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Revisão dos Artigos Efeitos das Hipóteses da Teoria Positiva da Contabilidade na qualidade da informação contábil Juliana Molina Queiroz e José Elias Feres de Almeida (2017) Teoria Positiva da Contabilidade (TPC) Busca explicar a prática contábil para, posteriormente, tentar predizê-la. Premissas: Indivíduos agem de modo oportunista, sendo pautados pelos seus interesses pessoais, buscando sempre maximizar o seu bem-estar. Existência de conflito de interesses. As práticas contábeis são escolhidas com base em interesses pessoais dos gestores das organizações, desde que permitidas pela discricionariedade das leis e normas contábeis. Esse processo de escolha pode ser incentivado por: a regulação, os custos de geração da informação contábil, os planos de remuneração, as clausulas contratuais (covenants), incentivos baseados no mercado e custos políticos, como reputação. Hipóteses da TPC: Hipótese dos Planos de Incentivo (bonus plan hypothesis); Hipótese do Grau de Endividamento (debt/equity hypothesis); Hipótese dos Custos Políticos que são atrelados ao tamanho da firma (size hypothesis) Efeitos das Hipóteses da Teoria Positiva da Contabilidade na qualidade da informação contábil Analítico/Modelagem Objetivo: investigar os efeitos das Hipóteses da Teoria Positiva da Contabilidade (TPC), por meio da avaliação dos efeitos dos planos de remuneração, endividamento e tamanho das firmas, na Qualidade da Informação Contábil das empresas brasileiras. Qualidade da Informação Contábil teve como proxies: relevância, tempestividade, conservadorismo condicional e gerenciamento de resultados das informações divulgadas nas Demonstrações Financeiras. Amostra: informações das empresas brasileiras com maior liquidez das ações na B3 (acima de 0,001) sobre o período de 2010 a 2014. Efeitos das Hipóteses da Teoria Positiva da Contabilidade na qualidade da informação contábil 𝑯𝑯𝟏𝟏: Os planos de compensação têm influência negativa na Qualidade da Informação Contábil. 𝑯𝑯𝟐𝟐: O grau de endividamento tem influência negativa na Qualidade da Informação Contábil. 𝑯𝑯𝟑𝟑: O tamanho da firma tem influência negativa na Qualidade da Informação Contábil. Maiores distorções no conteúdo informacional Empresas com Planos de Remuneração mais agressivos Empresas mais endividadas Empresas maiores tendem a manipular mais os resultados (WATTS; ZIMMERMAN, 1986) ↓ capacidade de o mercado perceber o reconhecimento oportuno das perdas econômicas nos lucros. ↓ relevância ↓ tempestividade Efeitos das Hipóteses da Teoria Positiva da Contabilidade na qualidade da informação contábil RESULTADOS Relevância Tempestividade Conservadorismo Condicional Gerenciamento de Resultados (GR) Agressividade de Planos de Remuneração (H1) ↓ Relevância (Não Rejeita H1) Rejeita H1 Rejeita H1 ↓ GR (Não Rejeita H1) Maior Endividamento (H2) Rejeita H2 Rejeita H2 Rejeita H2 ↓ GR (Não Rejeita H2) Maior Tamanho (H3) ↓ Relevância (Não Rejeita H3) ↓ Tempestividade (Não Rejeita H3) Perdas são reconhecidas menos rapidamente que ganhos. (Não Rejeita H3) ↓ GR (Não Rejeita H3) Questão 01 Questão 02 Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado Isac de Freitas Brandão, Alessandra Carvalho de Vasconcelos, Márcia Martins Mendes De Luca e Vicente Lima Crisóstomo (2019) Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado A remuneração é um instrumento de alinhamento de interesses (custos de agência) em situações de conflito, que busca incentivar os gestores a tomar decisões que maximizem o retorno para os acionistas. Contrato ótimo de remuneração dos executivos → aquele que maximiza a PPS. PPS é relação entre o incremento da remuneração dos executivos e o incremento de valor de mercado da empresa (Jensen & Murphy, 1990; Murphy, 1998; Víctor, 2013). Brasil → Lei n. 6.404 (1976) → a remuneração dos executivos é fixada pela assembleia geral dos sócios. O conselho de administração é o órgão responsável pela definição da política de remuneração executiva, para, posteriormente, a assembleia geral deve aprová-la. Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado Analítico/Modelagem Objetivo: investigar, no mercado de capitais brasileiro, o efeito da composição do conselho de administração na sensibilidade da remuneração dos executivos ao desempenho de mercado, conhecida como pay-performance sensitivity (PPS). Hipóteses testadas: H1: a dualidade do CEO reduz a PPS. H2: a maior proporção de executivos no CA reduz a PPS. H3: a maior proporção de membros do CA não indicados pelo acionista controlador aumenta a PPS. H4: a maior proporção de membros independentes do CA aumenta a PPS. ↑ Conflitos de Agência - acionistas x gestores ↑ risco de expropriação por parte dos gestores ↓Conflitos de Agência - controlador x minoritários ↓Conflitos de Agência - acionistas x gestores ↓Conflitos de Agência - controlador x minoritários Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado Amostra: dados de 92 empresas participantes do IBRX 100 da B3 para o período de 2013 a 2015. Proxy para “desempenho” adotada foi um “desempenho de mercado”, medido pelo incremento no preço das ações • Princípio da informatividade de Holmstrom (1979) → o preço das ações seria a melhor medida de performance dos gestores em termos de maximização do bem-estar dos acionistas. • Mesma proxy usada no modelo de Jensen e Murphy (1990) Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado O tamanho e a composição do CA permanecem estáveis nos 3 anos analisados. A dualidade do CEO foi observada, em apenas, 16 observações, aproximadamente, 6% da amostra. Inclusive, caindo ano a ano: oito em 2013, cinco em 2014 e três em 2015, o que demonstra que essa prática vem sendo descontinuada nas empresas do mercado de capitais brasileiro. Composição do conselho de administração e sensibilidade da remuneração executiva ao desempenho de mercado RESULTADO Há relação entre a variação da remuneração da diretoria executiva e variação do desempenho (variação do valor de mercado) das empresas da amostra (Estimações 1 e 7, tabela 7). Estimações (Tabela 07) PPS* Explicações Alternativas Dualidade do CEO 2, 6, 8 e 12 Não Afeta (Rejeita H1) Problema de amostragem, uma vez que a amostra adotada possui, somente, 16 observações (6% de um total de 272 observações) com esses casos de dualidade, o que pode ser pouco expressivo para inferências estatísticas sobre o fenômeno. Maior proporção de executivos no CA 2, 4, 8 e 10 ↓ PPS (Não Rejeita H2) Maior proporção de membros do CA não indicados pelo acionista controlador 2, 3, 8 e 9 Não Afeta (Rejeita H3) "Para gestores de portfólios de ações negociadas na BM&FBOVESPA, membros do conselho de administração representantes de acionistas minoritários não influenciam as decisões estratégicas da empresa (Bertucci, Bernardes & Brandão, 2006), incluindo a política de remuneração." Correlação negativa entre participação de conselheiros independentes e concentração de direitos de voto; assim, mesmo havendo conselheiros independentes, provavelmente, há uma forte influência do acionista controlador sobre o CA, o que enviesaria as decisões desse CA. Pode ser que “à medida que o conselho de administração torna-se mais independente, eleva-se a capacidade de monitoramento, o que diminui a necessidade de incentivos financeiros para alinhar os interesses de gestores e acionistas (Aguilera, Desender & Castro, 2011), reduzindo a variação da remuneração executiva e a PPS”. Ou seja, uma maior presença de conselheiros independentes reduziria a existência de planos de remuneração embasados em remuneração variada, uma vez que haveria uma melhorade monitoramento. *sensibil idade da remuneração dos executivos ao valor de mercado das empresas (PPS) ↓ PPS (Rejeita H4) 2, 5, 8 e 11 Maior proporção de membros independentes do CA Políticas contábeis recomendadas nas normas e escolhas contábeis predominantes em companhias abertas e fechadas no Brasil Denise Mendes da Silva e Vinícius Aversari Martins (2018) Políticas contábeis recomendadas nas normas e escolhas contábeis predominantes em companhias abertas e fechadas Levantamento Documental/Análise de Conteúdo/Análises Descritivas Objetivo: identificar as escolhas contábeis predominantes realizadas em companhias abertas e fechadas no Brasil durante e após a adoção do IFRS e se tais escolhas correspondem às recomendações de políticas contábeis preferenciais constantes nas normas (CPC/IFRS). Além das Teoria da Agência e a Teoria Contratual da Firma, instrumentalizadas pela Teoria Positiva da Contabilidade, que explicam as escolhas contábeis por incentivos econômicos e contratuais, as escolhas contábeis também podem ser explicadas com base na Teoria Institucional, por incentivos institucionais e do contexto social onde as empresas estão inseridas. Portanto, adicionalmente, foram coletadas características corporativas no intuito de avaliar se estas podem oferecer algumas explicações para as escolhas contábeis efetuadas nas empresas. Políticas contábeis recomendadas nas normas e escolhas contábeis predominantes em companhias abertas e fechadas Amostra: demonstrações contábeis de 75 grandes companhias, período de 2008 a 2013. Eventos Normas Período Escolhas Contábeis Recomendação Predominancia na Amostra Explicação Custo Valor justo Custo médio ponderado PEPS Taxas econômicas Outras - Taxas Fiscais Linear Em base sistemática Consolidação proporcional Equivalência patrimonial FC Operacional FC Financiamento FC Operacional FC Financiamento FC Operacional FC Investimento FC Operacional FC Investimento Método direto Método indireto FC Financiamento FC Operacional FC Operacional Método Indireto Caso seja empregado o Método Direto, há a obrigatoriedade de Nota Explicativa com a conciliação do lucro líquido. Minimizar os custos políticos (TPC) - há incentivos para escolher critérios contábeis que minimizem impactos sobre