Buscar

Saude do Trabalhador 2


Prévia do material em texto

FACULDADE PRESIDENTE ÂNTONIO CARLOS
ALFAUNIPAC
CURSO DE ENFERMAGEM DO QUINTO E SEXTO PERÍODO
AIANDRA MICHELLY CALDEIRA MACEDO
ANNE CAROLINE PEREIRA DOS SANTOS
CAROLINA FIGUEIREDO METZKER
HENRIQUE DUARTE DE OLIVEIRA
IANE LIMA PORTO
LUANA SCHWEIGHOFER ALVES
JOYCE DARLIN PEREIRA COELHO
MARIA ANTÔNIA MOTA DE MACEDO
THAILANNE RIBEIRO DIAS
TILLY SOUZA MARQUES
SAÚDE DO TRABALHADOR
TEÓFILO OTONI
2023
AIANDRA MICHELLY CALDEIRA MACEDO
ANNE CAROLINE PEREIRA DOS SANTOS
CAROLINA FIGUEIREDO METZKER
HENRIQUE DUARTE DE OLIVEIRA
IANE LIMA PORTO
LUANA SCHWEIGHOFER ALVES
JOYCE DARLIN PEREIRA COELHO
MARIA ANTÔNIA MOTA DE MACEDO
THAILANNE RIBEIRO DIAS
TILLY SOUZA MARQUES
SAÚDE DO TRABALHADOR
 Seminário apresentado à disciplina Saúde Integral da Pessoa Adulta do curso de Enfermagem da faculdade AlfaUnipac.
Orientador (a): Professora Allyne Dias.
TEÓFILO OTONI
2023
Sumário
1.	INTRODUÇÃO	5
2.	ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR	6
3.	ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR	7
3.1	 Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador nos cenários Brasileiro e Mundial	7
3.3.1 Cenário Brasileiro	7
3.3.2 Cenário Mundial	7
3.3.3	Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador em Minas Gerais	8
3.2. Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador em Teófilo Otoni/MG	9
3.3	ÓBITOS – BRASIL - FREQUÊNCIA DE ÓBITOS POR ACIDENTES DE TRABALHO POR SEXO OCORRIDO EM TEÓFILO OTONI- MG.	10
3.4	INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO – Sinan NET	10
3.5	INVESTIGAÇÃO DE ACIDENE DE TRABALHO GRAVE – Sinan NET	11
3.6	A Notificação Compulsória de Acidentes de Trabalho: Uma Imperativa Ferramenta de Proteção ao Trabalhador	11
4.	OCUPAÇÕES OU ATIVIDADES DE RISCO PARA DOENÇAS LIGADAS AO TRABALHO	13
4.1 A diferença entre doença ocupacional e doença do trabalho	15
4.2 As principais doenças ocupacionais e do trabalho	16
LER	16
Dort	16
Transtornos psicossociais e mentais	17
Asma ocupacional	17
Antracose pulmonar	17
Dermatose ocupacional	17
Perda auditiva	18
Cânceres por conta de exposição a produtos químicos	18
5.	DOENÇAS OCUPACIONAIS	18
5.1 Lesão por esforço repetitivo / Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho - LER/DORT	22
5.5.1. Intoxicações exógenas	23
5.2 Fatores do trabalho que podem gerar ou desencadear distúrbios psíquicos:	29
5.	3 Procedimentos a serem adotados frente a diagnósticos de doenças relacionadas ao trabalho pelo nível local de saúde	30
6.	POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR (PNSTT)	30
CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES	31
CAPÍTULO II - DOS OBJETIVOS	32
CAPÍTULO III - DAS ESTRATÉGIAS	34
CAPÍTULO IV - DAS RESPONSABILIDADES	45
CAPÍTULO V - DA AVALIAÇÃO E DO MONITORAMENTO	51
CAPÍTULO VI - DO FINANCIAMENTO	52
7.	ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM	53
8.	ENTREVISTA COM ENFERMEIRO	54
9.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	56
10.	REFERÊNCIAS	56
ALDAIR, J. M. CONFIRA A LISTA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. Morsch Telemedicina. 6 de dezembro de 2022. Disponível em :>https://telemedicinamorsch.com.br/blog/lista-de-doencas-ocupacionais-do-ministerio-do-trabalho<. Acesso em: 10/09/2023.	56
Doença ocupacional e doença do trabalho: conheça as principais. Faesa Centro Universitário. Disponível em: >https://ead.faesa.br/blog/doenca-ocupacional-e-doenca-do-trabalho#a-diferenca<. Acesso em: 10/09/2023.	57
ROCHA, A. S. P. Ministério da Saúde. Disponível em: >https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html<. Acesso em: 10/09/2023.	58
1. INTRODUÇÃO
A saúde do trabalhador refere-se ao campo do conhecimento que busca compreender a relação entre trabalho e processos de saúde/doença. Acredita que a saúde e a doença são processos dinâmicos que estão intimamente relacionados com a produção humana e os padrões de desenvolvimento em momentos históricos específicos. Assume que a forma como homens, mulheres e crianças participam nos espaços de trabalho tem uma influência decisiva em padrões específicos de doença e morte. A base da sua atuação é a articulação multidisciplinar, interdisciplinar e intersetorial.
Para esta área temática, trabalhador é qualquer pessoa que exerça atividades laborais com acesso aos mercados de trabalho formais e informais, inclusive na forma de trabalho doméstico. Vale ressaltar que o mercado informal do Brasil cresceu significativamente nos últimos anos. Segundo o IBGE, aproximadamente 2/3 da população economicamente ativa (PEA) exerce atividades laborais no mercado de trabalho informal. É importante destacar também que a realização de atividades laborais em espaços domésticos pode levar à transferência de fatores de risco ocupacionais para o quintal ou mesmo para a casa, processo conhecido como residência de risco.
À medida que o processo de descentralização da ação em saúde se consolida em todo o país, um dos desafios mais importantes que os municípios brasileiros têm focado é a organização do sistema de rede de prestação de serviços de saúde de acordo com os princípios da unidade da saúde - SUS, a saber: a descentralização de serviços, universalidade, hierarquia, equidade, cuidados integrados, controle social, uso da epidemiologia para determinar prioridades, etc. Nesse sentido, o Ministério da Saúde propõe a adoção de estratégias de saúde da família e de agentes comunitários de saúde que visem promover o estabelecimento de modelos de atenção baseados em ações no campo da vigilância em saúde. Identificar riscos, danos, necessidades, condições de vida e de trabalho que, em última análise, determinam como os grupos populacionais adoecem e morrem.
No processo de estabelecimento de práticas de vigilância em saúde devem ser consideradas questões demográficas, culturais, políticas, socioeconômicas, epidemiológicas e higiênicas, visando priorizar os problemas de grupos populacionais em uma determinada realidade territorial. A ação deve girar em torno do eixo informação-decisão-ação. Nesse sentido, os aspectos da vida dos indivíduos, das famílias e da população como um todo relacionados ao trabalho devem ser integrados a esse processo.
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR 
Tomando o Brasil como exemplo, na década de 1970, à medida que o número de trabalhadores industriais acelerava, houve também um forte crescimento nas organizações de trabalhadores em torno da regulamentação do tempo de trabalho e da procura de melhores salários. Esta década também assistiu pela primeira vez a um movimento em defesa da saúde através da melhoria das condições de trabalho. O DIESAT, assessor técnico da Unidade Intersindical de Pesquisa em Saúde e Ambiente de Trabalho, lançou uma iniciativa com o Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Petroquímicos do ABCD que foi crucial na proposta do sindicato à Secretaria de Estado de Saúde (SES), em 1984, o ABC Químico Plano de Saúde do Trabalhador. Experiência pioneira na participação efetiva dos sindicatos na gestão. Posteriormente, a SES de São Paulo e outros estados criaram programas semelhantesde saúde do trabalhador (PST) com níveis variados de participação dos trabalhadores, incluindo ações de monitoramento em algumas empresas. 
O próprio autor destaca que o PST foi influenciado pelas posições da Organização Internacional do Trabalho e da própria Organização Mundial da Saúde, tendo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) publicado o Plano de Saúde do Trabalhador em 1983 e patrocinado um workshop em 1984, em Campinas. Neste seminário foi discutida a necessidade de passar de um conceito de saúde ocupacional para um conceito de saúde do trabalhador, a fim de enfrentar as questões de saúde no trabalho de forma holística, combinando fatores económicos, culturais e pessoais. 
Antes do advento do SUS, a assistência era dominante nos primeiros projetos e centros de referência em saúde ocupacional – os CRST. O foco principal dessas estratégias é diagnosticar, orientar e monitorar as condições que surgem no trabalho, criando condições para que as redes públicas se tornem um exemplo eficaz de atenção à saúde dos trabalhadores. O relatório final da Oitava Conferência Nacional de Saúde propôs uma mudança de perspectiva, afirmando que condições dignas de trabalho e o conhecimento e controle dos trabalhadores sobre o processo e ambiente de trabalho são pré-requisitos para o pleno gozo da saúde.
