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Gestão de Crédito Mercado de Crédito Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Iraci de Oliveira Motta Rapp Prof. José Felipe Ferreira de Souza Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lidia de Sá Cicaroni 5 • Mercado de Crédito no Brasil Esta unidade tem como foco principal o estudo do “Mercado de Crédito” no âmbito do cenário nacional e mundial e também aborda as agências de classificação de risco. No conteúdo teórico, inicialmente, você estudará o mercado de crédito brasileiro e a influência, na economia, dos altos índices de inflação que inibiram o desenvolvimento econômico brasileiro. Você deve atentar para o fato de que, após a implantação do Plano Real, em 1994, o país obteve forte expansão do mercado de crédito e de capitais. Um dos segmentos que mais cresceu foi o de cartão de crédito. No cenário de crédito mundial, a crise no mercado imobiliário que ocorreu nos EUA em virtude da forte expansão do crédito hipotecário, sem observância das boas práticas de concessão de crédito, acarretou uma crise financeira mundial em 2008. A referida crise foi chamada de subprime, pois eram créditos de baixa qualidade que representavam alto risco. Com relação às agências de classificação de risco, durante o estudo desta unidade, você conhecerá as principais empresas do setor, bem como as escalas de rating utilizadas para classificar os emissores de títulos no mercado. Esses assuntos são importantes para a sua formação, visto que notícias sobre crise no mercado financeiro, endividamento dos países e agências de ratings estão frequentemente na mídia. O conteúdo teórico da Unidade II teve como base o livro Mercado Financeiro, de Alexandre Assaf Neto, e o livro Gestão e Análise de Risco de Crédito, de José Pereira da Silva. Serviram também de base para o conteúdo teórico o Relatório de Economia Bancária e Crédito, de 2010, do Banco Central do Brasil, e o artigo “Analisando a Crise do Subprime”, publicado na revista do BNDES, de autoria de Gilberto Rodrigues Borça Júnior e Ernani Teixeira Torres Filho. Na Unidade II – Mercado de Crédito – iremos estudar o cenário brasileiro e mundial do mercado de crédito; também iremos abordar a crise financeira mundial de 2008 e seu reflexo na gestão de crédito. Mercado de Crédito 6 Unidade: Mercado de Crédito Contextualização Ao estudarmos o mercado de crédito, percebemos que nele há o envolvimento de duas partes, uma credora e outra devedora. A relação entre ambas, geralmente, estabelece-se por uma relação contratual, que pode ser uma relação formal ou informal. No Brasil, durante longo período de tempo, houve altas taxas de inflação que impediram o crescimento econômico brasileiro, consequentemente, também inibiram o crescimento do mercado de crédito. Para conter a inflação, foram implantados diversos planos econômicos que não tiveram êxito, até que o Plano Real entrou em vigor em 1994; desde então o Brasil tem vivido tempos de maior estabilidade econômica. Ao estabelecer uma operação de crédito, a parte credora concede uma liquidez (crédito) mediante uma promessa de pagamento da parte devedora. Durante a operação de crédito existe também o risco de crédito. Os principais agentes de concessão de crédito são as instituições financeiras, que possuem elevado grau de especialização no processo de empréstimo. Ressalta-se que existem diversos outros agentes que realizam a concessão de crédito ou captação de recursos. O mercado de crédito é bastante importante para alavancar o desenvolvimento econômico de qualquer nação. No Brasil, houve forte expansão do crédito nos últimos anos, e o mercado de cartão de credito foi um dos produtos que mais cresceram. 