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© UNIP 2020 all rights reserved Universidade Paulista Sistemas Fluidotérmicos Aula 01 – 21.02.24 Ciclos de Potência dos Motores de Combustão Interna Curso Engenharia Mecânica © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 01/22) Motores são máquinas que convertem energia térmica em trabalho. Na matéria de energia térmica, foram estudados os ciclos para conversão de energia térmica em trabalho, como por exemplo o ciclo de Rankine, cujo fluido de trabalho muda de fase, nos diferentes processos ao longo do ciclo. Estas máquinas são consideradas como motores de combustão externa, uma vez que a fonte de calor obtém energia através da queima de um combustível e transfere calor ao fluido de trabalho por diferença de temperatura, por meio de uma caldeira, por exemplo. Com relação ao meio para geração de calor, estes motores são classificados como motores de combustão externa. Nesta etapa do curso, nos dedicaremos ao estudo dos motores de combustão interna. Inicialmente serão apresentados os processos existentes nos motores alternativos com pistão, existentes com frequência nos carros de passeio, ônibus, caminhões, entre outras aplicações. Estes motores são compostos de cilindros, dentro dos quais pistões comprimem o fluido de trabalho, (no caso o ar) que após a liberação da energia através da queima de um combustível, obtém-se a elevação da temperatura e pressão deste volume de ar comprimido. Com a expansão do fluido de trabalho, obtém-se a realização de trabalho. 1 – Introdução © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 02/22) Quanto ao comportamento do fluido de trabalho: Motores de combustão externa; Motores de combustão interna. Quanto à forma de obter trabalho mecânico: Motores alternativos; Motores rotativos; Motores de impulso. Classificação dos motores © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 03/22) Classificação dos motores alternativos quanto ao número de tempos do ciclo de operação: Motores de quatro tempos; Motores de dois tempos. Quanto à disposição dos orgãos internos: Cilindros em linha; Cilindros em V ou opostos (boxer). Quanto ao sistema de arrefecimento: Água; Ar. Quanto à alimentação de ar: Aspirados; Sobrealimentados. © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 04/22) Quanto à relação entre o diâmetro e o curso do pistão: Motor quadrado; Motor subquadrado; Motor superquadrado. Quanto à rotação: Rápidos: n > 1500 rpm; Médios: 600 < n < 1500 rpm; Lentos n < 600 rpm. Quanto à fase do combustível: Líquidos; Gasosos. Quanto à ignição: Faísca; Espontânea. © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 05/22) Taxas de compressão nos motores alternativos: Etanol hidratado = de 10:1 a 14:1; Gasolina = 8,5:1 a 13:1; Diesel = 15:1 a 24:1. Razões Estequiométricas: Etanol = 9:1; Gasolina = 13,2:1 com álcool e 14,8:1 sem álcool; Diesel = 14,5:1. Poder Calorífico: Etanol = 6437 kcal/kg; Gasolina 10221 kcal/kg; Diesel 10377 kcal/kg. © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 06/22) É interessante, antes de analisarmos os ciclos utilizados nos motores com pistão, apresentar alguns termos e definições que são importantes na análise desses ciclos. Os motores mais utilizados nos automóveis operam com quatro, seis ou oito cilindros e cada conjunto cilindro-pistão apresenta diâmetro nominal B. O pistão está conectado a um virabrequiim (manivela), por meio de uma biela. A figura 12.13 mostra o esboço da configuração cilindro-pistão utilizada nos motores de combuistão interna. Observe que o ângulo da manivela, q, varia com a posição do pistão no cilindro. O curso do pistão é dado por: 𝑆 = 2𝑅𝑚𝑎𝑛 Figura 12.13 – Configuração cilindro-pistão utilizada nos motores de combustão interna. Eq. 12.6 O volume deslocado no motor pode ser calculado com a equação: 𝑉𝑑𝑒𝑠𝑙 = 𝑁𝑐𝑖𝑙 𝑉𝑚á𝑥 − 𝑉𝑚í𝑛 = 𝑁𝑐𝑖𝑙 𝐴𝑐𝑖𝑙 𝑆 Eq. 12.7 © UNIP 2020 all rights reserved Note que o volume deslocado no motor caracteriza bem o seu tamanho. A razão entre os volumes internos, máximo e mínimo, da câmara de combustão é denominada pela relação de compressão: 𝑟𝑣 = 𝑅𝐶 = ൗ𝑉𝑚á𝑥 𝑉𝑚í𝑛 Eq. 12.9 O trabalho líquido realizado por um cilindro em um ciclo é: 𝑊𝑙í𝑞 = 𝑚 𝑤𝑙í𝑞 = 𝑃𝑚𝑒𝑓 𝑉𝑚á𝑥 − 𝑉𝑚í𝑛 Eq. 12.10 Eq. 12.8 O volume deslocado no motor em conjunto com a relação de compressão caracteriza a geometria do motor. O trabalho específico líquido num ciclo completo é utilizado para definir a pressão média