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CRIANÇAS SURDAS E SUAS IMPLICAÇÕES: UM OLHAR PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA REDE REGULAR DE ENSINO PÚBLICO ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO SANTA CATARINA Sandra dos Santos1 RESUMO Pretende-se nesta pesquisa contextualizar a temática do atendimento do aluno com deficiência auditiva (DA), nas salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), de uma escola estadual do município de Tubarão (SC), tendo como objeto principal desta pesquisa analisa os aspectos relevantes no que tange o processo ensino aprendizagem desse aluno. Para alcançar esse objetivo elencou-se os seguintes objetivos específicos: conhecer o fazer pedagógico dos profissionais do AEE, com os estudantes surdos que ali estudam; identificar a legislação pertinente a implantação do AEE; analisar o papel do instrutor surdo dentro do AEE; conhecer como os gestores apoiam o AEE; destacar o uso das tecnologias com crianças surdas quando não são usuárias de libras (comunicação aumentativa alternativa); ressaltar a importância do instrutor surdo para o AEE. Trata-se de uma pesquisa aplicada, tendo como forma de abordagem do problema a pesquisa exploratória. Considera-se diante da pesquisa realizada que, aconteça a inclusão, será necessário esforço de todos possibilitando que a escola possa ser vista, como um ambiente de construção de conhecimento. Para isso, é necessário que a legislação seja cumprida e tenha um caráter amplo, favorecendo a construção de um ambiente acolhedor para o aluno do AEE, independente das dificuldades. Isso exige da comunidade escolar uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possam assim favorecer o processo de inclusão. Palavras chave: Surdez. Inclusão. AEE. Em silêncio te percebo. No vazio de palavras. Tu me percebes. Teu olhar perceptível acompanha cada passo meu. E é no mar da solidão de palavras ditas que nos encontramos. Meu olhar acompanha cada movimento seu e é ali que nós entendemos. Ali eu te vejo e tu me vês. Ali Sou Eu. (Sandra dos Santos) 1 INTRODUÇÃO Neste artigo, procurara-se analisar e conhecer as implicações no ensino x aprendizagem, no contexto do atendimento educacional especializado (AEE) com crianças surdas matriculadas na rede regular de ensino no município de Tubarão, Santa Catarina (SC), numa perspectiva bilíngue. A pertinência desse estudo se dá considerando o fato de que, as crianças com surdez, necessitarem de um atendimento de qualidade. Este estudo pretende propor, uma reflexão sobre a maneira como esse atendimento está ocorrendo e quais as 1 Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: sdsandrika@outlook.com dificuldades encontradas pelas instituições de ensino Estaduais na inserção de crianças surdas no Atendimento Educacional Especializado? Desse modo, a pesquisa tem como objetivo geral: examinar como os profissionais do AEE constituem o seu fazer pedagógico e quais as implicações no atendimento das crianças surdas nas escolas da rede estadual de ensino do município de Tubarão. Elencou-se os seguintes objetivos específicos: conhecer o fazer pedagógico dos profissionais pedagogos do AEE em uma escola estaduais do município de Tubarão (SC), com os estudantes surdos que ali estudam; identificar a legislação pertinente a implantação do AEE; analisar o papel do instrutor surdo dentro do AEE; conhecer como os gestores apoiam o AEE; destacar o uso das tecnologias com crianças surdas quando não são usuárias de libras (comunicação aumentativa alternativa); ressaltar a importância do instrutor surdo para o AEE. Para realizar tal discussão utilizaremos como embasamentos teóricos renomados como: Carvalho (2015); Santos (2015); Quadros e Schimdt (2006) entre outros especialistas na temática apresentada. Trata-se de uma pesquisa aplicada, tendo como forma de abordagem do problema a pesquisa exploratória, que busca proporcionar um enfoque do problema através do levantamento de informações ou a constituição de hipóteses, envolvendo levantamento bibliográfico e documental, entrevistas com pessoas, análise de exemplos e outros. Segundo Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir da análise e interpretação do conteúdo de materiais como livros, artigos de periódicos e textos da Internet, levando ao pesquisador buscar ideias relevantes ao estudo, com registro confiável de fontes. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. Um ponto semelhante, para ambos os autores, se refere à necessidade de perguntas básicas e principais para atingir o objetivo da pesquisa. 2 A IMPLANTAÇÃO DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A inclusão tem sido um assunto presente em nossa sociedade nos dias atuais, perpassando várias esferas no que tange a espaços formais de educação, de estudantes com deficiência, ela vem ancorada a diversas políticas públicas para dar aporte legal aqueles que têm deficiência é estão inseridos em espaços formais de conhecimento, aqui podemos destacar não somente os espaços escolares mas todos os espaços que de uma forma ou de outra contribuem para o desenvolvimento intelectual, físico e emocional da pessoa com deficiência. No que diz respeito à educação formal o movimento de inclusão se faz presente em todos os níveis escolares como: fundamental, ensino médio e universitário, todos estes ganhos nasceram por força de lei, ou fruto dos movimentos sociais como ONGs, associações das pessoas com deficiências que na luta diária buscam através de políticas públicas os seus direitos enquanto cidadãos. De acordo com Freire (2008), a inclusão é um movimento educacional, mas também social e político que vem defender o direito de todos os indivíduos participarem, de uma forma consciente e responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceites e respeitados naquilo que os diferencia dos outros. Ainda segundo Freire (2008), neste universo pode-se reunir brevemente algumas leis que são marco legal para a mudança dos conceitos de deficiência que por muitas vezes ainda está ancorado numa perspectiva assistencialista, segregadora onde os espaços sociais pertencem a uma casta dos “ditos normais” deixando 17 milhões de pessoas que tem alguma deficiência fora do conhecimento que o homem produz. Dentre as mais relevantes podemos destacar: “Declaração Mundial sobre Educação para Todos e da Declaração de Salamanca (1994) que asseguram às pessoas com necessidades especiais a oferta de uma educação que respeite suas especificidades”. (DAMÁZIO, 2018 p. 20) Em 2015 é instituída a “Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) destinada a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e da liberdade fundamentais das pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015) nº 13.146, de 6 de julho de 2015). Neste sentido Gomes (2022), afirma que: A lei reitera a importância da educação especial e o papel da escola, que deve apresentar estrutura não só para receber o aluno, mas para fazê-lo tirar o maior proveito possível de sua experiência escolar contando, para este fim, com profissionais da educação realmente preparados. Outro aspecto importante é que, pela primeira vez, uma lei criminaliza a discriminação para com os deficientes, fato que denota uma grande vitória para este grupo de pessoas (GOMES, 2022 p. 07). No que se refere a implementação do AEE, como um serviço, ofertado na modalidade Educação Especial, teve como marco inicial foi à instituição, em 2003, do Programa Educação Inclusiva: Direito Diversidade, pelo governo federal. Esse programa, que teve como objetivo transformaros sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos (BRASIL, 2005). Sendo assim, surgindo de um de seus desdobramentos, o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multi funcionais, cujo objetivo foi “[...] apoiar os sistemas públicos de ensino na organização e oferta do atendimento educacional especializado e contribuir para o fortalecimento do processo de inclusão educacional nas classes comuns de ensino” (BRASIL, 2007, p. 1). Por meio desse programa, os municípios e estados brasileiros passaram a receber auxílio técnico e financeiro para a implantação de salas de recursos multifuncionais para a oferta do AEE, o que permitiu a expansão dessa proposta para todo o país. Em 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o AEE foi reafirmado como um serviço, ofertado na modalidade Educação Especial. O Decreto n. 6.571, de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre o AEE, o define como: “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular” (BRASIL, 2008). Dos objetivos do AEE: prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos estudantes da Educação Especial matriculados na rede pública de ensino regular; garantir a transversalidade das ações da Educação Especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e assegurar condições para a continuidade dos estudos desses estudantes nos demais níveis de ensino (BRASIL, 2008). [...] AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (BRASIL, 2009, p. 2). Por meio dessa Resolução, ficou estabelecido, também, que os estudantes matriculados em classe comum de ensino regular público, que tivessem matrícula concomitante no AEE, passariam a ser contabilizados duplamente, para fins de distribuição de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) (BRASIL, 2009). Tal medida garantiu a ampliação do repasse de recursos financeiros para escolas e Centros de Atendimento Educacional Especializados (CAESPs) para implantação e oferta do AEE. Considerando o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na área da surdez tendo como objetivo principal “[...] promover o ensino e aprendizagem da Libra e do português escrito, numa abordagem pedagógica que respeite a experiência visual e linguística da pessoa surda ou deficiente auditiva” (SANTA CATARINA, 2009, p. 30). De acordo com Gonçalves (2017), em se tratando de sujeitos surdos e/ou deficientes auditivos (DA), é necessário que se tenha a clareza da relevância desse atendimento para que esse sujeito possa participar de forma ativa e eficiente no contexto escolar, desenvolvendo assim, suas competências, sejam elas linguísticas sociais e/ou educacionais, com o apoio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Também se faz necessário ter conhecimento acerca de quem é esse sujeito, de como ele aprende, de sua história e de sua cultura. Aceitar e compreender que sua via de aprendizagem é visual e que ele possui uma língua própria, que garante a sua comunicação, a clareza das informações que chegam e o acesso ao conhecimento do mundo que o rodeia. No AEE o estudante surdo precisa vivenciar a experiência visual a qual é a ferramenta que possibilita o seu aprendizado para a aquisição de Libras (L1) como também a (L2) língua portuguesa. O processo educacional por meio de Libras (L1) está respaldado pela Lei n. 10.436/02, no Art. 1°, conferindo a Libras “[...] como meio legal de comunicação e expressão”, regulamentada pelo Decreto n. 5.626/05, que garante a inclusão de pessoas surdas ou com DA no processo de ensino e aprendizagem mediante o emprego da Libras, considerada a sua Primeira Língua (L1) e, por essa razão, apresentada em todos os documentos oficiais relativos à educação de surdos, no país e no estado.(BRASIL, 2015) [...] [a] língua brasileira de sinais – Libras e a língua portuguesa são as línguas que permeiam a educação de surdos e se situam politicamente enquanto direito. A aquisição dos conhecimentos em língua de sinais é uma das formas de garantir a aquisição da leitura e escrita da língua portuguesa pela criança surda. O ensino da língua de sinais e o ensino de português, de forma consciente, é um modo de promover o processo educativo. (QUADROS E SCHMIDT 2006, p. 7) O AEE tem, assim, a responsabilidade de possibilitar ao sujeito surdo à aquisição das duas línguas Libras e Português. Para se tornar mais esclarecedor quem é o sujeito surdo / deficiente auditivo envolve o uso da própria terminologia. Quadros e Schimidt (2006) afirmam que, muitos consideram que o termo surdo está relacionado àquela pessoa que percebe o mundo por meio de experiências visuais, optando pelo uso da Libras, valorizando a cultura e a comunidade surda. O termo deficiente auditivo - DA, por sua vez, estaria voltado a perspectiva clínica, relacionada mais aos graus de perda auditiva, sem levar em conta a questão de identidade surda. [...] o qual parte da perspectiva sócio-histórico-cultural em que o sujeito e a dimensão social são considerados na elaboração da consciência (funções psicológico-superiores) e do desenvolvimento humano. [...] compreende que a construção da consciência ocorre por meio das relações sociais mediadas por artefatos culturais. (SANTADE; SANTOS, 2012, p. 55) Logo, sujeito surdo é aquele que tem uma história envolvida em questões culturais e sociais, relativos ao uso da sua língua, da língua gestual e visual, nos espaços em que ele se desenvolve, realizando trocas com outros sujeitos e com objetos que mediam o seu aprendizado. Portanto, do ponto de vista cultural, esse sujeito é surdo mediante as trocas realizadas em suas relações sociais. A Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência (LBI - Estatuto da Pessoa com Deficiência), no Art. 2º diz que: considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015) Ou seja, o sujeito com perda auditiva, segundo a LBI, faz parte do grupo cuja deficiência é de natureza sensorial. Para compreender a forma como se dá a aprendizagem do sujeito surdo, devemos ter claro que o seu conhecimento de mundo está intrinsecamente ligado ao modo como ele recebe as informações. Seu meio de interação com o mundo se efetiva por meio do sentido visual e, por isso, a sua língua também é de modalidade gestual-visual. A partir disso, temos essa língua como a principal forma de interação entre sujeitos e aprendizados. A linguagem, por si só, é avaliada como a primeira forma de socialização e interação dos sujeitos. Sendo assim, uma criança interage primeiramente com seus pais, por meio de instruções/solicitações durante atividades cotidianas, todas relacionadas com seus valores culturais. Sobretudo, conforme Borges e Salomão (2003, p. 327), “[...] à medida que a criança se desenvolve, [...] ela alcança um nível linguístico e cognitivomais elevado, enquanto seu campo de socialização se estende, principalmente quando [...] tem maior oportunidade de interagir com outras crianças”. Portanto, quanto mais cedo a criança construir