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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS AS DIVERSIDADES DO USO DA LÍNGUA OS NÍVEIS DA LINGUAGEM VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ✓ Não podemos esperar que se fale a mesma língua portuguesa em todas as regiões do Brasil. ✓ A língua varia de acordo com a necessidade do falante, ou seja, toda vez que precisarmos de uma estrutura nova adaptada, nós mudaremos a nossa língua. ✓ É importante lembrar que todas as línguas, segundo o princípio da variação linguística, mudam o tempo e o espaço. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EXEMPLOS: Os gaúchos fazem rancho (compras de comida) e passam pela lombada. Esperam o ônibus na faixa (rua). “Tinham os jesuítas as melhores ‘escholas’; pertenciam à Companhia os mais ‘afamados’ mestres: frequentou ‘elle’ as ‘escholas’ dos Jesuítas; aprendeu latim, ‘rhetorica’, ‘philosophia’, rudimentos de ‘mathematicas’. O trecho acima foi escrito em português de uma outra época. Existem alguns motivos que levam a língua a variar, como os que iremos examinar nos próximos tópicos. 1 - REGIÃO Cada região tem características específicas em termos geográficos, climáticos, culturais. Por isso, existem termos próprios usados somente em uma localidade e não em outra. No Norte, por exemplo, temos a disputa entre o boi Garantido e o boi Caprichoso. Para isso, existe toda uma linguagem que se refere a essa disputa. No Sul, temos o tradicionalismo gaúcho, rico em expressões e ditados que são desconhecidos até mesmo dentro do próprio Rio Grande do Sul, se o falante não fizer parte desse movimento, como é o caso do ditado gaúcho: “Mais perdido que cusco em tiroteio.” 2 – FAIXA ETÁRIA Nossa linguagem muda conforme a idade, tendo em vista o interesse que temo em cada faixa etária. A linguagem de uma criança é diferente da linguagem de um adolescente, e esta é diferente da linguagem de um adulto, conforme podemos ver a seguir. Exemplos: Eu e os meus irmãozinhos fomos a uma festinha na casa de amiguinhos. Eu e os brothers fomos a uma balada na baía da galera. Eu e amigos fomos a uma reunião na casa de amigos. 3 – SEXO Homens e mulheres não falam da mesma maneira. Assim, pessoas do sexo feminino preferem frases mais longas e elaboradas, a exemplo do que encontramos nas revistas direcionadas a esse público. Já os homens são mais objetivos, por isso as frases são mais curtas e truncadas. Também o vocabulário difere, uma vez que os assuntos preferidos por homens e mulheres têm focos distintos. Em revistas femininas, encontramos questões que se referem à vida amorosa, a relacionamentos. Já as masculinas tratam de futebol, carros e viagens. Há muito mais figuras nestas últimas do que nas primeiras. 4 – Nível Cultural - Estudo Quanto mais educação intelectual tiver o falante nativo, mais rica será a sua linguagem. Isso se dá pelo acesso à leitura, a novos conhecimentos. Infelizmente, no Brasil, a educação, com tudo que diz respeito a ela, é cara. Logo, são poucos os que podem ter uma linguagem mais diversificada em todos os aspectos. É por meio do conhecimento que podemos conhecer e dominar os diferentes níveis de linguagem para, da melhor forma, adequá-los aos contextos comunicativos. Exemplos: Fomos ao médico para consultá-lo sobre dores de cabeça. Fumos ao médico para consultar ele sobre dor de cabeça. 5 – Tribos ou grupos sociais Cada vez mais, em busca de uma identidade e de individualização em um mundo tão globalizado, tribos ou grupos sociais se formam em todos os cantos do planeta. Além de roupas, comportamentos e ideologias diferentes, esses grupos se caracterizam por uma linguagem própria. A pessoa que não domina os aspectos linguísticos de uma tribo não pode dela participar. Alguns exemplos: Surfistas: Dropei a onda, peguei um tubo e levei uma vaca! Funkeiros: Fui a um baile que era uma maresia. Conheci um alemão que tinha o maior conchavo. Dava corte em todas as princesas. Um verdadeiro playboy. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Esses e outros exemplos nos mostram que, em nossa sociedade (aliás em qualquer outra), existe uma pluralidade de discursos, ou seja, os brasileiros não se expressam todos da mesma maneira, da mesma forma, apesar de todos falarem português. Cada um de nós – segundo o nível de instrução, idade, sexo, região, situação em que ocorre a comunicação – usa a língua de uma determinada forma. Não podemos exigir que todos falem a mesma língua, pois ela veste diferentes roupagens a fim de atender nossas necessidades diárias. O importante, nesse caso, é comunicar, ou seja, passar a mensagem para alguém, adequando o nível de linguagem ao contexto comunicativo. NÍVEIS DE LINGUAGEM Podemos delinear três principais níveis de linguagem: a linguagem culta (ou variante-padrão), a linguagem familiar (ou coloquial) e a linguagem popular. LINGUAGEM CULTA: é utilizada pelas classes intelectuais da sociedade. É a variante de maior prestígio e aquela ensinada nas escolas. Sua sintaxe é mais complexa, seu vocabulário mais amplo e há nela uma absoluta obediência à gramática e à língua dos escritores brasileiros clássicos. LINGUAGEM COLOQUIAL: é utilizada pelas pessoas que fazem uso de um nível menos formal, mais cotidiano. Relativamente à linguagem culta, apresenta limitação vocabular, revelando-se incapaz para a comunicação do conhecimento filosófico, científico, artístico etc. Apresenta maior liberdade de expressão, sobretudo no que se refere à gramática normativa da língua. NÍVEIS DE LINGUAGEM LINGUAGEM POPULAR: é aquela utilizada por pessoas de pouca ou nenhuma escolaridade. Esse nível raramente aparece na forma escrita e caracteriza-se como um subpadrão linguístico. Nele, o vocabulário é bem mais restrito, com muitas gírias, onomatopeias, e formas gramaticalmente incorretas. Exemplos: Oropa, pobrema, nóis vai, nóis fumo, tauba, estauta, lâmpia, vi ela etc. Não há aqui uma preocupação com as regras gramaticais. LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA O português, como qualquer outra língua, tem uma modalidade oral e uma modalidade escrita. Trata-se, praticamente, de duas línguas com gramáticas diferentes, o que não impede que certos textos escritos apresentem traços de oralidade ou que determinadas realizações orais se pautem pela gramática que rege a modalidade escrita. Costuma-se pensar, de forma ingênua, que língua falada é o mesmo que língua popular. No entanto, ambas têm variedades socioculturais, por isso confundir a língua falada com alguns poucos níveis de realização da fala não tem sentido. Assim, uma carta familiar conterá muitos traços de oralidade, apesar de ser escrita; enquanto um discurso acadêmico, por exemplo, se aproximará da língua escrita, apesar de ser falado. LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA Na comparação entre a língua falada e a língua escrita, podemos perceber alguns traços distintos: LÍNGUA FALADA: ocorre num ambiente de interação social, face a face, entonação, gestos, olhares desempenham, ao lado da língua verbal, um papel importante. Caracteriza-se pela fragmentação (hesitações, repetições, correções, truncamentos) e pelo envolvimento. LÍNGUA ESCRITA: é um ato de produção solitário, lento, planejado, que possibilita alterações. Caracteriza-se pela integração e pelo distanciamento, prefere-se às orações subordinadas ao invés da coordenação. O conceito de erro está, portanto, ligado ao padrão culto. Não podemos nos esquecer de quem em comunicação a questão não é de certo ou errado, mas de adequação ao contexto sociocomunicativo. - NÍVEIS DE LINGUAGEM - Assim ... Aquele que melhor conhece e domina os níveis de linguagem existentes em nossa língua tem melhores oportunidades do que aqueles que sabem apenas um. Segue um resumo dos seis níveis de linguagem: 1 - LÍNGUA CULTA OU PADRÃO: No nível culto, dizemos: “Dá-me um copo d’água”, porque esse nível está de acordo com as normas da gramática tradicional. É ideal par textos escritos. 2 - LÍNGUA COLOQUIAL: Neste nível, podemos dizer: “Medá um copo d’água” porque aqui é permitido cometer pequenos desvios em relação à gramática padrão. É ideal para situações comunicativas orais. 3 - LÍNGUA VULGAR OU INCULTA: Este nível contém várias inadequações se formos levar em conta a gramática normativa da língua. No entanto, é comum em contextos comunicativos orais. Ex.: “Nóis não vimu ninguém por aqui.” NÍVEIS DE LINGUAGEM 4 – LÍNGUA REGIONAL: O nível regional diz respeito à linguagem usada especificamente em cada região. Ex.: Olha o tranco da morena que passa ali no rancho! 5 – LÍNGUA GRUPAL: É o nível de linguagem que pertence a grupos fechados. Divide-se em técnica e grupal. GRUPAL: é a própria de tribos existentes na sociedade, como, por exemplo, a dos surfistas, a dos esqueitistas, a dos funkeiros e assim por diante. (gírias) TÉCNICA: pertence a áreas de estudo. É compreendida com mais facilidade por aqueles que estudam os termos de uma determinada área. Ex.: O juiz de um habeas corpus ao réu. Obrigada, Até a próxima. Professora Maria Luzia Paiva de Andrade