enquanto se compõe dos nervos 
espinais S2, S3 e S4 na região sacral. 
As fibras eferentes mielinizadas pré-ganglionares formam sinapses nos 
gânglios periféricos localizados próximos ou dentro das vísceras que elas 
 
 
8 
inervam. Aqui também, a acetilcolina é o neurotransmissor. Os gânglios 
parassimpáticos cranianos são o ciliar, pterigopalatino, submandibular e ótico. 
Em certos locais, as células ganglionares estão situadas em plexos nervosos, 
como o plexo cardíaco, o plexo pulmonar, o plexo mioentérico (plexo de 
Auerbach) e o plexo mucoso (plexo de Meissner); esses dois últimos associados 
ao trato gastrintestinal. As fibras parassimpáticas pós-ganglionares não são 
mielinizadas, possuem comprimento relativamente curto em comparação com as 
fibras pós-ganglionares simpáticas (Snell, 2019) e realizam sinapse no órgão-
alvo por meio da acetilcolina (Figura 5). 
Figura 5 – Sistema nervoso autônomo parassimpático 
 
Crédito: Alila Medical Media/Shutterstock. 
Vale lembrar que os plexos mioentérico e mucoso fazem parte do 
chamado sistema nervoso entérico, que permite o suprimento nervoso intrínseco 
do tubo digestório do esôfago ao ânus. Esse sistema pode funcionar sem 
interferência do hipotálamo ou de outras estruturas do sistema nervoso central e 
coordena os movimentos peristálticos, as secreções glandulares, a transferência 
 
 
9 
de água e íons, o fluxo sanguíneo local para o trato gastrointestinal, assim como 
algumas funções do pâncreas e da vesícula biliar. 
Alguns órgãos são inervados pelas duas divisões do sistema nervoso 
autônomo, como as glândulas salivares, os pulmões, o coração e as vísceras 
abdominais e pélvicas. Outros, como as glândulas sudoríparas, a medula da 
glândula suprarrenal, a maioria dos vasos sanguíneos e os músculos eretores 
dos pelos, são inervados apenas pela divisão simpática, enquanto tecidos, como 
o parênquima das glândulas parótidas e das glândulas lacrimais, inervam-se 
pelo sistema nervoso parassimpático (Martinez; Allodi; Uziel, 2014). 
TEMA 3 – VIAS AFERENTES 
A rede de neurônios responsável pela captação de estímulos em 
receptores periféricos e o transporte das informações até os centros de 
associação do sistema nervoso central compõem as vias aferentes, que podem 
ser somáticas ou viscerais. Classificadas em vias aferentes da sensibilidade (dor, 
temperatura e pressão), vias aferentes proprioceptivas inconscientes (postura e 
equilíbrio) e vias aferentes sensoriais (visão, audição, gustação e olfato), em 
cada via existe o elemento receptor, o trajeto periférico, o trajeto central e a área 
de projeção cortical. 
De forma geral, as vias aferentes são compostas por três neurônios que 
encaminham as informações em cadeia. O neurônio I (neurônio sensorial) 
localiza-se fora do sistema nervoso central em um gânglio sensitivo, recebendo 
do receptor informações específicas. O neurônio II (neurônio de segunda ordem) 
localiza-se na coluna posterior da medula espinal ou em núcleos de nervos 
cranianos no tronco encefálico, recebe a informação do neurônio sensorial e a 
encaminha ao tálamo, onde se encontra o neurônio III (terceiro neurônio), cujos 
prolongamentos encaminham a informação ao córtex cerebral, com exceção da 
via olfativa. 
As terminações nervosas dos neurônios sensoriais podem ser 
classificadas de acordo com o estímulo recebido (Figura 6). Quimiorreceptores 
são sensíveis a estímulos químicos como na gustação e na olfação; 
osmorreceptores são capazes de detectar variações de pressão osmótica; 
termorreceptores detectam frio e calor; fotorreceptores são sensíveis a luz como 
na retina; nociceptores são ativados por estímulos mecânicos, térmicos ou 
químicos em intensidades que causam lesões e dor; e mecanorreceptores são 
 
