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NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Unidade IV: A nova Gestão Pública Unidade 1. A nova Gestão Pública Iniciaremos esta Unidade abordando a nova gestão pública, a contribuição do movimento Reinventando o Governo e a cultura empreendedora. Tendo por base essas importantes definições, iremos refletir sobre o novo serviço público, a inovação na gestão pública. A nova gestão pública ou administração gerencial surgiu na década de 1970. Pretendia substituir a administração burocrática e implementar, nas instituições públicas, o modelo das organizações do setor privado, ou seja, aplicar princípios gerenciais sobre o modelo burocrático tradicional em busca de transparência, excelência e qualidade nos serviços públicos prestados aos cidadãos. 4.1 O movimento Reinventando o Governo O movimento Reinventando o Governo, difundido por Osborne e Gaebler, nos EUA, e a reforma administrativa de 95 – importada principalmente da Inglaterra, EUA e Nova Zelândia – introduziram no Brasil a cultura do management (gestão), trazendo técnicas do setor privado para o setor público e tendo como características básicas: ● o foco no cliente; ● a reengenharia; ● governo empreendedor; ● administração da qualidade total; ● gestão por resultados. O governo empreendedor caracteriza-se como um governo que pertence à comunidade, dando responsabilidades ao cidadão em vez de servi-lo. Denhardt (2012, p. 198) destaca mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br dez princípios por intermédio dos quais os empreendedores públicos poderiam fazer uma reforma radical do governo, preceitos que continuam no cerne da nova gestão pública. I. Governo catalisador: os empreendedores públicos preferem dirigir, reconhecendo ampla gama de possibilidades e chegando a um equilíbrio calculado sobre recursos e necessidades. II. Governo próprio da comunidade: os empreendedores públicos transferem a propriedade das iniciativas públicas à comunidade. Conferem poder aos cidadãos, aos grupos vicinais e às organizações comunitárias para que sejam eles às fontes das próprias soluções. III. Governo competitivo: os empreendedores públicos fomentam a competição entre os provedores públicos, privados e não governamentais de serviços. Os resultados são maior eficiência, melhor responsividade e ambiente que premia a inovação. IV. Governo movido por missão: transformar organizações movidas por regras. Os empreendedores públicos primeiro dão foco à missão do grupo, a que fins a organização dedica seus esforços, interna e externamente. Em seguida, planejam orçamento, recursos humanos e outros sistemas para refletir a missão global. V. Governo orientado para resultados: os empreendedores públicos acreditam que o governo deve se dedicar a objetivos ou resultados públicos substantivos, em vez de se concentrar estritamente no controle dos recursos públicos gastos para executar a tarefa. Os empreendedores públicos transformam esses sistemas para torná-los mais orientados aos resultados. VI. Governo voltado ao consumidor: melhor satisfazer às necessidades do consumidor que as da burocracia. Os empreendedores públicos aprendem com seus colegas no setor privado que, a menos que se ponha o foco no consumidor, o cidadão jamais será feliz. mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br VII. Governo empreendedor: melhor gerar receitas que despesas, ao instituir o conceito de lucro no setor público, os empreendedores públicos conseguem agregar valor e garantir resultados, mesmo em tempos de restrições financeiras. VIII. Governo previdente: os empreendedores públicos se cansaram de injetar recursos em programas para resolver problemas públicos. Em vez disso, eles acreditam que a preocupação básica deve ser a prevenção, ou barrar o problema de origem. IX. Governo descentralizado: da hierarquia à participação e ao trabalho em equipe, os avanços na tecnologia de informação e nos sistemas de comunicação, além do aumento de qualidade na força de trabalho, criaram uma nova era de organizações mais flexíveis e baseadas em equipes. A tomada de decisão foi estendida à toda a organização, confiada àqueles que conseguem inovar e determinar cursos de alto desempenho. X. Governo orientado para o mercado: alavancar mudanças via mercado. Os empreendedores públicos respondem a condições de mudanças não com abordagens tradicionais, como tentar controlar a situação toda, mas com estratégias inovadoras que pretendam moldar o ambiente para permitir que as forças de mercado atuem.ea