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Unidade _IV_Nova gestão pública

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Unidade IV: A nova Gestão Pública 
 
Unidade 1. A nova Gestão Pública 
Iniciaremos esta Unidade abordando a nova gestão pública, a contribuição do 
movimento Reinventando o Governo e a cultura empreendedora. Tendo por base essas 
importantes definições, iremos refletir sobre o novo serviço público, a inovação na 
gestão pública. A nova gestão pública ou administração gerencial surgiu na década de 
1970. Pretendia substituir a administração burocrática e implementar, nas instituições 
públicas, o modelo das organizações do setor privado, ou seja, aplicar princípios 
gerenciais sobre o modelo burocrático tradicional em busca de transparência, 
excelência e qualidade nos serviços públicos prestados aos cidadãos. 
4.1 O movimento Reinventando o Governo 
O movimento Reinventando o Governo, difundido por Osborne e Gaebler, nos EUA, e 
a reforma administrativa de 95 – importada principalmente da Inglaterra, EUA e Nova 
Zelândia – introduziram no Brasil a cultura do management (gestão), trazendo técnicas 
do setor privado para o setor público e tendo como características básicas: 
● o foco no cliente; 
● a reengenharia; 
● governo empreendedor; 
● administração da qualidade total; 
● gestão por resultados. 
O governo empreendedor caracteriza-se como um governo que pertence à comunidade, 
dando responsabilidades ao cidadão em vez de servi-lo. Denhardt (2012, p. 198) destaca 
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dez princípios por intermédio dos quais os empreendedores públicos poderiam fazer 
uma reforma radical do governo, preceitos que continuam no cerne da nova gestão 
pública. 
I. Governo catalisador: os empreendedores públicos preferem dirigir, 
reconhecendo ampla gama de possibilidades e chegando a um equilíbrio 
calculado sobre recursos e necessidades. 
II. Governo próprio da comunidade: os empreendedores públicos transferem a 
propriedade das iniciativas públicas à comunidade. Conferem poder aos 
cidadãos, aos grupos vicinais e às organizações comunitárias para que sejam 
eles às fontes das próprias soluções. 
III. Governo competitivo: os empreendedores públicos fomentam a competição 
entre os provedores públicos, privados e não governamentais de serviços. Os 
resultados são maior eficiência, melhor responsividade e ambiente que premia 
a inovação. 
IV. Governo movido por missão: transformar organizações movidas por regras. Os 
empreendedores públicos primeiro dão foco à missão do grupo, a que fins a 
organização dedica seus esforços, interna e externamente. Em seguida, 
planejam orçamento, recursos humanos e outros sistemas para refletir a missão 
global. 
V. Governo orientado para resultados: os empreendedores públicos acreditam que 
o governo deve se dedicar a objetivos ou resultados públicos substantivos, em 
vez de se concentrar estritamente no controle dos recursos públicos gastos para 
executar a tarefa. Os empreendedores públicos transformam esses sistemas para 
torná-los mais orientados aos resultados. 
VI. Governo voltado ao consumidor: melhor satisfazer às necessidades do 
consumidor que as da burocracia. Os empreendedores públicos aprendem com 
seus colegas no setor privado que, a menos que se ponha o foco no consumidor, 
o cidadão jamais será feliz. 
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VII. Governo empreendedor: melhor gerar receitas que despesas, ao instituir o 
conceito de lucro no setor público, os empreendedores públicos conseguem 
agregar valor e garantir resultados, mesmo em tempos de restrições financeiras. 
VIII. Governo previdente: os empreendedores públicos se cansaram de injetar 
recursos em programas para resolver problemas públicos. Em vez disso, eles 
acreditam que a preocupação básica deve ser a prevenção, ou barrar o problema 
de origem. 
IX. Governo descentralizado: da hierarquia à participação e ao trabalho em equipe, 
os avanços na tecnologia de informação e nos sistemas de comunicação, além 
do aumento de qualidade na força de trabalho, criaram uma nova era de 
organizações mais flexíveis e baseadas em equipes. A tomada de decisão foi 
estendida à toda a organização, confiada àqueles que conseguem inovar e 
determinar cursos de alto desempenho. 
