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TCE/Trauma de Tórax/Trauma Abdominal . TCE - Trauma Crânio Encefálico Todo trauma que, direta ou indiretamente, acomete o encéfalo ou seus envoltórios crâniomeníngeos. A principal causa são os acidentes automobilísticos, seguidos de quedas, acidentes por arma de fogo e atividades esportivas. Cavidade Crânio Espinhal Preenchida por: ● Sangue; ● LCR- Líquido cefalorraquidiano ou líquor; ● Tecido nervoso. ➔ Avaliação Inicial ● História Clínica; ● Exame físico geral; ● Avaliação neurológica; ● Tipo e gravidade do acidente; ● Nível de consciência; ● Sinais e sintomas neurológicos; ● Presença de fratura no RX do crânio. O uso de álcool ou drogas que deprimem o sistema nervoso ou ainda fatores tóxicos podem influenciar na avaliação inicial do paciente. ➔ Avaliação dos Sinais Vitais O TCE pode alterar os SSVV (sinais vitais), sendo difícil de saber se as alterações se devem ao próprio TCE ou a outros fatores. Hipertensão, bradicardia e diminuição da FR (Tríade Cushing) são uma resposta específica ao aumento da pressão intracraniana (PIC), indicando necessidade de intervenção imediata. ➔ Avaliação da Reação Pupilar A diferença de mais de 1 mm no diâmetro das pupilas já é considerada anormal. Uma resposta lenta ao estímulo luminoso pode indicar lesão intracraniana, hematoma epidural. Exame Pupilar ● Tamanho; ● Simetria; ● Reatividade à luz. ● Miose - 1 a 2 mm; ● Normal - 3 a 5 mm; ● Midríase - 7 a 8 mm. ➔ Avaliação da Força Muscular A vítima com resposta motora assimétrica indica lesão intracraniana. O objetivo do exame neurológico é determinar a presença de lesão cerebral, sua severidade e deterioração neurológica. ➔ TCE Grave ● Assimetria de pupila; ● Assimetria motora; ● Fratura de crânio com perda de líquor ou exposição de tecido cerebral; ● Deterioração neurológica (queda de 2 ou mais pontos na ECG ou cefaléia intensa ou aumento do diâmetro das pupilas); ● Fratura com afundamento craniano. Classificação de Gravidade ● Leve - 13 a 15; ● Moderado - 9 a 12; ● Grave - 9. ≤ ➔ TCE - Classificação ● Traumatismo craniano fechado; ● Traumatismo craniano com fratura e afundamento; ● Traumatismo craniano aberto. ➔ Fratura da Base de Crânio Sinais Clínicos: ● Otoliquorréia ○ Perda de líquor ou sangue pelos ouvidos. ● Rinoliquorréia ○ Presença de líquor na cavidade nasal. ● Hemotímpano ○ Hemorragia no ouvido médio (caixa de tímpano). ● Sinal de Battle ○ Equimose atrás da orelha. ● Sinal de Guaxinim ○ Equimose em torno das órbitas. ➔ Concussão Cerebral É a perda imediata e transitória da consciência no momento do trauma, recuperável em 24h ou menos, sem sequelas. Acompanha-se de amnésia retrógrada e pós traumática. Não há alterações estruturais e histológicas. Geralmente é mais intensa logo após a lesão, e não causa da lesão do parênquima. ➔ Contusão Cerebral São lesões traumáticas focais e superficiais causadas pelo atrito entre o cérebro e o crânio no momento do trauma. São muito comuns na face orbitária dos lobos frontais e na região anterior dos lobos temporais. Geralmente apresenta lesão intraparenquimatosa com graus variáveis de hemorragia, edema e necrose. Ocorrem déficits neurológicos que persistem por mais de 24h. Não costumam deixar sequelas. ➔ Hematoma Epidural Localizado entre a calota craniana e a membrana mais externa cerebral (dura-máter). Ocorre entre 1 e 3% dos TCE. São lesões associadas a fraturas que laceram uma das artérias ou veias meníngeas. Em geral, há perda da consciência logo após o trauma com recuperação após alguns minutos ou horas. Pode haver deterioração neurológica, devido a herniação cerebral. Alterações pupilares e hemiparesia contralateral ao local da lesão, associadas a alterações da consciência são os achados mais comuns no exame físico. Cirurgia para drenagem do hematoma é o tratamento de escolha. ➔ Hematoma Subdural Agudo Localizado entre as membranas que revestem o cérebro (dura-máter e aracnóide). É encontrado