Buscar

Prévia do material em texto

VIAS MOTORAS 
 
 
1 
 
 
VIAS MOTORAS 
NEUROANATOMIA 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
2 
 
 
 
VIAS MOTORAS 
CONTEÚDO: Julia Cheik Andrade 
CURADORIA: Marco Passos 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
REVISÃO: PADRÃO DE PROCESSAMENTO MOTOR ............................. 4 
CÓRTEX MOTOR............................................................................................. 4 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS ....................................................... 9 
TRATOS MOTORES ..................................................................................... 10 
LOCOMOÇÃO ................................................................................................ 14 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 15 
 
 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
4 
 
REVISÃO: PADRÃO DE PROCES-
SAMENTO MOTOR 
Para que a motricidade voluntária acon-
teça, primeiramente a ação é planejada no 
cérebro, para então ser transmitida por 
vias do sistema nervoso central e sistema 
nervoso periférico, até as células-alvo efe-
toras (células musculares). 
O processamento da motricidade segue a 
seguinte sequência de processamento: 
• Área terciária: áreas corticais res-
ponsáveis pelos comportamentos 
psíquicas superiores, como pensa-
mento, comportamento e memória. 
Nessas áreas ocorre a criação da in-
tenção de movimento. Ou seja, é o 
primeiro local do sistema nervoso a 
ser ativado quando pensamos no 
movimento. 
• Área motora secundária: recebe a 
informação de intenção do movi-
mento das áreas terciárias e cons-
trói o plano de execução motora. 
Esse plano motor é influenciado por 
circuitos inconscientes, que envol-
vem os núcleos da base e o cere-
belo, essenciais para o controle e 
coordenação do movimento. 
• Área motora primária: é a última 
área cortical a ser ativada, onde es-
tão os neurônios motores primários. 
Também chamada de área de 
projeção, de onde emergem as fi-
bras dos neurônios motores superi-
ores. 
Os neurônios motores superiores com-
põem os tratos descendentes motores, 
como os tratos corticospinais e corticonu-
cleares, e alcançam os neurônios motores 
inferiores, que possuem o corpo celular no 
interior do sistema nervoso central, nos 
núcleos motores do tronco encefálico e na 
coluna anterior da medula, e suas fibras 
seguem para o sistema nervoso periférico, 
por meio dos nervos cranianos e nervos 
espinais. Estes neurônios alcançam o terri-
tório de inervação muscular e geram res-
posta contrátil para realização do movi-
mento. 
CÓRTEX MOTOR 
A movimentação do corpo é uma ação 
simples, realizada a todo instante, mas que 
possui um processamento extremamente 
complexo. 
Além da integridade dos neurônios moto-
res da via, é necessária a captação cons-
tante da informação sensorial e seu pro-
cessamento pelo cerebelo. Além disso, os 
movimentos voluntários são antecipató-
rios, ou seja, são utilizadas experiências 
motoras aprendidas previamente para de-
finir como aquele movimento pode ser re-
alizado e ajustado de modo adequado. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
5 
 
A criação de intenção de movimento pelas 
regiões terciárias do cérebro considera di-
versas variáveis como a necessidade da 
ação, a adequação do movimento ao com-
portamento social e supressão do que for 
socialmente indesejável, dentre outros fa-
tores. Após a decisão de realização do mo-
vimento, há ativação de regiões do motor 
secundário, que estão relacionados a cir-
cuitos de planejamento do movimento. 
Quando a intenção de movimento decorre 
da decisão do indivíduo há ativação do cór-
tex motor secundário localizado na área 
suplementar. Quando a intenção do movi-
mento é desencadeada por estímulos ex-
ternos, há ativação do córtex motor secun-
dário localizado na área pré-motora. Ati-
vação da área pré- motora ocorre, por 
exemplo, quando a ação decorre de co-
mandos imperativos vindo de outra pessoa 
como “olhe como o céu está bonito!”. 
Tanto a área pré-motora quanto a área su-
plementar estão localizadas no lobo fron-
tal, imediatamente à frente do córtex mo-
tor primário do giro pré-central. A área su-
plementar encontra-se em posição supe-
rior à área pré-motora. 
O planejamento motor é importante para a 
definição de quais grupos musculares se-
rão ativados, do grau de contração muscu-
lar e da velocidade do movimento que se-
rão adequados à execução do movimento 
pré-determinado. Para isso, o córtex motor 
secundário possui conexões com: 
• Cerebelo: estruturas do cerebroce-
rebelo (região lateral corpo do cere-
belo) recebem o plano motor e cola-
boram para sua programação, en-
quanto estruturas do espinocere-
belo (região do vermis e intermédia 
dos hemisférios) processam as in-
formações proprioceptivas oriundas 
dos músculos e as comparam cons-
tantemente com o plano motor. O 
cerebelo é essencial para o planeja-
mento do movimento e também 
para a correção desse movimento 
ao longo da sua realização. Obs. a 
correção ocorre por anteroalimen-
tação, em que há uma previsão do 
movimento que será realizado e 
comparação deste com o plano mo-
tor. 
• Núcleos da base: estruturas que 
participam dos circuitos motores 
responsáveis pela regulação da 
quantidade de movimento. 
Na região pré-motora há os neurônios-es-
pelhos, neurônios essenciais no aprendi-
zado motor por imitação. Eles aumentam a 
excitabilidade de certos grupos neuronais 
da área pré-motora, quando há visualiza-
ção de um indivíduo realizando determi-
nado movimento, e visam a facilitar a exe-
cução do mesmo movimento pelo 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
6 
 
