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FISIOLOGIA E METABOLISMO NA GESTAÇÃO Prof: Daiana B. Lopez Universidade Estácio de Sá Faculdade de Nutrição Disciplina: Nutrição Materno Infantil CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL Gestação (gestante) Parto (parturiente) Puerpério (puérpera) • 1º trimestre(até 12 SG) = Predomina a Blastogênese (ou Implantação) HIPERPLASIA – rápido aumento do nº de células • 2º trimestre(13 – 28 SG) = Embrionário (ou Organogênese): Replicação + Diferenciação celular (formação dos órgãos / aspecto humano). HIPERPLASIA e HIPERTROFIA • 3º trimestre (>28 SG) = Fetal HIPERTROFIA Relembrando os Períodos de Crescimento Fetal ❖ Ajustes Fisiológicos na gestação e Nutrição Materna no desenvolvimento fetal A gestação é acompanhada por alterações: • Fisiológicas e hormonais; • Anatômicas e psicológicas. Para regular: ➢ O metabolismo materno e o crescimento fetal; ➢ O preparo para o parto e lactação. • Diagnóstico Hormonal da gestação: É O PARÂMETRO MAIS PRECOCE E EXATO PARA O DIAGNÓSTICO; ✓ Investiga a produção do hormônio gonadotrofina coriônica humana (HCG) na urina ou no sangue; ✓ Secreção intensa na fase inicial da gestação; ✓ A subunidade β é sinal de certeza da gestação (βHCG). ❖ Ajustes Fisiológicos na gestação e Nutrição Materna no desenvolvimento fetal • Diagnóstico Ultrassonográfico: ✓ Com 4 semanas de amenorreia: identificar o saco gestacional (parte superior do útero); ✓ Com 6 e 7 semanas: eco embrionário; ✓ Com 12 semanas: placenta pode ser identificada; ✓ Com 16 semanas: estrutura placentária bem definida. ❖ Ajustes Fisiológicos na gestação e Nutrição Materna no desenvolvimento fetal ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Endocrinologia na gestação: duas fases Ovariana: até 8 e 9 semanas de gestação. Nesta fase, ocorre o estímulo para a produção de gonadotrofina coriônica humana (HCG), que é responsável pela secreção de esteroides. Placentária: a partir de 8 e 9 semanas de gestação, quando a placenta passa a produzir esteroides em quantidades crescentes. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Hormonais: Os hormônios produzidos na gestação são os responsáveis pelas modificações corporais que irão permitir o desenvolvimento fetal, o parto e a lactação. Tipos: ✓ Esteroides: Progesterona e Estrogênio; ✓ Proteínas: Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) e Lactogênio placentário humano. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Hormonais: ✓ Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG): • Fonte primária de secreção: células do trofoblasto e placenta; • Impede a rejeição imunológica do embrião; • Estimula a produção de relaxina pelo ovário, peptídeo que, juntamente com a progesterona, inibe a contratilidade espontânea do útero, sendo útil para a manutenção inicial da gestação; • Estimula a produção de progesterona pelo ovário. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Hormonais: ✓ Progesterona (Fonte primária de secreção: placenta): • Favorece a deposição materna de gordura; • Aumenta a excreção renal de sódio (efeito natriurético); • Produzido antes de 8 e 9 semanas de gestação, é indispensável ao êxito da implantação e da placentação; • Reduz a motilidade do TGI; • Interfere no metabolismo do ácido fólico; • Estimula o apetite materno na 1ª metade da gestação. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Hormonais: ✓ Estrogênio (Fonte primária de secreção: placenta): • Reduz as proteínas séricas e aumenta as propriedades higroscópicas dos tecidos; • Interfere no metabolismo do ácido fólico; • Em conjunto com a progesterona, inibe a secreção de prolactina no eixo hipotálamo-hipofisário (evita a secreção de leite durante a gestação); • Causa hiperpigmentação cutânea; • Promove o desenvolvimento do tecido glandular mamário; ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Hormonais: ✓ Lactogênio Placentário Humano (HPL): • Fonte primária de secreção: placenta; • • Ação mamotrófica na gravidez; • Promove glicogenólise, aumentando a glicemia materna associada à resistência insulínica; • Promove a lipólise e elevação dos níveis sanguíneos de ácidos graxos livres; • Bloqueio da retirada de glicose circulante pela célula e a gliconeogênese, favorecendo a captação de glicose e aminoácidos pelo feto. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação É constituída pela porção fetal (derivada do saco coriônico) e pela porção materna (derivada do endométrio); • Placenta: anexo fetal Exerce funções primordiais na gestação: Metabólica - (síntese de glicogênio, colesterol, ácidos graxos e, provavelmente, funciona como um reservatório de nutrientes e de energia para o embrião); Endócrina: produção de estrogênio e progesterona; de troca e proteção do concepto; A IgG é a única imunoglobulina que cruza a placenta, conferindo imunidade ao bebê das mesmas doenças que a mãe está protegida. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Placenta: anexo fetal Exerce funções primordiais na gestação: Transferência de Nutrientes ➢ Difusão simples: processo passivo; Sangue materno (+ concentrado) → Sangue fetal (-concentrado); • Nutrientes absorvidos: O2, CO2, vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), hidratos de carbono com peso molecular < 1000, eletrólitos, ácidos graxos, água; ➢ Difusão facilitada: Presença de um transportador na membrana que tem especificidade por uma ou mais substâncias (é mais rápido) → Nutriente absorvido: carboidratos; ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Placenta: anexo fetal Exerce funções primordiais na gestação: Transferência de Nutrientes ➢ Transporte ativo: exige energia; é contra o gradiente eletroquímico; realizado por um transportador de membrana → Nutrientes absorvidos: aminoácidos, cálcio, ferro, iodo, vitaminas hidrossolúveis; ➢ Pinocitose ou endocitose: Grandes moléculas proteicas, lipoproteínas, fosfolipídios. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações Metabólicas: • Ocorre um aumento da TMB entre 15 a 20% a partir do 3º mês. • Causas do aumento: ✓ Suprimento das necessidades fetais; ✓ Custo energético materno → aumento das funções renais e cardíacas. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no metabolismo dos carboidratos: • O feto requer glicose e aminoácidos para o seu crescimento, mesmo em jejum materno! • Para atender essas exigências ocorrem ajustes metabólicos: ✓ Menor utilização periférica de glicose → diminuição de 40 a 50% a partir do 3º trimestre; ✓ Ineficácia da insulina devido à redução da sensibilidade tecidual materna à insulina → apesar da hiperplasia das células β pancreáticas. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no metabolismo das proteínas: ➢ Os aminoácidos e a energia são essenciais para a síntese tecidual fetal e de estruturas maternas; ➢ Os níveis séricos de aminoácidos são menores na gestação; ➢ A hemodiluição provoca redução das proteínas plasmáticas e da albumina → EDEMA. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no metabolismo dos lipídeos: ➢ Visando conservar a glicose para o consumo fetal e para o próprio sistema nervoso materno, ocorrem ajustes no metabolismo lipídico da gestante: ➢ Há mais mobilização de lipídios corporais para energia: elevação dos níveis plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol; ➢ Ocorre maior deposição de gordura para a lactação. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no Sistema Circulatório e Equilíbrio Eletrolítico: • Aumento de 30 a 50% no débito cardíaco; • Pressão arterial: no 2º trimestre - queda na pressão sistólica (3-4mmHg) e na diastólica (10- 15mmHg), retornando aos níveis pré-gravídicos no 3º trimestres; • Volume sanguíneo: aumento de 45 a 50% (início do 3º trimestre); • Menores taxas de hematócrito e hemoglobina associados à elevação desproporcional do volume plasmático, originam a anemia fisiológica. • Aumento do volume globular: ↑ 25%; • Conteúdo de hemoglobina: ↑ 20%; ❖ Ajustes Fisiológicosna Gestação • Equilíbrio hidroeletrolítico: ➢ Cerca de 70% do ganho de peso durante a gestação corresponde a ganho hídrico; ➢ O sódio é essencial para manter o equilíbrio hidroeletrolítico; ➢ O sistema renina-angiotensina-aldosterona é ativado para compensar o efeito natriurético da progesterona e o aumento da filtração glomerular. • Fluxo sanguíneo renal: ↑ cerca de 50% no 1º trimestre e ↓ no último mês; • Fluxo sanguíneo cerebral e hepático se mantêm inalterados. • Alterações no Sistema Circulatório e Equilíbrio Eletrolítico: ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no Sistema Urinário: ➢ Sistema Urinário: fluxo de urina mais retardado - obstrução mecânica dos ureteres pela dilatação das veias ovarianas, aumentando a predisposição às infecções urinárias; ➢ Aumento da taxa de filtração glomerular e do fluxo renal desde o 2º mês; ➢ Glicosúria fisiológica: ↑ de 50% de glicose filtrada e manutenção da habilidade absortiva. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no Sistema Digestório: ➢ Sintomas comuns no 1º trimestre: náuseas e vômitos matinais x apetite aumentado e desejos; ➢ Estes sintomas matinais podem estar relacionados com níveis sanguíneos crescentes de estrogênio e podem acarretar em anorexia - são responsáveis pela perda de peso em gestante no 1º trimestre; ➢ Gengivas edemaciadas, hiperêmicas, sangram com facilidade: ação de HCG, progesterona e estrogênio; ➢ Redução na secreção gástrica de ácidos 1º e 2º trimestres. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação ➢ Ptialismo ou Sialorreia; ➢ Hipotonia do trato gastrointestinal: aumenta absorção x constipação; ➢ Maior incidência de náuseas, pirose e refluxo gastroesofágico; ➢ Hipotonia do intestino delgado ocasiona maior tempo de contato entre nutrientes e mucosa absortiva, levando ao aumento da absorção de nutrientes e água. • Alterações no Sistema Digestório: ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações no Sistema Respiratório: ➢ Aumento da ventilação pulmonar: redução pCO2 (pressão parcial de dióxido de carbono), (facilitando a eliminação fetal) e aumento da pO2 (pressão parcial de oxigênio) no sangue materno, com melhor suprimento ao feto → ação da progesterona; ➢ Alterações anatômicas que melhoram as trocas gasosas; ➢ Mais movimentação do diafragma e tórax → maior quantidade de ar é expirada. ❖ Ajustes Fisiológicos na Gestação • Alterações na Postura e Comportamento: ➢ Postura: Ocorre tendência à lordose devido a alteração no centro de gravidade; ➢ Modificações psicológicas: a progesterona tem efeito depressivo sobre o sistema nervoso e influencia o comportamento introspectivo da mulher; ➢ As catecolaminas têm papel regulador das emoções → depressão e euforia; ➢ Os corticoesteroides provocam as variações emocionais → depressão, euforia, paranoia e problemas de cognição. Amenorreia (ausência de menstruação) Sono e letargia (progesterona ação inibidora) Estrias Gestação (seios, barriga e coxas por superestiramento da pele) Náusea e vômitos ↑ Frequências Urinárias Obstipação Linha nigra (↑Melanina) ALTERAÇÕES MATERNAS 1º TRIMESTRE Cãibras Movimentos fetais Mudança no centro de gravidade Afastamentos dos pés Sangramento nas gengivas Cloasma gravídico (Manchas na pele por alterações