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Transtornos Neurológicos, Psicopatologia e a Aprendizagem UNIDADE 2 - Psicopatologia da infância e da adolescência Aula 01 : Transtornos de ansiedade Conhecendo os sinais do transtorno de ansiedade Imagine que você precisa apresentar um trabalho, no modelo de seminário, em frente à sua classe toda. Você se preparou, é claro, e tem bastante segurança, mas é inevitável sentir um pequeno receio, uma certa angústia, de que algo pode dar errado. Ainda com medo, você se dirige à frente e tudo corre bem, você apresenta um excelente seminário e recebe aplausos e parabenizações. Todo o medo se foi e você nem lembra mais disso. O que antecedeu a apresentação do seminário foram sintomas de ansiedade, totalmente administrável e muitas vezes imperceptível. A ansiedade em pequenas doses favorece aspectos da antecipação e resolução de problemas, pois pensar no que pode dar errado ajuda o indivíduo a se prevenir e corrigir o que estiver inadequado. Porém, a ansiedade em doses maiores, irracionais e exageradas pode ser bastante incapacitante para a vida e para a aprendizagem (CASTILLO et al., 2000). Os transtornos de ansiedade têm sido estudados há bastante tempo como uma doença psíquica relacionada a adultos. Porém, cada vez mais se observam quadros deste tipo no período da infância e da adolescência. “Os Transtornos de Ansiedade (TAs) são reconhecidos como alguns dos transtornos mentais mais prevalentes em crianças e adolescentes, encontrando-se atrás apenas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno de Conduta.” (ASBAHR, 2004 apud VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009, p. 47). O transtorno de ansiedade é caracterizado por medo ou apreensão em relação a um evento futuro, sobre o qual o indivíduo sente a antecipação de um perigo ou a necessidade de enfrentar algo totalmente desconhecido, imprevisto ou estranho. Crianças e adolescentes nem sempre percebem quando o grau de ansiedade ultrapassa os níveis considerados administráveis, por este motivo é fundamental dar ouvidos e acompanhar os relatos infantis e adolescentes quando há sintomas de ansiedade envolvidos, tais como: irritabilidade, sensação de fraqueza e cansaço, tensão muscular, tremores, dores abdominais, suor excessivo, dor de cabeça, dificuldades para dormir, náuseas e vômitos, taquicardia e falta de ar. Quando os sinais de ansiedade se tornam desproporcionais ou são exagerados em relação à situação que provoca tais sinais, ou ainda, quando interferem na qualidade de vida ou no conforto emocional ou no desempenho das atividades diárias da criança ou do adolescente, entende-se que há um transtorno de ansiedade presente (CASTILLO et al., 2000). Um transtorno de ansiedade é reconhecido quando os sintomas não se originam de nenhuma outra causa, ou seja, não estão associados a nenhum outro transtorno ou doença. O DSM-V (APA, 2014) classifica o transtorno de ansiedade em nove tipos: 1. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG). 2. Transtorno ou síndrome do pânico (PA). 3. Transtorno de ansiedade social. 4. Agorafobia. 5. Transtorno do estresse pós-traumático. 6. Transtorno de estresse agudo. 7. Mutismo seletivo. 8. Transtorno de ansiedade de separação. 9. Transtorno de ansiedade induzido pelo uso de substância. Os tipos de transtorno de ansiedade Os transtornos de ansiedade têm prevalência de 0,6% a 4,6% em crianças e adolescentes e 9% a 15% em adultos (CASTILLO et al., 2000). Outro estudo aponta a prevalência entre 8% e 12% na população infanto-juvenil (VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009). As causas deste transtorno não são claramente definidas, podendo ser relacionadas a um evento (falecimento, por exemplo), a uma questão ambiental (pais ansiosos, por exemplo) ou ambos. Episódios de ansiedade não necessariamente caracterizam o transtorno de ansiedade, mas são indicativos de uma possível evolução. O que marca a presença do transtorno são os seguintes critérios (CASTILLO et al., 2000).: • Duração do episódio: a longa duração do episódio está mais associada ao transtorno; episódios de curta duração e isolados não parecem estar associados. • Limitação: se o episódio de ansiedade está limitado a uma situação, provavelmente não está associado ao transtorno; já a ocorrência de vários episódios relacionados a vários eventos indica o transtorno. • Relação com um estímulo: se o episódio ocorre sem estímulo específico e acontece diversas vezes, é indicativo da presença do transtorno; quando há um estímulo que conduz a um ou poucos episódios curtos, pode não haver relação com o transtorno. Dos nove tipos classificados como transtornos de ansiedade, são mais comuns em crianças: • Transtorno