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Estado, Governo e Mercado Ricardo Corrêa Coelho (3ª edição, 2014) Unidade II – Introdução e o Estado Liberal FURG-SAP Prof. Vanclei Za Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP) Especialização em Gestão Pública Municipal (Módulo 3) Estado, Governo e Mercado Unidade 2: As Relações entre Estado, Governo e Mercado Durante o Século X Na Unidade 1: vamos tratar das teorias que explicam as relações entre Estado, governo e mercado; Na Unidade 2: estudaremos as mudanças nas relações entre Estado governo e mercado durante o século XX. Estado, Governo e Mercado As Relações entre Estado, Governo e Mercado Durante o Século XX: Introdução e o Estado Liberal Introdução As relações entre Estado e mercado conheceriam situações extremas ao longo do s XX. Inicialmente, viveu o apogeu do liberalismo na Europa e nas Américas no come século, em que o Estado pouco intervinha nas relações entre os seus cidadãos. O seu oposto ocorreria nos anos que seguiram à 1a Guerra Mundial. Em 1917 instituída a União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas, onde o Estado pass assumir o controle de todo o processo produtivo e o mercado iria pratica desaparecer como instituição ordenadora das relações sociais. Introdução As relações entre Estado e mercado conheceriam situações extremas ao longo do s XX. Nas Américas, a partir de 1930, e na Europa Ocidental, sobretudo após a 2a Mundial, iria surgir uma combinação híbrida entre Estado e mercado como age princípios reguladores da vida econômica e social, na qual o Estado teria certamente preponderante sobre o mercado, mas sem pretender destruí-lo e garantindo com intervenção as condições para a acumulação privada do capital. A partir dos anos de 1980, começaria no Ocidente uma onda de desestatizaçã relações econômicas e sociais e de revalorização do mercado como instância regu que iria crescer e espalhar-se, atingindo, inclusive, a União Soviética. Introdução As relações entre Estado e mercado conheceriam situações extremas ao longo do s XX. Ao longo do século é possível identificar quatro padrões de relação entre Estado e m que foram sucessivamente dominantes em todo o mundo: (i) o Estado liberal até a Primeira Guerra Mundial; (ii) o Estado de bem-estar social e o Estado socialista, contemporâneos um do out (iii) o Estado que iria emergir do declínio de ambos, chamado de Estado neoliberal. Examinemos, cada uma das quatro formas de Estado conhecidas durante o sécu atentando para as características distintivas e específicas de cada uma e para os dife fatores que levaram à sua emergência e declínio. O Estado Socialista A partir da revolução russa de 1917 surgiria o 1º Estado socialista da h Diferentemente do Estado liberal, que emergiria de um longo processo histórico, ch idas e vindas, durante o qual se produziram profundas modificações na morfologia s econômica dos países onde ele iria se implantar, o 1º Estado socialista surgiria d revolução inspirada na doutrina marxista-leninista, que pretendia subverter completa as bases da organização social, política e econômica da Rússia czarista*, e que, em p anos, conseguiu, de fato, fazê-lo. As características do Estado socialista contrastam fortemente com as do Estado libe sob este o pêndulo social atingiria o seu ponto máximo à direita – com o m desempenhando o maior papel na regulação das relações sociais e o Estado, o me sob o Estado socialista o pêndulo chegaria ao seu ponto máximo à esquerda com o E ocupando o maior papel já desempenhado na regulação da vida social e o merc menor. O Estado Socialista A primeira característica fundamental do Estado socialista é o controle estata todo o processo produtivo. Independentemente da forma de propriedade – estatal, no caso de fábricas, ban grandes estabelecimentos comerciais; ou coletiva, no caso de algumas terras –, o que todas as atividades econômicas – produção e distribuição de bens e prestaç serviços – encontravam-se sob rígido controle do Estado. Nessas circunstânci que o espaço para a competição e a iniciativa privada iria praticamente desapare mercado iria igualmente sucumbir sob a regulação estatal. Assim, o direito à propriedade privada e à liberdade econômica, característic liberalismo, seriam valores frontalmente negados pelo Estado socialista. O Estado Socialista A primeira característica