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Análise de Iracema e Gonçalves Dias

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Fonte [2]
Iracema, o elemento indígena, também não se salva. A heroína seduz 
o branco e por causa disso assina sua própria sentença de morte. Martim 
tem a posse da terra e da língua que outrora foram dos índios. Poti sofre 
um processo de aculturação tornando-se cristão, passando a chamar-se 
Antônio Felipe Camarão. A cruz dos cristãos alastra-se pela “terra da 
liberdade”. Ao final, Iracema morre, e seu filho mestiço é levado pelo pai. 
A ação da narrativa condena o índio à dominação pelo branco, à 
aculturação, ao extermínio.
Voltando a Gonçalves Dias, ele nos apresenta, além da poesia indianista, 
um lirismo profundamente pessoal, tipicamente romântico, em que se 
mesclam a experiência sentimental e o ideal amoroso. Seus temas e motivos 
líricos se inter-relacionam nos poemas, sobressaindo os seguintes: o amor, 
sentimento poderoso que transforma profundamente os homens; Deus, ser 
supremo e onipotente que atrai os homens a seu seio; a morte, 
acontecimento que promove o reencontro do homem com Deus, numa 
relação de continuidade; a natureza, espaço de conforto e refúgio ao qual se 
integra o homem; e a pátria, reflexo do nacionalismo ufanista de que se 
impregnava a cultura brasileira de meados do século XIX.
O “Prólogo” ao livro de estréia do poeta, Primeiros cantos, contém os 
valores preconizados pelos românticos para a poesia:
PRÓLOGO
Dei o nome de Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque 
espero que não serão as últimas. Muitas delas não têm uniformidade nas 
estrofes, porque menosprezo regras de mera convenção; adotei todos os 
ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram 
quadrar melhor com o que eu pretendia exprimir. Não têm unidade de 
pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas — 
debaixo de céu diverso — e sob a influência de impressões momentâneas. 
Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros 
enegrecidos do Gerez — no Doiro e no Teia — sobre as vagas do Atlântico, e 
nas florestas virgens da América. Escrevi-as para mim, e não para os 
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