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Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade

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Objetivos:
• reconhecer os conceitos e princípios contábeis introduzidos pela 
disciplina Contabilidade Pública e Tesouraria I; e
• aplicar os conceitos revistos no setor público.
Caro(a) estudante,
Nesta aula, você terá a oportunidade de revisar alguns conceitos estudados 
nas aulas anteriores, além de acrescentar novas considerações acerca desses 
temas. São muitas as contribuições de outras áreas que estabelecem rela-
ções com a contabilidade, principalmente com a contabilidade pública, por 
apresentar um caráter, além de social, histórico. Portanto, é natural que al-
gumas disciplinas de outras áreas do conhecimento dialoguem e expliquem 
certos procedimentos no setor público, levando-nos a entender determina-
do fato contábil. Então, vamos começar?
Primeiramente, vamos falar sobre as atribuições do governo na qualidade de 
entidade pública. Veja, a seguir, algumas de suas funções. 
1.1 Introdução
Assim como todo ente, o governo faz compras, vende, produz, constrói, ou 
seja, ele executa as mais variadas tarefas, denominadas programa de traba-
lho, e para tanto necessita da contabilidade para obter seus dados financei-
ros, orçamentários e patrimoniais.
Além dessas tarefas, o governo ainda pratica atos administrativos que têm a 
capacidade de provocar, no futuro, alterações em elementos que compõem 
o seu patrimônio. Dentre os atos administrativos praticados, podemos dizer 
que o principal é a lei orçamentária, pois é em função dela que todas as 
alterações ocorrem.
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 13
Aula 1. Revisando conceitos e princípios 
 fundamentais da contabilidade
A principal fonte de formação do patrimônio de um órgão público é, portan-
to, o orçamento público. Os recursos financeiros que ali têm ingresso são, na 
verdade, da coletividade, ou seja, da população, e necessitam de autorização 
expressa de seus proprietários para que possam ser aplicados e utilizados.
A necessidade de se medir, dimensionar, avaliar e qualificar esse patrimônio 
é que provoca o surgimento da Contabilidade Pública. Dessa forma, cabe a 
essa Contabilidade Pública, como ramo da Ciência Contábil, tendo em vista 
as normas do direito financeiro – sobretudo a Lei 4.320/64 –, a aplicação das 
técnicas de registro dos atos e fatos administrativos na Administração Públi-
ca, apurando resultados e elaborando relatórios periódicos (MOTA, 2006).
Com base nessa teoria, podemos entender a Contabilidade Pública como 
sendo o ramo da Ciência Contábil que aplica, no processo gerador de infor-
mações, os princípios e as normas contábeis direcionados à gestão patrimo-
nial de entidades públicas, oferecendo aos usuários informações sobre os 
resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, 
financeira e física do patrimônio da entidade e suas mutações, em apoio ao 
processo de tomada de decisão e à adequada prestação de contas.
Segundo a Lei 4.320/64, “a contabilidade evidenciará, perante a Fazenda 
Pública, a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem recei-
tas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou 
confiados” (BRASIL, 1964, art. 83, caput).
Figura 1
Fonte: Portal Brasil - Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/old/imagens/brasilia-50-anos/congresso-nacional/view> 
Acesso em 04 dez. 2014
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 14
Diversas são as leis que comprovam a função específica da contabilidade na 
administração, mas, de forma bem simples, pode-se dizer que é a mesma 
da contabilidade comercial, pois ela estuda, registra, controla e demonstra o 
orçamento e acompanha sua execução.
1.2 Objetos da contabilidade pública
Patrimônio público (sob o aspecto contábil): são aqueles bens que aten-
dem à característica de uso restrito, específico e não generalizado, de pro-
priedade das entidades públicas. É o conjunto de bens e direitos, tangíveis 
(concretos) ou intangíveis (abstratos), onerados ou não, adquiridos, forma-
dos ou mantidos com recursos públicos, integrantes do patrimônio de qual-
quer entidade pública ou de uso comum, que seja portador ou represente 
um fluxo de benefícios futuros inerentes à prestação de serviços públicos.
