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Teorias de Comércio Internacional

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TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL 
 
 
 
São inegáveis os benefícios gerados pelo Comércio Internacional, motivo 
por que, dia a dia, ele é mais incrementado. Apenas como lembrete, ressaltamos: 
 
- a divisão do trabalho, gerando a especialização, 
- a produção em grande escala, reduzindo custos de produção, 
- as condições diferentes de clima, fazendo com que a produção 
agrícola de um país seja diferente da de outro e 
- a qualidade de subsolos diferentes, tornando um país rico em 
determinados minérios e pobre em outros, obrigaram as nações a 
comerciar entre si. 
 
Diante disso, alguns economistas criaram teorias sobre Comércio 
Internacional. Destacamos as de Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill. 
Vamos começar pela Teoria da Vantagem Absoluta. 
 
 
 
TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA 
 
 
Adam Smith publicou em 1776 o livro Riqueza das nações, onde ele 
afirmava que cada país pode produzir determinada mercadoria com custos menores que 
os outros. Diversos fatos que ajudam a explicar essa afirmativa. 
 
Conseqüentemente, esse país se beneficiará se exportar essa mercadoria e 
importar as outras. Isso proporcionará aos países vantagens recíprocas. Isto é, o 
beneficio é desse país, que comprará produtos mais baratos, e também dos outros 
que pagarão com produtos que lhes custarão menos. 
 
O Quadro 13.1 ajuda a compreender melhor. Suponhamos a existência de 
dois países: A e B. 
 
 
Quadro 13.1. 
 
País Horas para produzir 
camisas 
Horas para produzir 
sapatos 
A 10 40 
B 15 30 
 
 
Esse quadro nos mostra o seguinte: 
 
- Em A, precisamos de quatro camisas para trocar por um sapato. 
- A pode comprar um sapato de B, pagando com apenas três camisas, 
 2 
portanto, há uma vantagem muito grande nessa troca. 
- Em B, com um sapato compramos duas camisas. 
- Se B vender um sapato para A, receberá três camisas. 
 
Essa é a Teoria da Vantagem Absoluta e mereceu as seguintes críticas: 
 
- Adam Smith considerou que os preços eram determinados principalmente pela 
quantidade de horas utilizadas (mão-de-obra) durante a produção. Na verdade, o 
custo das mercadorias é conseqüência de três fatores: natureza (matéria-prima), 
trabalho (mão-de-obra) e capital (investimentos, inclusive know-how). 
 
- Adam Smith partiu do princípio de que cada país tem sempre vantagem 
absoluta em algum produto. Como ficaria se uma nação não tivesse vantagem 
absoluta em nenhum produto? Quem nos tenta dar essa resposta é David 
Ricardo, com a Teoria da Vantagem Comparativa. 
 
 
 
TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA 
 
 
David Ricardo, em 1817, apresenta sua teoria, que através do Quadro 
13.2 fica mais fácil de ser compreendida. 
 
Quadro 13.2. 
Dias de Trabalho Necessários para Produzir 
País 100 metros de tecido 100 barris de vinho 
A 90 dias 80 dias 
B 100 dias 120 dias 
 
 
De acordo com a Teoria da Vantagem Absoluta, não poderia haver 
comércio entre esses países, porque A produz vinhos e tecidos em condições melhores do 
que B. Mas Ricardo parte para o seguinte raciocínio: 
 
- A deve transferir os trabalhadores de tecidos para vinhos, onde tem maior 
vantagem. Com isso, deve comprar tecidos de B e vender vinho a B. 
 
- B deve fazer o inverso, isto é, transferir os trabalhadores de vinhos para 
tecidos, onde tem menor desvantagem. Com isso, deve comprar vinhos de A e 
vender tecidos a A. 
 
 
 
Diante disso, vejamos o que ocorre: 
 
- A vende 100 barris de vinho (vamos abreviar: l00 bv) a B pelo preço 
equivalente a 90 dias. Como A gasta apenas 80, tem um lucro de 10. Compra 
100 metros de tecido (vamos abreviar: l00t) pelo preço equivalente a 90 dias. 
 3 
Como gasta 90, não perde nem ganha, nessa operação. 
 
- B compra 100 barris de vinho pelo preço equivalente a 90 dias. Como o custo 
interno é de 120, B tem um lucro de 30. Vende 100 metros de tecidos por 90. 
Como o custo interno é 100, perde 10; mas ganhou 30 no vinho. Portanto, B 
tem um lucro final de 20. 
 
Em resumo: 
 
A vende 100 bv por 90: ganha 10 
A compra 100 t por 90: ganha 0 
lucro total: 10 
 
B compra 100 bv por 90: ganha 
 
30 
B vende 100 t por 90: perde 10 
lucro total: 20 
 
Dessa forma, essa troca torna-se um bom negócio. 
 
 
Portanto, o comércio entre os dois países pode ser realizado, porque a vantagem 
absoluta de A em vinho supera a falta de vantagem na troca de tecidos. Poderíamos fazer as 
seguintes críticas a essa teoria: 
 
- Ela é mais abrangente do que a Teoria da Vantagem Absoluta, de Adam Smith. 
Ricardo abandonou a idéia dos custos absolutos e partiu para a idéia dos custos 
relativos. 
 
- Como Adam Smith, Ricardo considerou que os preços eram determinados 
principalmente pela quantidade de horas trabalhadas. Outros fatores, como custos 
de transportes, não foram levados em consideração. 
 
- Ricardo e Adam Smith procuraram mostrar que a especialização da 
produção estimula o Comércio Internacional e beneficia o consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEOREMA DE HECKSHER-OHLIN – ESTRUTURA BÁSICA DO 
MODELO 
 
O teorema de Hecksher-Ohlin (segundo o nome dos dois economistas suecos que o 
formularam) explica as vantagens do comércio internacional de modo diferente das teorias 
clássicas, embora não as contradiga. 
Na produção de um bem são utilizados recursos de natureza muito diversa: mão-de-obra, 
matérias-primas, energia, tecnologia, etc.; o teorema de Hecksher-Ohlin (que tem uma 
formulação matemática) indica que os países têm vantagem em se especializar na produção 
daqueles bens que exigem uma combinação de fatores mais eficiente. 
Um exemplo: os países menos desenvolvidos possuem em geral uma mão-de-obra mais barata, 
por ser um recurso relativamente mais abundante; nos países mais desenvolvidos existe uma 
maior abundância do fator capital (maquinaria, ferramentas, etc.) o que o torna relativamente 
mais barato. Justificar-se-ia assim que os países menos desenvolvidos se especializassem na 
produção de bens que requerem maior quantidade de mão-de-obra (produções "mão-de-obra 
intensivas") e que os países mais desenvolvidos se especializassem nas produções "capital 
intensivas". 
Faz sentido que, a nível mundial, a produção se distribua de modo a proporcionar as 
combinações mais eficientes. No entanto, como vimos no parágrafo anterior, essa 
"racionalidade" pode ter um efeito perverso que é o de manter os países mais pobres eternamente 
nessa situação de pobreza, impedindo-os de obterem os ganhos de produtividade que 
decorreriam de um processo de melhoria tecnológica, enquanto que os países ricos, 
especializando-se nas produções tecnicamente mais sofisticadas, acentuam ainda mais a sua 
vantagem tecnológica, riqueza e desenvolvimento. 
No entanto, este efeito perverso não é "culpa" da teoria econômica: a teoria económica apenas 
revela um mecanismo perverso que é automaticamente desencadeado pela economia de mercado 
- e que pode explicar como é que, em tão poucas décadas, os países se distanciaram tanto em 
termos de desenvolvimento econômico. 
 
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Aplicação da teoria neoclássica do comércio internacional. Dotação de fatores e comércio 
internacional. Comércio de produtos industrializados e comércio de produto primários. 
 