 O primeiro CNST incluiu a proposta de que o SUS deveria abranger as ações e instituições de ST na perspectiva da saúde como um direito. No âmbito do quadro político normativo nacional, a TS parte da perspectiva da saúde como um direito universal definido na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 8.080/90, que vai além do quadro previdenciário-direito do trabalho em que a atuação do Estado se limita à regulamentação de saúde e segurança.
 A própria Lei Orgânica da Saúde estipula que a ação de ST deve ser realizada pelo SUS nas áreas de assistência, monitoramento, informação, pesquisa e participação sindical. A lei também estipula que o SUS federal tem a responsabilidade de participar do desenvolvimento de normas, padrões e critérios para o controle das condições e do ambiente de trabalho, e de coordenar as políticas de ST dos estados e municípios de forma hierárquica e descentralizada. A lei também prevê a necessidade de os conselhos de saúde formarem um comité interdepartamental de saúde ocupacional (CIST).
3. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR 
 3.1	 Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador nos cenários Brasileiro e Mundial
3.3.1 Cenário Brasileiro
No Brasil, a saúde do trabalhador é uma área de grande relevância devido à extensa força de trabalho e à diversidade de setores econômicos. Um dos principais desafios epidemiológicos enfrentados é a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos no ambiente de trabalho. A exposição a substâncias tóxicas, como pesticidas e produtos químicos industriais, está associada a uma série de doenças ocupacionais, incluindo distúrbios respiratórios, câncer e envenenamento.
Outro problema de saúde significativo é a carga de trabalho excessiva e as condições precárias de trabalho. Estresse ocupacional, Síndrome de Burnout e lesões musculoesqueléticas são comuns entre os trabalhadores brasileiros, especialmente em setores como construção civil e saúde. Além disso, a falta de acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs) e treinamento adequado aumenta o risco de acidentes de trabalho.
3.3.2 Cenário Mundial
Globalmente, os desafios epidemiológicos da saúde do trabalhador são igualmente preocupantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 2,78 milhões de mortes ocorrem a cada ano devido a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Os principais problemas de saúde incluem distúrbios musculoesqueléticos, exposição a substâncias tóxicas, doenças respiratórias e transtornos mentais relacionados ao trabalho.
Nos países em desenvolvimento, a falta de regulamentação e fiscalização adequadas torna os trabalhadores ainda mais vulneráveis. Além disso, a globalização e as mudanças nas formas de trabalho, como o aumento do trabalho informal e a automação, apresentam novos desafios para a saúde do trabalhador em nível mundial.
3.3.3 Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador em Minas Gerais
Minas Gerais é um estado brasileiro com uma população significativa e uma economia diversificada, que inclui a mineração, a agricultura, a indústria e o setor de serviços. Como resultado, os trabalhadores em Minas Gerais estão expostos a uma ampla variedade de riscos ocupacionais, que podem ter impactos na sua saúde a longo prazo. Os principais desafios epidemiológicos da Saúde do Trabalhador enfrentados em Minas Gerais são:
Exposição a Agentes Químicos e Mineração: A mineração é uma das principais atividades econômicas de Minas Gerais, e os trabalhadores deste setor estão sujeitos a exposições a agentes químicos perigosos, como poeira de sílica, que podem causar doenças respiratórias, como a silicose. A exposição a metais pesados também é uma preocupação, devido ao risco de intoxicação.
Condições de Trabalho na Agricultura: A agricultura é outro setor importante em Minas Gerais, e os trabalhadores rurais muitas vezes enfrentam condições de trabalho difíceis, incluindo longas horas de trabalho sob o sol, exposição a pesticidas e o uso de equipamentos agrícolas perigosos, o que pode levar a lesões e doenças ocupacionais.
Setor Industrial e Lesões Musculoesqueléticas: Na indústria, lesões musculoesqueléticas devido a movimentos repetitivos e posturas inadequadas são comuns. A falta de ergonomia em muitos locais de trabalho industriais pode resultar em doenças ocupacionais, como a LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).
Saúde Mental e Estresse Ocupacional: O estresse ocupacional e os problemas de saúde mental também são desafios significativos em Minas Gerais, especialmente em setores que envolvem alto nível de pressão, como a mineração e a saúde. A falta de apoio psicológico e a conscientização sobre a saúde mental no local de trabalho podem agravar esses problemas.
3.2. Aspectos Epidemiológicos da Saúde do Trabalhador em Teófilo Otoni/MG
Teófilo Otoni é uma cidade localizada no nordeste do estado de Minas Gerais. Os trabalhadores em Teófilo Otoni estão expostos a diversos riscos ocupacionais, dependendo do setor em que atuam, alguns dos principais desafios epidemiológicos da Saúde do Trabalhador em Teófilo Otoni são os seguintes:
Agricultura e Exposição a Agrotóxicos: A agricultura é uma atividade importante na região, e muitos trabalhadores rurais enfrentam exposição a agrotóxicos. A utilização desses produtos químicos sem o devido treinamento e equipamentos de proteção pode resultar em intoxicações agudas e crônicas.
Setor Industrial e Riscos de Acidentes: A cidade possui indústrias que englobam desde o processamento de pedras preciosas até a produção de móveis. Trabalhadores nesses setores podem estar sujeitos a riscos de acidentes, como cortes, esmagamentos e quedas, além de exposição a agentes químicos.
Estresse Ocupacional e Saúde Mental: Trabalhadores em Teófilo Otoni também enfrentam desafios relacionados ao estresse ocupacional e à saúde mental, especialmente em setores que envolvem metas de produção rigorosas e ambientes de trabalho competitivos.
Falta de Conscientização e Acesso a Serviços de Saúde do Trabalhador: A conscientização sobre segurança no trabalho e o acesso a serviços de saúde ocupacional podem ser limitados, o que dificulta a prevenção e o tratamento de doenças e lesões ocupacionais.
Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Teófilo Otoni, de janeiro de 2009 a agosto de 2023 foram investigados 628 casos de Acidente de Trabalho Grave, dentre estes 514 acidentes sofridos por homens e 114 por mulheres. Neste mesmo período de tempo, foram investigados 1557 casos de Acidente com Material Biológico, sendo 342 mulheres atingidas e 1215 homens. Ocorrerão em Teófilo Otoni, de janeiro de 2010 a agosto de 2023,70 óbitos por acidente detrabalho, dentre os quais 68 homens e 2 mulheres. Isto demonstra a disparidade entre a frequência de acidentes de trabalho sofridos entre os sexos, que acontece tanto por fatores culturais, tal qual o índice de procura prévia por atendimento de saúde prevalece entre o sexo feminino, como pelos tipos de trabalho mais comumente exercidos por homens, como posições que oferecem mais riscos a integridade física, entre outros.
3.3 ÓBITOS – BRASIL - FREQUÊNCIA DE ÓBITOS POR ACIDENTES DE TRABALHO POR SEXO OCORRIDO EM TEÓFILO OTONI- MG.
	ANO DO ÓBITO
	MASCULINO
	FEMININO
	TOTAL
	2010
	9
	0
	9
	2011
	4
	0
	4
	2012
	7
	0
	7
	2013
	4
	0
	4
	2014
	6
	1
	7
	2015
	6
	0
	6
	2016
	3
	0
	3
	2017
	8
	0
	8
	2018
	5
	0
	5
	2019
	3
	0
	3
	2020
	2
	0
	2
	2021
	5
	0
	5
	2022
	3
	1
	4
	2023
	3
	0
	3
	TOTAL
	68
	2
	70
3.4 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO – Sinan NET
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE COM MATERIAL BIÓGICO 2009 A 2023.
	ANO DE NOTIFIC
	MASCULINO
	FEMININO
	TOTAL
	2009
	9
	74
	83
	2010
	18
	59
	77
	2011
	25
	84
	109
	2012
	27
	73
	100
	2013
	21
	72
	93
	2014
	11
	68
	79
	2015
	16
	71
	87
	2016
	24
	52
	76
	2017
	23
	78
	101
	2018
	19
	84
	103
	2019
	15
	70
	85
	2020
	28
	109
	137
	2021
	50
	143
	193
	2022
	35
	108
	143
	2023
	21
	70
	91
	TOTAL
	342
	1.215
	1.557
3.5 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENE DE TRABALHO GRAVE – Sinan NET
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE TRABALHO GRAVE – 2008 A 2023.
	ANO DA NOTIFIC
	MASCULINO
	FEMININO
	TOTAL
	2009
	16
	3
	19
	2010
	15
	0
	15
	2011
	170
	20
	190
	2012
	45
	1
	46
	2013
	110
	3
	14
	2014
	13
	3
	16
	2015
	8
	2
	10
	2016
	42
	8
	50
	2017
	30
	1
	31
	2018
	31
	2
	33
	2019
	11
	11
	22
	2020
	25
	7
	32
	2021
	21
	11
	32
	2022
	27
	17
	44
	2023
	49
	25
	74
	TOTAL
	514
	114
	628
3.6 A Notificação Compulsória de Acidentes de Trabalho: Uma Imperativa Ferramenta de Proteção ao Trabalhador
A segurança e a saúde no ambiente de trabalho são temas de grande relevância, não apenas do ponto de vista humano, mas também econômico e social. A ocorrência de acidentes de trabalho representa uma ameaça à integridade física e mental dos trabalhadores, bem como gera custos significativos para as empresas e para o sistema de saúde. Nesse contexto, a notificação compulsória de acidentes de trabalho emerge como uma ferramenta crucial para a prevenção, o monitoramento e a promoção de medidas corretivas. 
A notificação compulsória de acidentes de trabalho consiste na obrigatoriedade legal de comunicar, às autoridades competentes, qualquer evento acidental que resulte em lesão ou óbito de um trabalhador durante o exercício de suas atividades laborais. A importância desse processo está diretamente relacionada à sua capacidade de fornecer dados estatísticos confiáveis, fundamentais para a elaboração de políticas públicas e a implementação de ações preventivas. Segundo Mendes (2003), "a notificação compulsória é a principal fonte de informações para o planejamento e a avaliação das ações de saúde ocupacional".
O prazo para o envio de uma ficha de notificação do agravo de acidente de trabalho pode variar de acordo com as regulamentações e legislações de saúde do trabalho do país em questão. Em muitos países, existem regulamentos que exigem que as notificações de acidentes de trabalho sejam feitas em um prazo determinado após a ocorrência do acidente.
No Brasil, por exemplo, o Ministério da Saúde estabelece que os acidentes de trabalho devem ser notificados até o primeiro dia útil seguinte à ocorrência do acidente, conforme a Portaria MS/GM nº 104/2011. No entanto, é importante verificar as regulamentações específicas do seu país ou da sua jurisdição, pois esses prazos podem variar.
Além disso, é essencial que as empresas e os profissionais de saúde estejam cientes e cumpram os prazos estabelecidos, pois a notificação oportuna de acidentes de trabalho é fundamental para a prevenção, o tratamento adequado e a análise epidemiológica desses eventos.
A notificação compulsória desempenha um papel fundamental na identificação de setores e empresas com altos índices de acidentes, permitindo uma intervenção mais direcionada. Conforme destaca Gil (2015), "a notificação compulsória fornece dados que podem embasar a realização de inspeções e fiscalizações, contribuindo para a melhoria das condições de trabalho". Essa abordagem direcionada não apenas reduz os riscos para os trabalhadores, mas também auxilia na diminuição de custos para as empresas, decorrentes de afastamentos, indenizações e processos judiciais.
Outro ponto crucial é que a notificação compulsória de acidentes de trabalho contribui para a conscientização da sociedade sobre a importância da segurança no trabalho. A divulgação desses dados pode sensibilizar a opinião pública, pressionando empresas e órgãos governamentais a adotarem medidas mais efetivas de prevenção de acidentes. Segundo Silveira (2010), "a transparência na divulgação das estatísticas de acidentes de trabalho é uma ferramenta importante para o engajamento da sociedade na luta por ambientes de trabalho mais seguros".
No Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), o fluxo das fichas de notificação e investigação começa quando profissionais de saúde ou serviços de saúde preenchem fichas de notificação de casos de doenças ou agravos de notificação compulsória. Essas fichas são enviadas às Secretarias de Saúde locais, que consolidam os dados e, posteriormente, encaminham para as Secretarias Estaduais de Saúde e, por fim, para o Ministério da Saúde, garantindo uma coleta de informações escalonada e sistematizada em todo o país. Esse processo de notificação e investigação é essencial para a vigilância epidemiológica, permitindo a detecção precoce de surtos e a implementação de medidas de controle.
Em resumo, a notificação compulsória de acidentes de trabalho é uma peça fundamental no quebra-cabeça da segurança no trabalho. Através dela, é possível coletar dados confiáveis, direcionar ações preventivas, reduzir custos para as empresas e promover a conscientização pública. Portanto, é imperativo que todos os atores envolvidos, desde trabalhadores até empregadores e autoridades governamentais, reconheçam a importância desse processo e cumpram suas responsabilidades para garantir um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.
4. OCUPAÇÕES OU ATIVIDADES DE RISCO PARA DOENÇAS LIGADAS AO TRABALHO
 Popularmente conhecida como lista de doenças ocupacionais do Ministério do Trabalho, a lista de doenças relacionadas ao trabalho (LDRT) é, na verdade, editada pelo Ministério da Saúde. Trata-se de uma referência legal de cunho exemplificativo, ou seja, que não restringe nem garante a existência de nexo causal entre uma patologia ou agravo à saúde e as condições de trabalho. Comprovar a relação entre doença e atividade ocupacional depende de investigação técnica e análise feita por especialistas em saúde do trabalho.
A LDRT faz parte da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Sistema Único de Saúde, fornecendo orientações para a prevenção e vigilância epidemiológica realizadas pelo SUS.
Afinal, no Brasil, diversos trabalhadores são atendidos em unidades de saúde pública. No entanto, é inegável a contribuição da lista como ferramenta norteadora de ações de SST, monitoramento da saúde dos empregados e acesso ao tratamento adequado. Nas próximas linhas, vou apresentar sobre o que é, como consultar a LDRT e quais as doenças ocupacionais mais comuns. Também trago um bônus para utilizar o potencial da telemedicina na promoção da saúde no trabalho.
Lista de doenças ocupacionais do Ministério do Trabalho - Publicada pela Portaria GM/MS 1.339/1999, a lista de doenças relacionadas ao trabalho reúne quase 200 patologias que podem ser desencadeadas ou agravadas devido às atividades laborais.
As afecções foram selecionadas considerando três categorias, como explica este artigo sobre o tema:
“GRUPO I: Doençasem que o Trabalho é causa necessária, tipificadas pelas ‘doenças profissionais’ clássicas e pelas intoxicações profissionais agudas
“GRUPO II: Doenças em que o Trabalho pode ser um fator contributivo, mas não necessário, exemplificadas pelas doenças ‘comuns’ mais frequentes ou precoces em determinados grupos ocupacionais em que o nexo causal é de natureza clínico-epidemiológica, como, por exemplo, hipertensão arterial e neoplasias malignas em determinadas ocupações
“GRUPO III: Doenças em que o Trabalho desencadeia ou agrava um distúrbio latente ou doença pré-existente, ou seja, atua como concausa. Como exemplo, citam-se as doenças alérgicas de pele ou respiratória e distúrbios mentais em determinadas ocupações.”
Considerando essas particularidades, a lista de doenças ocupacionais utiliza linguagem e códigos preconizados pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – 10ª Revisão (CID-10).
Para facilitar a localização das patologias e agentes de risco, os dados são divididos em duas partes:
Lista A, que parte dos agentes para designar as respectivas doenças
Lista B, que parte das doenças para estabelecer os respectivos agentes de risco.
Em 2020, houve uma iniciativa para que a lista fosse atualizada e ampliada, através da Portaria GM/MS 2.309, revogada em menos de 24 horas pela Portaria GM/MS 2.345/2020. A lista de 1999 foi restabelecida pela Portaria 2.384/2020, que substituiu a Portaria GM/MS 2.309/2020.
Com a derrubada da atualização da LDRT, doenças como a Covid-19 foram retiradas da lista. Isso não impede o estabelecimento de nexo causal entre a patologia e o ambiente de trabalho, para fins de afastamento e concessão de benefícios pelo INSS.
Dependendo do local e do período avaliado, haverá diferentes rankings com as doenças ocupacionais mais comuns.
No documento com “Estimativas conjuntas da OMS e da OIT sobre o ônus de doenças e lesões relacionadas ao trabalho, 2000-2016”, por exemplo, as entidades elencam as patologias que matam com maior frequência.
Para isso, são considerados 19 fatores de risco ocupacional, incluindo desde longas horas de trabalho até exposição a poeiras minerais.
A lista de doenças que mais causam óbitos da Organização Internacional do Trabalho é formada por:
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), com 450 mil mortes;
Acidente vascular cerebral (AVC), com 400 mil mortes;
Cardiopatia isquêmica (a exemplo do infarto), com 350 mil mortes.
Segundo o relatório, lesões ocupacionais foram responsáveis por 19% do total, ou 360 mil óbitos. No Brasil, vale considerar o levantamento da consultoria B2P, que listou as 10 doenças que mais afastaram trabalhadores em 2021:
Lesões (acidentes de trabalho);
Doenças do sistema osteomuscular (DORT) e do tecido conjuntivo;
Transtornos mentais e comportamentais, a exemplo da ansiedade, burnout e depressão. 
Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde, como pressão alta, tabagismo e alcoolismo:
Covid-19, doenças do aparelho digestivo, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório, doenças do sistema nervoso e algumas doenças infecciosas e parasitárias.
4.1 A diferença entre doença ocupacional e doença do trabalho
De acordo com a lei 8.213/1991, doença ocupacional, também conhecida como doença profissional, é produzida ou desencadeada pelo exercício da função do trabalhador.
Ou seja, a causa da doença é a atividade que o trabalhador executa em sua rotina de trabalho. É aquela diretamente relacionada com atividade exercida pelo profissional. Por exemplo, um trabalhador de escritório, que usa continuamente o teclado, pode desenvolver LER (Lesão por Esforço Repetitivo) devido ao movimento repetitivo.