vo! 2.2 Cultura empreendedora Cultura empreendedora é aquela que favorece, dissemina a formação de um espírito empreendedor, que favorece a busca pela inovação, pelo aperfeiçoamento e pelo melhor modo de se fazer as coisas do dia a dia. Empreendedor é aquele que está disposto a desvendar novos horizontes em busca de oportunidades, independentemente de ser ou não empresário. O governo empreendedor é um governo que procura formas eficientes de administrar. Está disposto a abandonar velhos programas e métodos. É inovador, imaginoso e criativo. Assume riscos, transforma suas funções em fonte de receita, em vez de pesos mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br sobre o orçamento. Despreza as alternativas convencionais que se limitam a oferecer serviços básicos, trabalha de acordo com o setor privado, cria empresas e operações geradoras de recursos. O governo empreendedor não apregoa o Estado mínimo, nem o Estado forte. No movimento da reinvenção do governo com a nova gestão pública, além da utilização de novas técnicas da administração de negócios, também se inserem ideias como valor da competição, preferência por mecanismos de mercado para a decisão social e respeito pelo espírito empreendedor. 4.3 Novo serviço público O novo serviço público, como alternativa para a nova administração pública, tem origem em uma tradição mais humanista. O novo serviço público retira sua inspiração da teoria política democrática (especialmente enquanto preocupada com a conexão entre cidadãos e seus governos) e de abordagens alternativas à gestão e ao design organizacional que procedem de uma tradição mais humanística na teoria de administração pública. Na administração pública, tendo em vista uma nova proposta de serviço público, é necessário que o gestor público – administrador – enxergue o cidadão como cidadão, e não meramente um consumidor de bens e serviços públicos, como quer a lógica de mercado. Assim é que a maioria dos teóricos e profissionais públicos, na atualidade, buscam um maior entendimento da relação cidadão-governo. Como sugestão, surgem três propostas básicas de mudanças para a nova administração: 1) Mudança do hábito mental do gestor: o cidadão é mais que um ser consumidor de bens e serviços, no contexto da cidadania cabe a necessária participação que necessita ser oportunizada a todo tempo. 2) Demonstrar o real interesse e responsabilidade pelo cargo ou função que ocupa, isso resulta em maior confiança por parte do cidadão pois percebe que suas demandas têm, na figura do gestor, um buscador de soluções atinentes aos direitos do cidadão. mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. MarechalDeodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br 3) A responsabilidade do envolvimento do gestor não é personalista, não se envolve especificamente com o direito de um único indivíduo, mas de todos quanto possa alcançar determinado direito. Essas propostas tendem a uma relação mais democrática para soluções de problemas públicos. Afinal o cidadão tem que estar em primeiro lugar. Os integrantes do governo têm de colocar as necessidades e os valores dos cidadãos em primeiro lugar em suas decisões e ações; eles devem estender suas mãos de maneira nova e inovadora para compreender o que está preocupando os cidadãos e têm que responder às necessidades e aos interesses dos cidadãos. Se, nessa visão da nova administração pública, o referencial é o cidadão de mãos dadas com a administração pública de forma harmônica, responsiva e construtiva, há que se observar que a manutenção dessa estrutura necessita de um operador dinâmico que possa, se não antever problemas ou conflitos, pelo menos possa resolvê-los em curto espaço de tempo. Isso implica muito mais que gestão, implica em liderança ativa, cuja sinergia está na proporção direta das atitudes éticas e cívicas entre cidadão e administrador público, em uma via de mão dupla. A base ética da cidadania se torna então a base para a postura ética do administrador público. Sua obrigação última é prover bens e serviços públicos no sentido de promover o bem comum da vida comunitária, por cujo intermédio se formam o caráter e a virtude cívica. O esboço do novo serviço público, descrito por Denhardt e Denhardt, é uma alternativa para a velha administração pública e a nova gestão pública. Duas grandes dimensões servem de tema: promoção do valor e dignidade do serviço público; e, democracia, cidadania, e interesse público como valores essenciais da administração pública. Dessa forma, partindo dos temas centrais, Denhardt