fundamental do Estado socialista é o controle estata todo o processo produtivo. O Estado liberal se pretendia equidistante das classes sociais e neutro em relação ao interesses específicos, já o Estado socialista reivindicaria a representação dos inte da maioria trabalhadora, antes oprimida pelos capitalistas. Essa representação se da meio do Partido Comunista, único legítimo representante dos seus interesses. No Estado socialista, toda discordância em relação à sua atuação e à direção do comunista iria ser considerada desvio e traição e, como tal, seria punida. características seriam percebidas por estudiosos (Hannah Arendt e Raymond Aro formulariam o conceito de totalitarismo para definir o regime político vigente, inicial na União Soviética, e depois adotado por outros países socialistas em todo o mundo. O Estado Socialista A essência do totalitarismo estaria na intenção de controlar todas as instâncias d social – a ponto de diluir as fronteiras entre o Estado e a sociedade civil – e na reivind do monopólio da verdade. Ao final da 2a guerra, o avanço militar da União Soviética sobre o território de país então ocupados pelos nazistas, levou consigo sua forma de Estado e de governo, implantada nos territórios libertados do controle alemão. Assim, se tornaram e socialistas a Polônia, a Hungria, a Tchecoslováquia, a Romênia, a Bulgária e a parte o da Alemanha. Outros países iriam se tornar socialistas por meio de suas próprias for resistência à ocupação nazista – Iugoslávia – ou de processos revolucionários in como: China; Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Camboja, no sudoeste da Ásia; Cu Caribe; e Angola e Moçambique, na África. Note-se que, nenhum dos que chegari socialismo por seus próprios meios conhecia anteriormente uma ordem liberal-democ O Estado Socialista Orientados mais pelo princípio da igualdade social do que pelo da liberdade individ estados socialistas conseguiram produzir sociedades mais igualitárias, do ponto d do acesso dos seus cidadãos a bens e serviços. No entanto, em nenhum país socia nem mesmo nos mais ricos – a escassez de produtos básicos de alimentação higiene pessoal seria superada. Se nos primeiros anos após a 2a Guerra o padrão de consumo, saúde e educaçã habitantes da Europa Ocidental e capitalista e da Europa Oriental e socialista diferia com o passar dos anos a diferença aumentaria muito em favor dos ocidentais. Enqu bem-estar material destes havia crescido incessantemente durante trinta anos pós G o dos seus vizinhos orientais encontrava-se estagnado já há bastante tempo. O Estado Socialista No final de 1970, o padrão de vida dos europeus ocidentais também parou de se mas o patamar de consumo estagnou a nível bem superior ao dos orientais. Para retomar o processo de expansão econômica e da renda, alguns governos ocid começaram a realizar reformas orientadas para o mercado, pois, no seu entender, excesso de intervenção do Estado na economia que havia inibido a atividade econôm No lado oriental, onde o Estado ocupava todo o espaço da iniciativa privada e o cresc econômico estagnado bem antes, surge, pela primeira vez na história da União So uma iniciativa governamental de abertura do sistema. Mikhail Gorbatchov, propôs a país uma dupla e arrojada reforma: a glasnost, que significa “transparência” pretendia retirar os rígidos controles políticos sobre os seus cidadãos, dando-lhe oportunidades de expressão; e a perestroika, que significa a abertura da economia introdução de alguns mecanismos de mercado. O Estado Socialista Com a descompressão política da glasnost, a oposição e contestação ao regimecres enormemente, tanto no interior da União Soviética, quanto nos países do Pacto de Va No final dos anos de 1980, começaram a cair, um a um, os regimes socialistas na E Oriental, até que no início dos anos 1990, a própria União Soviética iria desmoronar um castelo de cartas. Outra tem sido a sorte das reformas de mercado introduzidas na China e no Vietnã nenhuma abertura política foi concedida e o sistema de mercado tem avançado em r específicas e delimitadas, com efeitos positivos sobre o conjunto da economia dos p Mas até quando a abertura dos mercados chinês e vietnamita com adoção de plur econômico poderá avançar sem colocar em questão o controle monopolista do político exercido pelos respectivos partidos comunistas é uma questão que seg aberto.