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MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO Hudson Goto Conceito de aglomerados Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar os tipos de materiais aglomerados (formados por partículas). � Diferenciar aglomerado, MDP, MDF e OSB. � Identificar oportunidades de uso dos materiais aglomerados. Introdução Neste capítulo, você estudará os conceitos gerais dos materiais aglo- merados à base de madeira, as características que fundamentam o en- tendimento do seu desempenho e as diferenças entre alguns tipos de chapas (por exemplo, MDF, MDP e aglomerado), além de conhecer as possibilidades de utilização desse material. As chapas de madeira transformada têm evoluído constantemente ao longo dos tempos. Inicialmente criadas para aproveitar os resíduos da indústria madeireira, em uma época de escassez de matéria-prima, hoje dispõem de processos de produção cada vez mais controlados e sofisticados, com o objetivo de atender à demanda comercial crescente. Preferencialmente empregadas no setor moveleiro, sua utilização também tem sido amplamente pesquisada no setor da construção civil, visando a construções mais sustentáveis. Assim, entender com profundidade as propriedades das madeiras aglomeradas, suas diferenças de tipologia e evolução temporal, e as possibilidades de utilização comercial é primordial para a sua correta utilização como materiais em construções civis. Tipos de materiais aglomerados A estrutura do tecido lenhoso das madeiras, na qual se encontram as fibras resistentes e com orientação unidirecional, representa tanto a origem do bom comportamento do material quanto os prejuízos que este pode acarretar, em razão da heterogeneidade resultante da anisotropia (propriedades físicas diferentes quando da alteração na direção), que promovem tensões internas. Desse modo, os processos de beneficiamento das madeiras visam a reestruturar o material, com o novo arranjo das fibras resistentes (BAUER, 1994). Quando fragmentos de material lignocelulósicos, geralmente na forma de pequenas partículas de madeira, como cavacos, aparas (Figura 1), marava- lhas, virutas ou flocos, são aglomerados com cimentos minerais ou resinas, sob pressão variada, dão origem às madeiras aglomeradas (BAUER, 1994; BIANCHE, 2009). Figura 1. Aparas de madeira: resíduo da indústria madeireira. Fonte: shutterofdreams/Shutterstock.com. De maneira complementar, para Fontes (1994 apud SILVA, 2016), os resí- duos industriais podem ser classificados como: � lenha — resíduos de maiores dimensões, compostos por costaneiras, aparas e resíduos de topo de tora; � cavacos — partículas com dimensões máximas de 50 × 20 mm, pro- venientes de uso de picadores; Conceito de aglomerados2 � maravalhas — resíduos com menos de 2,5 mm; � serragem — partículas de madeira com dimensões entre 0,5 mm e 2,5 mm, provenientes do uso de serras; � pó — resíduos menores que 0,5 mm. Segundo Bauer (1994), o aglomerante empregado, a granulometria e distri- buição dos fragmentos e a pressão exercida na compactação dos “colchões” de mistura, durante a fabricação, diferenciam os tipos de chapas aglomeradas e suas características físicas e mecânicas finais. Similarmente, a NBR 14810-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013a) cita que “a geometria das partículas e sua homogeneidade, os tipos de adesivos, a densidade e os processos de fabricação podem ser modificados para fabricar produtos adequados aos usos finais específicos”. O aglomerante empregado pode ser mineral (cimento Portland, gesso, magnésia sorel, etc.) ou resina sintética. No caso dos minerais, as maravalhas, por exemplo, recebem um tratamento mineralizador (banho em cloreto de cálcio diluído) para propiciar aderência ao cimento Portland. Nesse caso, o cloreto de cálcio é um componente da mistura com a função de acelerar a pega do cimento. As chapas mineralizadas podem receber diversos tipos de acabamentos, conforme seu destino: uso interno ou externo (por exemplo impregnação com gesso, argamassas de cal ou cimento, pó de serra com aglomerantes, etc.). De acordo com a sua densidade, além das características físicas de baixa retratilidade, isolamento térmico e absorção acústica, apresentam relativa resistência mecânica, podendo ser utilizadas até mesmo como material estrutural, após ensaios e avaliações apropriadas (BAUER, 1994). Construções com estruturas e componentes em madeira utilizam processos construti- vos de baixo consumo de energia e, consequentemente, liberam uma baixa quantidade de carbono em forma de CO2. Essa característica tornou-se imprescindível para as construções atuais, visto que a concentração de CO2 na atmosfera tem aumentado e contribuído com o aquecimento global. A incorporação e/ou a introdução da ma- deira como material de construção proporciona a redução da emissão de CO2 para a atmosfera (MATOSKI, 2005 apud ROCHA, 2017). 