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FACULDADE ANHANGUERA DE MACEIÓ BACHARELADO EM FARMÁCIA MARIANA GOMES AMORIM SOARES RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS Maceió Dezembro/2022 MARIANA GOMES AMORIM SOARES RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS Maceió Dezembro/2022 Relatório apresentado como requisito final para a conclusão da disciplina de estágio supervisionado em dispensação de medicamentos, 7 período de Farmácia na Faculdade Anhanguera de Maceió. Orientadora: Profa. Ma. Polyana Cristina Barros Silva. LISTA DE SIGLAS AF Atenção Farmacêutica RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais SINDUSFARMA Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 04 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 06 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 06 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 06 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 07 4 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 08 4.1 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ....................................................................... 08 4.2 CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ...................................................... 11 4.3 CENÁRIO DO MERCADO FARMACÊUTICO ATUAL PRIVADO E PERFIL LOCAL....................................................................................................................... 12 4.4 PRINCIPAIS SERVIÇOS RELACIONADOS A DISPENSAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ................................................................ 13 4.5 NORMAS LEGISLATIVAS QUE ORIENTAM A DISPENSAÇÃO EM FARMÁCIAS...............................................................................................................15 4.6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO..................................................19 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23 ANEXOS....................................................................................................................24 4 1 INTRODUÇÃO A Atenção Farmacêutica (AF) foi implantada no cenário nacional a partir de 2001, visando à sua estruturação e desenvolvimento, através de um convênio estabelecido entre o Conselho Federal de Farmácia (CFF) com a Organização Pan- Americana de Saúde (BOVO; WISNIEWSKI; MORSKEI, 2019). Por ser um serviço que requer do profissional compromisso, ética, competência técnica e científica atuando de forma eficaz, contando sempre com a colaboração do paciente, a AF contempla o seguimento farmacoterapêutico (SF) (BATISTA et al., 2020). O SF visa o tratamento farmacológico dos pacientes com dois objetivos a serem atingidos: garantir que o tratamento medicamentoso obtenha a eficácia desejada pelo prescritor e pelo paciente, além de prevenir ou intervir, de forma antecipada, alertando do aparecimento de efeitos indesejáveis (DA ROCHA JUNQUEIRA et al., 2019). Batista e colaboradores (2020), corrobora que a elucidação de equívocos relacionados à terapia medicamentosa contribui na qualidade dos serviços prestados pelos profissionais farmacêuticos na detecção de problemas relacionados a medicamentos, ao avaliar os resultados acerca dos aspectos de efetividade e/ ou de adesão do tratamento e identificar prováveis implicações negativas associadas ao medicamento, o que contribui para redução e prevenção da morbidade e mortalidade relacionada a medicamentos. Existe a necessidade de adotar uma atuação clínica diferenciada e competitiva onde o farmacêutico como profissional de saúde intimamente relacionado ao medicamento e acessível à população, pode desenvolver ações, como promotor e orientador, estabelecendo uma relação de confiança com os seus pacientes (FARINA; ROMANO-LIEBER, 2019). De acordo com dados apresentados referentes ao ano de 2013 pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico – Farmacológicas o número de óbitos registrados por intoxicação de medicamentos ocupa o segundo lugar no país que representa 22,01% do total (FEGADOLLI et al., 2013). As prescrições inadequadas, a não adesão ao tratamento e reações adversas, contribuem para o aumento deste índice, que poderia ser evitado com implemento dos serviços da AF nas farmácias comunitárias do país, a oferta deste serviço podem apresentar um impacto positivo na qualidade de vida do paciente, traz segurança ao 5 sistema de saúde e para os gestores públicos uma redução de gastos com internamento hospitalares provenientes de farmacoterapia inadequada o que gera eficiência no uso das verbas públicas (REIS, 2013). Estes fatores serviram para intensificar a necessidade da realização desse estudo, pois demonstrou as dificuldades na implementação da AF, que é tida como uma atividade que propõe em suas ações voltadas para o paciente, a obtenção de resultados concretos através de uma farmacoterapia correta (MACEDO, 2015). 6 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Elaborar um relatório referente as atividades do estágio de Dispensação de medicamentos referente ao semestre 2022/2. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Desenvolver os aspectos da assistência farmacêutica; Descrever o ciclo da assistência farmacêutica; Caracterizar o cenário do mercado farmacêutico atual privado relacionando com o perfil local; Explanar os principais serviços relacionados à dispensação e administração de medicamentos; Relatar as normas legislativas que orientam a dispensação em farmácias. Descrever as atividades desenvolvidas no estágio. 7 3 METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura. Para o desenvolvimento da pesquisa e melhor compreensão do tema, este relatório foi elaborado a partir dos registros, análise e organização dos dados bibliográficos, instrumentos que permite uma maior compreensão e interpretação crítica das fontes obtidas. A elaboração da pesquisa teve como ferramenta embasadora, material já publicado sobre o tema, artigos científicos, publicações periódicas e materiais na Internet disponíveis nos seguintes bancos de dados: Scielo, Lilacs, Bireme, Ministério da saúde, DataSUS. Por meio dos descritores selecionados segundo a classificação dos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS): Farmacêutico. Dispensação. Farmácia comercial. Foram utilizados os artigos que se encontrarem disponíveis na íntegra, publicados entre os anos de 2011 a 2022. 8 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A assistência farmacêutica na saúde pública foi assegurada a partir da Lei nº 8.080/90, onde em seu artigo 6º – Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde – a execução de ações: “de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica” (BOVO; WISNIEWSKI; MORSKEI, 2019). Porém, somente oito anos depois, por meio da Portaria GM nº 3.916 de 30 do outubro de 1998 – que aprova a Política Nacional de Medicamentos (PNM)– a Assistência Farmacêutica consolidou-se, estabelecendo diretrizes, prioridades e responsabilidades para os gestores federal, estadual e municipal do SUS. Segundo a PNM, a Assistência Farmacêutica (AF) foi conceituada como: “um grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos” (FEGADOLLI et al., 2013). A PNM passou a nortear todas as ações do Ministério da Saúde, quanto à gestão de medicamentos do setor público, sendo um instrumento fundamental para a efetiva implantação de ações capazes de promover a melhora das condições da assistência à saúde da população. O objetivo da PNM foi formular diretrizes para a reorientação do modelo de AF e definir o papel das três instâncias político- administrativas do SUS, garantindo o acesso da população a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, ao menor custo possível, promover o uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais (FEGADOLLI et al., 2013). Para isto, estabeleceram oito diretrizes e quatro prioridades observados os princípios constitucionais. Dentre as oito diretrizes formuladas, cita-se: adoção da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME); regulação sanitária de medicamentos; reorientação da Assistência Farmacêutica; promoção do uso racional de medicamentos; desenvolvimento científico e tecnológico; promoção da produção de medicamentos; garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos; e 9 desenvolvimento e capacitação de recursos humanos (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). 1) Adoção da Relação de Medicamentos Essenciais: esta conduta contribuiu para a padronização nacional de medicamentos a serem utilizados nos diversos níveis de atenção a saúde e para maior eficiência no gerenciamento da AF, desenvolvimento tecnológico e científico, e racionalização de custos promovendo o URM (BATISTA et al., 2020). 2) Regulamentação Sanitária de Medicamentos: ações desenvolvidas a nível federal de fiscalização e regulamentação de registro de medicamentos e da autorização de funcionamento desde os produtores até o varejo de medicamentos, bem como das restrições àqueles sujeitos a controle especial. A regulamentação sanitária de medicamentos tem como objetivo garantir eficácia, segurança, qualidade e custo aos produtos farmacêuticos (MASTROIANNI e LUCCHETTA, 2011). 3) Reorientação da Assistência Farmacêutica: intuito de descentralizar e implementar no âmbito das três instâncias político-administrativas do SUS, todas as atividades relacionadas à promoção ao acesso da população aos medicamentos essenciais, incluindo as atividades de seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição, controle de qualidade e dispensação, prescrição e utilização de medicamentos (BATISTA et al., 2020). 4) Promoção do Uso Racional de Medicamentos: as principais ações estão dirigidas aos profissionais prescritores, à adoção de medicamentos genéricos, abuso de propagandas, adequação de currículos dos cursos de formação e orientações aos usuários (BRASIL, 1998). 5) Desenvolvimento Científico e Tecnológico: objetiva tomar medidas estratégicas envolvendo os Ministérios da Saúde, da Educação, de Ciência e Tecnologia e outros relacionados à pesquisa e desenvolvimento (BRASIL, 1998). 6) Promoção da Produção de Medicamentos: esta estratégia favorece o melhor aproveitamento dos laboratórios oficiais e nacionais, especialmente na fabricação de medicamentos contemplados na RENAME (BATISTA et al., 2020). 7) Garantia da Segurança, Eficácia e Qualidade dos Medicamentos: as ações serão coordenadas pela Secretaria de Vigilância Sanitária e os testes de qualidade feitos pela Rede de Laboratórios Analíticos-Certificadores em Saúde (REBLAS) (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). 8) Desenvolvimento e Capacitação de Recursos Humanos, especialmente voltados para operacionalização da Política Nacional de Saúde (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). De acordo com o Ministério da Saúde (MS) do Brasil, Portaria 10 GM nº 2.981 de 2009, e Portaria n° 4.217 de 2010, a Assistência Farmacêutica (AF) integra atualmente três principais componentes: a) Componente Básico; b) Componente Estratégico; e c) Componente Especializado. Estes fazem parte dos blocos de financiamento de medicamentos e insumos disponibilizados no âmbito da Atenção Básica e de Média e Alta Complexidade do SUS, cujo elenco selecionado e padronizado encontra-se na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), atualizada a cada dois anos (FEGADOLLI et al., 2013). 11 4.2 CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Seleção de medicamentos - constitui em um processo de escolha daqueles medicamentos eficazes e seguros, imprescindíveis aos atendimentos das necessidades de uma dada população, tendo como base as doenças prevalentes, com a finalidade de garantir a terapêutica medicamentosa de qualidade nos diversos níveis de atenção a saúde (BATISTA et al., 2020). Programar medicamentos - consiste em estimar quantidades a serem adquiridas que atendam determinada demanda de serviço, por um período definido de tempo, possuindo influência direta sobre o abastecimento e o acesso ao medicamento (BATISTA et al., 2020). Aquisição de medicamentos - consiste num conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva o processo de compra dos medicamentos estabelecidos pela programação, com o objetivo de suprir as unidades de saúde em quantidade, qualidade e menor custo/efetividade, visando manter a regularidade e funcionamento do sistema (FEGADOLLI et al., 2013). Armazenamento de medicamentos - consiste em um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que envolvem as atividades de recepção/recebimento de medicamento, estocagem e guarda de medicamentos, conservação de medicamentos; e controle de estoque (BATISTA et al., 2020). Distribuição de medicamentos - consiste no suprimento de medicamentos às unidades de saúde, em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para posterior dispensação à população usuária (FEGADOLLI et al., 2013). Dispensação – constitui o ato do farmacêutico de orientar e fornecer medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não (BOVO; WISNIEWSKI; MORSKEI, 2019). 