observador. O aprendizado motor promo-
vido pelos neurônios espelhos é essencial 
para o desenvolvimento da marcha volun-
tária em crianças, que aprendem os movi-
mentos, sobretudo, pela observação dos 
seus cuidadores andando. Explica também 
por que, usualmente, é mais fácil aprender 
esportes observando os movimentos ade-
quados do que por meio de leituras sobre 
técnicas desportivas. 
A lesão do córtex motor secundário afeta a 
realização dos movimentos, ainda que as 
vias descendentes estejam intactas. O pa-
ciente com este padrão de lesão cursa com 
apraxia, condição em que há limitação im-
portante da movimentação, pois há perda 
da capacidade de planejamento dos 
movimentos. O indivíduo não “sabe” como 
movimentar-se, o que impacta direta-
mente as atividades de vida diárias, como 
trocar de roupa e escovar os dentes. Como 
não há lesão dos neurônios motores, há 
princípio não são observadas alterações de 
reflexos miotáticos ou do tônus muscular. 
Após o processamento do plano motor pe-
las áreas secundárias ocorre, finalmente, a 
ativação do córtex motor primário, locali-
zado, sobretudo, no giro pré-central do 
lobo frontal e no lóbulo paracentral. Na his-
tologia do giro pré-central observa-se, en-
tre outras, células piramidais gigantes, 
chamadas células de Betz, Destes locais 
partem as fibras descendentes motoras, 
chamadas de neurônios motores 
Vista sagital do hemisfério cerebral esquerdo 
representação somatotópica docórtex motor 
Imagem de mailto:ralf@ark.in-berlin.de, 2016. Acesso via Wikimedia Commons. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
7 
 
superiores e descem em direção aos nú-
cleos motores do tronco encefálico e co-
luna anterior da medula. O córtex motor 
primário apresenta um padrão somatotó-
pico, ou seja, é conhecida a correspondên-
cia entre as regiões corticais e regiões cor-
porais por elas movimentadas. 
Esta representação é conhecida como ho-
múnculo de Penfield, em que as regiões 
corporais ampliadas no esquema expres-
sam a maior densidade de neurônios res-
ponsáveis pela inervação motora das mes-
mas, permitindo a realização de movimen-
tos complexos. Os movimentos delicados 
Vias motoras – movimento voluntário 
Porções laterais do cerebelo correspondem ao cerebrocerebelo. 
Porções intermediárias do cerebelo correspondem ao espino cerebelo 
Trato piramidal corresponde aos tratos corticospinais anterior e lateral 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
8 
 
que podem realizar com as mãos, e os mo-
vimentos da mímica facial, por exemplo, 
são consequentes da intensa inervação 
destes territórios. 
O conhecimento do padrão somatotópico 
do córtex motor permite o mapeamento de 
lesões corticais. Em certas neurocirurgias, 
por exemplo, podem ser realizadas esti-
mulações, por meio de eletrodos, do córtex 
motor a fim de mapear a área motora do 
paciente com exatidão. A estimulação gera 
movimentos em grupos musculares espe-
cíficos no paciente, que os movimenta 
mesmo estando sob efeito de anestesia 
geral! 
O conhecimento do homúnculo de Penfield 
também é utilizado para o estudo de de-
senvolvimento de interfaces para controle 
de braços e pernas robóticas. 
Após o processamento das sensibilidades 
gerais, audição e visão que ocorre no lobo 
parietal, a informação alcança o córtex pré-
frontal e permite a interpretação do meio 
externo. Essa informação, juntamente com 
outros processamentos relacionados à 
memória, comportamentos sociais, cria a 
intenção de movimento e leva à ativação 
do córtex motor secundário. 
 