os números. Minimizar os custos políticos (TPC) - há incentivos para escolher critérios contábeis que minimizem impactos sobre os números. Possuivelmente, manutenção do status quo , uma vez que essa escolha contábil já existia antes das IFRS. Custo Custo médio ponderado Taxas econômicas Linear Consolidação proporcional FC Operacional 9. Dividendos e JSCP recebidos CPC 03/IAS 7 2008 a 2013 FC Operacional 10. DFC CPC 03/IAS 7 2008 a 2013 IASB - Método Direto 7. Dividendos e JSCP pagos CPC 03/IAS 7 2008 a 2013 FC Financiamento 8. Juros recebidos CPC 03/IAS 7 2008 a 2013 FC Operacional 5. Controle conjunto CPC 19/ IAS 31/IFRS 11 2011 a 2012 Consolidação proporcional (Brasil - até 2012) 6. Juros pagos CPC 03/IAS 7 2008 a 2013 FC Operacional 3. Depreciação (taxas) CPC 27/IAS 16 2008 a 2013 Taxas econômicas, compatíveis com a vida útil do bem 4. Parcelas do arrendamento operacional CPC 06/IAS 17 2008 a 2013 1. Propriedade para Investimento (PI) CPC 28/IAS 40 2010 a 2013 Valor justo 2. Estoques CPC 16/IAS 2 2008 a 2013 Identificação específica do custo do item Lobbying na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos e pesquisas empíricas Carlos Henrique Silva do Carmo, Alex Mussoi Ribeiro e Luiz Nelson Guedes de Carvalho (2016) Lobbying na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos e pesquisas empíricas Ensaio Teórico Objetivo: apresentar e discutir o arcabouço teórico e empírico das pesquisas que envolvem lobby na regulação contábil. Lobbying é um conjunto de ações que indivíduos ou grupos empreendem para tentar influenciar as decisões dos reguladores no seu processo de elaboração de normas. É uma atuação persuasória sobre o poder constituído, seja ele público ou privado, representando um mecanismo de pressão e de representação do interesse de grupos ou de indivíduos junto a tal poder. Fazer lobbying é ruim/errado? A atividade de lobby não está necessariamente ligada a atividades desonestas ou antiéticas. Lobbying na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos e pesquisas empíricas O conhecimento contábil não é um único; as crenças sobre as práticas contábeis que funcionam ou não funcionam não são únicas e objetivas. Profissionais com diferentes experiências, de diferentes países, podem chegar a soluções distintas para o mesmo problema contábil e essas serem igualmente válidas (BÜTHE; MATTLI 2011; BOTZEM, 2012). Watts (1977), Watts e Zimmerman (1978) Normas contábeis têm importantes efeitos distributivos (transferência de riqueza), gerando benefícios e custos para os envolvidos, que podem ser diferentes em diferentes contextos. Indivíduos tem incentivos para se organizem em grupos a fim de buscando maximizar a sua própria utilidade, obter benefícios ou evitar custos, por meio de pressão junto aos reguladores. Solomons (1978) O processo de elaboração de normas contábeis pode não ser necessariamente guiado por aspectos técnicos ou teóricos, pois existem conflitos de interesse nesse processo. Lobbying na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos e pesquisas empíricas O processo de regulação contábil não é simplesmente técnico, sobre obter a “resposta certa”, ele é um processo político, envolvendo as escolhas entre visões de indivíduos e grupos com interesses, muitas vezes conflitantes. Fonte: Carmo, Ribeiro e Carvalho (2016, p.68-69). Sutton (1984) Lobbying é mais eficaz quando realizado antes mesmo de uma proposta normativa ficar pronta, buscando influenciar o regulador enquanto as suas percepções sobre o assunto ainda estão cristalizadas. No IASB, antes do exposure draft (ED), sendo mais efetivo na emissão do discussion paper (DP) ou na etapa de definição da agenda. Lobbying na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos e pesquisas empíricas Positive Accounting Theory Group (PATG) - Watts e Zimmerman (1978,1986) Estudam as motivações econômicas dos gestores das empresas em participar do processo de lobbying. Embasamento: Teoria da Agência Características como o tamanho da empresa, endividamento e recebimento de bônus contribuem para predizer a participação ou não e a posição dos gestores no processo de elaboração de normas contábeis. Economic Theory of Democracy Group (ETDG) - Sutton (1984) Estudam as motivações e as características de interessados em geral (não só gestores das empresas) no processo de lobbying nos normatizadores contábeis. Embasamento: conceitos da ciência política de Anthony Downs (1957) e modelo teórico de custo/benefício de Sutton (1984). Coalition and Influence Group (CIG) Estudam as potenciais coalizões entre grupos de interesses e a possível influência desses grupos nas decisões dos reguladores contábeis, investigando como as preferências desses grupos se relacionam. Embasados: “The Accounting Establishment" (1976), Metcalf Report, do Senado dos Estados Unidos. Número do slide 1 Número do slide 2 Número do slide 3 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21