relações sociais, mais ganhos ela terá a curto ou médio prazo, visto as experiências e trocas que ela vivenciará nos momentos de interação. Diante do exposto e segundo a autora acima citada, precisa-se traçar um panorama acerca de como a aprendizagem linguística se dá com o sujeito surdo e, por conta disso, surgem perguntas como: Qual a preocupação primordial diante da criança que nasce sem a audição? O aprendizado do sujeito surdo quando de surdez adquirida é o mesmo daquele que nasceu surdo? São perguntas que preocupam familiares que se veem nessa situação. O mesmo se dá com professores que recebem tais crianças para o trabalho de estimulação linguística. Conforme Quadros e Cruz (2011) nos apresentam: [...] a criança adquire a linguagem na interação com a pessoa à sua volta, ouvindo ou vendo a língua ou as línguas, que estão sendo usadas. Embora a linguagem envolva processos mais complexos, a criança ‘sai falando’ ou ‘sai sinalizando’ quando está diante de oportunidades de usar a língua (ou línguas). (QUADROS E CRUZ 2011, P. 15) Ou seja, para as crianças surdas o primeiro contato com a língua também é por meio da interação com o meio em que ela se encontra, pela convivência com seus pares (ou até com sinalizantes, mesmo eles sendo ouvintes). Para tanto o objetivo macro do AEE e promover o ensino e a aprendizagem da Libras e da Língua Portuguesa, na modalidade escrita, numa abordagem pedagógica que respeite a experiência visual e linguística do sujeito surdo. Nesse sentido, o AEE precisa ofertar: • O ensino em Libras; • Promover a aquisição da Libras; • Contribuir com a formação e a ampliação de conceitos e vocabulário em Libras; • Oportunizar o aprendizado da língua portuguesa na modalidade escrita. De acordo com Viana e Gomes (2017), o AEE para estudantes com surdez deve criar condições para o ensino e o aprendizado dessa clientela, enfatizando a perspectiva bilíngue, buscando-se, dessa maneira, evidenciar práticas pedagógicas que mostrem como esse atendimento pode e deve contribuir para o processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente, para a permanência desses estudantes no contexto escolar. As autoras reforçam, ainda, que o AEE é e sempre deve ser um serviço que vise eliminar barreiras que interferem no acesso ao conhecimento e, para isso, os profissionais que dele fizerem parte devem, primeiramente, focar sua atenção no potencial que o seu estudante possui, independentemente da deficiência, da diferença ou limites linguísticos impostos por fatores biológicos. Tal atendimento é baseado na proposta de atividades que quebrem barreiras linguísticas e pedagógicas, que interfiram na inclusão escolar de estudantes com surdez. Portanto, é preciso compreender a surdez como uma diferença linguística, histórica e cultural, expressa na comunidade surda, ultrapassando a determinação da perda auditiva e ao padrão de normalidade do ouvinte (DAMÁZIO, 2007). Segundo Sales (2004), o professor em sala deve planejar sua aula, buscando, sempre que possíveis estratégias metodológicas que sejam mais significativas para a aprendizagem. Por meio dos processos visuais o sujeito surdo pode estruturar sua aprendizagem, sua comunicação e sua língua viso-espacial, para a construção de suas imagens mentais. Nesse panorama Oliveira (2005), compreende que é preciso considerar o conhecimento prévio sobre diferentes conceitos que o estudante com surdez traz para sala de aula. Conhecimentos que devem ser estimulados a serem produzidos em sua L1, a Libras, ou por meio escrito - estabelecendo-se, assim, um diálogo no processo de ensino e aprendizagem. O pesquisador indica que essa mesma estratégia deve ser emprega ao se questionar o estudante surdo sobre o que ele sabe daquilo que está sendo ensinado ou sobre o que apreendeu da aula. 2.1 A IMPORTÂNCIA DO INSTRUTOR PARA O AEE Os estudantes surdos podem ser atendidos nas salas de AEE misto, ou seja, que atende outras deficiências quando não tem polo só para surdez implantado na região. O AEE misto atende a várias deficiências, e a demanda de estudantes surdos para isto, necessitam de um professor instrutor de Libras de preferência surdo para estar junto ao professor do AEE, em uma perspectiva de trabalho colaborativo onde os dois profissionais precisam planejar e articular o trabalho junto aos estudantes surdos que este AEE atende. No município de Tubarão, na 19º coordenadoria de Educação o estudante surdo atendidos no AEE misto hoje conta com um professor instrutor surdo que veio a somar junto ao professor do AEE este atendimento na área da surdez. O papel do instrutor surdo e trabalhar junto ao estudante surdo a L1 (língua de Sinais) como também capacitar os professores da rede regular de ensino estadual na Língua Brasileira de Sinais. A importância do papel desse profissional para os estudantes surdos e de extrema relevância, para o aprendizado dos surdos, no que diz respeito às questões acadêmicas como também a de apropriar da sua língua materna. Para a comunidade surda as implicações do reconhecimento do direito linguístico dos surdos de terem acesso à sua língua são pelo menos as seguintes: a) a aquisição da linguagem; b) a língua enquanto meio e fim da interação social, cultural, política e científica; c) a língua como parte da constituição do sujeito, a significação de si e o reconhecimento da própria imagem diante das relações sociais (no sentido de Vygotsky, 1978); d) a língua enquanto instrumento formal de ensino da língua nativa (ou seja, alfabetização, disciplinas de língua de sinais como parte do currículo da formação de pessoas surdas); e) a língua portuguesa como uma segunda língua (alfabetização e letramento). (QUADROS, 2003, p.96) A inclusão da Libra no AEE beneficia a inclusão de alunos surdos, respeito à identidade e cultura surda, amplia base vocabular, a interação com a comunidade escolar, autonomia e participação nas atividades apresentadas em sala de aula. Em relação ao ensino de português no AEE, o objetivo é desenvolver as habilidades linguísticas e textuais dos alunos surdos para que possam ler e escrever na forma escrita (SANTOS, 2015). Na educação bilíngue, alunos e professores usam duas línguas em diferentes situações cotidianas e práticas discursivas. Assim, buscamos destacar a relevância dos serviços de AEE na inclusão de alunos surdos no ensino regular e o papel de cada profissional nesse processo (AGUIAR e DOS SANTOS, 2014) Diante da afirmação dos referidos autores, é importante analisar a formação dos profissionais da educação no que tange ao conhecimento da cultura surda, como também o conhecimento e a fluência em Libras, para o trabalho junto à comunidade surda, neste caso os estudantes da rede de ensino público. 2.2 EDUCAÇÃO BILÍNGUE A abordagem atual da educação de surdos é fruto de um movimento global que fez o bilinguismo se difundir nas comunidades surdas dê todo mundo. Aqui no Brasil não diferente. Desde a legislação que oficializa a abordagem bilíngue na educação das pessoas surdas, em 2002, Lei 10.436/02 (BRASIL, 2002) e o Decreto 5.626/05 (BRASIL, 2005) que regulamenta essa lei, os sistemas de ensino tentam se organizar, com maior fomento governamental a partir da aprovação do decreto, para promover uma educação bilíngue às pessoas surdas (CAMPELLO e REZENDE, 2014). No entanto, a educação de surdos no Brasil continua sendo um desafio na formação de profissionais para trabalhar com esta demanda como também para o próprio surdo que muitas vezes não tem acesso a sua própria língua. Partir da organização desse ensino exige não apenas a reserva de espaços específicos de apoio, mastambém a formação especializada dos profissionais envolvidos no ensino dessas disciplinas. Mesmo com alguns avanços na luta mundana pelos surdos, os ganhos têm sido graduais (CAMPELLO e REZENDE, 2014, p.54). Para a inclusão educacional e social do surdo, e para sua formação como sujeito bilíngue, é necessário possibilitar o pleno desenvolvimento da criança surda, facilitar o ensino e aprendizagem de ambas as línguas envolvidas no processo, mas, sobretudo permitindo o uso da língua de sinais o mais rápido possível. Moura (2013), a Língua de Sinais (Língua Brasileira de Sinais - Libras - no Brasil) é uma excelente forma de crianças surdas adquirirem a linguagem de forma natural e alcançarem um desenvolvimento holístico e infinito. Para isso, é necessário um conjunto de organização/adequação em toda a sociedade, principalmente no ambiente escolar, e necessário um espaço devidamente organizado para facilitar essa educação. No entanto, isso requer mudanças profundas, a começar por uma "mudança conceitual" para permitir que os surdos sejam vistos como pessoas capazes, precisando apenas adquirir conhecimentos de forma adequada, por meio da organização espacial para satisfazer a "condição bilíngue". “Crianças Surdas.” Em várias áreas institucionais como casa, escola, etc. (CAMPELLO e REZENDE, 2014). Atualmente no Brasil, a educação bilíngue ocorre em espaços de AEE, salas de recursos multifuncionais - SRMs na maior parte do país, e centros profissionais em alguns lugares, ou ainda escolas mais estritamente bilíngues. Destaca-se três formas de educação bilíngue no Brasil que constituem o que ela chama de “modelo inclusivo”. (LODI, 2013, p. 166) Como afirmam Aguiar e dos Santos (2014), o primeiro modelo é para alunos surdos em salas de aula exclusivas para surdos, nas primeiras séries de escolaridade, onde Libras é a língua de instrução. Nesse caso, o professor deve ser bilíngue, pois não há mediação de terceiros. Os alunos surdos são colocados em uma sala com plateia e são ministrados em português, mas necessitam da mediação de um intérprete de Libras- LP. O segundo modelo é que os alunos surdos entrem na sala comum com um ouvinte e sejam ensinados em português com a mediação de intérpretes de Libras-LP em todos os níveis de ensino. Um terceiro modelo é o ingresso de alunos surdos em uma sala comum com um ouvinte, em todos os níveis de ensino de LP, sem a intermediação de um intérprete de Libras-LP (DA SILVA et al., 2018). Conforme Lodi (2013), em apresentar os modelos de como deve ser a escolarização dos estudantes surdos podemos analisar a importância de a criança ter contato com a Língua Brasileira de Sinais, já precocemente para que o mesmo tenha contato linguístico para aprender e se ver pertencente a uma comunicação que não é oral mais visual. O Decreto n.º 5.626 (BRASIL, 2005), traz exigências para que a educação bilíngue de surdos se efetive, como a inclusão da disciplina de Libras nas licenciaturas (arts. 3.º, 9.º); a orientação de como deve se dá a formação de professores bilíngues e intérpretes para que se tenha profissionais habilitados à implementação dessa educação bilíngue (arts. 4.º e 5.º); a disciplina de Língua Portuguesa como segunda língua para surdos nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa (art. 13); e diversas outras ações em outras instâncias e contextos, a exemplo da disciplina de Libras na educação básica -Ensino Fundamental e Médio(art. 15, II) (CAMPELLO e REZENDE, 2014). Como estudante de graduação é importante ratificar a importância de que todos os acadêmicos e professores atuantes conheçam melhor a cultura surda, como também a Língua Brasileira de Sinais, é de extrema importância a capacitação dos profissionais da educação nesta área. Portanto, para alcançar o sucesso previsto na legislação, é preciso haver organização/adequação efetiva em todas as instâncias da sociedade, da casa à escola, para a inclusão educacional dos surdos e seu desenvolvimento como disciplina bilíngue. Nos espaços educativos, as escolas organizam-se como “ambientes de língua gestual”, Poe conseguinte urge a necessidade de as universidades investirem na formação de professores com fluência em libras para que cada fez mais se tenha profissionais capacitados para tanto. Nesse sentido, compreendemos que em relação a pedagogia, a formação continuada não é só apenas um requisito e sim uma necessidade para que o ensino aprendizagem do sujeito não apenas do surdo em questão, mas também do ouvinte, seja completo em qualquer área, tanto da alfabetização como em libras. 2.3 A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO Como afirmam Da Silva et al (2021), embora ainda haja debate sobre o impacto da disponibilidade massiva de informação e a verdadeira democratização dos meios de comunicação e informação, vale notar que as novas tecnologias digitais (TICs) não apenas possibilitam a circulação de novos produtos, mas também trazem em sua bagagem elementos novos propiciando a criação de materiais mais ricos e envolventes sobre diferentes temas, utilizando múltiplas linguagens, gráficos, animação, som, texto, vídeo e outras mídias que, quando combinadas, produzem mais significado do que cada soma das partes isoladas podem ser representados separadamente, - a chamada "multimodalidade" ou "multisimbolização" que caracteriza os textos contemporâneos. Ainda conforme ressaltam Da Silva et al (2018), o arranjo desses diversos fatores que dão sentido a um texto requer uma variedade de habilidades de letramento. A necessidade de múltiplas habilidades de letramento entre os surdos já existia antes mesmo do advento das novas tecnologias, e a possibilidade de utilizar diferentes linguagens na estruturação de textos atende ao requisito básico da visualidade na aprendizagem dos surdos, principalmente a pedagogia visual, que é considerada ser um dos elementos essenciais na implementação da prática educativa bilíngue, pois pode apoiar os surdos no contexto de serem informados por textos, imagens e vídeos. A Pedagogia Visual é uma nova área de pesquisa, onde as necessidades importantes da sociedade obrigam a educação formal a ser modificada ou criada com base em propostas de ensino visual para reorientar todo o processo de ensino e aprendizagem, em especial, aqueles que incluem disciplinas para surdos (CAPPELIN; GRECA; BALBINO, 2015). Nesse sentido, o trabalho visual é necessário para todos os indivíduos e essencialmente para os sujeitos surdos, para os quais será assegurada a própria construção do sentido - o elemento coletivo que permeia a relação dos sujeitos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa aqui apresentada e suas respostas foram analisadas a luz de renomados teóricos especialistas na temática, contribuindo com o meio acadêmico, para posterior conhecimento da relevância do atendimento educacional especializado para os estudantes surdos na rede pública de ensino. Para alcançar este