X. Governo orientado para o mercado: alavancar mudanças via mercado. Os 
empreendedores públicos respondem a condições de mudanças não com 
abordagens tradicionais, como tentar controlar a situação toda, mas com 
estratégias inovadoras que pretendam moldar o ambiente para permitir que as 
forças de mercado atuem.ea vo! 
2.2 Cultura empreendedora 
Cultura empreendedora é aquela que favorece, dissemina a formação de um espírito 
empreendedor, que favorece a busca pela inovação, pelo aperfeiçoamento e pelo melhor 
modo de se fazer as coisas do dia a dia. Empreendedor é aquele que está disposto a 
desvendar novos horizontes em busca de oportunidades, independentemente de ser ou 
não empresário. 
O governo empreendedor é um governo que procura formas eficientes de administrar. 
Está disposto a abandonar velhos programas e métodos. É inovador, imaginoso e 
criativo. Assume riscos, transforma suas funções em fonte de receita, em vez de pesos 
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sobre o orçamento. Despreza as alternativas convencionais que se limitam a oferecer 
serviços básicos, trabalha de acordo com o setor privado, cria empresas e operações 
geradoras de recursos. O governo empreendedor não apregoa o Estado mínimo, nem o 
Estado forte. 
No movimento da reinvenção do governo com a nova gestão pública, além da utilização 
de novas técnicas da administração de negócios, também se inserem ideias como valor 
da competição, preferência por mecanismos de mercado para a decisão social e respeito 
pelo espírito empreendedor. 
4.3 Novo serviço público 
O novo serviço público, como alternativa para a nova administração pública, tem 
origem em uma tradição mais humanista. O novo serviço público retira sua inspiração 
da teoria política democrática (especialmente enquanto preocupada com a conexão 
entre cidadãos e seus governos) e de abordagens alternativas à gestão e ao design 
organizacional que procedem de uma tradição mais humanística na teoria de 
administração pública. 
Na administração pública, tendo em vista uma nova proposta de serviço público, é 
necessário que o gestor público – administrador – enxergue o cidadão como cidadão, e 
não meramente um consumidor de bens e serviços públicos, como quer a lógica de 
mercado. Assim é que a maioria dos teóricos e profissionais públicos, na atualidade, 
buscam um maior entendimento da relação cidadão-governo. 
Como sugestão, surgem três propostas básicas de mudanças para a nova administração: 
1) Mudança do hábito mental do gestor: o cidadão é mais que um ser consumidor de 
bens e serviços, no contexto da cidadania cabe a necessária participação que necessita 
ser oportunizada a todo tempo. 
 2) Demonstrar o real interesse e responsabilidade pelo cargo ou função que ocupa, isso 
resulta em maior confiança por parte do cidadão pois percebe que suas demandas têm, 
na figura do gestor, um buscador de soluções atinentes aos direitos do cidadão. 
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3) A responsabilidade do envolvimento do gestor não é personalista, não se envolve 
especificamente com o direito de um único indivíduo, mas de todos quanto possa 
alcançar determinado direito. Essas propostas tendem a uma relação mais democrática 
para soluções de problemas públicos. Afinal o cidadão tem que estar em primeiro lugar. 
Os integrantes do governo têm de colocar as necessidades e os valores dos cidadãos em 
primeiro lugar em suas decisões e ações; eles devem estender suas mãos de maneira 
nova e inovadora para compreender o que está preocupando os cidadãos e têm que 
responder às necessidades e aos interesses dos cidadãos. 
Se, nessa visão da nova administração pública, o referencial é o cidadão de mãos dadas 
com a administração pública de forma harmônica, responsiva e construtiva, há que se 
observar que a manutenção dessa estrutura necessita de um operador dinâmico que 
possa, se não antever problemas ou conflitos, pelo menos possa resolvê-los em curto 
espaço de tempo. Isso implica muito mais que gestão, implica em liderança ativa, cuja 
sinergia está na proporção direta das atitudes éticas e cívicas entre cidadão e 
administrador público, em uma via de mão dupla. 
A base ética da cidadania se torna então a base para a postura ética do administrador 
público. Sua obrigação última é prover bens e serviços públicos no sentido de promover 
o bem comum da vida comunitária, por cujo intermédio se formam o caráter e a virtude 
cívica. 
O esboço do novo serviço público, descrito por Denhardt e Denhardt, é uma alternativa 
para a velha administração pública e a nova gestão pública. Duas grandes dimensões 
servem de tema: promoção do valor e dignidade do serviço público; e, democracia, 
cidadania, e interesse público como valores essenciais da administração pública. 
Dessa forma, partindo dos temas centrais, Denhardt elabora sete princípios-chave para 
o novo serviço público: 
1. servir cidadãos, e não consumidores; 
2. perseguir o interesse público; 
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3. dar mais valor à cidadania e ao serviço público que ao empreendedorismo; 
4. pensar estrategicamente, agir democraticamente; 
5. reconhecer que a accountability não é simples; 
6. servir em vez de dirigir; 
7. dar valor às pessoas, não apenas à produtividade. 
O novo serviço público sustenta que a administração pública deve começar com o 
reconhecimento de que a existência de uma cidadania engajada e esclarecida é crítica 
para a governança democrática. A alta cidadania é importante e, ao mesmo tempo, 
atingível, porque o comportamento humano não é apenas questão de autointeresse, mas 
também envolve valores, crenças e preocupação com os outros. Os cidadãos são os 
donos do governo e são capazes de atuar juntos em busca do bem maior. 
Conclusão, o novo serviço público, que tem raízes no humanismo organizacional e na 
NAP, vem tomando forma por conta de revolucionários servidores públicos 
interessados e comprometidos com a sociedade a que servem. Buscam inspirar-se nas 
ideias propostas pelos autores para implantar um fazer diferenciado, equivale dizer, um 
novo gestor ético, responsável e comprometido. O trabalho desses gestores tem 
importância fundamental porque reflete um compromisso de tornar o mundo um lugar 
melhor, de construir uma sociedade preocupada e consciente em busca do bem comum. 
É a busca, de um fazer bem servindo, de um sentido maior de cidadania engajada, de 
uma sociedade harmônica, justa, e mais feliz. 
4.4 A inovação na Gestão Pública 
A inovação em serviços públicos, embora menos enfatizada quando comparada ao setor 
privado, também vem recebendo recentemente mais atenção na administração pública 
e no campo acadêmico. Nesse contexto, predomina o senso comum, mas não 
necessariamente correto, de que o setor privado é pioneiro e mais bem-sucedido no que 
tange à prática de inovação nos seus produtos e serviços (HARTLEY, 2013). Esse 
argumento se origina, basicamente, das diferenças entre os dois setores, o que geraria 
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vantagens para a iniciativa privada em inovar. A ausência de competição – condição 
necessária à inovação, de acordo com a visão schumpeteriana, a natureza de múltiplas 
tarefas, a cultura burocrática de padronização e formalização, a presença de uma 
variedade de principais (stakeholders) e a complexidade de problemas societais (wicked 
problems) a serem enfrentados se apresentam como fatores diferenciais que tendem a 
promover processos de inovação no setor público de caráter mais incremental 
Em uma conceituação também abrangente, com foco no setor público, Osborne e 
Brown (2005) defendem que inovação significa a introdução de novos elementos em 
um serviço público – na forma de novos conhecimentos, nova organização e/ou nova 
habilidade de gestão ou processual, todos representando descontinuidade com o 
passado. A inovação também pode ser definida como o processo de geração e 
implementação de novas ideias com vistas a criar valor para a sociedade, seja ele com 
foco interno ou externo à administração pública (COMISSÃO EUROPEIA, 2013). 
1.5 Referências 
ADMINISTRAÇÃO pública e o novo serviço público. Disponível em: 
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii-
administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o-
p%C3%BAblico-em-denhardt>. Acesso em: 10 jan. 2019 
 
CAMÕES, Marizaura Reis de Souza; SEVERO, Willber da Rocha; CAVALCANTE, 
Pedro. Inovação na gestão pública federal: 20 anos do Prêmio Inovação. Disponível 
em: 
<http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/171002_inovacao
_no_setor_publico_capitulo_5.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2019. 
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http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/cap%C3%ADtulo-vii-administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-e-o-novo-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico-em-denhardt
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