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Lazer e Recreação Prof. Me. Bruna Solera Prof. Me. Pollyana Mayara Nunhes TOM ANDRADE - ASSESSORIA ACADÊMICA PARA TRABALHOS RELACIONADOS A ESTA DISCIPLINA OU QUALQUER OUTRA É SÓ CHAMAR ZAP (84) 98893-0417 AUTORAS Prof. Me. Bruna Solera ● Doutoranda em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Londrina (PEF- UEM/UEL); ● Mestre em Educação Física (PEFE - UEM/UEL); ● Especialista em Educação Especial (Instituto Paranaense de Educação de Maringá-PR); ● Especialista em Psicomotricidade no Contexto Escolar (Instituto Paranaense de Educação, Maringá-PR); ● Graduada em Educação Física Bacharelado (Universidade Estadual de Maringá); ● Graduada em Educação Física Licenciatura (Universidade Estadual de Maringá); ● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar (GEEFE) (Universidade Estadual de Maringá); ● Coordenadora e recreadora da empresa de recreação infantil “Recreação Tia Pink e Cia” de Maringá-PR; ● Coordenadora do curso de Educação Física Licenciatura e Bacharelado, na modalidade a distância, no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV). Experiência de atuação profissional na área da recreação, em específico, recrea- ção em hotéis, parques aquáticos e festas infantis. Estuda a recreação e sua relação com o planejamento e ética profissional, Educação Física escolar e autonomia. Link para acesso ao currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4778060448341914 http://lattes.cnpq.br/4778060448341914 Prof. Me. Pollyana Mayara Nunhes ● Doutoranda em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Londrina (PEF- UEM/UEL); ● Mestre em Educação Física (PEFE - UEM/UEL); ● Graduada em Educação Física Bacharelado (Universidade Estadual de Maringá); ● Graduanda em Educação Física Licenciatura (Centro Universitário Ingá); ● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício e Nutrição na saúde e esporte (GEPENSE) (Universidade Estadual de Maringá); ● Recreadora da empresa de recreação infantil “Recreação Tia Pink e Cia” de Maringá-PR; Experiência de atuação profissional na área da recreação, em específico, recreação em festas infantis e eventos. Estuda a prática de atividade física em população especial. Link para acesso ao currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4275666861151475 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de “Lazer e Recreação”! Nesta apostila você irá estudar o lazer e a recreação por meio de diferentes as- pectos, ou seja, percorreremos o processo histórico dos jogos, brinquedos, brincadeiras e conhecimentos teóricos e práticos para atuação profissional dos dias de hoje. Para isso, este material está dividido em quatro unidades, sendo a primeira delas intitulada de “Introdução ao Lazer e a Recreação”, por meio da qual você será capaz de responder às perguntas: o que é lazer? O que é recreação? Assim como, irá conhecer jogos, brinquedos e brincadeiras como instrumentos do lazer e da recreação em espaços formais e informais. Na Unidade II, “Recreação: brincando e encantando em diferentes espaços e com diversas populações”, você conhecerá a recreação a partir do olhar para a escola, para gru- pos de três anos à terceira idade e em espaços não formais, como recreação em hotelaria, festa infantil, ônibus, clubes, espaço aquático, hospitais e academias. Na Unidade III, “Recreador: Quem sou? Como atuar?”, vamos explorar as carac- terísticas e formação do recreador, assim como verificaremos questões relacionadas ao planejamento da recreação. Por fim, na Unidade IV, “Da teoria à prática em recreação”, você estudará a orga- nização de eventos recreativos e conhecerá diversos jogos e brincadeiras para atuação profissional na área da recreação. Caro(a) aluno(a), com esta disciplina e todo o conhecimento contido nela, estamos dando mais um passo em direção à formação profissional em Educação Física. Espero que, ao concluir seus estudos você seja capaz de refletir acerca das temáticas abordadas e atuar autonomamente em espaços formais e informais com a recreação. Desejamos a você ótimos estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Introdução ao Lazer e a Recreação UNIDADE II ................................................................................................... 26 Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações UNIDADE III .................................................................................................. 51 Recreador: Quem Sou? Como Atuar? UNIDADE IV .................................................................................................. 67 Da Teoria à Prática em Recreação 6 Plano de Estudo: • Definição e contextualização histórica do lazer; • Definição e contextualização histórica da recreação; • Descrição dos jogos, brinquedos e brincadeiras como instrumentos do lazer e da recrea- ção em espaço formais e informais. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar o lazer e a recreação; • Conhecer o percurso histórico do lazer e da recreação; • Descrever os jogos, brinquedos e brincadeiras e seu papel no lazer e na recreação em espaços formais e informais. UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Professora Mestre Bruna Solera Professora Mestre Pollyana Mayara Nunhes 7UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), seja-vindo à primeira unidade da nossa apostila de “Recreação e Lazer”! Você já ouviu falar de lazer e recreação? Talvez sim, talvez não. Mas o fato é que eles estão presentes em nosso meio desde os primórdios. Imagine os homens das cavernas participando de jogos e brincadeiras, construindo brinquedos de rochas, ou aproveitando seu tempo livre contemplando a natureza. Veja bem, neste período inicial não havia estudiosos para registrar o ocorrido de forma efetiva, mas sabemos que muitos anos se passaram e o lazer e a recreação perma- neceram, eles estão presentes em vários espaços da sociedade e vem conquistando, a cada dia, mais adeptos e pesquisadores interessados em desbravar esse emaranhado de possibilidades e conhecimentos. Mas, afinal, o que é o lazer e a recreação? Nesta etapa você irá conseguir responder tal questionamento, pois iremos estudar suas definições, assim como verificar o contexto histórico de ambos. Tais conhecimentos são imprescindíveis para sua formação, pois eles serão a base conceitual para a sua atua- ção prática. Além disso, você terá contato com a descrição dos jogos, brinquedos e brinca- deiras e seu papel no lazer e na recreação em espaços formais e informais. Tal conteúdo possibilitará entender a diferença entre jogo, brinquedo e brincadeira e o seu uso na escola e demais ambientes onde o recreador poderá atuar. Se prepare, iremos iniciar nossa caminhada pelas trilhas da diversão! 8UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação 1 LAZER: O QUE É? PROCESSO HISTÓRICO DO LAZER E SUAS TEORIAS Por vezes, o termo Lazer nos remete a divertimento, descanso, mas o seu signifi- cado é mais complexo e amplo do que imaginamos. Mesmo com diversos estudos da área, ainda não há um único conceito definido de lazer que seja aceito universalmente. Apesar disso, apresentaremos alguns conceitos – por vezes distintos – que são aceitos por diversos estudiosos (AWAD, 2012). O primeiro deles, é de autoria do sociólogo Joffre Dumazedier (1973, p. 34), O lazer é um conjunto de ocupações à quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora apóslivrar-se ou desembaraçar-se das obrigações, profissionais, familiares e sociais. O autor ainda apresenta três funções do lazer, são elas, “divertimento, liberação do tédio; e expressão do poder criativo” (MARINHO; PIMENTEL, 2010, p. 31). Tais informa- ções produzidas por Dumazedier foram utilizadas como referência no Brasil por anos, no entanto sofreram críticas, pois, de acordo com Marinho e Pimentel (2010), há dois motivos principais para isso: 1. Situar o lazer como “conjunto de ocupações”, o que limita o lazer a prática de alguma atividade, excluindo a possibilidade do ócio, do sujeito optar por fazer nada em seus momentos de lazer; 2. Colocar o lazer como oposto das necessidades e obrigações do dia a dia, como exemplo, o trabalho, negligenciando a inserção de ambos – lazer e trabalho – na sociedade e sua dinâmica. 9UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação O segundo conceito pertence a Nelson Carvalho Marcellino (1987, p. 31), o qual entende o lazer como, [...] a cultura - compreendida no seu sentido mais amplo - vivenciada (prati- cada ou fruída) no “tempo disponível”. É fundamental como traço definidor, o caráter “desinteressado” dessa vivência. Não se busca pelo menos basica- mente, outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. De acordo com o autor, a disponibilidade de tempo está associada à possibilidade de opção pela atividade prática ou contemplativa. Além disso, é possível mencionar Gomes (2004) como uma estudiosa que traz contribuições importantes para a área do lazer. Para ela, o lazer está associado a uma dimensão cultural que se constrói socialmente a partir do tempo, espaço-lugar, manifestações culturais e ações. O lazer não é algo isolado. Para ela, o lazer possui uma dimensão cultural que se forma a partir das experiên- cias vivenciadas de forma lúdica em um espaço/tempo adquirido pelo sujeito. De acordo com Marinho e Pimentel (2010), Gomes considera o lazer como cultura vivenciada no tempo disponível. Já para Awad (2012, p. 22) lazer é aquele que [...] deve ocorrer enquanto fruto de uma atitude pessoal, em que o indivíduo deve ter o livre-arbítrio para eleger as diferentes atividades de forma crítica e criativa, dentro do seu “tempo liberado”, e que estas não estejam determina- das por obrigações sociais, econômicas, políticas e ideológicas. Ademais, para o autor, o lazer possui três características, sendo elas, liberdade para escolha, a busca por um estado de prazer e a espontaneidade. Na mesma lógica, o autor aponta três funções do lazer: Psicológica – relacionada ao equilíbrio mental –; Social – elencando a integração e a socialização – e a Terapêutica – associada à manutenção do estado de saúde. Com base no exposto, de fato não temos um conceito firmemente estabelecido e usado por todos os estudiosos de forma inquestionável, o lazer é um fenômeno complexo e dinâmico. Tal movimento pode ser observado ao longo de sua história. O surgimento do lazer, assim como sua definição, ainda gera dúvidas e polêmicas. De acordo com Marinho e Pimentel (2010, p. 26), temos duas formas para pensar a história do lazer, sendo elas: a) “origem do lazer nas fases antigas da história humana”; b) origem do lazer atrelado à modernidade como referência. Neste sentido, em relação à opção “a”, o lazer não poderia estar relacionado com nenhuma ocupação, sendo ele entendido como um estado em que a atividade possui um fim em si mesma. Há a utilização da palavra contemplação como exemplo para a se direcio- nar ao lazer, pois a pessoa que contempla está livre (MARINHO; PIMENTEL, 2010). Para 10UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Aristóteles, quando se usufrui mal do tempo, esse tempo não pode ser caracterizado como lazer. O lazer entendido como diferente, descolado do trabalho como mencionado, vai desaparecendo ao longo da história, pois se tem a industrialização e avanços da tecnologia. Hoje, para Marinho e Pimentel (2010), o lazer é medido, com frequência, pelo número de horas da jornada de trabalho, o que se pode chamar de tempo livre do trabalho. Pode-se dizer, então, que, no momento livre de obrigações, o sujeito deve ter a liberdade de realizar o que quiser, sendo seu objetivo o alcance de satisfação pessoal, algo não associado a atividades cotidianas, como prática de lazer. Os estudos acerca da temática, de forma sistemática tiveram início apenas em 1900, na Europa e nos EUA. Em 1950, o lazer era entendido como “fenômeno decorrente das conquistas trabalhistas, materializado na forma de limitação da jornada de trabalho, das férias e dos fins de semana remunerados” (MARINHO; PIMENTEL, 2010, p. 30). No Brasil, esse início se deu em 1970, ano no qual a temática do lazer teve maior atenção dos estudiosos. Em 1980, quando o Dumazedier defende que o lazer nem sempre existiu, associando-o às características específicas da Revolução Industrial, trazendo, assim, a definição que mencionamos no início deste tópico. Ademais, se encontram estudos e contribuições relacionadas ao lazer partindo de diferentes maneiras, como teorias do lazer e o positivismo, a fenomenologia e o marxismo. Para conhecimentos sobre isso, o livro Teorias do Lazer, do professor Giuliano Gomes de Assis Pimentel, é uma excelente opção. REFLITA “A frase contemporânea ‘tempo de lazer’ é uma contradição, pois o lazer não tem rela- ção de adjetivo com o tempo; é um estado de isenção de obrigações. A expressão lazer tem se convertido na expressão tempo livre, e estas, são, no mundo atual, praticamente, intercambiáveis”. Fonte: Marinho e Pimentel (2010, p. 27). 11UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação 2 RECREAÇÃO: O QUE É? PROCESSO HISTÓRICO DA RECREAÇÃO: DÁ ORIGEM À CONTEMPORANEIDADE Recreação, do latim recreare, significa, de acordo com Awad (2012, p. 26), “recrear, reproduzir, renovar, fazer novamente”. Para Gouvêa (1967), “Recreação é tudo quanto diverte e entretém o ser humano e envolve ativa participação. Emprego de energia que emana de impulso interno, mas também condicionada a estímulo externo”. A recreação pode acontecer de forma individual ou em grupo, e se materializa quando há prazer, espontaneidade, liberdade e fim para o próprio sujeito (fim intrínseco). Sendo assim, atividades que tenham tais características podem ser recreativas. De acordo com Bueno (2018), a recreação tem como objetivos contribuir com a integração do sujeito no meio social, com a participação em grupo, com a ocupação do tempo ocioso e a com a descoberta de habilidades lúdicas. Você deve estar se perguntando onde entra o lazer em tudo isso. A recreação não é um componente do lazer (MARINHO; PIMENTEL, 2010), pois ela pode acontecer em diferentes tempos e lugares – como no trabalho, na igreja –, e também pode ocorrer durante o lazer – mas isso não é regra. Assim como afirma Awad (2012, p. 26), “a recreação surge como uma atividade de lazer propiciando formas de experiências lúdicas, na qual o indivíduo ou grupo participa [...] durante seu tempo livre, por “livre” escolha, pelo prazer e satisfação”. 12UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação De acordo com Gouvêa (1967), a recreação ocorreu em todos os tempos, pois desde as mais remotas eras, o homem já se dedicava a passatempos, dança e jogos. Na era primitiva, o homem, ao lutar por sua vida, se recreava a partir de sua satisfação de expansão da sua capacidade de ação. Encontram-se, ainda, dança e jogos em cerimônias guerreiras e religiosas. No entanto, é difícil a separação de manifestações de alegria e prazer da recreação propriamente dita, neste momento de início da humanidade. Na idade média, Awad e Pimentel (2015) afirmam que a recreação estaria presente na sociedade pelas atividades da nobreza e organizadas pela figura do bobo da corte. Essa prática não se restringia aos nobres, os plebeus também participavamde diversões dirigidas, por exemplo, pela igreja, em eventos chamados de quermesses. A partir do século XVII, os jogos passaram a ser vistos como um meio prazeroso de se moralizar as crianças pobres, elas eram deixadas em depósitos infantis. Neste ambiente havia rigidez do tutor, o que tornava o processo educativo não efetivo. Apesar disso, com o objetivo de manter a atenção dos menores nas lições básicas, foram elaboradas músicas e jogos pedagógicos, a união de tais técnicas foi chamada de recreação (MARINHO; PIMEN- TEL, 2010). Neste momento, as crianças, então, poderiam aprender brincando. Segundo Marinho e Pimentel (2010), os estados nacionais se preocupavam com o progresso das cidades, sendo assim, posteriormente, surgiu a Educação Física como forma de manter sob controle a formação moral e a saúde das crianças. A partir de então, a recreação foi se direcionando a um passatempo dirigido, em especial as crianças. Mas foi no final do século XIX, que a recreação, como é chamada, surgiu nos Estados Unidos. No princípio, ela foi originada devido a necessidade de se englobar, em apenas um termo, diversas atividades da cultura popular que os departamentos municipais eram encarregados de organizar, supervisionar e difundir (GOMES, 2008). Assim, tal nome era direcionado a um “conjunto de novas atividades lúdicas que são dirigidas no sentido de preencher o tempo livre” (MARINHO; PIMENTEL, 2010, p. 24). No Brasil, a recreação chegou por meio da educação salesiana, que, por sua vez, consideravam a recreação como instrumento para a educação (AWAD; PIMENTEL, 2015). Em 1920, momento da Escola Nova, a educação brasileira conta com o lúdico na educação, e, assim, se tem a inserção da recreação como disciplina na formação do curso normal, como dito por Awad e Pimentel (2015). A partir de então inicia-se a publicação de obras acerca da temática. É importante ressaltar que, nesse momento, a recreação era baseada em músicas e jogos com objetivos educativos; apesar de não estar restrita à escola, ela possuía relação de proximidade com esse espaço. 13UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Com isso, é possível notar que a recreação teve sua origem atrelada ao aspecto educacional, assim como passou por mudanças ao longo da história. Como afirmado por Awad e Pimentel (2015, p. 16), “a recreação possui uma tradição que é a orientação de atividades lúdicas, as mais diversas, que sofrem ajustes didáticos e motivacionais conforme espaço e a especificidade do grupo atendido”. 14UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação 3 CONHECENDO OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO INSTRUMEN- TOS DO LAZER E DA RECREAÇÃO EM ESPAÇO FORMAIS E INFORMAIS Você já deve ter ouvido falar em jogos, brinquedos e brincadeiras! Mas o que é comumente esquecido ou deixado de lado é a diferença entre eles. Vejamos a seguir as definições desses termos. O jogo, de acordo com Awad (2012, p. 19), é uma atividade natural do homem, indispensável para o desenvolvimento infantil. Este é caracterizado pela “[...] presença de regras acolhidas pelo grupo, buscando no desenrolar da atividade um vencedor”. É por meio do jogo que a criança terá a possibilidade de se relacionar com o mundo, pois ela viven- ciará diferentes situações, o que, consequentemente, influenciará no desenvolvimento dos aspectos físicos, cognitivos e afetivos. Ademais, o jogo pode contribuir com a criatividade, imaginação, expressividade, cooperação, socialização e outros, que são importantes para o desenvolvimento do sujeito. Para Huizinga (2007, p. 10), o jogo “é uma atividade voluntária. Sujeito a ordens, deixa de ser jogo, podendo no máximo ser uma imitação forçada”. Na medida em que ele proporciona prazer, se torna uma necessidade para o sujeito. Ademais, para o autor, o jogo possui algumas características, sendo elas: o fato de ser livre, o “faz de conta”, ser desinteressado – se situa como atividade temporária com finalidade autônoma, que é realizada com objetivo de satisfação da própria realização –, o isolamento, a limitação – o jogo é jogado até que se chegue ao fim dentro de limites de tempo e espaço –, fixação 15UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação como fenômeno cultural, o jogo cria ordem e é ordem - introdução na imperfeição da vida, a perfeição temporária e limitada, pois quando se quebra uma regra se encerra o jogo. Para Oliveira et al. (2018), o jogo é marcado pelo prazer e pela imprevisibilidade, pois não se sabe quem será o vencedor quando se inicia tal prática. Tal característica o torna divertido. É importante destacar que nem sempre o jogo será espontâneo, mas em todos haverá o propósito já mencionado, de chegar ao vencedor ou ao empate. Há uma infinidade de jogos, Caillois (1990) propõe uma forma para classificá-los, são eles, Agon, Alea, Mimicry e Ilinx. ● Agon (competição): são aqueles jogos que aparecem como competição, é como se fosse um combate, no qual são criadas condições iguais para competir, seria uma rivalidade concentrada em uma qualidade, como rapidez, resistência, for- ça, memória… São exemplos: polo, tênis, futebol. Além disso, essa categoria ainda engloba jogos nos quais os adversários iniciam a partida com as mesmas condições, como, xadrez e dama. ● Alea (acaso): são aqueles que, ao contrário do Agon, uma decisão não depende do jogador, são exemplos, jogos de dados, roleta, cara ou coroa. Nesse tipo de jogo, o jogador não desenvolve suas habilidades, ele apenas aguarda a sorte e arrisca apostas. ● Mimicry (imitação ou disfarce): tais jogos pressupõem uma aceitação temporá- ria. O jogador torna-se um personagem ilusório. Mímica e disfarce caracterizam esse tipo de jogo. Há apenas uma regra, o ator deve fascinar o espectador. ● Ilinx (vertigem): nessa classe estão os jogos que causam vertigem, como exem- plo podemos citar o rodopio. Existe, portanto, uma diferença entre jogo e brincadeira. Você já imagina qual é? Vamos lá! Basicamente é a existência de um vencedor. Na brincadeira não é possível encontrarmos um vencedor, pois ela acontece de maneira espontânea e acontece por tempo indeterminado, até que se tenha motivação suficiente para a prática (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2005). A brincadeira, então, pode ser compreendida como: Ação lúdica espontânea e desprovida de regras preestabelecidas que per- mita que a criança se expresse naturalmente por meio da sua imaginação, fantasia e uma mistura do faz de conta com a realidade que a cerca em busca de momentos de diversão que a levem ao estado de prazer, alegria e encan- tamento, tornando-se essencial para o seu desenvolvimento e construção de sua identidade social (AWAD, 2012, p. 15). 16UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação A brincadeira pode acontecer de forma individual ou em grupo, com materiais ou não. De acordo com Awad (2012), ela é marcada principalmente pela capacidade da criança de atribuir novos sentidos aos objetivos a sua volta, como exemplo: uma espiga de milho pode se transformar em uma boneca; um lençol, em uma cabana, uma lata, em um telefone. Nesse sentido, é nas brincadeiras que as crianças aprendem a compartilhar ideias e objetivos, além de aprender a superar os conflitos e desafios, solucionar os problemas que surgem, desenvolvendo formas de aprender as normas da sociedade (PERANZONI; ZANETTI; NEUBAUER, 2013). Assim como o jogo, existem diferentes categorias de brincadeiras, de acordo com Kishimoto (2009). São elas: ● Brincadeiras tradicionais infantis: estão ligadas ao folclore, à mentalidade po- pular. Essa modalidade de brincadeira guarda características de um período histórico. Por ser de gênero folclórico, possui características de ser anônimas, tradicionais no cotidiano das pessoas e universal, por exemplo, não há o conhecimento da origem da amarelinha, das parlendas, sabe-se somente queé passado por gerações de maneira empírica e que fica, portanto, na memória das pessoas. Nessa modalidade, as brincadeiras podem permanecer com sua estrutura ou podem ser alteradas recebendo novas características. Por estar classificada como experiências que são repassadas, essas brincadeiras conse- guem garantir o lúdico e a espontaneidade. ● Brincadeira de faz de conta: é também conhecida como simbólica, é a moda- lidade de brincadeira que deixa em maior evidência situações do imaginário de quem brinca. Dá início quando a criança consegue se expressar e usar a linguagem, expressando significados, sentimentos da vida social que vêm de experiência já adquiridas ao longo dos anos, no ambiente familiar, escolar e outros círculos de relacionamentos. Dessa forma, essa modalidade tem grande importância quando pensamos principalmente no desenvolvimento simbólico da criança, que garante o pensar racional do ser humano. Brincando de faz de conta, a criança pode, portanto, aprender a criar formas de se expressar. ● Brincadeira de construção: essa modalidade é a responsável por fornecer es- tímulos relacionados à criatividade e habilidade da criança. As brincadeiras de construção permitem que a criança construa, transforme e destrua, estimula a imaginação e o desenvolvimento da criança. 17UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Os jogos e as brincadeiras, apesar de distintos, apresentam características em comum. Como mencionado por Oliveira et al. (2018), ambos influenciam no desenvolvi- mento das linguagens, tanto corporais quanto verbais, assim como na forma de utilizar um objetivo, tendo estimado valor para a formação da criança. Como jogos e brincadeiras estão interligados, Leão Júnior (2013), elenca possibili- dades de organizar os jogos e as brincadeiras, são elas: ● Jogos e brincadeiras de integração: são atividades que têm objetivo de integrar pessoas, para que o grupo conheça as características de todos de uma forma geral. ● Jogos e brincadeiras interdisciplinares: são atividades que proporciona apren- dizagem interdisciplinar que podem ser contemplados dentro da escola ou em diferentes áreas de atuação. ● Jogos e brincadeiras adaptadas: objetivam a inclusão de todos os participantes, seja com necessidades especiais e/ou deficiências que podem vivenciar dentro de suas potencialidades e particularidades. ● Jogos e brincadeiras cooperativas: jogos que usam a coletividade para resolver problemas, privilegiando a diversão como um todo. ● Jogos e brincadeiras competitivas: partem do princípio de haver um grupo ven- cedor nas inúmeras formas de participar. ● Jogos e brincadeiras de aventura: vivências que proporcionam adrenalina, em meio terrestre, marítimo ou aéreo. ● Jogos e brincadeiras aquáticas: são jogos e brincadeiras adaptados para o meio aquáticos ou pensadas para ser realizadas exclusivamente nesse meio. ● Jogos e brincadeiras com músicas: são brincadeiras cantadas e cantigas de rodas, que combinam movimentos corporais e músicas. ● Jogos e brincadeiras tradicionais: são realizadas a partir da relação entre os mais velhos e os mais novos, usando da cultura popular de grupos sociais. ● Jogos e brincadeiras contemporâneas: são ligados à tecnologia que se transfor- ma e avança no ritmo das mudanças tecnológicas. ● Jogos e brincadeiras de improviso: ligados na ação do corpo ao brincar, a partir do improviso. 18UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Na organização mencionada podemos verificar que tanto os jogos quanto as brincadeiras podem acontecer com ou sem materiais, dentre eles, o brinquedo pode ser utilizado como uma possibilidade lúdica. Há relatos que o brinquedo já está presente na vida do ser humano por muitos anos, que é, na verdade, até impossível de apontar uma origem exata. Os povos mais antigos, já usavam brinquedos, como o pião e a bola, que eram de fácil confecção (VON, 2001). Mas, afinal, o que é o brinquedo? Brinquedo, é o “Objeto ou instrumento utilizado para o ato de brincar ou jogar, tornando-se parceiro da criança em suas brincadeiras e jogos, levando à ação, à imagina e à criação” (AWAD, 2012, p. 16). Por exemplo, uma boneca, que é o brinquedo, permite que a criança, realize inúmeras formas de brincadeira, como brincar de casinha, de mamãe e filhinha, de professor e aluna na escolinha. De acordo com Kishimoto (1997), o brinquedo é como um passaporte para o reino mágico de brincadeiras. O brinquedo é fundamental, pois é por meio dele que a criança se comunica com o mundo, e pelo brincar consegue expor seus sentimentos e pensamentos. Dessa forma, o brinquedo pode ser dividido em três grupos (BÖHM, 2015): ● Brinquedos artesanais: são feitos à mão, por exemplo, o bilboquê, arco (bam- bolê), pipa, entre outros. São de matéria-prima encontradas dentro da própria casa da criança, que são capazes de estimulá-las em sua criatividade, como, por exemplo, uma simples caixa de leite que pode virar um carrinho de corrida. Figura 1 - Exemplo de brinquedo artesanal, bambolê ● Brinquedos industrializados: são encontrados em lojas próprias de brinquedos, que, em geral são fabricados de plástico ou metal e que chamam a atenção da criança. 19UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação Figura 2 - Exemplo de brinquedo industrializado ● Brinquedos pedagógicos: são feitos de madeira, plástico ou tecido, e contri- buem para o desenvolvimento da criança como um todo de maneira lúdica e recreativa. Figura 3 - Exemplo de brinquedo pedagógico Após conhecermos os jogos, brincadeiras e brinquedos, vamos compreender como cada um está presente e exerce influência nos espaços formais e informais de atuação do profissional em Educação Física. Desde muito cedo, as crianças são apresentadas a jogos, brinquedos e brincadei- ras no ambiente educacional, sendo de suma importância, pois possibilita o processo de 20UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação aprendizagem de diversas habilidades e também o desenvolvimento intelectual e motor (BÖHM, 2015). No espaço educacional, o jogo é considerado por diversos estudiosos – Huizinga, Kishimoto, Piaget e Vigotsky –, como uma estratégia importante para a prática pedagógica de todos componentes curriculares presentes na escola. A partir dessa visão ampla, o jogo pode ser uma alternativa importante para solucionar problemas pedagógicos, que, por vezes, são deixados de lado pelos professores, que usam apenas em momentos de recreação. Dentro do processo de ensino, o jogo pode fortalecer estratégias, para que a criança consiga entender melhor o mundo que a cerca, por meio da experimentação (VELOSO, 2009), além de servir como material didático de apoio para fixação de conteúdos (DIAS; VASCONCELLOS; BARRETO, 2017). Em específico, na Educação Física escolar, o jogo se constitui como instrumento indispensável para o ensino (KISHIMOTO, 2017), assim como faz parte do próprio con- teúdo da disciplina no processo de ensino-aprendizagem. Isso se aplica às brincadeiras (SANTOS, 2008) e brinquedos. Todos eles fazem parte da prática pedagógica da Educação Física e possuem valor educativo, possibilitando às crianças, como mencionado por Awad e Pimentel (2015, p. 120), “descobrir os seus valores pessoais e sociais, desenvolvendo a sua autonomia, desvendando as suas verdades, expondo os seus temores e dificuldades, suas alegrias, seus gostos e vontades e possa se reconhecer como sujeito histórico social”. Diante disso, podemos perceber que, na verdade, os jogos, brinquedos e brincadei- ras são como um convite para interação e ensino-aprendizagem das crianças, pois, como dito, beneficia tal processo. Cabe, portanto, aos professores de Educação Física, planejar a utilização desses conteúdos, que não são poucos, como vimos anteriormente. Aluno(a), vimos, então,a relevância dos jogos, brinquedos e brincadeiras no espa- ço formal. Mas como isso se aplica no espaço informal? O que basicamente se altera, é o espaço onde aplicamos tais conteúdos (como exemplo clubes, academias, resorts), assim como o foco da intervenção, que fora da escola, pensando na recreação, estará relacionado ao prazer, espontaneidade, diversão, liberdade e não obrigatoriamente a um objetivo educacional. Apesar disso, os pontos positivos elen- cados acerca dos jogos, brinquedos e brincadeiras se farão presentes independente do espaço, pois há características específicas destes, que estarão imbricados em sua prática. Quando nos referimos ao lazer, os jogos, brinquedos e brincadeiras podem fazer parte desse momento, buscando a satisfação pessoal dentro do seu tempo disponível. Ressaltamos, que, assim como nos espaços formais, tais conteúdos também influenciam 21UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação o desenvolvimento da criança, mesmo que esse não seja o objetivo do momento, que, de fato, não é quando nos referimos ao lazer como prática livre e desinteressada. Agora, aluno(a), como aplicar todo esse conhecimento em sua atuação profissio- nal? Vamos descobrir no decorrer da nossa apostila. SAIBA MAIS Você sabia que o lazer é um direito social previsto na Constituição da República Fe- derativa do Brasil de 1988? O lazer é discutido em 4 artigos da Constituição (6º, 7º, 217º, 227º), sendo considerado um direito básico dos trabalhadores, assim como saúde, educação, alimentação, moradia, segurança, entre outros, sendo, portanto, responsa- bilidade do poder público assegurar o acesso ao lazer. Além disso, o lazer é visto como prioridade na formação de crianças, jovens e adolescentes, sendo de dever da família e da sociedade. Fonte: BRASIL (1988). 22UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da Unidade I de nossa apostila de Lazer e Recreação e, durante nossa caminhada, conceituamos o lazer e a recreação, conhecemos seus percursos his- tóricos e, por fim, falamos de jogos, brinquedos e brincadeiras e seu papel no lazer e na recreação em espaços formais e informais. Acerca do lazer, foi possível verificar que sua origem pode estar atrelada tanto a fases antigas da história humana quanto à modernidade. Ademais, identificamos que não há um consenso para sua definição, por isso, no estudo do primeiro tópico foram trazidos diferentes conceitos para que você compreenda a dinâmica e complexidade dos estudos do lazer, podendo, a partir disso, atuar e transpor tais conhecimentos de forma autônoma e crítica em sua prática profissional. Diferente do lazer, a recreação, possui sua origem desde o início dos tempos, na era primitiva, na qual o homem já se recreava, assim como possui um conceito estabeleci- do, ou seja, é a atividade que proporciona diversão e entretenimento ao sujeito com ativo envolvimento. Tal prática pode ser motivada por estímulos internos, por exemplo, “eu quero participar da recreação, porque me traz prazer” e estímulos externos, “eu quero participar da recreação, porque meu amigo estará lá”. Ao chegarmos no último tópico desta unidade, podemos verificar que jogos, brin- quedos e brincadeiras possuem diferenças entre suas definições. Apesar disso, se asse- melham e, por vezes, estão atrelados na prática, da mesma forma que contribuem com o desenvolvimento da criança que brinca, seja no espaço formal ou informal. Então, aluno(a), concluímos a primeira fase de nossa empreitada acadêmica, em direção à formação em Educação Física, com foco no Lazer e Recreação. Apesar de seu caráter de diversão, espontaneidade e liberdade, tais conteúdos são indispensáveis para construir uma sólida bagagem de conhecimentos da área. E agora? Qual será o próximo passo? Vamos descobrir na Unidade II. 23UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação LEITURA COMPLEMENTAR Brinquedos alternativos (sucatas) e a criança Os brinquedos são utilizados para a ação do brincar, tornando-se parceiros da criança no processo de imaginação e criação. Muitos dos brinquedos que temos na atuali- dade, foram construídos há milhares de anos, que serviam como instrumentos de guerra. Entretanto, nos dias atuais, encontramos inúmeras variedades de brincadeiras de diferentes formas e funções que estimulam o lúdico e o pedagógico. Os brinquedos são encontrados sob algumas classificações, como industrializados, que são comprados em lojas especializadas e artesanais que podem ser criados pelas próprias crianças acompanhadas dos responsáveis. Nesse sentido, uma vassoura pode simbolicamente representar um cavalo que pode ser usado em diferentes contextos, a partir da imaginação da criança. Todo material alternativo (sucata) pode ser transformado em brinquedos desde que haja criatividade, imaginação e segurança, por isso, o acompanhamento de um adulto ou responsável durante a construção do brinquedo é importante. Na intenção estimular pais e responsáveis, educadores e profissionais da área do lazer, recreação e lúdico, será exposto a seguir alguns cuidados básicos ao selecionar e limpar os materiais que serão utilizados: ● Limpar e esterilizar os materiais da sucata para evitar contato com ferrugens e bactérias; ● Evitar selecionar materiais cortantes, como, por exemplo, latinha de refrigerante aberta, para que não ofereça perigo a integridade da criança; ● Não oferecer material muito pequeno para crianças com idade de zero a 4 anos, pois eles podem levar à boca. Por fim, tomando esses cuidados essenciais, ofereça para a criança a oportunidade e contato com a experiência de confeccionar esses brinquedos alternativos, que são de baixo custo e podem proporcionar muita diversão e aprendizados. A seguir, será abordado um exemplo de brinquedo alternativo que é muito conheci- do pela sociedade: Pé de lata, recomendado para crianças a partir de quatro anos de idade e busca desenvolver equilíbrio, coordenação motora e noções de alternância. Para confeccionar este brinquedo será necessário, duas latas vazias de leite em pó ou de achocolatado, três metros de corda, prego, martelo e materiais para decoração con- 24UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação forme preferência do indivíduo. Para confeccionar, realize dois furos no fundo das latas e passe a corda por dentro deles e amarre, em seguida faça a decoração. Nessa brincadeira, a criança deverá segurar as duas pontas da corda e equilibrar os pés, um sobre cada lata. Para se locomover, deve-se elevar um cordão de cada vez para manter o contato do pé com a lata. Pode ser colocar para estimular e aumentar o grau de complexidade, obstáculos durante o percurso. Fonte: AWAD (2012). 25UNIDADE I Introdução ao Lazer e a Recreação MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Lazer, Recreação e Educação Física • Autores: Christianne Lucce Gomes Werneck e Helder Ferreira Isayama • Editora: Autêntica • Sinopse: O livro aborda as diferenças entre os termos recreação e lazer, e como eles estão inseridos dentro da área da Educação Física. A ideia é também contribuir com o processo de formação do profissional, pensando em propostas de intervenção qualificada, auxiliando no trabalho didático de alunos e professores. LIVRO • Título: Lazer: Formação e Atuação Profissional • Autor: Nelson Carvalho Marcellino • Editora: Papirus • Sinopse: O livro aborda quatro eixos temáticos: a universidade e a formação profissional, as diferenças entre os setores público e privado, a multiplicidade de profissionais e de funções, e a empre- sa e o lazer. FILME/VÍDEO • Documentário: Ócio, Lazer e Tempo Livre • Ano: 2018 • Sinopse: O documentário em questão, foi produzido pelo SescTv durante a 15ª edição do Congresso Mundial de Lazer e traz em 50 minutos, ideias e reflexões sobre temas acerca do ócio, lazer e tempo livre, a partir de concepções de grandes estudiosos domundo, que se dedicam a estudar o tema. • link: https://sesctv.org.br/programas-e-series/documentarios/?- mediaId=1dd88d71d70d907794b6d7e45cdae2b1 https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Christianne+Lucce+Gomes+Werneck&text=Christianne+Lucce+Gomes+Werneck&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Helder+Ferreira+Isayama&text=Helder+Ferreira+Isayama&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Helder+Ferreira+Isayama&text=Helder+Ferreira+Isayama&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://sesctv.org.br/programas-e-series/documentarios/?mediaId=1dd88d71d70d907794b6d7e45cdae2b1 https://sesctv.org.br/programas-e-series/documentarios/?mediaId=1dd88d71d70d907794b6d7e45cdae2b1 26 Plano de Estudo: • A recreação em ambiente formal com foco na escola e interdisciplinaridade; • Recreação com grupos específicos: de três anos a terceira idade; • Recreação em espaços não formais: hotelaria, festa infantil, ônibus, clubes, espaço aquá- tico, hospitais e academias. Objetivos de Aprendizagem: • Estudar a recreação em ambiente formal com foco na escola e interdisciplinaridade; • Conhecer a recreação para grupos específicos: de 3 anos a terceira idade; • Explorar a recreação em espaços não formais: hotelaria, festa infantil, ônibus, clubes, espaço aquático, hospitais e academias. UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Professora Mestre Bruna Solera Professora Mestre Pollyana Mayara Nunhes 27UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) à segunda unidade da nossa apostila de Lazer e Recreação, “Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações”. Ao ler o título da nossa unidade, o que você imagina que aprenderá neste mo- mento? Vamos lá! Na etapa anterior conhecemos o lazer, a recreação, jogos, brinquedos e brincadeiras, nesta unidade iremos dar prosseguimento ao conteúdo, de forma que você consiga verificar as características dos sujeitos com os quais trabalhará e dos possíveis espaços de atuação para o profissional de Educação Física na área da recreação. Sendo assim, nosso conteúdo está dividido em três momentos. Iniciaremos es- tudando a recreação em ambiente formal, com foco na escola e na interdisciplinaridade, em seguida, conheceremos a recreação para grupos de 3 anos a terceira idade e, por fim, exploraremos a recreação em diferentes espaços, como na hotelaria, festa infantil, ônibus, clubes, espaços aquáticos, hospitais e academias. Vamos juntos desvendar tais possibilidades! Ótimo estudo! 28UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações 1 RECREAÇÃO EM AMBIENTE FORMAL: FOCO NA ESCOLA E INTERDISCIPLINARI- DADE Caro(a) aluno(a), você já deve ter notado que estamos utilizando o termo ambiente formal. Pois é, ao mencioná-lo estamos nos referindo à escola. Sendo assim, neste tópico estudaremos a recreação como possibilidade para a Educação Física na escola e sua relação com a interdisciplinaridade. Para adentrarmos em nossa temática específica, questiono a você: o que é a esco- la? Aliás, pense em uma pergunta ainda mais ampla: o que é a Educação? De acordo com o Grupo de Trabalho Pedagógico (1991, p. 33), Educação é uma parte da socialização geral, isto é, aquele setor de intera- ção conscientes e socialmente regulamentadas, nas quais o jovem, no seu processo de desenvolvimento, é qualificado a aprender maneiras culturais de uma sociedade e prosseguir no seu desenvolvimento, e neste processo de qualificação torna-se uma pessoa independente e responsável. Frente a essa definição podemos compreender que a educação representa um campo organizado, planejado, sistematizado e com uma intenção, um propósito, assim como ela visa sempre o aluno. O aluno é o centro do processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, ele não deve ser encarado apenas como receptor de conhecimentos, mas possibilitar ao educando a compreensão de mundo e da realidade social. Uma das formas de se fazer isso, é por meio da experiência. 29UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações A experiência é uma ação pedagógica que possibilita amplos conhecimentos, transmissões de valores (GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO, 1991), desenvolvendo a capacidade dos alunos de atuar de forma autônoma. Tal experiência é efetivada na escola. A escola é um espaço onde o aluno terá acesso aos conhecimentos culturais e científicos historicamente produzidos, não se limitando à mera reprodução destes. Neste cenário, a Educação Física possui objetivo educacional, distanciando-se da prática pela prática, do famoso “rola bola”, aproximando-se da formação de indivíduos críti- cos que possam agir autonomamente para além dos muros da escola. Ou seja, a Educação Física na escola tem o papel de possibilitar ao aluno conhecer, experimentar, vivenciar, aprender diferentes práticas corporais, de forma que quando este sujeito encerre seus estudos na Educação Básica, ele consiga tomar suas próprias decisões fora da escola. Observe que a Educação Física escolar possui objetivos de formação humana e não se resume à prática sem intencionalidade, apenas pelo prazer e com fim em si mesma. Devido a isso, a recreação sofre por ser considerada por alguns como meio de fragmen- tação ou desvalorização da disciplina na escola, isso se dá, principalmente, no Ensino Infantil, em que ela é vista com “fim em si mesma e sem a participação articulada e efetiva do professor” (GOMES-DA-SILVA, 2010, p. 25). De fato, aluno(a), uma aula apenas de caráter recreativo – sem intencionalidade e sem objetivo educativo, formativo – pode não contemplar os fins da educação e Educação Física. É preciso transcender a prática apenas pela diversão no contexto escolar. Apesar disso, ao utilizarmos a recreação da forma correta, podemos levá-la para nossas aulas (não como prática recorrente, ou seja, em todas as nossas aulas), pois de acordo com Awad e Pimentel (2015, p. 121), As práticas de recreação espontânea e criativa na escola podem conduzir as crianças para o aprendizado e reflexão quando se considera a tríplice relação: homem - pessoa em seu contexto social, cultural e afetivo; tempo - período histórico social em que o indivíduo está inserido e a sua disponibilidade para a vivência lúdica, e o espaço - ambiente cultural onde ocorrem as manifesta- ções, sejam estas em escolas públicas ou colégios particulares localizados em bairros periféricos ou centrais. Veja, aluno(a), que há uma intencionalidade na utilização da recreação, viabilizan- do-a, diferente de quando apenas a utilizamos como forma de divertir as crianças. Para Awad e Pimentel (2015, p. 121), [...] a intencionalidade da utilização da recreação é fazer com que o próprio aluno deseje vivenciar práticas e manifestações lúdicas, porém possa pau- latinamente questioná-la criticamente, procurando superar a função abstrata que a recreação acaba por diversas vezes assumindo, para que experimente lucidamente sensações de realização, satisfação e prazer. 30UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Além disso, no espaço formal, podemos e devemos nos utilizar de instrumentos também usados na recreação, como forma de orientar o processo de ensino-aprendizagem, ou seja, os jogos, brinquedos e brincadeiras, com o fim de cumprir os objetivos estabeleci- dos para determinada etapa de ensino, no caso referido, Ensino Infantil. Há outras opções para se utilizar a recreação além das aulas de Educação Física. Podemos utilizá-la também em aulas específicasde recreação, como atividade extracurri- cular e como meio de trabalho da interdisciplinaridade. As aulas específicas extracurriculares podem ter diferentes objetivos por meio da recreação, como: desenvolver o aspecto motor, social, cognitivo, criatividade, cooperação, entre outros que serão contemplados de acordo as atividades desenvolvidas. Aspectos estes que contribuem com o processo de ensino-aprendizagem durante o horário regular de aulas, assim como o desenvolvimento do próprio aluno. Acerca da interdisciplinaridade, precisamos, antes tudo, defini-la. Você sabe o que significa esse termo? Podemos dizer “que estabelece relações entre duas ou mais discipli- nas ou ramos de conhecimento” ou “que é comum a duas ou mais disciplinas” (HOUAISS, 2013). O conceito, chegou ao Brasil por volta dos anos de 1960 e se intensificou a par- tir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394), de 1996 e com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1998. Isso influenciou o trabalho da escola e professores nos diversos níveis de ensino, de modo a fazê-los compreender o processo de ensino-aprendizagem de uma maneira sistêmica (LIMA; AZEVEDO, 2014). O uso da recreação por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras, em caráter in- terdisciplinar, surge como uma forma de socialização dos alunos, de estímulo à cooperação e participação deles. Para isso, o professor deve planejar de modo que aguce o interesse do aluno, e que tais conteúdos sejam significativos a ele, com objetivo, e que este objetivo esteja claro, para não cairmos na prática pela prática. Pensando no ensino da matemática, no modelo tradicional teríamos o professor passando os exercícios, explicando no quadro e os alunos copiando e respondendo. Nesse sentido, para unir essa aula com a Educação Física, pode-se pensar em usar o boliche adaptado, em que os alunos precisam arremessar a bola, acertando no pino que contém a resposta correta. É uma atividade de caráter interdisciplinar, pois envolve Matemática e Educação Física e cognitivo (necessita realizar o cálculo mental). Dessa forma, o ensi- 31UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações no-aprendizagem da matemática, que é tão complexo, pode tornar-se prazeroso e eficaz (WIERTEL, 2016). O mesmo pode acontecer com as aulas de Educação Física. O professor pode associar conteúdos, por exemplo, da física nas aulas de Educação Física, relacionando centro de gravidade com a postura em determinados esportes. Assim como, em específico com a recreação, pode-se trazer para a prática brincadeiras, como jogo da memória com peças relacionadas aos conceitos de biologia. Enfim, há uma infinidade de possibilidades oferecidas para o trabalho interdiscipli- nar com a recreação por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras. E tais possibilidades podem ser utilizadas tanto pela Educação Física quanto pelas demais disciplinas. Para efetivar tal ação, seja por meio da recreação ou não, é necessário o envolvimento de todos os professores dos componentes curriculares existentes na escola, na construção do pla- nejamento. 32UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações 2 RECREAÇÃO COM GRUPOS ESPECÍFICOS: DE TRÊS ANOS A TERCEIRA IDADE Aluno(a), neste tópico você irá conhecer as características dos grupos de três anos a terceira idade para prática da recreação. Durante a recreação, o que utilizamos para contemplar as características desta são jogos, brinquedos e brincadeiras. Temos uma infinidade de possibilidades que vão variar de acordo com a faixa etária que atuaremos. Optamos por dividir a temática por grupos específicos de acordo com a idade, sendo eles: crianças de 3 a 4 anos; 5 a 6 anos; 7 a 8 anos; 9 a 10 anos; 11 a 12 anos; adolescentes; adultos; idosos e pessoas com deficiência. ● Crianças de 3 a 4 anos: nesta idade as crianças estão em processo de desco- berta, é uma fase que Awad (2012) considera ser a de autoconhecimento. Além disso, 3 a 4 anos é uma faixa etária que está intimamente ligada a atividades que envolvem a imaginação. Brincadeiras como caça ao tesouro, em que se tem como personagem um pirata bonzinho e uma princesa a ser resgata, envolvem as crianças do começo ao fim. Ademais, as pistas do caça devem ser simples, de forma que a criança consiga desvendá-las, ou pode-se substituí-las: pode usar pegadas, glitter que mostrem o caminho até o tesouro. Outra opção é uma bruxinha que faz uma poção mágica de ingredientes malucos e ao final tudo isso se transforma em brigadeiro. Fonte: as autoras. 33UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 1 - Brincadeira poção mágica Fonte: as autoras. Além disso, nesta idade, o recreador precisa de muita energia, pois as crianças po- dem se distrair facilmente, assim como uma brincadeira programada para durar 30 minutos pode ser finalizada em 10 minutos. Agilidade, animação e criatividade são essenciais para lidar com as crianças de 3 a 4 anos. ● Crianças de 5 a 6 anos: fase na qual a criança vai desenvolvendo grandes movimentos, como andar, correr, trepar e saltar, e são como necessidade para essas idades. De acordo com Gouvêa (1967), neste momento a imaginação ainda é viva, podendo a criança confundir muitas vezes o imaginário com o real. Elas gostam de ouvir histórias, se identificam com os personagens e vivem intensamente cenas. Não se deve valorizar a competição, deve-se estimular a cooperação (GOUVÊA, 1967), brincadeiras cantadas são uma ótima opção. Nesta fase podemos trabalhar com brincadeiras mais elaboradas quando compa- rada a idade anterior mencionada, agora, o caça ao tesouro pode ter um vilão e para achar o tesouro, pistas do tipo charadas (simples) podem ser utilizadas. Nesta idade, o recreador, mesmo que sem fantasia completa, consegue prender a atenção das crianças. 34UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 2 - Caça ao tesouro Fonte: as autoras. O recreador que atua com crianças de 5 a 6 anos deve ser dinâmico e sempre demonstrar empolgação com as atividades. Brincar com as crianças faz toda a diferença (claro, com responsabilidade e mantendo a atenção em todas as crianças). ● Crianças de 7 a 8 anos: essa idade, é aquela que podemos chamar de “radical”, pois são crianças que já apresentam pouco medo de personagens, a imagina- ção já não é sua principal característica. Elas possuem maior condicionamento físico (AWAD, 2012), gostam de brincadeiras e jogos que tenham uma pitada de competição. Mas cuidado! Essa competição deve ser suave, de forma que ambas as equipes tenham possibilidade de vencer. Nessa idade as crianças adoram brincadeiras em equipe com bola, desafios e grandes jogos (veremos exemplos de jogos e brincadeiras na Unidade IV). 35UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 3 - Recreador e sua equipe criando a estratégia para a brincadeira Fonte: as autoras. ● Crianças de 9 a 10 anos: fase marcada pela competição entre meninos e meni- nas (AWAD, 2012). Aqui os jogos e brincadeiras ficam mais acirrados, podendo introduzir até mesmo brincadeiras com terror e disputas entre equipes. Pode- mos criar várias regras e detalhes para o jogo que as crianças serão capazes de entender e jogar com efetividade. Figura 4 - Explicação do jogo com a separação das equipes Fonte: as autoras. Nesta idade a participação ativa do recreador durante toda a recreação é indispen- sável. Você deve ser o parceiro de equipe que ajuda a pensar nas estratégias para os jogos. 36UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações ● Crianças de 11 a 12 anos: grupode crianças desta idade já não se conside- ram mais crianças, não se atraem por brincadeiras simples ou por imaginação. Gostam de ação, jogos com competição, desafiadores e diferentes. Adoram videogames, então uma ideia que atrai essa idade são brincadeiras criadas a partir de jogos do videogame, assim como atividades como escorrega sabão e jogos de cartas. Figura 5 - Recreador e sua equipe criando a estratégia para a brincadeira Fonte: as autoras. Para as crianças de 9 e 10 anos, o recreador deve participar e motivar as crianças no envolvimento das atividades. O recreador passivo dificilmente terá sucesso. ● Adolescentes: essa etapa é considerada, por Awad (2012), como fase de transi- ção entre a infância e a juventude. Os adolescentes sentem vergonha e rebeldia devido às mudanças físicas. Recreação para adolescentes foca em atividades de aventura, como sandboard (Figura 5), vertigem e competição. O recreador que atua com adolescentes precisa procurar estratégias para envolvê-los, assim como criar um vínculo com eles e participar ativamente das atividades. 37UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 6 - Sandboard em dunas Fonte: as autoras. ● Adultos: é uma fase mais ativa. Apresentam dificuldade de organização em grupos, então, antes de iniciar tais atividades, é importante verificar as potencialidades desses sujeitos. Há aproximação com atividades esportivas e físicas, jogos de sorte e azar, festas, gincanas, passeios e viagens (AWAD, 2012). Figura 7 - Adultos em jogos de sorte e azar Observe, aluno(a), que a recreação para adultos é diferente das demais faixas etárias. Assim, o recreador também deve assumir outra postura. 38UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações ● Idosos: para Awad (2012), essa fase é aquela em que há o regresso à Infância, há necessidade de contar tudo que fizeram, valorizam mais a participação do que o resultado. Veja, aluno(a), atividades competitivas não são a melhor opção nessa idade. De acordo com Awad e Pimentel (2015), a recreação atua com os idosos como forma de adaptação às mudanças e às perdas sociais. Evite atividades que os mantenha em pé por muito tempo, que envolva velocidade ou criem desequilíbrio. Idosos valorizam atividades em grupo, e precisam delas, são exemplos: canto, dança, jogos de baralho, jogos de tabuleiros, cinema e passeios. Figura 8 - Atividade dança com idosos O recreador que atua com idosos deve dar a eles a atenção necessária, tomar os devidos cuidados e atender às suas necessidades. ● Pessoas com deficiência: as pessoas com deficiência, independentemente de qual seja, assim como a idade – crianças, adolescentes, adultos – não são diferentes dos demais grupos, desejando por meio da recreação o prazer e a diversão. No entanto, é preciso observar que o planejamento do recreador deve estar estruturado para atender tais sujeitos, assim como os demais. Pense, caro(a) aluno(a), quais adaptações você deverá utilizar para incluir, por exemplo, crianças com deficiência física? 39UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 9 - Criança usuária de cadeira de rodas sendo auxiliada na brincadeira Vamos lá! Ao planejar a sua recreação pense no espaço físico que será utilizado para a recreação, nos materiais e possibilidades de participação dessa criança de forma ativa junto aos demais. Veja que na Figura 9 um amigo está auxiliando a criança com deficiência, esta pode ser uma estratégia utilizada, assim como o próprio recreador pode contribuir com isso, caso necessário. Aluno(a), podemos verificar que cada um dos grupos possui características especí- ficas e algumas em comum, assim, de acordo com o grupo que o recreador escolher atuar exigirá um tipo de perfil. Mas como escolher esse grupo para sua atuação? Acreditamos, com base em nossa prática, que você deve se identificar com o grupo e suas características para selecioná-lo. Por exemplo, eu, Prof. Bruna, sempre atuei com crianças de 4 a 11 anos, pois me identifico com as características desses grupos – imagi- nação, grandes jogos, o brincar junto com as crianças. Enquanto eu, Prof. Pollyana, gosto mais de atuar com crianças de 11 a 12 anos e adolescente, que, como vimos anteriormente, são faixas etárias que compreendem as atividades de maneira rápida e gostam muito de competição. O prazer do recreador em atuar deve ser considerado para tal escolha, pois um recreador desmotivado não conseguirá motivar o seu grupo para a prática dos jogos e brincadeiras propostos. 40UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações 3 RECREAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS: HOTELARIA, FESTA INFANTIL, ÔNI- BUS, CLUBES, ESPAÇO AQUÁTICO, HOSPITAIS E ACADEMIAS Neste tópico iremos explorar a recreação a partir dos diferentes espaços nos quais ela pode acontecer, e é neles que você, como recreador(a), poderá atuar. Selecionamos os espaços não formais que seguem: hotelaria, festa infantil, ônibus, clubes, espaço aquático, hospitais e academias. 3.1 Hoteleira A recreação em espaços de hotelaria, nada mais é do que a recreação que acon- tece em hotéis, sendo eles pequenos ou grandes, localizados no litoral ou não. Além disso, pode ser um hotel fazenda, um hotel com parque aquático ou um resort. Nestes espaços, o recreador pode ser contratado como freelancer por empresa terceirizada, pelo próprio local (MIAN, 2015b) ou até mesmo com registro em carteira de trabalho. A contratação pode ser para todo o ano ou sem fim definido, e para altas tempo- radas, por exemplo: em hotéis litorais, a alta temporada seria no verão. A atuação do recreador nesses espaços é, em sua maioria, efetivada por meio do trabalho em grupo com outros recreadores, ou seja, há uma equipe de recreação. A rotina varia entre os hotéis, mas em sua maioria ocupam todo o dia (8h às 23h) ou metade do período (9h às 17, 14h às 22h) quando há troca da equipe de recreadores. Essa rotina Fonte: as autoras. 41UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações funciona da mesma forma para finais de semana, então, o recreador em hotéis trabalha de segunda a segunda, em alguns locais ele possui uma folga por semana e um domingo por mês. Sendo assim, a programação para a recreação deve ser feita para todo o dia, uti- lizando os espaços do hotel, passeios, jogos e brincadeiras que vão variar de acordo com o grupo que se está atuando. Ademais, ressaltamos que durante o horário de trabalho, os recreadores usam uniforme próprio para recreação, mas para algumas atividades podem utilizar fantasias ou outros trajes permitidos pelo espaço. Figura 10 - Uniforme resort Fonte: as autoras. Aluno(a), parece ser uma rotina puxada, certo? Mas o resultado do envolvimento com os sujeitos é satisfatório. 3.2 Festa Infantil A recreação em festa infantil pode acontecer em diversos espaços, como buffets, chácaras, clubes, espaços públicos e na própria casa do aniversariante. Em específico, nos buffets a atuação do recreador se torna, por vezes, mais limitada aos brinquedos do espaço, atuando, assim, como monitor (aquele responsável por monitorar as crianças). Já nos demais locais mencionados, a recreação possui outra característica, o re- creador tem o papel de brincar com as crianças por meio de jogos e brincadeiras planejadas com antecedência. Nesse contexto, a contratação geralmente é feita por horas de trabalho. Você pode ser autônomo, trabalhar para alguma empresa ou ter seu próprio negócio. 42UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Na festa, o recreador pode trabalhar de forma individual, em duplas ou na quantida-de que achar necessário. Mas, quanto mais crianças, mais recreadores. Indicamos para o trabalho individual uma festa que tenha no máximo 10 crianças. Acima disso, o ideal seriam dois recreadores, acima de 35 crianças três recreadores, e assim por diante. A programação deve ser elaborada de acordo com as horas de trabalho, por exem- plo, na cidade de Maringá-PR, a maioria das festas que a empresa Tia Pink e Cia. se envol- ve, tem duração de 3 horas. Sendo assim, nossa organização tem brincadeiras e jogos que supram todo esse tempo. Além disso, o recreador em festa infantil pode atuar de uniforme (Figura 11) ou caracterizado. Há profissionais que preferem trabalhar fantasiados de acordo com o tema da festa, outros de palhaços, ou seja, são inúmeras as possibilidades. Figura 11 - Uniforme recreação Tia Pink e Cia Fonte: as autoras. Aluno(a), em festas infantis a recreação é mais dinâmica do que em hotéis, pois são poucas horas que o profissional tem para conquistar as crianças e envolvê-las em todas as atividades. 3.3. Ônibus Ao nos referirmos à recreação no espaço do ônibus, estamos especificamente referindo-se aos passeios de turismo e viagens turísticas. Para que a recreação ocorra com sucesso é preciso saber antecipadamente as características das pessoas que estarão no espaço e todo o cronograma do passeio. De acordo com Mian (2015a), as atividades propostas pelo recreador devem atingir a participação de todos os sujeitos, estando eles, principalmente, sentados (por motivos de 43UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações segurança), sejam eles, crianças, adultos ou idosos. Apesar disso, o recreador ficará em pé, ele pode usar uniforme da empresa que contratou, assim como microfone e outros materiais que ache necessário para suas atividades. Figura 12 - Recreação no ônibus Fonte: WordPress (2010). Para o autor, o maior desafio deste tipo de recreação é fazer com que o recreador seja uma figura interessante, assim como seu trabalho apareça como uma alternativa atraente para o entretenimento a bordo (MIAN, 2015a). Para isso, há várias possibilidades de jogos e brincadeiras, como: bingo, sorteios, charadas, piadas, brincadeiras cantadas. Quem nunca cantou em um ônibus a música do “Quem roubou pão na casa do João”? Caso você nunca tenha tido contato com ela, segue o link para acesso: https://www.youtube.com/ watch?v=2CyUYlg7Cr8. 3.4 Clubes A recreação em clubes é direcionada a uma parcela restrita da sociedade, ou seja, aqueles que são sócios do espaço poderão se envolver com as atividades (SILVA, 2015). Entre os participantes temos crianças, adolescentes, adultos e idosos. Os clubes podem manter o recreador como contrato do espaço para atuar todos os dias da semana ou pode firmar um contrato para datas e eventos específicos, como no caso de colônias de férias. A atuação se dá com o uniforme fornecido pelo clube, pela empresa para qual o profissional presta serviço ou como for instruído. É importante seguir as normas do local. https://www.youtube.com/watch?v=2CyUYlg7Cr8 https://www.youtube.com/watch?v=2CyUYlg7Cr8 44UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 13 - Recreação em clube com crianças Sobre a programação, ela irá depender da demanda do contrato, pode durar horas, o dia todo ou uma semana. 3.5 Espaço Aquático A recreação, independente do espaço, é uma prática que envolve a motivação dos sujeitos. Quando se trata de espaço aquático, a motivação é ainda maior (VERDIANI, 2015). Apesar disso, esse espaço é um grande desafio, pois envolve cuidados redobrados, limita algumas atividades, isso devido à profundidade da água e a habilidade de natação das crianças ou deslocamento no meio aquático. Ademais, de acordo com Verdiani (2015), o recreador deve estar atento à tempe- ratura da água, no caso de piscinas a temperatura deve estar entre 28º e 30º graus, para ser agradável aos envolvidos. Além disso, o recreador deve estar atento aos materiais que serão utilizados, selecionando aqueles disponíveis no local (hotel, clube, casa) ou que seja de posse do recreador, e que não ofereçam riscos. 45UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 14 - Escorregador inflável e o recreador fazendo a segurança da criança Fonte: as autoras. Por fim, considerar o horário para a recreação é essencial, por exemplo, para crian- ças o horário do meio para o final da tarde é adequado, assim como final da manhã. Mas, aluno(a), tenha cuidado, horários em que sol está mais forte devem ser evitados. Ademais, sempre lembre aos sujeitos o uso do protetor solar. 4.6 Hospitais O hospital é um espaço de cura ou minimização de sintomas. Quando falamos de crianças, o espaço pode até parecer sombrio e ter efeitos negativos para os pequeninos, influenciando em seus aspectos emocionais e psicomotores. Nesse sentido, a recreação vem para positivar aspectos essenciais por meio do brincar e do brinquedo (WITTIZORE- CKI; DAMICO; SCHAFF, 2012). De acordo com Awad (2012, p. 237), a recreação irá “fornecer ao paciente a reto- mada da alegria, a elevação da autoestima, superar traumas e aflições pessoais”, o que torna o hospital um espaço mais humanizado. Neste espaço, geralmente o recreador atua como Clown (Figura 15), e, na maioria das vezes, pode ser um trabalho voluntário. Pode-se utilizar de diferentes jogos e brinca- deiras, assim como, música violão e mágicas. 46UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações Figura 15 - Clowns no hospital Fonte: Cenat cursos (2018). 4.7 Academias A recreação em academias parte da ideia de “com ideias simples, com objetivos bem definidos diretamente relacionados com o fato saúde, poderemos conseguir resul- tados de forma prazerosa, tentando apagar a imagem de exercício feito por obrigação” (OLIVEIRA, 2015, p. 247). Neste espaço, a recreação ocorre em maior evidência em eventos, como festa junina, dia das bruxas, dia do amigo, noite do pijama com crianças (OLIVEIRA, 2015). Além disso, a recreação pode ser utilizada nas aulas com as crianças, em alguns lugares conhecidas como “personal kids” ou “turmas de kids”, com elas as brincadeiras teriam como objetivo a prática do exercício físico de maneira lúdica e prazerosa. Figura 16 - Turma de kids na academia Fonte: Sportsjob (2018). 47UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações O recreador poderá usar o uniforme da empresa ou o que for direcionado a ele, podendo trabalhar por horas/aula ou contrato mensal. O trabalho tem duração inferior às demais, como exemplo, as aulas de “personal kids”, que tem duração máxima de 1h. Aluno(a), neste tópico, então, vimos quantas possibilidades de espaços para atua- ção com a recreação nós temos. E, isso não se esgota por aqui, podemos citar ainda recreação em condomínios, em treinamento empresarial, na natureza e em acampamentos. SAIBA MAIS Você sabia que a recreação pode ser considerada um campo de atuação multiprofissio- nal? Ou seja, pessoas com diferentes formações podem atuar na área, como: profissio- nais da Educação Física, Pedagogia, Turismo, Hotelaria, Teatro, Dança, entre outras. Fonte: as autoras. REFLITA Será que a recreação não seria uma nova perspectiva de campo de atuação para você? Essa é uma área que sempre está em busca de novos profissionais! Por isso, pense um pouco fora da caixinha e vá explorar essa oportunidade. Fonte: as autoras. 48UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações CONSIDERAÇÕES FINAIS Querido(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade da nossa apostila de Lazer e Recreação. No primeiro tópico abordadopudemos compreender como a recreação acontece no ambiente formal, com foco na escola, em que a recreação durante a aula de Educação Física, é praticada de maneira intencional, pode proporcionar aprendizagem e reflexão aos alunos. A recreação pode ser utilizada também em contexto extracurricular e de caráter interdisciplinar, em que ambos buscam a efetivação do ensino-aprendizagem. Após compreender os aspectos voltados à recreação no ambiente formal, você, aluno(a), teve a possibilidade de conhecer características de grupos específicos para atuação com a recreação. Destacamos que é necessário estar atento(a) às particularidades das faixas etárias, para pensarmos o que pode ser aplicado na hora de organizarmos o planejamento da recreação e atingirmos, com êxito, o nosso objetivo. Além disso, é neces- sário, aluno(a), refletir a partir das variadas características apresentadas, com qual grupo você teria mais afinidade para atuar. Lembrando que não é um trabalho fácil, porém muito prazeroso! Por fim, o tópico 3 da unidade abordou em quais espaços não formais podemos atuar e colocar em prática os conhecimentos adquiridos até aqui. Os recreadores que atuam nesse campo podem ser contratados como freelancer ou registrados, por diversos períodos de tempo. Também observamos que, embora sejam muitos lugares e muitas possibilidades, cada um possui características próprias em que o recreador deve se identificar e gostar de trabalhar. Caso contrário, o trabalho se tornará um fardo. Concluímos mais uma etapa em busca de novos conhecimentos acerca da Recrea- ção e Lazer. Vamos com ânimo para próxima unidade, pois nela você poderá se identificar como futuro recreador. Até mais! 49UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações LEITURA COMPLEMENTAR Gestão das colônias de férias As colônias de férias surgem como uma forma de romper a tensão vivida no coti- diano escolar, acontecendo, portanto, em período de férias escolares. Para que a colônia aconteça é necessário um planejamento. Dessa forma, todos os eventos realizados devem ser voltados a atrair toda a atenção do cliente. Antes de mais nada, devemos primeiro compreender o que é um evento, que, segundo Simões (1995), é “um acontecimento criado para alterar a história da relação organização-público, de acordo com as necessidades observadas” e que, de acordo com Watt (2004), um bom evento depende de um bom gerenciamento. Um bom projeto de colônia de férias pode ser oferecido por inúmeras empresas, desde que essa ofereça espaços adequados para o desenvolvimento das atividades propostas, ou seja, devem oferecer espaços com possibilidade para o ato de brincar. A estruturação do projeto deve detalhar tudo o que se pretende fazer, incluindo estratégias, cronogramas, recursos, custos etc. Dessa forma, para que o resultado do evento seja positivo e aconteça com êxito, é necessário pensar na prática e elaboração do projeto. Outro fator determinante é pensar na programação das atividades que serão oferecidas. Em específico para a colônia de férias, podemos utilizar atividades de caráter esportivo e jogos de salão, devendo ser priorizadas atividades como jogos em equipe, pois promovem socialização e integração. Nesse sentido, a colônia de férias compreende vivência lúdico-recreativas, com características multidisciplinares na elaboração das atividades propostas durante a progra- mação e que é uma ótima opção voltada ao público de diversas faixas etárias. Por fim, possuir conhecimento de um projeto de colônia de férias pode ser um fator extremamente importante que determinará o sucesso ou fracasso do seu evento, pois sem pensar detalhadamente em oportunidades, riscos, ameaças, recursos humanos capacita- dos e treinados, tempo e espaço disponível, pode ser inviável implementar esse tipo de evento. Assim, o profissional responsável, deve estar atento a todos os detalhes antes, durante e após a colônia de férias. Fonte: Holdefer; Gonçalves (2020). 50UNIDADE II Recreação: Brincando e Encantando em Diferentes Espaços e com Diversas Populações MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Lazer e Recreação: repertório de atividades por fases da vida • Autor: Nelson Carvalho Marcellino • Editora: Papirus • Sinopse: O livro tem como objetivo principal trazer um repertório de atividades pensadas e organizadas de acordo com as faixas etárias, que serão úteis para os profissionais da área, fazendo passagens pela infância, juventude, idade adulta e a terceira idade. Essa organização leva em consideração a especificidade de cada público, pensando nas relações e interesses de cada um. O livro é organizado em módulos, e que cada um é destinado a uma fase da vida, contendo introdução e aspectos a serem considerados, além de fichas com sugestões de atividades, porém, essas ativi- dades não são unicamente restritas à determinada faixa etária, ou seja, podem ser utilizadas por outros grupos desde que passe por adaptações. LIVRO • Título: Jogos, recreação e lazer • Autores: Elisandro Schultz Wittizorecki, Ismael Antônio Bacellar Schaff, José Geraldo Soares Damico. • Editora: Intersaberes • Sinopse: O livro aborda a importância de contemplar o jogo na agenda do projeto-político-pedagógico da sua instituição, em que o jogo não é visto apenas como ferramenta, mas também como um aspecto que contribui para o desenvolvimento da criança, já que o jogar é uma das manifestações mais antigas da humanidade. FILME/VÍDEO • Título: 3 dicas para trabalhar com recreação • Ano: 2019 • Sinopse: Nesse vídeo o professor Me. Cleber Mena Leão Junior, aborda algumas dicas destinadas ao profissional que está inician- do a atuação na área de recreação. • https://www.youtube.com/watch?v=nTRXoNKsNiM WEB • O site do professor Me. Cleber Junior, traz inúmeras conteúdos sobre recreação. https://www.cleberjunior.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=nTRXoNKsNiM https://www.cleberjunior.com.br/ 51 Plano de Estudo: • Profissional da recreação: características e formação; • Planejamento e a recreação: espontaneidade e comprometimento. Objetivos de Aprendizagem: • Identificar as características e discutir a formação do profissional da recreação; • Conceituar o planejamento relacionando-o com a recreação, associando à espontaneidade e ao comprometimento. UNIDADE III Recreador: Quem Sou? Como Atuar? Professora Mestre Bruna Solera Professora Mestre Pollyana Mayara Nunhes 52UNIDADE III Recreador: Quem Sou? Como Atuar INTRODUÇÃO Olá, aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade III da nossa apostila de Lazer e Recreação! Após estudarmos definições, contextos históricos do lazer e da recreação, falar sobre a recreação na escola, para grupos específicos e em diferentes espaços não formais, chegamos ao momento de adentrarmos aos conhecimentos acerca das características do profissional que atua com a recreação e discutir a formação desse sujeito. Após isso iremos estabelecer relações acerca da presença do planejamento na recreação. Você pode estar se perguntando, mas a recreação não é tudo aquilo que diverte, envolvendo os sujeitos de forma ativa, a qual se manifesta de forma espontânea e com liberdade? Sim, caro aluno(a) é isso mesmo! Mas para que seu evento tenha sucesso a or- ganização prévia das ações é algo indispensável. Além disso, traremos relações entre a espontaneidade e o comprometimento do profissional com a sua área de atuação. Vamos em frente? Ótimo estudo! 53UNIDADE III Recreador: Quem Sou? Como Atuar 1 PROFISSIONAL DA RECREAÇÃO: CARACTERÍSTICAS E FORMAÇÃO Aluno(a), vimos na unidade anterior que, além dos profissionais da Educação Físi- ca, formados em outras áreas também podem atuar com a recreação. Mas você acha que qualquer pessoa está apta a isso? Certamente não! De acordo com Awad (2012), para se ter êxito nessa área, é pre- ciso que o recreador