por separação: a criança sofre uma ansiedade excessiva por precisar se ausentar de casa ou por se afastar das figuras vinculares (nos momentos em que vai à escola, por exemplo). • Transtorno de ansiedade generalizada: preocupação excessiva com situações cotidianas, que não deveriam trazer perturbação na rotina e se caracterizam por irritabilidade, dores de estômago e de cabeça, dificuldade de concentração e dificuldades para dormir, além de cansaço. • Transtorno de ansiedade social: medo irracional, exagerado e persistente quando a criança precisa enfrentar situações que envolvam exposição social. Em adolescentes e adultos, encontramos mais presentes: • Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): conforme mencionado anteriormente. • Síndrome do pânico: crises fortes de ansiedade sem estar associada a um estímulo específico, com episódios seguidos, em que o indivíduo tem taquicardia, suadouro e sensação de morte iminente. • Transtorno obsessivo compulsivo (TOC): é caracterizado por um pensamento ou sentimento intrusivo, por exemplo, a certeza de que alguém morrerá, ou de que um avião cairá, ou de que a própria pessoa será infectada com germes. Para fugir de tais pensamentos, a pessoa cria certos rituais, por exemplo: alinhar tudo perfeitamente, bater palmas, bater na parede, lavar a mão e tomar banhos diversas vezes por dia; ela pode também ter que voltar várias vezes para casa após sair para se certificar de que trancou a porta ou fechou o gás. Os demais transtornos de ansiedade, tais como agorafobia (furtar-se de contatos sociais ou de situações específicas por medo de sentir os sintomas da ansiedade), transtorno do estresse pós-traumático (dificuldade em se recuperar após vivenciar uma situação traumática, tal como perigo de morte, estupro, assalto, com revivescência da situação), transtorno de estresse agudo (ansiedade relacionada a uma experiência traumática, como falecimento de ente querido), mutismo seletivo (dificuldade em mencionar situações sociais específicas, como brincadeiras com colegas, sem a presença de dificuldade de mencionar outras situações sociais) e transtorno de ansiedade induzido pelo uso de substância (é um ataque de ansiedade que ocorre após utilização de uma substância tóxica). O atendimento à criança ou ao adolescente com transtorno de ansiedade Os transtornos de ansiedade são uma das psicopatologias que mais afetam o desempenho escolar e a capacidade de aprendizagem. Nem sempre estão associados a eventos escolares, mas podem estar, por exemplo: • Se uma criança apresentou um trabalho oral ou foi à lousa responder a uma questão e se sentiu ridicularizada (mesmo não ocorrendo) – podem ser eventos que acarretam Agorafobia e Mutismo seletivo, por exemplo. • Agorafobia, transtorno de ansiedade social e transtorno de ansiedade de separação podem estar associados ao fato de ter que ir à escola. • Transtornos de ansiedade generalizada e Síndrome do pânico podem ser agravados em decorrência das obrigações escolares. • Um evento, como violência extrema no ambiente escolar, ser esquecido trancado no banheiro da escola ou presenciar um falecimento dentro da escola, pode originaro transtorno do estresse pós-traumático ou o transtorno de estresse agudo. Esses são casos raros. Na maior parte das vezes, o estímulo estressor não é relacionado à escola, porém os sintomas são observados neste ambiente. Frente a uma crise de ansiedade, o ideal é afastar o aluno da situação estressora. Fazer uma caminhada pelo pátio acompanhado ou não de um colega (mas sempre acompanhado de um adulto) costuma amenizar os sintomas. Caso um colega acompanhe, é importante se certificar de que o colega tem condições emocionais de acompanhar brevemente este circuito, já que os sintomas da ansiedade podem ser muito fortes. Falar de assuntos aleatórios ou trazer memórias felizes ou engraçadas ajuda a enfrentar a crise. Palavras de consolo (“logo passa”, “você é forte”), interrogações (“de onde veio isso?”, “já melhorou?”) ou orientações (“agora relaxe, não pense nisso”, “você precisa se acalmar”) não produzem efeito e podem agravar os sintomas. A escola precisa estreitar o contato com a família e posicionar a ocorrência do episódio. Caso os episódios sejam frequentes (ocorram várias vezes na semana, ou várias vezes no mesmo dia), é importante encaminhar para uma avaliação médica. Os transtornos associados à ansiedade podem ser incapacitantes. Os transtornos de ansiedade precisam de um diagnóstico específico para que a escola possa elaborar os mecanismos de adaptação. Por exemplo, se a criança ou o adolescente precisar ficar afastado da escola por um período, pode ser necessário preparar material adaptado quando retornar. Ou, dependendo da orientação médica, o estudo pode ser realizado em casa com encaminhamento de material pela escola. Na presença de um transtorno de ansiedade, os professores precisarão ser orientados para evitar situações de exposição do educando (apresentação de seminários, resolução de exercícios na lousa, chamada oral). Talvez, seja necessário evitar as avaliações de aprendizagem, algumas vezes o aprendente precisa fazer as avaliações em outro espaço, depende muito de cada caso. Mesmo que o educando manifeste repentina melhora, o transtorno de ansiedade ainda pode estar presente, apenas passando por um período de melhora. O seu tratamento envolve o atendimento psicológico e, em alguns casos, medicamentoso, que é orientado por um médico psiquiatra. Videoaula: Transtornos de ansiedade Olá, estudante! Neste vídeo, você conhecerá os nove tipos de transtorno de ansiedade e seus respectivos sintomas, compreendendo os impactos sobre a aprendizagem. Também, aprenderá como a escola deve organizar o processo de adaptação para educandos que tenham o transtorno de ansiedade e como as crises se manifestam e devem ser conduzidas dentro da escola. Saiba Mais O artigo indicado aqui é uma das referências mais recentes sobre os transtornos de ansiedade em crianças e aborda os aspectos da escola que podem trazer fatores estressantes, bem como os impactos que o transtorno causa sobre as funções cognitivas e executivas. SANTOS, H. S.; VASQUES, A. T. D.; AZEVEDO, G. N. de A. Transtorno de ansiedade na infância: alterações cognitivas e os impactos na aprendizagem escolar na terceira infância. Psicologias em Movimento, v. 2, n. 1, jan.-jul. 2022. Disponível em: http://revistas.unifan.edu.br/index.php/RevistaISEPsicologias/article/view/854/574. Acesso em: 6 nov. 2022.Neste trabalho de conclusão de curso de especialização, a autora faz uma apresentação aprofundada dos tipos de transtorno de ansiedade, considerando a importância do diagnóstico precoce para melhor manejo do transtorno na idade adulta. FARIAS, S. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência. 2013. Monografia (Especialização em Saúde Mental) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2013. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/1778/1/Stephany%20Farias.pdf. Acesso em: 6 nov. 2022. AULA 02 -Depressão em crianças e adolescentes http://revistas.unifan.edu.br/index.php/RevistaISEPsicologias/article/view/854/574 http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/1778/1/Stephany%20Farias.pdf Conhecendo os sintomas da depressão Olá, estudante! Começaremos com uma breve reflexão sobre tristeza e depressão. Já aconteceu com você alguma situação que tenha lhe deixado triste? Por exemplo, um passeio que não pôde acontecer por um imprevisto, o término de um namoro ou uma mudança de residência e de escola? O que isso trouxe em termos de sentimentos e pensamentos? Tristeza, medo, receio e insegurança são sentimentos que atravessam vez ou outra a mente das pessoas, dependendo da situação a que estão submetidas. Uma psique saudável sofre com abalos circunstanciais, como os citados, mas tende a se organizar sozinha após um tempo. No caso da depressão, isso não acontece. Não há recuperação ou sinais de recuperação que o indivíduo pode fazer sozinho, sendo necessário suporte especializado. A depressão, por outro lado, é um estado muito mais profundo de tristeza, desesperança, incredulidade e incapacidade de superação, que afeta o indivíduo de qualquer idade e apresenta-se também com desinteresse pelas atividades do cotidiano (COLAVITE et al., 2013). O DSM-V (APA, 2014) aponta que a depressão é caracterizada por um humor deprimido e pela perda de prazer e perda de interesse generalizado. Há outros sintomas e características presentes na depressão de forma generalizada (APA, 2014): • O humor deprimido ocorre na maior parte do dia e em praticamente todos os dias, isso significa um sentimento de tristeza, vazio e desesperança que acompanha a pessoa por grande parte do tempo. • Perda de interesse e do prazer em todas ou quase todas as atividades cotidianas e pelas quais sentia apreço. • Perda ou ganho de peso variando em 5% do peso corporal em um mês, sem realização de dieta ou restrição alimentar. • Pensamentos de morte, com ideação suicida, porém sem um plano ou tentativa de suicídio ou plano específico para tal. Os sintomas a seguir ocorrem quase todos os dias em pessoas deprimidas (APA, 2014): • Dificuldade para dormir (insônia) ou dificuldade para ficar acordado (hipersonia). • Alterações psicomotoras (agitação ou retardo). • Cansaço em quase todos os dias, perda de energia constante, fadiga. • Sentimento de culpa sem razão ou motivo, de forma excessiva, sensação de ser uma pessoa inútil. • Indecisão constante em relação a tudo. • Capacidade de pensamento e concentração prejudicada. Claramente, os sintomas apresentados são bem diferenciados em termos de intensidade e duração de uma tristeza ocasional devido à ocorrência de um fator inesperado. Sintomas, como pessimismo e irritabilidade, bem como afastamento social, esquecimentos e ansiedade, podem estar associados à depressão. O indivíduo também pode sofrer abalos em sua autoestima, ter paranoias e desenvolver sintomas obsessivos-compulsivos. Na realização do diagnóstico, o primeiro critério que o médico psiquiatra enfocará é o risco para suicídio, tomando as medidas cabíveis para evitá-lo. Em seguida, buscará orientar a melhor conduta para o enfrentamento da depressão. Normalmente, o suporte psicológico se faz necessário mais de uma vez por semana, por um período considerável. Manifestação da depressão em crianças e adolescentes O transtorno depressivo em crianças e adolescentes tem prevalência de 2% a 6%, de acordo com Abramovitch e Aragão (2011). Colavite et al. (2013, p. 124) evidencia que o “(…) o transtorno [depressivo] pode ocorrer em todas as faixas etárias; todavia, em crianças e adolescentes esse transtorno só vem a ser reconhecido a partir dos anos setenta do século XX”, pois antes era considerado como rara, inexistente ou apenas algo passageiro, mas a verdade é que os casos de depressão aumentaram com o correr dos anos e logo começou a se observar os casos na infância e na adolescência. Na infância, os sintomas mais comuns da depressãosão: • Irritação. • Humor depressivo. • Incapacidade ou falta de concentração. • Alteração de sono. • Alteração de apetite e mudança no peso corporal, para mais ou menos quilos em pouco tempo. • Desinteresse, apatia e perda da alegria e prazer. • Sentimento de culpa sem motivação. • Sentir-se inútil e desprezível. • Afastamento social. • Dificuldades escolares. • Curiosidade e ideação de morte e suicídio. Já na adolescência, os sintomas mais comuns da depressão são (ABRAMOVITCH; ARAGÃO, 2011): • Perda do interesse nas atividades do cotidiano que traziam prazer (conversar com amigos, jogar videogame, ver séries, por exemplo); essa perda de interesse é chamada anedonia. • Profundo sentimento e desesperança e de culpa, sem causa e sem que o adolescente consiga explicar de forma racional. • Comportamento negativista e antissocial: não quer sair de casa, não quer sair da cama, não quer ver parentes nem colegas. • Lentidão psicomotora: faz tudo devagar (banho – quando toma, alimentação, verbalização, caminhada etc.). • Pode haver consumo de álcool e outras substâncias. • Pode haver tentativa de suicídio (o que exige atenção redobrada). Um certo grau de depressão na adolescência é comum e passageiro, faz parte do momento de luto da passagem da infância para adolescência. Estes casos não são incapacitantes, apenas uma sensação de tristeza e de estranhamento em função das alterações biológicas e de personalidade próprias desta idade. A existência do transtorno depressivo na infância e na adolescência é um preditor da doença psíquica na fase adulta. Há possibilidade de associação de outros transtornos junto à depressão, como a ansiedade, o transtorno opositor desafiante, o transtorno do déficit de atenção e a hiperatividade (COLAVITE et al., 2013). O tratamento da depressão é feito com atendimento psicológico e psiquiátrico, sendo que este último avalia o grau da depressão, a necessidade de medicação e o tipo de medicação. Muitas vezes, a terapia medicamentosa demora para fazer efeito e precisa ser ajustada. Os primeiros sinais de melhora não são indicadores de que a depressão foi superada, pelo contrário. A energização inicial precisa ser olhada com muita atenção e com supervisão constante, pois é o momento em que a criança e o adolescente podem cometer ações bastante prejudiciais, como usar algum tipo de entorpecente em grande dose ou tentar o suicídio. Depressão é um transtorno muito grave e não deve ser olhado como sinal de fraqueza, moleza ou má vontade. O papel da escola em casos de transtorno depressivo A escola tem um papel decisivo em casos de transtorno depressivo. O primeiro momento no qual o papel da escola é crucial é a fase de diagnóstico. O relato escolar é fundamental para ajudar os terapeutas a darem o contorno do transtorno. A escola precisa ficar atenta a mudanças de comportamento, ao surgimento da tristeza e do humor depressivo, a alterações que a criança e o adolescente manifestem e que não tenham relação a um fato específico, que não tenham explicação clara. Na presença do transtorno, a escola precisará preparar os professores para o trabalho pedagógico voltado ao educando depressivo. Primeiramente, precisará desconstruir a imagem de que a depressão é apenas uma tristeza, que a criança ou o adolescente está fugindo de suas obrigações acadêmicas, que está apenas com frescura. Para tentar fugir à dor e à tristeza, bem como para não se mostrar abalado, o adolescente e a criança podem apresentar um comportamento externo de felicidade, de que está no controle e de que está tudo bem, mas isso apenas mascara a depressão. O desconhecimento sobre a depressão é um dos grandes fatores de agravo do quadro, pois se demora para realizar o diagnóstico e dar início ao tratamento, acreditando que o paciente consegue se recuperar sozinho. Como já mencionado, em quadros depressivos, isso não é possível, o paciente não tem pensamento ou energia para reverter a situação sem apoio. Após o diagnóstico, a escola precisa realizar as ações de acolhimento: • Formação de professores e do quadro de funcionários, preparando-os para receber, conversar, observar, interagir e encaminhar (à enfermaria ou ao serviço de atendimento, se for o caso) o aprendente com depressão. • Conversar com a família, alinhando as estratégias e os momentos de contato. • Conversar com a turma, se for o caso (às vezes, para preservar o aprendente em questão, é melhor manter as informações em sigilo). • Organizar alguma alteração de rotina, caso seja necessário. Em termos adaptativos, normalmente só se faz necessária a adaptação metodológica e a adaptação avaliativa. No caso da metodologia, pode ser necessário que o educando precise de um tempo maior para concluir suas tarefas (lembre-se de que ele estará apático, desmotivado e sem sentir alegria e prazer frente aos desafios da vida cotidiana). O excesso de atividades pode desmotivá-lo, bem como a pouca frequência também pode. O ideal é dosar e equilibrar as atividades e as avaliações buscando o sucesso alcançável, ou seja, aquilo que o aprendente conseguirá fazer e lhe trará mais segurança, permitindo que retome o gosto pelo estudo. Por fim, é preciso entender que o tratamento para a depressão, assim como para outras psicopatologias, é sujeito a avanços e retrocessos, ou seja, o educando pode apresentar melhora e voltar a sentir os sintomas e tudo bem, faz parte do processo mesmo. Videoaula: Depressão em crianças e adolescentes Olá, estudante! Neste vídeo, você conhecerá as principais características do transtorno depressivo e quais são os sintomas mais comuns tanto em crianças quanto em adolescentes. Também, será abordada a conduta que a escola deve ter frente a esta psicopatologia, desde o momento do diagnóstico, passando pela acolhida e incluindo a adaptação. Referências ABRAMOVITCH, S.; ARAGÃO, L. O. e C. de. Depressão na infância e adolescência. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, ano 10, jan.-mar. 2011. Disponível em: https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730. Acesso em: 7 nov. 2022. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. COLAVITE, J. et al. Depressão: crianças também sofrem com essa doença. Psicólogo informação, ano 17, n. 17 jan./dez. 2013. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas- metodista/index.php/PINFOR/article/view/3642/3753. Acesso em: 6 nov. 2013. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730 https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/PINFOR/article/view/3642/3753 https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/PINFOR/article/view/3642/3753 Aula 3- Psicopatologias menos comuns em crianças e adolescentes Transtorno do estresse pós-traumático e impactos na aprendizagem Talvez você já tenha passado por uma situação adversa e de risco e isso tenha abalado sua confiança por um tempo, o que é normal quando se passa por algo desagradável, inesperado e intenso. Porém, quando o indivíduo sente um profundo abalo e não consegue se recuperar, temos o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), que [...] caracteriza-se pelo aparecimento de sintomas de ansiedade após a exposição a um evento traumático, que foi vivenciado com medo e horror. Tal exposição envolve a experiência direta a um evento traumático ou o testemunho ou o conhecimento de um evento ameaçador à integridade pessoal. Os sintomas de TEPT incluem a revivência persistente de tal evento; a esquiva de estímulos associados ao trauma e de entorpecimento da reatividade geral; e o aumento da excitabilidade. (APA,2002 apud XIMENES et al., 2013, p. 444) Em geral, o TEPT tem origem em um processo no qual a vítima não consegue se defender, é uma questão violenta que impede sua reação. Podemos citar, por exemplo (XIMENES, 2011): • Vitimizações ocasionadas por guerras (mudança de país, afastamento compulsório da família, falecimento ou assassinato dos pais, perda de membro do corpo, explosões, bombardeios e tiroteios, aprisionamento, entre outros – lembre-se de que o Brasil é um dos países que recebe refugiados de guerra). • Catástrofes e desastres naturais (enchentes, terremotos, tornados). • Abusos físicos (incluindo os sexuais) e psicológicos. • Tratamento negligencioso. • Doenças e mortes de familiares, incluindo perda de cuidadores e pessoas significativas. • Conflito e separação dos pais e de familiares próximos, independentemente do tempo. • Hospitalização. • Pobreza extrema, fome e privação do sono. • Violência urbana (assalto, sequestro, drogadição e ameaça de morte). Os sintomas que persistem após o evento que gerou o TEPT são: • Lembranças persistentes e intrusivas, ou seja, a pessoa não consegue deixar de pensar no evento. • Reações físicas típicas da ansiedade (suor excessivo, tremores, respiração acelerada e sensação de falta de ar, taquicardia, medo paralisante, enjoo, dor de cabeça e dor de estômago, entre outros). • Alerta constante, impedindo o relaxamento, o repouso e a reconstituição da psique. • Esquiva de lugares e pessoas que tragam a lembrança do evento que causou a TEPT ou amnésia (esquecimento superficial do evento, que continua sendo processado em campos profundos da psique). • Emoções negativas: sentimento de culpa (embora a pessoa não tenha culpa de ter sofrido a violência), sentimento de vergonha (embora ela tenha sido submetida à situação, que não foi uma escolha pessoal), dificuldade de estabelecer e manter relacionamentos, dificuldade em confiar em pessoas. Os sintomas são bastante incapacitantes quando o aprendente sofre de TEPT, pois muita energia mental é haurida pelos sintomas, impedindo que a dedicação aos estudos alcance os resultados esperados. O diagnóstico é realizado por médico psiquiatra e há necessidade de terapia psicológica, muitas vezes acompanhada de tratamento medicamentoso. Já a escola precisa criar mecanismos de acolhimento, de entendimento do transtorno e de adaptação. Em geral, não há necessidade de adaptação curricular, apenas metodológica, administrando o conteúdo e as atividades, dosando a quantidade e o tempo. Fobia social e a aprendizagem Você se considera uma pessoa tímida, ao ponto de não conseguir apresentar um trabalho e passar mal? Ou consegue apresentar o trabalho, mesmo que se sinta um pouco mal e com insegurança? Fobia social (FS) é um transtorno da ansiedade que leva a pessoa a sentir constrangimento frente a outras pessoas. De acordo com Nardi (2002 apud PORTO, 2005, [s. p.]), A Fobia Social é uma condição comum e incapacitante que tem como característica um medo patológico de agir de forma constrangedora ou inadequada na presença de outras pessoas. Tende a se apresentar numa idade mais precoce, frequentemente se desenvolve na infância com um pico na adolescência. Diferentes estudos relatam que a idade média de início da Fobia Social está entre 15 e 16 anos. O medo associado a situações de exposição tem a ver com o receio do indivíduo de ser avaliado por outras pessoas, por ser observado e avaliado por pessoas conhecidas ou desconhecidas. Isso leva o indivíduo a evitar situações sociais que o coloquem sob observação de outras pessoas. É comum que o indivíduo perda sua autoestima e sofra de ansiedade por medo de sofrer críticas. A FS, geralmente, inicia-se na infância e traz a perda de muitas oportunidades. As crianças com este transtorno evitam brincar com outras crianças, ir a festas, visitar seus colegas, participar de trabalhos em grupo e falar ou se apresentar em público. Outros sintomas são pavor em ler e fazer perguntas em frente à turma, participar das práticas esportivas e das competições, apresentar-se em peça teatral, iniciar e manter uma conversa com um pessoas estranhas ou com adultos que não sejam da sua própria família, fazer refeições em locais públicos. O transtorno pode impedir que a pessoa use o banheiro, ande pelo pátio na hora da entrada, intervalo e saída e até mesmo falar ao telefone na presença de colegas (SANTOS; PIRES, 2016). Frente a estas situações, os aprendentes com FS costumam manifestar taquicardia, tremores, suor excessivo, boca seca e incapacidade de pronunciar sons, falta de ar, dormência de um ou mais membros do corpo, rubor e/ou vontade de usar o banheiro, enjoo, calor ou frio (SANTOS; PIRES, 2016). O diagnóstico é realizado pelo médico psiquiatra e costuma necessitar de terapia psicológica e, talvez, de uso de medicamentos. Os educadores precisam ficar atentos aos sintomas e não criar situações que deixem o aprendente com FS constrangido, mesmo que seja sem intenção. Evitar que o aprendente vá à lousa, apresente trabalhos orais, apareça em evidência etc. O professor pode aceitar que ele escreva sua