Essa mesma lei também fala sobre a doença do trabalho. Diferente da ocupacional, esta não está ligada à função exercida pelo trabalhador, mas sim ao seu ambiente de trabalho.
O artigo 20 da lei define doença do trabalho como: “…desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente…“. Um exemplo são os trabalhadores que possuem a audição danificada pela exposição constante a ruídos no ambiente de trabalho. A diferença entre doença ocupacional e doença do trabalho está na fonte das enfermidades. Ou seja, o que exatamente desencadeou o problema de saúde.
A doença ocupacional é aquela relacionada ao trabalho em si, às peculiaridades da atividade exercida. Já a doença do trabalho diz respeito às condições do ambiente de trabalho.
4.2 As principais doenças ocupacionais e do trabalho
O Ministério da Saúde possui uma longa lista de doenças ocupacionais e do trabalho. As mais comuns são:
LER
A Lesão por Esforços Repetitivos (LER) é um grupo de doenças com sintomas de dor nos membros superiores, resultando na dificuldade de movimentação e redução da amplitude. A LER afeta músculos, tendões, ligamentos e os próprios nervos do paciente.
Essa é uma das principais causas de afastamento do serviço e pode atingir qualquer pessoa que execute movimentos repetidos, como profissionais que trabalham digitando ou com tricô.
Dort
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) correspondem a uma classe de sintomas e alterações fisiológicas advindas da execução de operações mecânicas repetidas. Os principais sintomas dessa doença são as dores crônicas, que podem aumentar com a continuidade das atividades de trabalho.
Bursite, tendinite, inflamações em articulações e dores lombares são alguns dos sintomas que podem estar associados ao quadro.
Transtornos psicossociais e mentais
Ansiedade, síndrome de pânico, depressão e síndrome de burnout (esgotamento) são doenças que podem surgir do estresse no ambiente de trabalho. Em alguns casos, elas podem ser ignoradas ou desvalorizadas, pois não são “visíveis” fisicamente.
Existem algumas situações que podem desencadear essas crises nos trabalhadores, vamos citar algumas:
Cansaço excessivo e jornadas exaustivas;
Situações de assédio verbal e moral;
Problemas com a comunicação interna;
Cobranças irreais e metas inalcançáveis;
Clima ruim e com índice alto de insatisfação profissional.
Asma ocupacional
É uma doença do pulmão, caracterizada por crises de falta de ar (dispneia), sibilos e tosse. Ela é causada por diferentes agentes existentes nos locais de trabalho.
Normalmente, surge quando o empregado atua em ambiente com grande quantidade de partículas e poeiras que provocam alergia. Acontece bastante com quem manipula madeira e borracha, por exemplo.
Antracose pulmonar
A antracose pulmonar é uma lesão no pulmão causada pela inalação de pequenas partículas de carvão ou de poeira que se alojam ao longo do sistema respiratório. Ou seja, é uma doença respiratória mais grave do que a asma ocupacional.
Ocorre quando o empregado trabalha onde há, principalmente, muita fumaça, o que causa lesões nos pulmões.
Dermatose ocupacional
Dermatose ocupacional é qualquer alteração da pele, mucosa e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho.
Quem trabalha mexendo com graxas e óleos de máquinas costuma sofrer dessa enfermidade.
Perda auditiva
A perda auditiva temporária ou definitiva pode afetar profissionais que trabalham com sons muito altos frequentemente. Essa doença costuma afetar operadores de telemarketing e operadores de britadeira, por exemplo.
Isso acontece porque, aos poucos, o barulho constante provoca a perda da audição sem que o trabalhador se dê conta.
Na grande maioria dos casos, esses prejuízos auditivos são irreversíveis.
Cânceres por conta de exposição a produtos químicos
Essas são algumas das doenças mais graves que são causadas no ambiente de trabalho. Elas surgem devido a exposição a produtos químicos.
Trabalhadores da indústria têxtil que fazem a manipulação de corantes que contêm determinadas aminas estão mais sujeitos ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Já os trabalhadores que têm contato com benzeno em indústrias químicas têm ummaior risco de desenvolver leucemias e linfomas. Nesses casos, é responsabilidade da empresa disponibilizar e assegurar o uso dos equipamentos de segurança, a fim preservar a saúde de seus trabalhadores.
5. DOENÇAS OCUPACIONAIS
As doenças do trabalho referem-se a um conjunto de danos ou agravos que incidem sobre a saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos locais de trabalho. Manifestam-se de forma lenta, insidiosa, podendo levar anos, às vezes até mais de 20, para manifestarem o que, na prática, tem demonstrado ser um fator dificultador no estabelecimento da relação entre uma doença sob investigação e o trabalho. Também são consideradas as doenças provenientes de contaminação acidental no exercício do trabalho e as doenças endêmicas quando contraídas por exposição ou contato direto, determinado pela natureza do trabalho realizado. Tradicionalmente, os riscos presentes nos locais de trabalho são classificados em:
 • Agentes físicos - ruído, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação, umidade, pressões anormais, radiação etc.
 • Agentes químicos - substâncias químicas tóxicas, presentes nos ambientes de trabalho nas formas de gases, fumo, névoa, neblina e/ou poeira.
 • Agentes biológicos - bactérias, fungos, parasitas, vírus, etc.
Organização do trabalho - divisão do trabalho, pressão da chefia por produtividade ou disciplina, ritmo acelerado, repetitividade de movimento, jornadas de trabalho extensas, trabalho noturno ou em turnos, organização do espaço físico, esforço físico intenso, levantamento manual de peso, posturas e posições inadequadas, entre outros. 
É importante destacar que no processo de investigação de determinada doença e sua possível relação com o trabalho, os fatores de risco presentes nos locais de trabalho não devem ser compreendidos de forma isolada e estanque. Ao contrário, é necessário apreender a forma como eles acontecem na dinâmica global e cotidiana do processo de trabalho. 
Nesse sentido, o resumo a seguir trata das doenças do trabalho consideradas pela Área Técnica de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, como prioridades para notificação e investigação epidemiológica, visando à intervenção sobre a situação provocadora do evento. Ressalte-se que cada estado ou município tem autonomia para a inclusão de outras doenças, em função de suas específicas necessidades regionais e locais.
Observação: Será distribuído para os serviços de saúde o documento "Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde".
Doenças das vias aéreas 
 As doenças das vias aéreas estão diretamente relacionadas com materiais inalados nos ambientes de trabalho. Dependem das propriedades físico-químicas desses agentes, da susceptibilidade individual e do local de deposição de partículas - nariz, traqueia, brônquios ou parênquima pulmonar. Quando o local de deposição é o nariz, geralmente a resposta clínica é a rinite, a perfuração septal ou o câncer nasal; quando se localiza na traqueia ou brônquios, pode-se observar bronco constrição, devido à reação antígeno x anticorpo ou induzi dá por reflexo irritativo; quando se localiza no parênquima pulmonar, pode ocorrer alveolite alérgica extrínseca, como no caso das poeiras orgânicas; pneumoconiose, como no caso das poeiras minerais; ou lesão pulmonar aguda, bronquiolite e edema pulmonar. No caso de poeiras e gases radioativos, tem-se observado câncer pulmonar. Considerando-se a magnitude do problema, serão priorizadas a notificação e a investigação das pneumoconioses e asma ocupacional. 
Pneumoconioses
 São patologias resultantes da deposição de partículas sólidas no parênquima pulmonar, levando a um quadro de fibrose, ou seja, ao endurecimento intersticial do tecido pulmonar. As pneumoconioses mais importantes são aquelas causadas pela poeira de sílica, configurando a doença conhecida como silicose, e aquelas causadas pelo asbesto, configurando a asbestose.
Silicose
 É a principal pneumoconiose no Brasil, causada por inalação de poeira de sílica livre cristalina (quartzo). Caracteriza-se por um processo de fibrose, com formação de nódulos isolados nos estágios iniciais e nódulos conglomerados e disfunção respiratória nos estágios avançados. Atinge trabalhadores inseridos em diversos ramos produtivos: na indústria extrativa (mineração subterrânea e de superfície); no beneficiamento de minerais (corte de pedras, britagem, moagem, lapidação); em fundições; em cerâmicas; em olarias; no jateamento de areia; na escavação de poços; polimentos e limpezas de pedras. Os sintomas, normalmente, aparecem após longos períodos de exposição, cerca de 10 a 20 anos. É uma doença irreversível, de evolução lenta e progressiva. Sua sintomatologia inicial é discreta - tosse e escarros. Nessa fase não se observa alteração radiográfica. Com o agravamento do quadro, surgem sintomas como dispneia de esforço e astenia. Em fases mais avançadas, pode surgir insuficiência respiratória, com dispneia aos mínimos esforços e até em. repouso. O quadro pode evoluir para a cor pulmonal crônico. A forma aguda, conhecida como silicose aguda, é uma doença extremamente rara, estando associada à exposição a altas concentração de poeira de sílica. O diagnóstico está fundamentado na história clínico-ocupacional, na investigação do local de trabalho, no exame físico e nas alterações encontradas em radiografias de tórax, as quais deverão ser realizadas de acordo com técnica preconizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Também a leitura da radiografia deverá ser feita de acordo' com a classificação da OIT, que, entre outros parâmetros, estipula que a leitura deve ser realizada por três diferentes profissionais. As provas de função pulmonar não têm aplicação no diagnóstico da silicose, sendo úteis na avaliação da capacidade funcional pulmonar.
