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Transtorno dismór�co corporal É bastante significativa a discussão sobre o transtorno dismórfico corporal, a tricotilomania e o transtorno de escoriação juntamente com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Embora essa aproximação na classificação seja exclusiva do DSM-5 (2014), ela é muito relevante, pois é sensível o aumento de evidências da relação desses transtornos entre si pela grande quantidade de validadores diagnósticos que eles têm em comum. Com esse novo agrupamento é possível que aumente o desempenho observacional para psicodiagnósticos e escolhas de abordagens clínica-terapêuticas. Atenção! Um cuidado que o profissional deve ter ao manipular os critérios diagnósticos é redobrar a atenção para as possíveis sobreposições dos sinais, já que, por suas relações íntimas, a ordem do surgimento do sintoma e os detalhes de manifestações comportamentais serão determinantes. Em linhas gerais, esses transtornos que se relacionam com o TOC apresentam uma diferença na preocupação dos rituais, no surgimento na etapa do desenvolvimento, na presença de sintomas subclínicos, no nível de sofrimento do indivíduo e no prejuízo funcional decorrente. Ao mesmo tempo, esse grupo de transtornos têm em comum seu foco no corpo, mas apresentam divergência nas bases da obsessão e da compulsão. Enquanto o transtorno dismórfico corporal é caracterizado pela prevalência dos sinais de obsessão, o transtorno de tricotilomana (TT) e o transtorno de escoriação (TE) são predominantemente compulsivos. Vamos analisar cada um deles, seus critérios e diferentes abordagens entre o DSM-5 e o CID-10: Dismorfofobia já foi uma antiga classificação para o transtorno dismórfico corporal (TDC). Ele é caraterizado pela prevalência dos sintomas cognitivos relacionados à percepção de defeitos, falhas ou assimetria na aparência física que não são observáveis por outras pessoas, ou que, sendo leves, são hipervalorizadas pelo paciente. 24/05/2024, 18:28 Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03569/index.html?brand=estacio# 24/54 Transtorno dismórfico corporal (TDC). Geralmente, essas obsessões podem ser pela ideia de que todos estão observando a característica percebida como dismórfica, por repetidas comparações com outras pessoas ou na fixação das suas “falhas”. O sintoma obsessivo também costuma ser acompanhado por sinais compulsivos, tais como olhar-se no espelho repetidamente, arrumar-se exaustivamente, beliscar a pele e/ou autoagressão. As preocupações obsessivas do paciente são intrusivas e indesejadas, difíceis de resistir ou controlar e podem ser bastante diferentes com relação ao seu destino, pois elas podem se dirigir a qualquer parte do corpo, em uma área específica ou mais áreas ao mesmo tempo. Em geral, as obsessões se manifestam durante cerca de três a oito horas por dia. Em tempo, é necessário destacar a presença de uma dismorfia bastante específica que merece um nome especial: a dismorfia muscular. Esse transtorno é caracterizado pela ideia de que a estrutura corporal é percebida como pouco musculosa ou pequena para o sujeito. No DSM-5, o transtorno dismórfico corporal é classificado pelo código de número 300.7 e tem quatro critérios diagnósticos que precisam ser preenchidos: 1. Existe preocupação desproporcional com uma falha ou defeito na aparência física que estão ausentes ou entendidos como leves para os outros. 2. Existe presença de comportamentos compulsivos ou atos obsessivos associados à aparência reclamada. 3. Existe sofrimento psicológico ou prejuízo funcional da vida do paciente. 24/05/2024, 18:28 Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03569/index.html?brand=estacio# 25/54 4. Existe preocupação que não está associada à gordura ou peso corporal que possam indicar transtorno alimentar. Depois de preenchidos os critérios, o TDC precisa ser especificado em duas etapas: (1) se está associado com dismorfia muscular; e (2) a intensidade de insight sobre a verdade da aparência e a relação com a sua percepção. Esse insight é especificado conforme os tipos a seguir: Insight bom ou razoável O paciente compreende que a percepção não é ou pode não ser verdadeira. Insight pobre O paciente acredita que a percepção é verdadeira. Insight ausente/crenças delirantes O paciente está completamente convencido de que a percepção é verdadeira. Como toda obsessão e compulsão, os comportamentos não geram prazer e podem colaborar para o aumento de ansiedade e disforia, o aumento da carga de exercício físico e a busca ostensiva por procedimentos estéticos ou autolesões para aliviar o que é entendido como defeito. Existem características associadas a esse transtorno que auxiliam no diagnóstico: Característica do delírio de referência (ideia prevalente de que outras pessoas prestam atenção ou caçoam do paciente); Característica da ansiedade social; Característica da esquiva social; Característica do humor deprimido; Característica do perfeccionismo; Característica da baixa autoestima; Característica da interpretação das expressões faciais ou cenários sociais de forma negativa e/ou ameaçadoras. Esse transtorno costuma ter início na adolescência e por meio de traços subclínicos, tais como a busca de inúmeras cirurgias e correções estéticas desnecessárias, geralmente na face. Com o passar dos anos, os critérios se tornam ainda mais claros e distintos. Saiba mais 24/05/2024, 18:28 Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03569/index.html?brand=estacio# 26/54 O TDC tem incidência equivalente entre os dois gêneros no que diz respeito à prevalência do transtorno e é responsável por tentativas de suicídio. CID-10 No CID-10, esse distúrbio é caracterizado como um transtorno somatoforme, ou seja, os sintomas surgem sem que exista uma condição médica que explique sua origem. O CID chama a atenção para uma característica importante desse transtorno: ele é crônico e flutuante. Dessa forma, o delírio, as ideias obsessivas e a compulsão estão sempre presentes, mas oscilando em sua manifestação clínica, na incapacitação funcional e na intensidade de sofrimento. Para um diagnóstico definitivo o CID-10 estabelece, além das características do DSM-5, dois critérios a mais: 1 A ideia de que uma doença foi adquirida ou agravada pela suposta deformidade. 2 A recusa constante de aceitar informações da ausência da anormalidade ou doença. Diagnóstico diferencial Para concluir um diagnóstico diferencial o CID-10 apresenta, de forma mais sucinta que o DSM-5, que esse transtorno exclui ou é anterior ao: 1. Transtorno de somatização, ou seja, não existe evidência de uma doença; 2. Transtorno delirante associado ao espectro da esquizofrenia; 3. Transtorno de ansiedade e de pânico, pois os pacientes conseguem ser tranquilizados por explicações fisiológicas; 4. Transtornos depressivos, pois embora sejam recorrentes, não são os causadores do transtorno hipocondríaco, mas sua comorbidade. 24/05/2024, 18:28 Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03569/index.html?brand=estacio# 27/54