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Literatura Brasileira IV 
Aula 05: O pós-modernismo; a poesia e o romance contemporâneos 
Tópico 01: Reflexões sobre o pós-modernismo
O termo Pós-modernismo soa estranho, porque parece conter uma oposição declarada ao 
Modernismo, ou sua supressão, ou sua superação. O termo pode ser considerado ainda semanticamente 
instável, nada consensual entre os estudiosos. Entretanto, essa parece ser a expressão que cada vez mais 
se firma nos meios intelectuais com referência a essa época que abrange difusamente a segunda metade 
do século XX e o início do século XXI. Ihab Hassan, em seu livro The dismemberment of Orpheus, propõe 
um termo no mínimo insólito: Age of Indetermanence, uma combinação de intederminacy e imanence (Era 
da Indetermanência, de indeterminação e imanência).
Uma dificuldade adicional ao termo é o fato de que o Modernismo e o Pós-modernismo não 
apresentam fronteiras entre si. Segundo Ihab Hassan,
“history is a palimpsest, and culture is permeable to time past, time present, 
and time future” (p. 264) (Tradução: “a história é um palimpsesto, e a cultura é 
permeável ao tempo passado, presente e futuro”).
Podemos considerar então que não há fronteiras diacrônicas entre os estilos, mas traços que se 
apagam, usos que se afirmam, novidades que se apresentam, num processo de interpenetração de 
características que oscilam entre a continuidade e a descontinuidade, a sincronia e a diacronia, ambas 
complementares e parciais simultaneamente. Apolo e Dioniso parecem lutar por seu espaço, que não se 
recusa a nenhum dos dois, e ao mesmo tempo recusa a ambos: harmonia e desequilíbrio, simetria e 
descentramento, unidade e ruptura, filiação e transgressão parecem acotovelar-se nesse panorama, que 
não cede francamente o terreno a uma perspectiva hegemônica.
Machado de Assis [1]
Clarice Lispector [2]
João Guimarães Rosa [3]
Carlos Drummond de Andrade [4]
Na literatura, redescobrimos constantemente obras precursoras do Pós-modernismo, como as de 
Sade, Rimbaud, Proust, Mallarmé, Hölderlin, Kafka, Beckett, Faulkner, Joyce, Borges. No Brasil, é 
surpreendente a "pós-modernidade" de Machado de Assis, Clarice Lispector e Guimarães Rosa, para não 
falar de certos textos de Drummond e Quintana, por exemplo. Algumas dessas obras são normalmente 
caracterizadas como modernistas, e algumas mesmo como pré-modernas, o que contribui para a 
instabilidade da expressão "Pós-modernismo".
Não podemos, por conseguinte, definir Pós-modernismo, não podemos estabelecer seus limites, não 
podemos assegurar seus traços dominantes. Podemos, entretanto, falar sobre essa instabilidade, esse 
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	impresso_parcial.pdf
	LiteraturaBrasileiraIV_aula_05.pdf