 
10 
os mais variados e incluem os receptores de audição e de equilíbrio do ouvido 
interno, os receptores do seio carotídeo, sensíveis a mudanças na pressão 
arterial (barorreceptores), os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos, 
sensíveis ao estiramento de músculos e tendões, assim como os vários 
receptores cutâneos responsáveis pela sensibilidade de tato, pressão e 
vibração, exemplificados anteriormente em nossos estudos. 
Figura 6 – Receptores sensoriais 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
As vias sensoriais, dentro do SNC, são constituídas por cadeias de 
neurônios, nas quais se observa um cruzamento de um lado para o outro do 
organismo, ou seja, o hemisfério cerebral esquerdo irá receber as informações 
sensoriais originadas no lado direito do corpo e o hemisfério direito recebe as 
informações geradas na porção contralateral do corpo, ou seja, do lado 
esquerdo. A existência de sinapses ao longo da via sensorial é um fato 
importante, pois nesses locais a informação pode ser modificada ou ter o seu 
fluxo interrompido, devido à ação de outros centros nervosos (Cosenza, 2013). 
Entre as vias aferentes que penetram no sistema nervoso central por 
nervos espinais, estão as vias de dor e temperatura; pressão e tato protopático; 
propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória; 
 
 
11 
propriocepção inconsciente; e sensibilidade visceral. As vias aferentes 
trigeminais, gustativa, olfatória, auditiva, vestibulares e óptica chegam ao 
sistema nervoso central por meio de nervos cranianos. 
Os nociceptores e os termorreceptores são terminações nervosas livres, 
presentes na superfície do corpo e nas vísceras, responsáveis por recolher 
informações nervosas referentes a dor e a temperatura, enviando essas 
informações para neurônios sensoriais localizados nas raízes dorsais dos 
gânglios espinais. Os neurônios de segunda ordem localizados na coluna 
posterior da medula espinal emitem axônios que cruzam o plano mediano e 
sobem pelo trato espinotalâmico. No tálamo, o terceiro neurônio emiteaxônios 
que chegam à área somestésica do córtex cerebral e no sistema límbico. Essa 
via é responsável pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do 
corpo, correspondendo à chamada dor em pontada. Algumas fibras terminam na 
formação reticular e na substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo, 
projetam-se para o tálamo e este faz conexão com o córtex cerebral, sendo essa 
via responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo 
crônico, correspondendo à chamada dor em queimação (Figura 7). 
Figura 7 – Vias da dor e temperatura 
 
Crédito: Blamb/Shutterstock. 
 Os receptores para a propriocepção estão localizados na musculatura 
esquelética, nos tendões e nas cápsulas articulares, enquanto os receptores 
para o tato, pressão e vibração se localizam na pele. Nas vias aferentes 
 
 
12 
conscientes, os neurônios sensitivos chegam até os núcleos grácil e cuneiforme 
do bulbo e lá fazem sinapse com os neurônios de segunda ordem. Estes cruzam 
o plano mediano e pelo lemnisco medial (feixe largo de axônios mielinizados) 
chegam ao tálamo, onde o terceiro neurônio projeta-se para o córtex 
somestésico. Na propriocepção inconsciente, os neurônios de segunda ordem 
estão localizados na medula espinal e formam o trato espinocerebelar, que 
encaminha as informações ao cerebelo. 
 Cílios e células sensoriais presentes na parte vestibular do ouvido interno 
são estimuladas pelo contato direto com a endolinfa, que se movimenta de 
acordo com os movimentos da cabeça, promovendo a movimentação reflexa dos 
olhos. Na via vestibular, os neurônios sensoriais localizam-se no gânglio 
vestibular e fazem sinapse com os neurônios de segunda ordem nos núcleos 
vestibulares. Estes alcançam o cerebelo nas vias inconscientes e a área 
vestibular do córtex cerebral nas vias conscientes (Figura 8). De acordo com 
Machado e Haertel (2014), o nervo vestibular transmite informações sobre a 
aceleração da cabeça para os núcleos vestibulares do bulbo que, então, as 
distribui para centros superiores. As informações ajudam a manter o equilíbrio e 
a postura, permitindo correções por retroalimentação. 
Figura 8 – Via vestibular 
 
Crédito: Songkram Chotik-anuchit/Shutterstock. 
 
