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DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS Distúrbios de sódio (água livre): disnatremias · Quantidade de água ingerida > quantidade de água excretada = balanço positivo → diminuição da concentração de sódio causando hiponatremia, com diminuição da osmolaridade plasmática · Quantidade de água ingerida < quantidade de água excretada = balanço de água negativo → aumento da concentração de sódio causando hipernatremia e aumento da osmolaridade plasmática · Na movimentação da água, se ocorre de forma lenta e gradual ocorre adaptação celular, mas, se for alterações brusca, gera edema ou desidratação Hiponatremia: · Na < ou = 135 mEq/L · Primeiro passo é a avaliação da osmolaridade · Dividida em hiperosmolar, isosmolar ou hiposmolar Hiponatremia hipovolêmica: · Perda de sódio e água (perda maior de sódio do que de água) · Sinais de hipovolemia e desidratação · Dosagem do Na+ urinário: se mais que 20 é perda renal (como IR primária, diuréticos tiazídicos, síndrome cerebral perdedora de sal) e se menos que 20 é perda extrarrenal (vômitos, diarreia, SNG, queimaduras e sudorese) Hiponatremia hipervolêmica: · Retenção de sódio e de água (retenção > de água do que de Na) · Síndrome edemigênica · Dosagem de Na urinário: mais que 20 é de hipervolemia global (doença renal avançada e lesão renal aguda) e se mais que 20 é hipovolemia relativa (cirrose hepática, IC, síndrome nefrótica) Hiponatremia euvolêmica: · Retenção de água sem alteração do sódio · Pouca alteração do exame físico · Dosagem da osmolaridade urinária: se maior que 100 é por retenção renal de água (SIAH, deficiência de glicocorticóides, hipotireoidismo) e se menor que 100 é por aporte hídrico excessivo ou baixa ingesta de solutos (polidipsia ou excesso de fluidos hipotônicos) · SIADH: síndrome da secreção inapropriada de ADH → hiponatremia, osmolaridade sérica baixa, osmolaridade urinária inapropriada alta, sódio urinário alto e descartar hipotireoidismo, insuficiência adrenal e insuficiência renal avançada Manifestações clínicas: · Água do menos concentrado (extracelular) para o mais concentrado) intracelular → edema celular · Principais células afetadas são os neurônios, como cefaleia, náuseas, confusão mental, convulsão e coma · Pulmão: edema pulmonar não cardiogênico · Distúrbios hidroeletrolítico mais associado a convulsão no pós-operatório · Sintomas dependem mais da velocidade de instalação do que do grau de hiponatremia (adaptação) Tratamento: · Hiponatremia leve: 134-130 · Hiponatremia moderada: 129-125 · Hiponatremia grave: < 125 · Aguda < 48 hrs · Crônica > 48 hrs Maioria dos pacientes são crônicas e leve/moderada → convencional com Na 3% · Fluido de escolha: Salina Hipertônica (NaCl 3%). DICA: Cada 1ml/kg eleva 1 mEq/L de sódio sérico · Correção de no máximo 8 - 10 mEq/L em 24h e 18 mEq/L em 48h · Monitorar natremia de 2-4h durante reposição. · Após correção inicial -> tratar causa de base Aguda grave: (< 120 ou < 125 sintomáticos): elevar rapidamente em 4 a 6 mEq/L · 100ml de Na+ 3% em 10 minutos (repetir até 3x) · Considerar furosemida em pacientes hipervolêmicos · Após dose inicial de Na+ 3%, diminuir o ritmo de infusão para não passe de 8-9 mEq/L em 24 h (minimizar o risco de mielinólise pontina - Síndrome de desmielinização osmótica) · Monitorar Sódio a cada 2 horas Hipernatremia: · Na > 145 · Sempre hiperosmolar → avaliar volemia · Fatores de risco: idosos, crianças, pacientes hospitalizados e/ou acamados, portadores de doenças neurológicas → pacientes com menos acesso água · DM descompensada ou insipidus → pacientes com diurese pronunciada Manifestações clínicas: · Água do menos concentrado (intracelular) para o mais concentrado (extracelular) · Principais células afetadas → neurônios e músculos · Confusão mental, letargia e coma. Pode fazer rabdomiólise Tratamento: · Controle dos fatores etiológicos -> diarreia, hiperglicemia · Classificada em aguda (<48h) ou crônica (>48h) · Calcular o déficit de água livre · Dar preferência para reposição pela via oral Aguda · Taxa de correção pode ser 1 mEq/L Crônica · Repor lentamente - < 0,5 mEq/L <10 mEq/L/dia para evitar edema cerebral · Calcular a variação de sódio para cada litro de solução infundida Distúrbios do potássio Hipocalemia: · 2° distúrbio mais comum dos pacientes hospitalizados · É principal íon do