objetivo buscou-se como base, profissionais que atuam no AEE como também um professor bilíngue (professor de sala), professor instrutor surdo, professor do AEE de duas escolas da rede pública do município de Tubarão (SC). As falas com estes profissionais foram previamente agendadas, respeitando todos os protocolos das escolas que aceitaram participar da pesquisa. Com autorização dos profissionais as falas foram gravadas e posteriormente transcritas pela autora. Primeiramente respondeu às perguntas à professora ouvinte do AEE, logo em seguida um instrutor surdo, e por último o professor bilíngue. Para preservar a identidade dos mesmos vamos nomear por professor 1 – professor 2 e professor X para o professor/instrutor surdo. Percebeu-se nessa pesquisa que o percentual de crianças presentes nas instituições com alguma característica de surdezé baixo, embora pesquisas apontem para um índice bem considerável, esse fator pode gerar futuramente outra pesquisa para investigar onde estão os estudantes surdos. Portanto, para iniciar as discussões, foi perguntado os mencionados professores, quantos estudantes surdos são atendidos no AEE. De acordo com as respostas dos professores 1, 2 e o X, eles atendem 1 aluno no AEE com essas características, para tanto, RESENDE (2012) afirma que, fatores conclusivos com respeito à evasão escolar, pontuando que, “o fracasso escolar do aluno” se relaciona com a inadequação da escola para atender suas especificidades de aprendizagem. A escola que se propõe ser inclusiva necessita propiciar o convívio entre o sujeito surdo e o ouvinte, porque é a partir desse convívio que eles vão compartilhar experiências e principalmente compartilhar a língua. No que se refere a proposta pedagógica para atender os alunos surdos no AEE bilíngue, foi perguntado a professora como é desenvolvido este trabalho, sabendo que, quando se trata de alunos surdos, o docente precisa ser bilíngue para estabelecer essa ligação. Sendo assim, procurou-se investigar como é desenvolvido o trabalho bilingue e como acontece essa proposta ofertada pelo AEE. A professora (1) relata que o trabalho é desenvolvido através de parceria, sendo que a parte em libras é executada pelo professor instrutor surdo. Quando se trata de demonstrar em gestos determinada expressão que o professor X não sabe, aí entra o segundo professor para demonstrar essa parte, como por exemplo, uma dor de cabeça. Como seria uma dor de cabeça? Eu tenho que demonstrar a forma de como eu agiria com dor de cabeça ou se faz uma atividade com umas perguntas: como foi teu final de semana? Os alunos de libras não respondem como as crianças ouvintes, respondem picado, não é usado o artigo no meio da frase, não usam o verbo infinitivo. Aí o professor tutor pede a minha ajuda para fazer da forma correta, para fazer a grafia do trabalho correta. (PROFESSORA 1) Um ponto que chama atenção e como a professora 1 se refere a Libras como gestos, sabemos que libras não se trata de gestos, e uma língua viso espacial que tem toda estrutura das línguas orais. A estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros primários e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea. Segundo Brito (1995, p. 36 – 41) os parâmetros primários são: a) Configurações das mãos, em que as mãos tomam as diversas formas na realização de sinais, são 46 configurações de mãos na Língua Brasileira de Sinais; b) Ponto de articulação, que é o “espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio corpo, onde os sinais são articulados. Esses sinais articulados no espaço são de dois tipos, os que articulam no espaço neutro diante do corpo e os que se aproximam de uma determinada região do corpo, como a cabeça, a cintura e os ombros”; c) Movimento, que é um “parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou sobre o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares em várias direções e posições”. (BRITO, 1995, p.67) Os alunos surdos não respondem como as crianças ouvintes, o artigo não é usado no meio da frase, usam muito o verbo no infinitivo, portanto, o trabalho colaborativo com o professor instrutor surdo e o professor (1) é um fator decisivo. Conforme as leituras realizadas para fundamentar este artigo, os surdos têm uma forma peculiar de comunicação, sendo assim, a presença de um professor instrutor surdo em sala de aula é muito importante. Delineando sobre tal importância, da proposta do trabalho colaborativo com o instrutor surdo o professor dois (02) faz a seguinte fala “é um professor que se comunica da mesma forma que ele (estudante surdo). Com aquele diferencial, até o jeito de se expressar é diferente”. Ao se referir sobre a atuação do instrutor o Professor dois (2) lamenta a falta de apoio por parte dos pais e em relação ao estudante atendido ali no AEE está na categoria de DA fazendo o uso de prótese. O aluno referido tem uma cultura de ouvinte é DA, usa aparelho e acha que a libras não é aquela coisa. Fica ruim de trabalhar porque não sei se trabalho como professor bilíngue ou professor dois. Faço um pouco de libras, vou fazendo as coisas, mesclando o ensino. Fica difícil porque ele não está mais vindo ao AEE para ter aula com o instrutor surdo. (PROFESSOR 2) A questão da escrita e da letra, tem que estar dando apoio em libras estar ajudando em libras pra saber o significado das palavras L 1 L 2 isso não é fácil, porque não é uma língua somente, são duas: português, libras. Demora a aprender português, porque é língua de ouvinte, tem que ter significado, tem a questão da emoção, e libras tem que estar vendo visual, vai aprendendo pela visualidade, precisa estar junto, é um aprendizado duplo, L1 e L2, isso é o mais difícil estar trabalhando duas línguas junto. Porque precisa saber o significado de duas línguas que são muito diferentes, no entanto são conectados. (PROFESSOR X) É importante para o pleno desenvolvimento do aluno, que os pais conheçam libras, assim como o estudante, o fato é que neste caso o estudante usa prótese e tem resíduo de audição, portanto não se enquadra dentro da categoria surdez, como explicado no referencial teórico o mesmo se vê pelo viés clínico talvez isto explique a rejeição por aprender Libras. O estudante não tem cultura surda. O professor 2 revela que quando ele ( aluno) fica sem o aparelho fica apavorado porque não escuta, então conversa com ele para se acalmar pois ele está ali, porém frisa para o mesmo aproveitar essa oportunidade que possui de aprender libras com o professor bilíngue e o instrutor surdo, porque isso vai acabar quando ele tiver que sair da escola. Aí não terá quem possa ajuda-lo caso ele não aprenda a se comunicar por libras. Segundo Vygotsky (1988) os sujeitos ao interagirem através da linguagem, internalizam ou apropriam de conhecimentos, modos de ação, papéis e funções sociais. É no curso destas ações mediadas pelo outro e pelos signos, nas relações sociais, que vão sendo constituídas as funções psicológicas e a formação da pessoa. Hoje o aluno surdo precisa aprender mais libras, a escola é muito importante, difícil esse contato, essa comunicação ainda nas escolas. A comunicação com os professores ainda é difícil. Precisa ter uma troca, um companheirismo entre os envolvidos, família, alunos, alunos surdos. Para aprender