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TRAUMA DE TÓRAX AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: identificar as principais lesões que comprometem a vida, como: Obstrução de vias aéreas: · Aspiração de sangue, conteúdo gástrico, saliva ou corpos estranhos (principalmente dente), lesões diretas ou compressivas em qualquer ponto da via aérea (boca até traqueia) · Quando suspeitar e o que procurar? Sinais de esforço respiratório, estridor, alteração da voz, conteúdo visível na boca, estigmas de traumas em região próxima da fúrcula ou região cervical ou enfisema subcutâneo · Abordagem inicial imediata. Posicionamento adequado da via aérea (com manobras) com aspiração e remoção de corpos estranhos que possam ser visualizados (fundos podem piorar) Lesão de árvore traqueobrônquica: · Raras. Ocorrem em apenas 1% dos traumas torácicos contusos · Mecanismo traumático mais envolvido é de alta energia ou por desaceleração importante · Quando suspeitar? Hemoptise, esforço respiratório, cianose, enfisema subcutâneo em tórax e/ou cervical, pneumotórax e pode ter pneumomediastino associado Pneumotórax (hipertensivo, simples e aberto): · Pode ocorrer por lesões direta no parênquima pulmonar ou em vias aéreas (traquéia e brônquios), por lesões em parede torácica em si, por ventilação com pressão positiva ou por iatrogenias · Pneumotórax hipertensivo: ausculta abolida, hipertimpanismo durante a percussão e, pela alta pressão dentro do tórax, faz desvio da traqueia contralateral a lesão, distensão jugular, esforço ventilatório, queda da saturação, instabilidade hemodinâmica (compressão da veia cava e da aorta), rebaixamento do nível de consciência e cianose → diagnóstico é clínico e trata de emergência · Tratamento: descompressão torácica com toracocentese de alívio com jelco calibroso no 5° espaço intercostal, entre as linhas axilar anterior e média. Após, deve-se realizar a drenagem de tórax em sistema fechado · PUCUS pulmonar (US): ausência de deslizamento pleural (modo B), sinal do código de barra/estratosfera (modo M). O achado patognomônico é a presença de lung point ou ponto pulmonar · Pneumotórax simples: redução da expansibilidade torácica, hipertimpanismo à percussão, redução de murmúrios vesiculares · Diagnóstico: radiografia de tórax e POCUS · Tratamento: drenagem de tórax fechada · Pneumotórax aberto: ocorre quando há ferimentos penetrantes na parede torácica com diâmetro de dois terços de diâmetro da traqueia · Tratamento: posicionamento de curativo de três pontas · Tratamento definitivo: drenagem torácica no 5° espaço intercostal, entre a linha axilar anterior e a linha axilar média Hemotórax e hemotórax maciço: · Maciço: mais de 1,5L de sangue no hemitórax · Tratamento: ressuscitação volêmica, uso de hemocomponentes, drenagem do tórax · Se drenagem de 1,5L inicialmente, perda de 200mL/h nas primeiras 2 a 4 horas ou instabilidade hemodinâmica → abordagem cirúrgica de urgência Pneumotórax hipertensivo X Hemotórax maciço: Tamponamento cardíaco: · Tríade de Beck: hipofonese de bulhas, hipotensão e distensão das veias jugulares · Diagnóstico: POCUS · Tratamento: cirúrgico – toracotomia de emergência, expansão volêmica, suporte respiratório e pericardiocentese AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA · Tórax instável: quando acometem mais do que dois locais distintos em pelo menos duas costelas contíguas · Diagnóstico: TC de tórax e o exame padrão-ouro para visualização de contusão pulmonar e fratura de costelas Rotura diafragmática: · Desconforto respiratório · Expansibilidade torácica assimétrico · Ausculta de ruídos hidroaéreos na caixa torácica Rotura traumática de aorta: · 85 a 90% dos pacientes com trauma de aorta são encontrados sem vida na cena · Radiografia de tórax: hemotórax volumoso à esquerda, desvio de traquéia e do tubo orotraqueal, alargamento de mediastino, alargamento de arco da aorta e botão aórtico · Tratamento inicial: controle álgico, controle de FC abaixo de 80 bpm, PAM entre 60 e 70 mmHg Contusão miocárdica: · Taquicardia sinusal · Pode evoluir para choque cardiogênico TRAUMA DE ABDOME Depende da epidemiologia, mecanismos e órgãos mais lesados, divididos em contuso e penetrantes CONTUSO: · Epidemiologia: acidentes de trânsito, quedas de grandes alturas · Mecanismo: compressão por guidão de moto, painel de veículos, colisão de veículos, aceleração e desaceleração e cisalhamento · Órgão mais lesado: baço (40-55%), fígado (35-45%) e delgado (5-10%) PENETRANTE: · Epidemiologia: violência urbana · Mecanismos: ferimentos por arma de fogo (FAF), ferimento por arma branca (FAB) · Órgão mais lesado: fígado (30-40%), delgado (30-50%), diafragma (20%), cólon (15-40%) TRAUMA DE ABDOME FECHADO (contusão): · Impacto direto → compressão ou esmagamento de vísceras abdominais e/ou pélvicas · Lesões decorrentes das forças relacionadas à desaceleração · Órgão mais frequentemente acometidos: baço (40-55%), fígado (35-45%) e intestino delgado (5-10%) TRAUMA DE ABDOME PENETRANTE: · Arma branca: estruturas abdominais adjacentes → fígado 40%, intestino delgado 30%, diafragma 20% e cólon 15% · Arma de fogo: lesões intra-abdominais em decorrência da sua trajetória, do efeito de cavitação e da possível fragmentação do projétil; intestino delgado 50%, cólon 40%, o fígado 30% e as suas estruturas vasculares abdominais 25% · Dispositivos explosivos: lesões penetrantes x lesões contusas História: · Vítimas de colisão automobilísticas: velocidade do veículo, tipo de colisão, intrusão de partes do veículo no compartimento dos passageiros, tipos de dispositivos de contenção, acionamento do airbag, posição do doente no veículo e condições dos passageiros · Vítimas de quedas: determinar altura da queda · Vítimas de trauma penetrante: tempo da lesão, tipo de arma, distância do agressor, número de facadas ou tiros, volume de sangue perdido · Localização e intensidade da dor: lesões de tronco e cervical decorrentes dos dispositivos de contenção Exame físico: · Inspeção: totalmente despido; após o término da inspeção, o paciente deve ser coberto → hipotermia → coagulopatias e aumento da hemorragia · Ausculta: difícil na sala de emergência → RHA · Percussão e palpação: irritação peritoneal, defesa voluntária ou involuntária, distinguir dor superficial (parede abdominal) ou profunda, presença de útero gravídico (estimar idade gestacional), próstata deslocada cranialmente (fratura pélvica importante) · Avaliação da estabilidade pélvica: · Diagnóstico deve ser realizado rápido · Hipotensão inexplicável · Achados sugestivos de fraturas pélvica: · Ruptura de uretra (próstata deslocada cranialmente, hematoma escrotal ou sangue no meato uretral) · Discrepância no tamanho dos membros · Deformidade rotacional da perna sem fratura óbvia · Cuidado na manipulação da pelve · Exame da uretra, períneo e reto: · Sangue no meato uretral → lesão uretral · Presença de hematomas escrotal ou no períneo → lesão uretral · Trauma fechado: toque retal → avaliar tônus do esfíncter, integridade da mucosa retal, posição da próstata e identificar sinais de fraturas dos ossos da pelve · Ferimentos penetrantes: toque retal para procura de sangramentos de perfuração do intestino LPD (lavado peritoneal diagnóstico) · Exame rápido para identificar hemorragias · Exame invasivo · Sensibilidade de 98% · Indicada em pacientes vítimas de trauma fechado e hemodinamicamente instáveis → tomografia e FAST indisponíveis · Contraindicações relativas: cirurgias abdominais prévias, obesidade mórbida, cirrose avançada e coagulopatias prévias FAST: · Exame rápido, barato, não invasivo para detectar causas de hipotensão · Operador dependente, difícil visualização em obesos · Sensibilidade, especificidade e acurácia na detecção de líquido intra-abdominal comparável com o LPD · Pode ser repetido diversas vezes na sala de emergência · Janelas obtidas: · 1: subxifóide · 2: Hepatorrenal · 3: Esplenorrenal · 4: Suprapúbica TC de abdome: · Dificuldades: necessidade de transporte e necessidade de contraste · Visualização de lesões que não causam irritação peritoneal e não diagnosticados com LPD · Comparação entre LPD, FAST e TCno trauma abdominal fechado Indicações de laparotomia: · Qualquer trauma abdominal: peritonite, pneumoperitônio e pneumorretroperitôneo, evisceração, lesão de pedículo renal e ruptura de bexiga intraperitoneal · Fechado: FAST positivo em paciente hemodinamicamente instável · Penetrante: hipotensão ou sinais de instabilidade hemodinâmica; ferimento por arma de fogo transfixante; sangramento em reto, estômago ou trato genitourinário TRAUMA PÉLVICO · Alta mortalidade, por hemorragias grandes · Decisão rápida · Fraturas pélvicas e hemorragia: ligamentos ósseos posteriores · Lesões do anel pélvico podem ser causadas por: colisões de moto, atropelamento, esmagamento direto, queda de alturas acima de 3,6m · Mortalidades: 1 a cada 6 pacientes (5-30%) · Fraturas fechadas associada a hipotensão → mortalidade aumenta 1 a cada 4 pacientes (10-42%) · Fraturas abertas: 50% de mortalidade · Quatro padrões de forças: · Compressão anteroposterior · Compressão lateral · Cisalhamento vertical · Padrões complexos (combinação) · Classificação: · Fechada · Livro aberto · Instabilidade da pelve Tratamento: · Controle da hemorragia: estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa · Lençol, cinta pélvica e outros dispositivos · Reanimação volêmica · Tratamento definitivo Cuidados: · Atraso na estabilização pélvica pode acarretar hemorragia ativa · A pressão causada por dispositivos pélvicos sobre as proeminências ósseas é suficiente para provocar lesões de pele TRAUMA HEPÁTICO · Classificação das lesões hepáticas segundo a AAST TRAUMA ESPLÊNICO · Classificação da AAST-OIS para trauma esplênicos: TRAUMA RENAL · Classificação trauma renal image4.png image8.png image5.png image7.png image2.png image3.png image1.png image6.png