hormonais) ALTERAÇÕES MATERNAS 2º TRIMESTRE Maior ganho de peso Dificuldade respiratória Azia – pirose – queimação (melhora com dieta fracionada) Sialorréia (excesso de saliva) Dor nas costas - Dor lombar (Incentivo à prática de atividade física) ALTERAÇÕES MATERNAS 3º TRIMESTRE ATENDIMENTO NO PRÉ-NATAL ❖ Atendimento no pré-natal - Grupo de acolhimento • O nutricionista participa do grupo multiprofissional de acolhimento as gestantes; • Neste primeiro contato, estas recebem orientações nutricionais gerais para alimentação equilibrada e saudável durante a gravidez; • As mulheres são estimuladas a participar com suas dúvidas e queixas comuns ao início de gestação e lactação; • As gestantes de alto risco ou risco nutricional (diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade, baixo peso pré-gestacional, pós-cirurgia bariátrica, gestação múltipla, adolescentes (idade <18 anos), transtorno alimentar, são encaminhadas para consulta individual com nutricionista mediante agendamento. ❖ Atendimento no pré-natal – Consulta individual • Avaliar: ✓ Idade gestacional na data da consulta; idade materna; atividade profissional; pareceres da equipe de saúde; fatores de risco: idade materna <18 anos e > 35 anos, ocupação, situação conjugal insegura, baixa escolaridade (<5 anos); ✓ Condições de saneamento ambiental desfavorável, dependência de drogas lícitas/ilícitas; baixa renda familiar; gestação não planejada; gestação não aceita, menarca há menos de 2 anos; ❖ Atendimento no pré-natal – Consulta individual • Avaliar: ✓ História reprodutiva anterior desfavorável: aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer, intervalo intergestacional < 2 anos, óbito fetal ou natimorto/neomorto, macrossomia fetal, intercorrências gestacionais — especialmente: ✓ diabetes mellitus gestacional ✓ síndromes hipertensivas da gravidez ✓ carência de micronutrientes. ❖ Atendimento no pré-natal – Avaliação do ganho de peso na gestação • Avaliação antropométrica e cálculo do ganho de peso recomendado até o termo Classificação do estado nutricional pré-gestacional (adulta e adolescente) • Realizar a avaliação do estado nutricional inicial segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional (calculado com o peso pré-gestacional informado, correspondente ao peso até, no máximo, 2 meses antes da concepção ou medido até a 13ª semana gestacional); ❖ Atendimento no pré-natal – Avaliação do ganho de peso na gestação • Avaliação antropométrica e cálculo do ganho de peso recomendado até o termo Será baseada na classificação do estado nutricional pré-gestacional pelo IMC ❖ Atendimento no pré-natal – Avaliação do ganho de peso na gestação • Avaliação antropométrica e cálculo do ganho de peso recomendado até o termo Classificação do estado nutricional pré-gestacional na adolescência pelo IMC/Idade • Para adolescentes, calcular o IMC pré-gestacional na adolescente, consultar os pontos de corte específicos segundo a idade materna (em anos e meses), de acordo com as curvas da WHO - Growth reference data for 5-19 years. BMI-for-age GIRLS 5 to 19 years (percentiles) - Disponível em: https://www.who.int/tools/growth-reference-data-for-5to19-years/indicators/bmi-for-age https://www.who.int/tools/growth-reference-data-for-5to19-years/indicators/bmi-for-age ✓Feto: 3,0 a 3,8 kg ✓Gordura: 2,7 a 3,6 kg ✓Volume sanguíneo: 1,4 a 1,8 kg ✓ Fluidos: 0,9 a 1,4 kg ✓Líquido amniótico: 0,9 a 1,0 kg ✓Aumento mamário: 0,45 a 1,4 kg ✓Hipertrofia uterina: 0,9 kg ✓Placenta: 0,6- 0,8kg O GANHO DE PESO NA GESTANTE DE FETO ÚNICO É COMPOSTO EM MÉDIA POR: Slide 1: FISIOLOGIA E METABOLISMO NA GESTAÇÃO Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38: O GANHO DE PESO NA GESTANTE DE FETO ÚNICO É COMPOSTO EM MÉDIA POR: