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0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano Objetivo geral Ler, produzir e interpretar contos árabes da obra As mil e uma noites. Objetivos específicos ● Ler um texto de forma autônoma. ● Levantar hipóteses sobre o tema ou assunto desenvolvido. ● Analisar a estrutura de contos que se sobrepõem em torno de uma história principal, perceben- do a construção de um clímax nessas narrativas. ● Esclarecer o significado de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta ao dicio- nário. ● Pensar e falar sobre a própria linguagem, em função do seu uso e de acordo com suas necessi- dades. ● Analisar os diferentes modos de dizer e as escolhas lexicais para dar maior coerência aos tex- tos. ● Analisar pontuação dos textos como elementos que garantem a coesão. ● Escrever contos com histórias sobrepostas. ● Apreciar e valorizar os contos árabes da obra As mil e uma noites como formas de comunica- ção. A TORRE DAS MIL TRISTEZAS Um dia, faz luas e luas, a terceira esposa do califa Harun al-Rachid deu à luz uma princesa que foi chamada de Maimara. A criança, coitada, era de uma feiura incomum e, ao crescer, esse defeito só se acentuou. Seu pai, consternado, solicitou a opinião dos maiores médicos do Orien- te. Uns aplicaram à garotinha cremes unguentos que inflamaram sua pele; outros mais lhe pres- creveram tisanas que turvaram sua tez, amarelando sua língua e desbotaram seus cabelos. Em suma, os cuidados deles não só foram inúteis como a enfearam mais ainda – se é que isso era possível. Diante da impotência dos remédios terrestres, o califa recorreu ao Céu. Arrecadou um imposto para construir uma mesquita a fim de atrair as boas graças de Alá e decretou um jejum ilimitado. De dia como de noite, preces se elevavam ao Altíssimo. Queimaram incenso, fizeram penitência, sacrificaram cordeiros recém-nascidos, tudo em vão: a aparência da princesa não me- lhorou, muito pelo contrário. Quando ela fez quinze anos, sua falta de graça era tanta que, apesar do véu, ninguém conseguia olhar para ela sem estremecer. 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano Ora, um dia, uma velha apresentou-se ao califa. “Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim. Tenho alguns dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu poderia vir em seu socorro?” Com o coração cheio de esperança, Harun al-Rachid levou a visitante aos aposentos de sua filha. Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava. Não está em meu poder mudar o seu rosto, minha pobre filha, a não ser, porém, quando as lágrimas o inundarem. Então, e só então, as suas disformidades se apagarão e suas feições se tornarão agradáveis. Mas assim que suas lágrimas secarem, você retornará à aparência habitual.” Ao ouvir essas palavras, a princesa caiu no choro. Logo seu nariz encolheu, seus lábios afinaram, seus olhos foram rodeados de longos cílios. Faces delicadas, um lindo queixo redondo, uma fronte lisa e arredondada substituíram suas feições medonhas. Em suma, ela ofereceu, dian- te dos olhos maravilhados de seu pai, o espetáculo encantador de uma beleza sem falhas. O olhar com que ele a gratificou era tão eloquente que, sem perder um instante, Maimara pediu um espelho. Ao ver ali seu deslumbrante reflexo, sentiu tanta alegria que suas lágrimas se- caram. No mesmo instante, assim como a velha previra, ela voltou a ser feia. A tristeza que sentiu a fez chorar – e, como por encanto, ficou bonita de novo. O que a alegrou, a enfeou, e assim por diante. Imaginam-se facilmente por que pavores passou o califa, testemunha dessas mudanças sucessivas. Tal como fenômeno “moto-contínuo”, a alternância da beleza e da feiura da princesa poderia durar eternamente se o pai não lhe tivesse arrancado o espelho. Então, frustrada, Maima- ra chorou sem parar, para grande alívio do pai. Infelizmente, quando ficou sabendo do prodígio, toda a corte quis assistir à transformação. Os nobres se amontoavam em volta da pobre coitada, e o mecanismo infernal recomeçou. Como os gritos de admiração provocados por sua metamorfose a consolaram, Maimara reencontrou tanto o sorriso quanto o rosto horroroso. E esse semblante foi acolhido com exclamações de hor- ror, que a entristeceram. E, na mesma hora, isso a embelezou. Uma chuva de aplausos saudou a mudança. Como é de imaginar, que se divertissem assim com a princesa não foi do agrado do califa. Portanto, ele logo dispersou a plateia e, disposto a subtrair Maimara da curiosidade de seu círcu- lo, mandou trancá-la numa torre alta sem porta nem janelas, tendo como única companhia uma aia cega. Passaram-se anos. Nenhuma visita foi distrair as reclusas, cuja comida era transportada toda noite dentro de uma cesta