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ELETROMAGNETISMO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Camila Ferreira Aguiar Eletromagnetismo / AGUIAR, C. F. - Multivix, 2023. Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2023 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Raio 12 Gaiola de Faraday 13 Benjamin Franklin 14 Âmbar 15 Gerador de Van de Graaff 16 Cargas positivas e negativas 18 Fios de cobre 19 Isolantes e condutores 20 Ferramentas com isolantes 21 Balança de torção de Coulomb 22 Força gravitacional 23 Força gravitacional e força elétrica 26 Linhas de campo 28 Fios de torre de transmissão 31 Placa metálica 32 Esfera 32 Fluxo de água 38 Superfície Gaussiana 40 Superfície Gaussiana 40 Disco rígido 42 Transformações geométricas 43 As três simetrias fundamentais 44 Simetria cilíndrica 45 Fio condutor de simetria cilíndrica 45 Capacitor em placa de circuito 46 Esferas condutoras metálicas 49 Esferas condutoras metálicas 50 Wi-fi 50 Fluxo e superfície de fluxo 51 Volume superficial 53 Superfície fechada 55 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para-raios em cima de prédios 58 Soldagem 64 Eletrocardiograma 65 Trabalho realizado por um campo elétrico 68 Pilhas 71 Lanterna 72 Experimento com baterias e lâmpadas 73 Deslocamento de corrente elétrica 74 Exemplos de correntes elétricas 76 Corrente 77 Filamento de uma lâmpada 79 Torradeira 80 Flash de câmera fotográfica 82 Capacitor e campo elétrico 83 Disco rígido 89 Agulhas de bússolas e corrente em um fio 90 Ressonância magnética 91 Campo magnético criado por carga puntiforme 93 Lei de Biot-Savart 94 Ímã 96 Campo magnético gerado por uma carga positiva em movimento 97 Campo magnético produzido por um fio reto 98 3ª regra da mão direita 99 Linhas de campo magnético ao redor de um fio reto e longo 99 Campo magnético no fio 100 Aurora boreal 101 Experimento de Ampère 103 Relação entre 104 Forças magnéticas sobre cargas em movimento 105 Força magnética sobre um fio condutor de corrente 106 Anel de prata 108 Carro velho 109 Leitor de cartão 115 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Parque eólico 117 Integrando o campo magnético ao redor de um fio 118 Ressonância magnética 121 Experimento de indução eletromagnética de Faraday 122 Fluxo magnético 125 Autoindutância 126 Semáforo 127 Carro elétrico 129 Aumentando a corrente através de um indutor 130 Diminuindo a corrente através de um condutor 132 Cometa Hale-Bopp 133 Roteador wi-fi 134 Onda eletromagnética 141 Ímã 143 Simetria de Gauss 144 Simetria da lei de Faraday da Indução e da lei de Maxwell-Ampère 145 James Clerk Maxwell 146 Luz solar 147 Formulação de Maxwell 148 Antena parabólica para recepção de sinais de rádio e televisão 149 Radiotelescópio 151 Espectro eletromagnético 153 Frequência em hertz 153 Linhas de transmissão 155 Circuito linhas de transmissão 156 Torre de comunicação 157 Antenas comuns 158 GPS 159 Sistema de telefonia celular 160 Smartphone 161 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO ELETROMAGNETISMO 9 1 INTRODUÇÃO À ELETRICIDADE E CONCEITOS BÁSICOS 11 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 11 1.1 ELETROMAGNETISMO 11 1.2 CAMPO ELÉTRICO E DENSIDADE DE FLUXO 25 2. FLUXO ELÉTRICO E LEI DE GAUSS 37 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 37 2.1 LEIS DE GAUSS 37 2.2 TEOREMA DA DIVERGÊNCIA 53 3 ENERGIA, POTÊNCIA E FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS 63 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 63 3.1 ENERGIA E POTÊNCIA 64 3.2 CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA 72 4 FUNDAMENTOS DO MAGNETISMO E CAMPO MAGNÉTICO 88 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 88 4.1 CAMPO MAGNÉTICO 88 4.2 FORÇA MAGNÉTICA 100 5 LEIS DE AMPÈRE E FARADAY E APLICAÇÕES EM CIRCUITOS 114 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 114 5.1 LEI DE AMPÈRE E LEI DE FARADAY 115 5.2 INDUTÂNCIA E CAMPOS VARIANTES NO TEMPO 126 6. EQUAÇÕES DE MAXWELL E SUA RELEVÂNCIA NA ENGENHARIA ELÉTRICA 140 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 140 6.1 INTRODUÇÃO ÀS EQUAÇÕES DE MAXWELL 140 6.2 APLICAÇÕES E IMPLICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DE MAXWELL NA ENGENHARIA ELÉTRICA 149 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO ELETROMAGNETISMO Nesta disciplina, estabeleceremos uma sólida compreensão da Lei de Cou- lomb, prosseguindo com uma exploração detalhada do Campo Elétrico e da Força Elétrica. Estudaremos conceitos fundamentais como Densidade de Fluxo Elétrico, aprofundando-nos na Lei de Gauss e no Teorema da Divergên- cia. A seção sobre eletricidade abordará, ainda, temas como Energia, Potên- cia, Corrente, Resistência Elétrica e Capacitância, todos essenciais para uma compreensão holística dos sistemas elétricos. A transição para o domínio do magnetismo nos permitirá examinar o Campo e a Força Magnética, seguidos de uma análise das leis essenciais que gover- nam os fenômenos magnéticos, como as Leis de Ampère e Faraday. O estudo de Materiais Magnéticos e Indutância nos oferecerá insights sobre a interco- nexão entre os campos elétricos e magnéticos. Finalmente, abordaremos os Campos Variantes no tempo e as renomadas Equações de Maxwell, culmi- nando na síntese da teoria eletromagnética. O objetivo desta disciplina é proporcionar aos participantes um profundo en- tendimento teórico e prático dos conceitos e leis que regem a eletricidade e o magnetismo. Esperamos que,ao final desta disciplina, os estudantes es- tejam equipados com o conhecimento e a confiança necessários para apli- car esses princípios em contextos acadêmicos e profissionais. Seu compro- misso e engajamento serão essenciais para uma experiência de aprendizado bem-sucedida e enriquecedora. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO > Compreender a origem e a natureza das cargas elétricas, assim como a interação entre elas por meio da Lei de Coulomb. > Estabelecer uma relação entre a força elétrica e a formação de campos elétricos, identificando suas propriedades e influências sobre cargas em repouso e em movimento. 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO 1 INTRODUÇÃO À ELETRICIDADE E CONCEITOS BÁSICOS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Ao iniciar esta unidade, você será apresentado aos pilares fundamentais das interações elétricas. Começaremos com a Lei de Coulomb, uma formulação essencial que descreve a interação entre cargas elétricas. A seguir, o conceito de Campo Elétrico será desvendado, permitindo-nos compreender as influ- ências invisíveis que as cargas exercem umas sobre as outras. Progredindo, discutiremos a Força Elétrica, um conceito crucial para enten- der como as cargas interagem e se movimentam. Juntamente a isso, a Densi- dade de Fluxo Elétrico será explorada, fornecendo uma visão quantitativa da magnitude dos campos elétricos em determinadas regiões. 1.1 ELETROMAGNETISMO O estudo da eletricidade e do magnetismo, duas forças fundamentais, tem suas raízes na Grécia Antiga. Filósofos daquela época descobriram que o âm- bar friccionado atraía pedaços de palha devido à força elétrica, enquanto uma pedra específica, um ímã natural, atraía objetos de ferro por meio de uma for- ça magnética. No entanto, o entendimento profundo da relação entre essas duas forças e sua natureza interativa só viria muitos séculos depois (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Halliday; Resnick; Walker, 2023; Knight, 2009). 12 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 RAIO Fonte: © wirestock, Freepik (2023) #pratodosverem: em primeiro plano o oceano e, ao fundo, uma cidade com luzes e raios. Em sua essência, a eletricidade e o magnetismo lidam com interações entre cargas, sejam elas estáticas ou em movimento. O raio é uma manifestação de cargas e forças elétricas. Todos os objetos, por exemplo, possuem alguma forma de carga elétrica, uma vez que são compostos de átomos e moléculas formados por partículas carregadas. No entanto, a maioria é eletricamente neutra, o que significa que os efeitos da carga elétrica raramente são percebi- dos em nosso dia a dia. Mas, como pode atestar qualquer pessoa que já tenha sentido um choque ao tocar em um objeto metálico após caminhar sobre um carpete, a presença da eletricidade estática é indiscutível (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Knight, 2009). 