12 4.3 CENÁRIO DO MERCADO FARMACÊUTICO ATUAL PRIVADO E PERFIL LOCAL Em análise global, o mercado farmacêutico alcançou US$ 1,74 trilhões em vendas em 2020. Já o mercado brasileiro de medicamentos no Canal Farmácia movimentou R$ 76,98 bilhões em 2020, alta de 8,58%, e venda equivalente a 4,7 bilhões de unidades (caixas), segundo o levantamento da consultoria IQVIA (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). O Brasil responde aproximadamente por 2% do mercado mundial, sendo o 7º em faturamento no ranking das 20 principais economias e projeção de 5º para 2023. Na América Latina, é o principal mercado (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). Em nossa série sobre a Indústria Farmacêutica, SDV Advogados traz a força do setor. Os dados são parte do levantamento recebido com exclusividade do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), elaborado pela Diretoria de Mercado e Assuntos Jurídicos. Em 2019, o mercado brasileiro de medicamentos tinha 249 laboratórios farmacêuticos regularizados, com preços registrados na CMED. Dessas empresas, 101 (41%) eram de origem internacional e148 (59%), de capital nacional. No Canal Farmácia, as empresas multinacionais detêm 51,6% do mercado em faturamento e 34% em unidades vendidas (caixas). Os laboratórios nacionais respondem por 48,4% do mercado em faturamento e 66% em unidades vendidas (caixas). A crescente participação dos medicamentos genéricos deu às empresas nacionais a liderança em vendas por unidades (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022). 13 4.4 PRINCIPAIS SERVIÇOS RELACIONADOS A DISPENSAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS A Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, estabelece que o processo de dispensação de medicamentos na farmácia está sob a responsabilidade do profissional farmacêutico (BOVO; WISNIEWSKI; MORSKEI, 2019). Com o passar dos anos houve o surgimento de novas definições das atividades farmacêuticas, tais como, as quais têm influenciado cada vez mais estes profissionais a assumir um papel ativo de promoção da saúde. A profissão farmacêutica está mudando da simples oferta de medicamentos para uma função clínica de fornecimento de informações (FEGADOLLI et al., 2013). Neste contexto, Correia, Clapis e De Moraes (2022), ressaltam que o farmacêutico, como um profissional capaz de interagir com os prescritores e os pacientes, deve possuir o quesito informação como alicerce desta relação. A informação repassada deve ser confiável e baseada em evidências (MACEDO, 2015). Porém, muitas vezes, a informação que o farmacêutico tem acesso nas farmácias é obtida de fontes terciárias, como apontado por Correr et al. (2014), o que pode ser crítico ao atendimento prestado. Isto pode ocorrer pelo fato das fontes mais precisas serem muitas vezes inacessíveis, seja pelo custo ou pela língua, ou mesmo em algumas situações pela dificuldade de negociação com o proprietário. Além disso, Silva e Vieira (2014), alertam para o fato de que, quando o farmacêutico exerce sua função de prestar serviços na farmácia, muitas vezes, apresenta deficiências de conhecimento que podem gerar distorções do seu verdadeiro papel. Por outro lado, o tempo disponível (pelo paciente ou farmacêutico) para o atendimento pode ser insuficiente para que sejam prestadas as devidas orientações, contribuindo também para que haja distorções. Macedo (2015), indica que a capacitação do farmacêutico passa a ser uma importante estratégia de saúde pública quando se busca a prevenção de doenças e o uso racional de medicamentos. Correr et al. (2004) enfatizam este caminho e apresentam que é o farmacêutico comunitário, que atua na dispensação, quem tem procurado formação na área de Atenção Farmacêutica. Na perspectiva da promoção de saúde, a Organização Mundial da Saúde promoveu diversos encontros discutindo o tema “O papel do farmacêutico no sistema de atenção da saúde” (OMS, 1993). Destes encontros foi elaborado, pela Federação Internacional dos Farmacêuticos, o 14 documento “Boas práticas em farmácia: normas de qualidade de serviços farmacêuticos” (FEGADOLLI et al., 2013). Este documento tem sido norteador de diversas alterações nos serviços farmacêuticos, em especial naqueles com foco no paciente como é o caso da Atenção Farmacêutica. Correia, Clapis e De Moraes (2022), demonstram que os farmacêuticos apresentam diversos desafios perante mudança de prática na farmácia comunitária, entre eles se destacam: a priorização dos interesses econômicos e a exigência do cumprimento de tarefas administrativas no processo de trabalho, em detrimento das atividades clínicas e de educação em saúde. Os próprios pacientes reivindicam por um profissional farmacêutico que não promova a prestação do serviço somente pensando no seu retorno financeiro (MACEDO, 2015). Com a publicação do conceito de Atenção Farmacêutica como sendo: “a provisão responsável da farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados satisfatórios que melhorem a qualidade de vida dos pacientes”, surge também o conceito de Problemas Relacionados à Farmacoterapia (MACEDO, 2015). Este último conceito é apresentado como sendo “qualquer evento indesejável em que o paciente apresente-se envolvendo ou com suspeita de envolvimento do tratamento farmacológico e que interfira de maneira real ou provável na evolução do paciente”. Estes problemas foram sistematizados por diversos grupos, sendo que os mais aceitos são os descritos pelo grupo de Granada (CORRÊA; CLAPIS; DE MORAES, 2022), que os classificam em três categorias que são: necessidade, efetividade e segurança. O processo de identificação de Problemas Relacionados à Farmacoterapia requer a análise minuciosa dos problemas de saúde dos pacientes e dos medicamentos em uso pelos mesmos (MACEDO, 2015), sendo realizado durante a Atenção Farmacêutica. A realização deste processo na farmácia comunitária apresenta limitações, principalmente relacionadas à carga de trabalho dos farmacêuticos, à falta de tempo e de estrutura física dos estabelecimentos (BOVO; WISNIEWSKI; MORSKEI, 2019). 15 4.5 NORMAS LEGISLATIVAS QUE ORIENTAM A DISPENSAÇÃO EM FARMÁCIAS DECRETO No 20.377, DE 8 DE SETEMBRO DE 1931. Aprova a regulamentação do exercício da profissão farmacêutica no Brasil LEI Nº 3.820, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1960. Cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia, e dá outras providências. DECRETO No 85.878, DE 7 DE ABRIL DE 1981. Estabelece normas para execução da Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências RESOLUÇÃO Nº 160 DE 23 DE ABRIL DE 1982 – CFF Dispõe sobre o exercício da Profissão Farmacêutica. RESOLUÇÃO Nº 261 DE 16 DE SETEMBRO DE 1994 – CFF Dispõe sobre responsabilidade técnica. RESOLUÇÃO 308 DE 2 DE MAIO DE 1997 – CFF Dispõe sobre a Assistência Farmacêutica em farmácias e drogarias. RESOLUÇÃO Nº 349 DE 20 DE JANEIRO DE 2000 – CFF Estabelece a competência do farmacêutico em proceder a intercambialidade ou substituição genérica de medicamentos. RESOLUÇÃO Nº 357 DE 20 DE ABRIL DE 2001 – CFF Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia. (Alterada pela Resolução nº 416/04) RESOLUÇÃO Nº 437 DE 28 DE JULHO DE 2005 – CFF Regulamenta a atividade profissional do farmacêutico no fracionamento de medicamentos. RESOLUÇÃO Nº 461 DE 2 DE MAIO DE 2007 – CFF Dispõe sobre as infrações e sanções éticas e disciplinares, aos farmacêuticos. 16 RESOLUÇÃO nº 499 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2008 – CFF Dispõe sobre a prestação de serviços farmacêuticos, em farmácias e drogarias, e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 505 DE 23 DE JUNHO DE 2009 – CFF Revoga os artigos 2º e 34 e dá nova redação aos artigos 1º, 10, 11, parágrafo único, bem como ao Capítulo III e aos Anexos I e II da Resolução nº 499/08 do Conselho Federal de Farmácia. RESOLUÇÃO Nº 522 DE 16 DE DEZEMBRO DE 2009 – CFF Regulamenta o procedimento de fiscalização dos Conselhos Regionais de Farmácia e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 542, DE 19 DE JANEIRO DE 2011 – CFF Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na dispensação e no controle de antimicrobianos. (Alterada pela Resolução nº. 545, de 18 de maio de 2011.) RESOLUÇÃO Nº 585 DE 29 DE AGOSTO DE 2013 – CFF Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 586 DE 29 DE AGOSTO DE 2013 – CFF Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 596 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2014 – CFF [CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA ATUAL] Dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece as infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares. Revoga as Resoluções nº 160/82, nº 231/91, nº 417/04, nº 418/04 e nº 461/07 RESOLUÇÃO Nº 654 DE 22 DE FEVEREIRO DE 2018 Dispõe sobre os requisitos necessários à prestação do serviço de vacinação pelo farmacêutico e dá outras providências.17 RESOLUÇÃO Nº 661 DE 25 DE OUTUBRO DE 2018 (Publicada no DOU de 31/10/2018, Seção 1, Páginas 122/123) Dispõe sobre o cuidado farmacêutico relacionado a suplementos alimentares e demais categorias de alimentos na farmácia comunitária, consultório farmacêutico e estabelecimentos comerciais de alimentos e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 669 de 13 de dezembro de 2018 (Publicada no DOU de 17/12/2018, Seção 1, Página 108) Define os requisitos técnicos para o exercício do farmacêutico no âmbito da saúde estética ante ao advento da Lei Federal nº 