 
13 
TEMA 4 – VIAS EFERENTES 
As vias eferentes põem em comunicação os centros suprassegmentares 
do sistema nervoso com os órgãos efetuadores. Podem ser divididas em dois 
grandes grupos: vias eferentes somáticas e vias eferentes viscerais, ou do 
sistema nervoso autônomo. As primeiras controlam a atividade dos músculos 
estriados esqueléticos, permitindo a realização de movimentos voluntários ou 
automáticos, regulando ainda o tônus e a postura. As segundas, ou seja, as vias 
eferentes do sistema nervoso autônomo, destinam-se ao músculo liso, ao 
músculo cardíaco ou às glândulas, regulando o funcionamento das vísceras e 
dos vasos (Machado; Haertel, 2014). 
De forma geral, as vias eferentes exercem sua influência pelos neurônios 
motores, também chamados de motoneurônios. Neurônios motores superiores 
são aqueles que possuem seus corpos celulares no córtex motor, descem pelo 
tronco encefálico formando o trato corticoespinal e fazem sinapse na medula 
espinal. Neurônios motores inferiores tem origem na medula espinal e formam 
fibras que inervam direta ou indiretamente os órgãos efetores. De acordo com 
Cosenza (2013), os motoneurônios responsáveis pela motricidade somática 
encontram-se em duas regiões do SNC: a coluna anterior da medula espinhal e 
alguns núcleos de nervos cranianos inervadores da musculatura somática 
(Figura 9). 
Figura 9 – Nervos motores somáticos 
 
Crédito: Blamb Shutterstock. 
 
 
14 
O núcleo rubro, os núcleos vestibulares e a formação reticular são as 
regiões do tronco encefálico que influenciam os motoneurônios somáticos. O 
núcleo rubro dá origem ao trato rubroespinal, que desce pelo funículo lateral e 
faz sinapse com interneurônios laterais da medula, sendo responsável, portanto, 
pela inervação da musculatura dos membros. Os núcleos vestibulares e a 
formação reticular dão origem aos tratos vestibuloespinal e reticuloespinal, 
respectivamente, que descem pelo funículo anterior e fazem sinapse com 
interneurônios anteriores na medula, influenciando os motoneurônios 
responsáveis pela inervação da musculatura do tronco. 
O córtex cerebral exerce influência na motricidade somática por meio dos 
tratos corticoespinal lateral, corticoespinal anterior e corticonuclear. O trato 
corticoespinal lateral termina em motoneurônios dorsolaterais na medula, 
atuando, portanto, no controle da musculatura dos membros. O trato 
corticoespinal anterior, por sua vez, termina em motoneurônios ventromediais na 
medula, atuando no controle da musculatura do tronco. O trato corticonuclear 
comanda a musculatura da cabeça, ligando-se aos neurônios motores dos 
núcleos dos nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo, vago, acessório e 
hipoglosso. Vale lembrar que motoneurônios também recebem estímulos vindos 
do cerebelo para o controle do equilíbrio e da postura. 
As fibras motoras autonômicas recebem informações dos centros 
superiores do sistema nervoso central, que cruzam a linha média no tronco 
encefálico, descem pelo funículo lateral da medula e fazem sinapse com 
motoneurônios autonômicos nas colunas cinzentas intermediárias, nos níveis 
torácico, lombares e sacrais. Os impulsos nervosos ganham os neurônios pré-
ganglionares, atingem os neurônios pós-ganglionares e são distribuídos para o 
controle das vísceras, como estudado no tema 1 desta aula. 
As lesões das vias motoras podem provocar duas síndromes distintas: a 
síndrome do neurônio motor superior e a síndrome do neurônio motor inferior. 
Na primeira, decorrente, por exemplo, de um acidente vascular cerebral (AVC), 
observa-se paralisia (nesse caso a musculatura torna-se espástica), um 
aumento da amplitude dos reflexos (hiper-reflexia) e a existência de um reflexo 
plantar extensor (o sinal de Babinski), ou seja, os dedos do pé se estendem em 
resposta a um estimulo aplicado na pele plantar. Na segunda, decorrente, por 
exemplo, da poliomielite (na qual o motoneurônio é destruído), há uma paralisia 
flácida, ausência de reflexos e extrema atrofia muscular (Cosenza, 2013). A 
 