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO GAIOLA DE FARADAY Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 53). #pratodosverem: uma pessoa dentro da gaiola de Faraday está protegida da alta voltagem aplicada fora da gaiola, produzindo uma enorme faísca. No entanto, foi James Clerk Maxwell, no século XIX, que consolidou as desco- bertas de Faraday e outras em uma estrutura matemática, dando origem à compreensão teórica sólida do eletromagnetismo que temos hoje (Halliday; Resnick; Walker, 2023). O vídeo conta a história do eletromagnetismo, desde os primeiros experimentos realizados na Grécia Antiga até as descobertas de cientistas como Faraday e Maxwell. Ele explica como a eletricidade e o magnetismo estão interligados e como essas descobertas revolucionaram a ciência e deram origem a diversos aparelhos eletrônicos. https://www.youtube.com/watch?v=EOrQnkL9IxY 14 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BENJAMIN FRANKLIN Fonte: © bedneyimages, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de nota de um dólar com uma foto de Benjamin Franklin. Benjamin Franklin, o cientista e político americano, categorizou as cargas elé- tricas em positiva e negativa, utilizando sinais algébricos para facilitar cálculos (Halliday; Resnick; Walker, 2023; Hewitt, 2023): Neutralidade elétrica A maioria dos objetos possui quantidades iguais de cargas positivas e negativas, resultando em uma carga total zero. Tais objetos são, portanto, considerados eletricamente neutros. Origem das cargas As cargas proveem de partículas fundamentais do átomo. Prótons possuem carga positiva, enquanto elétrons têm carga negativa. Juntamente com os nêutrons (partículas neutras), eles formam a estrutura básica dos átomos. Movimento dos elétrons e formação de moléculas Os elétrons movem-se rapidamente dentro dos átomos. Quando dois átomos se aproximam, desequilíbrios nas forças elétricas podem causar atrações entre eles. Essas forças elétricas dão origem às ligações que mantêm os átomos unidos nas moléculas. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Para eletrizar um material, deve-se criar um desbalanceamento entre elétrons e prótons. Energeticamente falando, é mais viável manipular elétrons do que prótons, pois estes estão firmemente ligados ao núcleo pelo poderoso laço da força nuclear, muito mais forte que a força elétrica que influencia os elétrons. A eletrização de um material, seja pela remoção ou adição de elétrons, pode ocorrer por métodos como atrito, contato e indução. Quando eletrizado, um material emite um campo elétrico em sua proximidade (Oliveira, 2019). Documentos de 600 a.C. evidenciam conhecimento sobre eletricidade está- tica. O termo “eletricidade” vem do grego, inspirado na palavra para âmbar. Os gregos friccionavam âmbar em roupas, observando sua atração por obje- tos pequenos, mas viam isso mais como mágica do que ciência. Em 1600, o Dr. Gilbert demonstrou que diversos materiais, além do âmbar, atraíam ou- tros objetos após fricção. Depois, o Coronel Charles Coulomb usou uma ba- lança de torção para quantificar a força entre objetos carregados. Ele desco- briu que essa força é proporcional às cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles, semelhante à lei da gravidade de Newton (Hayt; Buck, 2013). ÂMBAR Fonte: © vvonyy, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de âmbar polido. 16 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.1 FORÇA ELÉTRICA A natureza apresenta dois tipos de carga elétrica: positiva e negativa. Ge- ralmente, os objetos ao nosso redor parecem neutros porque possuem um equilíbrio aproximado entre cargas positivas e negativas, cancelando-se mu- tuamente. Os efeitos elétricos são percebidos quando esse equilíbrio é que- brado (Bauer; Westfall; Dias, 2012). Ao friccionar uma vara de vidro com um tecido, tanto o vidro quanto o pano adquirem cargas, mas de sinais diferentes. Da mesma forma, ao esfregar uma vara de plástico com pelo de animal, ambos ficam carregados, porém com cargas contrárias. Duas varas de vidro carregadas se repelirão mutuamente, assim como duas varas de plástico carregadas. No entanto, uma vara de vi- dro carregada atrairá uma de plástico carregada devido à diferença de cargas (Bauer; Westfall; Dias, 2012). • Lei das Cargas Elétricas: Cargas com sinais iguais se repelirão, enquanto cargas com sinais distintos se atrairão (Bauer; Westfall; Dias, 2012). GERADOR DE VAN DE GRAAFF Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 53). #pratodosverem: pedaços de isopor postos em um recipiente no topo de um gerador Vande Graaff, que é então carregado. (a) Os pedaços voam para fora de um recipiente plástico não condutor. (b) Os pedaços permanecem dentro de uma lata metálica. 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO A carga elétrica é uma propriedade fundamental das partículas subatômicas que determina suas interações eletromagnéticas. Existem dois tipos principais de cargas elétricas: positiva e negativa. Cargas de sinais opostos atraem-se mutuamente, enquanto cargas de sinais iguais repelem-se (Young, 2015). O coulomb (C) é a unidade padrão para carga elétrica e é uma homenagem a Charles-Augustin de Coulomb (1736-1806). Já o ampère (A) é a unidade para corrente elétrica. Essas duas unidades, diferentemente das outras unidades básicas do SI, como metro, quilograma e segundo, são independentes e fun- damentais. Desse modo, o sistema SI é por vezes referido como sistema MKSA (metro-quilograma-segundo-ampère). A relação entre coulomb e ampère é expressa como (Bauer; Westfall; Dias, 2012): Podemos compreender o coulomb ao considerar a carga de um único elé- tron: Em que é a carga e representa a carga de um elétron e é aproximadamente: 18 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A carga é uma característica intrínseca do elétron, assim como sua massa. O próton, outro componente fundamental dos átomos, possui carga de magni- tude idêntica, mas de sinal oposto (Bauer; Westfall; Dias, 2012): CARGAS POSITIVAS E NEGATIVAS Fonte: Hewitt (2023, p. 464). #pratodosverem: três pêndulos, o primeiro com duas cargas positivas se repelindo, o segundo com duas cargas negativas se repelindo e o terceiro com uma carga positiva e uma negativa se atraindo. Na prática, o coulomb é uma unidade de carga bastante grande. Por isso, frequentemente são usadas subunidades como o microcoulomb (µC), nano- coulomb (nC) e picocoulomb (pC). O “coulomb” (simbolizado por “C”) é a unidade padrão de carga elétrica no Sistema Internacional de Unidades (SI). É definido da seguinte maneira: é a quantidade de carga elétrica transportada em 1 segundo por uma corrente de 1 ampère (Young, 2015). Benjamin Franklin também introduziu a ideia de conservação da carga. Quan- do se fricciona uma vara de plástico com pelo, elétrons são transferidos para o plástico, gerando uma carga positiva no pelo. Essa transferência não cria nem destrói cargas; apenas as redistribui (Bauer; Westfall; Dias, 2012). 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO • Princípio de Conservação da Carga: A quantidade total de carga em um sistema fechado permanece constante. FIOS DE COBRE Fonte: © fabrikasimf, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de fios de cobre encapados com material isolante. Condutores Materiais que facilitam a condução de elétrons, permitindo uma transmissão eficaz da corrente elétrica. Isolantes Materiais que abstroem ou praticamente impedem a movimentação de elétrons, resistindo à passagem de corrente elétrica. Fonte: Halliday; Resnick; Walker, 2023. 20 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ISOLANTES E CONDUTORES Fonte: Knight (2009, p. 795). #pratodosverem: representação de um material isolante, apontando o núcleo, elétrons do caroço e elétrons de valência, que estão fortemente ligados. Representação de um metal, com os íons positivos do caroço e os elétrons de valência formando um mar de elétrons. Materiais que conduzem eficientemente a eletricidade são denominados condutores, como cobre, alumínio, prata, ouro e platina sendo alguns dos me- tais mais destacados. Eles são utilizados em sistemas de fiação elétrica devi- do ao seu desempenho superior e, em alguns casos, a custos relativamente baixos. O motivo de tais materiais serem bons condutores reside em sua es- trutura atômica. Nos metais, os elétrons da camada mais externa, conhecidos como elétrons de valência, estão fracamente ligados ao núcleo e, portanto, são praticamente livres para se mover pelo material. Essa mobilidade eletrô- nica permite a condução eficiente da eletricidade. Esse movimento de cargas é denominado corrente, e, no caso dos metais, os elétrons são os portadores de carga responsáveis (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Hewitt, 2023; Knight, 2009). 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Contrapondo-se aos condutores, temos os isolantes, que são materiais onde a condução de eletricidade é mínima ou inexistente. Vidro e muitos plásticos são exemplos clássicos de bons isolantes. Eles não permitem o movimento livre dos elétrons porque seus elétrons estão fortemente ligados aos átomos, impedindo-os de fluir facilmente. Ao carregar um isolante por fricção, ape- nas a superfície pode reter cargas em certas regiões, mas essas cargas não se movimentam de forma significativa pelo material (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Hewitt, 2023; Knight, 2009). FERRAMENTAS COM ISOLANTES Fonte: Freepik (2023) #pratodosverem: um painel com ferramentas penduradas e uma mão pegando uma ferramenta. Além dos condutores metálicos, existem outros meios que permitem a con- dução elétrica. Fluidos e tecidos orgânicos atuam como condutores, e solu- ções iônicas, como a água salgada, também conduzem eletricidade. No caso da água destilada, por si só, a condutividade é baixa. No entanto, ao adicionar sal de cozinha, sua condutividade aumenta consideravelmente devido à mo- bilidade dos íons na solução. Diferentemente dos sólidos, nos líquidos, partí- culas com cargas positivas e negativas são móveis (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Hewitt, 2023; Knight, 2009). 