libras precisa dessa experiência de comunicação, precisa se abrir mais perder o medo se comunicar mais facilmente. E os professores também precisam estar juntos, não pode ser um trabalho isolado. Precisa haver uma troca. Na maioria das escolas a dificuldade é a libras em se comunicar e a dificuldade de o ouvinte ter essa comunicação. (PROFESSOR X) É fundamental que a criança tenha a escolarização, tenha o conteúdo escolar e aprenda o português usando libras como meta linguagem e como recurso de instrução na escola bilíngue. Nessa trajetória, FERNADES, (2006) destaca que a dificuldade que os alunos surdos têm em relação à leitura está em se adaptar a estrutura da Libra para a língua portuguesa. Consideramos assim a necessidade de estar preparado e atualizado nesse processo de ensino e aprendizagem, adquirir novos conhecimentos, pois a tarefa docente é algo delicado que precisa haver planejamento antecipado. o surdo constrói seus conceitos baseados na interação que o mesmo tem com o tradutor/intérprete, essa interação se dá em sala de aula quando o mesmo está presente nela ou na sala de recursos, essa confiança e essa ligação são desuma importância visto que o surdo tem no tradutor/intérprete a visão daquele que no momento detém o conhecimento, pois é através das mãos dele e de suas expressões que o surdo se reconhece e conhece o conteúdo apresentado. O tradutor/intérprete se apoia nas experiências vividas e trazidas à tona pelo surdo, pois todo ser humano carrega em si uma bagagem cultural de seu meio. Ninguém é vazio de conhecimento. (SILVA, 2021, p. 16) Ao pontuarmos sobre a importância do ensino colaborativo, nas diversas esferas da comunidade escolar em conversa com o professor dois (2) notamos a preocupação do mesmo na parceria para o atendimento do estudante surdo. Nessa perspectiva o ensino colaborativo surge como norte para que a aprendizagem seja efetivada, pois quando houver alguma lacuna no ensino o outro poderá preenchê-la, nesse respeito todos saem ganhando em conhecimento, trabalho baseado no respeito mútua. Estamos acostumados a pensar na pessoa surda a partir de uma visão clinica ( médica ou terapêutica) ou seja estamos acostumados a pensar nesse sujeito surdo como aquele que tem uma carência de audição e junto com essa carência no geral atribuímos muitas outras, como dificuldade de aprendizagem outras “ incapacidades” que nós atribuímos ao outros ditos “diferentes”. Assim como nós estamos inseridos num ambiente linguístico, num ambiente cultural e assim desenvolvemos cultura e essa cultura está em transformação, nós podemos pensar a mesma coisa num ponto de vista antropológico da cultura surda. Não tem um marcador de fato, a não ser fato que eles compartilham uma mesma língua, uma experiência visual, uma maneira de entender o mundo que não parte do nosso ponto de compreensão de mundo que seria pela audição, mais também pela visão, e o tato. Compreendemos então, nessa perspectiva que o papel do instrutor surdo como sendo mediador para que a apropriação dos significados das palavras de fato aconteça. A “interação” explicita por Silva (2021) é sem dúvida um fator decisivo nessa relação que é construída pela segurança que tanto o intérprete, como o professor passa para o aluno com problemas de audição. Em face do exposto, salientamos que esse processo de forma precisa e simplificada contribuíra para uma aprendizagem eficiente e inclusiva. Porém nas falas com os respondentes, percebemos muitas dificuldades por eles enfrentadas, tanto nas relações entre instituição e professor, professor aluno e professor e família. Quanto a documentação pedagógica o professor 2 afirma que o aluno sem o aparelho não escuta. Relata que, o aluno começou a perder a audição com nove anos. Que desconhece sobre a documentação que prove se a deficiência é neurológica ou outros fatores contribuíram para tal. Pelo que o professor percebe a perda da audição é progressiva. Tem preocupação com o futuro dessa criança, pois, os pais não incentivam a criança a estudar libras com o instrutor surdo. No que ser refere a formação continuada, torna-se importante que o processo de aprimoramento seja constante, e desta forma, esses conhecimentos podem ser adquiridos através de cursos complementares e podem ser reforçadas com a leitura de livros especializados, participação em workshops e reuniões. Imbernón (2011) reforça a ideia de que a formação continuada aconteça em ambiente escolar, pois a formação que acontece no contexto de trabalho buscará atender as necessidades dos professores e valorizar o trabalho coletivo. Por isso, é, também, responsabilidade do coordenador pedagógico, profissional que constitui a gestão escolar, proporcionar a formação continuada aos professores, além de outras tarefas que lhe são atribuídas. Considera-se também necessário que os momentos de formação se tornem constantes e sistemáticos e que se traduzam em um olhar reflexivo sobre o cotidiano escolar. Quanto ao uso das tecnologias, percebe-se que é possível as contribuições do uso de tecnologias perpassadas a nossa sociedade. No que se refere aos sujeitos surdos possibilita a comunicação. Sabemos que um surdo não consegue fazer ligação no celular, pelo fato de não ouvir, porém usam a tecnologia e ela serve como comunicação. Muitas ferramentas podem e devem ser inseridas como material metodológico de ensino. Para finalizar nossa entrevista perguntamos se o AEE estava preparado com materiais tecnológicos para atender essa comunidade, porém não obtivemos uma resposta concisa. Surgem então vários questionamentos: Será que essa proposta é instituída na instituição? E se for como isso acontece? Há interação com a mesma? Quais os resultados obtidos? Ela é bem aceita pela comunidade surda? O material eu que faço, imprimo, produzo o material de libras. Porque os materiais que tinha já estão tudo velho. O visual precisa ser bem mais claro material precisa ser mais bonito. Os materiais antigos eram muito escuros de muito tempo atrás. O aluno é visual precisa ver coisa bonita. Então faço tudo diferente, atual. (PROFESSOR X) Ficou explicito que não há, infelizmente, o uso de tecnologias no ensino de alunos surdos, ao menos, na instituição referenciada, no entanto, vê-se que algo notório que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), já estão incorporadas na educação, os alunos já estão introduzidos no meio tecnológico. Desta forma, é importante que se utilize cada dia mais, de modo que seja uma ferramenta mediadora que possibilite experiências significativas no fazer pedagógico. É urgente a necessidade de buscar formas diversas para incluir os surdos no convívio escolar. O uso das tecnologias é um aspecto promissor para a promoção do aluno surdo, pois ajuda a romper as barreiras e reduzir os problemas de comunicação no processo de sociabilidades e de ensino e aprendizagem (NOGUEIRA, 2011, p.29). Antes o que era visto como um objeto de tentativa de curar a surdez, hoje é vista como uma auxiliar na inclusão do Surdo, seja na sociedade, seja no ambiente educacional. Logo, o uso dos recursos tecnológicos permite ao Surdo ter independência no desenvolvimento do seu aprendizado. Conforme Lopes (2017, p.10): No passado, o objetivo do uso das ferramentas tecnológicas na educação de