 
15 
esclerose lateral amiotrófica (ELA) é um exemplo de doença do neurônio inferior 
e foi estudada em aulas anteriores. 
TEMA 5 – NEUROIMAGEM 
As técnicas não invasivas que permitem o estudo do sistema nervoso em 
pacientes vivos, em condições normais e patológicas, tanto para o diagnóstico 
quanto para a pesquisa científica, são chamadas de técnicas de neuroimagem. 
O grande desenvolvimento de tecnologias nessa área nas últimas décadas 
permitiu maior resolução das imagens e precisão para o diagnóstico de 
neoplasias intracranianas, doenças vasculares do sistema nervoso, trauma 
craniano e raquimedular, doenças inflamatórias infecciosas e não infecciosas do 
encéfalo, doenças desmielinizantes, doenças degenerativas e malformações 
congênitas de encéfalo e medula espinal, com a vantagem de não trazer riscos 
ao paciente. Técnicas de neuroimagem funcional, por exemplo, permitem o 
estudo da anatomia e do cérebro em funcionamento, o que na área da pesquisa 
científica permitiu estudos antes realizados em animais experimentais apenas 
de forma invasiva, sendo possível o entendimento de processos complexos 
como a cognição. 
Na radiografia simples, uma fonte de raios X emite raios entre o paciente 
e o filme de impressão, formando imagens esbranquiçadas para tecidos densos 
como ossos e acinzentadas com baixa resolução para tecidos moles como o 
tecido nervoso. Quando essa técnica é aliada à injeção de contraste, como no 
estudo da árvore vascular (angiografia), resultados melhores podem ser 
identificados em relação a integridade, estreitamentos, obstruções, dilatações e 
malformações da rede sanguínea na área encefálica, por exemplo.A tomografia computadorizada foi a primeira técnica a permitir a 
visualização da estrutura encefálica de forma não invasiva e emprega fontes 
múltiplas de raios X que percorrem ponto a ponto a estrutura, formando a 
imagem no computador pela junção dos múltiplos pontos. É de grande valia na 
investigação de traumatismos cranianos e bastante sensível na detecção de 
hemorragias subaracnoides e de calcificações, o que contribui para o diagnóstico 
de tumores do sistema nervoso central, de doenças metabólicas e lesões 
congênitas decorrentes de doenças infecciosas (Figura 10). 
 
 
16 
Figura 10 – Tomografia computadorizada em corte transversal para investigação 
de acidente vascular encefálico hemorrágico 
 
Crédito: Suttha Burawonk/Shutterstock. 
A ressonância nuclear magnética não faz uso de raios X no seu 
funcionamento, mas sim de campos magnéticos que permitem a distinção de 
tecidos com base no seu teor de água. O tecido ósseo, por exemplo, não produz 
imagem, pois contém muito pouca água livre, o que facilita a visualização das 
estruturas do lobo temporal, base do crânio e da medula. Essa técnica apresenta 
maior poder de resolução possibilitando a distinção entre substância branca e 
cinzenta, e até mesmo pequenas massas de substância cinzenta como a do 
núcleo rubro ou da substância negra, podem ser visualizadas. Identifica também 
pequenos grupos de neurônios ectópicos, frequentemente associados a 
epilepsias de difícil controle (Figura 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Figura 11 – Ressonância magnética em corte sagital para investigação de tumor 
cerebral 
 
Crédito: Suttha Burawonk/Shutterstock. 
A angiorressonância permite o estudo detalhado dos vasos sanguíneos, 
de forma não invasiva e sem a utilização de contrastes e substitui a angiografia 
digital na maioria dos casos, com vantagens evidentes. Outras variações 
permitem o estudo dinâmico do fluxo liquórico, importante para avaliar casos de 
hipertensão liquórica subclínica ou problemas na comunicação entre as 
cavidades ventriculares. A espectroscopia por ressonância magnética permite a 
avaliação não invasiva da composição química das lesões, permitindo 
importantes avanços no seu diagnóstico diferencial, antes possível apenas por 
meio de biópsia. 
A tomografia por emissão de pósitrons e a ressonância magnética 
funcional detectam modificações no fluxo sanguíneo e no metabolismo cerebral, 
o que possibilita a avaliação de quais regiões estão ativas enquanto o paciente 
desempenha determinada função. Pelo menor custo, maior resolução e maior 
rapidez, a ressonância magnética funcional é mais utilizada, permitindo melhor 
compreensão da base orgânica dos transtornos neuropsiquiátricos como 
esquizofrenia, depressão e transtorno obsessivo compulsivo. É particularmente 
empregada para localização de áreas importantes ou para identificar o 
 
 
18 
hemisfério dominante para linguagem, aumentando, assim, a segurança de 
procedimentos cirúrgicos para retirada de tumores ou para tratamento de 
epilepsias refratárias. 
NA PRÁTICA 
 O tônus muscular é um estado de tensão elástica permanente dos 
músculos quando estes estão em repouso. É por meio do tônus muscular que 
conseguimos manter a postura, mesmo contra a força da gravidade. A contração 
parcial contínua de um músculo depende da integridade do arco reflexo 
monossináptico, em que o neurônio aferente entra na medula espinal através da 
raiz posterior e faz sinapse com o neurônio efetor ou neurônio motor inferior na 
coluna cinzenta anterior. O motoneurônio inferior supre as fibras musculares 
depois de percorrer as raízes anteriores, os nervos espinais e os nervos 
periféricos. 
Lesões no sistema nervoso produzem sinais e sintomas relacionados ao 
tônus muscular. O tônus muscular é abolido, por exemplo, se qualquer parte do 
arco reflexo simples for destruída e um músculo atônico exibir consistência macia 
e flácida e sofrer atrofia rápida. Levando-se em conta essas informações e 
conforme o que foi estudado nesta aula, pesquise o significado e também 
quando e por que ocorre cada um dos sinais e sintomas, a seguir: 
• Hipotonia; 
• Hipertonia; 
• Tremores; 
• Espasmos; 
• Atetose; 
• Coreia; 
• Distonia; 
• Mioclonia; 
• Hemibalismo. 
FINALIZANDO 
 Na descrição funcional do sistema nervoso, aprendemos que o sistema 
nervoso somático é responsável por relacionar o corpo humano com o ambiente, 
por meio da recepção de estímulos, interpretação e envio de respostas. Para 
 