Imagem de I. Paskari, 2007. Acesso via Wikimedia Commons. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
9 
 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNI-
CAS 
Lesões nas estruturas encefálicas cursam 
com sintomatologia variada, a depender 
da estrutura acometida: 
• Lesão do córtex motor secundário: 
apraxia motora. 
• Lesão do neurônio motor superior: 
ocorre por lesão do córtex motor 
primário ou dos tratos motores. 
Quando o acometimento expressivo 
dos tratos cursa com a síndrome do 
neurônio motor superior que apre-
senta paralisia, aumento do tônus 
muscular (hipertonia) e aumentos 
dos reflexos (hiperreflexia) dos 
músculos correspondentes. É cha-
mada de paralisia espástica e é 
causada, por exemplo, por lesões 
medulares ou acidentes vasculares 
encefálicos (AVEs), sendo estes úl-
timos de acometimento extrema-
mente variável, a depender do local. 
A título de ilustração, as lesões em 
um nível acima da decussação das 
pirâmides, provocam dentre outros 
sintomas, a perda dos movimentos 
finos da mão do lado oposto à lesão, 
enquanto lesões abaixo da decus-
sação das pirâmides leva à perda do 
movimento delicado do mesmo lado 
da lesão. 
• Lesão do neurônio motor inferior: 
ocorre por lesão da coluna anterior 
da medula, dos núcleos motores do 
tronco encefálico ou dos nervos pe-
riféricos. Quando um acometimento 
expressivo cursa com a síndrome 
do neurônio motor inferior, apre-
senta paralisia, diminuição do tônus 
muscular (hipotonia) e diminuição 
dos reflexos (hiporreflexia) dos 
musculos desnervados. É chamada 
de paralisia flácida e pode ser cau-
sada, por exemplo, pelo poliovírus 
da paralisia infantil (poliomielite) 
que provoca destruição dos neurô-
nios motores da medula. 
• Lesões cerebelares: apresentam 
sintomatologia variável, podendo 
cursar com perda de equilíbrio, di-
minuição do tônus muscular e difi-
culdade de alcançar, de modo cer-
teiro, os objetos (dismetria), devido 
à limitação no planejamento e na 
correção dos movimentos. 
• Lesões nos núcleos da base e es-
truturas associadas aos circuitos 
motores: podem cursar com distúr-
bios de movimento hipercinéticos, 
como movimentos coréicos, ou hi-
pocinéticos, com lentificação dos 
movimentos. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
10 
 
TRATOS MOTORES 
São compostos de fibras nervosas que co-
municam as estruturas suprassegmenta-
res, que regulam e organizam o movi-
mento, com os neurônios motores do 
tronco encefálico e da medula espinal. 
O trato corticospinal é responsável pela 
motricidade voluntária de todo o corpo, 
com exceção da cabeça. Suas fibras origi-
nam-se do giro pré-central e do lóbulo pa-
racentral, mas também do córtex motor 
secundário e do córtex somatossensorial 
do giro pós-central. Suas fibras contendo 
informação sensitiva alcançam estruturas 
das vias de analgesia, e são importantes 
para a regulação do processamento da 
sensibilidade dolorosa. 
Já as fibras motoras do trato corticospinal 
são responsáveis por sua principal função 
(motricidade) e projetam-se em direção 
aos neurônios motores da medula. Du-
rante o trajeto elas compõem: a coroa radi-
ada, o ramo posterior da cápsula interna, o 
pedúnculo cerebral no mesencéfalo, a base 
da ponte, juntamente com os núcleos pon-
tinos, e as pirâmides bulbares. Na porção 
inferior da pirâmide bulbar, a cada lado, há 
cruzamento parcial das fibras dos tratos 
corticospinais, na decussação das pirâmi-
des, formando o trato corticospinal lateral, 
do lado oposto, e o trato corticoespinal 
anterior, homolateral, composto pelas fi-
bras que não sofrem desvio do trajeto. 
O trato corticospinal anterior é responsá-
vel pela motricidade axial e proximal dos 
membros superiores. Suas fibras seguem 
pela medula, através do funículo anterior, e 
realizam sinapses ao logo de toda a exten-
são da medula. Na altura do ponto da si-
napse, cada fibra cruza para o lado contra-
lateral e alcança os neurônios da porção 
medial da substância cinzenta da coluna 
anterior da medula. 
O trato corticospinal lateral é responsável 
pela motricidade distal dos membros. Suas 
fibras, já cruzadas na decussação das pirâ-
mides, segue em trajeto descendente pelo 
funículo lateral e realizam sinapses homo-
laterais com os neurônios da porção lateral 
da coluna anterior da medula. Sua lesão 
isolada cursa com fraqueza dos músculos 
distais, dificuldade de fracionamento dos 
movimentos e impossibilidade de realiza-
ção de movimentos de pinça. Apesar de 
uma disfunção pontual, a perda do movi-
mento de pinça limita as atividades cotidi-
anas, como abotoar a blusa ou carregar 
objetos. 
O sinal de Babinski é um sinal semiológico 
patológico causado pela lesão do trato cor-
ticospinal lateral, que cursa com uma hipe-
rextensão do hálux à estimulação tátil da 
pele da planta dos pés. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
11 
 
