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ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO IFANTIL Natália Gomes dos Santos CONHECENDO A DISCIPLINA Deseja ouvir este material? A disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil tem como objetivo apresentar recursos e caminhos para direcionar sua futura prática com as crianças de zero a cinco anos. A educação infantil é uma etapa de ensino assegurada pela legislação que tem uma função crucial para o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos, visto que se configura como a base para a construção dos saberes ao longo da trajetória escolar dos indivíduos. Para que o ensino propiciado nesta etapa aconteça com qualidade, os professores precisam ter uma preparação adequada para que possam estruturar de forma efetiva suas práticas pedagógicas. Por meio dos estudos, você compreenderá o impacto do contexto social, histórico e educacional da respectiva etapa de ensino analisada e compreenderá também quais são as principais políticas educacionais que subsidiam o trabalho desenvolvido na educação infantil. Os aspectos teóricos apresentados nesta obra te auxiliarão no entendimento da concepção de infância ao longo do tempo. Você também vai se apropriar dos aportes científicos que dão suporte para a compreensão do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças e das práticas que devem ser realizadas para que elas tenham sucesso nesses campos. A partir das discussões deste material, você compreenderá as diversas formas de organizar, planejar e estruturar as atividades realizadas na educação infantil e também vai refletir sobre a importância da adequação das práticas aos arranjos curriculares, os quais favorecem a efetivação dos direitos de aprendizagem. Para que você tenha acesso às competências mencionadas anteriormente, o livro está organizado em quatro unidades. Na primeira, você realizará uma análise sobre a educação infantil no Brasil, a partir de discussões sobre a concepção de infância, organização desta etapa de ensino e compreensão sobre o papel da legislação educacional para a efetivação da aprendizagem. Na segunda unidade, você terá a oportunidade de refletir sobre as concepções e finalidades da educação infantil, a partir da articulação entre as infâncias e as tendências pedagógicas e dos objetivos e propostas educacionais voltadas ao trabalho com as crianças de zero a cinco anos. Na terceira unidade, as discussões serão sobre a interface entre a educação infantil e a Base Nacional Comum Curricular, para se compreender os eixos estruturantes, os direitos de aprendizagem e o modo como deve se estruturar o trabalho pedagógico nesta etapa de ensino. Por fim, a quarta unidade abordará a avaliação na educação infantil, de modo que serão propiciadas reflexões sobre como deve ser feita a avaliação das crianças, a forma de registrar e documentar os resultados de aprendizagem e o papel da avaliação no processo para os avanços pedagógicos. Estudante, este material foi construído para que você reflita sobre o funcionamento da educação infantil e compreenda a importância do seu futuro papel para a promoção de uma aprendizagem significativa. Será um espaço de muitas experiências e trocas. NÃO PODE FALTAR UNIDADE1 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E INFÂNCIA NO BRASIL INFÂNCIA NO BRASIL Natália Gomes dos Santos O QUE SIGNIFICA INFÂNCIA? Ao longo deste material, veremos que a percepção sobre a infância vem se alterando ao longo do tempo, mediante mudanças históricas, econômicas, sociais e educacionais. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? CONVITE AO ESTUDO A educação infantil é uma etapa de ensino que gera muita curiosidade ao futuro pedagogo. É um momento de descobertas e experiências em que o lúdico e a construção de saberes se fazem presentes, tanto para as crianças quanto para os professores. Para que esse trabalho aconteça de forma adequada, o docente deve ter conhecimentos sobre o que antecedeu a configuração da educação infantil que temos atualmente, assunto que estudaremos nesta unidade. Na primeira seção, a reflexão será sobre como a criança era entendida desde o período colonial e como as percepções sobre ela foram se alterando ao longo do tempo. Compreenderemos de que forma os contextos social, político e econômico influenciaram a maneira como a criança é enxergada e atendida no contexto brasileiro. Também teremos inúmeros espaços para uma análise crítica, para que possamos problematizar como as desigualdades afetam a vida dos pequenos brasileiros. Entenderemos como a educação infantil avançou com o rompimento da perspectiva assistencialista e observaremos quais foram as primeiras instituições que atenderam as crianças no país. Na segunda seção, analisaremos a importância das políticas educacionais para a educação infantil, verificando como elas foram se constituindo ao longo dos momentos históricos. Traçaremos um panorama dos avanços que as normativas propiciaram para o trabalho com as crianças e as lacunas que ainda existem hoje, as quais dificultam a universalização da educação infantil. Vamos conhecer como alguns documentos tratam do assunto: Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Estatuto da Criança e do Adolescente. Também vamos analisar quais são as orientações internacionais para o atendimento da educação infantil e como elas são implementadas no contexto brasileiro. Na última seção, estudaremos as especificidades das diferentes possiblidades de oferta na educação infantil, como creche e pré- escola. Compreendemos como ocorre o regime de colaboração entre os munícipios, estados e a União, e perceberemos quais são as condições fundamentais para que a educação infantil seja ofertada para oportunizar o desenvolvimento das crianças. E, por fim, estudaremos as diferentes possibilidades de funcionamento da educação infantil no país, analisando como o trabalho pode ser desenvolvido em tempo integral, parcial e as diferenças na estruturação de turmas e grupos, visando atender às necessidades das diversas faixas etárias do público-alvo desta etapa de ensino. Por meio deste breve panorama, já é possível observar quantos assuntos fundamentais trataremos neste estudo inicial. Será o começo de vários questionamentos e aprendizados. PRATICAR PARA APRENDER Iniciaremos nossas análises nesta disciplina destacando que ela tem um papel fundamental na carreira que você escolheu, pois o pedagogo é o profissional habilitado para direcionar as práticas pedagógicas na educação infantil. Na primeira seção, faremos um resgate no tempo para compreender como a educação infantil se constituiu no Brasil. O modo como a criança é entendida, seu papel social e as implicações da realidade em que ela está inserida são aspectos importantes para verificar como o sistema de ensino organiza os processos de aprendizagem. No entanto, essa preocupação nem sempre fez parte da vida de milhares de crianças brasileiras, e a história nos mostra que os direitos atuais dessa parcela da população são resultados de inúmeras lutas. Para que possamos manter os avanços já conquistados e alcançar novos, é fundamental analisar as concepções de infância, o modo como a criança foi entendida ao longo do tempo, os diversos contextos que impactaram as decisões e ações sobre a educação dos pequenos, a ruptura com uma perspectiva filantrópica e assistencialista e o conhecimento sobre as primeiras instituições de educação infantil no Brasil. O contexto de aprendizagem desta unidade se refere à realidade da pedagoga Rafaela, que trabalha no Centro de Educação Infantil Cecília Meireles. Ela organiza o processo de gestão da escola e também auxilia os professores com o planejamento das turmas, sempre em busca de articulação entre as práticas pedagógicas e o currículo da escola. Rafaela começoua ficar intrigada com a fala de alguns docentes, pois muitos desses profissionais tinham uma visão de infância equivocada e entendiam que a criança deveria realizar atividades que, muitas vezes, não coincidiam com sua faixa etária. Em outros casos, os professores compreendiam o trabalho na educação infantil como um cuidado assistencial, perdendo, em muitos momentos, o caráter educacional. Preocupada com esta situação, a pedagoga conversa com a diretora Helena e, juntas, organizam uma formação continuada na escola para que os docentes possam refletir sobre a constituição da educação infantil no Brasil. A formação intitulada “Conhecer a história para compreender a criança” acontecerá em três momentos, nos quais serão resgatados os avanços e desafios da educação infantil em seus aspectos históricos, políticos e sociais. Nesta primeira seção, a situação-problema vivenciada é o primeiro encontro da formação continuada, em que a professora Carolina foi convidada para ministrar os estudos sobre a temática do papel da criança na realidade brasileira. A docente relata a necessidade de conhecer todo o contexto que impulsionou a educação infantil até os dias atuais para compreender como a criança era vista em momentos anteriores e como ocorreram as mudanças nessa visão ao longo dos anos. Após sua fala inicial, a professora indicou algumas leituras e pediu para os docentes refletirem sobre três questões: Quais foram os conceitos de infância ao longo da educação brasileira e o que se modificou no processo? Como os contextos sociais, históricos e econômicos impactaram a infância das crianças brasileiras? Quais foram as primeiras instituições de educação infantil no país? Elas contribuíram para a configuração da educação na atualidade? Agora é com você! Se coloque no lugar dos professores e reflita sobre os questionamentos apresentados. Você realizará discussões novas, instigantes e que vão auxiliá-lo na construção dos saberes docentes. Espero que você extraia deste momento conhecimentos, experiências e reflexões para que o passado seja ressignificado e o futuro seja aperfeiçoado. CONCEITO-CHAVE OS ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS QUE PERPASSARAM AS CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA NO BRASIL Para você, o que significa infância? Quais são as implicações de ser criança e como se modificou o entendimento sobre este conceito ao longo do tempo? É importante refletir que nem sempre a criança foi compreendida como um sujeito de direitos sociais. A percepção sobre a infância vem se alterando constantemente, mediante mudanças históricas, econômicas, sociais e educacionais. Por meio deste contexto, observa-se a relevância de todos os professores realizarem análises sobre como a criança foi sendo compreendida ao longo da história, para que nos dias atuais, em todos os espaços sociais, ela tenha condições efetivas de se desenvolver e de ser protagonista das suas ações. CRIANÇA COMO ADULTO EM MINIATURA No que tange a um regaste histórico, verifica-se que a criança no Brasil Colônia era compreendida como uma “folha em branco” que deveria incorporar conhecimentos religiosos e disciplinares. A concepção de infância como adulto em miniatura ainda se fazia presente naquele momento e tais indivíduos não haviam ganhado um espaço de centralidade no seu próprio desenvolvimento e aprendizagem (ÁRIES, 1981). Encontravam-se diferenças de ensino entre as crianças brancas, filhas de portugueses enviados para colonizar as terras brasileiras, e as crianças nativas. Para as crianças brancas, o ensino deveria perpetuar os costumes e preservar a classe a que pertenciam. Já as crianças indígenas tinham acesso à instrução, doutrinação e imposição da cultura europeia, sem qualquer consideração ao conhecimento e às crenças dos seus povos, os quais já se encontravam aqui. Nesse momento, temos o início da construção da desigualdade no país (CHAMBOULEYRON, 2010). Outra questão que perpassa o entendimento da realidade da criança na colonização eram os altos percentuais de mortalidade infantil. Isso era efeito da realidade precária de vida de inúmeras famílias que eram assoladas por enfermidades, tais como: sarna, impige, sarampo etc. A eficácia dos medicamentos existentes na época era mínima e as enfermidades levavam inúmeras crianças ao óbito. Outro dado sobre este período diz respeito aos castigos físicos aos quais as crianças eram submetidas. Tais castigos eram fruto das ações jesuítas e foram introduzidas no século XVI. Registros apontam que esse ato era repudiado pelos indígenas, os quais entendiam o ato de corrigir como afetuoso, e não punitivo. Até mesmo em momentos de ensino, como observado nas Aulas Régias, que ocorreram no século XVIII, o modo de corrigir os alunos era a palmatória. Essa difícil realidade já vivenciada no Brasil é apresentada para que possamos pensar a relevância do direito humano da criança e a necessidade da manutenção e preservação desse direito. É preciso refletir sobre o passado para ressignificar o presente, considerando que “fome, abandono, instabilidade econômica e social deixaram marcas em muitas crianças” (PRIORE, 2010, p. 98). Quando analisamos as concepções de infância e os impactos dos diferentes contextos na vida das crianças brasileiras ao longo da história, é inevitável a discussão sobre classe social. O Brasil tem em suas marcas a divisão da sociedade por grupos que possuem interesses e realidades antagônicas. Isso também se reflete na vida das crianças, pois as condições econômicas que favorecem o desenvolvimento infantil interferem diretamente no modo como a criança se constitui. Segundo Mauad (2010), no final do século XVIII as crianças da elite se vestiam como os adultos e tinham acesso a brinquedos, livros e instrumentos musicais. Em contrapartida, a vida das crianças escravizadas não era igual, pelo contrário. Nessa época, muitas não chegavam à vida adulta, por conta de maus tratos e negligência. Os estudos de Góes e Fiorentino (2010) apontam que várias crianças não completavam cinco anos de idade. Os pequenos que não faleciam eram separados de seus pais e, em vários casos, tornavam-se órfãos. Diferentemente das crianças ricas, as escravizadas viviam em uma realidade precária, com poucos recursos de higiene e alimentação. No lugar dos brinquedos encontravam ferramentas para o trabalho nas lavouras e na casa-grande. Esses fatores de desigualdade devem fazer parte das nossas análises, pois ainda vivemos em uma sociedade com resquícios escravocratas, em que os recursos financeiros determinam as condições de vida de várias crianças. NECESSIDADE DE DIFERENCIAR A CRIANÇA DO ADULTO No Ocidente, em meados dos séculos XVIII e XIX, a noção de infância estava vinculada à necessidade de diferenciar a criança do adulto. Nesse processo, a família tinha o papel de propiciar as condições básicas de subsistência, e a mulher era a principal responsável pelo cuidado dos filhos (ANDRADE, 2010). TRABALHO INFANTIL Com a modernização do país e o desenvolvimento industrial, a partir da década de 1930, as crianças da classe trabalhadora não tiveram uma infância fácil. Os pequenos encontravam-se nas fábricas, exercendo atividades manuais por várias horas e com uma remuneração pequena. Dessas crianças eram retiradas as possibilidades de acolhimento, cuidado e educação. Elas eram inseridas neste contexto para atendimento dos interesses dominantes. Também vale destacar que neste momento histórico as poucas prerrogativas legais que asseguravam a proteção dos pequenos brasileiros não se efetivavam na realidade. Na zona rural, as crianças também eram submetidas aos trabalhos no campo, tanto para o auxílio da agricultura familiar como para o desenvolvimento de produção das fazendas no país. A exigência das crianças pobres aos afazeres laborais era uma demanda do contexto capitalista, “[...] o qual gera pobreza e cria as condições para a reprodução do fenômenoda inserção precoce de crianças no trabalho” (FEITOSA; DIMENSTEIN, 2004, p. 62). O trabalho infantil é um tema sério que deve ser até hoje problematizado. A construção da sociedade que temos foi fruto da participação infantil na indústria, considerando que as crianças realizavam atividades laborais em espaços insalubres e com longas jornadas. O período marcado pela ditadura militar, de meados de 1960 a 1980, foi outro momento difícil para as famílias e crianças pobres. A situação era grave por conta da inexistência de recursos, da falta de políticas democráticas, da falta de educação e da inserção dos pequenos brasileiros no trabalho. Na atualidade, temos direitos garantidos para as crianças brasileiras e o trabalho infantil é proibido por lei. Entretanto, segundo os dados demográficos do censo de 2010, registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de três milhões de pessoas entre 10 e 17 anos exerciam atividades laborais (BRASIL, 2010). NECESSIDADE DE ASSEGURAR A DIGNIDADE HUMANA A partir das discussões sobre a necessidade de assegurar a dignidade humana, a infância ganhou espaço significativo e o direito às condições básicas de subsistência começou a se materializar nas políticas públicas. Todo esse percurso é circunscrito de contradições, precariedades e lutas. Assim, as diversas concepções de infância encontram-se entrelaçadas com a realidade social. DIMENSÕES INDIVIDUAL E COLETIVA DE INFÂNCIA A infância é uma condição de ser criança, de modo que ela se constitui a partir da realidade objetiva e das relações estabelecidas. “O termo infância apresenta um caráter genérico, cujo significado resulta das transformações sociais, o que demonstra que a vivência da infância modifica-se conforme os paradigmas do contexto histórico e outras variantes sociais como raça, etnia e condição social” (ANDRADE, 2010, p. 55, grifo do original). De acordo com Júnior e Vasconcellos (2017), a infância pode ser analisada por dois vieses: a dimensão individual, que está vinculada a um período da vida do indivíduo, e a dimensão coletiva, referindo-se ao conjunto de crianças que vivem em determinado contexto. Destaca-se que na própria dimensão coletiva se encontram diferenças, pois, como apontado anteriormente, ser uma criança rica no Brasil coloca o indivíduo em uma condição de privilégio em comparação com uma criança pobre. REFLITA Muitas vezes analisamos determinada situação com base em nossas experiências e o que já ouvimos falar sobre. No que se refere à infância e ao papel da criança, podemos já ter ouvido que se refere ao “melhor momento da vida” ou “é uma fase que não precisa se preocupar”. Atualmente, nossas crianças são entendidas como sujeitos de direito e devem ter condições para se desenvolver e aprender, entretanto nem sempre foi assim, como já vimos. A partir do exposto e considerando sua futura prática, como você enxerga a função do professor na luta pelos direitos das crianças? Deste modo, devemos analisar a concepção de infância a partir do contexto histórico, social, político e econômico para que possamos desconstruir ideais que atribuem a responsabilidade da condição de vida da criança a ela ou à sua família. Constatamos que as precariedades sociais e estruturais da nossa realidade impactam a vida dos pequenos brasileiros ao longo da história, e todo educador deve considerar essa conjuntura para que possa lutar por possibilidades educacionais que rompam com essa lógica. AS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E O ROMPIMENTO COM A PERSPECTIVA ASSISTENCIALISTA NO PAÍS No passado, o cuidar e o educar eram vinculados diretamente à família, em especial, era uma função exercida exclusivamente pela mulher. Os serviços da educação infantil iniciaram a partir do desenvolvimento industrial, pois homens e mulheres tinham extensas jornadas de trabalho e as crianças que ainda não tinham condições de acompanhar seus pais nos serviços laborais precisavam de algum local para ficar. Essas instituições eram, na maioria dos casos, de caráter filantrópico e tinham a finalidade de ofertar aos pequenos cuidados enquanto os pais estavam nas fábricas. As instituições confessionais também apresentaram significativa participação. Vinculadas à fraternidade e caridade, essas instituições tinham práticas que valorizavam a moralidade, obediência e devoção (OLIVEIRA, 2011). A ainda era marcada pelo caráter filantrópico dos serviços voltados às crianças, entretanto já se encontravam posicionamentos e perspectivas que compreendiam o papel da educação e a necessidade de os pequenos brasileiros terem acesso aos espaços educativos. Vale ressaltar que vários estudiosos europeus já haviam pontuado em séculos anteriores a importância da atenção às necessidades das crianças. Entre esses pensadores, podemos analisar as contribuições de Jean-Jacques Rousseau, as quais explicitam a valorização que deveria se ter sobre a educação na primeira infância, visto que esse era um momento da vida do sujeito que deveria prepará-lo para a vida adulta e por isso seu desenvolvimento deveria ser estimulado (OLIVEIRA, 2011). Em meados da década de 1930 foram criados parques infantis que tinham o objetivo de atender crianças de três a sete anos dando-lhes o acesso à higiene e alimentação. Segundo Brites (2000), os parques infantis eram localizados em São Paulo e se configuravam como espaços privilegiados. Vale ressaltar que a educação estava vinculada a ensinamentos de moral e bons costumes e não tinha caráter ou perspectiva pedagógica. Os profissionais que atuavam nestes parques eram principalmente da área da saúde. Na metade desta década, o governo federal toma para si a responsabilidade pelos parques e o foco passa a ser na formação de cidadãos que se encaixavam na lógica política e econômica do país. Deste modo, os espaços eram destinados para o atendimento de crianças da classe trabalhadora e os serviços prestados tinham caráter assistencialista. ASSIMILE Vamos retomar a questão do assistencialismo na educação infantil. Essa perspectiva fez parte do atendimento das crianças por muito tempo, em que os cuidados com higiene e alimentação eram o foco dos serviços voltados para os pequenos. Não estamos questionando a relevância dos cuidados com a criança, pois isso também é um direito garantido na legislação e na organização da educação infantil. Entretanto, a assistência não pode ser tomada como única via de atendimento. Estudos apontam que o desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem desde o nascimento, de modo que a criança se humaniza ao ter contato com a cultura e com o outro. Sendo assim, um trabalho educativo deve acontecer com as crianças de zero a cinco anos de modo planejado e sistematizado, subsidiado pelas normativas curriculares. Você deve ter isso sempre em mente. Educação é o ponto central, e nossas crianças devem ter todas as condições para aprender. Houve uma ampliação das necessidades de organizar espaços para o acolhimento das crianças, visto o aumento da inserção de muitas brasileiras no mercado de trabalho. Desta forma, a década de 1960 é marcada pela expansão de atendimento com novas modalidades de serviços. Essas instituições eram públicas, privadas, filantrópicas, com diversas denominações (jardins de infância, escolas maternais, parques infantis, entre outros), no entanto todas tinham um mesmo viés: o assistencialismo. Vale destacar que na década de 1970 se iniciou um momento alicerçado pelas pesquisas sobre a infância e o desenvolvimento da criança. Nos estudos era apregoada a relevância de se pensar em uma educação de cunho pedagógico, que priorizasse a estimulação e construção de habilidades que se tornariam a base para o percurso escolar, evitando a elevada evasão na escola. Também estava em pauta o debate sobre a educação compensatória, visto que as crianças das classes populares se encontravam em desvantagem em comparaçãocom as crianças da elite brasileira. É fundamental ressaltar que essa desvantagem não era derivada de uma falta e/ou culpa da criança pobre, mas sim por conta da conjuntura social injusta que não dava oportunidade para todos, tampouco o mesmo acesso aos bens materiais e culturais. “Neste momento, aumentaram as críticas quanto aos parques infantis, pois se considerava que eles eram estritamente assistenciais e que não ajudavam as crianças em suas dificuldades de aprendizagem” (SILVA, 2014, p. 19). É necessário destacar que a quebra com a perspectiva assistencialista na educação infantil e a necessidade de espaços de qualidade para atendimento das crianças foi fruto de lutas de inúmeros movimentos sociais. No período da ditadura militar não se tinha a preocupação com a educação dos pequenos, algumas iniciativas eram de disponibilizar nas escolas primárias classes extras para acolher as crianças, sem estrutura para um trabalho efetivo e preocupado com as reais necessidades deste público. A partir da luta por garantia de condições tanto para mães trabalhadoras quanto para as crianças, começou um embate para se assegurar uma “pré- escola pública, democrática e popular” (KUHLMANN JR., 2000, p. 11). EXEMPLIFICANDO Articulando teoria e prática, podemos resgatar a discussão sobre a ruptura com a perspectiva assistencialista para auxiliar o trabalho em sala de aula. Muitas pessoas ainda acreditam que o atendimento dos bebês na educação infantil é apenas o de cuidar, a partir das ações em relação à alimentação, sono e higiene. Entretanto, a organização das práticas deve ser, principalmente, de caráter pedagógico, pois o momento do brincar, da contação de histórias e da estimulação são vivências que as crianças têm o direito de experimentar. Vale ressaltar que cuidar e educar são realizados de forma concomitante e devem possuir objetivos pedagógicos. Muitas atividades são realizadas com os bebês e tornam-se experiências educativas fundamentais para o seu desenvolvimento e aprendizagem. De acordo com Rosemberg (2003), os movimentos de luta pretendiam dar a oportunidade de um atendimento de caráter educacional que vislumbrava na educação infantil uma possibilidade de combate às desigualdades. As justificativas para a expansão da educação infantil em um caráter educativo permeavam a relevância dessa etapa de ensino para a minimização da pobreza e melhora dos estudos das crianças no ensino fundamental. Vale ressaltar que o poder público implementou um modelo de educação infantil próximo ao que temos atualmente e a ampliação dos investimentos foi acompanhada pela expansão das políticas sociais. O final da década de 1980 foi um marco para a sociedade brasileira. Com o fim da ditadura militar e o entendimento social de que os direitos humanos deveriam ser assegurados, começou um novo momento no país. Ele foi marcado pela Constituição Federal de 1988 que assegura, até a atualidade, os direitos sociais de todos os brasileiros. Esse momento é crucial para o rompimento da educação infantil em um viés assistencialista, pois ela é apresentada na Carta Magna como “uma extensão do direito universal à educação para as crianças de 0 a 6 anos e um direito de homens e mulheres trabalhadores a terem seus filhos pequenos cuidados e educados em creches e pré-escolas” (ROSEMBERG, 2003, p. 183). A ampliação de pesquisas sobre a educação infantil gerou avanços no que diz respeito à necessidade de desvincular esta etapa de ensino do quadro assistencialista. Os centros de pesquisa produziram conhecimentos que trouxeram à tona a relevância de se olhar para as infâncias e considerar a criança como sujeito que se apropria e produz cultura e conhecimento, devendo ser valorizados os saberes que a ela traz consigo. É neste contexto que o caráter educacional da educação infantil ganha espaço e as políticas foram construídas para a ampliação de oferta da respectiva etapa de ensino. Também se observa a discussão sobre a relevância de formação de professores para a atuação com crianças e de se estruturar normativas curriculares para o atendimento deste público (KRAMER, 2006). A quebra da perspectiva assistencialista, que tem seus requisitos até a atualidade, acontece quando se compreende que a educação é um direito prioritário da criança para ela se desenvolver e aprender, e não apenas um espaço de cuidado enquanto os pais exercem as atividades laborais. Vale destacar o desafio de se entender a educação infantil em uma perspectiva educacional por duas questões: a primeira se refere à falta de qualificação dos professores para atuarem com os pequenos brasileiros e a segunda estava relacionada com o perfil maternal que perpassava a atuação das docentes. Esse último ponto era fortemente presente, pois, na história, a docência era exercida predominantemente pelas mulheres e se tinha uma ideia de que elas, por conta das responsabilidades com a família, tinham maiores condições de atuação e cuidado com os pequenos (KUHLMANN JR., 2000). A força do debate sobre a necessidade da educação das crianças estava sustentada por pesquisas educacionais. De acordo com Kramer (2006), o acesso às creches e pré-escolas potencializava o desenvolvimento de seu público. Sendo assim, as crianças se inseriam no ensino fundamental com uma bagagem de saberes que dava suporte para a continuidade de seus estudos de forma efetiva. Entretanto, os desafios para que ela se universalizasse foram grandes, e um deles é a falta de investimentos para atender a ampliação dos espaços, a formação dos professores e a articulação entre o cuidar e o educar, de modo que o primeiro citado não extrapole as práticas do último. POR DENTRO DA BNCC Você sabia que a BNCC apresenta os direitos de aprendizagem das crianças? Eles são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Esses direitos refletem o modo com a criança é entendida na atualidade, ou seja, um indivíduo com potencial que teve ter condições de se desenvolver e aprender. Mas, nem sempre foi assim na história da educação. As primeiras instituições tinham um caráter de assistência que não atendida às necessidades educativas. Sendo assim, os direitos que encontramos na BNCC são reflexos de mudanças nos processos sociais, históricos e educacionais do modo de compreender a infância, e para que possamos manter e melhorar as condições de educação dos nossos pequenos brasileiros é necessário olhar de forma crítica para tudo que antecedeu o momento atual. Para que seja garantido do acesso à educação infantil e a concretização de práticas educacionais, é preciso: Constante diálogo entre os centros de pesquisa que investigam os desafios e as possibilidades. Responsabilidade efetiva do poder público no suporte ao acesso, permanência e sucesso escolar. Problematização e reivindicação da sociedade sobre os diretos das crianças ao ensino gratuito e de qualidade. Assim, para que a educação infantil seja ofertada de forma efetiva é necessário: Considerar sua estruturação e articulação com o ensino fundamental, a partir do foco de uma transição que favoreça o aprendizado. Consolidar as normativas curriculares e o suporte do Ministério da Educação e das secretarias para a efetivação de práticas pedagógicas concretas. Avaliar a implementação de políticas educacionais voltadas para a educação infantil, visando realizar um balanço do que se materializou e do que ainda precisa acontecer na realidade (KRAMER, 2006). Atualmente, os centros de educação infantil podem ser de caráter público e privado. Sobre os serviços gratuitos, eles estão sob a atuação prioritária das instâncias municipais e recebem recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Os serviços ofertados nestes espaços devem ser subsidiados pelas normativas curriculares, tais como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quese configura como um documento norteador para a elaboração dos currículos escolares. Se examinarmos os atendimentos às crianças no passado até os dias atuais vamos nos deparar com inúmeros avanços no que diz respeito ao reconhecimento das singularidades e dos direitos desses brasileiros. Entretanto, ainda nos deparamos com vários desafios e lacunas que permitem a manutenção de desigualdades de atendimento e acesso, causando prejuízos severos para o público que compõe a classe popular. Tanto no âmbito das práticas quanto no âmbito das políticas nota-se a relevância de análise crítica de todos os sujeitos, pesquisadores, profissionais da educação, representantes governamentais e sociedade civil, para que todas as crianças, independentemente da classe e condição social em que vivem, tenham o direito ao ensino garantido na política e na realidade. FOCO NA BNCC A BNCC apresenta aprendizagens essenciais que os educandos devem se apropriar, sendo assim os direitos de aprendizagem e os campos de experiências foram formulados considerando as necessidades das crianças, seu desenvolvimento e faixas etárias. Isso só foi possível por conta de um processo histórico de concepções e paradigmas que foram desconstruídos e reconstruídos para que hoje possamos considerar as crianças no centro do processo. Dentre os direitos de aprendizagem podemos citar o de “expressar” em que a criança pode dialogar, descobrir e expor suas dúvidas e opiniões de diversas formas. Agora a criança tem o direito de se colocar no mundo como cidadã. É importante considerarmos que todos os processos históricos e as concepções de infância impulsionaram mudanças e melhorias para se pensar a educação das crianças de zero a cinco anos. Quantos pontos importantes estudamos juntos, não é verdade? Estudamos aspectos históricos para compreender a atualidade. Também analisamos o quanto é fundamental problematizar a conjuntura social, sem julgar os sujeitos, pois ainda é preciso caminhar mais para que todas as crianças tenham seus direitos de aprendizagem garantidos. FAÇA A VALER A PENA Questão 1 Sobre a infância, leia o excerto a seguir: “A importância da infância ainda é, de uma forma geral, uma perspectiva pouco con¬siderada tanto na produção acadêmica quanto nas decisões políticas e econômicas das sociedades em geral. Demonstra, assim, que é possível e necessário conectar a infância às análises sociais e econômicas, incluindo-a e compreendendo-a como uma categoria coprodutora da realidade social” (JÚNIOR; VASCONCELLOS, 2017, p. 274). Como podemos observar na citação, ainda encontramos inúmeros desafios sobre o entendimento da infância. Entretanto, no passado a situação era ainda mais delicada. Considerando a criança no período colonial, avalie as afirmativas a seguir: I. As crianças eram compreendidas como adulto em miniatura e as instruções dadas a elas eram modeladoras e disciplinares. II. As crianças tinham o mesmo tratamento e condição de subsistência, independentemente de sua classe social. III. As crianças eram entendidas como cidadãos em potencial e por isso foram inseridas no processo de trabalho industrial para favorecer o desenvolvimento social. É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. I e II, apenas. c. I, II e III. d. II, apenas. e. III, apenas. Questão 2 “Como ensinar solidariedade e justiça social, respeitar as diferenças e atuar contra a discriminação e a dominação? Estão nossas crianças e jovens aprendendo a rir da dor do outro, a humilhar, a serem humilhadas, a não mais se sensibilizar? Perdemos o diálogo? Como recuperá-lo? As práticas, desenvolvidas com as crianças, humanizam-nas?” (KRAMER, 2006, p. 812). Esse excerto se refere à problematização sobre a configuração da educação infantil no Brasil. Sabe-se que as mazelas sociais e as diferenças no acesso aos bens materiais e imateriais assolam a vida de todos os brasileiros. Nossas crianças se constituem neste contexto e por isso uma educação de qualidade deve ser possibilitada para que esse cenário se modifique. No que se refere ao papel dos movimentos sociais na luta pela educação, avalie as asserções e a relação proposta entre elas: I. No período da redemocratização, os movimentos sociais tiveram papel preponderante para a garantia dos direitos das crianças PORQUE II. A luta mobilizada pelos movimentos considerava as necessidades das crianças em terem acesso a um ensino que potencialize o desenvolvimento e a aprendizagem. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-1%20.item-1 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-1%20.item-2 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-1%20.item-3 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-1%20.item-4 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-1%20.item-5 a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. Questão 3 De acordo com Andrade (2010, p. 131): “As políticas públicas para a infância brasileira do século XIX até as primeiras décadas do século XX são marcadas por ações e programas de cunho médico-sanitário, alimentar e assistencial, predominando uma concepção psicológica e patológica de criança, inexistindo um compromisso com o desenvolvimento infantil e com os direitos fundamentais da infância”. Sobre o rompimento da perspectiva assistencialista no Brasil, avalie as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso: ( ) O assistencialismo perdeu força na realidade brasileira a partir das discussões sobre a relevância da ênfase educacional no atendimento das crianças. ( ) O assistencialismo foi retirado do cenário brasileiro a partir da reivindicação do poder público que pretendia assegurar financeiramente todas as necessidades educativas. ( ) O assistencialismo foi problematizado, pois houve o reconhecimento de que o espaço educativo deve possibilitar o pleno desenvolvimento da crianças. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a. V-V-F. b. V-V-V. c. F-F-F. d. F-V-F. https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-1 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-1 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-2 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-3 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-4 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-2%20.item-5 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-3%20.item-1https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-3%20.item-2 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-3%20.item-3 https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html#accordion-3%20.item-4 e. V-F-V. REFERÊNCIAS AGUIAR JÚNIOR, V. S.; VASCONCELLOS, L. C. F. A importância histórica e social da infância para a construção do direito da saúde no trabalho. Revista saúde e sociedade. São Paulo, v. 26, n.1, p. 71-285, 2017. ANDRADE, L. B. P. Tecendo os fios da infância. In: ANDRADE, L. B. P. (Org.). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p. 47-77. ÁRIES, P. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. BRITES, O. Crianças de Revista (1930/1950). Educação e pesquisa. São Paulo, v. 26, n. 1, p. 161-176, 2000. CHAMBOULEYRON, R. Jesuítas e as crianças no Brasil quinhentista. In: PRIORE, M. D. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 55-83. FEITOSA, I. C. N.; DIMENSTEIN, M. Trabalho infantil e ideologia nas falas de mães de crianças trabalhadoras. Estudos e pesquisa em psicologia. Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 58-65, 2004. 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PRIORE, M. D. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 84-106. ROSEMBERG, F. Sísifo e a educação infantil brasileira. Pró- Posições. Campinas, v. 14, n. 1, p. 177-194, 2003. Bons estudos! FOCO NO MERCADO DE TRABALHO CINFÂNCIA NO BRASIL CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E INFÂNCIA NO BRASIL Natália Gomes dos Santos FORMAÇÃO CONTINUADA Você refletirá sobre o papel da criança na realidade brasileira. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? SEM MEDO DE ERRAR A situação-problema desta seção se refere ao início do curso de formação intitulado “Conhecer a história para compreender a criança”. Nele, a professora Carolina aborda o contexto que impulsionou a educação infantil até os dias atuais. A proposta para esse primeiro encontro foi a realização de algumas leituras e reflexões sobre três questões levantadas por Carolina, e agora, após nossos estudos, vamos nos colocar no lugar dos docentes para resolver esses desafios. O primeiro questionamento se refere à concepção de infância ao longo da educação brasileira e o que se modificou ao longo desse processo. Com base na literatura, verificamos que no passado as crianças eram compreendidas como adultos em miniatura e as instruções voltadas a elas deveriam moldá-las a partir de pressupostos morais, doutrinadores e disciplinares. Os professores também devem destacar nas análises que as condições de desigualdades entre as crianças acontecem desde o período colonial, em que membros da elite tinham possibilidade de manter a condição social em que viviam, enquanto os pequenos escravizados sobreviviam em situações precárias e a manutenção de suas vidas tinha o objetivo de continuar servindo aos senhores. O olhar para a criança passa a ocorrer nas primeiras décadas do século XIX, com influência de estudos realizados por teóricos europeus, que apontaram a relevância de considerar as especificidades das crianças e o olhar para seu desenvolvimento. A luta por direitos e a realização das pesquisas sobre infância foram cruciais para a modificação da compreensão dessa etapa da vida humana. A criança não é um sujeito inferior ao adulto e não deve ser um depósito de costumes e conhecimentos, mas sim um cidadão que deve ter acesso aos saberes para se constituir e atuar de forma significativa. Outro questionamento realizado por Carolina foi sobre o modo como os contextos sociais, históricos e econômicos impactaram a infância das crianças brasileiras. O primeiro ponto que deve ser abordado pelos docentes é a influência econômica e a estrutural como base na atuação de todos os indivíduos na sociedade. A realidade brasileira sempre foi dividida entre os que detinham os recursos materiais, os explorados e os que vendiam sua mão de obra para sobreviver. Esse contraste se reflete no modo como as pessoas são vistas e nas oportunidades dadas a elas. As crianças fazem parte deste contexto e a classe social à qual pertencem também direciona o modo como terão (ou não) acesso aos bens econômicos e culturais. Os docentes devem problematizar essa realidade para não fazerem análises preconceituosas sobre seus alunos. Muitas crianças chegam aos espaços educativos sem nunca terem contato com livros antes, letras e outros aspectos ligados ao ensino. Isso pode colocá- las em desvantagem em comparação com crianças de classes sociais abastadas que possuem tais acessos deste o berço. O exercício que os professores precisam ter é o de não culpabilizar a criança e sua família por sua condição, mas questionar as injustiças que impossibilitam o acesso para tantos. Esse é o primeiro ponto para se avançar nas lutas e melhorias de uma educação infantil efetivamente universalizada. Por fim, o último questionamento do encontro foi sobre as primeiras instituições de educação infantil no país. A partir das leituras, os professores poderão perceber que os primeiros serviços eram de caráter assistencialista, propiciando um local para acolher as crianças enquanto seus pais trabalhavam nas indústrias. A contribuição foi o questionamento sobre esses serviços, pois tanto os pesquisadores sobre a infância quanto os movimentos sociais compreendiam que a educação infantil não deveria ser um direito apenas dos pais, mas das crianças. PESQUISE MAIS Para que você amplie ainda mais seus conhecimentos sobre a temática que estamos trabalhando, sugerimos a leitura de um trecho do livro denominado Tecendo os fios da infância, de Lucimary Bernadé Pedrosa de Andrade. O trecho sugerido é intitulado “Infâncias e crianças” (p. 47-55) e retrata o panorama de como as concepções foram se modificando. ANDRADE, L. B. P. Tecendo os fios da infância. In: ANDRADE, L. B. P. (Org). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p. 47-77. AVANÇANDO NA PRÁTICA O FOCO NO TRABALHO PEDAGÓGICO COM OS BEBÊS Mariana é estudante de pedagogia e está realizando seu estágio no Centro de Educação Infantil Pedro Bandeira. Ela acompanhará as atividades da sala da professora Laura, que atua com este público há 35 anos. Laura apresenta para Mariana o planejamento pedagógico e como se configura a rotina da turma, visto que os alunos que ela atende possuem 1 ano de idade. Mariana agradece a disponibilidade e atenção da professora e questiona como ela estrutura as práticas dando o enfoque na perspectiva pedagógica e não assistencialista, já queo trabalho com os bebês requer cuidados de higiene e alimentação. A partir dessa indagação de Mariana, se coloque no lugar de Laura e responda para a estagiária quais foram as mudanças e quais são as possíveis modificações sobre o trabalho com ênfase no âmbito pedagógico. RESOLUÇÃO Laura pode iniciar sua conversa com Mariana relatando que, quando começou sua atuação com os bebês na década de 1980, o trabalho com a educação infantil tinha um viés de cuidado e acolhimento, que se configurava como um direito dos pais de ter um espaço para as crianças ficarem, enquanto eles trabalhavam. No entanto, discussões surgiram e a educação destas crianças começou a ser pensada para potencializar o seu desenvolvimento e aprendizagem. Assim, Laura relata que após alguns anos foram elaboradas políticas educacionais que apresentaram o direito à educação para as crianças. A partir deste contexto, ocorreu um redimensionado das práticas para atender às necessidades de cunho pedagógico. Laura também aponta que foi preciso ingressar em um curso de pedagogia, pois sua inserção na docência se deu a partir do magistério. A professora disse que essa nova etapa foi um divisor de águas, visto que no curso ela entendeu que os objetivos pedagógicos deveriam estar presentes em todas as atividades e ações realizadas com os bebês. Hoje em dia, seu planejamento possui uma finalidade pedagógica, ou seja, não é apenas uma vivência de cuidado da criança, mas sim o vínculo desta necessidade com experiências que auxiliam o desenvolvimento e a aprendizagem dos pequenos. Por exemplo: no momento do banho, a professora trabalha a percepção do corpo com o bebê, a partir de músicas para potencializar a estimulação sensorial. Ela também confecciona livros de plástico, a prova d’agua, para trabalhar as cores, entre outras estratégias. Laura destaca que o cuidar não é retirado da educação infantil, mas se compreende como uma possibilidade de aprendizado para a criança. UNIDADE 1.2 NÃO PODE FALTAR LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Natália Gomes dos Santos https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/fmt_u1s1.html#resolucao%20.item-1 OFERTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL As concepções das propostas pedagógicas devem apresentar a relação entre família e escola sobre a educação e o cuidado com as crianças, com promoção de igualdade de oportunidade, para que todas as crianças tenham acesso ao saber e à construção de formas de sociabilidade e subjetividade que garantam a democracia e a minimização das desigualdades sociais. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? PRATICAR PARA APRENDER Estudante, estamos iniciando mais um momento de reflexões na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil. Já discutimos como se constituiu a educação infantil na história do país e verificamos que nem sempre a criança foi compreendida como um sujeito de direitos. Mas isso se modificou a partir de inúmeras reivindicações. As políticas são frutos destas lutas e por isso elas serão nosso objeto de análise nesta seção. Sendo assim, vamos conhecer as principais legislações educacionais que marcaram o processo de democratização do ensino para as crianças brasileiras. Estudaremos o papel da Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, compreendo-as como políticas que subsidiam todas as normativas posteriores. Também estudaremos as políticas que foram construídas para garantir a organização das propostas pedagógicas na educação infantil, as quais consideram o brincar, educar e cuidar como aspectos fundamentais para a efetivação de práticas pedagógicas significativas. Por fim, vamos problematizar os limites para que essas políticas se efetivem e o papel que o professor deve assumir na luta pela construção de uma educação de qualidade. O contexto de aprendizagem desta unidade se refere à realidade da pedagoga Rafaela, que trabalha no Centro de Educação Infantil Cecília Meireles. Ela organiza o processo de gestão da escola e também auxilia os professores com o planejamento das turmas, sempre em busca de articulação entre as práticas pedagógicas e o currículo da escola. Rafaela começou a ficar intrigada com a fala de alguns docentes, pois muitos destes profissionais tinham uma visão de infância equivocada e entendiam que a criança deveria realizar atividades que, muitas vezes, não coincidiam com sua faixa etária. Em outros casos, os professores compreendiam o trabalho na educação infantil como um cuidado assistencial, perdendo, em muitos momentos, o caráter educacional. Preocupada com esta situação, a pedagoga conversa com a diretora Helena e, juntas, organizam uma formação continuada na escola para que os docentes possam refletir sobre a constituição da educação infantil no Brasil. A formação intitulada “Conhecer a história para compreender a criança” acontecerá em três momentos, nos quais serão resgatados os avanços e desafios da educação infantil em seus aspectos históricos, políticos e sociais. Após o primeiro encontro na formação continuada, verificaram-se novos posicionamentos por parte dos professores sobre a necessidade de entender o percurso histórico da infância para compreender a criança na atualidade e o papel da escola em sua formação. No segundo dia de estudos, a professora Carolina propôs aos docentes uma atividade investigativa, em que eles deveriam se organizar em trios e realizar uma pesquisa sobre as principais políticas que subsidiam o direito à educação das crianças. A ministrante relatou que os professores deveriam buscar as informações na fonte, ou seja, nas próprias políticas, e nas discussões da literatura da área da educação para se entender os limites e as possibilidades das políticas educacionais. A busca deveria ser realizada a partir dos seguintes questionamentos: Quais políticas são fundamentais para a organização da educação infantil no Brasil? Quais são os impactos das políticas educacionais na vida escolar do alunado da educação infantil? Quais contribuições as políticas educacionais possibilitam para o trabalho desenvolvido pelo professor na educação infantil? Pense como os professores que estão em formação e reflita sobre esses questionamentos. EXEMPLIFICANDO Para compreender como as políticas se materializam na prática pedagógica, sugerimos que você pense a educação infantil como uma construção: antes de se levantar as paredes, construir os cômodos de uma casa ou escolher uma decoração é preciso ter uma planta, elaborada por um engenheiro. Na planta, temos as medidas, os materiais e as projeções, para que a obra seja elaborada de forma segura e sólida. É a mesma coisa na escola: quando pensamos as ações e práticas na educação infantil devemos considerar que tudo é baseado na planta, ou seja, nas políticas. Desde os aspectos de gestão escolar até as práticas desenvolvidas em sala de aula, absolutamente tudo é realizado a partir de lei, decreto, emenda e diretriz. Por isso você deve conhecer as políticas vinculadas à educação infantil, questionar o que está dando certo e o que ainda precisa melhorar nesse contexto. Só assim teremos fundamentos para a realização do nosso trabalho na escola. Vamos realizar novas descobertas e reflexões sobre o direito e organização da primeira etapa de ensino da educação básica. CONCEITO-CHAVE DIREITO À EDUCAÇÃO BÁSICA Atualmente, nossas crianças têm o direito ao acesso à educação básica. No entanto, como vimos anteriormente, nem sempre esta realidade fez parte da vida de inúmeras delas e lutas aconteceram para que esse cenário se modificasse. As lutas sobre os direitos das crianças tiveram início nas discussões internacionais. Dentre elas, podemos observar as contribuições da Declaração Universal dos Direitos das Crianças de 1959, a qual pontua que: A criança gozará de proteção especiale disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança. (ONU, 1959, [s.p.]) O respectivo documento afirma a necessidade de a criança ser atendida em todos os aspectos que garantam seu desenvolvimento e sua sobrevivência, a saber: a saúde, a assistência, os cuidados e a educação. No que se refere à educação, é pontuada a relevância de um ensino gratuito que permita a construção de saberes que lhe preparem para a atuação em sociedade. O lazer também é apresentado na declaração, a partir da afirmação de que a criança deve desfrutar de momentos de brincadeiras e jogos, os quais devem estar presentes em todos os ambientes sociais dos quais ela faz parte (ONU, 1959). No Brasil, as mudanças foram expressivas a partir do período de redemocratização. Após anos de ditadura militar, os direitos sociais ganharam espaço na conjuntura brasileira. Vale destacar o papel das discussões e dos documentos internacionais para que esse processo acontecesse também no Brasil. A Constituição Federal de 1988 marca esse processo no país. O capítulo três, seção um deste documento, é destinado para as ações relacionadas à educação. O artigo 205 apresenta que a educação é direito de todos os cidadãos e dever do Estado e da família. Deste modo, os brasileiros devem ter condições objetivas que possibilitem o acesso e a aprendizagem nos espaços escolares. No texto também são apresentados os princípios que devem direcionar os processos educativos, tais como: liberdade de aprender e ensinar, garantia do padrão de qualidade, gratuidade do ensino público, pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. Sobre a obrigatoriedade da educação básica, a Emenda Constitucional nº 59 de 2009 afirma que todas as pessoas de 4 a 17 anos devem estar matriculadas no sistema de ensino. Atendimentos, por meio de programas suplementares de transporte, material didático-escolar, alimentação e assistência à saúde devem ser possibilitados para os educandos (BRASIL, 2009). A partir da Constituição novas políticas foram construídas para que o direito universal ao ensino se concretizasse. Essa discussão fica evidente na Lei nº 8.069/1990 que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A lei foi elaborada para formalizar os direitos humanos deste público e a relevância de atenção às necessidades básicas dos indivíduos. O capítulo quatro apresenta dispositivos vinculados ao direto à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer de crianças e jovens. Segundo a lei, toda criança e todo adolescente tem o direito de acesso e permanência no espaço educativo, a partir da oferta de um ensino gratuito em instituição próxima de sua residência. No que se refere às responsabilidades do Estado, a lei indica no artigo 54 que deve ser ofertado “atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a cinco anos de idade” (BRASIL, 1990, p. 18). Como pontuado na Constituição, o ECA também apresenta normativas relacionadas aos deveres dos pais, de modo que eles são responsáveis por matricular seus filhos na escola e, caso não atendam às suas atribuições de tutela e cuidados, a instituição escolar deverá acionar o Conselho Tutelar, caso haja sinais de maus tratos e faltas injustificadas que levem à evasão. No ECA também é afirmado o compromisso com o respeito aos valores culturais, artísticos e históricos da realidade das crianças, propiciando liberdade de criação e acesso aos conhecimentos culturais (BRASIL, 1990). PESQUISE MAIS O momento de estudo é repleto de descobertas. Por esse motivo, segue indicação de leitura: ANDRADE, L. B. P. Educação infantil: na trilha do direito In: ANDRADE, L. B. P. (Org). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p. 127-168. O material apresenta uma discussão sobre os impactos das principais políticas no fazer pedagógico. Boa leitura! Neste cenário também podemos observar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996. Ela foi elaborada para direcionar todas as ações da educação brasileira, em diversos níveis, etapas e modalidades de ensino. No que tange à educação infantil, ela é compreendida como a primeira etapa da educação básica e tem o objetivo de propiciar o desenvolvimento integral da criança de zero até cinco anos. Suas ações devem favorecer a aquisição de saberes e habilidades que potencializam os aspectos psicológico, intelectual, físico e social da criança (BRASIL, 1996). Sobre o atendimento, a LDB/1996 pontua que: Crianças de zero a três anos devem estar inseridas em creches ou entidades equivalentes. Crianças de quatro a cinco anos devem estar matriculadas nas pré-escolas. A avaliação das crianças nesta etapa de ensino deve acontecer de forma processual, por meio de acompanhamento e registro sobre o seu desenvolvimento. Há necessidade de cumprimento de carga horária mínima anual, de oitocentas horas, distribuídas em duzentos dias letivos (BRASIL, 1996). Verificamos que o acesso ao ensino das crianças está garantido. No entanto, para que as práticas aconteçam de forma efetiva, é fundamental a organização curricular dos sistemas de ensino. CURRÍCULO O primeiro ponto para essa análise é o entendimento de currículo. De acordo com Sacristán (2013), o currículo escolar é uma organização dos conteúdos e saberes que os alunos devem aprender, de modo que tais conhecimentos regularão as práticas pedagógicas nos espaços educativos. Desse modo, ele deve ser construído na escola, respeitando necessidades, etapa de ensino e faixa etária dos alunos, mas, como é pontuado tanto na Constituição como na LDB, deve-se ter uma base comum entre os conhecimentos sobre os quais as pessoas vão se apropriar, ou seja, a garantia de que todos os alunos de determinada etapa de ensino terão acesso aos mesmos conteúdos, respeitando as especificidades regionais, culturais e econômicas. Para isso, diretrizes curriculares para todas as etapas de ensino foram construídas, visando atender a essas normativas previstas nas políticas citadas anteriormente. Em relação à educação infantil, em 1998 foi publicado o primeiro volume do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. O RCNEI foi construído para direcionar a implementação de práticas educativas nos centros de educação infantil, atentando às necessidades das crianças. Dentre os princípios apresentados no RCNEI, podemos observar o respeito à dignidade das crianças, o direito ao brincar como forma de expressão e relação com o mundo, o acesso dos educandos aos bens socioculturais, a socialização das crianças e o atendimento aos cuidados primordiais (BRASIL, 1998a). Os pilares da educação infantil foram explicitados nas discussões apresentadas no documento. O primeiro deles é o educar, que significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998a, p. 23) Nesta lógica, o ensino tem a finalidade de dar a oportunidade de desenvolvimento da capacidade de aquisição de saberes fundamentais para todas as crianças, tais como: corporais, afetivos, emocionais, estéticos e éticos. O desenvolvimento da criança é um fator essencial para que ela entenda o mundo, estabeleça relações com o outro e adquira futuros conhecimentos (BRASIL, 1998a). O primeiro volume do RCNEI também apresenta o cuidar como pilar. Ele não é visto em uma perspectivaassistencialista, mas antes é entendido como parte integrante da educação. O cuidar é compreendido como a forma de valorizar e estimular as possibilidades de desenvolvimento das crianças. Assim, o cuidado na educação infantil deve envolver a dimensão afetiva e as necessidades biológicas do cidadão, considerando a alimentação, a saúde e a higiene. Vale destacar o cuidado que o adulto deve ter no processo de interação com a criança e atendimento às suas necessidades, pois ele deve estabelecer comunicação e compreender os sinais sobre o que a criança precisa em cada faixa etária. Por isso, a responsabilidade do profissional que atua na educação infantil e o seu preparo são aspectos fundamentais para a potencialização do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças (BRASIL, 1998a). No mesmo ano foi publicado o segundo volume do RCNEI, que tinha enquanto tema a formação social e pessoal da criança. O documento aborda inúmeros aspectos fundamentais para a construção dos currículos desta etapa de ensino, dentre eles os objetivos destinados às crianças atendidas na educação infantil. O primeiro ponto discutido no documento diz respeito às finalidades dos trabalhos realizados com as crianças de zero a três anos. Segundo o RCNEI, os centros de educação infantil devem propiciar um ambiente acolhedor que possibilite ao seu público expressar seus desejos e sentimentos de forma autônoma. O aluno também deve conhecer o corpo e aprender a ter cuidado com ele, brincar de diversas formas e relacionar-se com seus pares e com os profissionais da instituição (BRASIL, 1998b). O documento também sinaliza os objetivos destinados ao ensino das crianças de quatro a seis anos. Destaca-se que as crianças com seis anos no momento histórico em que foi construído o referencial faziam parte do público desta etapa de ensino. Assim, as finalidades para elas eram construir uma imagem positiva e de autoconfiança de si mesmas, identificar e enfrentar situações de conflito, valorizar ações de solidariedade e cooperação, brincar e se expressar de diversos modos, adotar ações de autocuidado e compreender sua participação nos diversos grupos sociais, visando a compreensão das regras de convívio social e da diversidade (BRASIL, 1998b). O último volume do RCNEI discute o conhecimento de mundo que a criança deve ter nessa etapa de ensino. O documento apresenta objetivos, conteúdos e ações da proposta que deve ser trabalhada para que as crianças se apropriem de saberes referentes a movimento, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, música e matemática. Algo que merece ser destacado é que, em todas as áreas do conhecimento denominadas anteriormente, os jogos e as brincadeiras estão presentes como instrumento mediador para que os alunos se apropriem dos saberes (BRASIL, 1998c). Os três documentos são compreendidos como direcionamentos que possibilitaram para o momento histórico a marca desta etapa de ensino como um espaço de educação que deve considerar as crianças em seu desenvolvimento integral. Eles foram adotados como um guia de reflexão das instituições de ensino de como deviam ser estruturados os conteúdos, objetivos e orientações didáticas para os profissionais, com vistas a dar aos alunos uma base sólida de conhecimentos que permitissem a construção de novos saberes nas demais etapas de ensino. Outro aspecto que deve ser considerado é que os volumes do RCNEI são frutos das exigências apontadas na LDB/96, as quais visam a qualidade de ensino e a formação integral das capacidades das crianças (BRASIL, 1998). REFLITA O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é composto por três volumes. Ele não se refere apenas a benefícios no campo do direito, mas também como um instrumento para a organização das propostas e práticas pedagógicas que marcaram o início do século XXI no país. Com base nas questões que discutimos sobre o RCNEI em relação a educar e cuidar, você observa progressos na concepção de criança e no trabalho pedagógico, ao compará-lo com o histórico registrado no passado da educação infantil no Brasil? Em 2010, foi publicado um importante documento, que se refere às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que tem por finalidade estabelecer normativas que, vinculadas às Diretrizes Nacionais da Educação Básica, permitissem a organização das propostas pedagógicas na respectiva etapa de ensino. O documento reúne fundamentos, princípios e procedimentos que propiciam a efetivação das práticas na educação infantil. Conforme apresentado na nomenclatura, as DCNEI são um direcionamento para a organização pedagógica. Assim, a legislação estadual e municipal deve se adequar para atender à normativa nacional, considerando as necessidades e peculiaridades de cada realidade. No que tange à orientação pedagógica, verifica-se que: Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é o plano orientador das ações da instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças que nela são educados e cuidados. É elaborado num processo coletivo, com a participação da direção, dos professores e da comunidade escolar. (BRASIL, 2010, p. 13) Essas ações e práticas devem ser realizadas por meio de princípios que considerem a autonomia, a responsabilidade e o respeito às diferenças. Também é necessário propiciar a efetivação dos direitos de cidadania e do exercício da criticidade. Por meio da educação, devem ser ofertadas às crianças a liberdade, a criatividade, a sensibilidade e a expressão das diferentes manifestações artísticas e culturais. Em relação às concepções das propostas pedagógicas das instituições que ofertam educação infantil, elas devem apresentar, tanto no texto como no contexto, a relação entre família e escola sobre a educação e cuidado com as crianças, com promoção de igualdade de oportunidade, para que todas as crianças tenham acesso ao saber e à construção de formas de sociabilidade e subjetividade que garantam a democracia e a minimização das desigualdades sociais (BRASIL, 2010). Outro aspecto interessante no documento é a necessidade de alinhamento entre a proposta pedagógica e as condições de um trabalho colaborativo desenvolvido por todos. Nesta perspectiva, a educação e o cuidado devem ser compreendidos como aspectos indissociáveis, de modo que as dimensões afetiva, motora, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural sejam trabalhadas concomitantemente. A comunicação e escuta das famílias também apresentam benefícios para o fazer pedagógico, e ele deve se dar a partir de uma gestão democrática, em que todos os envolvidos pensarão as possibilidades de avanços e melhorias na realidade educativa (BRASIL, 2010). Outro ponto que deve ser atendido no momento de estruturação das ações pedagógicas é o respeito às crianças, considerando as singularidades de cada faixa etária. Também é pontuada no documento a necessidade de as crianças terem contato com os conhecimentos histórico-culturais dos povos indígenas e afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América. Uma questão relevante que é tratada na DCNEI é a necessidade de acessibilidade e adaptação de espaços e práticas para as crianças público-alvo da educação especial, como forma de promoção e efetivação da inclusão escolar (BRASIL, 2010). Para que todos os indicativos normativos já citados se concretizem na realidade é fundamental fazer investimentos em recursos financeiros. Por isso, a educação infantil é incluída nos fundos vinculados ao financiamento do ensino. Essa afirmação pode ser verificada a partir de 2007 com a implementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Este fundo foi criado para atender ao artigo 212 da Constituição e seus recursos são derivados de impostos e transferências. Ele é composto por 27 fundosque representam cada estado brasileiro mais o Distrito Federal, e a distribuição é realizada a partir do número de alunos registrados no censo escolar do ano anterior (BRASIL, 2007). ASSIMILE Como podemos observar em nossos estudos, as políticas que antecederam 2005 apresentavam como faixa etária da educação infantil as crianças de zero a seis anos. Isso se modificou a partir da Lei nº 11.114 de 2005 que sancionou a ampliação do ensino fundamental em nove anos. Sendo assim, as crianças com seis anos deveriam ser inseridas na segunda etapa de ensino da educação básica. Na época, o Ministério da Educação argumentou essa mudança colocando a necessidade de universalizar, principalmente para as crianças das camadas populares, o acesso ao ensino obrigatório, visto que neste momento histórico a Constituição apresentava apenas o ensino fundamental como etapa obrigatória. Tanto a ampliação do ensino fundamental de nove anos (2005) quanto a expansão do ensino obrigatório para as pessoas de quatro a dezessete anos (2009) são avanços no campo das políticas, visto que o Estado deve se responsabilizar, impreterivelmente, com a educação. Como podemos verificar, a política brasileira é a expressão da relação de necessidades e interesses entre o Estado e a sociedade civil. Para que as ações aconteçam de forma organizada e sistematizada, textos normativos são construídos, visando ao atendimento dos direitos e deveres dos cidadãos. Ao analisarmos as principais políticas mencionadas anteriormente verificamos que seus benefícios são evidentes e, se aplicadas na realidade, propiciam inúmeros avanços para a escolarização das crianças. Entretanto, devemos analisar para além do que está colocado no texto, pois nem sempre tais dispositivos se concretizam totalmente na realidade. De acordo com Saviani (2008) encontram-se no contexto brasileiro algumas dificuldades no campo das políticas educacionais, que podem influenciar a realidade. É por esse fator que vemos nas normativas políticas, por exemplo, um discurso de universalização do ensino e propostas pedagógicas que favorecem a educação, entretanto as escolas precisam de mais investimentos, os professores necessitam de maiores incentivos financeiros e pedagógicos para aprimorar suas práticas. A educação infantil é uma etapa de ensino crucial para o desenvolvimento do indivíduo, por isso um trabalho bem elaborado que propicie a transição entre esta etapa e o ensino fundamental é necessário para que não se apresentem problemas educacionais futuros na vida dos sujeitos, tais como o insucesso e a evasão escolar. Para que isso ocorra, a qualidade precisa deixar de ser uma palavra na política e se tornar uma realidade educativa. Segundo Dourados (2007, p. 940): A busca por melhoria da qualidade da educação exige medidas não só no campo do ingresso e da permanência, mas requer ações que possam reverter a situação de baixa qualidade da aprendizagem na educação básica, o que pressupõe, por um lado, identificar os condicionantes da política de gestão e, por outro, refletir sobre a construção de estratégias de mudança do quadro atual. Por essas questões é fundamental que você, enquanto futuro educador, problematize as políticas educacionais, considerando o momento em que foram elaboradas, suas intenções e efetivação (ou não) na realidade. É importante conhecer o projeto de educação que está posto, e sabemos que em uma sociedade de classes ele não está a serviço das classes trabalhadoras. Isso se reflete nas condições precárias que temos observado na educação pública brasileira. Kremer (2006) questiona essa conjuntura relatando a dificuldade de ensinar para as crianças solidariedade e justiça, enquanto vivemos em um contexto que tem a injustiça e dominação como base. Temos de lutar por uma sociedade e educação que não façam distinção das possibilidades de acesso ao saber pela condição econômica. As crianças que se encontram na creche, por exemplo, não estão incluídas na idade obrigatória, e isso se reflete na não universalização deste público no espaço educativo. No entanto, as crianças advindas da elite têm condições de estar inseridas desde o nascimento em espaços educativos particulares, enquanto muitos bebês e crianças bem pequenas não estão nas creches por falta de vaga. Vale ressaltar que essa diferença não é uma questão de mérito, mas de desigualdades estruturais. Esse é o abismo social e econômico, e você enquanto futuro professor deve questionar essa condição neste momento de formação e na sua futura atuação. O direito das crianças foi conquistado por meio de muita luta e as únicas coisas que devemos aceitar são avanços, não retrocessos. FOCO NA BNCC Você sabia que as políticas são elaboradas mediante as demandas educacionais, sociais e econômicas de determinado momento histórico? É por meio das dinâmicas e das novas necessidades que vão sendo construídas que ocorrem modificações no modo de direcionar as práticas pedagógicas. Na atualidade, a Base Nacional Comum Curricular se configura como o documento norteador para a construção dos currículos das escolas brasileiras, sendo assim 60% do currículo deve atender ao que está posto na base e 40% é diversificado, compreendendo as necessidades daquele local. No tocante à educação infantil, notamos o papel preponderante dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência para o trabalho desenvolvido pelo professor. Eles apresentam benefícios para a educação e só obtemos essa organização pelo fato de outras políticas terem sido construídas anteriormente. Tanto o RCNEI quanto as DCNEI são compreendidos como documentos fundamentais para os avanços que temos atualmente na educação. Destacamos que a BNCC não é uma “versão melhorada” destas políticas, mas sim a continuidade de normativas que consideram as necessidades das crianças e da educação na contemporaneidade. Quantos aspectos interessantes estudamos juntos nesta seção! Foi possível observar que as políticas educacionais apresentam uma dimensão fundamental na realização das práticas pedagógicas, e é por isso que você deve analisá-las com criticidade e compromisso. FAÇA A VALER A PENA Questão 1 Vitória é professora em um centro de educação infantil e está fazendo um estudo no curso de formação continuada. As análises da professora se referem à articulação entre políticas educacionais e as práticas pedagógicas. Dentre as atividades propostas no curso, Vitória terá de refletir sobre as normativas apresentadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Considerando este contexto, analise as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso: ( ) Vitória constatou na LDB/96 que os alunos de zero a três anos são atendidos na creche e os educandos de quatro a cinco anos são matriculados na pré-escola. ( ) Vitória observou na LDB/96 que a educação infantil é apresentada como primeira etapa da educação básica. ( ) Vitória verificou que, segundo a LDB/96, os aspectos físico, psicológico, intelectual e social devem ser desenvolvidos na criança. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a. V-V-V. b. F-F-F. c. V-F-F. d. F-V-V. e. V-F-V Questão 2 De acordo com o terceiro volume do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: “O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento” (BRASIL, 1998c, p. 15). No que se refere ao trabalho realizado na escola para permitir experiências em relação ao movimento pela criança, avalie as afirmativas a seguir: https://conteudo.colaboraread.com.br/202101/INTERATIVAS_2_0/ORGANIZACAO_DO_TRABALHO_PEDAGOGICO_NA_EDUCACAO_INFANTIL/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s2.html#accordion-1%20.item-1