22 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O vídeo a seguir apresenta uma experiência de condutividade elétrica em diferentes materiais, através do uso de uma lâmpada incandescente em série ligada a uma tomada da rede elétrica e a fios que serão conectados em diferentes materiais. 1.1.2 LEI DE COULOMB No século XVIII, Charles Coulomb foi um proeminente cientista que se apro- fundou nos estudos sobre eletricidade. Ele se inspirou na técnica experimen- tal utilizada por Cavendish, que empregou uma balança de torção para deter- minar o valor da constante gravitacional G. A execução desse experimento por Coulomb não foi simples. Enquanto Cavendish podia posicionar suas massas e mantê-las estáveis, Coulomb frequentemente precisava reajustar as cargas em sua balança. Em 1785, Coulomb anunciou que a força elétrica seguia uma lei inversamente proporcional ao quadrado da distância, similar à lei gravitacional de Newton. BALANÇA DE TORÇÃO DE COULOMB Fonte: Knight (2009, p. 800). #pratodosverem: a balança de torção de Coulomb é uma barra horizontal suspensa por um fio fino com uma esfera carregada em uma extremidade. Ela está dentro de um invólucro transparente e possui uma escala para medir a rotação da barra. https://www.youtube.com/watch?v=1qTo6nvpAoQ 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO A força elétrica, assim como a força gravitacional, decresce de acordo com o inverso do quadrado da distância entre as entidades interativas. Ela determi- na que, quando temos dois corpos carregados eletricamente e que são sig- nificativamente menores do que o espaço entre eles, a intensidade da força entre ambos é proporcional ao produto das suas cargas e inversamente pro- porcional ao quadrado da distância que os separa. Essa força é direcionada na linha reta que conecta os dois corpos carregados. Matematicamente, a Lei de Coulomb é representada como (Hayt; Buck, 2013): são quantidades positivas ou negativas de carga. R é a separaçãoentre as cargas. K é uma constante de proporcionalidade. No Sistema Internacional de Unidades, Q é medida em coulombs (C), R é a medida em metros (m) e a força F é medida em newtons (N). FORÇA GRAVITACIONAL Plutão Netuno Urano Saturno Júpiter Marte Terra Vênus Mercúrio Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem do sistema solar com o sol e os planetas. 24 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para a Força ser medida em newtons, é necessário que a constante de pro- porcionalidade seja escrita como: A constante é chamada de permissividade do espaço livre e sua unidade é (F/m). A permissividade do espaço livre (ou vácuo) é uma constante fundamental em eletromagnetismo. Ela desempenha um papel crucial na Lei de Coulomb, assim como nas equações de Maxwell, e é diretamente relacionada à velocidade da luz no vácuo. Ela é uma medida de quão “fácil” é para um campo elétrico se propagar pelo vácuo. Ela está diretamente relacionada à interação entre cargas elétricas (Knight, 2009). A constante tem uma unidade associada a ela, que é Isso é evidente quando olhamos para a Lei de Coulomb. O ‘farad’ F também será medida em . Porém, por enquanto, usaremos a unidade F/m em nossas equações (Hayt; Buck, 2013): Ao aplicar a Lei de Coulomb, lembre-se de que ela envolve forças que são ve- toriais. Em relação à Lei de Coulomb (Knight, 2009): 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Cargas puntiformes Ela é relevante para cargas puntiformes, que são cargas idealizadas sem tamanho real. Na prática, objetos podem ser tratados como cargas puntiformes se sua dimensão for muito menor que a distância que os separa. Aplicação da Lei de Coulomb 2 A Lei de Coulomb, originalmente, refere-se à eletrostática, ou seja, forças entre cargas estáticas. Entretanto, pode ser usada para cargas em movimento, desde que se movam muito mais lentamente que a luz. Superposição de forças elétricas Forças elétricas podem ser somadas. Se várias cargas estiverem presentes, a força total em uma carga específica é a soma das forças de todas as outras cargas. Para uma carga q_j, devido à presença de outras cargas a força elétrica total é a soma das forças individuais 1.2 CAMPO ELÉTRICO E DENSIDADE DE FLUXO Gravidade, forças elétricas e forças magnéticas são exemplos notáveis de for- ças de ação à distância. Essas forças não exigem contato direto; por exemplo, partículas carregadas exercem força uma sobre a outra, mesmo à distância (Hewitt, 2023; Knight, 2009; Young, 2015). 26 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FORÇA GRAVITACIONAL E FORÇA ELÉTRICA Fonte: Hewitt (2023, p. 417). #pratodosverem: (a) A força gravitacional faz com que o satélite orbite o planeta. (b) A força elétrica faz com que o elétron orbite o próton. Em ambas as situações, os corpos em órbita interagem através dos campos de força gerados pelo planeta e pelo próton, mesmo sem contato direto. Essa interação ocorre entre o corpo e o campo do outro. A ideia de forças agindo à distância era desconcertante para muitos pensado- res do tempo de Newton. Depois de publicar sua teoria da gravitação, muitos cientistas da época acreditavam que havia um mecanismo subjacente para essas forças. O sucesso de Newton, no entanto, impediu muitos de questioná- -lo diretamente (Knight, 2009). No final do século XVIII, com o avanço da pesquisa em eletricidade e magne- tismo, essas dúvidas ressurgiram. Um exemplo pode esclarecer isso: imagine duas partículas carregadas, A e B. Se A começa a se mover, a força que ela exerce sobre B mudará. Isso ocorre imediatamente ou há um atraso? A física newtoniana sugere que a resposta seria “imediatamente”, mas isso causava desconforto entre os cientistas (Knight, 2009). O campo elétrico é um conceito fundamental no eletromagnetismo que descreve a influência que uma carga elétrica tem sobre outras cargas em sua proximidade, mesmo sem contato direto. Pode ser pensado como uma região do espaço onde forças elétricas são sentidas por outras cargas devido à presença de uma carga fonte (Knight, 2009). 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO O conceito de campo elétrico é fundamental para entender como forças são exercidas entre cargas que não estão em contato direto. Imagine que uma carga positiva fixa está num ponto do espaço; ela estabelece uma região ao seu redor onde outra carga sentirá uma força, mesmo que não esteja em con- tato direto com ela. Essa região é onde o campo elétrico está presente, e a magnitude e direção desse campo em qualquer ponto determinam a força que uma carga testemunha sentirá. Por outro lado, a densidade de fluxo, frequentemente referida em termos magnéticos como densidade de fluxo magnético, é uma medida da quanti- dade de campo (seja elétrico ou magnético) que passa por uma determinada área. Para o campo elétrico, ela pode ser pensada como o número de linhas de campo elétrico que atravessam uma unidade de área. Essa densidade in- dica a “concentração” do campo em uma determinada região e é crucial para a compreensão de fenômenos como a indução eletromagnética. Ambos os conceitos, campo elétrico e densidade de fluxo, são pilares da teoria eletromagnética e permitem uma descrição mais completa e profunda das interações entre objetos carregados e o espaço ao seu redor. 1.2.1 CAMPO ELÉTRICO O valor do campo elétrico em um ponto específico no espaço é determinado pela força elétrica atuante por unidade de carga em tal ponto. Se uma car- ga experimenta uma força devido a outra carga ou distribuição de cargas, o campo elétrico no ponto onde a carga está localizada é dado por: Usando unidades SI para as quais a unidade de força é 1 N e a unidade de car- ga é 1 C, a unidade de campo elétrico é 1 newton por coulomb (1 N/C) . A direção e o sentido do campo elétrico são representados por vetores. Esses vetores indicam a direção e o sentido em que uma pequena carga de teste positiva seria afetada. Por exemplo, se uma carga é negativa, o vetor do cam- po elétrico apontará para a carga; e, se a carga é positiva, o vetor apontará para fora dela. 28 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Uma importante observação é que a própria carga que gera o campo elétrico não é influenciada por ele. Isso é exemplificado pelo princípio de que um cor- po não pode produzir uma força resultante sobre si mesmo. O campo elétrico de uma carga puntiforme (Knight, 2009; Young, 2015): Forças e campos elétricos possuem magnitude e direção, sendo represen- tados vetorialmente. Quando múltiplas forças ou campos de diversas cargas pontuais atuam em um ponto, o efeito total é a soma vetorial de cada contri- buição individual. Esse conceito é conhecido como Princípio da Superposição, que afirma que o campo elétrico total em um local é a combinação de todos os campos individuais das cargas presentes. LINHAS DE CAMPO Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 38). #pratodosverem: na figura à esquerda, linhas de campo elétrico de duas cargas puntiformes de sinais opostos. As duas possuem cargas de mesmo valor absoluto. Na figura à direita, linhas de campo de duas partículas com cargas positivas iguais. A visualização de padrões de campo elétrico é facilitada por meio de linhas desenhadas, que indicam a direção do vetor do campo elétrico em qualquer local. Essas linhas, chamadas de linhas de campo elétrico, têm características específicas: • O vetor do campo elétrico é tangente à respectiva linha em qualquer ponto. • A densidade das linhas em uma área, perpendicular a elas, reflete a magnitude do campo elétrico: uma maior densidade indica um campo mais intenso, e vice-versa.29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Para uma única carga positiva, as linhas se projetam radialmente para fora, como se irradiassem a partir da carga. Em contraste, para uma carga única negativa, as linhas apontam para a carga. Em ambos os cenários, as linhas se aproximam mais à medida que se aproximam da carga e se estendem teori- camente ao infinito. A representação de linhas de campo elétrico segue algumas regras básicas: • As linhas originam-se em cargas positivas e terminam em cargas negativas, ou vice-versa. No caso de excesso de um tipo de carga, algumas linhas começam ou terminam no infinito. • A quantidade de linhas associadas a uma carga é proporcional à magnitude dessa carga. • As linhas de campo não se cruzam. A quantidade específica de linhas associadas a uma carga não é arbitrária. Por exemplo, se um objeto tem uma carga Q1 e outro tem Q2, o número de linhas associadas ao segundo em relação ao primeiro é proporcional às res- pectivas cargas. As linhas de campo elétrico de duas cargas opostas ilustram um padrão es- pecífico: perto das cargas, as linhas são quase radiais, com uma densidade maior de linhas entre as cargas indicando um campo elétrico forte. Para duas cargas positivas, as linhas projetam-se de cada uma delas, indo para o infinito. Isso ilustra a natureza repulsiva das forças entre cargas seme- lhantes, pois as linhas evitam a região entre as cargas. Finalmente, para uma combinação de carga positiva +2q e carga negativa -q, o número de linhas que se originam da primeira é o dobro do que termina na segunda. Assim, metade das linhas que partem da carga positiva termina na carga negativa, enquanto a outra metade se estende para cargas hipotéticas no infinito. Em distâncias maiores, o campo é semelhante ao de uma única carga +q. 30 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Este vídeo mostra como visualizar as linhas de campo elétrico usando uma cuba de vidro, eletrodos, óleo vegetal e sementes de capim. Ele também explica o conceito de blindagem eletrostática, demonstrando como as linhas de campo se formam na parte externa de um condutor, mas não no seu interior. 1.2.2 DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO Objetos do dia a dia, como mesas ou béqueres com água, são percebidos como distribuições contínuas de matéria. Ainda que a estrutura atômica não seja aparente, sabemos que, se dividirmos a matéria inúmeras vezes, encon- traríamos átomos. Na prática, é útil pensar na matéria de forma contínua, usando a massa específica (quilogramas por metro cúbico) para sua descri- ção (Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). Da mesma forma, quando um objeto possui uma grande quantidade de elé- trons excedentes, como 1022 em um bastão metálico, é inviável contar cada elé- tron. Optamos por ver a carga de forma contínua e analisar sua distribuição. A densidade de fluxo elétrico também pode ser compreendida como o “número” de linhas de campo elétrico que passam perpendicularmente através de uma unidade de área. Em regiões onde o campo elétrico é forte, a densidade de fluxo elétrico é alta, e vice-versa (Serway; Jewett, 2014). https://www.youtube.com/watch?v=2Pbw_Ma7QRQ 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Por exemplo, um objeto de tamanho L, seja um bastão ou um fio, pode ter uma carga Q distribuída uniformemente. Usamos Q para a carga total e q para cargas pontuais. A densidade linear de carga l (coulombs por metro) re- presenta a quantidade de carga ao longo do comprimento do objeto (Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). FIOS DE TORRE DE TRANSMISSÃO Fonte: © evening_tao, Freepik (2023). #pratodosverem: fios de torre de transmissão. Quando Q é distribuída ao longo de uma linha com comprimento λ , a densi- dade linear de carga é: Nessa equação, é medido em coulombs por metro . Da mesma maneira, podemos ter cargas distribuídas sobre uma área, refe- rida como densidade superficial de carga s (coulombs por metro quadrado). Por exemplo, uma superfície quadrada de 1mmx1mm com densidade de 2,0 x 10-10 C possui ou 0,20 nC (Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). 32 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PLACA METÁLICA Fonte: © t_kimura, Freepik (2023). #pratodosverem: placa metálica retangular. Se a carga estiver uniformemente espalhada em uma superfície de área , a densidade superficial de carga é dada por: Aqui, s tem unidades de coulombs por metro quadrado (c/m2) ESFERA Fonte: © moviafilmes, Freepik (2023). #pratodosverem: esfera metálica. 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Quando uma carga está distribuída de forma uniforme em um volume , definimos a densidade volumétrica de carga como: Nessa equação, é expresso em coulombs por metro cúbico( c/m3). Essas representações e definições são mais práticas para objetos com cargas distribuídas de forma homogênea. Normalmente, presume-se uma distribui- ção uniforme de carga, a menos que se diga o contrário (Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). 34 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, conhecemos o estudo das interações elétricas, iniciando pela definição da carga elétrica. A presença e interação dessas cargas culminam na manifestação da força elétrica, uma das quatro forças fundamentais da física. A Lei de Coulomb, fundamental nesse contexto, quantifica essa força, relacionando-a com a distância entre as cargas e suas respectivas magnitu- des. Essa lei é fundamental para compreender interações que ocorrem desde escalas subatômicas até vastos espaços cósmicos. A introdução ao campo elétrico elucidou a maneira pela qual uma carga exerce influência sobre outra, mesmo à distância. Em vez de postular ações distantes inexplicáveis, o campo elétrico apresenta um meio intermediário, demonstrando como uma carga altera o espaço ao seu redor, afetando con- sequentemente outras cargas. Esse constructo não apenas contextualiza as interações elétricas, mas estabelece um alicerce para estudos avançados em ondas eletromagnéticas e teoria quântica. Finalmente, a densidade de fluxo elétrico sintetizou os conceitos de campo e carga, fornecendo uma visão detalhada da interação do campo elétrico com superfícies específicas, sobretudo em contextos dielétricos. Essa métrica é de suma importância para campos da engenharia e física, em contextos em que as propriedades de materiais na presença de campos elétricos são cruciais. Concluindo, os princípios discutidos nesta unidade compõem uma rede in- trincada de teorias que servem de fundamento para os domínios da eletrici- dade e do magnetismo. 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre este tema, leia os artigos a seguir: 1. ARAÚJO, M. Força de Coulomb. Rev. Ciência Elem., [s. l.], v. 3, n. 1, p. 14, 2015. Disponível aqui. 2. FERREIRA, M. Campo elétrico. Rev. Ciência Elem., [s. l.], v. 2, n. 2, p. 36, 2014. Disponível aqui. 3. NARDI, L. M. C.; SILVA, C. C. A matema- tização dos estudos elétricos antes de Coulomb: as contribuições de Johann Euler no século XVIII, acompanhada de uma tradução comentada de seu Recherches sur la Cause Physique de l’Electricité. Revista Brasileira de En- sino de Física, [s. l.], v. 43, p. e20200396, 2021. Disponível aqui. 4. ROBERT, R. Densidade de carga elétrica num condutor retilíneo finito. Revista Brasileira de Ensino de Física, [s. l.], v. 25, n. 4, p. 388-391, 2003. Disponível aqui. 5. PANTOJA, G. C. Campos Conceituais e Indução Eletromagnética: Classificaçãode Problemas em Eletrodinâmica. Re- vista Brasileira de Pesquisa em Educa- ção em Ciências, [s. l.], v. 21, p. 1-33, 2021. Disponível aqui. https://rce.casadasciencias.org/rceapp/pdf/2015/014/ https://rce.casadasciencias.org/rceapp/pdf/2014/036/ https://www.scielo.br/j/rbef/a/qJvCXLzPJyNyr4XjZfhsrLG/?format=html https://www.scielo.br/j/rbef/a/5NBCVfVXQXtYdysrrvQ8Gjd/?format=pdf&lang=pt https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/24370 UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO > Descrever a relação entre o fluxo elétrico e a geometria de superfícies fechadas, aplicando o conceito da Lei de Gauss. > Aplicar o Teorema da Divergência para avaliar fluxos elétricos em diferentes configurações. 