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Artigo TCC PÓS GRADUAÇÃO SEGURANÇA PUBLICA (1)

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4
SINOMAR ALVES DA ROSA
 
SEGURANÇA PÚBLICA
SEGURANÇA PÚBLICA AMBIENTAL E A COMUNIDADE INDÍGENA
LONDRINA
2020
 SEGURANÇA PÚBLICA AMBIENTAL E A COMUNIDADE INDÍGENA
Sinomar Alves Rosa [footnoteRef:1] [1: Salves566@gmail.com] 
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços.
RESUMO: O objetivo deste artigo é explanar os conceitos acerca da Segurança Pública ambiental voltada à comunidade indígena e o usufruto dessa do patrimônio nacional. A metodologia utilizada será a Pesquisa Bibliográfica e as conclusões desenvolvidas a partir da análise da teoria dos doutrinadores. A Segurança Pública é o conjunto de processos políticos e jurídicos que garantem o cumprimento da Ordem Pública Nacional, caracterizada pela união das regras formais que regulam as relações sociais de interesse público com vistas a estabelecer uma convivência pacífica a nível nacional. Problematiza-se esta questão respondendo quais são os direitos e deveres dos indígenas no Brasil, uma vez que usufruem de patrimônios nacionais e por isso tendem a responder legalmente por suas condutas relativas às terras em que ocupam.
PALAVRAS-CHAVE: Segurança Pública. Patrimônio Nacional. Ambiental. Indígenas.
5
1 INTRODUÇÃO
A Segurança Pública Nacional tem a função de manter a Ordem Pública sendo essa a situação e o estado de legalidade normal que garante que as autoridades exerçam suas atribuições para que os cidadãos as respeitem e as acatem.
Existem eixos temáticos que abordam questões ligadas ao ambiente e demais recursos naturais, entre eles estão os indígenas e o seu habitat natural, que são as florestas, bens estes amparados legalmente pela Segurança Pública.
Os povos indígenas brasileiros são vistos pela Constituição de 1988 como povos coletivos e que têm o direito de manter a sua organização social, tanto no presente como no futuro e com bases em sua tradição cultural. Há, no entanto, uma tentativa de rompimento desse paradigma de que o índio deve ser imutável em sua conduta cultural, uma das dificuldades é que toda a legislação anterior é bastante individualista e integracionista e a segunda é a tentativa em se criar um sistema legal coletivista e não integracionista e que não interfira nos dispositivos que modificam os interesses maiores ou menores da nacionalidade e cidadania indígena.
Sendo assim, este artigo tem o objetivo de explanar quais são as condutas legais vigentes no Direito quanto ao amparo das explanações supracitadas, além de esclarecer os conceitos sobre a Segurança Pública com ênfase nos direitos e deveres dos índios e respectivas punições aos quais possam estar sujeitos.
Para tanto, alguns conceitos sobre o Direito Civil, a Responsabilidade Social e Ambiental, Direito Penal, Cultura e Sociedade e Teoria Geral do Direito Constitucional serão aqui abordadas sucintamente, com vistas a esclarecer alguns pontos importantes sobre a temática deste trabalho.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A SEGURANÇA PÚBLICA NACIONAL
A Segurança Pública Nacional é assim definida por Silva (2015, p. 791): “manutenção da ordem pública interna”, já Moreira Neto (1987, p. 49) assinala que a segurança pública “é o conjunto de processos, políticos e jurídicos, destinados a garantir a ordem pública, sendo esta objeto daquela”. 
Acerca da Ordem Pública, essa é assim contextualizada pelo Decreto nº 88.777/1983:
Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum (BRASIL, 1983).
Para fins de manutenção da Ordem Pública assegurada pela Segurança Pública Nacional, alguns Eixos Temáticos ligados ao Ambiente e, consequentemente aos habitantes indígenas devem ser salientados, conforme dispõe o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Federal:
1) Conservação da água e das florestas:
Projetos que contribuam para a conservação, restauração, recuperação e uso sustentável dos recursos florestais e hídricos, bem como projetos que promovam a conservação e recuperação de nascentes e áreas de preservação permanente, além da recuperação de áreas degradadas; (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
2) Promoção do consumo sustentável e da educação ambiental voltada para sustentabilidade: 
Projetos que promovam a educação ambiental e o consumo consciente e que valorizem a produção sustentável e o uso ambientalmente adequado dos recursos naturais. Os recursos solicitados poderão contemplar a elaboração de material pedagógico de apoio ao projeto de educação ambiental a ser empreendido; (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
3) Ações de manejo e gestão de resíduos sólidos: 
Projetos que incentivem o gerenciamento dos resíduos sólidos em áreas urbanas e rurais, contribuam para a implantação de políticas municipais ambientalmente corretas ou que promovam ações de redução, reutilização e reciclagem do lixo. Somente poderão receber recursos os municípios que tiverem seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, conforme determina o art. 18 da Lei 12.305/10; (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
4) Conhecimentos tradicionais: 
Projetos que promovam o resgate, a valorização e a manutenção de práticas tradicionais de produção com base no uso sustentável dos recursos naturais, por meio de levantamentos, estudos, disseminação ou fortalecimento de tais práticas produtivas; (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
5) Fauna: “Projetos que promovam a proteção do patrimônio da biodiversidade e a conservação das espécies da fauna brasileira, em especial das ameaçadas de extinção;” 
6) Fortalecimento da Gestão Ambiental Local: 
Projetos que promovam a implementação de mecanismos de gestão ambiental local, tais como: apoio à implementação do fundo municipal de meio ambiente, do Conselho Municipal de Meio Ambiente, sistema de licenciamento ambiental local, elaboração de legislação ambiental local, estruturação do setor de meio ambiente de municípios, a partir da compra de equipamentos e material permanente, capacitação para a equipe técnica da prefeitura responsável pela área ambiental, dentre outras ações; (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
7) Fortalecimento das Instituições Públicas envolvidas na fiscalização e controle ambiental: 
Projetos que promovam a qualificação administrativa e operacional de órgãos governamentais ligados à fiscalização e controle de práticas lesivas ao meio ambiente, por meio do fomento a capacitações de equipes, criação e implementação de salas de situação, aquisição de equipamentos e material permanente, promoção de estratégias de articulação entre as instituições públicas envolvidas nessa missão (Ministério Público, Polícia Militar Ambiental, Polícia Civil, Ibama, OEMAS e Poder Judiciário) por meio da realização de seminários, reuniões de intercâmbio de agendas e organização de operações integradas (PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO, 2020).
2.2 DIREITO CIVIL: PESSOAS E BENS
O Código Civil em seu art. 4º, parágrafo único, assinala: “a capacidade dos índios será regulada por lei especial”, antes, porém, o Código Civil anterior referia-se aos índios como “silvícolas”, termo este apresentado no art. 6º, parágrafo único (CC, 1916). 
Já em 19 de dezembrode 1973 fora instaurada a Lei especial nº 6.001/1973 ou Estatuto do Índio, que assim definia o índio ou silvícola: “todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional” (art.3º, inc I) (ROESLER, 2010).
A legislação especial dispõe que os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar da União que será exercido por meio da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, fundação pública vinculada ao Ministério da Justiça, criada pela Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, em substituição ao antigo Serviço de Proteção ao Índio que datava de 1910. Nos termos do estatuto do Índio, “são considerados nulos os altos praticados entre índios não integrados e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente (ROESLER, 2010, online).
O Estatuto do Índio dispõe que ele só será considerado capaz de exercer seus atos da vida civil quando requerer ao Juízo a liberação do seu regime tutelar mediante o preenchimento dos requisitos legais, dentre eles a idade mínima de 21 anos, o domínio do idioma português, o poder hábil para exercer atividades na sociedade e a compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional (art.9º, Lei nº 6.001/73) (ROESLER, 2010).
No entanto, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 231[footnoteRef:2], solicita uma análise da capacidade civil dos índios e seu respectivo regime tutelar, uma vez que, com o surgimento da nova ordem constitucional, a ideologia integracionista dos povos indígenas foi rompida, assegurando a eles o direito de manterem seus costumes e identidade cultural. [2: Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
] 
Em 1988 a Constituição Federal do Brasil também assegurou às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos de aprendizagem, sendo suas manifestações culturais indígenas, afro-brasileiras e de grupos étnicos do processo civilizatório nacional igualmente protegidas. Ao índio é reconhecido o direito de possuir organização social, costumes, línguas, crenças, tradições e direitos originários das terras que tradicionalmente ocupavam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar os seus bens (BRASIL, 2012).
O Plano Setorial para as Culturas Indígenas do Governo Federal, BRASIL (2012), alude que as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios se destinam à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, e direitos sobre elas, imprescritíveis. É vedada a remoção de grupos indígenas exceto em caso de catástrofe ou no interesse da soberania nacional. Após deliberação do Congresso Nacional, Cacique Juruna teve assento por lá e ficou famoso por portar um gravador para guardar as promessas dos brancos.
Os atos jurídicos produzidos pelos indígenas são nulos e extintos de efeito jurídicos, principalmente se versarem sobre ocupação, o domínio e a posse das terras e ainda sobre a exploração das riquezas naturais lá existentes, se realizados sem a indispensável assistência da FUNAI (2019).
E, por derradeiro, o art. 232 da CF/88 estabelece a legitimidade dos índios e de suas comunidades e organizações para ingressar em juízo em defesa se seus direitos e interesses.