Não fazem parte do patrimônio público os bens que são de uso comum 
da população, como rodovias, quadras esportivas etc. Contabiliza-se, nesses 
casos, os gastos realizados para sua construção, manutenção e conservação.
Por terem personalidade jurídica, as entidades públicas podem adquirir di-
reito sobre bens e valores a receber, bem como assumir obrigações a pagar. 
Esses elementos devem ser contabilizados e, consequentemente, serão reve-
lados nos demonstrativos contábeis.
Também é objeto da Contabilidade Pública o orçamento público, entendido 
como a peça autorizativa para arrecadação de recursos financeiros (receitas) 
e realização de gastos (despesas). De acordo com Matias-Pereira, orçamento 
público é um instrumento de planejamento composto por um plano de fi-
nanciamento que prevê a origem e o montante dos recursos a serem obtidos 
frente à natureza e o montante dos dispêndios a serem efetuados de acordo 
com atividades e projetos que permitam o alcance de objetivos e metas pre-
definidos (MATIAS-PEREIRA, apud SILVA, 2011). 
Compreende-se, aqui, que não apenas as despesas precisam ter autorização, 
mas também as receitas. Isso porque o governo tem que explicar a origem 
de tudo, mediante leis. Se não existir uma lei dizendo que houve um aumen-
to de 10% no valor do IPTU para o ano seguinte, esse aumento não poderá 
ser cobrado dos moradores daquela cidade, pois a administração pública 
não teria como justificar o ingresso destes 10% em seus cofres.
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 15
Completam ainda o conjunto de objetos da Contabilidade Pública os atos 
administrativos, tais como contratos, convênios, avais, fianças etc, conforme 
disposto na Lei 4.320/64: “Haverá controle contábil dos direitos e obriga-
ções oriundos de ajustes ou contratos em que a administração pública faça 
parte” (BRASIL, 1964, art. 87, caput).
Atos administrativos: a administração pública, além do que já foi dito, 
pratica atos que podem influenciar seu patrimônio, como firmar convênios, 
contratos, avais, fianças, cauções de títulos e outros. Esses atos também de-
verão ser registrados contabilmente.
Pode-se entender como ato público a manifestação do desejo unilateral da 
administração pública que, agindo dessa forma, resguarda, adquire, transfe-
re, modifica, extingue e declara direitos ou impõe obrigações a si própria ou 
aos administrados, utilizando-se, para tal, de sua supremacia.
1.3 Conceito: receita x despesa
Na nossa primeira aula da disciplina Contabilidade Pública e Tesouraria I, 
estudamos alguns conceitos de receita e despesa utilizados de forma co-
mercial. Vejamos agora, de acordo com o enfoque público, o que elas repre-
sentam.
A receita e a despesa orçamentárias assumem fundamental importância na 
administração pública, pois representam o montante que o Estado apropria 
da sociedade por intermédio da arrecadação dos tributos, ou seja, dos im-
postos, e, em contrapartida disponibiliza aos cidadãos a geração de bens 
e serviços. É responsabilidade também do Estado saber administrar esses 
recursos como, por exemplo, a distribuição e destinação da receita entre as 
esferas governamentais e cumprimento dos limites legais para a realização 
de despesas, impostos pela Lei Complementar nº 101/2000, de 4 de maio de 
2000: Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (BRASIL, 2000). 
É importante destacar que a relação entre a receita e a despesa é fundamen-
tal para o processo orçamentário, visto que a previsão da receita dimensiona 
a capacidade governamental em fixar a despesa, entendendo a receita orça-
mentária como o mecanismo de financiamento do Estado, sendo conside-
rada tambéma decorrente de operações de crédito. Além disso, de acordo 
com o art. 9º da Lei de Responsabilidade Fiscal, a arrecadação é instrumento 
condicionante da execução orçamentária da despesa. 