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO 2. FLUXO ELÉTRICO E LEI DE GAUSS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, conheceremos as Leis de Gauss e o Teorema da Divergên- cia. Inicialmente, focaremos em fornecer uma base sólida sobre as Leis de Gauss, elucidando sua importância e aplicabilidade no contexto mais amplo da física. A discussão se aprofundará na aplicação dessa lei em cenários com simetrias específicas, demonstrando como facilita a análise de campos elétri- cos intrincados. Posteriormente, examinaremos a correlação essencial entre o fluxo elétrico e a carga encerrada, uma chave para desvendar a dinâmica dos campos elétricos e suas distribuições de carga associadas. Seguindo, voltaremos nossa atenção para o Teorema da Divergência, uma parte crucial do cálculo vetorial, explorando suas interpretações geométricas e físicas. Por fim, analisaremos as aplicações extensivas desse teorema em várias disciplinas da física, com uma ênfase particular no campo do eletro- magnetismo. 2.1 LEIS DE GAUSS Cálculos elétricos, especialmente na física, podem, às vezes, ser bastante com- plexos e demandar muito esforço. No entanto, existe uma técnica chamada Lei de Gauss que pode simplificar enormemente esse processo, especialmen- te nos casos em que há alguma simetria geométrica envolvida. Para aplicá-la, é essencial entender o conceito de fluxo de um campo elétrico (Bauer; Wes- tfall; Dias, 2012). 38 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FLUXO DE ÁGUA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: uma mulher loira com chapéu, avental e luvas segurando uma mangueira que esguicha água. Os pontos importantes são (Young, 2015): Vazão de água vs. fluxo de carga Assim como a água flui através de uma mangueira, as cargas elétricas fluem através de um condutor. A quantidade de água que flui através da mangueira em um determinado tempo pode ser comparada à quantidade de carga que flui através de uma área no espaço em relação ao campo elétrico. Pressão da água vs. intensidade do campo elétrico A pressão da água em uma mangueira pode ser comparada à intensidade do campo elétrico. A pressão alta pode levar a um maior fluxo de água, assim como um campo elétrico mais forte pode resultar em um maior fluxo elétrico. 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Direção do fluxo A água na mangueira tem uma direção específica de fluxo, do ponto de alta pressão para o ponto de baixa pressão. De forma semelhante, o fluxo elétrico tem uma direção determinada, fluindo de cargas positivas para cargas negativas. Área de seção transversal A quantidade de água que pode fluir através da mangueira é influenciada pela área da seção transversal da mangueira; da mesma forma, a quantidade de fluxo elétrico através de uma superfície é proporcional à área dessa superfície. Obstruções ao fluxo Assim como uma mangueira pode ter uma obstrução que impede o fluxo de água, um isolante pode atuar como uma barreira ao fluxo elétrico, impedindo que as cargas passem através dele. Permeabilidade do material O tipo de material que compõe a mangueira pode afetar a quantidade de água que pode fluir através dela, semelhante à como a permissividade do material pode influenciar o fluxo elétrico. Para aplicar essa lei, é necessário desenhar uma “superfície fechada” imagi- nária envolvendo as cargas e investigar a distribuição do campo elétrico ao longo dela. A lei relaciona a carga total dentro dessa superfície com o cam- po elétrico observado em todos os pontos ao redor dela, possibilitando en- tender a natureza dos campos elétricos criados por distribuições de carga (Young, 2015). 40 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUPERFÍCIE GAUSSIANA Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 51). #pratodosverem: esfera com um raio r que envolve uma carga q. Adjacente, apresenta-se um detalhe ampliado de um segmento infinitesimal da superfície com área dA. Superfície gaussiana: Superfície imaginária fechada que é utilizada na aplicação da Lei de Gauss. Geralmente é escolhida para simplificar os cálculos do fluxo elétrico através dela, mas pode haver variação. O fluxo elétrico, denotado por ϕ, representa a quantidade de campo elétrico que penetra em uma superfície específica. Esse conceito é essencialmente uma medição da influência do campo elétrico sobre uma área definida. Para calcular o fluxo elétrico, devemos entender o vetor área, denotado por . Ele é perpendicular a cada elemento de área minúscula da superfície, e seu módulo é equivalente à área do elemento, dA . SUPERFÍCIE GAUSSIANA Fonte: Halliday; Resnick; Walker (2023, p. 54). #pratodosverem: os vetores e trilhas de campo elétrico permeiam uma superfície gaussiana fictícia, de forma esférica, que circunscreve uma partícula com carga positiva de magnitude Q. 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO A quantidade de fluxo elétrico que atravessa uma área, cujo vetor de elemen- to de área é dA , é calculada através de um produto escalar, expresso como: Aqui, E é o vetor campo elétrico e dA é o vetor área. Para entender o fluxo elétrico em uma superfície maior, calcula-se o fluxo elé- trico total, que é dado pela equação: Em que a integração é feita em toda a superfície, agregando os fluxos elétri- cos através de todos os elementos infinitesimais da superfície. É fundamental calcular o fluxo total através de uma superfície fechada. Essa medição é expressa como: Novamente, a integração ocorre ao longo de toda a superfície, proporcionan- do uma visão completa do fluxo elétrico nessa superfície fechada. A Lei de Gauss também pode ser utilizada de forma inversa: se você conhecer o campo elétrico numa região, pode inferir informações sobre a distribuição de cargas naquela área. Isso pode ser feito através da análise do campo elé- trico em vários pontos ao redor de uma superfície fechada imaginária e rela- cionando essas observações com as possíveis cargas presentes dentro dessa superfície (Young, 2015). Neste vídeo, o professor Douglas Gomes explica a Lei de Gauss para o campo elétrico. Ele aborda conceitos como linhas de campo elétrico, representação das linhas de campo, quantidade de linhas proporcional à carga elétrica e o saldo de linhas em superfícies gaussianas. https://www.youtube.com/watch?v=G0UUNYLN7gs 42 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DISCO RÍGIDO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de um disco rígido espelhado. Dispositivos como discos rígidos armazenam dados em um meio magnético, e a densidade de fluxo magnético pode influenciar a quantidade de dados que podem ser armazenados. 2.1.1 APLICAÇÃO DA LEI DE GAUSS EM SIMETRIAS ESPECÍFICAS Uma distribuição decarga é considerada simétrica se, mesmo após ser sub- metida a transformações geométricas, não mostra mudanças físicas detectá- veis (Knight, 2009). 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS Fonte: Knight (2009, p. 851). #pratodosverem: cinco cilindros apresentando transformações distintas. O primeiro é o cilindro original. O segundo tem uma seta no sentido do comprimento do cilindro, chamada translação paralela ao eixo. O terceiro, duas setas no sentido anti-horário em volta do cilindro, chamado de rotação em torno do eixo. O quarto, uma reflexão em um plano que contém o eixo. E, o quinto, uma reflexão perpendicular ao eixo. Para averiguar a simetria de uma distribuição de carga, você pode observar vi- sualmente ou conduzir experimentos usando partículas carregadas. Se esses métodos não revelarem mudanças, a distribuição é simétrica àquela transfor- mação específica (Knight, 2009). Simetria: Refere-se à propriedade de um sistema que permite que ele seja descrito de maneira mais simples sob certas transformações geométricas, como rotação ou translação. 44 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ao explorar a simetria cilíndrica, identifica-se que a distribuição de carga deve manter a simetria mesmo após operações como translação ao longo do eixo de simetria, rotação em torno do eixo, ou reflexões em relação a qualquer pla- no que contenha o eixo de simetria ou seja perpendicular a ele (Knight, 2009). AS TRÊS SIMETRIAS FUNDAMENTAIS Fonte: Knight (2009, p. 853). #pratodosverem: um objeto plano, saindo flechas de campo perpendiculares ao plano; um objeto cilíndrico; um objeto esférico, saindo flechas de campo radialmente ao eixo; e uma esfera com flechas de campo saindo radialmente ao centro. Esquema de um capacitor, esquema de cilindros coaxiais e de esfera concêntricas. Para calcular o campo elétrico gerado por um fio condutor longo e uniforme- mente carregado, usamos a Lei de Gauss. Visualizamos uma superfície gaus- siana como um cilindro com raio r e comprimento L, circundando o fio, que fica centralizado no seu eixo (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Knight, 2009). Devido à simetria radial, o campo elétrico formado é perpendicular ao fio e a magnitude desse campo não depende do ângulo de rotação ao redor do fio. Além disso, se considerarmos o fio extremamente longo, a aparência do cam- po elétrico permanece constante ao longo do comprimento do fio, demons- trando uma simetria de translação (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Knight, 2009). 