efetiva: 𝑤𝑙í𝑞 = ර𝑃 𝑑𝑣 = 𝑃𝑚𝑒𝑓 𝑣𝑚á𝑥 − 𝑣𝑚í𝑛 Figura 12.13 – Configuração cilindro-pistão utilizada nos motores de combustão interna. Motores (slide 07/22) © UNIP 2020 all rights reserved Podemos utilizar esse resultado para determinar a potência do motor, ou seja, ሶ𝑊 = 𝑁𝑐𝑖𝑙 𝑚 𝑤𝑙í𝑞 𝑟𝑝𝑚 60 = 𝑃𝑚𝑒𝑓 𝑉𝑑𝑒𝑠𝑙 𝑟𝑝𝑚 60 Eq. 12.11 em que rpm significa rotações por minuto. Esse resultado precisa ser corrigido pelo fator ½ quando a equação for utilizada no cálculo da potência dos motores de quatro tempos e isso ocorre porque são necessárias duas revoluções completas para que o motor de quatro tempos complete o ciclo. A maioria dos motores é de quatro tempos e apresenta os seguintes processos (o movimento do pistão e a posição da manivela se referem à figura 12.13): Processo / Movimento do Pistão Posição da Manivela / Ângulo da Manivela Variação de Propriedades Admissão / 1S PMS a PMI / 0 – 180 graus P ≈ Cte, V ↑, escoamento de admissão Compressão / 1S PMI a PMS / 180 – 360 graus V ↓, P ↑, T ↑, Q = 0 Ignição e Combustão / 1S Aproximando-se rapidamente de PMS / 360 graus V = Cte, Q fornecido, P ↑, T ↑ Expansão / 1S PMS a PMI / 360 – 540 graus V ↑, P ↓, T ↓, Q = 0 Exaustão / 1S PMI a PMS / 540 – 720 graus P ≈ Cte, V ↓, escoamento de exaustão Motores (slide 08/22) © UNIP 2020 all rights reserved Observe que como os processos de admissão e exaustão (escapamento) realizam-se durante um curso do pistão, duas rotações com quatro cursos do pistão são necessárias para o ciclo completo. Num motor de dois tempos, a exaustão começa antes de a expansão ser completada e a admissão se sobrepõe no tempo a parte do processo de exaustão e continua durante a compressão. Isso reduz a eficiência dos processos de compressão e de expansão, mas há geração de potência em cada rotação e a potência total é quase duas vezes a potência do motor de quatro tempos do mesmo tamanho. Na figura 1, é apresentado, esquematicamente, o modo de funcionamento de um motor de dois tempos à gasolina. Na figura 2, são apresentados outros exemplos de aplicações. Figura 1 – Funcionamento de um motor dois tempos à gasolina. Figura 2 – Motores dois tempos à gasolina: exemplos de aplicações. Motores (slide 09/22) © UNIP 2020 all rights reserved Motores de dois tempos são usados como motores a diesel em navios de grandes dimensões e como pequenos motores à gasolina para cortadores de grama e ferramentas manuais. Por causa do potencial de ocorrência de fluxo cruzado entre o fluxo de entrada (com combustível) e o de exaustão, o motor de dois tempos de gasolina teve seu uso reduzido e não pôde se adaptar aos requisitos atuais de baixa emissão. Por exemplo, motores de popa para propulsão de barcos que anteriormente eram motores de dois tempos agora são motores de quatro tempos. Na figura 3, é apresentado, esquematicamente, o funcionamento de um motor de dois tempos à diesel. O ciclo do diesel dois tempos funciona assim: 1. Quando o pistão está no alto de seu curso, o cilindro contém uma carga de ar altamente comprimida. Figura 3 – Motores dois tempos à diesel: modo de funcionamento. Motores (slide 10/22) © UNIP 2020 all rights reserved O combustível diesel é pulverizado no cilindro pelo injetor e inflama-se imediatamente devido ao calor e à pressão dentro do cilindro. 2. A pressão criada pela combustão do combustível empurra o pistão para baixo. Este é o ciclo de potência. 3. Quandoo pistão se aproxima do fim de seu curso, todas as válvulas de escapamento se abrem. Os gases queimados são expelidos rapidamente do cilindro, aliviando a pressão. 4. Quando o pistão chega ao final do seu curso, descobre as janelas de admissão de ar. O ar pressurizado enche o cilindro, forçando para fora o restante dos gases queimados. Figura 3 – Motores dois tempos à diesel: modo de funcionamento [xx]. Motores (slide 11/22) © UNIP 2020 all rights reserved 5. As válvulas de escapamento se fecham e o pistão começa a voltar a subir, fechando as janelas de admissão e comprimindo a carga de ar fresco. Este é o ciclo de compressão. 