3Conceito de aglomerados O gesso, outro tipo de aglomerante mineral, também pode ser utilizado na fabricação de chapas de madeira aglomerada, dando origem ao GBP (gypsum- -bonded particleboard ou chapas de partículas liga de gesso), resultante do processo de adição de partículas de madeira em uma matriz de gesso, o que altera as propriedades físicas e mecânicas do produto final. O GBP não necessita da etapa de prensagem a quente, como ocorre com as chapas aglomeradas com adesivos sintéticos, o que acaba por reduzir os gastos de produção. Em geral, quanto mais fino o gesso, melhor serão as suas capacidades adesivas e de resistência. Recomenda-se sua utilização em ambientes internos, como forros, divisórias e camadas inferiores de revestimentos de assoalhos, por sua instabilidade em relação à umidade ambiente (HASELEIN et al., 2002) (Figura 2). Figura 2. Placas com compósitos de gesso-madeira. Fonte: Rocha (2017). Assim como os aglomerados minerais, aqueles com resinas sintéticas, como as chapas à base de resinas fenólicas, são preferencialmente empregados na indústria moveleira, de esquadrias e revestimentos. Cuidados especiais devem ser dados quanto ao seu acabamento, de modo que resistam ao desgaste, à abrasão, aos riscos (marcas) e à ação de agentes agressivos, como água fer- vente, solventes ou outros produtos químicos, devendo receber revestimentos com chapas melânicas ou fenólicas e impregnações diversas (BAUER, 1994). Como exemplo, pode-se citar resinas à base de ureia-formaldeído (UF) e fenol-formaldeído (SILVA, 2016). Conceito de aglomerados4 O aglomerante, ou adesivo, é um fator considerado importante na fabricação de chapas de aglomerados. A quantidade a ser utilizada tem como base o peso seco das partículas de madeira, podendo variar de 5 a 10% (MALONEY, 1977 apud DIAS, 2005). Em relação à granulometria, as partículas dos aglomerados convencionais são produzidas com aquelas do tipo sliver (partículas quadradas ou retangu- lares cortadas na seção paralela às fibras de madeira). Ainda, as chapas de aglomerado devem apresentar densidade média compreendida entre 0,59 e 0,80 g/cm3, conforme a NBR 14810-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013b). Em relação à distribuição das partículas, Maloney (1977 apud DIAS, 2005), apresenta três configurações de chapas de aglomerado (Figura 3): � Homogênea — A mistura das partículas está distribuída ao acaso (por exemplo, aglomerados). � Múltiplas camadas — Geralmente de 3 a 5 camadas, as partículas mais finas localizam-se nas camadas da face e as mais grossas no miolo. Geralmente, adotam-se de 15 a 20% de partículas finas em cada face, com o restante do material desenvolvido com partículas grossas (por exemplo, MDP). � Graduados — Partículas mais finas sobre as faces das chapas, existindo uma variação gradativa do tamanho das partículas pelas mais finas nas faces para as mais grossas no centro (miolo) (por exemplo, MDP). De acordo com Bianche (2009), como matéria-prima pode-se empregar resíduos industriais de madeira, resíduos daexploração florestal, madeiras de qualidade inferior não industrializáveis, madeiras provenientes de f lo- restas plantadas e reciclagem de madeira sem serventia. De modo geral, é possível empregar qualquer madeira na produção de painéis aglomerados (Figura 4). 5Conceito de aglomerados Figura 3. Estrutura das partículas no interior das chapas de aglomerado. Fonte: Iwakiri (2003 apud DIAS, 2005). Homogênea 5 camadas 3 camadas Graduada Figura 4. Resíduo de madeira transformado em partículas para fabricação de painel de madeira aglomerada (MDP). Fonte: Weber (2011). Em resumo, os processos de transformação da madeira têm os objetivos de (BAUER, 1994): � melhorar a homogeneidade de composição e isotropia do material, obtendo-se ganhos de comportamento físico-mecânico; � obter melhores resultados nos processos de secagem e tratamento efe- tivo de preservação do material, visto que, antes da aglomeração, este apresenta-se reduzido em lâminas finas ou pequenos fragmentos; � promover melhorias em relação à madeira natural em determinadas características físicas (retratilidade, massa específica) ou mecânicas Conceito de aglomerados6 (cisalhamento, fendilhamento, etc.), em razão das alternativas existentes no processo de fabricação; � fabricar chapas e blocos com dimensões adequadas à tecnologia de pré-fabricação modulada; � obter sustentabilidade e vantagem econômica com o aproveitamento integral de todo o material lenhoso contido nas árvores. Diferenças entre aglomerado, MDP, MDF e OSB O aglomerado (ou painel de madeira aglomerada) surgiu na década de 1940, na Alemanha, em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Pela dificuldade de produção de lâminas de boa qualidade para a fabricação de compensados, esses painéis eram fabricados apenas com resíduos de madeira. Como as florestas eram escassas, isso fez com que o mercado absorvesse um novo produto oriundo dos resíduos existentes, o que deu origem aos aglomerados (LACOMBE, 2015). Ainda segundo Lacombe (2015), as chapas de madeira aglomerada no Brasil também surgiram pela escassez da madeira e pela oportunidade de aproveitamento dos resíduos industriais. Porém, atualmente, isso não ocorre, pois grandes áreas de florestas plantadas se encontram disponíveis para for- necer matéria-prima para a produção de painéis aglomerados. De acordo com Donati (2007 apud LACOMBE, 2015), a evolução da técnica de prensagem no processo de fabricação dos painéis também contribuiu para a atualização do nome “aglomerado” para MDP (Figura 5). Figura 5. Diferença na composição do a) aglomerado convencional e b) do MDP. Fonte: Cabral et al. (2016). a) b) Prensa hidráulica 7Conceito de aglomerados Em 2015 e 2016, a produção de MDF e HDF (high density fiberboard) foi maior que a de MDP, com menor percentual para o HB (hardboard). No ranking mundial dos maiores produtores em 2016, o segmento brasileiro de painéis de madeira ocupou o 8º lugar — existem no país 18 unidades produtoras de painéis de madeira reconstituída, a maior localizada nas regiões Sul e Sudeste (Figura 6). 7,5 7,3 0,4 2,7 4,4 2015 2016 MDF/HDF MDP HB a) 0,3 3,0 4,0 País Produção Milhões (m3) China EUA Alemanha Canadá Rússia Turquia Polônia Brasil França Tailândia 83,6 19,3 10,6 9,9 9,2 9,2 8,2 7,3 4,9 4,9 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10ºb) Figura 6. a) Produção brasileira de painéis de madeira reconstituída. b) Principais produtores mundiais. Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (2017). Conceito de aglomerados8 Já o MDP (medium density particleboard ou “partículas de média densi- dade”) é responsável pela substituição dos antigos painéis de madeira aglo- merada, anteriormente denominados “aglomerados” (Figura 7). Produzido a partir da redução mecânica da madeira em pequenas partículas, ao qual se aplicam adesivos sintéticos, com reconstituição em uma matriz randômica, e consolidado pela aplicação de calor e pressão em prensa quente (IWAKIRI, 2005; FOREST PRODUCTS LABORATORY, 2010), o MDP também é um painel de madeira reconstituída, como o MDF. Figura 7. Chapas em MDP (medium density particleboad ou “partículas de média densidade”). Fonte: baitong333/Shutterstock.com. Nesse tipo de painel, as partículas são posicionadas de maneira diferenciada — dispõem-se as maiores ao centro e as mais finas nas superfícies externas —, processo no qual são aglutinadas e compactadas entre si com resina sintética por meio da aplicação de pressão e calor em prensa contínua de última geração. Ele é considerado o resultado da evolução da tecnologia de prensas contínuas e pertence a uma nova geração de painéis de partículas de média densidade, produzidos com madeiras de florestas de Pinus e Eucalyptus (WEBER, 2011). 9Conceito de aglomerados Desse modo, pode-se ter o MDP como um painel homogêneo e de boa estabilidade dimensional (isotrópico), resistente à flexão e ao arranque de parafusos. Ainda, Azambuja (2015) cita que o MDP pode apresentar as se- guintes vantagens: � elimina os defeitos de anisotropia; � elimina fatores capazes de reduzir a resistência, como nós, grã irregular, lenhos juvenil e adulto, etc.; � possibilita a manipulação das propriedades físicas e mecânicas dos painéis por meio do controle do processo de produção, a partir de resinas, geometria da partícula, grau de densificação, etc. Na construção civil, pode ser utilizado em portas retas, prateleiras, divisó- rias, tampos retos, tampos pós-formados, etc., preferencialmente em ambientes internos e secos, o que evita a alteração de suas propriedades originais, visto que tipo de material não apresenta resistência à umidade ou à água (WEBER, 2011; AZAMBUJA, 2015) (Figura 8). Figura 8. Prateleira em chapa de madeira MDP. Fonte: MDP... (2017). Conceito de aglomerados10 O MDF (medium density fiberboard ou “fibras de média densidade”) (Figura 9), assim como o MDP, é um tipo de painel de madeira reconstituída. Nele, as fibras de madeira são aglutinadas e compactadas entre si com resina sintética sob a ação de pressão e calor em prensa de pratos ou prensa contínua. O MDF forma um painel homogêneo, com boa estabilidade dimensional (isotrópico) e superfície uniforme e lisa. Normalmente, tanto o MDF quanto o MDP são produzidos com madeiras provenientes de florestas plantadas dos gêneros Pinus e Eucalyptus (WEBER, 2011). Figura 9. Chapas em MDF (medium density fiberboad ou “fibras de média densidade”). Fonte: eyal granith/Shutterstock.com. Em alguns casos, a matéria-prima do MDF pode consistir em madeiras de resíduos do processamento (por exemplo, costaneiras, pontas, aparas e rolo de restos de laminação), além de resíduos da exploração florestal (AZAMBUJA, 2015). Esse tipo de painel apresenta como principal característica as boas condições de usinagem, tanto nas bordas quanto nas faces. Com densidade adequada e homogeneidade proporcionada pelas fibras, os painéis de MDF podem ser fa- cilmente torneados, entalhados e usinados (WEBER, 2011; LACOMBE, 2015). 11Conceito de aglomerados Há várias diferenças entre os painéis de partículas e de fibras, mas a principal delas refere-se à configuração física dos elementos da madeira que compõem os painéis. Como a madeira é um material fibroso por natureza, os painéis de fibra buscam explorar a resistência mais fundamental da madeira, obtendo valores maiores que os dos painéis de partículas (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 2010). Esse material pode ser utilizado para a produção de painéis de isolamento térmico e acústico, divisórias internas, móveis, portas, molduras, revestimentos em geral, entre outros, de acordo com a densidade do painel (IWAKIRI, 2005). No setor da construção civil, é utilizado para a fabricação de pisos, rodapés, almofadas de portas, batentes, portas usinadas, divisórias, etc. (WEBER, 2011; LACOMBE, 2015). Segundo a NBR 10004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004), que trata da classificação de resíduos sólidos, os resíduos de MDF sãoconsiderados pe- rigosos (Classe I), oferecendo risco ao meio ambiente e à sociedade. De acordo com essa classificação, esses materiais necessitam de uma destinação especial, sendo o descarte em aterros sanitários de Classe II A incorreto, mesmo representando uma prática frequente. Isso aumenta o risco de contaminação do solo e dos lençóis freáticos, e diminui, ainda, a capacidade e a vida útil do aterro. Formado por partículas orientadas, o OSB (oriented strand board) é pro- duzido a partir de partículas longas, de formato retangular, aderidas umas às outras com resina fenol-formaldeído e/ou isocianato, orientadas na mesma direção e consolidadas por meio da prensagem a quente (Figura 10) (ADRIA- ZOLA, 1994). A chapa OSB é composta por três camadas — duas camadas externas, nas quais as partículas ficam orientadas no sentido longitudinal, e uma interna, na qual as partículas são orientadas perpendicularmente às camadas externas. Dessa forma, os painéis OSB apresentam melhor resistência nos sentidos transversal e longitudinal, podendo ser empregados como pai- néis estruturais. O OSB é utilizado para execução de tapumes de obras em construção e como material de fechamento no sistema Light Steel Framing (ADRIAZOLA, 2008). Conceito de aglomerados12 Figura 10. Chapas em OSB (oriented strand board). Fonte: vitalikaladdin/Shutterstock.com. Oportunidades de uso dos materiais aglomerados Em geral, as principais finalidades para os painéis de material aglomerado são os segmentos de móveis e da construção civil. Cada segmento utiliza painéis de acordo com necessidades próprias, buscando atender as mais variadas demandas físicas e mecânicas (AZAMBUJA, 2015). A Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA) demonstrou, em 2014, que 95% da produção nacional de painéis de madeira aglomerada estava vinculada ao polo moveleiro (LACOMBE, 2015). Em virtude da trama formada na fabricação do MDP, que o torna similar à madeira maciça nos aspectos de flexibilidade e envergamento, esse material pode ser utilizado na fabricação de estruturas de móveis e prateleiras. Em um armário, quando em conjunto, por exemplo, com o MDF, o MDP pode ser utilizado para a produção da estrutura, enquanto o MDF no acaba- mento externo, como portas, fundos e laterais. Essa combinação confere a força necessária em algumas partes do móvel e o bom acabamento nas áreas externas. Porém, deve-se considerar o mesmo cuidado quanto à ação deletéria da umidade (MDF..., 2012) (Figura 11). 