surdos era de “corrigir a surdez”, hoje, porém, mais do que oferecer assistência às necessidades, o uso da tecnologia visa auxiliar no desenvolvimento do potencial cognitivo, criativo, linguístico, comunicacional e sócio - afetivo. Salienta-se que é o processo de mediação pedagógica que pode definir a forma de utilização das tecnologias. Na educação de surdos a tecnologia apresenta-se como uma ferramenta pedagógica no processo de comunicação escrita, visual e de interação dos surdos. Atualmente a tecnologia é uma aliada na educação do Surdo, favorecendo o ensino de alunos surdos, produz um ensino mais efetivo de maneira fácil e dinâmica, através de ferramentas incríveis que aumentam a sua capacidade. As TDIC permitem ao aluno Surdo ajudas técnicas, segundo a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, diz que as tecnologias são “qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico” (BRASIL, 2000). É importante ressaltar que o uso das TDIC ampliou a possibilidade de comunicação e interação por se tratar de tecnologias acessíveis, muitas estão diretamente ligadas ao contexto visual, o que contribui positivamente no desenvolvimento cognitivo. Tecnologias podem proporcionar ao aluno surdo aulas mais visuais, através de momentos lúdicos, estimulantes, diferenciados, respeitando as características da língua de seu aluno. Esse mediador através do uso das tecnologias cria facilidades na percepção dos conteúdos, aumentando a autoestima, permitindo ao aluno surdo o acesso a uma pedagogia visual (LOPES, 2017, p.2). O uso da tecnologia na educação do Surdo além de ajudar na afetividade, no cognitivo e no efetivo, favorece a inclusãodo Surdo na sociedade. Sabemos que só a presença das pessoas com surdez na sala não é inclusão, isso não garante o êxito, se não for pensado pedagogicamente a inclusão dessas pessoas haverá o fracasso escolar. É importante se pensar em uma pedagogia inclusiva, que evite o tradicional e a tecnologia permite isso através das variedades de ferramentas. 4 CONSIDERAÇOES FINAIS Diante da presente pesquisa sobre as crianças surdas e suas implicações: um olhar para o atendimento educacional especializado na rede regular de ensino público estadual no município de Tubarão Santa Catarina foi possível entender que há alguns pontos a serem considerados, como a inclusão do aluno surdo, verificou-se então que na escola pesquisada a inclusão acontece de forma parcial, isto é, somente dentro da sala de aula no que envolve aluno e professor. Para que faça a inclusão acontecer de forma integral é necessário que todo âmbito escolar esteja propicio a essa inclusão e não somente como vem ocorrendo dentro do espaço restrito da sala de aula. Ficou evidente que há por parte dos professores um grande esforço em auxiliar a criança no seu processo de ensino x aprendizagem, torna-se fundamental a participação da família e seu engajamento no cotidiano escolar da criança. Importante ressaltar também que a família e a criança surda, recebam instrução desde a educação infantil para que desta forma, se crie a cultura bilíngue, fundamental para o pleno desenvolvimento e inclusão deste aluno na sociedade. Considera-se que, o professor atuante na área de AEE, para efetivo trabalho com surdez/DA, tenha a oportunidade de um constante aperfeiçoamento, reforçando assim a importância de ações conjuntas, equipes de apoio, pais, alunos, sociedade e governo, emanados nesta conquista. Um dos pontos marcantes observados foi à naturalidade com que acontece a relação entre professores, tornando o ambiente agradável e favorável à aprendizagem. Assim sendo, para que a inclusão aconteça, será necessário esforço de todos possibilitando que a escola possa ser vista, como um ambiente de construção de conhecimento. Para isso, é necessário que a legislação seja cumprida e tenha um caráter amplo, favorecendo a construção de um ambiente acolhedor para o aluno do AEE, independente das dificuldades. Isso exige da comunidade escolar uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possam assim favorecer o processo de inclusão. Como também, são necessários investimentos do poder público nas escolas, no que se refere a recursos materiais e específicos, bem como em tecnologias de apoio a educação desse aluno. Outro ponto que devemos levar em conta é a falta de recursos tecnológicos na escola pesquisada. Nesse sentido, analisando esse cenário, contraria todos os benefícios que foram apontados para o uso da tecnologia na educação do surdo, como consequência da falta de material tecnológico os alunos ficam à margem de toda a realidade retrocedendo o processo de inclusão. Com relação a essa questão compreende-se que, a escassez de equipamentos nas escolas, precisa da união do poder público e todos os participantes da comunidade escolar para investir na aquisição e manutenção de equipamentos tecnológicos, também é preciso oferecer formação continuada aos professores para utilizar as tecnologias, com objetivo de fazer uso das práticas pedagógicas. Outro ponto pesquisado refere-se à documentação pedagógica entende-se que o diagnóstico do aluno esteja à disposição dos professores de inclusão e do AEE, pra que dessa forma os mesmos possam ter um entendimento sobre as causas da deficiência do aluno. Acima de tudo, que a comunicação possa ser o pilar de sustentação para que ocorra de fato a inclusão. REFERÊNCIAS AGUIAR, Francisca Neta Cardoso; DOS SANTOS, Jusiany Pereira da Cunha. Os Desafios Do Professor De AEE Para O Atendimento De Alunos Surdos Matriculados Nas Escolas Municipais De Humaitá-Am. 2014 Disponível em: https://edoc.ufam.edu.br/retrieve/cb819177-f15b-469b-a719-ae3bc7b6edff/TCC-Letras- 2018-Arquivo.006.pdf. Acessado em nov. de 2022. AGUIAR, W. M. J.; OZELLA, S. Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 94, n. 236, abr. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/Y7jvCHjksZMXBrNJkqq4zjP/abstract/?lang=pt.Acess ado em nov. de 2022 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. 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Esse aluno que é do sexo feminino é atendido por um professor e um tutor. 2- Qual a proposta pedagógica para atender os alunos surdos no AEE? (Bilingue, como você desenvolve este trabalho) o que se trabalha no AEE? O trabalho é desenvolvido através da parceria, sendo que a parte em libras é executada pelo professor tutor. Quanto se trata de demonstrar em gestos determinada expressão que o professor tutor não sabe, aí entra o segundo professor para demonstrar essa parte, como por exemplo, uma dor de cabeça. Como seria uma dor de cabeça? Eu tenho que demonstrar a forma de como eu agiria com dor de cabeça ou se faz uma atividade com umas perguntas: como foi teu final de semana? Os alunos de libras não respondem como as crianças ouvintes, respondem picado, não é usado o artigo no meio da frase, não usam o verbo infinitivo. Ai o professor tutor pede a minha ajuda para fazer da forma correta, para fazer a grafia do trabalho correta. 3- Você tem fluência em Libras? Um pouco eu sei fazer, como é muitos gestos nem tudo a gente grava. Fala que está fazendo curso de libras e está no segundo curso, curso de extensão. Disse que a aprendizagem é bem difícil, que tem muitos sinais e se não praticado acaba se esquecendo da língua. 