presa a uma polia, que elas içavam para seu retiro. Assim, a não 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano ser o escravo encarregado de abastecê-las, todos a esqueceram. Naquele triste lugar, Maimara se aborrecia muito. Chorava sem parar e, por conseguinte, estava sempre bela – o que, porém, não a alegrava, pois todos os espelhos tinham sido banidos de seu ambiente. Mas nos países vizinhos correu o rumor de que no reino de Harun al-Rachid uma princesa de beleza incomum vivia trancada numa torre – apelidada “torre das mil tristezas” – de onde toda noite escapavam soluços, quando a moça confiava sua tristeza às estrelas. Esse rumor chegou aos ouvidos de Omar, príncipe de Samarcanda. De temperamento ardente, ele re- solveu soltar a cativa e torná-la sua esposa. Portanto, partiu numa bela manhã a fim de realizar seu projeto. Ao chegar ao pé da torre, ficou pensando como, afinal, penetraria ali, e de repente apa- receu o escravo que levava as provisões. Quando o escravo dava um grito, a cesta descia, e ali dentro ele colocava carnes, frutas e vinhos finos; logo que a cesta estava cheia, subia pelas nu- vens. Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia seguinte e, no momento do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apare- ceu. Ele se meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a aia, que puxava a corda, desconfiasse da trapaça. Qual não foi a surpresa de Maimara quando viu surgir um homem, em vez de seu jantar! Omar, maravilhado com sua graça – bem superior a tudo o que ele imaginara! – não de- morou a declarar-lhe sua paixão. Ora, toda noite a princesa rezava a Alá para que um belo rapaz aparecesse e a livrasse de seu destino. Diante da realização de seu desejo, ela se mostrou trans- figurada de felicidade… e ficou mais medonha do que nunca tinha sido. Quando lhe estendeu os braços cheia de arrebatamento, o horror do príncipe foi tamanho que ele recuou, tropeçou, caiu no vazio e quebrou o crânio. A partir desse dia, a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu úni- co objetivo, sua única ocupação. E, como andava inconsolável, desde então o pai lhe permitiu voltar para a corte. E enquanto ela se debulhava em lágrimas, a toda hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância, todos a invejavam por possuir, apesar da falta de sorte, as três coisas a que a criatura humana mais aspira: a beleza, o amor e a liberdade. GODULE. Contos e lendas das mil e uma noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 165- 172. 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano De olho no texto 1. Qual era o defeito da filha do califa Harun al-Rachid? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 2. Procure no texto e liste abaixo algumas das tentativas do califa para resolver o problema da menina: a) recorrendoa remédios terrestres: __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ b) recorrendo ao Céu: __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 3. Qual a personagem que tenta ajudar o califa? O que ela faz para ame- nizar o problema da princesa? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ O objetivo das questões 1 a 5 é abordar o texto do ponto de vista do seu conteúdo. As questões 1, 2 e 3 preveem a identificação e a recuperação de informações que aparecem no gênero em estudo. 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano 4. A partir desse encanto, explique por que começa a ocorrer a alternân- cia da beleza e da feiura da princesa. O encanto foi eficiente? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 5. Qual o fato que marca a vida da princesa no final, fazendo com que ela retorne ao castelo? O que a princesa sentiu nesse momento? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 6. Esse é um conto que faz parte do livro As mil e uma noites. Se Shera- zade estivesse contando a história, iria usar um recurso para prender a atenção do rei Shariar. Que recurso seria esse? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ A questão 4 tem como objetivo verificar se o aluno tem uma compreensão global do texto, sintetizando ideias. As questões 5 e 6 abordam a compreensão e a interpretação de informações, verificando se os alunos são capazes de realizar inferências a partir da leitura do texto. As questões 6 e 7 remetem-se à estrutura composicional do gênero, a fim de que os alunos percebam o fato de que nos contos de As mil e 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano 7. Se você tivesse que escolher um trecho da história lida para usar o recurso que Sherazade usa para prender a atenção do rei, que trecho você escolheria? Justifique sua resposta. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 8) O autor escolheu verbos diferentes para indicar as falas das persona- gens. Confira: “Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio che- gou a mim”. Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”. Você já sabe que os verbos dicendi, ou seja, os verbos de dizer, podem ser diferentes ao longo do texto, para transmitir o que as personagens fazem, como elas falam ou que estão fazendo. Escolha verbos diferen- tes para colocar nos textos abaixo. Mas, atenção: os verbos precisam combinar com a história! “Comandante dos Crentes”, ela lhe _________________, “o eco do seu infortúnio chegou a mim”. Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha _______________: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”. uma noites as histórias se interligam. Sherazade sempre finaliza a história em uma parte emocionante para prender o interesse do califa, seu interlocutor, e continuar viva até o dia seguinte, característica marcante desse gênero textual. A questão 8 reflete sobre o plano da linguagem empregada pelo autor. A análise dos verbos dicendi nos diálogos oferece instrumentos para ampliar o vocabulário dos alunos e tornar o texto mais interessante e menos repetitivo. 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano Padrões da escrita 1. Releia: “Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia seguinte e, no momento do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apareceu. Ele se meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a aia, que puxa- va a corda, desconfiasse da trapaça.” 2. Imagine que no trecho acima, em vez de um príncipe seriam dois prín- cipes. Continue o texto abaixo fazendo as alterações necessárias. Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito dos príncipes. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 3. No texto os diálogos aparecem entre aspas. Transcreva os diálogos abaixo usando os travessões no lugar das aspas: Ora, um dia, uma velha apresentou-se ao califa. “Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio che- gou a mim. Tenho alguns dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu poderia vir em seu socorro?” __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ As atividades retomam a análise e a reflexão sobre a língua, mais especificamentesobre a concordância entre as palavras, o uso de travessão nos diálogos e a escrita correta do plural de palavras que terminam com vogal, L, U e EM. Na questão 2, os alunos devem verificar que as palavras concordam entre si e que se uma delas muda para o plural, as outras acompanham. Na questão 3, o objetivo é perceber que há várias formas de organizar o diálogo e que a pontuação e a paragrafação também são diferentes. 0800 13 0033 www.moderna.com.br/conviver Todos os direitos reservados Avaliação – Português 4º ano 4. Durante este bimestre, você descobriu como se forma o plural de al- gumas palavras. Aplique seus conhecimentos, reescrevendo as palavras abaixo no plural: ● princesa – _________________________ ● canal – ____________________________ ● atriz – _____________________________ ● bagagem – _________________________ Produção de texto Você já sabe que a obra As mil e uma noites tem uma construção espe- cial: as histórias estão ligadas a tal ponto que parecem nunca terminar, ou seja, são histórias dentro de outras histórias. 1. Agora a Sherazade é você! Crie uma continuação para fazer parte do livro As mil e uma noites a partir do final da história “A torre das mil triste- zas”. 2. Não se esqueça de criar uma narrativa com elementos e personagens da cultura árabe e de criar um conflito bem emocionante para prender a atenção do sultão Shariar. 3. Quando acabar, faça uma releitura cuidadosa observando a pontua- ção e a escrita correta das palavras. 4. Crie sua história a partir desse trecho que faz parte do final do conto “A torre das mil tristezas”: A partir desse dia, a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu único objetivo, sua única ocupação. E, como andava in- consolável, desde então o pai lhe permitiu voltar para a corte. E enquan- to ela se debulhava em lágrimas, a toda hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância, ... __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ Na questão 4, são retomados aspectos ortográficos, pois há um padrão na escrita do plural das palavras de acordo com a sua terminação. Essas descobertas apoiam-se em regras que se aplicam a outras palavras da língua portuguesa, facilitando a escrita. As atividades de produção de texto podem compreender etapas de revisão e de edição do texto escrito. A ênfase se dá principalmente no processo, que poderá ter versões preliminares com mediações do professor ou feitas de forma autônoma, a partir da pauta sugerida nos itens 2 e 3.