7 2 Mercado de Crédito no Brasil 2.1. Cenário histórico Por longo período, o Brasil sofreu com altas taxas de inflação, que inibiram o crescimento econômico e, por sua vez, o mercado de crédito no Brasil e o mercado de capitais. O governo brasileiro implantou diversos planos econômicos, visando combater essas taxas de inflação, tais como: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), Plano Collor (1990) e Plano Collor II (1991). Todos esses planos não lograram êxito no controle da inflação. No início de 1990, a taxa de inflação era da ordem de 56% e alcançou 84% no mês de março daquele ano, caracterizando um ambiente de hiperinflação. O último plano econômico lançado pelo governo brasileiro para combate à hiperinflação foi em 1994 - o Plano Real. Desde então, o país tem vivenciado um período de estabilidade econômica. Divulgação BC Assim, dentro de um cenário econômico mais estável, o Brasil tem experimentado um dos mais prolongados ciclos de expansão do crédito, e as instituições financeiras passaram a priorizar o crescimento das suas carteiras de crédito para pessoas físicas e jurídicas. O mercado de crédito e o de capitais desenvolvidos são instrumentos para promover o desenvolvimento econômico. O acesso ao crédito pelas famílias aumenta o consumo; assim também a obtenção de capital pelas empresas permite o aumento da produção. 2.2. Crescimento do mercado de crédito no Brasil Até 1994, praticamente poucas pessoas tinham acesso a cartão de crédito ou a financiamento de carro, por exemplo. O crédito para financiamento de imóveis também era escasso. Os empréstimos para capital de giro das empresas tinham curtíssimo prazo, como, por exemplo, cerca de 30 dias, e os financiamentos para investimento eram quase inexistentes. O que é? Inflação é o aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Hiperinflação é uma inflação fora de controle, ocorrendo encarecimento rápido dos produtos, recessão e desvalorização acentuada da moeda. Conforme economistas, pode-se considerar hiperinflação quando o índice fica acima de 50% ao mês. 8 Unidade: Mercado de Crédito Conforme dados do Banco Central do Brasil, constantes no Relatório de Economia Bancária e Crédito de 2010, o volume de crédito concedido pelas instituições financeiras alcançou o montante de R$ 1.706 bilhões em dezembro de 2010, com crescimento de 20,6% no ano, e representava 46,4% do PIB (Produto Interno Bruto) . Em 2009, o montante de crédito concedido representava cerca de 45% do PIB contra 42% em 2008. Com base em dados disponíveis no sítio economiabr. com.br, elaboramos a seguinte tabela com o valor do PIB brasileiro nominal, ou seja, valores em Reais, bem como em dólares norte-americanos no período de 2000 a 2010. PIB Brasileiro Nominal - R$ Trilhões E US$ Trilhões - 2000 a 2010 ANO R$ TRI US$ TRI 2000 1,179.482 - 2001 1,302.136 - 2002 1,477.822 - 2003 1,699.648 0,493 2004 1,941.498 0,665 2005 2,147.943 0,884 2006 2,322.818 1,067 2007 2,562.300 1,314 2008 2,889.719 1,573 2009 3,140.000 1,570 2010 3,675.000 2,090 Fonte: PIB com base em dados disponíveis em: www.economiabr.com.br/Ind/Ind_gerais http://www.economiabr.com.br/Ind/Ind_gerais.htm#PIB-NOMINAL Elaboramos também uma tabela com o montante de crédito concedido pelo Sistema Financeiro Nacional (SFN), em Reais, no período de 2000 a 2010, e com os valores do PIB nomimal, apurando-se os respectivos percentuais do volume de crédito em relação ao PIB. O que é? PIB - Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região, que pode ser país, estado ou cidade, de um determinado período (mês, trimestre, ano, etc). PIB é índice utilizado para medir o crescimento econômico de uma região/país. 9 Volume de Crédito em Relação ao PIB R$ milhões % Ano PIB CRÉDITO CRÉDITO/ PIB 2000 1.179.482 326.826 27,71% 2001 1.302.136 336.376 25,83% 2002 1.477.822 384.396 26,01% 2003 1.699.648 418.258 24,61% 2004 1.941.498 498.722 25,69% 2005 2.147.943 607.023 28,26% 2006 2.322.818 732.590 31,54% 2007 2.562.300 935.973 36,53% 2008 2.889.719 1.227.294 42,47% 2009 3.140.000 1.414.304 45,04% 2010 3.675.000 1.705.890 46,42% Fonte: Crédito no SFN com base emdados disponíveis no site do Banco Central e PIB com base em dados disponíveis em: www.economiabr.com.br/Ind/Ind_gerais Em seguida apresentamos o gráfico representando os percentuais do montante de crédito em relação ao PIB, no qual se observa a evolução de 24%, em 2003, para 46% em 2010. 