O trato rubrospinal também é responsável 
pela motricidade voluntária da muscula-
tura distal dos membros, mas com menor 
importância funcional em relação ao trato 
corticospinallateral. Este trato nasce dos 
núcleos rubros do mesencéfalo, está sob 
comando do córtex motor (fibras córtico-
rubro-espinais) e suas fibras decussam no 
tronco encefálico e seguem pelo funículo 
lateral contralateral, junto com as fibras do 
trato corticospinal lateral. As sinapses são 
realizadas com neurônios da coluna ante-
rior da medula. 
Imagem adaptada de OpenStax College, 2013. Acesso via Wiki-
media Commons. 
Trajeto do trato corticoespinal 
 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
12 
 
É necessária a lesão de ambos os tratos, 
corticospinal e rubrospinal para que ocorra 
paralisia da musculatura distal dos mem-
bros. 
O trato corticonuclear é responsável pela 
motricidade voluntária da cabeça. Origina-
se no giro pré-central e desce em direção 
aos núcleos motores do tronco encefálico. 
Pelo trajeto, o trato corticonuclear compõe 
a coroa radiada e o joelho da capsula in-
terna. A maior parte das fibras são bilate-
rais, diferentemente do trato corticospi-
nal, o que implica movimentação conju-
gada da maioria dos músculos da cabeça. 
Essa característica é importante para ga-
rantir ação simultânea dos músculos simé-
tricos associados à mastigação, fonação, e 
deglutição, tornando os movimentos efica-
zes. Por isso, a lesão de apenas um dos 
tratos corticonucleares gera fraqueza 
muscular, mas não paralisia. 
O trato corticonuclear alcança os respecti-
vos núcleos de motricidade voluntária do 
tronco encefálico, dos seguintes nervos 
cranianos: 
• Núcleos do III, IV, VI: responsáveis 
pela motricidade ocular. 
• Núcleo motor do V: responsável 
pela motricidade mastigatória 
• Núcleo motor do VII: responsável 
pela motricidade da musculatura 
mímica. 
• Núcleo ambíguo: responsável pela 
inervação da laringe e da faringe, 
garantindo a fonação e a deglutição. 
• Núcleo do XII: responsável pela mo-
tricidade da língua. 
III – oculomotor, IV- troclear, VI – abducente. 
V- trigêmeo. VII- facial. XII- hipoglosso. 
Correlações anatomoclínicas 
As lesões das vias centrais de motilidade 
da cabeça, ou seja, do córtex motor ou do 
trato corticonuclear, cursam com paralisia 
hipertônica e com hiperreflexia. A lesão de 
núcleos motores do tronco encefálico ou 
dos nervos cranianos cursa com sintoma-
tologia motora de paralisia hipotônica com 
hiporreflexia. 
No trato corticonuclear também 
há fibras provenientes do 
córtex somatossensorial, à 
semelhança do trato 
corticospinal. Essas fibras 
parecem estar relacionadas ao 
controle do processamento das 
sensibilidades captadas pelos 
nervos cranianos. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
13 
 
