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ADICIONAIS SALARIAIS Pedro Edmundo Boll 1 Pedro Edmundo Boll Júnior 2 Vanessa Carolina Boll 3 1 Pedro Edmundo Boll é Mestre em Ciências Empresariais e Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFP – Universidade Fernando Pessoa de Portugal, Especialista em Administração e Planejamento para Docentes e Bacharel em Ciências Contábeis pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Bacharel em Direito pela UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É sócio de escritório contábil desde 1988, atuando em assessoria e consultoria empresarial nas áreas contábil, fiscal, tributária, pessoal e societária. É perito-contador atuando em processo judiciais desde 1992 nas esferas trabalhista, cível e federal. 2 Pedro Edmundo Boll Júnior é Contador, bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. Especialista em Perícias Judiciais, pós-graduado em Gestão de Perícias Judiciais pelo Instituto de Ensino Superior Meridional - IMED. E, está cursando a graduação em Ciências Atuariais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. 3 Vanessa Carolina Boll é Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Bacharel em Direito pela UniRitter – Centro Universitário Ritter dos Reis. É servidora pública concursada do Tribunal Regional do Trabalho da 4ᵃ Região. ADICIONAL DE HORA EXTRAORDINÁRIA Em regra, a duração normal do trabalho é de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Se ultrapassado esse limite, as horas de trabalho prorrogadas deverão ser contraprestadas com adicional de, no mínimo, 50% sobre o valor do salário-hora normal. Caso um empregado seja contratado para exercer a jornada acima mencionada, o cálculo para obter o valor do salário-hora normal é salário ÷ 220 horas (44h semanais x 5 semanas = 220h mensais). Logo, se esse empregado recebe remuneração de R$ 1.500,00, o salário-hora normal será no valor de R$ 6,81 (R$ 1.500,00 ÷ 220 horas) e o valor da hora extra será de R$ 10,21 (hora normal de R$ 6,81 + 50% de adicional). O divisor utilizado para o cálculo do salário-hora normal varia conforme o contrato de trabalho. O empregado pode ser contratado para exercer apenas 40 horas semanais, ou seja, um total de 200 horas mensais. Neste caso, divide-se o valor do salário por 200 horas, para obter o valor do salário-hora normal. Atividade Complementar Quanto ao cálculo das horas extraordinárias, necessária a leitura dos seguintes entendimentos jurisprudenciais consolidados pela Justiça do Trabalho: Súmulas n.° 45, 172, 264 e 347 do TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE O adicional de insalubridade está previsto nos arts. 189 a 192 da CLT e é devido ao empregado que labore em condições insalubres, ou seja, com exposição a agentes nocivos à saúde ou que ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos pela autoridade competente em saúde e segurança do trabalho. Os agentes nocivos podem ser químicos (por exemplo: arsênio, chumbo, cromo, mercúrio, petróleo, etc), físicos (por exemplo: calor, frio, pressão, ruído, etc) ou biológicos (por exemplo: bactérias, vírus, fungos, etc). Conforme disposto no art. 195 da CLT, a caracterização e a classificação da atividade insalubre deve ser através de perícia realizada por Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho e deve ser enquadrada nas Normas Regulamentadoras sobre segurança e saúde do trabalho. Alguns agentes insalubres podem ser eliminados ou reduzidos por meio de fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual – EPI's e de fiscalização da sua efetiva utilização durante as atividades. Nestes casos, poderá haver a respectiva redução ou exclusão do adicional de insalubridade (vide Súmulas n.° 80 e 289 do TST). Para melhor conhecimento da matéria, recomenda-se a leitura dos seguintes posicionamentos jurisprudenciais: Súmulas n.° 47, 85 (item VI) e 448 do TST. Cálculo do adicional de insalubridade O adicional de insalubridade é calculado, em regra, sobre o valor do salário mínimo nacional (art. 192 da CLT) e varia de acordo com a classificação do agente insalubre podendo ser em percentual de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) ou 40% (grau máximo). Cabe referir que a base de cálculo do adicional de insalubridade ainda é objeto de controvérsia jurídica em razão da Súmula Vinculante n.