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 16
O conhecimento dos aspectos relacionados à receita e à despesa no âmbito 
do setor público, principalmente diante da Lei de Responsabilidade Fiscal, é 
de suma importância, pois contribui para a transparência das contas públi-
cas e para o fornecimento de informações de melhor qualidade aos diversos 
usuários, especialmente por intermédio do Relatório Resumido de Execução 
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal.
1.3.1 Receitas públicas 
Dentro da Administração Pública tudo o que se deseja realizar em benfei-
toria para a população deve constar em lei. O art. 3º, juntamente com os 
artigos 57 e 35 da Lei nº 4.320/64, tratam especificamente sobre receita. 
Veja a seguir o que eles dizem: 
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive 
as de operações de crédito autorizadas em lei. 
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as opera-
ções de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel-moe-
da e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. 
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei 
serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, 
todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações 
de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. 
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: 
I - as receitas nele arrecadadas; 
II - as despesas nele legalmente empenhadas. 
(BRASIL, 1964, art. 3º, parágrafo único; art. 57, caput; e art. 35, incisos 
I e II).
Figura 2
Fonte: sxc.hu
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 17
Então, caro estudante, podemos entender dessa forma como conceito de 
receitas públicas a disponibilidade de recursos financeiros do exercício orça-
mentário cuja finalidade principal é viabilizar a execução das políticas públi-
cas, a fim de atender às necessidades coletivas e demandas da sociedade. 
Já para fins contábeis, a receita pode ser “efetiva” ou “não efetiva”: 
• Receita orçamentária efetiva – aquela que, no momento do reconhe-
cimento do crédito, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. 
Constitui fato contábil modificativo aumentativo. Exemplo: receita tribu-
tária, serviços, juros etc.
• Receita orçamentária não efetiva – aquela que não altera a situação 
líquida patrimonial no momento do reconhecimento do crédito e, por 
isso, constitui fato contábil permutativo, como é o caso das operações de 
crédito, receita de amortização de empréstimos concedidos etc
1.3.2 Despesas públicas 
Veja, definirmos despesas é bem mais simples. De acordo com a Lei nº 
4.320/64, Podemos entender como despesa pública o conjunto de dispên-
dios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção 
dos serviços públicos prestados à sociedade. 
Os dispêndios, ou seja, as despesas, assim como os ingressos, aqui entendi-
das como receitas, também se dividem em duas modalidades: são tipificados 
em orçamentários e extraorçamentários. 
Dessa forma, despesa orçamentária é o fluxo que deriva da utilização de 
crédito consignado no orçamento da entidade, podendo ou não diminuir a 
situação líquida patrimonial. 
Dispêndio extraorçamentário é a aquele que não consta na lei orçamentária 
anual, compreendendo as diversas saídas de numerários, decorrentes de de-
pósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por 
antecipação de receita e saídas de recursos transitórios. 
Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada em: 
• Despesa orçamentária efetiva - aquela que, no momento de sua rea-
lização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato 
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 18
contábil modificativo diminutivo; 
• Despesa orçamentária não efetiva – aquela que, no momento da sua 
realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e consti-
tui fato contábil permutativo. Nesse caso, além da despesa orçamentária, 
registra-se concomitantemente conta de variação aumentativa para anu-
lar o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade. 
1.4 Regime de apuração de resultados
Sabemos que, para a contabilidade comercial, dependendo do ramo de ati-
vidade da empresa, o regime contábil poderá ser: 
• o regime da caixa, o qual considera o registro dos documentos quando 
esses foram pagos, liquidados, ou recebidos, como se fosse uma conta 
bancária;
• o regime de competência, que considera a data do fato gerador, ou seja, 
a data do documento, não importando quando será pago ou recebido. 
Significa dizer que será contabilizado como receita ou despesa dentro do 
mês de competência, importando apenas o ato. 
Já na contabilidade pública o regime adotado é o regime misto, em que se 
adota, ao mesmo tempo, o regime de caixa e o de competência.