 
2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
Desde 1988, o Ministério de Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas espaciais (INPE), do Ministério da Ciência e Tecnologia, monitora o desmatamento na Amazônia via satélite com o objetivo de quantificar os desmates de áreas com vegetação, controle e combate aos desmatamentos ilegais.
Além disso, o monitoramento permite mensurar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) por desmatamento ilegal. Uma informação a mais para orientar as políticas de Mudança do Clima que visam cumprir as metas voluntárias de redução gradativa de emissões de GEE, assumidas pelo Governo Brasileiro no final de 2009 (SCHMITT; SCARDUA, 2015).
Embora o Brasil seja um país extenso, o maior da América do Sul, o que em tese significa “terra de sobra para o plantio”, boa parte de território abriga ecossistemas que devem ser preservados, como a Amazônia (maior floresta tropical do mundo), o Pantanal e as áreas de Mata Atlântica, bem comum e de grande diversidade cultural. Por assim dizer, nota-se que há o dever de maiores responsabilidades e políticas públicas mais severas, no que tange o combate ao desmatamento e queimadas, faz-se, assim, necessário uma revisão urgente de tais políticas de controle, pois esse fato ainda é muito precário e sua fiscalização é um tanto atrasada, mesmo com toda a ajuda tecnológica existente. Segundo Milaré (2009), talvez se houvessem leis punitivas mais rígidas e exemplares, essas e outras degradações pudessem ser mais coibidas.
Milaré (2009) ainda explana outra alternativa a ser seguida para que a taxa de desmatamento diminua, assim como os índices de fome no Brasil: o alinhamento do aumento da produtividade no campo ao uso consciente do solo. Outro fator que promete favorecer cada vez mais a redução do desmatamento é a aplicação da Agricultura de Precisão, que otimiza o potencial produtivo, além de reduzir o impacto ambiental e das comunidades locais.
2.4 DIREITO PENAL: PARTE REAL
Faz-se necessário averiguar se a cultura, costume e tradição do índio permitem que ela seja capaz de compreender o caráter ilícito de determinada conduta considerada crime em lei. Não importa o grau de contato que o indivíduo pertencente a um povo indígena mantenha com a sociedade envolvente, mas sim a determinação ser se na ocasião da conduta ele tinha entendimento de que ela era considerada elícita, e por tanto, passível de punição, fora da sua cultura, fora do seu direito consuetudinário.
Em 1988, a Constituição reconheceu aos índios o direito de manter a sua organização social e o direito de ser diferente, abrindo espaço para outro tratamento a respeito da capacidade civil e da responsabilidade criminal dos índios. O novo Código Civil, aprovado em 2002, retirou os indígenas das pessoas consideradas relativamente incapazes e estabeleceu que a capacidade dos índios será regulada em lei específica (CF/ 1988).
Quanto ao crime de estelionato, disposto no art. 171 CP, sabe-se que FUNAI ampara sua análise de maneira aprofundada nos contratos firmados pela Procuradoria Geral da União – PGR, e assim pode-se afiançar que essas terras não são, verdadeiramente, dos índios e por esse motivo eles não as podem comercializar, somente explorá-las a fim de lhes garantir sustentos e sobrevivências. 
Contrapondo essas realidades, as demarcações de terras nada são além de “esperanças a conta-gotas” para um povo o qual o progresso sempre é negado. Tais esperanças não podem ser convertidas em realidade, pois o índio não é dono de fato dessas terras e por isso não pode gozar da sua riqueza, restando a ele, apenas, a opção facultativa de usufruí-la tal qual seus antepassados: de uma forma que não traga o conforto e a melhoria de vida, mas que apenas crua sobrevivência através da caça, pesca e da coleta.
2.5 HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE
A utilização de elementos de outras culturas pelo índio, como o celular, o carro, as vestimentas, o remédio e a televisão não significa que ele esteja se desprendendo de sua própria cultura, uma vez que a percepção das dinâmicas sociais e culturais exigem dele a adaptação de suas tradições, mas a inovação dessa diante de novas tecnologias. 
O Brasil é um país extremamente miscigenado e pluricultural. Além da influência de povos africanos, orientais e europeus, os povos indígenas deixaram elementos importantes para a nossa cultura, sobretudo em relação aos hábitos alimentares. Hoje nós consumimos pratos típicos indígenas, alémde incorporarmos em nosso vocabulário palavras oriundas da família linguística tupi-guarani. Palavras como caju, acerola, pipoca, guaraná, arara, cajá; jabuticaba, mandioca, açaí têm origem indígena, dentre outras, Além do hábito alimentar que desenvolvemos comendo esses frutos e da mandioca ter nascido na cultura indígena antes da chegada dos portugueses. Atualmente esses alimentos são explorados pela indústria alimentícia (SCHMITT; SCARDUA, 2015).