Um detalhe importante diz respeito à iner-
vação da musculatura mímica. O trato 
corticonuclear promove a inervação bilate-
ral da metade superior da face, enquanto a 
metade inferior da face é inervada apenas 
por fibras cruzadas do trato corticonuclear 
contralateral. Já as fibras do neurônio mo-
tor inferior, que partem do núcleo facial, 
são homolaterais e inervam toda a metade 
da face. Devido a esse padrão de inerva-
ção, a lesão das fibras do trato corticonu-
clear que movimentam a face cursa com 
paralisia facial central, quadro em que há 
paralisia do quadrante inferior do lado con-
tralateral à lesão. 
A lesão do nervo facial ou lesão completa 
do núcleo facial leva à paralisia facial pe-
riférica, com hipotonia dos quadrantes su-
perior e inferior da face homolateral à 
lesão. Também é chamada de paralisia da 
Bell. 
Os tratos reticulospinais bulbar e pontino 
originam-se da formação reticular, respec-
tivamente, do bulbo e da ponte. Recebem 
aferências da área pré-motora e atuam de 
forma coordenada para garantir o equilí-
brio e a postura. Ambos os tratos também 
promovem a movimentação voluntária da 
musculatura proximal dos membros. 
• Trato reticulospinal bulbar: pro-
move o relaxamento da muscula-
tura extensora dos membros. 
• Trato reticulospinal pontino: pro-
move a contração da musculatura 
extensora dos membros. 
Paciente com paralisia de Bell (hemiface esquerda) fechando fortemente 
os olhos e franzindo a testa, durante o exame físico neurológico. 
 
Fotos de Benjaminginterr, 2018. Acesso via Wikimedia Commons. 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
14 
 
Os tratos vestibulospinais medial e lateral 
têm origem nos núcleos vestibulares, que 
processam a informação do equilíbrio de-
tectada pela orelha interna. O trato alcança 
os núcleos do tronco encefálico de motrici-
dade ocular, promovendo o ajuste reflexo 
da posição dos olhos a partir da movimen-
tação da cabeça. Os tratos também alcan-
çam segmentos medulares e geram res-
postas de ajustes posturais, para manu-
tenção do equilíbrio, pela ativação da mus-
culatura extensora, que tem efeito anti-
gravitacional. Este trato é essencial, por 
exemplo, quando tropeçamos e subita-
mente ocorre movimentação corporal para 
reestabelecer o equilíbrio e evitar quedas. 
O trato tetospinal tem origem nos colícu-
los superiores do mesencéfalo, que pro-
cessa informação visual da retina e do cór-
tex visual. O trato alcança os segmentos 
medulares cervicais e é responsável por 
movimentos corporais reflexos visuomoto-
res. 
Os tratos reticulospinais, vestibulospinais 
e tetospinal são importantes para a manu-
tenção do equilíbrio, postura, tônus mus-
cular. Além disso, os reflexos miotáticos 
que ocorrem a nível do segmento medular 
também corroboram estas ações, pois pro-
movem a manutenção do tônus muscular. 
 
A via final de todos os tratos descritos 
ocorre no neurônio motor inferior, e sua 
ação pode ser excitatória ou inibitória nes-
tes neurônios. O que define a despolariza-
ção ou não é a resultante de todas as in-
fluências proveniente dos tratos motores. 
Esse controle fino ocorre em cada neurônio 
motor, o que permite a ativação coorde-
nada da musculatura, em velocidade e 
grau de contração específica para a função 
motora desejada. 
LOCOMOÇÃO 
A movimentação estereotipada de exten-
são e flexão dos membros inferiores du-
rante a locomoção é involuntária, sob co-
mando automático da medula espinal lom-
bar, independente de estímulos aferentes. 
No entanto, há uma regulação central, por 
neurônios do centro locomotor do me-
sencéfalo, que influencia no momento de 
início e do fim da locomoção, além de ditar 
o ritmo do movimento. A informação do 
centro locomotor alcança os neurônios da 
medula lombar pelos tratos reticulospinais. 
Os recém-nascidos apresentam o reflexo 
de marcha, que consiste no movimento es-
tereotipado da locomoção quando seus 
pés são apoiados em uma superfície. Este 
reflexo ocorre por ação do centro de con-
trole da locomoção à nível lombar. No en-
tanto, o reflexo deve desaparecer por volta 
dos dois meses de vida, quando passa há 
existir subordinação do movimento ao 
centro locomotor do mesencéfalo, 
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
VIAS MOTORAS 
 
 
15 
 
@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko 
indicando um desenvolvimento motor ade-
quado do bebê. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 
2014. 
MENESES, Murilo S. Neuroanatomia aplicada. 3. ed ed. Rio de Janeiro: , 
2016. 
 
 
 
 
 
 
VISITE NOSSAS REDES SOCIAIShttps://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.instagram.com/jalekoacademicos/?hl=pt-br
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.youtube.com/channel/UCoGDzJkGOb2YfM-VQ9rJyMg
https://www.jaleko.com.br/home
https://www.facebook.com/grupoJaleko/
	REVISÃO: PADRÃO DE PROCESSAMENTO MOTOR
	CÓRTEX MOTOR
	CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS
	TRATOS MOTORES
	LOCOMOÇÃO
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina