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Você sabe o que são Políticas Públicas de Saúde? E já parou para pensar “para 
que elas servem?” 
Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=8RcIFbPH0I4>. 
Acesso em: 26 jul. 2015. 
 
O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos 
sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil este 
direito apenas foi reconhecido na Constituição Federal de 1988, antes disso o Estado 
apenas oferecia atendimento à saúde para trabalhadores com carteira assinada e suas 
famílias, as outras pessoas tinham acesso a estes serviços como um favor e não como 
um direito. Durante a Constituinte de 1988 as responsabilidades do Estado são 
repensadas e promover a saúde de todos passa a ser seu dever: 
 
 
 
 
 
 
Políticas de Saúde são: 
• Um conjunto de princípios, propósitos, diretrizes e decisões de caráter geral 
voltados para a questão saúde; 
• Uma proposta de distribuição do poder no setor; 
• As formas de intervenção do Estado sobre a organização social das práticas de 
saúde e sobre os problemas de saúde da população. 
As políticas públicas correspondem a direitos assegurados 
constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da 
sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, 
comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. Exemplos de políticas 
públicas, a educação e a saúde no Brasil são direitos universais de todos os brasileiros. 
Assim, para assegurá-los e promovê-los estão instituídas pela própria Constituição 
Federal as políticas públicas de educação e saúde, conforme demonstrado na figura a 
seguir. 
 
 
 
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, 
proteção e recuperação”. 
Constituição Federal de 1988, artigo 196. 
https://www.youtube.com/watch?v=8RcIFbPH0I4
 
Figura 1: Dimensões das políticas de saúde 
 
Fonte: Disponível em: 
<http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-
09%20-
%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20
Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf> Acesso em: 27 jul. 2015. 
 
As políticas públicas de saúde definem o sistema de saúde a ser implementado 
em cada sociedade. Assim sendo, organizam as ações e serviços públicos e privados 
de interesse à saúde em um determinado território, direcionando-as para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde individual e coletiva. 
No campo da saúde, a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil 
suscita novas e importantes questões diante da necessidade de oferecer atenção 
integral, resolutiva e de qualidade em todos os níveis do sistema. 
O Sistema de Saúde do país vem sofrendo constantes mudanças desde o século 
passado, acompanhando as transformações econômicas, socioculturais e políticas da 
sociedade brasileira. 
Analisando sua trajetória, identificam-se quatro principais tendências na 
política de saúde no Brasil: 
• Sanitarismo companhista (até 1945): a principal estratégia de atuação 
estava nas campanhas sanitárias. 
• Período de transição (1945-1960) 
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
 
• Modelo médico assistencial privatista (início dos anos 80) 
• Modelo plural (vigente): inclui como sistema público o SUS. 
 
Como são formuladas as políticas públicas? 
As políticas públicas podem ser formuladas principalmente por iniciativa dos 
poderes Executivo ou Legislativo, separada ou conjuntamente, a partir de demandas 
e propostas da sociedade, em seus diversos segmentos. 
 
Evolução da política de saúde no Brasil 
Ainda na década de 20 o Brasil tinha grande parte de sua população vivendo 
no campo, com uma economia fortemente baseada na agricultura. Mas, em cerca de 
70 anos, o país tornou-se um dos mais importantes e influentes na área industrial e 
viu sua população migrar em massa para as cidades. Em todos esses anos, os governos 
deram mais ênfase na industrialização e não acompanharam da mesma forma as 
transformações na sociedade brasileira. O Estado não desempenhava um papel 
regulador e participativo, mas criava um governo autoritário que também refletia de 
maneira autoritária nas políticas públicas brasileiras. 
A política social organizada como política de Estado no Brasil iniciou-se no 
início do século XX, com medidas de saúde pública pontuais. 
 1902-1906: Presidente Rodrigues Alves, prefeito Pereira Passos (Rio de 
Janeiro) e o médico Oswaldo Cruz promovem as primeiras grandes ações de 
saúde pública no Brasil. 
o Direção Geral da Saúde Pública. 
o Ações urbanísticas e sanitárias de impacto. 
o Lei da Vacinação Obrigatória de 1904, que resultou na famosa Revolta 
da Vacina. 
 1930-43: Consolidação de um modelo de proteção social no Brasil. 
o Getúlio Vargas foi um grande propulsor das políticas sociais no Brasil. 
Organizou uma grande produção legislativa na área social. 
o Criação dos institutos de aposentadoria e pensão (IAPs), vinculados a 
grupos de trabalhadores específicos (mineradores, ferroviários, 
servidores públicos). Modelo de seguro social. 
o Consolidação da legislação trabalhista em 1943 (CLT). 
 
o Modelo administrativo centralizado/autoritário (37-45): Graus 
elevados de centralização de recursos financeiros e administrativos no 
Executivo Federal. 
 1943-64: Expansão fragmentada. 
o Incorporação paulatina de novos grupos sociais aos esquemas de 
proteção, mantendo um padrão: 
o Seletivo (no plano dos beneficiários). 
o Heterogêneo (no plano dos benefícios). 
o Fragmentado (no plano institucional e financeiro). 
o Consolidação da natureza meritocrático-particularista do sistema 
brasileiro de proteção social. Grupos sociais específicos é que tinham 
acesso aos IAPs. 
 1964-85: Regime Militar - consolidação institucional do modelo contributivo 
dos trabalhadores. 
o Período de inovação e modernização da política social, marcado pelas 
características autoritárias e tecnocráticas do regime que se instalou 
em 1964. 
o 1966 - Unificação dos IAPs - criação do Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS). 
o Consolidação do modelo médico-assistencial privatista com gerência 
estatal (medicina previdenciária). 
o Ampliação do sistema de proteção social mediante a inclusão dos 
trabalhadores rurais e a diferenciação/ampliação dos planos de 
benefícios para trabalhadores urbanos. 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
o Deslocamento em direção a uma forma mais universalista e igualitária 
de organização da proteção social no Brasil. 
o Adensamento do caráter redistributivo da política social. 
o Ampliação e extensão dos direitos sociais. 
o Universalização do acesso e expansão da cobertura. 
o Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos 
benefícios sociais. 
o Maior comprometimento do Estado e da sociedade no financiamento 
de todo o sistema. 
 
o Noção de seguridade social como forma mais abrangente de proteção 
(saúde, assistência social e previdência social). 
o Deslocamento em direção a uma forma mais universalista e igualitária 
de organização da proteção social no Brasil. 
o Adensamento do caráterredistributivo da política social. 
o Ampliação e extensão dos direitos sociais. 
o Universalização do acesso e expansão da cobertura. 
o Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos 
benefícios sociais. 
o Maior comprometimento do Estado e da sociedade no financiamento 
de todo o sistema. 
o Noção de seguridade social como forma mais abrangente de proteção 
(saúde, assistência social e previdência social). 
 
A Constituição Brasileira de 1988 reconhece a saúde como direito de todos 
e dever do Estado, garantindo acesso universal e igualitário às ações e serviços para 
sua promoção, proteção e recuperação. 
 
Figura 2: Quadro demonstrativo da evolução da política de saúde no Brasil 
 
 
Fonte: Disponível em: 
<http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-
09%20-
%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20
Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015. 
 
Conforme observado na Figura 2, até 1988 o Sistema de Saúde Brasileiro era 
eminentemente privado, restrito aos que tinham capacidade de pagamento. 
O sistema público de saúde era restrito às ações de vigilância em saúde e às 
ações assistenciais de saúde oferecidas a grupos de trabalhadores por meio dos 
seguros sociais: 
 Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) 
 Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 
 Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) 
Até 1988, portanto, o acesso aos serviços públicos de saúde era condicionado 
à situação de trabalho do usuário (vínculo contributivo). Apenas tinha acesso quem 
contribuía para os institutos. 
Após 1988, com a redemocratização do país, o Sistema de Saúde Brasileiro foi 
profundamente alterado: 
 Acesso universal, igualitário e gratuito às ações e serviços públicos de saúde, 
independentemente da condição socioeconômica do usuário. 
 Não há mais necessidade de contribuição para se ter acesso aos serviços 
públicos de saúde. 
De tal forma, o sistema de saúde brasileiro passou a ser misto: público e 
privado: 
 SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (Art. 198 da CF): “As ações e serviços públicos de 
saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um 
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes”. 
 SISTEMA PRIVADO DE SAÚDE (Art. 199 da CF): “A assistência à saúde é livre à 
iniciativa privada. 
o § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma 
COMPLEMENTAR do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, 
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as 
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos”. 
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf
 
Além da saúde privada complementar ao SUS, o sistema privado de saúde 
brasileiro também é composto por: 
 SAÚDE SUPLEMENTAR (Leis 9.656/1998 e 9.961/2001): organizada por meio 
de planos de saúde. 
 SAÚDE PRIVADA PURA (médicos, clínicas, farmácias e empresas de saúde 
particulares). 
 
 
SUS: a mais importante política pública em saúde no Brasil 
Em 19 de setembro de 1990 é assinada a Lei 8.080, que regulamenta o SUS em 
todo o território nacional, a lei estabelece as diretrizes da ação do SUS em âmbito 
nacional. 
Art. 2º: “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado 
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. 
Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8>. 
Acesso em: 27 jul. 2015. 
O princípio fundamental do SUS está no artigo 196 da Constituição Federal 
(1988), que afirma: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação”. 
Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do 
seguinte modo: 
• As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo. 
II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais. 
III. Participação da comunidade. 
 
SUS e os seus princípios 
A UNIVERSALIDADE é um ideal a ser alcançado, indicando, portanto, uma das 
características do sistema que se pretende construir e um caminho para sua 
https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8
 
construção. É preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que 
se interpõem entre a população e os serviços. 
A INTEGRALIDADE diz respeito ao conjunto de ações de promoção da saúde, 
prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. 
A DESCENTRALIZAÇÃO da gestão do sistema implica na transferência de 
poder de decisão sobre a política de saúde do nível federal (MS) para os estados (SES) 
e municípios (SMS). 
 
Linha do tempo para a construção do SUS: 
Você verá agora um conjunto de datas, consideradas as mais importantes, que 
marcaram o longo caminho da constituição do SUS como a principal política pública 
de saúde brasileira, destacando as contribuições dadas por estes eventos na 
construção de nosso Sistema Único de Saúde. As datas são marcadas por momentos 
de definição de políticas governamentais, traduzidas em legislações específicas, que 
de alguma forma “pavimentaram” o caminho para o SUS. 
 1923: Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) - A Lei Eloy 
Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Em um contexto de 
rápido processo de industrialização e acelerada urbanização, a lei vem apenas 
conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos 
trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum 
acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. 
 1932: Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) - Os IAPs foram 
criados no Estado Novo de Getúlio Vargas. Os institutos podem ser vistos como 
resposta, por parte do Estado, às lutas e reivindicações dos trabalhadores no 
contexto de consolidação dos processos de industrialização e urbanização 
brasileiros. Acentua-se o componente de assistência médica. 
 1965: Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) - Resultou da 
unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, vencendo as 
resistências a tal unificação por parte das categorias profissionais que tinham 
institutos mais ricos. O INPS consolida o componente assistencial, com 
marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado, 
concretizando o modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico-
centrado, que terá uma forte presença no futuro SUS. 
 
 1977: Criação do SINPAS e do INAMPS - Em 1977 foi criado o Sistema Nacional 
de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que passa a 
ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – 
basicamente à custa de compra de serviços médico-hospitalares e 
especializados do setor privado. 
 1982: Implantação do PAIS – O Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS),que dava particular ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial 
pensada como a “porta de entrada” do sistema. Visava a integração das 
instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, 
em rede regionalizada e hierarquizada. Propunha a criação de sistemas de 
referência e contrarreferência e a atribuição de prioridade para a rede pública 
de serviços de saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena 
utilização; previa a descentralização da administração dos recursos; 
simplificação dos mecanismos de pagamento dos serviços prestados por 
terceiros e seu efetivo controle; racionalização do uso de procedimentos de 
custo elevado; e estabelecimento de critérios racionais para todos os 
procedimentos, entre outros. 
 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde - houve intensa participação social, 
deu-se logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma 
concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e 
como dever do Estado; princípios estes que seriam plenamente incorporados 
na Constituição de 1988. 
 1987: Criação dos SUDS - Nesse ano foram criados Sistemas Unificados e 
Descentralizados de Saúde (SUDS), que tinham como principais diretrizes: 
universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos 
cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação 
de distritos sanitários. Trata-se de um momento marcante, pois, pela primeira 
vez, o Governo Federal começou a repassar recursos para os estados e 
municípios ampliarem suas redes de serviços, prenunciando a municipalização 
que viria com o SUS. 
 1988: Constituição Cidadã - que estabelece a saúde como “Direito de todos e 
dever do Estado” e apresenta, na sua Seção II, como pontos básicos: “as 
necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse público e o 
 
atendimento um dever do Estado; a assistência médico-sanitária integral 
passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso aos 
serviços; estes serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros 
técnicos e a sua gestão deve ser descentralizada.” Estabelece, ainda, que o 
custeio do Sistema deverá ser essencialmente de recursos governamentais da 
União, estados e municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos 
colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária entre 
usuários e prestadores de serviços (BRASIL, 1988). 
 1990: Criação do SUS - se deu através da Lei nº 8.080, que “dispõe sobre as 
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização 
e o funcionamento dos serviços correspondentes”. Primeira lei orgânica do 
SUS detalha os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes; a organização, 
direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal, estadual 
e municipal); a participação complementar do sistema privado; recursos 
humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e orçamento. 
Logo em seguida, a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a 
participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros. Institui os Conselhos de Saúde e 
confere legitimidade aos organismos de representação de governos estaduais 
(CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais 
(CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde). 
Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde, mas 
novas lutas e aprimoramentos ainda seriam necessários (BRASIL, 1990). 
 1991: Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) - Criada a 
Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) com representação do Ministério da 
Saúde, das secretarias estaduais de Saúde e das secretarias municipais de 
Saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da Comissão de 
Intergestores Bipartite (CIB), para o acompanhamento da implantação e 
operacionalização da implantação do recém-criado SUS. As duas comissões, 
ainda atuantes, tiveram um papel importante para o fortalecimento da ideia 
de gestão colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo. 
 1993: NOB-SUS 93 - que procura restaurar o compromisso da implantação do 
SUS e estabelecer o princípio da municipalização, tal como havia sido 
desenhada. Institui níveis progressivos de gestão local do SUS e estabelece um 
conjunto de estratégias, que consagram a descentralização político-
 
administrativa na saúde. Também define diferentes níveis de responsabilidade 
e competência para a gestão do novo sistema de saúde (incipiente, parcial e 
semiplena, a depender das competências de cada gestor) e consagra ou 
ratifica os organismos colegiados com grau elevado de autonomia: as 
Comissões Intergestoras (Tripartite e Bipartite) (BRASIL, 1993). A população foi 
a grande beneficiada com a incorporação de itens de alta complexidade, que 
antes eram restritos aos contribuintes da previdência. Com a grande extensão 
de programas de saúde pública e serviços assistenciais, deu-se o início efetivo 
do processo de descentralização política e administrativa, que pode ser 
observado pela progressiva municipalização do sistema e pelo 
desenvolvimento de organismos colegiados intergovernamentais. 
 1996: NOB 96 - representou a aproximação mais explícita com a proposta de 
um novo modelo de atenção. Para isso, ela acelera a descentralização dos 
recursos federais em direção aos estados e municípios, consolidando a 
tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas, criando 
incentivo explícito às mudanças, na lógica assistencial, rompendo com o 
produtivismo (pagamento por produção de serviços, como o INAMPS usava 
para comprar serviços do setor privado) e implementando incentivos aos 
programas dirigidos às populações mais carentes, como o Programa de 
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e às práticas fundadas numa nova 
lógica assistencial, como Programa de Saúde da Família (PSF). As principais 
inovações da NOB 96 foram: a. A concepção ampliada de saúde - considera a 
concepção determinada pela Constituição englobando promoção, prevenção, 
condições sanitárias, ambientais, emprego, moradia etc.; b. O fortalecimento 
das instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada - 
consagrada na prática com as Comissões Intergestores e Conselhos de Saúde; 
c. As transferências fundo a fundo (do Fundo Nacional de Saúde direto para os 
fundos municipais de saúde, regulamentados pela NOB-SUS 96), com base na 
população, e com base em valores per capita previamente fixados; d. Novos 
mecanismos de classificação determinam os estágios de habilitação para a 
gestão, na qual os municípios são classificados em duas condições: gestão 
plena da atenção básica e gestão plena do sistema municipal (BRASIL, 1996). 
 2002: Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS - cuja ênfase 
maior é no processo de regionalização do SUS, a partir de uma avaliação de que 
a municipalização da gestão do sistema de saúde, regulamentada e 
 
consolidada pelas normas operacionais, estava sendo insuficiente para a 
configuração do sistema de saúde, por não permitir uma definição mais clara 
dos mecanismos regionais de organização da prestação de serviços. Como 
veremos adiante, o Pacto pela Vida tem sua grande força exatamente em um 
novo ordenamento dos processos de regionalização do SUS (BRASIL, 2002). 
 
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 Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0>. 
 Acesso em: 29 jul. 2015. 
Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0>. Acesso em: 29 jul. 2015. 
Em 2009 foi aprovada pela Comissão Nacional de Saúde (CNS) a Carta dos 
Direitos dos Usuários do SUS, a qual preconiza seis princípios básicos de cidadania. 
Dentre eles, podemos destacar que: 
 Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizadoaos 
sistemas de saúde. 
 Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu 
problema. 
 Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e 
livre de qualquer discriminação. 
Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=_JDeQn1erh4>.Acesso em: 28 jul. 2015. 
Assim como vimos com a construção do SUS, podemos observar que nas 
últimas décadas o Brasil tem desempenhado novas atividades relacionadas ao caráter 
público. É necessária uma articulação e engajamento da sociedade para debater as 
“O SUS transformou-se no maior projeto público de inclusão social em menos de 
duas décadas: 110 milhões de pessoas atendidas por agentes comunitários de 
saúde em 95% dos municípios e 87 milhões atendidos por 27 mil equipes de saúde 
da família. Em 2007: 2,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 610 milhões de 
consultas, 10,8 milhões de internações, 212 milhões de atendimentos odontológicos, 
403 milhões de exames laboratoriais, 2,1 milhões de partos, 13,4 milhões de 
ultrassons, tomografias e ressonâncias, 55 milhões de seções de fisioterapia, 23 
milhões de ações de vigilância sanitária, 150 milhões de vacinas, 12 mil transplantes, 
3,1 milhões de cirurgias, 215 mil cirurgias cardíacas, 9 milhões de seções de 
radioquimioterapia, 9,7 milhões de seções de hemodiálise e o controle mais 
avançado da Aids no terceiro mundo. São números impressionantes para a 
população atual, em marcante contraste com aproximadamente metade da 
população excluída antes dos anos oitenta, a não ser pequena fração atendida 
eventualmente pela caridade das Santas Casas” (Nelson Rodrigues dos Santos, 
2008). 
https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0
https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0
https://www.youtube.com/watch?v=_JDeQn1erh4
 
propostas de políticas públicas em todo o país. O Estado desempenha um papel 
importante para o desenvolvimento social e estrutural do Brasil e é para ele que 
devem ser direcionadas as cobranças dos setores sociais do país. 
 
Saiba mais sobre políticas públicas de saúde no Brasil em: 
<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4873
>. Acesso em: 27 jul. 2015. 
<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4818|
>. Acesso em: 27 jul. 2015. 
<https://www.youtube.com/watch?v=1JPungMC3lE>. Acesso em: 27 jul. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4873
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4873
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4818
https://www.youtube.com/watch?v=1JPungMC3lE
 
Referências 
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<http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/17/AF-Carta-Usuarios-
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