Como se pode perceber, a teoria de Hecksher-Ohlin complementa a Teoria das Vantagens 
Comparativas, ao demonstrar que o principal requisito para existência do comércio internacional 
é a ocorrência de diferenças dos custos relativos de produção de diferentes produtos, em 
diferentes países. 
O modelo HO afirma que mesmo que a produtividade fosse igual nos diversos países haveria 
espaço para as vantagens comparativas em razão da diferença na dotação relativa dos fatores. 
Conforme o HO, a diferença entre os preços relativos dos países se deve à diferença na dotação 
dos fatores, o que determina o comércio internacional. Logo, um paíscom muito capital por 
trabalhador exportaria bens intensivos em capital, enquanto um com pouco capital por 
trabalhador exportaria bens intensivos em trabalho. 
Com base no modelo Hecksher-Ohlin, podemos esperar que um grande volume de exportações 
de produtos agrícolas se mova de países ricos em solo em troca de produtos manufaturados, 
artesanatos e outros bens produzidos em países onde o capital e o trabalho são abundantes. Neste 
esquema, naturalmente amplo, haverá muitas correntes cruzadas. 
Como sabemos, a divisão dos recursos em três categorias principais (trabalho, capital e terra) 
somente é válida como uma primeira aproximação. Numa formulação mais pormenorizada, 
teremos de considerar pelo menos três ou quatro tipos de solo agrícola, além de outros 
específicos de recursos naturais, mas mesmo em sua mais simples formulação, o modelo sueco 
mantém apreciáveis ligações com o mundo real das trocas internacionais. 
Desse modo, as causas fundamentais das redes de trocas entre as nações parecem 
encontrar-se nas diferenças estruturais quanto à disponibilidade de recursos. Estes não se 
encontram distribuídos na mesma proporção entre as nações e, diante das dificuldades para a sua 
mobilização de uma nação para outra, cada uma tende a se especializar na produção dos bens e 
serviços mais apropriados à sua tipologia de recursos. Os excedentes resultantes tendem a ser 
trocados no exterior por produtos cuja obtenção não se ajuste à estrutura interna de recursos. 
Assim, o comércio internacional é, na realidade, uma espécie de troca de recursos 
abundantes por recursos escassos. 
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Enquanto as firmas realmente vendem seus produtos a preços que tendem igualar-se, são 
diferentes os preços de alguns de seus insumos, e na verdade os preços de seus fatores de 
produção, principalmente mão de obra. 
Conquanto haja uma altíssima mobilidade internacional de mercadorias, a mobilidade 
internacional dos fatores de produção é muito baixa, tão baixa, aliás, que a teoria do comércio 
internacional parte da hipótese de que os fatores de produção, em contraposição aos seus 
produtos, são completamente imóveis entre países e inteiramente móveis dentro deles. Ocorre 
ainda que os fatores de produção não recebem a mesma remuneração em todo o mundo. 
Uma vez que a qualidade dos fatores de produção, e conseqüentemente, sua eficiência ou 
produtividade tende a variar de país para país, os países que apresentassem menos eficiência 
média ver-se-iam alijados dos mercados internacionais que remunerassem os mesmos fatores 
com os mesmos preços pagos pelos países de modo geral mais eficientes. Isso se aplica 
especialmente ao custo dos fatores humanos de produção, empregados e empresários, cuja 
eficiência difere consideravelmente, não só devido a seu conhecimento e experiência diferentes, 
mas também porque atuam com diferentes técnicas e diferentes volumes de capital. 
Esse sistema, implantado no decorrer de séculos, faz com que algumas firmas de países com 
baixa eficiência média possam competir com firmas de países adiantados. Ademais, caso se 
deteriore a relação entre o nível da eficiência média de um país em comparação com todos os 
outros países, essa mudança não faz com que todas as firmas fechem as portas. Mediante a 
variação da taxa de câmbio, ou através de outros métodos de ajuste, o país pode melhorar a 
posição de suas firmas, embora não sua eficiência, e dar-lhes mais uma vez condições de 
concorrer, internacionalmente. 
Observe-se que, internamente, o mesmo produto é geralmente fabricado por muitas firmas ou 
pelo menos várias. As firmas produzem mercadorias idênticas ou semelhantes ou que oferecem 
serviços idênticos ou semelhantes e concorrem entre si. Seus produtos tendem a valer o mesmo 
preço, e também tendem a ser aproximadamente iguais os preços que elas têm de pagar por seus 
insumos, fatores de produção, matérias-primas e combustíveis. Por conseguinte, o custo de 
produção depende da capacidade gerencial dos administradores da firma, de seu conhecimento e 
de sua experiência. Os custos de produção dependem de escolherem esta ou aquela técnica de 
produção ou este ou aquele sistema de organização, que juntos determinam o número de 
unidades de insumo necessárias à obtenção de uma unidade de produção. A capacidade gerencial 
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abrange não só o melhor meio de produzir, mas também a melhor linha de produção do ponto de 
vista do empresário, isto é, aquela em que a diferença entre os preços e os custos é a mais 
favorável e em que, portanto, a lucratividade é a maior. 
Por outro lado, tem-se que os países, por causa dos custos dos transportes, tendem a 
comercializar mais com seus países vizinhos do que com países distantes. 
Os modelos de complementaridade baseados na escassez relativa dos fatores não explicam, no 
entanto, o crescimento do comércio internacional decorrente da expansão das exportações e das 
importações simultâneas de produtos pertencentes à uma mesma indústria. Dadas as crescentes 
trocas entre os países industrializados, esse tipo de comércio despertou interesse entre os teóricos 
a partir dos anos 1970. 
Krugman (1980) considera as economias de escala como o único fator responsável pelo 
comércio intra-indústria e, no seu modelo, conclui com o argumento de que há, na presença de 
custos de transporte, incentivos para concentrar a produção dos bens manufaturados com 
retornos crescentes de escala em mercados maiores. Na presença de economias de escala, a 
expectativa é que haja maiores remunerações para os trabalhadores das economias maiores. 
Intuitivamente, isso significa que, se os custos de produção forem os mesmos entre dois países, o 
mais lucrativo seria produzir próximo ao maior mercado e, assim, minimizar os custos de 
transporte, ou então que, mantendo-se constante o trabalho empregado, essa diferença seria 
compensada pelo diferencial de salário entre os países. 
Para a nova teoria do comércio, as trocas norte/sul estão associadas ao comércio inter-indústria e 
se devem às vantagens comparativas determinadas pela intensidade de fatores de produção. O 
comércio norte/norte, por outro lado, baseia-se em economias de escala e em diferenciação de 
produto, e está essencialmente associado ao comércio intra-indústria. Para essa literatura, países 
em desenvolvimento deveriam especializar-se no comércio internacional de bens intensivos em 
recursos naturais e em mão-de-obra. 
 
 
 
 
 
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TEORIA DA DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA 
 
A teoria está nas origens da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e da 
escola estruturalista latino-americana com sua crítica, desde o final dos anos 40, ao paradigma 
dominante no mundo acadêmico dos países desenvolvidos. Essa crítica estava inicialmente 
centrada na rejeição à idéia de que, terminada a reconstrução européia, no pós guerra, o comércio 
multilateral e a livre conversibilidade de todas as moedas garantiriam ritmos de prosperidade 
semelhantes em todos os países integrantes desse sistema, pobres e ricos. 
É interessante lembrar que, do pondo de vista teórico, essa perspectiva tinha sustentação no 
teorema de Heckscher e Ohlin, segundo o qual a proporção dos fatores de cada país determina 
seu padrão de exportações e importações, e no teorema da equalização dos fatores, para o qual 
o livre comércio equalizaria o preço real dos fatores entre os países. Ou seja, no limite, mantido o 
livre comércio e observados certos supostos, os salários nos países centrais e periféricos 
convergiriam. Assim, a terra prometida, de leite e mel, seria oferecida a todos seres humanos do 
planeta. 
As suposições do teorema da equalização dos fatores são numerosas: trata-se do comércio entre 
dois países; são dois bens e dois fatores de produção, com distribuições diferentes nesses países; 
a produtividade marginal é decrescente e as funções tecnológicas de produção são idênticas; 
prevalece perfeita mobilidade debens, inexistindo tarifas, controles de comércio ou custos de 
transportes; há concorrência perfeita nas economias domésticas e nenhuma mobilidade de fatores 
(trabalho e capital); não há especialização completa da produção, a ponto de um dos países 
produzir um único bem. 
Este teorema sempre teve e tem até hoje uma influência poderosa no debate de idéias e 
recomendações de políticas econômicas, especialmente em relação aos países subdesenvolvidos. 
Esse foi, aliás, o ponto de partida para a análise desenvolvida na América Latina e na Cepal por 
Raul Prebisch, e desenvolvida posteriormente por Aníbal Pinto, segundo o qual, ao contrário de 
uma das implicações da tese de Samuelson e outros economistas, os ganhos do comércio não se 
repartiam de forma equânime entre os países. Os estruturalistas latino-americanos não se 
limitaram a engrossar as vertentes do pensamento econômico que sublinharam as "falhas" do 
mercado ("market failures"), mas desdobraram essa apreciação para as "falhas" da divisão 
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internacional do trabalho. A análise de Prebisch dispensaria a "prova" da deterioração das 
relações de troca, bastando apenas que esse índice não tivesse evoluído de modo a refletir o 
aumento da produtividade dos produtos industrializados em relação aos produtos primários. 
Como o progresso técnico foi mais intenso no primeiro caso, mesmo que as relações de troca não 
tivessem se deteriorado contra os produtos primários, bastaria a constatação de não refletirem 
aquela diferença relativa para justificar a necessidade de políticas industriais e de 
industrialização nos países periféricos. Um corolário natural da tese citada foi a idéia-força da 
industrialização, com suas exigências de protecionismo seletivo; desenvolvimento da infra-
estrutura; produção, inclusive estatal, de insumos básicos; programação e financiamento dos 
grandes investimentos. Tais preocupações marcaram os primeiros anos da Cepal e especialmente 
o começo da obra de Aníbal Pinto, um dos mais influentes estruturalistas latino-americanos. 
 
Aníbal Pinto esteve à vontade na apreciação crítica da ortodoxia, pois sempre debruçou-se sobre 
a análise histórica e sobre a análise comparada de processos de desenvolvimento. Além disso, 
nunca deixou de prestar muita atenção à interação do desenvolvimento econômico com a política 
e a sociedade. Em um dose seus mais criativo ensaios: "A Concentração do Progresso Técnico e 
de Seus Frutos no Desenvolvimento Latino-Americano", de 1964 ("El Trimestre Económico", 
janeiro-março de 1965) e complementado por "Natureza e Implicações da Heterogeneidade 
Estrutural", de 1969, Aníbal Pinto transportou para a economia nacional as análises de Prebisch e 
Rosenstein-Rodan sobre a repartição dos frutos do progresso técnico em escala internacional. 
Enfatizou não apenas sua dimensão regional, mas também setorial e social, apontando a 
tendência à desigualdade e à concentração inerentes ao estilo de desenvolvimento dominante na 
América Latina. Uma verdadeira heterogeneidade estrutural, reflexo das desigualdades de 
produtividade e na modernização não apenas entre campo e cidade, ou entre regiões pobres e 
regiões desenvolvidas, mas dentro dos setores e das regiões, no interior das cidades e do campo. 
Fez isso, desde logo, evitando a perspectiva dualista-funcionalista, que prevalecia, em versões à 
direita e à esquerda. 
Nesses ensaios, abriu-se caminho para a formulação de políticas de desenvolvimento com menor 
desigualdade, que estão a quilômetros das práticas populistas que têm envolvido as políticas 
sociais e regionais de redução (ou não redução) dessas desigualdades. 
 10 
Aníbal Pinto era impaciente e crítico reiterado do pensamento conservador e de suas projeções 
nas políticas públicas. Mas não foi um heterodoxo somente em relação à ortodoxia conservadora. 
Sempre rejeitou também a idéia de que a Cepal pudesse ser encarada como uma espécie de "FMI 
de esquerda" e foi, ao mesmo tempo, crítico implacável das análises finalistas e catastrofistas, 
que engoliam o caráter contraditório e aberto do processo de desenvolvimento e substituíam, 
como tantos o fazem até hoje, análises por sínteses. 
Concluindo, vale a pena reproduzir esquematicamente o raciocínio em defesa do protecionismo 
periférico na concepção da CEPAL. Os três estágios abaixo o sintetizam: 
1) não é mais possível nem desejável o “desenvolvimento para fora” na América Latina; 
2) logo, o desenvolvimento deveria ser reorientado para a industrialização; 
3) a indústria periférica, entretanto, não é capaz de competir livremente com as importações 
provenientes dos países centrais; seu desenvolvimento, portanto, exige menores salários ou 
proteção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Industria Infante 
 
Alexander Hamilton 
 
Alexander Hamilton (11 de janeiro de 1755 ou 1757, Nevis, Antilhas — 12 de 
julho de 1804, Nova Iorque) foi o primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos da 
América. Estabeleceu o First Bank of the United States e teve influência no desenvolvimento 
das bases do capitalismo americano. Morreu em 1804 num duelo com o então vice-
presidente Aaron Burr. 
 
Secretário do Tesouro: 
George Washington nomeou Hamilton como o primeiro Secretário do Tesouro. Hamilton serviu 
no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos de 11 de setembro de 1789 até 31 de 
janeiro de 1795. 
No período de dois anos, Hamilton submeteu ao Congresso cinco relatórios que importaram em 
uma revolução financeira na economia norte-americana: 
 Primeiro Relatório sobre o Crédito Público: comunicado à Câmara dos Representantes, 
em 14 de janeiro de 1790. 
 Operações da Lei que impõe Direitos sobre a Importação: comunicado à Câmara dos 
Representantes, em 23 de abril de1790. 
 Segundo Relatório sobre o Crédito Público: Relatório sobre um banco nacional. 
Comunicado à Câmara dos Representantes, em 14 de dezembro de 1790. 
 Relatório sobre o Estabelecimento de uma Casa da Moeda: comunicado à Câmara dos 
Representantes, em 28 de janeiro de 1791. 
 Relatório sobre Manufaturas: comunicado à Câmara dos Representantes, em 5 de 
dezembro de 1791. 
No Relatório sobre o Crédito Público, o Secretário fez a controversa proposta de o governo 
federal assumir os débitos em que incorreram os estados durante a Revolução. Isto foi uma 
ousada manobra para dar poderes ao governo federal sobre os governos estaduais, e motivou 
severas críticas por parte do Secretário de Estado, Thomas Jefferson, e 
http://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1755
http://pt.wikipedia.org/wiki/1757
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nevis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antilhas
http://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_julho
http://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_julho
http://pt.wikipedia.org/wiki/1804
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Iorque
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Secret%C3%A1rio_do_Tesouro_dos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Secret%C3%A1rio_do_Tesouro_dos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=First_Bank_of_the_United_States&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aaron_Burr
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Departamento_do_Tesouro_dos_Estados_Unidos&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_setembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1789
http://pt.wikipedia.org/wiki/31_de_janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/31_de_janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1795
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Primeiro_Relat%C3%B3rio_sobre_o_Cr%C3%A9dito_P%C3%BAblico&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1790
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Opera%C3%A7%C3%B5es_da_Lei_que_imp%C3%B5e_Direitos_sobre_a_Importa%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/23_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1790
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Segundo_Relat%C3%B3rio_sobre_o_Cr%C3%A9dito_P%C3%BAblico&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_dezembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1790
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Relat%C3%B3rio_sobre_o_Estabelecimento_de_uma_Casa_da_Moeda&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1791
http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_sobre_Manufaturas
http://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_dezembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_dezembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1791
 12 
do representante James Madison. As divergências entre Jefferson e Hamilton estenderam-se a 
outras propostas que Hamilton encaminhou ao Congresso, e elas tornaram-se especialmente 
fortes, com os seguidores de Hamilton sendo conhecidos como federalistas, e os de Jefferson 
como republicanos. Estes foram os primeiros partidos políticos na história dos Estados Unidos. 
O próximo notável relatório de Hamilton foi seu "Relatório sobre Manufaturas." O Congresso 
arquivou o relatório sem muito debate, exceto pela objeção de Madison contra a formulação de 
Hamilton da cláusula constitucional do bem-estar geral, que Hamilton interpretou 
extensivamente. Todavia, o Relatório sobre Manufaturas é um documento clássico anunciando 
o futuro industrial dos Estados Unidos que logo seria alcançado. Nisto Hamilton opunha-se à 
visão de uma nação americana agrária de fazendeiros de Jefferson e propunha uma clara visão 
de uma dinâmica economia industrial, subserviente aos interesses manufatureiros. 
Hamilton ajudou a fundar a Casa da Moeda dos Estados Unidos, o First Bank of the United 
States, a Guarda Costeira e um elaborado sistema de tributos, tarifas e impostos. O programa 
hamiltoniano, uma vez completo, substituiu o caótico sistema financeiro da era da 
Confederação, em cinco anos, com um moderno aparato para dar estabilidade financeira ao 
novo governo e aos credores a confiança necessária para investir nos títulos da dívida federal. 
Como principais fontes de receita, o sistema de Hamilton impôs um imposto de consumo sobre 
o uísque. Forte oposição ao imposto do uísque irrompeu na Rebelião do Uísque em 1794; na 
Pensilvânia ocidental e na Virginia ocidental, o uísque era habitualmente fabricado e usado 
(muitas vezes em lugar do dinheiro) pela maior parte da comunidade. Em resposta à rebelião 
— sobre o fundamento de que a obediência às leis era vital ao estabelecimento da autoridade 
federal — ele acompanhou o presidente Washington, o general Henry Lee e mais tropas 
federais ao lugar da rebelião. Essa irresistível demonstração de força intimidou os líderes da 
insurreição, encerrando a rebelião praticamente sem derramamento de sangue. 
 
Industrialista 
Hamilton estava entre os primeiros a predizer um futuro industrial para os Estados 
Unidos. Em 1778, ele visitou as Grandes Cataratas do Rio Passaic no norte de Nova Jersey e 
viu que as cataratas podiam um dia ser aproveitadas para prover energia para um centro 
industrial no estado. Enquanto ainda secretário do Tesouro, em 1791, ajudou a fundar a 
Sociedade para o Estabelecimento de Manufaturas Úteis, uma empresa privada que usaria a 
força das cataratas para operar fábricas. Ainda que a companhia não tenha sido bem sucedida 
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_dos_Representantes_dos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Madison
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=First_Bank_of_the_United_States&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=First_Bank_of_the_United_States&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Imposto_de_consumo&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/U%C3%ADsque
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rebeli%C3%A3o_do_U%C3%ADsque&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Henry_Lee&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/1778
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Jersey
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em seu propósito original, ela arrendou a terra em torno das cataratas para outras aventuras 
fabris e continuou a operar por mais de um século e meio. 
Legado 
 
Na economia 
Alexander Hamilton é algumas vezes considerado o patrono da escola americana de filosofia 
econômica que, de acordo com certos historiadores, dominou a política econômica dos Estados 
Unidos desde 1861.[1] Ele apoiou firmemente a intervenção do governo em favor dos negócios, 
tal como Jean-Baptiste Colbert na França. 
Hamilton opôs-se às ideias britânicas de livre-comércio, as quais ele acreditava serem 
inclinadas a beneficiar os poderes coloniais/imperiais, em favor do protecionismo dos 
Estados Unidos, que ele acreditava que iria ajudar a desenvolver a emergente economia 
da jovem nação. Henry C. Carey inspirou-se em seus escritos. Alguns dizem que ele 
influenciou as idéias e a obra do economista alemão Friedrich List. 
 
Friedrich List 
 
Georg Friedrich List (Reutlingen, Württemberg, 6 de Agosto de 1789 — Kufstein, Tirol, 30 de 
Novembro de 1846) foi um economista, partidário do protecionismo, matéria sobre a qual 
teorizou. Até meados do século XX a sua obra era a mais traduzida de qualquer economista 
alemão com exceção de Karl Marx. 
De acordo com o seu pensamento econômico, as empresas nacionais não se poderiam 
desenvolver se o mercado já estivesse ocupado por empresas de países estrangeiros 
economicamente mais avançados. Nessas circunstâncias justificava-se um protecionismo 
educador, tendo por objetivo proteger temporariamente o mercado nacional para assegurar a 
consolidação das indústrias nacionais para que a médio prazo pudessem concorrer com 
sucesso num ambiente de livre concorrência que não se transformasse rapidamente num 
sistema de sentido único pelo esmagamento das indústrias do território economicamente 
menos desenvolvido. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_americana_(economia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Hamilton#cite_note-0
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Colbert
http://pt.wikipedia.org/wiki/Livre-com%C3%A9rcio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Protecionismo
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Henry_C._Carey&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_List
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reutlingen
http://pt.wikipedia.org/wiki/W%C3%BCrttemberg
http://pt.wikipedia.org/wiki/6_de_Agosto
http://pt.wikipedia.org/wiki/1789
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kufstein
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tirol
http://pt.wikipedia.org/wiki/30_de_Novembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/30_de_Novembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/1846
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economista
http://pt.wikipedia.org/wiki/Proteccionismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado
 14 
Esta teoria tem larga aplicação nos países em vias de desenvolvimento, tendo sido 
recentemente utilizada por numerosos países da Ásia, nomeadamente os 
chamados dragões econômicos. Anteriormente foi também muito utilizada pelos Estados 
europeus e pelos Estados Unidos da América. Apesar de toda a retórica em torno 
da globalização, mesmos os Estados mais avançados ainda recorrem a medidas de 
protecionismo seletivo nos sectores considerados ‘’estratégicos’’ que se enquadram no 
pensamento de List. 
Foi um dos inspiradores da criação da União Aduaneira dos Estados Alemães 
de 1834 (Zollverein), que abrangeu a maior parte das entidades políticas que formaram 
a Alemanha. 
 
Argumento da indústria nascente 
 
O argumento da indústria nascente é um argumento econômico utilizado como justificativa 
para medidas protecionistas. É um dos temas mais antigos na história do pensamento 
econômico. Os principais tópicos relacionados são: a eficácia da intervenção governamental 
sobre determinados ramos de produção, externalidades positivas e o potencial de vantagem 
comparativa(ou vantagem comparativa dinâmica). 
 
Evolução do argumento e críticas 
Friedrich List foi o primeiro a analisar o argumento da indústria nascente com maior 
profundidade. Ele escreve no livro The National System of Political Economy que a 
proteção da indústria nascente deve ser removida gradativamente até que esta se 
torne independente. Ele admite que uma nação possa sacrificar parte do conforto 
presente em nome de uma maior prosperidade futura, com firmas mais produtivas. 
Contudo, ele previne que a proteção seria justificável apenas se a nação conseguisse 
manter a indústria favorecida com capacidade de competir com o mesmo grau de 
eficiência que outras indústrias estrangeiras. Afinal, a proteção pode provocar algumas 
distorções no mercado, por isso não deve ser feita sem razão ou fundamento. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81sia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/1834
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Econ%C3%B4mico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_pensamento_econ%C3%B4mico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_pensamento_econ%C3%B4mico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Externalidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vantagem_comparativa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vantagem_comparativa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_List
 15 
Robert Baldwin acrescenta que, existindo uma expectativa de que uma indústria tenha 
potencial de vantagem comparativa sobre outras, as firmas nesta indústria conseguiriam 
captar recursos do mercado de capitais para cobrir os custos iniciais excessivos, não 
necessitando de ajuda alguma (problema de informação assimétrica). Mas ele não 
observa a questão de maior aversão ao risco do setor privado em relação ao setor público, 
chamada de miopia. 
Para Harry Johnson, o caso da indústria nascente é explicitamente dinâmico, ou melhor, 
um argumento para intervenção temporária com a finalidade de corrigir uma distorção 
transitória. A justificativa para a proteção teria então que assumir que esta deve durar na 
proporção em que a indústria realmente necessita. O argumento da indústria nascente se 
baseia em um caso de proteção temporária, na alegação de que a firma poderia 
finalmente se estabelecer e ser capaz de competir nas mesmas condições das indústrias 
estrangeiras dentro do mercado interno ou no mercado mundial. Havendo custos 
excessivos, porém temporários, nos estágios iniciais, essa indústria jamais seria capaz de 
se firmar contra a competição aberta internacional, ou isso demoraria muito tempo. O 
argumento indica então que a abertura comercial, em países menos desenvolvidos, traria 
uma ineficiência social na alocação de recursos. Setores com potencial de vantagem 
comparativa estariam sendo desperdiçados, pois não conseguem atrair investimentos 
quando há forte competição externa. Assim sendo, o gasto incorrido na proteção seria um 
tipo de investimento, considerando que traria um benefício futuro com a maior 
produtividade indústria. 
Paul Krugman também analisa o tema, mas com um ponto de vista mais cético. Ele 
argumenta que é difícil saber o momento adequado para proteger a indústria. Também 
alerta sobre a possibilidade de grupos de interesse utilizarem o argumento para 
favorecerem setores onde há uma relação de troca de interesses, algo recorrente 
no Brasil, por exemplo. 
Krugman admite que o argumento seria justificável quando o mercado de capitais do país 
fosse imperfeito, mas nesse caso, seria melhor torná-lo mais eficiente em vez de proteger 
qualquer indústria. Também ressalta o caso da apropriabilidade, quando uma firma não 
consegue se apropriar dos benefícios intangíveis por ela produzidos, ou seja, no caso em 
que o custo social excede o custo privado. Neste caso, seria interessante o governo 
incentivar estas firmas a entrarem neste mercado, o que 
promoveria externalidades positivas para a sociedade e outras firmas. 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Robert_Baldwin&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3o_assim%C3%A9trica
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Avers%C3%A3o_ao_risco&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Harry_Johnson&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mercado_interno&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mercado_mundial&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Krugman
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_de_press%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_de_capitais
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Apropriabilidade&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Custo_social
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Custo_privado&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Externalidade
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Outra crítica plausível contra o argumento é o fato das políticas protecionistas distorcerem 
o mercado. Tarifas protecionistas e quotas de importação (não muito convencional) 
provocam distorções de subproduto, gerando então peso-morto. O uso de subsídios seria 
uma alternativa de proteção, porém, em países menos desenvolvidos (LDC), o uso de 
subsídios é praticamente inaplicável, pois quem arca com os custos é o próprio governo, 
que pode não ter dinheiro o suficiente nem apoio popular para isso. 
O protecionismo também pode afetar outros setores que utilizam o produto tarifado 
como insumo, principalmente setores de exportação. Desta forma, um setor produtivo 
acaba sendo protegido em detrimento da desproteção de outros, havendo ainda 
dificuldade por parte do do governo em medir o nível ótimo de proteção. O argumento da 
indústria nascente é muito utilizado para justificar políticas de substituição de importação, 
em oposição às políticas de promoção de exportação, comuns nos países do leste e 
sudeste asiático, que apresentaram grau de desenvolvimento elevado a partir dos anos 
1980. 
Uma tarifa sobre determinado tipo de bem importado poderia ser o equivalente, por 
exemplo, a uma política que taxasse exportações numa intensidade semelhante. Isso, 
supondo um caso em que importações de bens intermediários entrassem direta ou 
indiretamente nas atividades de exportação. Quanto mais forte a relação de dependência 
entre estes setores, mais danoso seria o impacto sobre as exportações de uma tarifa 
contra as importações. Um exemplo disso seria a questão da restrição de importação 
proibitiva sobre os microcomputadores no Brasil. Um protecionismo levado ao extremo, 
que praticamente anulou a competição externa deste tipo de bem no país. Apesar da 
intervenção, os computadores brasileiros permaneceram mais caros e de menor qualidade 
do que os seus similares externos. Com o tempo, os preços declinaram e a qualidade 
melhorou, mas as firmas deste ramo de produção nunca conseguiram alcançar a razão 
qualidade/preço dos seus rivais externos. Outras indústrias sentiram-se prejudicadas, pois 
não poderiam ter acesso a um produto que facilitaria a sua produção e até mesmo 
baratearia os custos e consequentemente os preços. Assim, a política de proteger a 
indústria de informática trouxe um custo inadequado para outros setores. Não apenas 
isso, mas inviabilizaram-se investimentos em setores que poderiam crescer com os 
menores custos dos computadores importados, como a indústria de Softwares e de 
periféricos. 
 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sub-produto_(economia)&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peso-morto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Subs%C3%ADdio
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=LDC&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Insumo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Exporta%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticas_de_substitui%C3%A7%C3%A3o_de_importa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pol%C3%ADticas_de_promo%C3%A7%C3%A3o_de_exporta%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_1980
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_1980
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microcomputador
http://pt.wikipedia.org/wiki/Softwares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Perif%C3%A9rico