13Conceito de aglomerados Figura 11. Móveis fabricados com madeira aglomerada. Fonte: Ramos (2013). a) Mesa de escritório b) Criado mudo Na construção civil, Lacombe (2015) afirma que os painéis de madeira podem ser utilizados na composição dos sistemas construtivos de estruturas leves, como o dos Sistemas de Plataformas em madeira, nos quais é possível empregar os painéis em pisos, paredes e forros. Em países da América do Norte e da Europa, tal uso é bastante difundido e com produção altamente industrializada (Figura 12). Figura 12. Exemplo de sistema de plataforma em madeira. Fonte: Lacombe (2015). Telhas cerâmicas Painel de madeira Treiças de madeira Parede Painel de madeira para piso Plataforma de piso Fundação Painel + ossatura + painel Conceito de aglomerados14 No trabalho de Adriazola (2008), a partir de estudos realizados com pai- néis de madeira para a avaliação do comportamento térmico em protótipos em escala reduzida de habitações de interesse social, painéis de madeira tipo Wall, OSB, aglomerado, cimento-madeira e compensado foram comparados a alvenaria de tijolos, usados como referência. Os painéis foram utilizados nas vedações de paredes. Como conclusão, a autora verificou que os painéis duplos de madeira podem ser comparados ao desempenho térmico da alve- naria convencional com aplicação de reboco em ambas as faces, comumente empregado nas habitações (Figura 13). Figura 13. Exemplo esquemático dos painéis de madeira utilizados na pesquisa de Adriazola (2008). Fonte: Adriazola (2008). D3 10 0 Telha ondulada 6 mm eternit Isolamento térmico da cobertura Manta feita com reaproveitamento de embalagens de leite, tetrapak, plani�cadas e unidas entre si através de costura Estrutura de madeira Embasamento de concreto Ainda na construção civil, assim como as placas de gesso acartonado, que constituem o sistema drywall, os compósitos de cimento-madeira têm sido utilizados como placas de vedação, principalmente na Europa. Os painéis produzidos com compósitos de madeira contribuem para a construção mo- dular, resultando na redução no tempo e no custo da mão de obra. Além de satisfazerem às necessidades de segurança e saúde, pois são mais resistentes ao ataque de fungos e insetos, têm resistência ao fogo e isolamento termoacústico adequado (ROCHA, 2017). 15Conceito de aglomerados Nesse tipo de painel, a madeira, o cimento Portland e a água são misturados para formar o colchão levado para a prensagem. Assim como o aglomerado convencional, uma mistura contendo partículas finas de madeira é utilizada para formar as camadas superficiais e outra, contendo partículas maiores, dá origem ao miolo. Após a etapa de cura do cimento Portland e as etapas finais, os painéis recebem acabamento final, estando disponíveis para a comercia- lização (IWAKIRI, 2005). Mais especificamente, os painéis de cimento-madeira podem ser utilizados em casas pré-fabricadas, bancadas, pisos, revestimentos, paredes divisórias, paredes com isolante térmico e acústico, forros, etc. (ROCHA, 2017) (Figura 14). Figura 14. a) Detalhe da placa cimento-madeira. b) Casa pré-fabricada. Fonte: Matos et al. (2006). a) b) O sistema construtivo autoportante Light Steel Framing (LSF), com es- trutura de sustentação formada por perfis de aço revestido com zinco ou aço galvanizado, também é um exemplo que utiliza chapas em madeira tipo OSB. Por se tratar de um sistema autoportante, as chapas de OSB aplicadas nas paredes externas funcionam não apenas como fechamento, mas também como elemento de contraventamento da estrutura (Figura 15a) (CAMPOS, 2014). Outra utilização consiste no fechamento de obras em construção, por meio de tapumes (Figura 15b). Conceito de aglomerados16 Figura 15. Placa de OSB para: a) fechamento do sistema LSF e b) tapume de obra em construção. Fonte: Silva (2013, documento on-line); Painel... ([2018?], documento on-line). a) b) ADRIAZOLA, M. L. O. Avaliação experimental por meio de protótipos e por simulação de painéis de madeira para habitação de interesse social. 2008. 315 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2008. Disponível em: <http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/handle/123456789/5006>. Acesso em: 17 set. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos: classi- ficação. Rio de Janeiro, 2004. 71 p. 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