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Literatura_Brasileira_I_Impresso-46

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Estátua de Iracema, na Av. Beira-Mar, em Fortaleza, de Corbiniano Lins. [1]
Em José de Alencar, o índio não teve sorte muito diferente, embora 
seu destino seja apresentado pelo escritor de maneira ambígua. Em O 
Guarani, o herói indígena Peri conduz a sua amada e senhora Cecília à 
salvação. 
Cecília o chama “amigo” durante quase todo o tempo, e ao final, após 
a conversão de Peri ao cristianismo, passa a chamá-lo “irmão”. Peri, 
entretanto, não ousa considerá-la sua amante, e trata-a por “senhora”, 
definindo-se a si mesmo como escravo da branca colonizadora de seu 
coração e de suas terras. 
Ao final, Peri conta a Cecília o mito do índio Tamandaré, que sobe a 
uma palmeira para esperar as águas do dilúvio baixarem para então 
recomeçarem o povoamento da terra. Cecília e Peri também descem da 
palmeira após as águas, mas não para povoar a terra. O índio revela a 
intenção de conduzir a portuguesinha à casa de seus parentes, mas não 
pretende morar com ela. Cecília, por sua vez, não poderia jamais habitar 
com Peri as terras dos selvagens. Qual será o fim de Peri e Cecília? 
Poderão eles viver algum dia em harmonia? Cabe ao leitor imaginar os 
momentos pós-final e desfazer a ambiguidade.
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