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Estátua de Iracema, na Av. Beira-Mar, em Fortaleza, de Corbiniano Lins. [1] Em José de Alencar, o índio não teve sorte muito diferente, embora seu destino seja apresentado pelo escritor de maneira ambígua. Em O Guarani, o herói indígena Peri conduz a sua amada e senhora Cecília à salvação. Cecília o chama “amigo” durante quase todo o tempo, e ao final, após a conversão de Peri ao cristianismo, passa a chamá-lo “irmão”. Peri, entretanto, não ousa considerá-la sua amante, e trata-a por “senhora”, definindo-se a si mesmo como escravo da branca colonizadora de seu coração e de suas terras. Ao final, Peri conta a Cecília o mito do índio Tamandaré, que sobe a uma palmeira para esperar as águas do dilúvio baixarem para então recomeçarem o povoamento da terra. Cecília e Peri também descem da palmeira após as águas, mas não para povoar a terra. O índio revela a intenção de conduzir a portuguesinha à casa de seus parentes, mas não pretende morar com ela. Cecília, por sua vez, não poderia jamais habitar com Peri as terras dos selvagens. Qual será o fim de Peri e Cecília? Poderão eles viver algum dia em harmonia? Cabe ao leitor imaginar os momentos pós-final e desfazer a ambiguidade. 43