Asbestose
 O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de asbesto, também conhecido como amianto. Por ser uma substância indiscutivelmente cancerígena, observa-se, atualmente, grande polêmica em tomo de sua utilização. Há uma corrente que defende o uso do asbesto em condições ambientais rigidamente controladas; outra, que defende a substituição do produto nos diversos processos produtivos. o asbesto possui ampla utilização industrial, principalmente na fabricação de produtos de cimento-amianto, materiais de fricção como pastilhas de freio, materiais de vedação, piso e produtos têxteis, como mantas e tecidos resistentes ao fogo. Assim, os trabalhadores expostos ocupacional mente a esses produtos são aqueles vinculados à indústria extrativa ou à indústria de transformação. Também estão expostos os trabalhadores da construção civil e os trabalhadores que se ocupam da colocação e reforma de telhados, isolamento térmico de caldeiras, tubulações e manutenção de fomos (tijolos refratários). A asbestose é a pneumoconiose associada ao asbesto ou amianto, sendo uma doença eminentemente ocupacional. A doença, de caráter progressivo e irreversível, tem um período de latência superior a 10 anos, podendo se manifestar alguns anos após cessada a exposição. Clinicamente, caracteriza-se por dispneia de esforço, estertores crepitantes nas bases pulmonares, baqueteamento digital, alterações funcionais e pequenas opacidades irregulares na radiografia de tórax. O diagnóstico é realizado a partir da história clínica e ocupacional, do exame físico e das alterações radiológicas. Raios X de tórax, assim como sua leitura, deverá ser realizado de acordo com as normas preconizadas pela OIT. Observação: além da asbestose, a exposição às fibras de asbesto está relacionada com o surgimento de outras doenças. São as alterações pleurais benignas, o câncer de pulmão e os mesoteliomas malignos, que podem acometer a pleura, o pericárdio e o peritônio. 
Asma ocupacional
 É a obstrução difusa e aguda das vias aéreas, de caráter reversível, causada pela inalação de substâncias alergênicas, presentes nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, poeiras de algodão, linho, borracha,couro, sílica, madeira vermelha etc. O quadro é o de uma asma brônquica, sendo que os pacientes se queixam de falta de ar, tosse, aperto e chieira no peito, acompanhados de rinorreia, espirros e lacrimejamento, relacionados com as exposições ocupacionais às poeiras e vapores. Muitas vezes, uma tosse noturna persistente é a única queixa dos pacientes. Os sintomas podem aparecer no local da exposição ou após algumas horas, desaparecendo, na maioria dos casos, nos finais de semana, períodos de férias ou afastamentos.
Perda auditiva induzido por ruído – PAIR 
 A perda auditiva induzida pelo ruído, relacionada ao trabalho, é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído. Algumas de suas características são: 
• é sempre neurossensorial, por causar danos às células do órgão de CORTI; 
• é irreversível e quase sempre similar bilateralmente; 
• é passível de não progressão, uma vez cessada a exposição ao ruído intenso
o ruído é um agente físico universalmente distribuído, estando presente em praticamente todos os ramos de atividade. O surgimento da doença está relacionado com o tempo de exposição ao agente agressor, às características físicas do ruído e à susceptibilidade individual. O surgimento de PAIR pode ser potencializado por exposição concomitante a vibração, a produtos químicos - principalmente os solventes orgânicos e pelo uso de medicação ototóxica. Se o trabalhador for portador de diabetes, poderá ter elevada sua susceptibilidade ao ruído. O diagnóstico da PAIR só pode ser estabelecido por meio de um conjunto de procedimentos: anamnese clínica e ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e, se necessário, outros testes complementares. A exposição ao ruído, além de perda auditiva, acarreta alterações importantes na qualidade de vida do trabalhador em geral, na medida em que provoca ansiedade, irritabilidade, aumento da pressão arterial, isolamento e perda da autoimagem. No seu conjunto, esses fatores comprometem as relações do indivíduo na família, no trabalho e na sociedade. Sendo a PAIR uma patologia que atinge um número cada vez maior de trabalhadores em nossa realidade, e tendo em vista o prejuízo que causa ao processo de comunicação, além das implicações psicossociais que interferem e alteram a qualidade de vida de seu portador, é imprescindível que todos os esforços sejam feitos no sentido de evitar sua instalação. A PAIR é um comprometimento auditivo neurossensorial sério que, todavia, pode e deve ser prevenido.
5.1 Lesão por esforço repetitivo / Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho - LER/DORT
 No mundo contemporâneo, as lesões por esforços repetitivos/Doenças osteomusculares relacionadas com o trabalho (LER/DORT) têm representado importante fração do conjunto dos adoecimentos relacionados com o trabalho. Acometendo homens e mulheres em plena fase produtiva (inclusive adolescentes), essa doença, conhecida como doença da modernidade, tem causado inúmeros afastamentos do trabalho, cuja quase totalidade evolui para incapacidade parcial, e, em muitos casos, para a incapacidade permanente, com aposentadoria por invalidez. São afecções decorrentes das relações e da organização do trabalho existentes no moderno mundo do trabalho, onde as atividades são realizadas com movimentos repetitivos, com posturas inadequadas, trabalho muscular estático, conteúdo pobre das tarefas, monotonia e sobrecarga mental, associadas à ausência de controle sobre a execução das tarefas, ritmo intenso de trabalho, pressão por produção, relações conflituosas com as chefias e estímulo à competitividade exacerbada. Vibração e frio intenso também estão relacionados com o surgimento. de quadros de LER/DORT. Caracteriza-se por um quadro de dor crônica, sensação de formigamento, dormência, fadiga muscular (por alterações dos tendões, musculatura e nervos periféricos), e dor muscular ou nas articulações, especialmente ao acordar à noite. É um processo de adoecimento insidioso, carregado de simbologias negativas sociais, e intenso sofrimento psíquico: incertezas, medos, ansiedades e conflitos. Acomete trabalhadores inseridos nos mais diversos ramos de atividade, com destaque para aqueles que estão nas linhas de montagem do setor metalúrgico, empresas do setor financeiro, de autopeças, da alimentação, de serviços e de processamento de dados. 
5.5.1. Intoxicações exógenas
Agrotóxicos 
Conhecidos por diversos nomes - praguicidas, pesticidas, agrotóxicos, defensivos agrícolas, venenos, biocidas etc. - esses produtos, em vista de sua toxicidade, provocam grandes danos à saúde humana e ao meio ambiente. Por isso, seu uso deve ser desestimulado, o que é possível a partir da utilização de outras tecnologias, ambientalmente mais saudáveis. Pela Lei Federal n°.7.802, de 11/7/89, regulamentada pelo Decreto n.o98.816, agrotóxicos é a denominação dada aos: "(...) produtos e componentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento." Todo produto agrotóxico é classificado pelo menos quanto a três aspectos: quanto aos tipos de organismos que controlam, quanto à toxicidade da(s) substância(s) e quanto ao grupo químico ao qual pertencem. Inseticidas, acaricidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, moluscicidas, raticidas, avicidas, columbicidas, bactericidas e bacterioestáticos são termos que se referem à especificidade do agrotóxico em relação aos tipos de pragas ou doenças. Quanto ao grau de toxicidade5, a classificação adotada é aquela preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que distingue os agrotóxicos em classes I, 11, 111 e IV, sendo essa classificação utilizada na definição da coloração das faixas nos rótulos dos produtos agrotóxicos: vermelho, amarelo, azul e verde, respectivamente.
Temos assim: 
 • Classe I- extremamente tóxico/tarja vermelha;
 • Classe 11 - altamente tóxico/tarja amarela;
 • Classe lll - medianamente tóxico/tarja azul 
• Classe IV - pouco tóxico/tarja verde.
É importante registrar que a classificação diz respeito apenas aos efeitos agudos causados pelos produtos agrotóxicos. Quanto à classificação química, tem-se como principais grupos os organofosforados, os carbamatos, os organoclorados, os piretróides, os dietilditiocarbamatos e os derivados do ácido fenoxiacético.