 
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isso, receptores periféricos recebem e encaminham informações referentes a 
visão, olfato, audição, paladar, equilíbrio, sensações dolorosas, térmicas, táteis 
e proprioceptivas aos centros nervosos que, ao interpretarem os estímulos, 
encaminham impulsos conscientes e voluntários aos músculos esqueléticos. 
 O sistema nervoso autônomo, por sua vez, é responsável pela 
homeostase corporal, mantendo o funcionamento adequado das vísceras frente 
a diferentes situações cotidianas. Para isso, a monitoração ininterrupta de 
condições fisiológicas como pressão arterial e concentração de substâncias 
permite o envio de informações eferentes constantes aos músculos liso, cardíaco 
e para as glândulas. Uma diferença marcante é a presença de um motoneurônio 
no componente eferente do sistema nervoso simpático, enquanto no sistema 
nervoso autônomo existem dois motoneurônios. 
 De acordo com características anatômicas, neurotransmissores e efeitos 
fisiológicos, o sistema nervoso autônomo se divide em simpático e 
parassimpático. A divisão simpática está relacionada a situações de luta e fuga, 
preparando o organismo para situações de perigo por meio do aumento da 
frequência cardíaca, dilatação da pupila e bronquiodilatação, por exemplo. 
Possui nervos que saem das regiões torácida e lombar, neurônio pré-ganglionar 
mais curto que o neurônio pós-ganglionar e adrenalina como neurotransmissor 
no órgão-alvo. Nervos que saem das regiões cranial e sacral, neurônio pré-
ganglionar mais longo que o neurônio pós-ganglionar e o neurotransmissor 
acetilcolina no órgão-alvo são características da divisão parassimpática do 
sistema nervoso autônomo, relacionada a preservação de energia, por meio de 
efeitos contrários, na maioria das vezes, a divisão simpática. 
 As vias aferentes são compostas por neurônios sensitivos, neurônios de 
segunda ordem e terceiros neurônios responsáveis pela captação e transporte 
de estímulos para o córtex cerebral e podem adentrar o sistema nervoso central 
pelos nervos espinais e pelos nervos cranianos. As vias eferentes são formadas 
pelos neurônios motores superiores e inferiores que comunicam o sistema 
nervoso central com os órgãos efetuadores. 
 O estudo e o diagnóstico de doenças relacionadas ao sistema nervoso 
têm avançado graças às técnicas de imagem que possibilitam a identificação de 
estruturas com precisão no encéfalo e na medula espinal. Entre as técnicas de 
neuroimagem mais utilizadas estão aquelas que utilizam a emissão de raios X, 
 
 
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como a tomografia computadorizada e aquelas que utilizam campos magnéticos, 
como a ressonância magnética e suas variantes. 
REFERÊNCIAS 
COSENZA, R. M. Fundamentos de neuroanatomia. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013. 
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Educs, 2012. Tomo III. 
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Atheneu, 2014. 
MARTIN. J. H. Neuroanatomia: texto e atlas. 4. ed. Porto Alegre: AMGH Editora 
LTDA, 2013. 
MARTINEZ. A.; ALLODI, S.; UZIEL, D. Neuroanatomia essencial. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 
MENESES, M. S. Neuroanatomia aplicada. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2015. 
NOURELDINE, M. H. A. Fundamentos de neuroanatomia: um guia clínico. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2019. 
PEDROSO, J. L. et. al. Neurogenética na prática clínica. Rio de janeiro: 
Atheneu, 2019. 
SCHMIDT, A. G.;PROSDOCIMI, F. C. Manual de neuroanatomia humana: um 
guia prático. São Paulo: Roca, 2017. 
SNELL, R. S. Neuroanatomia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2019.

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