elabora sete princípios-chave para o novo serviço público: 1. servir cidadãos, e não consumidores; 2. perseguir o interesse público; mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br 3. dar mais valor à cidadania e ao serviço público que ao empreendedorismo; 4. pensar estrategicamente, agir democraticamente; 5. reconhecer que a accountability não é simples; 6. servir em vez de dirigir; 7. dar valor às pessoas, não apenas à produtividade. O novo serviço público sustenta que a administração pública deve começar com o reconhecimento de que a existência de uma cidadania engajada e esclarecida é crítica para a governança democrática. A alta cidadania é importante e, ao mesmo tempo, atingível, porque o comportamento humano não é apenas questão de autointeresse, mas também envolve valores, crenças e preocupação com os outros. Os cidadãos são os donos do governo e são capazes de atuar juntos em busca do bem maior. Conclusão, o novo serviço público, que tem raízes no humanismo organizacional e na NAP, vem tomando forma por conta de revolucionários servidores públicos interessados e comprometidos com a sociedade a que servem. Buscam inspirar-se nas ideias propostas pelos autores para implantar um fazer diferenciado, equivale dizer, um novo gestor ético, responsável e comprometido. O trabalho desses gestores tem importância fundamental porque reflete um compromisso de tornar o mundo um lugar melhor, de construir uma sociedade preocupada e consciente em busca do bem comum. É a busca, de um fazer bem servindo, de um sentido maior de cidadania engajada, de uma sociedade harmônica, justa, e mais feliz. 4.4 A inovação na Gestão Pública A inovação em serviços públicos, embora menos enfatizada quando comparada ao setor privado, também vem recebendo recentemente mais atenção na administração pública e no campo acadêmico. Nesse contexto, predomina o senso comum, mas não necessariamente correto, de que o setor privado é pioneiro e mais bem-sucedido no que tange à prática de inovação nos seus produtos e serviços (HARTLEY, 2013). Esse argumento se origina, basicamente, das diferenças entre os dois setores, o que geraria mailto:nead@unitau.br NEAD- Núcleo de Educação à Distância Av. Marechal Deodoro, 605 Santa Clara – Taubaté/SP – CEP 12080-000 Tel.: (12) 3625-4280/3621-1530/3631-4411 nead@unitau.br vantagens para a iniciativa privada em inovar. A ausência de competição – condição necessária à inovação, de acordo com a visão schumpeteriana, a natureza de múltiplas tarefas, a cultura burocrática de padronização e formalização, a presença de uma variedade de principais (stakeholders) e a complexidade de problemas societais (wicked problems) a serem enfrentados se apresentam como fatores diferenciais que tendem a promover processos de inovação no setor público de caráter mais incremental Em uma conceituação também abrangente, com foco no setor público, Osborne e Brown (2005) defendem que inovação significa a introdução de novos elementos em um serviço público – na forma de novos conhecimentos, nova organização e/ou nova habilidade de gestão ou processual, todos representando descontinuidade com o passado. A inovação também pode ser definida como o processo de geração e implementação de novas ideias com vistas a criar valor para a sociedade, seja ele com foco interno ou externo à administração pública (COMISSÃO EUROPEIA, 2013). 1.5 Referências ADMINISTRAÇÃO pública e o novo serviço público. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii- administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o- p%C3%BAblico-em-denhardt>. Acesso em: 10 jan. 2019 CAMÕES, Marizaura Reis de Souza; SEVERO, Willber da Rocha; CAVALCANTE, Pedro. Inovação na gestão pública federal: 20 anos do Prêmio Inovação. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/171002_inovacao _no_setor_publico_capitulo_5.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2019. mailto:nead@unitau.br http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii-administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico-em-denhardt http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii-administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico-em-denhardt http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii-administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico-em-denhardt http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/171002_inovacao_no_setor_publico_capitulo_5.pdf http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/171002_inovacao_no_setor_publico_capitulo_5.pdf