13.643/18. OBSERVAÇÃO: ENCONTRA-SE TEMPORARIAMENTE SUSPENSA POR DETERMINAÇÃO DO JUÍZO DA 7ª VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DE BRASÍLIA/DF (PROCESSO Nº 1002232- 21.2019.4.01.3400) RESOLUÇÃO Nº 671 DE 25 DE JULHO DE 2019 (Publicada no DOU de 30/07/2019, Seção 1, Páginas 121/122) Regulamenta a atuação do farmacêutico na prestação de serviços e assessoramento técnico relacionados à informação sobre medicamentos e outros produtos para a saúde no Serviço de Informação sobre Medicamentos (SIM), Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) e Núcleo de Apoio e/ou Assessoramento Técnico (NAT). RESOLUÇÃO Nº 674 DE 29 DE AGOSTO DE 2019 (Publicada no DOU de 13/11/2019, Seção 1, Página 124) Dispõe sobre a regulamentação dos cursos livres, de formação complementar, que não compreendam pós-graduação lato sensu e stricto sensu, a serem credenciados pelo Conselho Federal de Farmácia. RESOLUÇÃO Nº 679 DE 21 DE NOVEMBRO DE 2019 Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico nas operações logísticas de importação/exportação, 18 distribuição, fracionamento, armazenagem, courier, transporte nos modais terrestre, aéreo ou fluvial, e demais agentes da cadeia logística de medicamentos e insumos farmacêuticos, substâncias sujeitas a controle especial e outros produtos para a saúde, cosméticos, produtos de higiene pessoal, perfumes, saneantes, alimentos com propriedades funcionais ou finalidades especiais e produtos biológicos. (Publicada no DOU de 04/02/2020, Seção 1, Páginas 44/47) 19 4.6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO A empresa no qual realizou-se o estágio supervisionado foi a VidaFarma, onde fica localizada Rua José Alves (Projetada 927), 137, Loteamento Terra de Antares, Quadra 42, lote 10 – Antares – Maceió - AL. Iniciei no dia 12/09/2022 e foi finalizado no dia 25/09/2022. Farmacêutica responsável é a Elisangela Roberta da Silva Carvalho. A farmácia possui uma área ampla de atendimento, com conforto, organização, e rápida entrega domiciliar. Tem como principal objetivo a melhoria da prestação de serviço ao cliente, o que a difere de outras farmácias. A estrutura do estabelecimento se encontra em perfeito estado de conservação, possui alvará sanitário, e está dentro das normas exigidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Observou-se que os medicamentos são divididos em três categorias: medicamentos de referência, medicamentos genéricos e medicamentos similares. Dessa maneira, estão organizados nas prateleiras em ordem alfabética e também por ordem de laboratório. Durante o estágio pude aprender toda rotina do profissional farmacêutico, desde a aquisição do medicamento através da compra, até o destino final ao paciente. Uma parte super importante que percebi na farmácia é a postura do farmacêutico com os pacientes, principalmente para impedir a automedicação. A automedicação é uma prática muito comum e de múltiplos fatores, entre os quais a dificuldade do acesso aos serviços de saúde pela população, custos excessivos de uma consulta na rede privada, a crença nos benefícios do tratamento/prevenção de doenças e a necessidade de aliviar sintomas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), automedicação ocorre quando um paciente ingere por conta própria algum medicamento sem ter consultado um médico especialista, ou quando parentes ou amigos indicam medicamentos sem estarem capacitados, com isso em alguns casos podendo agravar a patologia e até mesmo levar a morte por falta de acompanhamento nas unidades de saúdes, por profissionais qualificados (DE MORAIS SILVA et al., 2019). O consumo dos medicamentos de forma irracional é uma das adversidades que os setores de saúde encaram, não somente em nosso país, mas em todo o mundo. É necessário salientar que a automedicação pode gerar prejuízos financeiros e principalmente na saúde, pois os praticantes podem obter medicamentos 20 inadequados para a sua condição clínica, além de arcar posteriormente com despesas médicas (ARRAIS et al., 2016). No balcão, o atendente recebe a receita e dispensa o medicamento prescrito, caso o medicamento seja de referência, oferece ao cliente a opção de escolha entre os medicamentos genéricos e os de referência, pois apenas os medicamentos dessas duas classes poderão ser intercambiáveis. Os medicamentos que necessitam ser armazenados em temperaturas baixas, são guardados em geladeira, para melhor efeito e conservação. De modo geral, os medicamentos devem estar localizados atrás do balcão. Eles