Chumbo – saturnismo
 o chumbo é um dos metais mais presentes na Terra, podendo ser encontrado, praticamente, em qualquer ambiente ou sistema biológico, inclusive no homem. As principais fontes de contaminação ocupacional e/ou ambiental são as atividades de mineração e indústria, especialmente fundição e refino. A doença causada pelo chumbo é chamada de saturnismo. A exposição ocupacional ao chumbo inorgânico provoca, em sua grande maioria, intoxicação a longo prazo, podendo ser de variada intensidade. A contaminação do organismo pelo chumbo depende das propriedades físico-químicas do composto, da concentração no ambiente do tempo de exposição, das condições de trabalho (ventilação, umidade, esforço físico, presença de vapores, etc.) e dos fatores individuais do trabalhador (idade, condições físicas, hábitos, etc.). As principais atividades profissionais nas quais ocorrem exposição ao chumbo são: fabricação e reforma de baterias; indústria de plásticos; fabricação de tintas; pintura a pistola/pulverização com tintas à base de pigmentos de chumbo; fundição de chumbo, latão, cobre e bronze; reforma de radiadores; manipulação de sucatas; demolição de pontes e navios; trabalhos com solda; manufatura de vidros e cristais; lixamento de tintas antigas; envemizamento de cerâmica; fabricaçãode material bélico à base de chumbo; usinagem de peças de chumbo; manufatura de cabos de chumbo; trabalho em joalheria, dentre outros. Observação: em gráficas que possuem equipamentos obsoletos (linotipos), também pode ocorrer a contaminação. As intoxicações por chumbo podem causar danos aos sistemas sanguíneo, digestivo, renal, nervoso central e, em menor extensão, ao sistema nervoso periférico. O contato com os compostos de chumbo pode ocasionar dermatites e úlceras na epiderme. Sinais e sintomas na intoxicação crônica: cefaleia, astenia, cansaço fácil, alterações do comportamento (irritabilidade, hostilidade, agressividade, redução da capacidade de controle racional), alterações do estado mental (apatia, obtusidade, hipoexcitabilidade, redução da memória), alteração da habilidade psicomotora, redução da força muscular, dor e parestesia nos membros. São comuns as queixas de impotência sexual e diminuição da libido. Hiporexia, epigastralgia, dispepsia, pirose, eructação e orla gengival de Burton, dor abdominal aguda, às vezes confundida com abdômen agudo, podem ser sintomas de intoxicação crônica por chumbo, bem como modificação da frequência e do volume urinário, das características da urina, aparecimento de edema e hipertensão arterial. As intoxicações agudas por sais de cubo são raras e, em geral, acidentais. Caracterizam-se por náuseas, vômitos, às vezes de aspecto leitoso, dores abdominais, gosto metálico na boca e fezes escuras.
Mercúrio – hidrargirismo
 O mercúrio e seus compostos tóxicos (mercúrio metálico ou elementar, mercúrio inorgânico e os compostos orgânicos) ingressa no organismo por inalação, por absorção cutânea e por via digestiva. As três formas são tóxicas, sendo que cada uma delas possui características toxicológicas próprias. O mercúrio metálico é utilizado principalmente em garimpos, na extração do ouro e da prata, em células eletrolíticas para produção de cloro e soda, na fabricação de termômetros, barômetros, aparelhos elétricos e em amálgamas para uso odontológico. Os compostos inorgânicos são utilizados principalmente em indústrias de compostos elétricos, eletrodos, polímeros sintéticos e como agentes antissépticos. Já os compostos orgânicos são utilizados como fungicidas, fumegantes e inseticidas. Assim, os trabalhadores expostos são aqueles ligados à extração e fabricação do mineral, fabricação de tintas, barômetros, manômetros, termômetros, lâmpadas, garimpo, recuperação do mercúrio por destilação de resíduos industriais, e outras. Vale o registro de casos de intoxicação no setor saúde, especificamente na esterilização de material utilizado em cirurgia cardíaca, e também no setor odontológico. Os vapores de mercúrio e seus sais inorgânicos são absorvidos principalmente pela via inalatória, sendo que a absorção cutânea tem importância limitada. Volatilidade e transformação biológica fazem do mercúrio um dos mais importantes tóxicos ambientais. Ou seja, o mercúrio lançado na atmosfera pode precipitar-se nos rios e, através da cadeia biológica, transformar-se em metilmercúrio, que irá contaminar os peixes. O mercúrio é um metal que se une a grupos sulfidrilas - SH. Assim, várias são as enzimas que podem ser inibidas por esse metal, resultando em bloqueios em diferentes momentos metabólicos. Sua principal ação tóxica se deve à sua ligação com grupos ativos da enzima monoaminooxidase (MAO), resultando no acúmulo de serotonina endógena e diminuição do ácido 5-hidroxindolacético, com manifestações de distúrbios neurais. o mercúrio é irritante para a pele e mucosas, podendo ser sensibilizante. A intoxicação aguda afeta os pulmões em forma de pneumonite intersticial aguda, bronquite e bronquiolite. Tremores e aumento da excitabilidade podem estar presentes, devido à ação sobre o sistema nervoso central. Em exposições prolongadas, em baixas concentrações, produz sintomas complexos, incluindo cefaleia, redução da memória, instabilidade emocional, parestesias, diminuição da atenção, tremores, fadiga, debilidade, perda de apetite, perda de peso, insônia, diarreia, distúrbios de digestão, sabor metálico, sialorreia, irritação na garganta e afrouxamento dos dentes. Pode ocorrer proteinúria e síndrome nefrótica. De maneira geral, a exposição crônica apresenta quatro sinais, que se destacam entre outros: gengivite, sialorreia, irritabilidade, tremores. Havendo suspeita de intoxicação por mercúrio, os trabalhadores devem ser encaminhados ao serviço especializado em Saúde do Trabalhador, para monitoramento e tratamento especializado.
Solventes orgânicos 
Solvente orgânico é o nome genérico atribuído a um grupo de substâncias químicas líquidas à temperatura ambiente, com características físico-químicas (volatilidade, lipossolubilidade) que tornam o seu risco tóxico bastante variável. Os solventes orgânicos são empregados como solubilizantes, dispersantes ou diluentes, de modo amplo em diferentes processos industriais (pequenas, médias e grandes empresas), no meio rural e em laboratórios químicos, como substâncias puras ou misturas. Neste grupo químico estão os hidrocarbonetos alifáticos (nhexano e benzina), os hidrocarbonetos aromáticos (benzeno, tolueno, xileno), os hidrocarbonetos halogenados (di/ tri/ tetracloroetileno, monoclorobenzeno, cloreto de metileno), os álcoois (metanol, etanol, isopropenol, butanol, álcool anu1ico), as cetonas (metil isobutilcetona, ciclohexanona, acetona) e os ésteres (éter isopropílico, éter etílico). Ocupacionalmente, as vias de penetração são as pulmonares e as cutâneas. A primeira é a mais importante, pois, ao volatilizar-se, os solventes podem ser inalados pelos trabalhadores expostos e atingir os alvéolos pulmonares e o sangue capilar. Havendo penetração e, consequentemente, biotransformação e excreção, os efeitos tóxicos dessas substâncias no nível hepático, pulmonar, renal, hemático e do sistema nervoso podem manifestar-se, favorecidos por fatores de ordem ambiental (temperatura), individual (dieta, tabagismo, etilismo, enzimáticos, peso, idade, genéticos, etc.), além da comum interação dos diversos solventes na maioria dos processos industriais.
Benzeno – benzenismo
 Benzenismo é o nome dado às manifestações clínicas ou alterações hematológicas compatíveis com a exposição ao benzeno. Os processos de trabalho que expõem trabalhadores ao benze no estão presentes no setor siderúrgico, nas refinarias de petróleo, nas indústrias de transformação que utilizam o benzeno como solvente ou nas atividades em que se utilizem tintas, verniz, selador, thiner, etc. Os sintomas clínicos são pobres, mas pode haver queixas relacionadas às alterações hematológicas, como fadiga, palidez cutânea e de mucosas, infecções frequentes, sangramentos gengivais e epistaxe. Podem também encontrar-se sinais neuropsíquicos como astenia, irritabilidade, cefaleia e alterações da memória. O benzeno é considerado uma substância mielotóxica, pois nas exposições crônicas atua sobre a medula óssea, produzindo quadros de hipoplasia ou de displasia. Laboratorialmente, esses quadros poderão se manifestar através de mono, bi ou pancitopenia, caracterizando, nesta última situação, quadros de anemia aplástica. Ou seja, poderá haver redução do número de hemácias e/ou leucócitos e/ou plaquetas. Vários estudos epidemiológicos demonstram a relação do benzeno com a leucemia mieloide aguda, com a leucemia mieloide crônica, com a leucemia linfocítica crônica, com a doença de Hodking e com a hemoglobinúria paroxística noturna. O diagnóstico baseia-se na história clínico ocupacional, na investigação do local de trabalho, no exame físico e em exames laboratoriais. Fazer no mínimo dois hemogramas com contagem de plaquetas e reticulócitos em intervalo de 15 dias, dosar ferro sérico, capacidade de ligação e saturação do ferro e, ainda, duas amostras de fenol urinário, uma ao final da jornada e outra antes da jornada (no momento da consulta).