meio intracelular, com potencial de repouso das células excitáveis, afeta principalmente músculo esquelético e cardíaco · 90% excreção renal e 10% pelas fezes · Ocorre por perda de K+ (renal e/ou extrarrenal) e/ou por entrada de K+ nas células Causas: · Vômitos repetitivos: gera alcalose e aumenta perda urinária de potássio · Diarréia, ileostomia, adenoma viloso: aumento da perda de K+ nas fezes · Uso de diuréticos de alça e tiazídicos: aumenta perda de K+ na urina · Insulina, beta-2 agonistas, alcalose metabólica: estimulam entrada de K+ na célula · Hiperaldosteronismo primário e secundário · Síndrome de Cushing · Hipomagnesemia Manifestações clínicas: · Fraqueza muscular generalizada · Íleo paralítico · Alterações do ECG → < 2,7: Onda T achatada, surgimento da Onda U, onda P apiculada, depressão do segmento ST, alargamento do intervalo QT Tratamento: · Avaliação do déficit corporal de K+ segue o seguinte padrão: redução de 1 mEq/L = 200-400 mEq de déficit · Tratamento da causa de base · Reposição de K+ · Diuréticos poupadores de K+ Tratamento: · Repor preferencialmente por via oral (K 3,0-3,5): KCl 6% ou Slow-K (8 mEq por dose) · Intravenosa: < 3 mEq/L; intolerância gastrointestinal, diarréia, fístulas · Ampola de KCl 19,1% (diluir em SF 0,9% e não em SG 5%) · Velocidade máxima de 20-40 mEq/hora -> evitar arritmias · Avaliar magnésio se hipocalemia refratária Hipercalemia: · Ocorre por dificuldade de excreção renal (elimina menos) ou está saindo de célula Manifestações clínicas: · Fraqueza muscular · Paralisia · Alterações ECG → pode levar a PCR Tratamento: · Risco iminente de morte com alterações de ECG ou K+ > 6,5 1- Cardioproteção: Gluconato de cálcio 10% (1 amp) para estabilizar membrana celular 2- Fazer o K + entrar na célula: insulina; beta 2 agonistas (fenoterol, salbutamol) 3- Remover K + do corpo: diuréticos (alça - furosemida), resina intestinal de troca (Sorcal), diálise Distúrbios do cálcio e magnésio Hipercalcemia: · Ca+ > 10,5 mg/L / ionizado > 5,25 mg/dl Leve: > 10,5 – 11,9 mg/dl; Moderada: 12-14 mg/dl Grave: > 14 mg/dl · 40-45% ligado a albumina: cada ponto de albumina abaixo de 4 aumenta 0,8 mg/dl o valor do cálcio Causas: · Aumento da absorção óssea: hiperparatireoidismo, malignidade, fazem lesões líticas, síndrome paraneoplásicas (PTH-símile) · Aumento da absorção intestinal: hipervitaminose D, doenças granulomatosas, linfomas · Redução da excreção renal: diuréticos tiazídicos, tamoxifeno, NPT · Imobilização prolongada Manifestações clínicas: · Nefrolitíase e nefrocalcinose · Dor óssea, fraqueza muscular (miopatia proximal) · Constipação, náuseas, pancreatite, poliúria pela desidratação · Confusão mental, letargia, coma · Encurtamento do intervalo QT · Hiporreflexia Tratamento: · Hidratação vigorosa (2-4 litros/dia) !!! · Diuréticos de alça · Bifosfonatos / denosumabe · Calcitonina (efeito apenas por 24-48 horas) · Diálise em refratários Obs: os últimos 3 inibem os osteoclastos Hipocalcemia: · Ca2+ < 8,5 mg/L / ionizado < 4,65 mg/dl Leve: 8 - 8,5 mg/dia; Moderada: 7,6 - 8 mg/dl Grave: < 7,6 mg/dl Causas: · Hipoparatireoidismo · Deficiência de vitamina D · Sequestro: rabdomiólise, lise tumoral · Anticonvulsivantes · Hipomagnesemia Manifestações clínicas: · Neuromusculares: parestesias, cãibras, mialgia, fraqueza, tetania, hiperreflexia · Sinais de Chvostek e Trousseau · Neuropsiquiátricos: irritabilidade, alucinações, confusão mental · Cardíacos: prolongamento QT, bradicardia Tratamento: · Hipocalcemia assintomática: Tratar??? Administração de Ca+ em estados sépticos ou isquêmicos pode causar dano celular hipóxico, depressão cardíaca ao estímulo adrenérgico e aumento da mortalidade. · Rabdomiólise: evitar· Gluconato de cálcio 10% diluído em SF · Administrar vit D se necessário Hipermagnesemia: · Mg2+ > 2,5 mg/d Raro: disfunção renal ou administração excessiva · Hiporreflexia, arreflexia, fraqueza muscular, bradipneia Tratamento: · Gluconato de cálcio 1-2 g IV (aumenta excreção renal de Mg2+) Hipomagnesemia: · Redução da absorção intestinal: alcoolismo, baixa ingesta, esteatorreia · Perda renal: diuréticos, droga nefrotóxicas (aminoglicosídeos, Anfo B), alcoolismo · Sempre avaliar potássio e cálcio · Fraqueza, anorexia, vômitos, convulsões, arritmias atriais e ventriculares Tratamento: sulfato de magnésio 1-2 g em 15 minutos, seguido de 6 g/24 horas image2.png image1.png