não podem estar ao livre alcance dos clientes, nas gôndolas, conforme o regulamento da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada). A perfumaria e os cosméticos devem ficam expostos nas gôndolas, separados dos medicamentos. Ainda que o medicamento seja natural (fabricado a base de ervas), a sua venda depende da aprovação de seu laboratório pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ao primeiro momento houve um reconhecimento do local e de pessoas que ali tinham uma rotina, como estagiaria meu contato com medicamentos e assim reconhecendo medicamentos genéricos dos, de 1° linha; Fiz a limpeza das prateleiras e assim obter mais conhecimentos dos medicamentos e retirada dos medicamentos a vencer; foi observado a dispensação de medicamentos através da leitura de receita médica; junto com o farmacêutico responsável obter um contato direto com o público, sendo assim, conhecendo as necessidades da população, a atenção farmacêutica é muito presente, seu atendimento de qualidade e de fácil entendimento para os mesmos. Estive atenta o tempo todo em relação as receitas a serem aviadas no sentido de assimilar o nome comercial com o princípio ativo, pois existem nomes comerciais muitos parecidos cujos princípios ativos são totalmente diferentes e a grafia das receitas normalmente é de difícil entendimento o que dificulta um pouco mais sendo que muitas vezes é necessário questionar o paciente sobre o seu problema de saúde para conseguir ter a certeza de que medicamento é o correto para ser dispensado. A farmacêutica também me apresentou o Procedimento Operacional Padrão (POP), que é uma ferramenta muito simples que serve basicamente como um roteiro padronizado para realizar atividades. É um meio de alcançar os resultados tão esperados na sua farmácia a partir de planejamento e organização. 21 Ou seja, o POP é uma base para garantir a padronização de tarefas e assegurar aos seus clientes um serviço ou produto livre de variações indesejáveis na sua qualidade final. Proporciona mais segurança e facilita o trabalho de todos que o utilizam no dia a dia. Assim, faz seu estabelecimento ganhar em qualidade e economia. As Vigilâncias Sanitárias possuem como item obrigatório para todas farmácias e drogarias, sem exceções, a apresentação do Manual de Boas Práticas (MBP) e dos POPs em inspeções para o Licenciamento Sanitário. E mesmo que existam regras locais, todas são fundamentadas nas Boas Práticas de Farmácia, a RDC 44/2009 da Anvisa. Durante o estágio pude acompanhar a liberação de alguns medicamentos controlados, que só podem ser dispensados mediante apresentação da respectiva receita. É responsabilidade do farmacêutico esclarecer sobre a existência do medicamento genérico egarantir a intercambialidade, salvo restrições expressas do prescritor. Em relação aos medicamentos controlados (Portaria SVS/MS nº. 344/1998), estes são dispensados somente com receita de controle especial ou notificação de receita sendo exigida a documentação do cliente para preenchimento dos campos necessários, e atendendo a toda legislação vigente quanto ao receituário específico (cor, carimbo, data, assinatura). 22 5 CONCLUSÃO O papel do farmacêutico é o de exercer orientação sobre a forma correta de administração do fármaco, evitando, assim, possíveis problemas relacionados a medicamentos. Dessa forma, ao transmitir todas as informações necessárias ao paciente, pode-se apresentar resultados precisos ao tratamento farmacológico. Assim, o farmacêutico exerce um papel fundamental na prevenção do uso inadequado de medicamentos, de forma que, com a assistência e a atenção farmacêutica sendo realizada no momento da dispensação, podemos evitar possíveis erros sobre administração de forma incorreta, interações medicamentosas, reações adversas, via de administração errada e a forma correta de tratamento a ser realizada. Ou seja, apresentar todas as informações necessárias através da orientação farmacêutica por meio da descrição correta da posologia do medicamento e sobre a farmacologia em destaque. Portanto, é extremamente relevante a informação educativa na dispensação, pois é o ponto chave na cadeia de assistência da saúde e se constitui em última oportunidade dentro do sistema de saúde para a identificação, correção ou redução dos os erros associados à farmacoterapia 23 REFERÊNCIAS ARRAIS, P. S. D. et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Revista de Saúde Pública, v. 50, p. 13s, 2016. 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