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Ata de audiencia COM SENTENÇA

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AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
DATA: 				15/04/2024
HORÁRIO: 				21h00min
AUTOS Nº: 				000
AUTOR:		ROSE MIRIAM
ADVOGADOS: 			IVANA; MICHAEL
RÉU: 					JOÃO AUGUSTO LIBERATO, SOFIA LIBERATO, MARINA LIBERATO
ADVOGADOS: 			ALANA; ALEXSANDER
JUIZ DE DIREITO: 			LAURO
OCORRÊNCIAS:
Aberta a audiência, apregoadas as partes, verificou-se a presença do MM. Juiz de Direito, a assessoria, os procuradores das partes, bem como das pessoas listadas no termo de inquirição que integra, ao final, esta ata. 
Os depoimentos foram documentados em sistema audiovisual (CN/CGJ: art. 213), de cuja segurança/confiabilidade foram as partes cientificadas (CN/CGJ: art. 216).
 TERMO INTEGRANTE DO DEPOIMENTO:
No presente ato, foi inquirida a pessoa relacionada abaixo, presencialmente e na ordem em que está disposta e devidamente informada de que o registro audiovisual do depoimento se destina exclusivamente a uso no presente processo (CN/CGJ: art. 220 e CC. art.20). As partes/advogados que obtiverem cópia dos arquivos digitais estão igualmente vinculadas a esse compromisso. Ressalvando o previsto no CN (Parágrafo Único do artigo 220), o Juízo dispensou a formação de termos de depoimentos em separado e a colheita de assinatura do inquirido. Fundamenta-se nos princípios da economia – tanto de atos quanto de recursos – e da celeridade, na existência de documentação digital de todas as inquirições, no caráter de fé pública que recai sobre as declarações aqui lançadas, no comparecimento físico das partes, na Resolução do CNJ que regulamenta o PJe (Resolução n.º 185/2013, art. 25) e, analogicamente, nas regras do NCPC (CPP, art. 3º), documentos esses que, aliás, bastam-se do ponto de vista da validade/eficácia sendo a presente ata assinada unicamente, de forma eletrônica, pelo magistrado que preside a audiência.
	Depoente
	Posição
	Compromisso
	Rose Miriam
	Autor
	X
	João Augusto; Sofia; Marina
	Réu
	X
A parte autora Rose Miriam apresentou parecer final de forma oral, conforme mídia em anexo.
A parte ré XXXX apresentou parecer final de formal oral, conforme mídia em anexo. 
Pelo MM. Juiz foi proferida a seguinte sentença: 
Vistos.
1. RELATÓRIO:
Trata-se de ação de reconhecimento de união estável proposta por ROSE MIRIAM SOUZA DI MATTEO em face de JOÃO AUGUSTO LIBERATO, MARINA LIBERATO e SOFIA LIBERATO.
Consta da inicial que ROSE MIRIAM SOUZA DI MATTEO e ANTÔNIO AUGUSTO MORAES LIBERATO passaram a viver em união estável no ano de 2001 até 2019, quando Antônio veio a falecer. Acrescentou que, durante a o período de união, o casal teve três filhos, e adquiriu bens.
Recebeu-se a inicial.
Os requeridos foram devidamente citados.
A parte autora indicou as provas que pretende produzir, enquanto a ré pugnou pelo julgamento antecipado do feito.
Decisão saneadora, deferindo a produção de prova documental, pericial e oral. 
Rol de testemunhas do requerente.
Realizada audiência de instrução em 08/04/2024, com a oitiva de um informante da parte requerente. 
Apresentada alegações finais pelas partes.
Vieram-me os autos conclusos para sentença.
É o relatório.
2. FUNDAMENTAÇÃO:
Estando o processo em termos, não havendo preliminares a serem analisadas, passo diretamente ao exame de mérito.