10 Unidade: Mercado de Crédito Nota-se que, no Brasil, houve um forte crescimento do volume do crédito em relação ao PIB nacional, porém esse aumento mostra-se baixo quando comparado com países desenvolvidos ou mesmo com países em desenvolvimento. Segundo Sant’anna (2009), em estudo publicado em Revista do BNDES, Mercado de Crédito no Brasil, esse percentual pode atingir mais de 200% nos Estados Unidos. O referido estudo destaca que, no período de 2004 a 2008, na oferta de crédito pelos bancos, predominaram operações para as famílias, possibilitando o acesso a bens duráveis e imóveis. Em 2008, houve redução na oferta de crédito tanto no mercado brasileiro como no mundial, em função de crise financeira internacional que se iniciou nos Estados Unidos em 2007, assunto que estudaremos mais adiante. Como veremos a seguir, outro mercado que ainda deverá crescer muito no Brasil é o de cartões de crédito. 2.2.1 Mercado de cartões de crédito O cartão de crédito surgiu nos Estados Unidos na década de 20. Ele chegou ao Brasil na década de 50, porém, até os anos 90, sua utilização era incipiente. Todavia um dos mercados financeiros que mais cresceram após 1994, com a estabilização econômica, foi o mercado de cartão de crédito. Segundo estudo de Zouain (2007), a quantidade de cartões de crédito ativos cresceu 88% entre 2000 e 2004, no entanto esse mercado ainda não está consolidado e deve crescer no segmento de baixa renda e de pequenos e micro negócios. Você já deve ter observado como é intensa a oferta de cartões às pessoas em geral pelas administradoras de cartões de crédito. Mas como funciona o cartão de crédito? De quem é o risco de crédito? O cartão de crédito é um meio de pagamento eletrônico que permite ao portador efetuar compras de produtos e serviços em estabelecimentos comerciais credenciados. Toda conta de cartão de crédito possui um limite de compras definido pela administradora emissora do cartão. O portador recebe mensalmente a fatura para pagamento e pode escolher pagar o total cobrado ou somente o mínimo, postergando o pagamento do restante para o mês seguinte mediante cobrança de juros. Em outras palavras, podemos dizer que o cartão de crédito é uma forma de empréstimo aos consumidores, permitindo, inclusive, pagamentos parcelados de produtos e serviços. Se o portador deixar de efetuar o pagamento, a perda (ou prejuízo) é do emissor do cartão. Dessa forma, as vendas efetuadas através do cartão de crédito não apresentam risco de crédito para o vendedor e sim para a administradora do cartão. Todavia, o estabelecimento credenciado paga taxa de administração para a administradora, que pode variar entre 3% a 8% sobre o valor de cada venda efetuada através do cartão de crédito, percentual elevado quando comparado às taxas cobradas em países desenvolvidos. sxu.hu 11 A análise para concessão de crédito mediante cartão é feita de forma simples, rápida e se aplica a grande número de possíveis interessados, isto é, é uma metodologia massificada. O limite máximo disponibilizado para gasto com o cartão de crédito é determinado pelo emissor de acordo com a renda, poder aquisitivo do cliente e seu histórico de adimplência, etc. Destaca-se que a inadimplência do cartão de crédito não é baixa. Então, por que a oferta de cartões de crédito é tão acirrada? Porque, quando o cliente atrasa o pagamento da fatura, a taxa de juros é uma das mais elevadas do mercado (pode atingir cerca de 15% ao mês - taxa de novembro de 2011). 2.3 Mercado de crédito mundial 2.3.1 Crise financeira de 2007/2008 - Crise do subprime A expansão do crédito, como já foi dito anteriormente, é um instrumento para o desenvolvimento econômico de um país, no entanto a falta de critério para a concessão de crédito não só pode desencadear um problema financeiro para o emprestador como pode afetar a economia como um todo. Em 2007 iniciou-se, nos Estados Unidos da América, uma crise no mercado imobiliário daquele país, que acabou refletindo no mundo todo. Conforme artigo “Analisando a Crise do Subprime”, publicado na Revista do BNDES (2008), entre 1997 e 2006 os preços dos imóveis elevaram-se de forma contínua, chegando a triplicar de valor, impulsionado, principalmente, pela grande disponibilidade de crédito imobiliário. A grande expansão do volume de operações para aquisição de imóveis garantidas por hipoteca e denominadas, por isso, de crédito hipotecário realizou-se sem observar critérios técnicos de concessão, ou seja, as pessoas físicas tinham acesso aos financiamentos, mesmo que não tivessem renda ou patrimônio compatíveis para arcarem com as prestações. Esses financiamentos, então, foram chamados de subprimes, o que significa dizer que eram créditos de baixa qualidade, que, por sua vez, representavam alto risco. Outro aspecto importante dessa crise, que começou no mercado americano e contaminou o mercado financeiro mundial, foi a forma de captação de recursos por aqueles agentes financiadores. Para bancar a ampliação da oferta do crédito hipotecário foi desenvolvida uma engenharia que consistia em criar empresas de investimentos estruturados que desenvolviam produtos financeiros para captar recursos. Essas empresas de investimentos estruturados emitiam títulos lastreados no crédito hipotecário, que eram repassados para os investidores institucionais, como: fundos de investimentos, fundos de pensão, seguradoras e bancos de investimentos, em diversos países. Dessa forma, no mundo globalizado, uma carteira de créditos hipotecários concedidos nos Estados Unidos podia ser convertida em ativos financeiros que pagavam juros para os investidores em outras partes do mundo, inclusive Europa. 12 Unidade: Mercado de Crédito Cabe ressaltar que, como os financiamentos do segmento subprime eram de alto risco, os juros cobrados também eram elevados. Por outro lado, os ativos financeiros estruturados, emitidos para captar recursos e lastreados nos créditos hipotecários, também pagavam rendimentos altos, o que os tornava atraentes para os gestores de investimentos que buscavam maximizar o lucro das suas carteiras. Todavia, quando o tomador do financiamento imobiliário não consegue pagar a sua dívida acarreta problema de caixa, ou seja, de liquidez em toda a cadeia, que se inicia na instituição que financiou e tem continuidade nas que emitiram os papéis e finalmente nos investidores que adquiriram esses ativos financeiros estruturados. 2.3.2 Queda dos preços dos imóveis nos Estados Unidos – desencadeamento da crise financeira Até 2006, houve forte elevação dos preços dos imóveis nos Estados Unidos. A partir de 2007, percebeu-se um aumento de inadimplência no mercado de crédito hipotecário. Em 2008, os níveis de inadimplência continuaram crescendo e, concomitantemente, observou-se contínua redução dos preços dos imóveis. Cabe ressaltar que a garantia desse crédito é a hipoteca do imóvel, cujo valor deve ser maior que o valor do financiamento. Por exemplo: se uma pessoa quer adquirir um imóvel no valor de $100.000,00, ela pode obter financiamento, no máximo, de $ 70.000,00 ou $ 80.000,00, dependendo dos critérios do financiador. Assim, o não pagamento das prestações aumenta o saldo da dívida e, num contexto de queda dos preços dos imóveis, o