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Importância dos Contos de Fadas

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autoestima do leitor; "Chapeuzinho Vermelho"previne contra o descuido e ensina a determinação e 
independência; "João e Maria"demonstram que os fraquinhos podem conseguir grandes feitos, que não se 
deve desanimar mesmo nas piores situações porque a união faz a força.
Apesar de cada cultura estabelecer a sua versão dos contos de fadas, eles mantêm, entre si, uma 
efabulação básica: há "provas que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o 
herói alcance sua autorrealização existencial, seja pelo encontro com o seu verdadeiro eu, seja pelo 
encontro da princesa, que encarna o ideal a ser aclamado" (COELHO, 1998:13).
Em O conto na psicopedagogia, Jean-Marie Gillig afirmaria a esse respeito: 
"O conto reproduz num outro plano esse argumento de iniciação em que a luta 
contra o monstro (o mal), os obstáculos a serem vencidos e os enigmas a 
serem resolvidos são o equivalente, do ponto de vista dos motivos, à descida 
ao inferno e à subida ao céu". Sendo assim, os contos sugerem como os 
conflitos poder ser solucionados e quais os próximos passos a serem dados na 
direção de uma humanidade mais elevada.
Os contos de fadas utilizam ou reinterpretam questões universais, tais como os conflitos do poder e a 
formação dos valores, por meio da mistura do real e da fantasia. Utilizando-se do maravilhoso, os contos 
representam traços do fantasma na vida cotidiana de cada um, não perdendo, com isso, seu valor estético. 
Antes de tudo, "o contista é [...] o encantador que leva as crianças consigo para o mundo da magia e do 
encantamento, mas, é claro, com o consentimento delas" (GILLIG, 1999:70).
O encantamento se mistura a questões inconscientes do universo infantil (decepções narcisistas, 
dependências infantis, sentimento de individualidade e de autovalorização, etc.) e a criança, por um 
processo de identificação como as personagens dos contos de fadas, encontra um espaço para a 
elaboração de suas angústias cotidianas. Para Márcia Feldman, "enquanto a literatura crítica e realista 
oferece à criança um acervo que a capacita na direção da cidadania, num sentido político e ideológico, a 
literatura fantástica oferece outro tipo de material de trabalho e espaço de elaboração para o seu leitor: o 
espaço simbólico, arquetípico, que remexe as profundezas ancestrais de nosso ser num sentido 
existencial, psicológico, afetivo; enfim, num sentido de discussão política, por si só, não alcança até por 
não se propor a isso".
DICA
Os benefícios dos contos de fadas são inúmeros. Além de servirem de alívio à alma, funcionam 
como excelente auxiliar pedagógico. Cada elemento do conto tem um papel significativo. Suprimir-lhe 
uma parte, ou acentuá-la é impedir que a criança compreenda sua verdadeira essência – “os símbolos 
organizam-se na história, formando uma composição cujos elementos não podem ser dissociados, 
sob pena de prejudicar a sua significação global”
Os leitores de contos de fadas devem ter em mente que o encantamento destes se dá pelo prazer da 
redescoberta que eles propiciam: "criar e contribuir para a cultura existente não é apenas uma questão de 
ser um gênio criador individual ou de produzir uma obra-prima excepcional. Nós, o público, você, o leitor, 
também fazemos parte do futuro do conto – seus traços emergem sob a pressão das suas mãos, de 
nossos dedos" (WARNER, 1999:451).
Os contos oferecem uma metamorfose mágica para aqueles que dele se aproximam; possibilitam e 
incentivam a imaginação, mesmo porque "nenhuma história é igual a sua fonte ou modelo, pois a química 
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