Cromo 
As maiores fontes da contaminação com cromo no ambiente de trabalho são as névoas ácidas. A exposição acontece principalmente nas galvanoplastias (cromagem);indústria do cimento; produção de ligas metálicas; soldagem de aço inoxidável; produção e utilização de pigmentos na indústria têxtil, de cerâmica, vidro e borracha; indústria fotográfica e curtumes. Os compostos de cromo podem ser irritantes e alérgenos para a pele e irritantes para as vias aéreas superiores. Os sintomas associados à intoxicação são: prurido nasal, rinorreia, epistaxe, que evoluem com ulceração e perfuração de septo nasal; irritação de conjuntiva com lacrimejamento e irritação de garganta; na pele, observa-se prurido cutâneo nas regiões de contato, erupções eritematosas ou vesiculares e ulcerações de aspecto circular com dupla borda, a externa rósea e a interna escura (necrose), o que lhe dá um aspecto característico de "olho-de-pombo"; a irritação das vias aéreas superiores também pode manifestar-se com dispneia, tosse, expectoração e dor no peito. O câncer pulmonar é, porém, o efeito mais importante sobre a saúde do trabalhador. Havendo suspeita de intoxicação por cromo, os trabalhadores devem ser encaminhados ao serviço especializado em Saúde do Trabalhador para monitoramento biológico - pesquisa do cromo no sangue e tecidos - e tratamento especializado. Os trabalhadores com intoxicação devem ser acompanhados por longos períodos, uma vez que o câncer pulmonar se desenvolve entre 20 e 30 anos após a exposição.
Picadas por animais peçonhentos
 Verificar se ocorreu no exercício de atividades laborais, notificar e investigar a situação.
Dermatoses ocupacionais 
As dermatoses ocupacionais, embora benignas em sua maioria, constituem problema de avaliação difícil e complexa. Referem-se a toda alteração da pele, mucosas e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada pela atividade de trabalho. São causadas por agentes biológicos, físicos e, principalmente, por agentes químicos. Aproximadamente, 80% das dermatoses ocupacionais são provocadas por substâncias químicas presentes nos locais de trabalho, ocasionando quadros do tipo irritativo (a maioria) ou do tipo sensibilizante. O diagnóstico é realizado a partir da anamnese clínico-ocupacional e do exame físico. O teste de contato deve ser realizado quando se suspeita de quadro do tipo sensibilizante, visando identificar o(s) agente(s) alergênico(s).
Distúrbios mentais e trabalho 
O trabalho tem sido reconhecido como importante fator de adoecimento, de desencadeamento e de crescente aumento de distúrbios psíquicos. Os determinantes do trabalho que desencadeiam ou agravam distúrbios psíquicos irão, geralmente, se articular a modos individuais de responder, interagir e adoecer, ou seja, as cargas do trabalho vão incidir sobre um sujeito particular portador de uma história singular preexistente ao seu encontro com o trabalho. O processo de sofrimento psíquico não é, muitas vezes, imediatamente visível. Seu desenvolvimento acontece de forma "silenciosa" ou "invisível", embora também possa eclodir de forma aguda por desencadeantes diretamente ocasionados pelo trabalho Alguns sinais de presença de distúrbios psíquicos se manifestam como "perturbadores" do trabalho, e a percepção destes indica que o empregado deve ser encaminhado para avaliação clínica. Incide em erro a empresa que, reconhecendo a sintomatologia, a encare como demonstração de "negligência", "indisciplina", "irresponsabilidade" ou "falta de preparo por parte do trabalhador", o que ocasiona demissões. Alguns sinais e sintomas de distúrbios psíquicos são: modificação do humor, fadiga, irritabilidade, cansaço por esgotamento, isolamento, distúrbio do sono (falta ou excesso), ansiedade, pesadelos com o trabalho, intolerância, descontrole emocional, agressividade, tristeza, alcoolismo, absenteísmo. Alguns desses quadros podem vir acompanhados ou não de sintomas físicos como dores (de cabeça ou no corpo todo), perda do apetite, mal-estar geral, tonturas, náuseas, sudorese, taquicardia, somatizações, conversões (queixas de sintomas físicos que não são encontrados em nível de intervenções médicas) e sintomas neurovegetativos diversos.
 5.2 Fatores do trabalho que podem gerar ou desencadear distúrbios psíquicos:
 • Condições de trabalho: físicas, químicas e biológicas, vinculadas à execução do trabalho.
 • A organização do trabalho: estruturação hierárquica, divisão de tarefa, jornada, ritmo, trabalho em turno, intensidade, monotonia, repetitividade, responsabilidade excessiva, entre outros. 
• O trabalhador com suspeita de distúrbio psíquico relacionado ao trabalho deverá ser encaminhado para atendimento especializado em Saúde do Trabalhador e para assistência médico-psicológica
5. 3 Procedimentos a serem adotados frente a diagnósticos de doenças relacionadas ao trabalho pelo nível local de saúde 
• Afastar o trabalhador imediatamente da exposição - o afastamento deverá ser definitivo para as doenças de caráter progressivo. 
• Realizar o tratamento nos casos de menor complexidade. 
• Encaminhar os casos de maior complexidade para a rede de referência, acompanhá-Ios e estabelecer a contra-referência.
 • Notificar o caso nos instrumentos do SUS. 
• Investigar o local de trabalho, visando estabelecer relações entre a doença sob investigação e os fatores de risco presentes no local de trabalho.
 • Desenvolver ações de intervenção, considerando os problemas detectados nos locais de trabalho. Para trabalhadores inseridos no mercado formal de trabalho, acrescentar:
 • Acompanhar a emissão da CAT pelo empregador. 
• Preencher o item 11da CAT, referente a informações sobre diagnóstico, laudo e atendimento.
 • Encaminhar o trabalhador para perícia do INSS, fornecendo-lhe o atestado médico referente ao afastamento do trabalho dos primeiros quinze dias.
 • Orientar sobre direitos trabalhistas e previdenciários.
6. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR (PNSTT) 
O MINISTRO DO ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único art. 87 da Constituição, e
Considerando que compete ao Sistema Único de Saúde (SUS) a execução das ações de saúde do trabalhador, conforme determina a Constituição Federal;
Considerando o papel do Ministério da Saúde de coordenar nacionalmente a política de saúde do trabalhador, conforme o disposto no inciso V do art. 16 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990;
Considerando o alinhamento entre a política de saúde do trabalhador e a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), instituída por meio do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011;
Considerando a necessidade de implementação de ações de saúde do trabalhador em todos os níveis de atenção do SUS; e
Considerando a necessidade da definição dos princípios, das diretrizes e das estratégias a serem observados nas três esferas de gestão do SUS no que se refere à saúde do trabalhador, resolve:
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Art. 2º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como finalidade definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.
Art. 3º Todos os trabalhadores, homens e mulheres, independentemente de sua localização, urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativados, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou desempregado são sujeitos desta Política.
Parágrafo único. A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora alinha-se com o conjunto de políticas de saúde no âmbito do SUS, considerando a transversalidade das ações de saúde do trabalhador e o trabalho como um dos determinantes do processo saúde-doença.
Art.4º Alémdo disposto nesta Portaria, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora reger-se-á, de forma complementar, pelos elementos informativos constantes do Anexo I a esta Portaria.
CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES
Art. 5º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora observará os seguintes princípios e diretrizes:
I - Universalidade;
II - Integralidade;
III - participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;
IV - Descentralização;
V - Hierarquização;
VI - Equidade; e
VII - precaução.
Art. 6º Para fins de implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, dever-se-á considerar a articulação entre:
I - As ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores;
II - As ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; e
III - o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais.
Parágrafo único. A realização da articulação tratada neste artigo requer mudanças substanciais nos processos de trabalho em saúde, na organização da rede de atenção e na atuação multiprofissional e interdisciplinar, que contemplem a complexidade das relações trabalho-saúde.
Art. 7º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora deverá contemplar todos os trabalhadores priorizando, entretanto, pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em atividades de maior risco para a saúde, submetidos a formas nocivas de discriminação, ou ao trabalho infantil, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde e de buscar a equidade na atenção.
Parágrafo único. As pessoas e os grupos vulneráveis de que trata o "caput" devem ser identificados e definidos a partir da análise da situação de saúde local e regional e da discussão com a comunidade, trabalhadores e outros atores sociais de interesse à saúde dos trabalhadores, considerando-se suas especificidades e singularidades culturais e sociais.
CAPÍTULO II - DOS OBJETIVOS
Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora:
I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe:
a) identificação das atividades produtivas da população trabalhadora e das situações de risco à saúde dos trabalhadores no território;
b) identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no território;
c) realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores;
d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho;
e) produção de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de VISAT;
f) controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas instituições e empresas públicas e privadas;
g) produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e
h) participação dos trabalhadores e suas organizações;
II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe:
a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de trabalho;
b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância em saúde, identificando os fatores de risco ambiental, com intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da população circunvizinha;
c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador nos fóruns e instâncias de formulação de políticas setoriais e intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômico e social;
d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicadores de saúde dos trabalhadores e das populações circunvizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de impacto ambiental;
e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos trabalhadores e de manutenção de ambientes de trabalho saudáveis nos processos de concessão de incentivos ao desenvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros incentivos específicos;
f) contribuição na identificação e erradicação de situações análogas ao trabalho escravo;
g) contribuição na identificação e erradicação de trabalho infantil e na proteção do trabalho do adolescente; e
h) desenvolvimento de estratégias e ações de comunicação de risco e de educação ambiental e em saúde do trabalhador;
III - garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador na assistência e nas estratégias e dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes:
a) atenção primária em saúde;
b) atenção especializada, incluindo serviços de reabilitação;
c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e hospitalar;
d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diagnóstico;
e) assistência farmacêutica;
f) sistemas de informações em saúde;
g) sistema de regulação do acesso;
h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações;
i) sistema de auditoria; e
j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à saúde do trabalhador;
IV - ampliar o entendimento de que de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma ação transversal, devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos os pontos e instâncias da rede de atenção;
V - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde;
VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis consequências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção em saúde; e
VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS.