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO SIMETRIA CILÍNDRICA Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 54). #pratodosverem: um cabo extenso carregado com uma densidade de carga linear l está circundado por uma superfície gaussiana configurada como um cilindro direito com um raio r e uma extensão L. No interior do cilindro, os vetores que demonstram o campo elétrico estão ilustrados. Ao aplicar a lei de Gauss para calcular o fluxo elétrico através da superfície gaussiana, percebemos que a contribuição das extremidades do cilindro é nula, uma vez que o campo elétrico é paralelo a essas superfícies. A equação resultante fornece a magnitude do campo elétrico em função da distância perpendicular r do fio (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Knight, 2009). Comparativamente, o campo elétrico criado por um fio longo decai mais len- tamente com a distância em relação ao campo gerado por uma carga pontu- al, que diminui com o quadrado da distância. FIO CONDUTOR DE SIMETRIA CILÍNDRICA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de um cabo condutor de capa preta com três fios dentro. 46 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Vamos analisar o campo elétrico originado por uma folha não condutora pla- na e fina com carga positiva uniforme por unidade de área (σ > 0). Para calcu- lar o campo elétrico a uma distância “r” da superfície, usamos uma superfície gaussiana cilíndrica, com área de seção transversal “A” e comprimento “2r”, que intersecta o plano perpendicularmente. Devido à natureza infinita do plano e à carga positiva, o campo elétrico é per- pendicular às extremidades do cilindro e paralelo à sua parede lateral. Apli- cando a Lei de Gauss, podemos relacionar a carga contida no plano dentro do cilindro gaussiano (σ A) com a intensidade do campo elétrico que gera. Se a carga por unidade de área fosse negativa (), a equação derivada ainda se- ria aplicável, mas a direção do campo elétrico seria invertida, apontando para o plano, em vez de para fora dele (Bauer; Westfall; Dias, 2012; Knight, 2009). No caso de uma placa condutora com grande extensão, com uma densidade de carga positiva ( ) em cada face, o campo elétrico fora do condutor é perpendicular à superfície, sendo paralelo à parede cilíndrica e perpendicu- lar à tampa externa do cilindro em uma análise gaussiana. A carga contida dentro do cilindro é , permitindo calcular a intensidade do campo elétrico fora da superfície condutora através da Lei de Gauss. Note-se que, dentro do condutor, o campo elétrico é zero, não contribuindo para o fluxo através da superfície gaussiana. CAPACITOR EM PLACA DE CIRCUITO Fonte: Knight (2009, p. 869). #pratodosverem: imagem de uma placa de circuito com capacitores. 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Para calcular o campo elétrico gerado por uma carga distribuída de maneira esfericamente simétrica, primeiramente analisamos uma casca esférica fina de raio e carga q. Usando uma superfície gaussiana esférica de raio r2 maior rsque e centrada na esfera carregada, aplicamos a lei de Gauss para determi- nar o módulo do campo elétrico, E. Dependendo do sinal da carga q, o campo elétrico aponta radialmente para dentro ou para fora da distribuição. Para uma superfície gaussiana com raio , o campo elétrico dentro da casca é zero, enquanto fora dela, o campo age como se toda a carga estivesse concentrada no centro da esfera. Casca esférica carregada Casca esférica com raio rs, acompanhada de uma superfície gaussiana de raio r2 > rs e uma segunda de raio r1 > rs. Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 55). #pratodosverem: representação de uma esfera mostrando os pontos r1 , r2 e rs . Análise para pontos externos à esfera Utilização de uma grande superfície gaussiana esférica, concêntrica à esfera, facilitando o cálculo do campo elétrico em pontos exteriores à esfera. Fonte: Serway; Jewett (2014, p. 27). #pratodosverem: uma esfera de raio a e superfície gaussiana de raio r. 48 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Distribuição uniforme de carga esférica Estrutura esférica com carga por unidade de superfície r e raio r, circundada por duas superfícies gaussianas esféricas, uma com raio r1 < r e outra com raio r2 > r . Fonte: Bauer; Westfall; Dias (2012, p. 55). #pratodosverem: representação de uma esfera mostrando os pontos r1 , r2 e r . Análise para pontos internos à esfera Emprego de uma superfície gaussiana esférica de tamanho menor que a esfera para analisar o campo elétrico em pontos internos à esfera. Fonte: Serway; Jewett (2014, p. 27). #pratodosverem: uma esfera de raio a e superfície gaussiana de raio r, menor que a. A análise é estendida para uma distribuição de carga uniforme em um vo- lume esférico de densidade de carga uniforme. Utilizando uma superfície gaussiana esférica com raio e considerando a simetria da distribui- ção de carga, determina-se que o campo elétrico gerado é perpendicular à superfície gaussiana. A partir disso, calcula-se o campo elétrico dentroda distribuição de carga e, para uma superfície gaussiana com raio r2>r , calcula-se o campo fora da distribuição. Em que é a carga total. A aplicação da Lei de Gauss em simetrias específicas – cilíndrica, pla- nar e esférica – demonstra ser uma ferramenta crucial para entender de forma mais simples e direta como os campos elétricos funcionam em diferentes configurações. 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO 2.1.2 RELAÇÃO ENTRE FLUXO ELÉTRICO E CARGA ENCERRADA Imagine duas esferas, uma dentro da outra. A esfera interna tem um raio “a” e a externa tem um raio “b”. Agora, vamos colocar uma carga positiva Q na esfera interna. O que Faraday notou é que, ao fazer isso, uma carga negativa de igual magnitude, ou seja, -Q, aparece na esfera externa (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). ESFERAS CONDUTORAS METÁLICAS Fonte: Hayt Jr.; Buck (2013, p. 50). #pratodosverem: visão do plano transversal de duas esferas concêntricas, mostrando o raio a da esfera interior e o raio b da esfera exterior. Você pode visualizar isso como se as cargas na esfera interna estivessem “pu- xando” cargas negativas para a esfera externa. Quanto mais carga colocamos na esfera interna, mais carga negativa aparece na esfera externa. Então, há uma relação direta ou uma “proporcionalidade” entre essas duas quantidades. Essa relação direta pode ser descrita usando o “fluxo elétrico”, representado pelo símbolo . Medido em coulombs, o fluxo é igual à carga que colocamos na esfera interna. É assim que formulamos matematicamente a observação de Faraday (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006): 50 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Vamos pensar na superfície da esfera interna. A carga Q está espalhada por toda essa superfície, que tem uma área de (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wen- tworth, 2006). ESFERAS CONDUTORAS METÁLICAS Fonte: Wentworth (2006, p. 166). #pratodosverem: três esferas. Na figura (a), uma esfera envolvida por outra, mostrada através de um plano de corte. Na figura (b), a esfera não tem o plano de corte, está fechada, e ela é aterrada. E a figura (c), mostrando a esfera interna com carga positiva e a externa com cara negativa. Vamos chamar essa densidade de fluxo elétrico de “D”. Escolhemos “D” por- que às vezes referimos a isso como densidade de fluxo de deslocamento ou densidade de deslocamento (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). WI-FI Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de um roteador wi-fi e um robô aspirador. 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO No contexto das comunicações, a densidade de fluxo pode ser representada pelo número de dados (ou sinais) que passam por um canal de comunicação em um período. Então, podemos falar sobre a quantidade de carga por unidade de área: Ou Essa fórmula tem grande semelhança com a equação que descreve a inten- sidade do campo elétrico gerado por uma carga pontual (E) (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). No espaço livre: FLUXO E SUPERFÍCIE DE FLUXO Fonte: Wentworth (2006, p. 166). #pratodosverem: o fluxo que passa por uma superfície que forma um ângulo com a direção do fluxo (a) é inferior ao fluxo que atravessa uma superfície posicionada perpendicularmente à direção do fluxo (b). 