em pacientes que sofrem traumatismo decorrente de aceleração e desaceleração em altas velocidades. Pode ser simples e tem bom prognóstico quando não há lesão cerebral associada. Hematomas subdurais mais complicados são acompanhados de laceração do parênquima e dos vasos. O quadro clínico se caracteriza, geralmente, por coma. O tto pode ser cirúrgico ou não, dependendo do tipo e da extensão das lesões. ➔ Hemorragia Subaracnóide Em geral, acompanha traumatismos cranianos moderados e severos. Injúria de pequenas veias corticais que passam através do espaço subaracnóideo, entre a aracnóide e a pia-máter. Pode ocorrer associada a outras lesões. ➔ TCE - Tratamento Atendimento pré-hospitalar adequado. Transferência para centros de referência. Evitar lesões secundárias (hipóxia/hipotensão). Avaliação senso-motora (assimetria motora e sensitiva das extremidades). Proteção para vítimas desorientadas e agitadas. Nos casos de ferimento, enfaixar a cabeça. O tratamento efetivo da HIC diminui a mortalidade. Exame neurológico rápido (alerta, resp. motora, resp. verbal, dor, sem resposta). Prevenção e tratamento de hipotensão e hipóxia IOT s/n. ● Transporte com Ov; ● Cabeça a 30º; ● Avaliação pupilar; ● Avaliação primária; ● TC de crânio; ● Evitar hiperventilação profilática; ● IOT quando Glasgow <8; ● TC crânio + avaliação da NCR; ● Hospitalização em UTI; ● Avaliação neurológica frequente; ● Nova TC s/n. Objetivo do Tratamento Normalizar a PIC. Prevenir eventos que desencadeiam lesões secundárias. Evitar iatrogenias. Trauma de Tórax Resulta de traumas fechados e penetrantes.15%-20% toracotomia. Outros 85%, tto com oxigênio suplementar, suporte ventilatório, analgesia e drenagem de tórax. ➔ Mecanismo do Trauma ● Colisões de veículos. ● Quedas; ● Lesões por prática de esporte; ● Lesões por esmagamento; ● Ferimentos por arma branca ou por projétil de arma de fogo. ➔ Trauma Penetrante ● Objetos de tamanhos variáveis penetram o tórax; ● Laceração de órgãos internos; ● Pneumotórax; ● Hemotórax; ● Sangramento no parênquima pulmonar. ➔ Trauma Contuso ● Transmissão de energia através da parede aos órgãos internos; ● Lesão de tecido e vasos sanguíneos pulmonares; ● Contusão pulmonar; ● Ruptura de grandes vasos (aorta); ● Contusão cardíaca. ➔ Avaliação e Tratamento de Lesões Específicas – Fratura de Costelas Fraturas de primeira e segunda costelas, alto risco de lesões associadas. Cerca de 5% têm ruptura de aorta. Presente em 10% das vítimas de trauma. Maio morbidade e mortalidade, fraturas múltiplas, bilaterais e idade avançada. Fratura de costelas 4-8 mais comum. Lesões de músculos, pulmões e vasos sanguíneos, extremidades das costelas e hemotórax. É comum contusão pulmonar, pneumotórax e hemotórax. Fratura de últimas costelas, lesão de fígado e baço. ➔ Tórax Instável Impacto no esterno ou na parede lateral do tórax. Ocorre quando duas ou mais costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois lugares. O segmento ósseo fraturado, perda da estabilidade. Consequências Diminuição na capacidade vital proporcional aotamanho do segmento instável. Aumento no trabalho da respiração. Dor limita a capacidade de expansão da caixa torácica. Contusão do pulmão subjacente. ● Dor intensa; ● Frequência respiratória elevada; ● Dificuldade de realizar respirações profundas; ● Crepitação óssea e dor à palpa. Tratamento ● Alívio da dor; ● Suporte ventilatório; ● Oximetria de pulso; ● Oxigenioterapia, manter sat de O2 ≥ 94%; ● Suporte ventilatório, máscara facial, CPAP; ● Intubação traqueal e ventilação com pressão positiva. ➔ Contusão Pulmonar Trauma fechado ou penetrante. Acúmulo líquido de sangue e no espaço intersticial e alvéolos. Prejudica ventilação e trocas gasosas. O tratamento é dirigido ao suporte ventilatório. Avaliação contínua da FR e dos sinais respiratórios. Oximetria de pulso e capnografia contínuos. Suporte ventilatório com máscara facial, CPAP ou intubação traqueal e ventilação mecânica. Manter saturação de O2 ≥ 94%. ➔ Pneumotórax Presença de ar no espaço pleural. Leva ao colapso do pulmão do mesmo lado. Paciente refere dor pleurítica e dificuldade para respirar, de leve a severa. Pode apresentar insuficiência respiratória. O murmúrio vesicular diminuído do lado lesado. Administrar oxigênio suplementar. Obter acesso venoso. Tratar do choque se desenvolver. Monitorização da oximetria de pulso e capnografia. Transporte rápido para hospital. Pode desenvolver pneumotórax hipertensivo. ➔ Pneumotórax Hipertensivo Emergência com risco de vida. O ar entra continuamente e fica preso no espaço pleural. Aumento gradual da pressão intratorácica. Leva a um desvio do mediastino para o lado contralateral. Comprometimento da função circulatória. Toracotomia com Agulha Inserção de agulha no espaço pleural. Permite o escape de ar. Historicamente, 2º EI com linha hemiclavicular. Recentemente, 5º EI na linha axilar anterior. Inserção no 2º EI traz alguns problemas: ● Maior espessura da musculatura, acotovelamento do cateter durante o transporte; ● Risco de hemorragia, inserção nos vasos subclávios, artéria mamária interna, coração ou vasos pulmonares; ● Abordagem lateral é a preferida, maior taxa de sucesso. ➔ Pneumotórax Aberto Ferimento penetrante na caixa torácica. Comunica o espaço pleural com a atmosfera. Quando o paciente inspira o ar entra pela lesão. Som audível quando o ar entra e sai da caixa torácica. O exame do tórax revela a lesão que borbulha durante a expiração. O ar pode entrar no espaço pleural pela lesão na caixa torácica e pela eventual lesão pulmonar. Mecanismos: ● Explosões, ferimento por arma de fogo ou arma branca, empalhamentos. Tratamento Oclusão da lesão e administração de O2 suplementar. Curativo de 3 lados, selo valvulado. Ele previne a entrada de ar na inspiração e permite a saída na expiração. Evita o desenvolvimento de pneumotórax hipertensivo. Recomendações do PHTL: ● Colocar um selo valvulado sobre a lesão; ● Se não disponível, curativo de 3 lados com papel laminado ou plástico; ● Se nenhum destes está disponível cobrir com um curativo de gaze tipo "petroleum", não permite entrada e saída de ar; ● Se desenvolver insuficiência respiratória, toracostomia com agulha; ● Se persiste insuficiência respiratória, intubação traqueal e ventilação mecânica. ➔ Hemotórax Presença de sangue no espaço pleural. No adulto o espaço pleural pode conter de 2.500 mL a 3.000 mL de sangue. Ruptura de vasos intercostais, dos grandes vasos, do próprio pulmão e seus vasos. Os sintomas estão relacionados com a perda de sangue. O doente pode estar confuso ou ansioso. Sinais: ● Taquipnéia, diminuição do murmúrio vesicular e os sinais clínicos de choque. Hemopneumotórax. Corrigir os problemas ventilatórios e circulatórios. Oxigênio em alta concentração. Ventilações assistidas (bolsa- máscara). Intubação endotraqueal S/N. Reposição volêmica (hipovolemia e choque). Transporte para hospital, para correção cirúrgica imediata. ➔ Contusão Cardíaca Trauma torácico fechado grave. Tórax atinge o painel ou a direção. Coração é comprimido entre o esterno e a coluna. P.A.S. pode chegar a 800 mmHg. Distúrbios no sistema de condução elétrica do coração. Ruptura valvular. Ruptura da parede miocárdica (tamponamento cardíaco). Diminuição do débito cardíaco. Arritmias. O “socorrista” deve alertar o pessoal do hospital sobre qualquer sinal clínico. Administração de O2. Monitoramento da F.C. Monitorização cardíaca. Se arritmia (tratar com fármacos). Transporte rápido para hospital. ➔ Ruptura da Aorta Resultado de cisalhamento. Desaceleração rápida no trauma fechado do coração e arco aórtico movem-se para frente. Afastam-se da aorta descendente fixada às vértebras torácica. Forças de cisalhamento porção distal do arco aórtico. 80% a 90% ruptura de aorta e exsanguinação completa para o espaço pleural E. 1/3 destes doentes morrem em 6h. 1/3 morre em 24h. 1/3 sobrevive 3 dias ou mais. Diagnóstico difícil. TC ou Aortografia. Informações do local do trauma (importante). 