valor do financiamento pode tornar-se maior que o valor da garantia, motivando, ainda mais, a inadimplência e até a devolução do imóvel para quitar a dívida. Repercussão da crise – quebra de grandes bancos Em meados de 2007, o mercado financeiro mundial começou a se preocupar com o que acontecia nos Estados Unidos, em virtude de notícias sobre a alta da inadimplência nas operações de créditodo setor imobiliário, bem como sobre a dimensão dos prejuízos que ameaçavam a saúde financeira de grandes bancos e fundos de investimentos. As cinco instituições financeiras norte-americanas afetadas foram Wachovia, Citigroup, Merril Lynch, Washington Mutual e UBS. Em 2008, a crise financeira agravou-se fortemente com a insolvência do respeitável banco americano Lehman Brothers, de 158 anos, gerando pânico nos mercados globais. Num cenário de desconfiança sobre a saúde financeira de bancos e empresas, houve forte retração do crédito, mesmo para as pessoas físicas e jurídicas com boa situação financeira. <http://lh3.ggpht.com/_YzrjIPBNi7U/TbNbgoflXkI/ AAAAAAAAAgM/iLlCjSmJblU/3377945.jpg> http://artobserved.com/artimages/2010/09/ Lehman-Brothers-Christies-Sale1.jpg 13 < http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u623945.shtml> Assim, a retração no crédito, que podemos denominar de falta de liquidez nos mercados, reflete-se na economia dos países, provocando recessão no mundo todo, desemprego, queda nas bolsas etc. Concluindo: até 2007, havia excesso de oferta de crédito, todavia, em 2008, em função da crise financeira mundial, houve, em todo o mundo, forte retração na oferta de crédito. Assim, a internacionalização do sistema financeiro, que permite fluxo de capitais entre os países, passou a influenciar a economia mundial. Conclusão sobre a crise do subprime A ocorrência dessa crise está relacionada a dois aspectos: um deles é a importância de boas práticas de concessão de crédito, assim como a regulamentação governamental do sistema financeiro para propiciar ambiente confiável ao mercado. Nas próximas unidades, estudaremos as metodologias de análise de crédito, bem como as normas e regulamentação do Banco Central do Brasil sobre gestão de risco em instituições financeiras. 14 Unidade: Mercado de Crédito Dessa forma, cresceu a importância da gestão de crédito e de risco bem como o mercado de trabalho em finanças para funções como analista de crédito, analista de risco e gestores de crédito e risco, tanto em empresas, instituições financeiras e órgãos reguladores governamentais. 2.4 Agências de classificação de risco (rating) O termo rating é uma palavra estrangeira que, em português, significa avaliação ou nota. Em finanças, rating é uma avaliação de risco que expressa opinião sobre a capacidade de um país, empresa ou instituições financeiras de pagar seus compromissos financeiros. Em outras palavras, o rating é uma avaliação de risco que informa a qualidade do crédito de um título. Essa avaliação é apresentada na forma de uma escala, portanto, o rating consiste em uma classificação de risco. Como vimos, na unidade anterior, quando empresas, instituições financeiras e países precisam captar recursos no mercado, eles emitem títulos que rendem juros. Essas obrigações podem ser debêntures, títulos públicos e outros. As decisões dos compradores dessas obrigações são tomadas com base na expectativa de rentabilidade bem como na avaliação de risco dos papéis. O investidor é o fornecedor dos fundos (recursos), portanto credor. O rating fornece aos investidores o risco apurado para um título emitido por um tomador de recursos, cuja avaliação é feita por uma empresa independente, denominada de agência de rating. As agências que prestam serviços de classificação de risco têm a finalidade de propiciar aos emissores, investidores e outros participantes do mercado o conhecimento do