Conclui-se, pois, que as receitas e despesas orçamentárias deverão ser tra-
tadas pelo regime de caixa na contabilização da receita, enquanto a despe-
sa é apropriada pelo regime de competência, caracterizando a adoção do 
denominado regime misto, o que por sua vez, revela o lado prudente do 
legislador.
Abaixo, segue um paralelo entre uma contabilização na contabilidade co-
mercial e na contabilidade pública. 
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 19
Quadro 1 
Contabilidade pública Contabilidade empresarial
D - Variação diminutiva
Despesa de aquisição de bens
D – Direito a receber
Clientes
C - Obrigações a pagar
Fornecedores
C - Variação aumentativa
Receita de venda de bens
D – Bens móveis
Estoque de material de consumo
D - Variação diminutiva
Custo das mercadorias vendidas
C- Variação aumentativa
Mutação ativa
C- Bens móveis
Mercadorias
Legenda do Quadro: D – débito; C – crédito.
1.5 Sistemas de contas
Caro(a) estudante, ainda estabelecendo uma comparação entre as áreas pri-
vada e pública, em relação às contas é importante ressaltar que elas são 
utilizadas indistintamente num lançamento contábil sem a preocupação com 
a sua natureza, isto porque se tem em vista que são levantados demonstrati-
vos em que se apuram os saldos, com a utilização de todas as contas.
Porém, para a área pública, a preocupação com a natureza das contas é 
essencial, pelo fato de não poderem ser contrapartidas indiscriminadamente 
uma das outras, uma vez que existem 4 (quatro) grupos, cuja distribuição 
segue as características comuns em razão, principalmente, de sua natureza 
financeira ou não financeira.
O Plano de Contas tem o propósito de atender, de maneira uniforme e sis-
tematizada, ao registro contábil dos atos e fatos relacionados com os recur-
sos colocados à disposição dos órgãos da administração direta e indireta, de 
forma a proporcionar maior flexibilidade no gerenciamento e consolidação 
dos dados e atender às necessidades de informação em todos os níveis da 
administração pública federal, objetivando, principalmente:
• realçar o estado patrimonial e suas variações, concentrando as contas 
típicas de controle nos grupos de compensação, de forma a propiciar o 
conhecimento mais adequado da situação econômico-financeira da ges-
tão administrativa;
• padronizar o nível de informações dos órgãos da administração direta e 
indireta com a finalidade de auxiliar o processo de tomada de decisão, 
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 20
ampliando a quantidade dessas informações e facilitando a elaboração 
do Balanço Geral da União; e
• permitir, através da relação de contas e tabelas, a manutenção de um sis-
tema integrado de informações orçamentárias, financeiras e patrimoniais 
na administração pública federal, comextração de relatórios necessários 
à análise gerencial, inclusive balanços e demais demonstrações contá-
beis, capazes de atender aos aspectos legais e fiscais.
Caro(a) estudante, veremos mais adiante que o sistema de plano de contas, 
bem como algumas outras modificações, passaram a vigorar de forma fa-
cultativa em 2010 para os órgãos federais, mas de forma obrigatória para 
todas as unidades gestoras integrantes do SIAFI em 2011, e obrigatória para 
a União em 2012, e 2013 para estados e municípios.
Agora, veja os princípios fundamentais da contabilidade pública
1.6 Princípios contábeis fundamentais
Acreditamos que o ponto de partida para qualquer área do conhecimento 
humano deve estar pautado sempre em alguns princípios que a sustentam, 
pois neles se encontram espelhados a ideologia de determinado sistema, 
seus postulados e seus fins.
Diante das novas demandas sociais, é exigido um novo padrão de informa-
ções geradas pela Contabilidade Pública, cujos demonstrativos – elementos 
essenciais das prestações de conta dos gestores públicos – devem ser elabo-
rados de modo a facilitar, por parte dos seus usuários e por toda a sociedade, 
a adequada interpretação dos fenômenos patrimoniais do setor público, o 
acompanhamento do processo orçamentário, a análise dos resultados eco-
nômicos e o fluxo financeiro.