52 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A magnitude do fluxo que passa por uma superfície é calculada multiplican- do-se D pelo valor da área da superfície, que é perpendicular a D. Em que representa o ângulo entre D e a normal à superfície. Se uma carga for completamente encerrada, o fluxo que atravessa a superfí- cie fechada deve ser correspondente à carga encerrada . Um enunciado formal da Lei de Gauss é apresentado a seguir (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentwor- th, 2006): O fluxo elétrico resultante, através de qualquer superfície fechada, é igual à carga total confinada por aquela superfície. Matematicamente, é escrito como: A presença do círculo na integral significa que a integração ocorre sobre uma superfície fechada, e essa equação significa a formulação integral da Lei de Gauss, sendo uma das quatro equações de Maxwell (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wen- tworth, 2006). A Lei de Gauss se mostra eficaz para resolver questões de campos elétricos que possuem uma simetria significativa. A simetria na problemática ajuda a identificar quais variáveis afetam D e quais segmentos de D estão ativos. Logo, optamos por uma superfície fechada, chamada de superfície gaussiana, na qual o vetor diferencial de superfície aponta para fora do volume selado, estando em qualquer ponto ou alinhado com D (aqui, ) ou perpendicular a D (nesse cenário). Na porção da superfície que é perpendicular a D, é necessário que a magnitude de D permaneça constante, facilitando sua exclusão da in- tegral (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). Essa equação pode ser simplificadamente reformulada como: 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO 2.2 TEOREMA DA DIVERGÊNCIA A Lei de Gauss ajuda a entender como o fluxo se comporta ao redor de uma determinada área fechada, e um conceito-chave aqui é a “divergência”. A di- vergência diz quanto o campo está se espalhando ou se concentrando em um determinado ponto (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). Divergência: É uma operação matemática que atua sobre um campo vetorial para fornecer uma medida da “fonte” ou “drenagem” do campo em um determinado ponto. Imagine que estamos observando um pequeno cubo no espaço. Nesse cubo, há um ponto central chamado e queremos entender como o cam- po se comporta nesse ponto. VOLUME SUPERFICIAL Fonte: Wentworth (2006, p. 177). #pratodosverem: um cubo disposto em coordenadas x, y e z. 54 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para descobrir, calculamos o fluxo, que é o “total” do campo que está saindo do cubo, e comparamos com a quantidade de carga dentro do cubo. Faze- mos isso para cada face do cubo e somamos esses valores. Isso dá um valor que representa quão rapidamente o campo está se espalhando (ou não) na- quele ponto, o que chamamos de “divergência” (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wen- tworth, 2006). O teorema da divergência pode ser enunciado e formulado em termos do vetor D (um campo vetorial genérico que, no contexto da sua pergunta, é a densidade de fluxo elétrico) e suas derivadas parciais em relação a cada eixo (x, y, e z). Campo vetorial: Uma quantidade que possui magnitude e direção em cada ponto no espaço. No contexto da Lei de Gauss, geralmente nos referimos ao campo elétrico como um campo vetorial, em que todo ponto no espaço é associado a um vetor que indica a força e a direção do campo elétrico naquele ponto. O teorema da divergência afirma que o fluxo líquido do campo vetorial D atra- vés da fronteira de uma região é igual à divergência de D integrada sobre o volume da região (Hayt Jr.; Buck, 2013; Wentworth, 2006). Aqui, ∇ D é o operador de divergência, que representa a divergência do campo D, e é definido como a soma das derivadas parciais de cada componente do campo D (Dx, Dy, Dz) em relação aos respectivos eixos (x, y, z): é a integral de superfície do campo D sobre uma superfície fechada S. 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO é a integral de volume da divergência de D sobre o volume V li- mitado pela superfície S. Esse teorema é uma ferramenta poderosa para analisar campos vetoriais, es- pecialmente em contextos físicos, como o eletromagnetismo. Neste vídeo, o professor de física explica o Teorema de Gauss e a Lei de Gauss. Ele demonstra que o fluxodo campo vetorial é igual ao divergente do vetor multiplicado pelo volume, e aplica esse teorema ao campo elétrico, obtendo a equação de Poisson. 2.2.1 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA E FÍSICA Geometricamente, o teorema da divergência relaciona o fluxo de um campo vetorial através de uma superfície fechada com a divergência do campo veto- rial em toda a região delimitada por essa superfície (Hayt Jr.; Buck, 2013). O fluxo através da superfície é uma medida de “quanto” do campo vetorial está passando por ela em um determinado momento. Geometricamente, você pode imaginar isso como a “quantidade de água” que flui através de uma “rede imaginária” que representa a superfície fechada (Hayt Jr.; Buck, 2013). SUPERFÍCIE FECHADA Fonte: Hayt Jr.; Buck (2013, p. 69). #pratodosverem: uma superfície irregular de superfície fechada S e volume V. https://www.youtube.com/watch?v=lyh0CAkGDus 56 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A integral tríplice da divergência do campo vetorial F em toda a região V é representada por . A integral de superfície do produto escalar do campo vetorial F e o vetor nor- mal unitário n sobre a superfície S que envolve V é denotada por E é a divergência do campo vetorial F, que simboliza a “taxa de expansão” em um ponto específico. O teorema da divergência é uma ferramenta que pode ajudar a analisar fe- nômenos físicos como fluxo de fluidos, campos elétricos e magnéticos, entre outros (Hayt Jr.; Buck, 2013). Integral de superfície: Uma técnica matemática que calcula a integração de uma função escalar ou vetorial sobre uma superfície. Na Lei de Gauss, é usada para calcular o fluxo elétrico através de uma superfície fechada. Fluxo de fluidos: o teorema da divergência pode ser usado para descrever como o fluxo de um fluido através de uma superfície fechada está relacionado com a divergência do campo de velocidades no interior da região. A divergên- cia positiva indica que há uma “fonte” naquela região, enquanto a divergência negativa indica um “sumidouro” (Halliday; Resnick; Walker, 2023). Campos elétricos e magnéticos: o teorema da divergência é fundamental nas equações de Maxwell, que descrevem o comportamento dos campos elé- tricos e magnéticos. Por exemplo, ele pode representar a relação entre a car- ga elétrica numa região e o fluxo do campo elétrico através da fronteira dessa região (Halliday; Resnick; Walker, 2023). Conservação de massa e energia: o teorema da divergência também pode ser usado para expressar leis de conservação de massa e energia, relacionan- do a taxa de mudança dessas grandezas dentro de uma região com o fluxo de massa ou energia através da fronteira da região (Rego, 2010). 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Em todas essas interpretações físicas, o teorema da divergência fornece uma maneira de conectar propriedades locais de um campo vetorial com proprie- dades globais do campo. 2.2.2 APLICAÇÕES EM ELETROMAGNETISMO E OUTRAS ÁREAS DA FÍSICA Para calcular o campo elétrico, geralmente recorre-se às leis de Gauss ou de Coulomb se a distribuição de cargas é conhecida ou se estabelece uma rela- ção entre o potencial e o campo elétrico, caso o potencial de uma área espe- cífica seja conhecido. No entanto, em muitos casos práticos, nem o potencial elétrico nem a distribuição de cargas são conhecidos (Ferraz et al., 2018). Nesse segmento, focaremos cenários categorizados como problemas de valor de fronteira em eletroestática. Nesses casos, as cargas e potenciais são identi- ficáveis apenas nas fronteiras de áreas específicas, e o objetivo é determinar o campo elétrico ‘E’ e o potencial ‘V’ nesses territórios (Ferraz et al., 2018). Até agora, analisamos campos elétricos originados de cargas em vácuo, uma configuração mais teórica que prática. Na verdade, as cargas, principalmente elétrons, estão contidas em materiais (Rego, 2010). Classificação dos materiais Materiais se dividem em condutores, com elétrons capazes de mover-se livremente, e isolantes, em que os elétrons estão vinculados firmemente aos núcleos, proibindo a transição fluida de corrente elétrica. Potencial elétrico Nos condutores, em estado eletrostático, o campo elétrico interno é nulo, o que leva a um potencial elétrico V constante na superfície, representado como . 58 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Densidade de carga superficial Todas as cargas estão localizadas na superfície, com um campo elétrico relacionado à densidade de carga superficial, dado por E= σ /ϵ0 , em que é a densidade de cargas na superfície e é a permissividade do vácuo. Momento dipolo elétrico No caso dos isolantes, os elétrons estão mais fortemente ligados, uma característica que não só impede a condução de corrente, mas possibilita a geração de campos elétricos devido a momentos de dipolo elétrico. Essa análise preliminar demonstra que os condutores são aptos para armaze- nar cargas em sua superfície, um fenômeno que pode ser calculado por meio de equações como para uma esfera condutora de raio r e carga Q, e que tem amplas aplicações, inclusive na criação de dispositivos como ca- pacitores e para-raios (Rego, 2010). PARA-RAIOS EM CIMA DE PRÉDIOS Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: na imagem, vários prédios e o céu com raios. 