grau de risco dos papéis. As três principais agências de rating que fazem classificação de risco de empresas, instituições financeiras e países de todo o mundo são: • Moody’s Investors Service, empresa norte-americana com mais de cem anos de experiência. Conforme dados da empresa, possui análise de risco de mais de 110 países, de 12.000 emissões de corporações e de 25.000 emissões públicas. A Moody’s está no Brasil desde 1997; • Standard & Poor’s (S&P) também é uma empresa norte-americana que atua há 150 anos com ratings de crédito. Segundo a agência, em 2010, emitiu mais de 162.418 novos ratings e revisou 556.872 e já avaliou mais de US$ 32 trilhões de dólares em títulos de dívida no mercado; • Fitch é resultado da fusão, em abril de 2000, entre a Fitch IBCA (oriunda da fusão em dezembro de 1997 entre a Fitch Investor Services de Nova York e a IBCA Limited de Londres) com a Duff & Phelps Credit Rating Co., de Chicago. A agência atribui ratings a instituições financeiras, sendo 3.231 bancos, 105 países e cerca de 1.700 empresas. 15 As agências de classificação de risco emitem notas expressas na forma de letras e números (AAA/Aaa, Aa1, Baa3 etc) que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um default, isto é, de suspensão de pagamentos. No mercado financeiro, o termo default significa o não pagamento, ou seja, o não cumprimento de uma obrigação. Vamos, então, conhecer as escalas de classificação utilizadas pelas três principais agências de rating, que se inicia com o menor risco de crédito e segue em direção ao maior: Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/01/fitch-rebaixa-nota-de-seis-paises-europeus-incluindo-espanha-e-italia.html. A escala de classificação possui duas grandes divisões: • Grau de investimento: são as emissões de baixo risco e alta qualidade de crédito; • Grau especulativo: são as de alto risco e baixa qualidade. Os investidores que aplicam neste segmento exigem rentabilidade mais alta para compensar os riscos. 16 Unidade: Mercado de Crédito Para apurar nota de risco de crédito, as agências de classificação avaliam a situação financeira de um país, de uma empresa ou de uma instituição financeira com base nas suas informações econômicas e financeiras. As técnicas incluem análise de demonstrações contábeis, fluxos de caixa e projeções, bem como análise do ambiente externo e pontos fracos e fortes do emissor de títulos, etc. Os emitentes de papéis para captar recursos no mercado, normalmente, pagam para terem suas dívidas classificadas em termos de risco de crédito, pois isso facilita a colocação dos títulos junto aos investidores. Também os investidores, para terem acesso à classificação, pagam às agências prestadoras de serviços de rating. Cabe ressaltar que muitos investidores institucionais, que são aqueles formados por instituições financeiras, fundos de pensão , seguradoras etc., adotam políticas de aquisição somente de ativos financeiros com risco de crédito classificado como grau de investimento. Em Síntese Nesta unidade, conhecemos não só como tem se comportado o mercado de crédito brasileiro e mundial como também o desencadeamento de uma crise financeira mundial e a sua relação com a concessão de crédito. 17 Material Complementar O estudante de Gestão Financeira precisa estar atualizado com o que acontece na economia nacional e internacional. Sendo assim, vamos dar algumas sugestões de sítios que você pode consultar, a fim de se atualizar diariamente: Banco Central do Brasil (BACEN) - http://www.bcb.gov.br/ O Banco Central é a autoridade monetária principal do Brasil. O sítio do Banco Central traz informações como: Metas para Inflação, Economia, Câmbio e Capitais Internacionais etc.. Revista Exame: http://exame.abril.com.br O sítio da Revista Exame traz notícias on-line sobre economia, negócios, mercado financeiro, carreira, informações em geral etc. Além de consultas aos sítios apresentados acima, sugerimos também a seguinte leitura: Artigo sobre a crise do subprime: BORÇA Júnior, Gilberto Rodrigues; TORRES Filho, Ernani Teixeira. “Analisando a Crise do Subprime”. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 15, n. 30, p. 129- 159, dez. 2008. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/ Arquivos/conhecimento/revista/rev3005.pdf. 18 Unidade: Mercado de Crédito Referências ASSAF Neto, Alexandre. Mercado financeiro. 8ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. SANTOS, José Odálio dos. Análise de Crédito: empresase pessoas físicas. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006. SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. WEB BRASIL. Banco Central do Brasil. Relatório de Economia Bancária e Crédito, 2010. Disponível na internet. http://www.bcb.gov.br/Pec/Depep/Spread/REBC2010.pdf. Acesso em 16.11.2011. BRASIL. Banco Central do Brasil – Museu de Valores do Banco Central. Disponível na internet. http://www.bcb.gov.br/?HISTCARTAO. Acesso em 26.11.2011. BRASIL. Banco Central do Brasil – Museu de Valores do Banco Central. Disponível na internet. http://www.bcb.gov.br/htms/museu-espacos/cartao.gif - Acesso em 26.11.2011. Hiperinflação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperinfla%C3%A7%C3%A3o PEREIRA, Luiz Carlos Bresser e NAKANO, Yoshiaki. “Hiperinflação e a estabilização no Brasil: o primeiro Plano Collor”. Revista de Economia Política, vol. 11, nº 4, outubro-dezembro/1991. Disponível na internet. http://www.rep.org.br/pdf/44-6.pdf. Acesso em 09.02.2012. SANT’ANNA, André Albuquerque; BORÇA Júnior, Gilberto Rodrigues; ARAUJO, Pedro Quaresma. “Mercado de Crédito no Brasil: Evolução Recente e o Papel do BNDES (2004- 2008)”. Revista do BNDES, Rio De Janeiro, V. 16, N. 31, P. 41-60, JUN. 2009. Disponível na internet: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/ conhecimento/revista/rev3102.pdf. Acesso em 17.11.2011. ZOUAIN, Deborah, BARONE, Francisco; ESTRELLA, Juliana. Estudo sobre o mercado dos cartões de crédito no Brasil e sua relação com as pequenas e micro empresas – Brasília: Sebrae, 2007 – Disponível na internet. http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS. nsf/88203BFC8F7E21658325735C006A8C9A/$File/NT00036152.pdf. Acesso em 17.11.2011 Artigos sobre crise do subprime Agência de Rating. Site: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/01/fitch-rebaixa-nota- de-seis-paises-europeus-incluindo-espanha-e-italia.html. 27/01/2012 16h16 - Atualizado em 27/01/2012 16h30. 19 BNDES. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/ conhecimento/revista/rev3005.pdf Acesso em 17.11.2011 BORÇA Júnior, Gilberto Rodrigues; TORRES Filho, Ernani Teixeira. Analisando a Crise do Subprime. Revista do BNDES, RIO DE JANEIRO, V. 15, N. 30, P. 129-159, DEZ. 2008. Disponível na internet. INFOMONEY 30/04/2008 - 21h05. Rating: conceito, forma de cálculo e importância para o mercado. Disponível na internet. http://economia.uol.com.br/ultnot/infomoney/2008/04/30/ ult4040u11480.jhtm. Acesso em 28.11.2011. LEITE, Karla Vanessa Batista da Silva; CAVALCANTI Filho, Paulo Fernando de Moura Bezerra. Do fim de Bretton Woods à crise Sub-prime: a securitização como solução e causa de duas crises financeiras. Disponível na internet. http://www.ppge.ufrgs.br/akb/ encontros/2011/18.pdf. Acesso 17.11.2011. Rating Site da Standard & Poors: http://www.standardandpoors.com/about-sp/main/pt/la. Acesso em 28.11.2011. Site da Moodys: http://ir.moodys.com/overview.cfm. Acesso em 28.11.2011 Site da Fitch: http://www.fitchratings.com.br/pages/fitch_group. Acesso em 28.11.2011. Site: Economia BR: http://www.economiabr.com.br . Acesso em 08.02.2012. 20 Unidade: Mercado de Crédito Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000