4- O AEE contribui para o aluno surdo adquirir a L1 (libras) e a L2(português) Sim. Nós dois trabalhamos juntos para ele entender os dois lados 5- Você considera importante a presença de um instrutor surdo no AEE? Sim, muito importante, porque nós trabalhamos em parceria, sendo ele meu norte. 6- Como se dá a Bi docência dos envolvidos na escola com o AEE (professor de sala, gestores) Vou ser bem sincera para ti, quando eu entrei aqui eu cai meio que de paraquedas, porque eu tive que correr atrás de relatório, atrás de documentação de alunos para saber o que cada aluno tinha, para mim começar a trabalhar com ele. 7- Você considera que a sala do AEE está preparada para atender os estudantes surdos (recursos visuais, tecnológicos). 8- Quando a capacitação você considera suficiente? Referencia que “é complicado, pois, devido ser feito o concurso, não fica sempre o mesmo professor”. “Pode ocorrer de cair um professor que não tenha tanta experiência, e isso poderá fazer com que a criança regrida”. E diz também que “tem professor que não tem curso de libras”. Eduardo 1- Qual o papel do instrutor surdo no AEE? Sou instrutor de libras da L 1, apenas libras, estar ensinando os alunos surdos a questão da oralização, através da visualidade vai aprendendo os significados das palavras de libras, para poder estar crescendo aprendendo a questão de libras. 2- Na sua percepção qual a necessidade maior no AEE para atender estudantes surdos? A questão da escrita e da letra, tem que estar dando apoio em libras estar ajudando em libras pra saber o significado das palavras L 1 L 2 isso é mais fácil, porque não é uma língua só são várias: português, libras. Demora a aprender, português demora, porque é língua de ouvinte, tem que ter significado, tem a questão da emoção, e libras tem que estar vendo visual, vai aprendendo pela visualidade, precisa estar junto, precisa estar junto, é um aprendizado duplo, L1 e L2, isso é o mais difícil estar trabalhando duas línguas junto. Porque precisa saber o significado de duas línguas que são muito diferentes, no entanto são conectados. 3- Como você vê a educação dos estudantes surdos nas escolas da rede regular de ensino? Falta mais ou está tudo bom? Hoje o aluno surdo precisa aprender mais libras, a escola é muito importante, difícil esse contato, essa comunicação ainda nas escolas. A comunicação com os professores ainda é difícil. Precisa ter uma troca, um companheirismo entre as pessoas, família, alunos, crianças surdas para aprender libras precisa dessa experiência de comunicação, precisa se abrir mais perder o medo se comunicar mais facilmente. E os professores também precisam estar juntos, não pode ser um trabalho isolado. Precisa haver uma troca. A maioria das escolas a dificuldade é a libras em se comunicar e a dificuldade do ouvinte ter essa comunicação. 4- Quanto aos recursos materiais ainda falta (tecnologias, de acessibilidade)? O material ele quem faz, ele imprime, ele produz o material de libras. Porque os materiais que tinha já estão tudo velho. O visual precisa ser bem mais claro material precisa ser mais bonito. Os materiais antigos eram muito escuros de muito tempo atrás. O aluno é visual precisa ver coisa bonita. Então faz tudo diferente, atual. 5- Quando aos órgãos que gerenciam a educação dos surdos aqui no município de Tubarão o que falta ainda em sua opinião? Está muito fraco, ainda precisa dar curso, o aluno surdo ainda precisa conhecer, o professor precisa ter libras, base, experiência para poder ir para mais. Um AEE bilíngue, o professor precisa ter fluência, precisa conhecer como vai ser a comunicação do dia a dia, como vai ser a comunicação do instrutor tutor com o professor. Diz que a comunicação é muito difícil. Professor 02 (Ricardo) 1- Quantos estudantes surdos são atendidos no AEE? Um aluno surdo, porém, vem muito pouco. O aluno referido tem uma cultura de ouvinte é DEA, usa aparelho e acha que a libras não é aquela coisa. Disse que o aluno sem o aparelho não escuta nada. O aluno começou a perder a audição com nove anos. Não tem conhecimento de documentação que prove se a deficiência é neurológica ou outros fatores contribuíram para tal. Pelo que o professor percebe a perda da audição é progressiva. Tem preocupação para com o futuro dessa criança, pois, os pais não incentivam a criança a estudar libras com o instrutor surdo. 2- Qual a proposta pedagógica para atender os alunos surdos no AEE? (Bilingue, como você desenvolve este trabalho) o que se trabalha no AEE? Lamenta, dizendo que fica ruim de trabalhar porque não sabe se trabalha como professor bilíngue ou professor dois. Faz um comparativo com outro aluno que ele teve do sexto ano, que ao contrário deste fazia tudo que ele passava e ainda um pouco mais. Referencia que faz um pouco de libras, vai fazendo as coisas, vai mesclando o ensino, porque ele (professor) é bilíngue aí faz sinal, mais é bem difícil, pois ele não está mais vindo no AEE para ter aula com o instrutor surdo. Já na outra escola que leciona a proposta é AEE bilíngue L1 L2, é tudo adaptado, faz todas as atividades adaptadas, com livros e outras coisas. 3- Você tem fluência em Libras? O AEE contribui para o aluno surdo adquirir a L1 (libras) e a L2(português) Sim contribui, cita um exemplo de um aluno de outra escola que começou desde cedo no AEE e hoje já está se formando no terceirão. 4- Você considera importante a presença de um instrutor surdo no AEE? Eu vejo que é muito importante, porque eles dão muito valor para o professor surdo, eles se identificam, tem aquela identificação, como da mesma tribo, da mesma comunidade. É um professor que se comunica da mesma forma que ele. Tem aquele diferencial, até o jeito de se expressar é diferente. 5- Como se dá a Bi docência dos envolvidos na escola com o AEE (professor de sala, gestores)? Referente a esta pergunta não ficou claro como acontece. 6- Você considera que a sala do AEE está preparada para atender os estudantes surdos (recursos visuais, tecnológicos)? Não menciona sobre a escola em questão, cita a outra pela qual presta serviços em um contraturno ser bem avançada. 7- Quando a capacitação você considera suficiente?Sim muito importante. Menciona que quando o mesmo entendeu que precisava da língua de sinais ai caiu a ficha, porém, demorou um pouco isso a acontecer. Agora a mesmo já está se formando no terciarão. Fazendo um comparativo com o aluno da escola vigente, diz que ele não tem cultura de surdo, tudo ouvinte os amigos dele, não procura nada de cultura do surdo, é tudo cultura de ouvinte. Alega que falta o incentivo da família, pois ele é uma criança, criança não se manda tem de ser incentivada. O aluno está no sétimo ano. Fala que se o aluno tivesse vindo do ensino regular aí se viria um progresso, pois começaria do básico. Assim como faz o instrutor surdo com as crianças que ele ajuda. Fala que quando ele (aluno) fica sem o aparelho fica apavorado porque não escuta, então conversa com ele para se acalmar pois ele está ali, porém frisa para o mesmo aproveitar essa oportunidade que possui de aprender libras com o professor bilíngue e o instrutor surdo, porque isso vai acabar quando ele tiver que sair da escola. Aí não terá quem possa ajudá-lo caso ele não aprenda a se comunicar por libras.