Há, assim, a afirmação da sua reprodução social, além da ampliação da noção de reprodução social, de modo a considerar a possibilidade de mudança, o que desse modo supera a proposição de que estas sociedades têm, em todos os seus aspectos, o objetivo único da perpetuação estanque, enfatizando, nesses casos, a atitude dos antropólogos que se dedicam à reflexão e busca de informações sobre como tais modificações sociais se efetuam e efetivam ao longo da história.
2.6 TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito ao pleno exercício de sua capacidade processual para defesa de seus interesses, insculpido no art. 232 da CF/88. Esse dispositivo faz parte de um conjunto normativo que alterou a relação estabelecida entre o índio e o Estado, após a promulgação da Constituição de 1988, e rompeu a lógica tutelar que considerava os índios seres incapazes para a vida civil e para o exercício de seus direitos (ROESLER, 2010).
Historicamente, os povos que primeiro viviam no Brasil sofreram uma série de abuso por parte dos conquistadores, que levaram muitos à extinção ou ao declínio acentuado. Alguns outros foram expulsos de suas terras e até hoje seus descendentes não as recuperaram. Os direitos dos índios à preservação de suas culturas originais, à posse territorial e ao desfrute exclusivo de seus recursos são garantidos constitucionalmente, mas na prática cotidiana a efetivação desses direitos tem se revelado muito difícil e altamente controversa, sendo cercada de violência, corrupção, assassinatos, grilagem e outros crimes, o que ocasiona inúmeros protestos, tanto domésticos quanto internacionais, bem como intermináveis disputas nas cortes de justiça e no Congresso Nacional, fazendo com que a negociação das terras indígenas se torne inviável.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebem-se muitos danos aos olhos da Justiça quando essa preconiza situações adversas aos costumes e culturas em todas as classes, o que nos leva a fazer reflexões sobre o quanto se é necessário observar as finalidades em que o patrimônio nacional é utilizado, uma vez que não deixa de ser um bem comum a toda a nação.
Sendo assim e de acordo com as explanações deste artigo, pôde-se perceber que a comunidade indígena tem o direito reservado quanto à utilização com fins de moradia das terras em que estão locados, no então e seguindo as premissas da Segurança Pública e da Ordem Pública, o indígena não poderá terceirizar as terras ou utilizá-las de forma comercial ou de outra finalidade que não seja a de morar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emendas Constitucionais. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.>. Acesso em 16 de maio. 2020.
BRASIL. Decreto nº 8.777, de 30 de setembro de 1983. Aprova o regulamento para as polícias militares e corpos de bombeiros militares (R-200). Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8777.htm>. Acesso em 20 de jun. 2020.
BRASIL. Lei nº 6.001 de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm.. Acesso em 16 de maio. 2020.
BRASIL. Plano Setorial para as Culturas Indígenas. MINISTÉRIO DA CULTURA, Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural. Brasília, 2012. Disponível em:< http://pnc.cultura.gov.br/wp-content/uploads/sites/16/2012/10/plano_setorial_culturas_indigenas-versao-impressa.pdf>. Acesso em 16 de maio. 2020.
FUNAI. Modalidades de Terras Indígenas. Fundação Nacional do Índio. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019. Disponível em:< http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-indigenas>. Acesso em 16 de maio. 2020.
MILARÉ, Édis. Direito do meio ambiente: a gestão ambiental em foco — doutrina, jurisprudência, glossário. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Revisão doutrinária dos conceitos de ordem pública e segurança pública. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍCIAS MILITARES, 3., 1987. Anais... Belo Horizonte: Barvalle, fev. 1987.
PORTAL DO GOVERNO BRASILEIRO. Promoção da recuperação, conservação e preservação do meio ambiente. Ministério da Justiça e Segurança Pública, Governo Federal. 2020. Disponível em:< https://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/direitos-difusos/eixos>. Acesso em 21 de jun. 2020.
ROESLER, Átila da Rold. Aspectos atuais da capacidade civil dos índios. Revista Âmbito Jurídico, 2010. Disponível em:< https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-81/aspectos-atuais-da-capacidade-civil-dos-indios/.. Acesso em 16 de maio. 2020.
SCHMITT, Jair.; SCARDUA, Fernando Paiva. A descentralização das competências ambientais e a fiscalização do desmatamento na Amazônia. Rev. Adm. Pública — Rio de Janeiro 49(5):1121-1142, set./out. 2015. Disponível em:< https://www.scielo.br/pdf/rap/v49n5/0034-7612-rap-49-05-01121.pdf>. Acesso em 16 de maio. 2020.
SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 38. ed. rev. e atual. até a Emenda Constitucional nº 84, de 2/12/2014. São Paulo: Malheiros, 2015.