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Importância da Leitura e da Imaginação

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toa, pois, que Maria Helena Martins, em O que é literatura, p. 48, afirma que o ato de ler, e aqui poder-se-ia 
acrescentar o ato de ouvir histórias, "nos faz ficar alegres ou deprimidos, desperta a curiosidade, estimula 
a fantasia, provoca descobertas, lembranças...", propicia um crescimento pessoal, auxilia na compreensão 
do mundo e na transformação individual. A imaginação é aguçada e a crítica pessoal passa a ser 
desenvolvida. Assim, o leitor/ouvinte de histórias infantis começa a vislumbrar "como a realidade poderia 
ser diferente" (SILVA, 1986:26).
Com isso, o espírito de cidadania, o desejo de transformação do mundo e de si mesmo começam a 
ser despertados, pois que ele passa a acreditar no fato de que "falo, ouço; escrevo, leio; volto-me ao outro, 
comunico-me. Situo-me com os outros; busco a união através das coisas do mundo. Esta busca é medida 
por um determinado tipo de linguagem – sem ela inexistiria a possibilidade de expandir as minhas 
experiências e de participar da transformação da cultura. Ganho minha existência, passo a existir à 
medida em que me situo dentro do mundo sígnico que me envolve, dentro das linguagens captadas pela 
minha percepção e levadas até a minha consciência" (SILVA, 1991: 65,66). Assim, em uma educação 
voltada para o século XXI, é de fundamental importância o hábito de leitura, do ouvir e do contar histórias. 
Isso porque, dentre outros aspectos, a leitura/literatura propicia o desenvolvimento linguístico – fator 
fundamental quando se trata da língua/linguagem enquanto instrumento de poder ou quando se aborda a 
ideia da produção, interpretação, reflexão crítica e imaginativa do texto literário como facilitador do acesso 
do educando aos bens culturais e ao exercício da cidadania.
Poder-se-ia, aqui, abrir alguns parênteses para algumas poucas reflexões acerca deste tema.
Mais do que nunca a linguagem vem ganhando papel primordial no cenário atual e mundial. Seu poder 
é inquestionável. Ela é capaz de mover multidões, desencadear guerras ou estabelecer a paz; transformar 
indivíduos e possibilitá-los a romper barreiras sociais. Ela encobre mentiras na mesma proporção em que 
pode fazê-las se revelar; encoraja o indivíduo ou o abate... Sua força é realmente incontestável. É nesse 
sentido que se torna imperativo capacitar o indivíduo a uma defesa social por meio da linguagem, 
ajudando-o também a crescer na modalidade escrita, "cujos produtos podem circular e produz mais 
criatividade e maior confiança dos indivíduos na expressão dos seus próprios pensamentos" (GNERRE, 
1987:47).
A capacitação do indivíduo quanto à descoberta e difusão de seu potencial linguístico deve ser 
abarcada por uma visão democrática social. Afinal, como estabelece Gonçalves Filho:
A língua é um grande projeto de formação da cidadania, por meio da qual o homem toma 
conhecimento dos direitos que lhe garantem e protegem a vida, nas condições de produção de 
sua vida social e individual [...]. O domínio da língua significa o ingresso no universo de homens 
livres, gera resistência à opressão. Ao homem que é negado o direito de falar e escrever, tudo 
lhe é negado. 
(FILHO, 1991:15)
De fato, a competência linguística auxilia no aprimoramento cultural e na capacitação do indivíduo 
para o ingresso na chamada sociedade letrada, bem como funciona como instrumento necessário na luta 
contra a desigual distribuição de privilégios sociais, econômicos e culturais. “O domínio da norma culta 
contemporânea, consequentemente, é a “ferramenta” mais importante para a superação das 
desigualdades sociais”.
Uma das grandes formas de incorporação da língua-padrão e do posicionamento crítico frente às 
injustiças sociais é o hábito de ler, ouvir e contar histórias. E para que esse hábito se efetive, importante é 
formá-lo, desde a mais tenra idade, como o convívio da criança com livros sem texto, com histórias 
narradas pela imagem – a chamada leitura de imagem. Mais uma vez, descortina-se a importância da 
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