CAPÍTULO III - DAS ESTRATÉGIAS
Art. 9º São estratégias da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora:
I - integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador com os demais componentes da Vigilância em Saúde e com a Atenção Primária em Saúde, o que pressupõe:
a) planejamento conjunto entre as vigilâncias, com eleição de prioridades comuns para atuação integrada, com base na análise da situação de saúde dos trabalhadores e da população em geral, e no mapeamento das atividades produtivas e com potencial impacto ambiental no território;
b) produção conjunta de protocolos, normas técnicas e atos normativos, com harmonização de parâmetros e indicadores, para orientação aos Estados e Municípios no desenvolvimento das ações de vigilância, e especialmente como referência para os processos de pactuação entre as três esferas de gestão do SUS;
c) harmonização e, sempre que possível, unificação dos instrumentos de registro e notificação de agravos e eventos de interesse comum aos componentes da vigilância;
d) incorporação dos agravos relacionados ao trabalho, definidos como prioritários para fins de vigilância, nas listagens de agravos de notificação compulsória, nos âmbitos nacional, estaduais e municipais, seguindo a mesma lógica e fluxos dos demais;
e) proposição e produção de indicadores conjuntos para monitoramento e avaliação da situação de saúde;
f) formação e manutenção de grupos de trabalho integrados para investigação de surtos e eventos inusitados e de investigação de situações de saúde decorrentes de potenciais impactos ambientais de processos e atividades produtivas nos territórios, envolvendo as vigilâncias epidemiológica, sanitária, em saúde ambiental, saúde do trabalhadore rede de laboratórios de saúde pública;
g) produção conjunta de metodologias de ação, de investigação, de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de vigilância nos ambientes e situações epidemiológicas;
h) incorporação, pelas equipes de vigilância sanitária dos Estados e Municípios, de práticas de avaliação, controle e vigilância dos riscos ocupacionais nas empresas e estabelecimentos, observando as atividades produtivas presentes no território;
i) investimentos na qualificação e capacitação integradas das equipes dos diversos componentes da vigilância em saúde, com incorporação de conteúdos específicos, comuns e afins, nos processos formativos e nas estratégias de educação permanente de todos os componentes da Vigilância em Saúde;
j) investimentos na ampliação da capacidade técnica e nas mudanças das práticas das equipes das vigilâncias, especialmente para atuação no apoio matricial às equipes de referência dos municípios;
k) participação conjunta nas estratégias, fóruns e instâncias de produção, divulgação, difusão e comunicação de informações em saúde;
l) estímulo à participação dos trabalhadores e suas organizações, sempre que pertinente, no acompanhamento das ações de vigilância epidemiológica, sanitária e em saúde ambiental, além das ações específicas de VISAT; e
m) atualização e ou revisão dos códigos de saúde, com inserção de disposições sobre a vigilância em saúde do trabalhador e atribuição da competência de autoridade sanitária às equipes de vigilância em saúde do trabalhador, nos Estados e Municípios;
II - análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores, o que pressupõe:
a) identificação das atividades produtivas e do perfil da população trabalhadora no território em conjunto com a atenção primária em saúde e os setores da Vigilância em Saúde;
b) implementação da rede de informações em saúde do trabalhador;
c) definição de elenco de indicadores prioritários para análise e monitoramento;
d) definição do elenco de agravos relacionados ao trabalho de notificação compulsória e de investigação obrigatória e inclusão no elenco de prioridades, nas três esferas de gestão do SUS;
e) revisão periódica da lista de doenças relacionadas ao trabalho;
f) realização de estudos e análises que identifiquem e possibilitem a compreensão dos problemas de saúde dos trabalhadores e o comportamento dos principais indicadores de saúde;
g) estruturação das estratégias e processos de difusão e comunicação das informações;
h) garantia, na identificação do trabalhador, do registro de sua ocupação, ramo de atividade econômica e tipo de vínculo nos seguintes sistemas e fontes de informação em saúde, aproveitando todos os contatos do/a trabalhador/a com o sistema de saúde:
1. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM);
2. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIHSUS);
3. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan);
4. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIASUS);
5. Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB);
6. Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP); e
7. Registros de Câncer de Base Hospitalar (RCBH);
i) articulação e sistematização das informações das demais bases de dados de interesse à saúde do trabalhador, como:
1. Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS);
2. Sistema Único de Benefícios (SUB);
3. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS);
4. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED);
5. Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (SFIT);
6. Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS); e
7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
8. outros sistemas de informações dos órgãos e setores de planejamento, da agricultura, do meio ambiente, da segurança pública, do trânsito, da indústria, comércio e mineração, das empresas, dos sindicatos de trabalhadores, entre outras;
j) gestão junto a essas instituições para acesso às bases de dados de forma desagregada, conforme necessidades da produção da análise da situação de saúde nos diversos níveis territoriais;
k) produção e divulgação, periódicas, com acesso ao público em geral, de análises de situação de saúde, considerando diversos níveis territoriais (local, municipal, microrregional, macrorregional, estadual, grandes regiões, nacional);
l) estabelecimento da notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional dos acidentes de trabalho graves e com óbito e das intoxicações por agrotóxicos, considerando critérios de magnitude e gravidade;
m) viabilização da compatibilização e/ou unificação dos instrumentos de coleta de dados e dos fluxos de informações, em articulação com as demais equipes técnicas e das vigilâncias;
n) gestão junto à Previdência Social para que a notificação dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho feito pelo SUS (Sinan) seja reconhecida, nos casos de trabalhadores segurados pelo Seguro Acidente de Trabalho;
o) criação de sistemas e bancos de dados para registro das informações contidas nos relatórios de inspeções e mapeamento dos ambientes de trabalho realizados pelas equipes de Vigilância em Saúde;
p) definição de elenco básico de indicadores de morbimortalidade e de situações de risco para a composição da análise de situação de saúde dos trabalhadores, considerando o conjunto dos trabalhadores brasileiros, incluindo as parcelas inseridas em atividades informais, ou seja, o total da População Economicamente Ativa Ocupada;
q) articulação intra e intersetorial para a implantação ou implementação de observatórios de saúde do trabalhador, em especial, articulando-se com o observatório de violências e outros;
r) articulação, apoio e gestão junto à Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA) para fins de ampliação dos atuais indicadores de saúde do trabalhador constantes das publicações dos Indicadores Básicos de Saúde (IDB);
s) garantia da inclusão de indicadores de saúde do trabalhador nas RIPSA estaduais, conforme necessidades e especificidades de cada Estado;
t) produção de protocolos e manuais de orientação para os profissionais de saúde para a utilização da Classificação Brasileira de Ocupação e da Classificação Nacional de Atividades Econômicas;
u) avaliação e produção de relatórios periódicos sobre a qualidade dos dados e informações constantes nos sistemas de informação de interesse à saúde do trabalhador; e
v) disponibilização e divulgação das informações em meios eletrônicos, boletins, cartilhas, impressos, vídeos, rádio e demais instrumentos de comunicação e difusão;
III - estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) no contexto da Rede de Atenção à Saúde, o que pressupõe:
a) ações de Saúde do Trabalhador junto à atenção primária em saúde:
1. reconhecimento e mapeamento das atividades produtivas no território;
2. reconhecimento e identificação da população trabalhadora e seu perfil sócio ocupacional no território;
3. reconhecimento e identificação dos potenciais riscos e impactos (perfil de morbi-mortalidade) à saúde dos trabalhadores, das comunidades e ao meio ambiente, advindos das atividades produtivas no território;
4. identificação da rede de apoio social aos trabalhadores no território;
5. inclusão, dentre as prioridades de maior vulnerabilidade em saúde do trabalhador, das seguintes situações: chefe da família desempregado ou subempregado, crianças e adolescentes trabalhando, gestantes ou nutrizes trabalhando, algum membro da família portador de algum agravo à saúde relacionado com o trabalho (acidente ou doença) e presença de atividades produtivas no domicílio;
6. identificação e registro da situação de trabalho, da ocupação e do ramo de atividade econômica dos usuários das unidades e serviços de atenção primária em saúde;
7. suspeita e ou identificação da relação entre o trabalho e o problema de saúde apresentado pelo usuário, para fins de diagnóstico e notificação dos agravos relacionados ao trabalho;
8. notificação dos agravos relacionados ao trabalho no Sinan e no SIAB e, emissão de relatórios e atestados médicos, incluindo

Mais conteúdos dessa disciplina