° 4 do STF, a qual vedou a utilização do salário-mínimo como indexador de vantagem trabalhista. Contudo, considerando que ainda não há https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_1_50.html#SUM-45 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_151_200.html#SUM-172 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_251_300.html#SUM-264 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#SUM-347 https://sit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/legislacao-sst/normas-regulamentadoras?view=default https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-80 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_251_300.html#SUM-289 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_1_50.html#SUM-47 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-85 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html#SUM-448 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1195 lei que fixe novo patamar para o referido adicional, manteve-se a aplicação do salário mínimo Ressalva-se, no entanto, que base de cálculo diversa pode ser estabelecida por meio de negociação coletiva. Para ilustrar: um cientista labora em condições insalubres de grau máximo e percebe salário no valor de R$ 2.000,00. O salário mínimo atual é no valor de R$ 1.100,00. Logo, o adicional de insalubridade que o cientista deverá receber é no valor de R$ 440,00 (40% de R$ 1.100,00). A remuneração deste cientista, acrescida do respectivo adicional, será no total de R$ 2.440,00. Por fim, salienta-se que o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais (Súmula n.° 139 do TST) e que a sua percepção já remunera os dias de repouso semanal e feriados (Orientação Jurisprudencial n.° 103 da SDI-I do TST). ADICIONAL DE PERICULOSIDADE O adicional de periculosidade está previsto no art. 193 da CLT e é devido ao empregado que labore em atividades perigosas ou com operações de risco acentuado. Segundo a lei, são atividades perigosas aquelas: a) com exposição do empregado a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; b) com exposição do empregado à roubos e outras espécies de violências físicas, na segurança patrimonial ou pessoal; e c) de trabalhador em motocicleta. Assim como a insalubridade, a caracterização e classificação da atividade periculosa deve ser através perícia realizada por Engenheiro ou Médico do Trabalho e deve constar nas Normas Regulamentadoras sobre segurança e saúde do trabalho (art. 195 da CLT). Caso o empregado na prestação de serviços tenha, por ventura, direito ao adicional de insalubridade e ao adicional de periculosidade, ele poderá optar por um dos dois adicionais (art. 193, § 2°, da CLT). Quando a exposição do empregado ao risco seja eventual, fortuita ou habitual com tempo extremamente reduzido, não será devido o adicional de periculosidade, conforme entendimento firmado na Súmula n.° 364, item I, do TST (em complementação, vide a Súmula n.° 361 do TST). Cálculo do adicional de periculosidade O adicional de periculosidade é de 30% sobre o salário básico do empregado, ou seja, não considera o acréscimo de gratificações, prêmios e outros adicionais na sua base de cálculo (exceção à regra são os empregados eletricitários – vide Súmulan.° 191 do TST). Para ilustrar: um operador de bomba de gasolina percebe como salário básico o valor de R$ 1.400,00. Deste modo, o adicional de 30% incide somente sobre esse valor, gerando o pagamento de R$ 420,00 (R$ 1.400,00 + 30%). O total a ser recebido pelo empregado é R$ 1.820,00. Atividade Complementar Quanto à forma de cálculo do adicional de periculosidade, indica-se a leitura das OJ nº 259 (adicional noturno) e nº 267 (horas extras) da SDI-I do TST. https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_101_150.html#SUM-139 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/OJ_SDI_1/n_s1_101.htm#TEMA103 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_351_400.html#SUM-364 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_351_400.html#SUM-361 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_151_200.html#SUM-191 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/OJ_SDI_1/n_s1_241.htm#TEMA259 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/OJ_SDI_1/n_s1_261.htm#TEMA267 ADICIONAL NOTURNO O adicional noturno está previsto no art. 73 da CLT. Considera-se noturno o trabalho realizado entre as 22 horas de um dia até as 5 horas do dia seguinte. Durante esse período computa-se a hora noturna reduzida e remunera-se o empregado com adicional de 20% sobre o salário-hora normal. A hora noturna possui uma contagem ficta/reduzida em que uma hora de trabalho noturno equivale a 52 minutos e 30 segundos. (= 52,5 minutos). Desse modo, perceba que as 7 horas noturnas, trabalhadas das 22h às 5h, totalizam 8 horas reduzidas noturnas, ou seja, (7hs x 60 : 52,5 = 8 horas reduzidas noturnas). Além da vantagem obtida pela hora reduzida, no trabalho noturno é devido o adicional de 20% sobre o salário-hora normal. Ademais, o adicional noturno, quando pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos legais (Súmula n.° 60, item I, do TST). Quanto ao cálculo do adicional de hora noturna com a redução da hora noturna, indica-se a releitura do tópico “Trabalho Noturno”. Menciona-se, ainda, que, conforme OJ n. 259 do TST, o adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno. Por fim, cabe referir que o empregado que cumpre sua jornada integralmente no horário noturno e prorroga sua jornada após as 5 horas do dia seguinte terá direito ao adicional noturno inclusive quanto às horas prorrogadas, ainda que estas sejam de horário diurno. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA O art. 469 da CLT dispõe que “Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio”. Este dispositivo é uma proteção do empregado contra a alteração unilateral lesiva do contrato de trabalho por parte do empregador. Contudo, o próprio artigo apresenta exceções à vedação nos seus parágrafos. O empregador poderá efetuar a transferência do empregado quando: a) ocorrer a extinção do estabelecimento em que atualmente trabalha o empregado; b) quando o empregado exercer cargo de confiança e houver real necessidade de serviço; e c) quando o contrato de trabalho indicar condição, implícita ou explícita, de transferência e houver real necessidade de serviço. O adicional de transferência deverá ser de, no mínimo, 25% sobre o salário que o empregado percebia na localidade anterior e será devido pelo empregador apenas no caso de real necessidade de serviços, ou seja, só nas hipóteses ‘b’ e ‘c’. Cabe esclarecer que o adicional é devido apenas quando a transferência possui caráter provisório. Ou seja, caso a transferência do empregado seja com intuito definitivo, de permanência do empregado naquele local, não será devido adicional. Quanto ao que se entende como “provisório”, meses ou anos, ainda há divergência entre os juristas. Apenas para ilustrar: Coordenador de Logística que percebe salário básico de R$ 5.000,00, foi transferido da sede da empresa, em Porto Alegre, para a filial em Florianópolis. Enquanto perdurar a transferência, esse empregado deverá ser remunerado pelo valor de R$ 6.250,000 (R$ 5.000,00 + 25%). https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-60 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/OJ_SDI_1/n_s1_241.htm#TEMA259 ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO O adicional por tempo de serviço não possui previsão legal, mas é frequentemente aplicado aos contratos de trabalho em razão de regulamento interno da empresa ou norma coletiva. O adicional por tempo de serviço normalmente é estipulado como percentual sobre o salário do empregado a ser pago com a conclusão de um determinado período de tempo. As modalidades mais utilizadas são: Anuênio (a cada ano completo de trabalho), Biênio (a cada dois anos completos de trabalho) e Qüinqüênio (a cada cinco anos completos de trabalho). A Lei nº 13.467/17 modificou o art. 457, § 1°, da CLT e alterou o que se entende por verba de natureza salarial. Deste modo, em razão de o adicional por tempo de serviço não possuir uma previsão legal, é discutível a sua efetiva natureza frente à nova redação dada pela Lei nº 13.467/17. Contudo, tendo em vista a construção jurisprudencial em torno desse assunto, e a prática reiterada no mercado de trabalho, deve ser mantido o tópico junto às demais verbas de natureza salarial.