1/3 sem sinais de trauma de tórax. Avaliação de pulso MMSS e femoral. Trauma Abdominal O trauma é a principal causa de óbito nas primeiras quatro décadas de vida. A hemorragia nas primeiras horas após o trauma é o fator mais relacionado ao óbito e nesse contexto o trauma abdominal é mais comum pelos órgãos e vasos que abriga. O trauma abdominal ocorre em 15 a 20% dos traumas. Tanto o abdome como a pelve são fontes de sangramento. ➔ Anatomia ➔ Classificação ● Trauma fechado ou contusão abdominal; ● Trauma abdominal aberto. Trauma Fechado ● Compressão; ● Cisalhamento; ● Desaceleração; ● Esmagamento. ➔ Fisiopatologia Órgãos sólidos e vasculares (fígado, baço, aorta e cava). Causam sangramento. Hipovolemia. Choque. Órgãos ocos (intestino, vesícula biliar, bexiga). Derramam conteúdo na cavidade. Liberação de ácidos, enzimas e bactérias. Peritonite. Sepse. ● Ferimentos penetrantes ○ Mais evidentes. ● Lesões em múltiplos órgãos; ● Trajetória pode ajudar na identificação; ○ Lesões com penetração em outras partes podem atingir o abdômen. ● Trauma fechado ○ Mais difícil de diagnosticar. ● Por compressão ○ Lesão de órgãos pela pressão contra objetos sólidos. ● Por cisalhamento ○ Lesão pela tração exercida sobre ligamentos de fixação – Ex.: fraturas de bacia. ● Por compressão; ● Aumento da pressão; ● Ruptura do diafragma; ● Órgãos herniados comprometem a expansão pulmonar. ➔ Avaliação Para avaliar o índice de lesão abdominal, deve-se levar em consideração: ● Cinemática do trauma; ● História; ● Exame Físico. Cinemática - Mecanismo do trauma. Ferimentos Penetrantes - Arma branca: apenas 15% necessitam de cirurgia, atinge mais o fígado (40%). Arma de fogo: 85% necessitam de cirurgia, atinge mais o intestino delgado(50%) . Trauma Fechado - Por compressão ou cisalhamento. Acidentes automobilísticos, quedas, agressões físicas. ➔ Sinais e Sintomas Dor Abdominal - Sintoma mais evidente no trauma de abdome. Rigidez Abdominal - Abdome em tábua. Sinais Indicativos - Fraturas de costelas inferiores, equimoses, hematomas, ferimentos na parededo abdome, dorso e no tórax abaixo do mamilo. ● Dor no local do trauma; ● Sinais de choque hipovolêmico; ● Sinal do “cinto de segurança”; ● Sangramento pela uretra, vagina e reto. ➔ Atendimento Tanto no trauma aberto ou fechado estáveis - USG abdominal/TC abdominal. Instáveis - LPD (Lavado Peritoneal Diagnóstico) invasivo de rápida execução, com sensibilidade de 98% na detecção de hemorragia intra-abdominal. Pontos Positivos do LPD - Presença de sangue, laparotomia. Pontos Negativos do LPD - Lesões retroperitoneais, infecções, peritonite. FAST (Focused Abdominal Sonogram for Trauma) - Busca líquido em região precordial, hipocôndrios e fundo de saco. Sondagens SNG - Descomprimir o estômago antes de realizar o LPD, remover conteúdo gástrico, evitar risco de aspiração. ❗ Atenção - Fratura de base de crânio sonda orogástrica. SVD - Aliviar retenção de urina (monitorar débito), descomprimir bexiga antes de realizar o LPD verificar presença de sangue na urina. Lesões geniturinárias geralmente causam hematúria. ❗ Atenção - Toque retal. ❗ Atenção Não remover objetos encravados, pois a sua remoção pode causar mais lesões. Quando ocorrer evisceração, não se deve colocar o órgão de volta na cavidade abdominal. Deve-se proteger a porção eviscerada com compressas estéreis umedecidas com soro fisiológico estéril. Essas compressas devem ser periodicamente umedecidas para evitar que fiquem secas. Transportar o mais rápido possível para o C.C. ➔ Empalamento Corpos estranhos introduzidos na vagina, ou no reto, podem penetrar a cavidade abdominal pela lesão desta estrutura com grave repercussão. A penetração de algum objeto perfurante, como ferro, estaca, pedaços de madeiras. Nestes casos, o diagnóstico é feito pela história clínica (perda de sangue pelo reto), exame físico e toque retal.
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