Lembre, caro estudante, que na disciplina Contabilidade Pública e Tesouraria 
I vimos os princípios fundamentais da contabilidade. Agora apresentaremos 
novamente esses princípios, desta vez sob a perspectiva do setor público. 
1.6.1 Princípio da entidade
De acordo com a Resolução nº 750/93, atualizada pela Resolução nº 
1282/2010 do Conselho Federal de Contabilidade - CFC, o princípio da en-
tidade é assim definido:
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 21
Art. 4° O Princípio da ENTIDADE reconhece o patrimônio como obje-
to da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade 
da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patri-
mônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, 
um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer 
natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequên-
cia, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos 
seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. 
 
§ único: o Patrimônio pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é 
verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos 
não resulta em uma nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza 
econômico-contábil (BRASIL, 1993, art. 4º).
Sob a perspectiva do setor público, o Princípio da Entidade se afirma, para 
o ente público, por sua autonomia e pela responsabilização do patrimônio a 
ele pertencente. Isso quer dizer que a autonomia patrimonial tem origem na 
destinação social do patrimônio e na responsabilidade pela obrigatoriedade 
da prestação de contas para a sociedade, por meio dos agentes públicos 
(BRASIL, 2007).
1.6.2 O princípio da continuidade
Ainda de acordo com a Resolução nº 750/93 do CFC, temos uma definição 
do Princípio da Continuidade:
Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continu-
ará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação 
dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância 
(BRASIL., 1993, art. 5º). 
Conforme a perspectiva do setor público: No âmbito da entidade pública, a 
continuidade está vinculada ao exato cumprimento da destinação social do 
seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá enquanto durar a 
sua finalidade (BRASIL, 2007).
1.6.3 Princípio da oportunidade
Veja o que diz a Resolução do CFC sobre Princípio da Oportunidade:
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de men-
suração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir 
Figura 3
Fonte: sxc.hu
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 22
informações íntegras e tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção 
e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua 
relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunida-
de e a confiabilidade da informação (BRASIL, 1993, art. 6º). 
O Princípio da Oportunidade, sob o ponto de vista do setor público, é base 
indispensável à integridade e à fidedignidade dos registros contábeis dos 
atos e dos fatos administrativos que afetam ou possam afetar o patrimô-
nio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade 
aplicadas ao Setor Público. A integridade e a fidedignidade dizem respeito à 
necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, indepen-
dentemente do cumprimento das formalidades legais para a sua ocorrência, 
visando ao completo atendimento da essência sobre a forma (BRASIL, 2007).
1.6.4 Princípio do registro pelo valor original
O art. 7º da Resolução nº 750 do CFC, alterada pelo texto da Resolução 
nº 1282/10, dispõe da seguinte maneira sobre o Princípio do Registro pelo 
Valor Original: 
Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os 
componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos 
valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus 
distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:
I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a 
serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos 
recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os 
passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos 
em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em 
caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar 
o passivo no curso normal das operações; e
II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os 
componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações 
decorrentes dos seguintes fatores: 
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 23
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa 
ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos 
ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das 
demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores 
em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam ne-
cessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demons-
trações contábeis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou 
equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em 
uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa 
e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos 
para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das ope-
rações da Entidade;
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descon-
tado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja ge-
rado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos 
são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída 
líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no 
curso normal das operações da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um 
passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma 
transação sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisiti-
vo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis 
mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos compo-
nentes patrimoniais (BRASIL, 1993, art. 7º, § 1º). 