2.1. Do reconhecimento da união estável
Para que haja o reconhecimento da união estável entre duas pessoas é preciso que se encontrem presentes os requisitos constantes no artigo 1.723, caput, do Código Civil:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Isto é, exige-se a demonstração de que a relação mantida entre as partes seja reconhecida como tal no meio social em que convivem, que ela não seja efêmera e, ainda, que seja demonstrado o pressuposto subjetivo, consistente no ânimo de constituir família.
Conforme ensina a doutrina de Maria de Berenice Dias:
Com segurança, só se pode afirmar que a união estável inicia de um vínculo afetivo. O envolvimento mútuo acaba transbordando o limite do privado, e as duas pessoas começam a ser identificadas no meio social como um par. Com isso o relacionamento se torna uma unidade. A visibilidade do vínculo o faz ente autônomo merecedor da tutela jurídica como uma entidade. O casal transforma-se em universalidade única que produz efeitos pessoais com reflexos de ordem patrimonial (DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Família. 10 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 246).
No caso em exame, não restou dúvida quanto a união havida entre as partes entre 2001 até a data de falecimento do companheiro.
Consigne-se que o objetivo de constituir família também foi devidamente demonstrado, tendo em vista que as partes tiveram três filhos durante a união. 
Ante ao exposto, o reconhecimento da união estável havida entre as partes é medida que se impõe. 
2.2. Da partilha de bens:
Quanto à partilha de bens, inicialmente ressalto que se aplicam as regras relativas à comunhão parcial de bens, em atenção ao que prevê o art. 1.725 do Código Civil, posto que inexiste contrato escrito entre os companheiros estabelecendo regime diverso.
A respeito do período, deve ser considerado, para fins deste processo, a união havida de 2001 a 21/11/2019 (momento do falecimento do companheiro).
Dispõe o art. 1.658, do CC, que no regime de comunhão parcial de bens comunicam-se os bens, dívidas e obrigações que sobrevierem ao casal na constância do casamento, salvo exceções prevista na lei. 
Com efeito, a comunicabilidade é regra e a incomunicabilidade a exceção, que de acordo com as regras e princípios gerais de Direito deve ser comprovada por aquele que alega de acordo com a distribuição do ônus da prova do art. 373, do CPC.
3. DISPOSITIVO
Ante ao exposto, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC, JULGO PROCEDENTE, os pedidos da inicial para o fim de: 
a) DECLARAR, com fundamento no artigo 226, §3º da Constituição Federal e artigo 1.723 do Código Civil, a existência de união estável entre ROSE MIRIAM SOUZA DI MATTEO e ANTÔNIO AUGUSTO MORAES LIBERATO, do período de 2001 a 21/11/2019.
b) Da nulidade do testamento: Julgo procedente o pedido da inicial e como consequência da procedência, o testamento se torna nulo.
 E a nova divisão de bens se dará da seguinte forma: A autora Rose Miriam Souza Di Matteo passa a ser meeira do de cujus, Antônio Augusto Moraes Liberato, e os filhos João Augusto Liberato, Marina Liberato, e Sofia Liberato; Passam a ser herdeiros de 50% dos bens do de cujus já qualificado. E os sobrinhos Alexandre Liberato, André Liberato, e Amanda Liberato. Portanto, deixam de ser herdeiros na linha colateral que inicialmente herdariam 25% do patrimônio do de cujus, sendo assim não tem mais direito a recebimento de herança. 
4. Diante da impossibilidade de compensação dos honorários advocatícios (art. 85, § 14, CPC), condeno cada uma das partes ao pagamento dos honorários do patrono contratado pelo adversário, os quais arbitro em 10% sobre o valor atualizado da causa, em atenção ao grau de zelo do profissional, ao lugar de prestação do serviço, à natureza e à importância da causa, ao trabalho realizado pelo advogado e ao tempo exigido para o seu serviço, conforme previsão no artigo 85, parágrafo 2º do Código de Processo Civil.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Cumpram-se as disposições do Código de Normas no que couber e, oportunamente, arquivem-se.
Realeza, datado e assinado eletronicamente.
Eu, Stephany Sviercoski (Estagiária), o digitei e subscrevi.
LAURO 
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Juiz de Direito
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