6. Quando o pistão se aproxima do topo do cilindro, o ciclo se repete a partir do primeiro passo. Os maiores motores são motores à diesel usados em aplicações estacionárias para geração de potência e em aplicações móveis para sistemas de transporte, como em locomotivas e navios. Uma central de potência comum a vapor não pode iniciar o funcionamento autonomamente e assim tem o apoio de um motor a diesel para acionar sua instrumentação e sistemas de controle. Uma localização remota em terra ou em uma plataforma de perfuração e extração de petróleo em alto mar também usa um motor a diesel para geração de potência. Figura 3 – Motores dois tempos à diesel: modo de funcionamento [xx]. Motores (slide 12/22) © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 13/22) Os caminhões e ônibus usam motores a diesel devido a sua alta eficiência e durabilidade; com potência variando de poucas centenas até cerca de 500 HP. Navios usam motores diesel com rotação de 100 a 180 rpm, e dessa forma não necessitam de uma caixa de redução até a hélice (esses motores podem ter sua rotação invertida sem a necessidade de uma caixa de redução. O maior motor do mundo é um motor de dois tempos a diesel com deslocamento volumétrico de 25 m3 e 14 cilindros, fornecendo uma potência máxima de 105000 HP, utilizado em um navio porta- contêineres. Figura 4 – Navio com motor dois tempos a diesel. © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 14/22) Um motor alternativo tem 4 cilindros de diâmetro 8,2 cm, curso de 7,8 cm e uma taxa de compressão de 8,5. Pede-se: a) A cilindrada ou deslocamento volumétrico do motor em cm3; b) O volume total de um cilindro; c) O volume morto. Exercício 1 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 15/22) Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 5,2 litros. O diâmetro dos cilindros é 10,2 cm e o volume morto é 54,2 cm3. Pede-se: a) O curso; b) A taxa de compressão; c) O volume total de um cilindro. Exercício 2 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 16/22) Um motor de 4 cilindros tem taxa de compressão de 8,0 : 1. O diâmetro dos cilindros é 7,8 cm e o curso é 8,2 cm. Deseja-se aumentar a taxa de compressão para 12,0 : 1. De que espessura deve ser “rebaixado” o cabeçote, (sem se preocupar com possíveis interferências)? Exercício 3 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 17/22) Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 4,8 litros. O diâmetro dos cilindros é 10,0 cm. Deseja-se alterar a cilindrada para 5400 cm3, sem se alterar o virabrequim. Qual deverá ser o novo diâmetro dos cilindros? Exercício 4 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 18/22) Um motor da Ferrari F1 – 2000 possui 10 cilindros montados em V, 40 válvulas, cilindrada total de 2997 cm3 e potência de 574 kW (770 HP). Os cilindros têm diâmetro de 96 mm, motor a 4T, diâmetro dos pistões de 10 cm, raio do virabrequim de 4,5 cm, volume da câmara de combustão de 78,5 cm3 e rotação de 14500 rpm. Pede-se determinar: a) O curso (mm); b) A cilindrada unitária (cm3); c) A taxa de compressão; d) A velocidade média do pistão; e) A velocidade angular da árvore de comando de válvulas (rad/s); f) Se na rotação dada, a combustão se realializa para Da = 25º, qual o tempo de duração da combustão? g) O número de vezes que a válvula de escape abre em 1 minuto. Exercício 7 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 19/22) Um motor a 4T tem 4 cilindros, diâmetro de 8,6 cm, curso de 8,6 cm e taxa de compressão de 9 : 1. A rotação é de 5400 rpm. Pede-se: a) A cilindrada unitária (cm3); b) A cilindrada do motor (cm3); c) O volume morto (cm3); d) O volume total (cm3); e) O raio da manivela (cm); f) A nova taxa de compressão ao trocar a junta por outra com 1 mm a menos de espessura; g) O número de cursos do pistão por segundo; h) O número de vezes que a válvula de admissão abre em 1 minuto. Exercício 8 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 20/22) Um motor a 4T, 4 cilindros, com cilindrada total de 2,4 litros, funciona a 3200 rpm. A relação de compressão é 9,4 e a relação curso/diâmetro é 1,06. Pede-se: a) O volume morto; b) O diâmetro do cilindro; c) A velocidade média do pistão [m/s]. Exercício 11 © UNIP 2020 all rights reserved Motores (slide 21/22) Um motor à álcool de taxa de compressão 12 deve ser transformado para o uso de gasolina com taxa de compressão 9. A transformação será realizada colocando-se uma cilindrada de 1800 cm3 e o diâmetro dos cilindros de 80 mm. Qual a variação da espessura da junta necessária, sabendo-se que depois do aperto redunz-se 10%? Exercício 16 © UNIP 2020 all rights reserved Bibliografia Motores (slide 22/22) Borgnakke, C. e Sonntag, R.E., “Fundamentos da Termodinâmica”, 7ª Ed., Editora Edgard Blucher, 2010. Brunetti, Franco, “Motores de Combustão Interna”, 3ª. Ed., Editora Blucher, 2012.