Pela óptica do setor público, nos registros dos atos e fatos contábeis será 
considerado o valor original dos componentes patrimoniais.Veja que o valor 
original não se confunde com o custo histórico: corresponde ao valor resul-
tante de consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com 
base em valores de entrada – a exemplo do custo histórico, custo histórico 
corrigido e custo corrente – ou valores de saída – a exemplo de valor de li-
quidação, valor de realização, valor presente de fluxo de benefício do ativo 
e valor justo (BRASIL, 2007).
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 24
1.6.5 Princípio da competência
O art. 9º da resolução nº 750/93, trata da seguinte forma o Princípio da 
Competência:
Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das tran-
sações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se re-
ferem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultanei-
dade da confrontação de receitas e de despesas correlatas (BRASIL, 
1993, art. 9º).
O Princípio da Competência aplica-se integralmente ao Setor Público (BRA-
SIL, 2007).
1.6.6 Princípio da prudência
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor 
para os componentes do ATIVO e do maior valor para os do PASSIVO, 
sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quan-
tificação das mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido.
Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de 
certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às 
estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos 
e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não 
sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de 
mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais (BRASIL, 
1993, art. 10). 
Sob a perspectiva do setor público, as estimativas de valores que afetam 
o patrimônio devem refletir a aplicação de procedimentos de mensuração 
(medir, avaliar) que prefiram montantes menores para ativos, entre alternati-
vas igualmente válidas, e maiores para passivos (BRASIL, 2007).
A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo, 
já escriturado – quer dizer, já lançado por determinados valores, segundo os 
Princípios do Valor Original e da Atualização Monetária – surgirem possibili-
dades de novas mensurações.
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 25
A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situ-
ações classificáveis como manipulação do resultado, ocultação de passivos, 
super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância com os 
princípios constitucionais da administração pública, devem constituir garan-
tia de inexistência de valores fictícios, ou seja, aqueles que não existem, 
de interesses de grupos ou pessoas, especialmente gestores, ordenadores e 
controladores.
Caro(a) estudante, agora você terá a oportunidade de conhecer um pouco 
mais sobre os sistemas de informações contábeis.
1.7 Contabilidade pública e informática
Com a nova estrutura e sistemática empresarial, exigiu-se um novo modelo 
de escrituração para as empresas e para Administração Pública, que antes 
era feita apenas no Livro Razão e no Livro Diário, com o entendimento real 
de um livro. Atualmente existem softwares que fazem esse tipo de trabalho.
Por exemplo, o Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI é um 
sistema de informática criado para servir de instrumento para o desenvolvi-
mento das funções da contabilidade aplicadas à administração Pública, ini-
cialmente, no âmbito do Governo Federal. Desenvolvido pela Secretaria do 
Tesouro Nacional, foi criado visando promover a modernização e integração 
dos sistemas de controle e execução financeira, orçamentária e patrimo-
nial dos órgãos e entidades da administração federal e utiliza o método das 
partidas dobradas (para cada crédito existe um débito de igual valor) para a 
realização dos lançamentos.
Embora a contabilidade pública utilize 
quatro sistemas de contas para regis-
trar seus fatos contábeis, são os lan-
çamentos de primeira fórmula (uma 
conta a débito em contrapartida com 
outra a crédito de valor corresponden-
te) os mais utilizados, mesmo quando 
se percebe um roteiro de contabiliza-
ção mais complexo, que envolva um 
maior número de créditos e débitos 
simultâneos, e o SIAFI faz todos os re-
gistros ao mesmo tempo.
Caro(a) estudante, no Manual 
do SIAFI, disponível diretamente 
no sistema, por meio da 
transação “CONMANMF”, 
pode-se encontrar uma farta 
documentação com informações 
pormenorizadas acerca do 
sistema de tratamento de dados 
orçamentários, financeiros, 
patrimoniais e contábeis. Acesse 
os sites: <https://www.tesouro.
fazenda.gov.br/siafi/index.asp>, 
<https://www.tesouro.fazenda.
gov.br/gerencial> e <http://
manualsiafi.tesouro.fazenda.
gov.br/>.
Figura 4
Fonte: <http://acesso.serpro.gov.br/>. Acesso em: 05 dez. 2014
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 26
O Sistema SIAFI utiliza termos técnicos 
próprios, especificamente criados para 
permitir sua operação de modo racio-
nal. Além disso, usa alguns termos já 
de domínio público, com definições um 
pouco modificadas.
Assim como qualquer sistema de informática que trata de dados financeiros, 
o SIAFI utiliza mecanismos de segurança de acesso, de registro e guarda de 
dados. O mecanismo principal de que dispõe é o uso de senhas de aces-
so a serem fornecidas pelos usuários previamente habilitados, sendo que o 
LOGIN dos usuários é sempre o CFP dos mesmos, o que garante o prévio 
conhecimento de quem acessou o sistema.
Além desse mecanismo, o SIAFI faz uso de outros recursos de conformida-
des diária, contábil, de suporte documental e de operadores, bem como de 
outros dispositivos.
Resumo
Caro(a) estudante,
Nesta aula, revisamos os principais conceitos da contabilidade, estudados 
durante a disciplina Contabilidade Pública e Tesouraria I, desta vez de ma-
neira um pouco mais direcionada para a esfera da Administração Pública.
Vimos ainda que todo o processo de contabilização dos fatos e atos públicos 
é feito eletronicamente, mediante a utilização do SIAFI – até o ano de 2010, 
apenas o Governo Federal tinha acesso a ele. Entretanto, mediante as alte-
rações que vêm sendo promovidas e propostas, até o final de 2013 todos 
os entes públicos deverão trabalhar com a mesma metodologia. Essa padro-
nização refletirá também no processo de transparência das contas públicas. 
Agora que você já sabe sobre as receitas e despesas orçamentárias, além dos 
princípios fundamentais que regem a contabilidade pública, sugerimos que 
você pratique esses assuntos através das atividades propostas. 
Figura 5
Fonte: < https://www.tesouro.fazenda.gov.br/geren-
cial> Acesso em: 05 dez. 2014
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 27
Atividades de aprendizagem
1. Resolva a cruzadinha abaixo com os conceitos apresentados nesta aula.
Horizontal:
1. Princípio que se refere simultaneamente à tempestividade e à integridade 
dos registros do patrimônio e de suas mutações.
2. A base de partida para toda e qualquer área do conhecimento humano.
3. Princípio que afirma a autonomia patrimonial.
4. Princípio que está vinculado ao estrito cumprimento da destinação social 
do seu patrimônio.
5. Sigla do sistema de informática utilizado pelo Governo Federal para sua 
contabilização.
6. Objeto da contabilidade.
7. O registro dos fatos e atos contábeis deverá ser feito levando-se em con-
sideração o... dos componentes patrimoniais.
8. Consiste na realização de gastos, isto é, na aplicação de recursos financei-
ros de forma direta na aquisição de meios que possibilitem a manutenção, o 
funcionamento e a expansão dos serviços públicos.
Contabilidade Pública e Tesouraria IIRede e-Tec Brasil 28
9. Princípio que deverá ser observado sempre que, existindo um passivo ou 
ativojá escriturado por determinados valores, surgir possibilidades de novas 
mensurações.
10. Princípio que passou a integrar a contabilidade pública somente agora, 
com as reformas da escrituração contábil.
11. A contabilidade... registra a previsão da receita e a fixação da despesa 
estabelecida no orçamento público aprovado para o exercício.
Vertical:
1. Representa o conjunto de ingressos de recursos financeiros, os quais po-
derão ser aplicados para a aquisição de bens e serviços.
2. Aquilo que se busca com a apresentação dos dados fornecidos pela con-
tabilidade pública.
3. Um dos objetos da contabilidade pública.
Caro(a) estudante,
Esperamos que você tenha assimilado bem os conceitos, pois eles serão fun-
damentais para nossas próximas aulas. Vamos lá?
Rede e-Tec BrasilAula 1 - Revisando conceitos e princípios fundamentais da contabilidade 29

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