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Você está de plantão no PS e atende um paciente de 72 anos de idade, queixando-se de dor forte e progressiva no pé e perna esquerda iniciada há 1 hora, sem a melhora com analgésico e com a sensação de esfriamento e amortecimento da perna. Esse paciente já havia procurado um médico no ambulatório 18 meses antes com queixas de dor na panturrilha esquerda somente quando caminhava aproximadamente 6 quadras. O paciente tem história pregressa de infarto agudo do miocárdio há 4 meses. Refere tabagismo de longa data e hipertensão arterial controlada há 30 anos. Nega diabetes e dislipidemia. Ao exame: ausculta cardiopulmonar e abdome normais. Sopro sistólico na bifurcação carotídea esquerda. MID: Pulso femoral presente. Diminuição (++/4) dos pulsos poplíteo e tibiais. Manobra de isquemia plantar normal. MIE: Intensa palidez e diminuição da pilificação dos pododáctilos. Pulso femoral presente. Ausência de pulsos poplíteo e tibiais Dados: · 72 anos · Dor na perna E - agudo (esfriamento/parestesia) · CI: panturrilha E → crônica femoro-poplítea · IAM, tabagismo, HAS Obstrução arterial aguda: Existem dois tipos: · Trombose - obstrução local · Causas: trauma, placa, trombofilia, enxerto, aneurisma · Embolia: à distância · Causas: coração (êmbolo grande), placa (êmbolo pequeno), trauma, aneurisma (geralmente é pequeno), iatrogênico Dx sindrômico: oclusão arterial aguda DX topográfico: femoropoplíteo E Dx etiológico: provável trombose em placa Queixa aguda: Pensar em oclusão aguda – 5 Ps do inglês: 1. Dor 2. Esfriamento 3. Parestesia (por isquemia do nervo) 4. Palidez 5. Perda de pulso Avaliar viabilidade do membro: Sistema neurológico é o primeiro a sofrer, sendo o primeiro sintoma a parestesia. Sistema neurológico aguenta aproximadamente 6h. Para analisar, leva em consideração parâmetros de motricidade e de sensibilidade: Classificação de Rutherford I. Viável: sensibilidade e motricidade normais · Dá tempo de avaliar melhor · Trombolítico, mas de modo geral não é indicado na oclusão aguda periférica, pois os trombos são grandes II. Risco: presença de parestesia (sensibilidade) · II A (marginal): motricidade preservada → não pode esperar muito tempo · II B (risco imediato): paresia (movimento) → cirurgia de emergência No geral: revascularização em I, IIA e IIB III. Inviável: anestesia + alteração de motricidade (plagia) → amputação CONFERÊNCIA ISQUEMIA AGUDA · Súbita diminuição da perfusão · Potencial risco de viabilidade → necrose irreversível · < 2 semanas · Ficar atenta ao tempo de início dos sintomas e a variabilidade · 4 elementos fundamentais · Local da oclusão · Tempo de evolução · Circulação colateral · Propagação secundária do trombo → forma trombos para cima e para baixo do ponto de oclusão · Preciso pensar em heparinizar o paciente Mecanismo: · Trombose arterial 53%: degenerativas, mecânicas ou hematológicas · Embolia 44% Obs.: clínica é igual, mudando o tratamento TROMBOSE ARTERIAL: Causas: · Degenerativas: · Trombose em placa (DAOP): ulcerações, turbilhonamento do fluxo, hemorragia intraplaca · Aneurisma (poplítea em 3%) · Dissecção arterial · Doença cística adventicial · Mecânicas: · Trauma repetitivo: SDT, SAAP · Trauma por contusão: síndrome compartimental · Iatrogênico: cateterismo, injeção intra-arterial · Hematológicas: · Trombofilias · Policitemia vera · Trombocitose EMBOLIA Precisa de: · Fonte embólica: cardiológica (78 a 96% - FA), arterial (placa, aneurisma), venoso (paradoxal) · Êmbolo: o tamanho que impacta na clínica (determina qual artéria será ocluída), mas depende da fonte · Local O tamanho do êmbolo: placa de ateroma, dedos azuis, aneurisma, coração : Obs: em jovem, é típico de embolia, pois não tem doença grave que gere circulação colateral Comparando as mais comuns: Embolia x trombose em placa x aneurisma poplítea Obs: no aneurisma de poplítea tem 14% de risco de amputação Paciente com fatores de risco para aterosclerose (AEO) com oclusão arterial aguda no território femoro poplíteo, sem hx pregressa de CI e sem alteração crônica (FAN) → aneurisma de poplítea *dilatação da artéria poplítea Diagnóstico clínico: Sindrômico: 6P’s · Dor · Palidez · Parestesia · Pulsos ausentes · Frio (poiquilotermia) · Plegia Etiológico: embolia vs trombose Topográfico: pulsos VARIABILIDADE: · Fazer o exame neurológico completo · Primeiro sintoma neurológico, depois muscular e, por fim, de pele I. Viável tem tempo para investigar II. Se já possui diminuição de sensibilidade, mas ainda mexe → é risco marginal IIa. Se tem motricidade diminuída também, é imediato, sendo IIB III. Se não sente e não mexe, é emergência, sendo irreversível → amputação OBS: não se brinca e não se manda embora!! Se paciente chega assim, precisa fazer sensibilidade e motricidade para categorizar Se chega assim, é irreversível, pois tem necrose de pele CONDUTA: Suporte é obrigatório saber! Cirurgia/trombolítico/amputação é para especialista SUPORTE: Analgesia: potente EV Anticoagulação: heparina EV 5.000 UI (tto cirúrgico) Proteção do frio: bota de algodão, cobertor Posição declive TRATAMENTO com PONTE no casos de: · Trombose em placa · Aneurisma trombosado · Trauma Obs: amputação em III, ou idoso que demora para ir ao médico. Ou ainda, quando chega em grau I ou II. não é feito o dx e manda o paciente ir embora → NÃO pode acontecer CONCLUSÃO: · Dx clínico precoce essencial · Ver tempo e viabilidade · Etiologia: trombose x embolia · Etiologia: exame de imagem (tempo) · Suporte clínico de rotina obrigatório para o médico geral com heparinização · Revascularização image10.png image4.png image12.png image14.png image5.png image15.png image1.png image7.png image8.png image2.png image3.png image11.png image6.png image9.png image13.png