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Para-raios protegem estruturas contra danos causados por raios, oferecendo um caminho de menor resistência para a descarga elétrica se dirigir diretamente ao solo, sem passar pela estrutura. Confira este vídeo para entender seu funcionamento. https://www.youtube.com/watch?v=n6rgvmXmkhA&t=14s 60 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, dedicamo-nos a um estudo aprofundado das Leis de Gauss e do Teorema da Divergência, aspectos cruciais na física, especialmente no que tange aos estudos sobre eletromagnetismo. Inicialmente, abordamos a aplicação da Lei de Gauss em contextos de sime- trias específicas. A discussão prosseguiu para contemplar a correlação intrín- seca entre fluxo elétrico e carga encerrada, proporcionando uma análise mais profunda da interação dinâmica que permeia o comportamento das cargas elétricas e dos campos que elas geram. Na sequência, focamos o Teorema da Divergência, uma estrutura teórica que se destaca não apenas no campo do eletromagnetismo, mas também em outras áreas significativas da física. Essa seção iniciou com uma análise da interpretação geométrica e física do teorema, elucidando as relações mate- máticas e simetrias subjacentes a ele. Posteriormente, as aplicações desse teorema em diferentes campos da física foram discutidas, evidenciando sua importância central na compreensão de fenômenos físicos complexos. 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre este tema, leia os artigos a seguir: 1. GOMES, A. H. Lei de Gauss sem superfí- cies gaussianas. Revista Brasileira de Ensino de Física, [s. l.], v. 40, n. 1, 2018. Disponível aqui. 2. KRAPAS, S.; ALVES, F.; DE CARVALHO, L. R. MODELOS MENTAIS E A LEI DE GAUSS. Investigações em Ensino de Ciências, [s. l.], v. 5, n. 1, p. 7-21, 2016. Disponível aqui. 3. LAGE, E. Os fundamentos do eletromag- netismo. Revista de Ciência Elementar, Porto, v. 9, n. 1, 2021. Disponível aqui. 4. OLIVEIRA, S. Uma releitura sobre a abor- dagem da Lei de Coulomb e da Lei de Gauss no Ensino de Física para os cursos de Engenharia. Revista Conexão Ciên- cia, Minas Gerais, v. 11, n. 2, 2016. Disponível aqui. 5. TONIDANDEL, D. A. V.; ARAÚJO, A. E.A. DE; BOAVENTURA, W. DO C. História da Eletricidade e do Magnetismo: da Anti- guidade à Idade Média. Revista Brasi- leira de Ensino de Física, [s. l.], v. 40, n. 4, p. e4602, 2018. Disponível aqui. https://www.scielo.br/j/rbef/a/Q7QMFqzWCVmf5drjdy93fXL/?format=pdf&lang=pt. https://ienci.if.ufrgs.br/index.php/ienci/article/view/612 https://rce.casadasciencias.org/rceapp/pdf/2021/016/. https://rce.casadasciencias.org/rceapp/pdf/2021/016/ https://www.scielo.br/j/rbef/a/fQ4Ck9MFSK5gHxKnQJy7T3x/?format=pdf&lang=pt UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 62 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO > Distinguir e calcular as grandezas de energia e potência em circuitos elétricos simples. > Analisar o comportamento de correntes e resistências em circuitos, bem como a influência e cálculo da capacitância. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO 3 ENERGIA, POTÊNCIA E FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS INTRODUÇÃO DA UNIDADE A eletricidade é algo bastante presente em nosso cotidiano, e desempenha um papel fundamental no mundo em que vivemos hoje. A iluminação, apa- relhos eletrônicos, motores elétricos e sistemas de comunicação, tudo isso é regido pela eletricidade. Nesta unidade, exploraremos alguns conceitos relacionados à eletricidade que nos ajudarão a entender como ela funciona e quais suas aplicações. Abor- daremos cinco tópicos: energia elétrica potencial, potencial elétrico, corrente elétrica, resistência elétrica e capacitância. Ao longo desta unidade, veremos como a energia elétrica potencial é armaze- nada em cargas elétricas e como ela se transforma em potencial elétrico, uma medida da energia por unidade de carga. Estudaremos o conceito de corren- te elétrica, que é o fluxo de cargas em um circuito, responsável por fazer fun- cionar dispositivos elétricos e eletrônicos. Discutiremos também a resistência elétrica, que representa a oposição ao fluxo da corrente e desempenha um papel crucial na dissipação de energia. Por fim, entraremos no conceito de capacitância, uma propriedade elétrica que permite armazenar carga elétrica e é fundamental em dispositivos como capacitores. Ao compreender esses conceitos, você estará preparado para analisar e projetar circuitos elétricos, bem como para compreender a eletri- cidade em um nível mais profundo, permitindo que você a utilize de forma eficaz e segura em sua vida cotidiana. 64 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.1 ENERGIA E POTÊNCIA Quando estudamos energia, aprendemos que um objeto possui energia po- tencial gravitacional devido à sua posição dentro de um campo gravitacional. De maneira semelhante, um objeto eletrizado tem uma energia potencial atribuída à sua posição dentro de um campo elétrico. Assim como é necessá- rio realizar trabalho para erguer um objeto de grande massa contra o campo gravitacional da Terra, é igualmente necessário realizar trabalho para mover uma partícula carregada contra o campo elétrico gerado por um outro corpo eletrizado. Esse trabalho altera a energia potencial elétrica da partícula carre- gada (Hewitt, 2023). SOLDAGEM Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: um homem com equipamento de proteção soldando e saindo faíscas. Em um tipo de soldagem, a carga elétrica se desloca entre o equipamento de solda e as partes de metal a serem soldadas. Isso produz um arco luminoso que funde as peças por causa de sua alta temperatura. O equipamento de sol- da deve ser mantido próximo às peças a serem soldadas porque existe uma grande diferença de potencial entre os dois e quanto menor for a distância entre esses condutores, maior será o campo elétrico entre eles (Young, 2015). 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO ELETROCARDIOGRAMA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: mulher com roupa de academia, usando um equipamento de caminhada com eletrodos no corpo, e uma tela mostra o eletrocardiograma. Os eletrodos utilizados em um eletrocardiograma (ECG) capturam variações de potencial, tipicamente não excedendo 1 mV, em distintas áreas da pele do indivíduo. Essas variações indicam as diferenças de potencial nas zonas do coração, oferecendo, assim, um método sensível para identificar possíveis irre- gularidades na atividade elétrica que regula a função cardíaca (Young, 2015). A energia potencial elétrica está associada à posição da carga elétrica em um campo elétrico. Ela descreve o trabalho necessário para mover a carga de um ponto de referência até sua posição atual, sem produzir qualquer aceleração (Young, 2015). 66 ELETROMAGNETISMO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.1.1 ENERGIA Em relação a qualquer força conservativa, a variação na energia potencial oriunda de uma reconfiguração espacial de um sistema é igual ao valor nega- tivo do trabalho realizado pela força conservativa durante esse rearranjo. Em um sistema composto por duas ou mais partículas, o trabalho desempenha- do por uma força elétrica, denotado como , ao passar de um estado inicial para um estado final durante uma mudança na configuração do sistema, pode ser expresso em termos da mudança na energia potencial elétrica, re- presentada por ΔU (Bauer, 2012; Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014): Em que: ié a energia potencial elétrica inicial. é a energia potencial elétrica final. O trabalho realizado não depende da trajetória efetuada. A escolha de um ponto de referência para a energia potencial é importante, tanto no caso da energia potencial gravitacional quanto na energia poten- cial elétrica. Essa escolha simplifica as equações e os cálculos, tornando-os mais convenientes. No contexto da energia potencial elétrica, a configuração de referência frequentemente escolhida é aquela em que as cargas envolvi- das estão infinitamente distantes umas das outras (Bauer, 2012; Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). Quando essa convenção é adotada, a equação para a variação de energia po- tencial elétrica ΔU pode ser reescrita como: 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ELETROMAGNETISMO Nessa equação, 0 representa a energia potencial em um ponto infinitamen- te distante das cargas envolvidas, e Uf representa a energia potencial em um ponto específico próximo às cargas. Essa diferença entre as energias potenciais nos permite calcular a variação de energia potencial elétrica ΔU (Bauer, 2012). Essa convenção de energia potencial nula para distâncias infinitas é ampla- mente aceita e muito útil, especialmente quando tratamos de sistemas que envolvem cargas puntiformes. No entanto, em algumas situações físicas es- pecíficas, pode haver uma razão para escolher uma referência para a energia potencial em algum ponto do espaço que não resulte em um valor nulo de energia potencial quando a separação entre as cargas for infinita (Bauer, 2012; Knight, 2009; Serway; Jewett, 2014). Essa escolha alternativa pode ocorrer em casos em que as interações elétricas são influenciadas por outros fatores além da simples distância, como a pre- sença de outros campos elétricos ou a configuração espacial das cargas. Em tais situações, é necessário ajustar a convenção de referência para levar em consideração esses fatores adicionais e garantir que os cálculos correspon- dam à realidade física. Vamos analisar uma carga pontual, q, que se desloca sob a influência de um campo elétrico constante. O trabalho gerado por uma força constante é re- presentado é W=F∙d. Nesse caso, como a força constante é exercida por um campo elétrico constante, então: F=q∙E. Dessa forma, o trabalho realizado pelo campo é dado por (Bauer, 2012; Knight,