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Você sabe o que são Políticas Públicas de Saúde? E já parou para pensar “para que elas servem?” Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=8RcIFbPH0I4>. Acesso em: 26 jul. 2015. O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil este direito apenas foi reconhecido na Constituição Federal de 1988, antes disso o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para trabalhadores com carteira assinada e suas famílias, as outras pessoas tinham acesso a estes serviços como um favor e não como um direito. Durante a Constituinte de 1988 as responsabilidades do Estado são repensadas e promover a saúde de todos passa a ser seu dever: Políticas de Saúde são: • Um conjunto de princípios, propósitos, diretrizes e decisões de caráter geral voltados para a questão saúde; • Uma proposta de distribuição do poder no setor; • As formas de intervenção do Estado sobre a organização social das práticas de saúde e sobre os problemas de saúde da população. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. Exemplos de políticas públicas, a educação e a saúde no Brasil são direitos universais de todos os brasileiros. Assim, para assegurá-los e promovê-los estão instituídas pela própria Constituição Federal as políticas públicas de educação e saúde, conforme demonstrado na figura a seguir. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Constituição Federal de 1988, artigo 196. https://www.youtube.com/watch?v=8RcIFbPH0I4 Figura 1: Dimensões das políticas de saúde Fonte: Disponível em: <http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018- 09%20- %20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20 Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf> Acesso em: 27 jul. 2015. As políticas públicas de saúde definem o sistema de saúde a ser implementado em cada sociedade. Assim sendo, organizam as ações e serviços públicos e privados de interesse à saúde em um determinado território, direcionando-as para a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva. No campo da saúde, a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil suscita novas e importantes questões diante da necessidade de oferecer atenção integral, resolutiva e de qualidade em todos os níveis do sistema. O Sistema de Saúde do país vem sofrendo constantes mudanças desde o século passado, acompanhando as transformações econômicas, socioculturais e políticas da sociedade brasileira. Analisando sua trajetória, identificam-se quatro principais tendências na política de saúde no Brasil: • Sanitarismo companhista (até 1945): a principal estratégia de atuação estava nas campanhas sanitárias. • Período de transição (1945-1960) http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf • Modelo médico assistencial privatista (início dos anos 80) • Modelo plural (vigente): inclui como sistema público o SUS. Como são formuladas as políticas públicas? As políticas públicas podem ser formuladas principalmente por iniciativa dos poderes Executivo ou Legislativo, separada ou conjuntamente, a partir de demandas e propostas da sociedade, em seus diversos segmentos. Evolução da política de saúde no Brasil Ainda na década de 20 o Brasil tinha grande parte de sua população vivendo no campo, com uma economia fortemente baseada na agricultura. Mas, em cerca de 70 anos, o país tornou-se um dos mais importantes e influentes na área industrial e viu sua população migrar em massa para as cidades. Em todos esses anos, os governos deram mais ênfase na industrialização e não acompanharam da mesma forma as transformações na sociedade brasileira. O Estado não desempenhava um papel regulador e participativo, mas criava um governo autoritário que também refletia de maneira autoritária nas políticas públicas brasileiras. A política social organizada como política de Estado no Brasil iniciou-se no início do século XX, com medidas de saúde pública pontuais. 1902-1906: Presidente Rodrigues Alves, prefeito Pereira Passos (Rio de Janeiro) e o médico Oswaldo Cruz promovem as primeiras grandes ações de saúde pública no Brasil. o Direção Geral da Saúde Pública. o Ações urbanísticas e sanitárias de impacto. o Lei da Vacinação Obrigatória de 1904, que resultou na famosa Revolta da Vacina. 1930-43: Consolidação de um modelo de proteção social no Brasil. o Getúlio Vargas foi um grande propulsor das políticas sociais no Brasil. Organizou uma grande produção legislativa na área social. o Criação dos institutos de aposentadoria e pensão (IAPs), vinculados a grupos de trabalhadores específicos (mineradores, ferroviários, servidores públicos). Modelo de seguro social. o Consolidação da legislação trabalhista em 1943 (CLT). o Modelo administrativo centralizado/autoritário (37-45): Graus elevados de centralização de recursos financeiros e administrativos no Executivo Federal. 1943-64: Expansão fragmentada. o Incorporação paulatina de novos grupos sociais aos esquemas de proteção, mantendo um padrão: o Seletivo (no plano dos beneficiários). o Heterogêneo (no plano dos benefícios). o Fragmentado (no plano institucional e financeiro). o Consolidação da natureza meritocrático-particularista do sistema brasileiro de proteção social. Grupos sociais específicos é que tinham acesso aos IAPs. 1964-85: Regime Militar - consolidação institucional do modelo contributivo dos trabalhadores. o Período de inovação e modernização da política social, marcado pelas características autoritárias e tecnocráticas do regime que se instalou em 1964. o 1966 - Unificação dos IAPs - criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). o Consolidação do modelo médico-assistencial privatista com gerência estatal (medicina previdenciária). o Ampliação do sistema de proteção social mediante a inclusão dos trabalhadores rurais e a diferenciação/ampliação dos planos de benefícios para trabalhadores urbanos. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. o Deslocamento em direção a uma forma mais universalista e igualitária de organização da proteção social no Brasil. o Adensamento do caráter redistributivo da política social. o Ampliação e extensão dos direitos sociais. o Universalização do acesso e expansão da cobertura. o Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos benefícios sociais. o Maior comprometimento do Estado e da sociedade no financiamento de todo o sistema. o Noção de seguridade social como forma mais abrangente de proteção (saúde, assistência social e previdência social). o Deslocamento em direção a uma forma mais universalista e igualitária de organização da proteção social no Brasil. o Adensamento do caráterredistributivo da política social. o Ampliação e extensão dos direitos sociais. o Universalização do acesso e expansão da cobertura. o Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos benefícios sociais. o Maior comprometimento do Estado e da sociedade no financiamento de todo o sistema. o Noção de seguridade social como forma mais abrangente de proteção (saúde, assistência social e previdência social). A Constituição Brasileira de 1988 reconhece a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantindo acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Figura 2: Quadro demonstrativo da evolução da política de saúde no Brasil Fonte: Disponível em: <http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018- 09%20- %20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20 Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015. Conforme observado na Figura 2, até 1988 o Sistema de Saúde Brasileiro era eminentemente privado, restrito aos que tinham capacidade de pagamento. O sistema público de saúde era restrito às ações de vigilância em saúde e às ações assistenciais de saúde oferecidas a grupos de trabalhadores por meio dos seguros sociais: Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) Até 1988, portanto, o acesso aos serviços públicos de saúde era condicionado à situação de trabalho do usuário (vínculo contributivo). Apenas tinha acesso quem contribuía para os institutos. Após 1988, com a redemocratização do país, o Sistema de Saúde Brasileiro foi profundamente alterado: Acesso universal, igualitário e gratuito às ações e serviços públicos de saúde, independentemente da condição socioeconômica do usuário. Não há mais necessidade de contribuição para se ter acesso aos serviços públicos de saúde. De tal forma, o sistema de saúde brasileiro passou a ser misto: público e privado: SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (Art. 198 da CF): “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes”. SISTEMA PRIVADO DE SAÚDE (Art. 199 da CF): “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. o § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma COMPLEMENTAR do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos”. http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf http://www.escoladegoverno.org.br/attachments/2138_Aula%2015%20-%2018-09%20-%20As%20Politicas%20de%20Saude%20e%20o%20Sistema%20de%20Saude%20Brasileiro%20-%20Fernando%20Aith.pdf Além da saúde privada complementar ao SUS, o sistema privado de saúde brasileiro também é composto por: SAÚDE SUPLEMENTAR (Leis 9.656/1998 e 9.961/2001): organizada por meio de planos de saúde. SAÚDE PRIVADA PURA (médicos, clínicas, farmácias e empresas de saúde particulares). SUS: a mais importante política pública em saúde no Brasil Em 19 de setembro de 1990 é assinada a Lei 8.080, que regulamenta o SUS em todo o território nacional, a lei estabelece as diretrizes da ação do SUS em âmbito nacional. Art. 2º: “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8>. Acesso em: 27 jul. 2015. O princípio fundamental do SUS está no artigo 196 da Constituição Federal (1988), que afirma: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Conforme a Constituição Federal de 1988, o SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: • As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo. II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais. III. Participação da comunidade. SUS e os seus princípios A UNIVERSALIDADE é um ideal a ser alcançado, indicando, portanto, uma das características do sistema que se pretende construir e um caminho para sua https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8 construção. É preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se interpõem entre a população e os serviços. A INTEGRALIDADE diz respeito ao conjunto de ações de promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. A DESCENTRALIZAÇÃO da gestão do sistema implica na transferência de poder de decisão sobre a política de saúde do nível federal (MS) para os estados (SES) e municípios (SMS). Linha do tempo para a construção do SUS: Você verá agora um conjunto de datas, consideradas as mais importantes, que marcaram o longo caminho da constituição do SUS como a principal política pública de saúde brasileira, destacando as contribuições dadas por estes eventos na construção de nosso Sistema Único de Saúde. As datas são marcadas por momentos de definição de políticas governamentais, traduzidas em legislações específicas, que de alguma forma “pavimentaram” o caminho para o SUS. 1923: Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) - A Lei Eloy Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Em um contexto de rápido processo de industrialização e acelerada urbanização, a lei vem apenas conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. 1932: Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) - Os IAPs foram criados no Estado Novo de Getúlio Vargas. Os institutos podem ser vistos como resposta, por parte do Estado, às lutas e reivindicações dos trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de industrialização e urbanização brasileiros. Acentua-se o componente de assistência médica. 1965: Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) - Resultou da unificação dos IAPs, no contexto do regime autoritário de 1964, vencendo as resistências a tal unificação por parte das categorias profissionais que tinham institutos mais ricos. O INPS consolida o componente assistencial, com marcada opção de compra de serviços assistenciais do setor privado, concretizando o modelo assistencial hospitalocêntrico, curativista e médico- centrado, que terá uma forte presença no futuro SUS. 1977: Criação do SINPAS e do INAMPS - Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS), e, dentro dele, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que passa a ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços médico-hospitalares e especializados do setor privado. 1982: Implantação do PAIS – O Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS),que dava particular ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a “porta de entrada” do sistema. Visava a integração das instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em rede regionalizada e hierarquizada. Propunha a criação de sistemas de referência e contrarreferência e a atribuição de prioridade para a rede pública de serviços de saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena utilização; previa a descentralização da administração dos recursos; simplificação dos mecanismos de pagamento dos serviços prestados por terceiros e seu efetivo controle; racionalização do uso de procedimentos de custo elevado; e estabelecimento de critérios racionais para todos os procedimentos, entre outros. 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde - houve intensa participação social, deu-se logo após o fim da ditadura militar iniciada em 1964, e consagrou uma concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado; princípios estes que seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988. 1987: Criação dos SUDS - Nesse ano foram criados Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS), que tinham como principais diretrizes: universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de distritos sanitários. Trata-se de um momento marcante, pois, pela primeira vez, o Governo Federal começou a repassar recursos para os estados e municípios ampliarem suas redes de serviços, prenunciando a municipalização que viria com o SUS. 1988: Constituição Cidadã - que estabelece a saúde como “Direito de todos e dever do Estado” e apresenta, na sua Seção II, como pontos básicos: “as necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse público e o atendimento um dever do Estado; a assistência médico-sanitária integral passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso aos serviços; estes serviços devem ser hierarquizados segundo parâmetros técnicos e a sua gestão deve ser descentralizada.” Estabelece, ainda, que o custeio do Sistema deverá ser essencialmente de recursos governamentais da União, estados e municípios, e as ações governamentais submetidas a órgãos colegiados oficiais, os Conselhos de Saúde, com representação paritária entre usuários e prestadores de serviços (BRASIL, 1988). 1990: Criação do SUS - se deu através da Lei nº 8.080, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”. Primeira lei orgânica do SUS detalha os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes; a organização, direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal, estadual e municipal); a participação complementar do sistema privado; recursos humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e orçamento. Logo em seguida, a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. Institui os Conselhos de Saúde e confere legitimidade aos organismos de representação de governos estaduais (CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais (CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde). Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde, mas novas lutas e aprimoramentos ainda seriam necessários (BRASIL, 1990). 1991: Criação da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) - Criada a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) com representação do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais de Saúde e das secretarias municipais de Saúde e da primeira norma operacional básica do SUS, além da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB), para o acompanhamento da implantação e operacionalização da implantação do recém-criado SUS. As duas comissões, ainda atuantes, tiveram um papel importante para o fortalecimento da ideia de gestão colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo. 1993: NOB-SUS 93 - que procura restaurar o compromisso da implantação do SUS e estabelecer o princípio da municipalização, tal como havia sido desenhada. Institui níveis progressivos de gestão local do SUS e estabelece um conjunto de estratégias, que consagram a descentralização político- administrativa na saúde. Também define diferentes níveis de responsabilidade e competência para a gestão do novo sistema de saúde (incipiente, parcial e semiplena, a depender das competências de cada gestor) e consagra ou ratifica os organismos colegiados com grau elevado de autonomia: as Comissões Intergestoras (Tripartite e Bipartite) (BRASIL, 1993). A população foi a grande beneficiada com a incorporação de itens de alta complexidade, que antes eram restritos aos contribuintes da previdência. Com a grande extensão de programas de saúde pública e serviços assistenciais, deu-se o início efetivo do processo de descentralização política e administrativa, que pode ser observado pela progressiva municipalização do sistema e pelo desenvolvimento de organismos colegiados intergovernamentais. 1996: NOB 96 - representou a aproximação mais explícita com a proposta de um novo modelo de atenção. Para isso, ela acelera a descentralização dos recursos federais em direção aos estados e municípios, consolidando a tendência à autonomia de gestão das esferas descentralizadas, criando incentivo explícito às mudanças, na lógica assistencial, rompendo com o produtivismo (pagamento por produção de serviços, como o INAMPS usava para comprar serviços do setor privado) e implementando incentivos aos programas dirigidos às populações mais carentes, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e às práticas fundadas numa nova lógica assistencial, como Programa de Saúde da Família (PSF). As principais inovações da NOB 96 foram: a. A concepção ampliada de saúde - considera a concepção determinada pela Constituição englobando promoção, prevenção, condições sanitárias, ambientais, emprego, moradia etc.; b. O fortalecimento das instâncias colegiadas e da gestão pactuada e descentralizada - consagrada na prática com as Comissões Intergestores e Conselhos de Saúde; c. As transferências fundo a fundo (do Fundo Nacional de Saúde direto para os fundos municipais de saúde, regulamentados pela NOB-SUS 96), com base na população, e com base em valores per capita previamente fixados; d. Novos mecanismos de classificação determinam os estágios de habilitação para a gestão, na qual os municípios são classificados em duas condições: gestão plena da atenção básica e gestão plena do sistema municipal (BRASIL, 1996). 2002: Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS - cuja ênfase maior é no processo de regionalização do SUS, a partir de uma avaliação de que a municipalização da gestão do sistema de saúde, regulamentada e consolidada pelas normas operacionais, estava sendo insuficiente para a configuração do sistema de saúde, por não permitir uma definição mais clara dos mecanismos regionais de organização da prestação de serviços. Como veremos adiante, o Pacto pela Vida tem sua grande força exatamente em um novo ordenamento dos processos de regionalização do SUS (BRASIL, 2002). Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0>. Acesso em: 29 jul. 2015. Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0>. Acesso em: 29 jul. 2015. Em 2009 foi aprovada pela Comissão Nacional de Saúde (CNS) a Carta dos Direitos dos Usuários do SUS, a qual preconiza seis princípios básicos de cidadania. Dentre eles, podemos destacar que: Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizadoaos sistemas de saúde. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação. Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=_JDeQn1erh4>.Acesso em: 28 jul. 2015. Assim como vimos com a construção do SUS, podemos observar que nas últimas décadas o Brasil tem desempenhado novas atividades relacionadas ao caráter público. É necessária uma articulação e engajamento da sociedade para debater as “O SUS transformou-se no maior projeto público de inclusão social em menos de duas décadas: 110 milhões de pessoas atendidas por agentes comunitários de saúde em 95% dos municípios e 87 milhões atendidos por 27 mil equipes de saúde da família. Em 2007: 2,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 610 milhões de consultas, 10,8 milhões de internações, 212 milhões de atendimentos odontológicos, 403 milhões de exames laboratoriais, 2,1 milhões de partos, 13,4 milhões de ultrassons, tomografias e ressonâncias, 55 milhões de seções de fisioterapia, 23 milhões de ações de vigilância sanitária, 150 milhões de vacinas, 12 mil transplantes, 3,1 milhões de cirurgias, 215 mil cirurgias cardíacas, 9 milhões de seções de radioquimioterapia, 9,7 milhões de seções de hemodiálise e o controle mais avançado da Aids no terceiro mundo. São números impressionantes para a população atual, em marcante contraste com aproximadamente metade da população excluída antes dos anos oitenta, a não ser pequena fração atendida eventualmente pela caridade das Santas Casas” (Nelson Rodrigues dos Santos, 2008). https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0 https://www.youtube.com/watch?v=07kU_GpIIC0 https://www.youtube.com/watch?v=_JDeQn1erh4 propostas de políticas públicas em todo o país. O Estado desempenha um papel importante para o desenvolvimento social e estrutural do Brasil e é para ele que devem ser direcionadas as cobranças dos setores sociais do país. Saiba mais sobre políticas públicas de saúde no Brasil em: <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4873 >. Acesso em: 27 jul. 2015. <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4818| >. Acesso em: 27 jul. 2015. <https://www.youtube.com/watch?v=1JPungMC3lE>. 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