pergunta em um papel, sendo cuidadoso em responder, evitando a exposição do aprendente. Em geral, a escola não tem necessidade de realizar adaptação curricular, apenas ajustar sua metodologia. Uma questão que precisa ser cuidada é evitar que ocorram situações de bullying, ou seja, que outros aprendentes ridicularizem a criança ou o adolescente com FS. O bullying leva ao agravamento dos sintomas. Criar um ambiente tranquilo e estabelecer relações de parceria entre a escola e a família são essenciais para a recuperação e o desenvolvimento do aprendente que possui a FS. Os educadores devem estar atentos ao comportamento dos alunos com FS para que os índices de evasão escolar e de reprovação desses indivíduos tenham uma menor frequência. Além disso, é necessário que se criem estratégias para que os fóbicos sociais sejam incluídos nas atividades do cotidiano sem desconforto e não sofram nenhum tipo de bullying por parte dos colegas de classe. O diálogo com os responsáveis e terapeutas deve ser frequente para que o bem-estar desses alunos seja privilegiado. Agorafobia e aprendizagem A agorafobia é um transtorno de ansiedade que afeta indivíduos em qualquer idade. Trata-se de sofrimento com características ansiosas frente à necessidade de ter que ir a locais dos quais seja difícil sair ou nos quais seja difícil conseguir ajuda caso sinta uma crise de pânico, o que inclui ônibus, metrô, trem, avião, shopping center e mercado, locais nos quais haja multidão, filas, sejam eles locais abertos ou fechados, entre outros (CAÍRES; SHINOHARA, 2010). O medo de sair de casa é intenso, para evitar ir aos locais como os citados. Os sintomas de uma crise de agorafobia são os mesmos de uma crise de ansiedade: suor excessivo, tremedeira, dor de cabeça, dor de estômago, taquicardia e sensação de falta de ar, e podem aparecer quando a pessoa está saindo de casa, ao se dirigir para o espaço que gera ansiedade ou ao chegar/adentrar neste local. Em geral, o agorafóbico prefere não sair de casa e estar sempre na presença de pessoas conhecidas, que saberiam atender às suas necessidades na eventualidade de uma crise de ansiedade. A agorafobia prejudica as atividades cotidianas do indivíduo, uma vez que ele deixa de realizar uma tarefa por medo de ter uma crise ou sofrer os sintomas. Quando a pessoa consegue enfrentar a situação, ele passa por grande sofrimento e precisa, muitas vezes, estar acompanhada, afetando a qualidade de sua rotina ou impedindo que aconteça. É comum que o agorafóbico diminua drasticamente seu círculo social e abandone atividades prazerosas em função do transtorno. O diagnóstico da agorafobia é bastante complexo, pois os sintomas são semelhantes aos de outrostranstornos da ansiedade e pode ser facilmente confundida com a fobia social. O tratamento se dá com atendimento psicológico e, muitas vezes, medicamentoso. A terapia cognitivo comportamental parece ser a mais indicada, pois trabalha técnicas para enfrentar o surgimento dos sintomas e para conseguir lidar com situações que exigem presença em locais que possam ser gatilho para uma crise. No caso da criança e do adolescente com agorafobia, é possível que o aprendente não consiga ir à escola, exigindo medidas educativas compensatórias. Caso consiga ir à escola, pode estar em sofrimento, apresentar sintomas e ter uma crise de pânico e precisar ir embora. Neste caso, é importante que a escola se organize e consiga acolher o educando com agorafobia. Pode-se apresentar as medidas de segurança em caso de incêndio, indicar um professor e um colega a quem recorrer em caso de crise, alinhar estratégias para ação no caso da manifestação dos sintomas de ansiedade, tudo isso com o objetivo de deixar o aprendente tranquilo que terá o atendimento adequado em caso de necessidade. Em termos pedagógicos, normalmente, não se observa a necessidade de adaptação curricular, apenas adaptação metodológica e avaliativa. Videoaula: Psicopatologias menos comuns em crianças e adolescentes Olá, estudante! Nesta aula, estudamos alguns transtornos de ansiedade que ocorrem em menor número, mas para os quais você precisa ter uma certa noção. No vídeo, você aprofundará seus conhecimentos sobre a agorafobia, a fobia social e o transtorno do estresse pós-traumático. Aproveite bastante essas aprendizagens, pois farão parte do seu cotidiano profissional. Saiba Mais Este trabalho de conclusão do curso de Psicopedagogia da Universidade Federal da Paraíba investiga a situação de um educando com transtorno de ansiedade, apresentando orientações para o diagnóstico e para o atendimento psicopedagógico.OLIVEIRA, A. de L. Ansiedade infantil e dificuldades de aprendizagem: um olhar psicopedagógico. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicopedagogia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15479/1/ALO14062017.pdf. Acesso em: 13 nov. 2022. Referências CAÍRES, M. C.; SHINOHARA, H. Transtornos de Ansiedade na Criança: um olhar nas comunidades. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 6, n. 1, 2010. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/rbtc.org.br/pdf/v6n1a05.pdf. Acesso em: 13 nov. 2022. PORTO, P. Orientação de pais de crianças com fobia social. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, jun. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 56872005000100012. Acesso em: 13 nov. 2022. SANTOS, L. F. dos; PIRES, E. U. Fobia Social em adolescentes: repercussões acadêmicas. Revista de Psicologia da IMED, v. 8, n. 2, p. 172-184, 2016. https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15479/1/ALO14062017.pdf https://cdn.publisher.gn1.link/rbtc.org.br/pdf/v6n1a05.pdf http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872005000100012 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872005000100012 Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5763211. Acesso em: 13 nov. 2022. XIMENES, L. F. Transtorno de estresse pós-traumático em crianças e adolescentes. O impacto da violência e de outros eventos adversos sobre escolares de um município do estado do Rio de Janeiro. 2011. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=2616. Acesso em: 11 nov. 2022. XIMENES, L. F. et al. Violência comunitária e transtorno de estresse pós-traumático em crianças e adolescentes. Psicol. Reflex. Crit., v. 26, n. 3, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/g5r8xRKBwVw8XttxvFJrv8N/?lang=pt#:~:text=A%20exp osi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20comunit%C3%A1ria %20est%C3%A1%20associada%20a%20in%C3%BAmeros%20preju%C3%ADzos,i nternalizantes%20(Assis%2C%20Avanci%2C%20%26. Acesso em: 11 nov. 2022. Aula 4- O papel da escola no enfrentamento das psicopatologias Olá, estudante! Como você já sabe, educação é um direito constitucional e um dever do Estado e da família. E isso serve para todos os brasileiros, independentemente de suas condições sociais, financeiras, emocionais e biológicas. Acesso e permanência na escola são determinados por lei, portanto a escola precisa criar os mecanismos de acolhimento, aceitação, adaptação, aprendizagem e permanência escolar. Para tanto, é importante que o processo de formação continuada de professores ocorra enfocando a temática da inclusão, superando o preconceito e compreendendo a função social e pedagógica da escola. O professor precisa aprender a fazer escolhas metodológicas e desenvolver processos humanizados de avaliação, para que a inclusão escolar se realize definitivamente. É o que você vai estudar nesta aula! Inclusão escolar Você se lembra de ter estudado com algum aluno que tinha uma deficiência ou um transtorno de aprendizagem? Reflita um pouco. Quais eram as práticas pedagógicas e o acolhimento por parte dos professores e alunos? Ou será que você nunca teve essa rica experiência? https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5763211 https://bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=2616 https://www.scielo.br/j/prc/a/g5r8xRKBwVw8XttxvFJrv8N/?lang=pt#:~:text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20comunit%C3%A1ria%20est%C3%A1%20associada%20a%20in%C3%BAmeros%20preju%C3%ADzos,internalizantes%20(Assis%2C%20Avanci%2C%20%26 https://www.scielo.br/j/prc/a/g5r8xRKBwVw8XttxvFJrv8N/?lang=pt#:~:text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20comunit%C3%A1ria%20est%C3%A1%20associada%20a%20in%C3%BAmeros%20preju%C3%ADzos,internalizantes%20(Assis%2C%20Avanci%2C%20%26 https://www.scielo.br/j/prc/a/g5r8xRKBwVw8XttxvFJrv8N/?lang=pt#:~:text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20comunit%C3%A1ria%20est%C3%A1%20associada%20a%20in%C3%BAmeros%20preju%C3%ADzos,internalizantes%20(Assis%2C%20Avanci%2C%20%26 https://www.scielo.br/j/prc/a/g5r8xRKBwVw8XttxvFJrv8N/?lang=pt#:~:text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20comunit%C3%A1ria%20est%C3%A1%20associada%20a%20in%C3%BAmeros%20preju%C3%ADzos,internalizantes%20(Assis%2C%20Avanci%2C%20%26 Seria estranho se você nunca chegou a estudar com um colega com necessidades educacionais especiais, pois não são casos tão raros assim. Se você não teve essa experiência, provavelmente, a escola exerceu algum mecanismo de exclusão escolar e estes alunos não chegaram às séries finais. Há legislações que tratam especificamente da inclusão escolar: • Constituição Federal (CF/1988): determina que a educação é um direito de todos (incluindo, portanto, as pessoas com necessidades educacionais especiais) e um dever do Estado (que deve organizar a estruturação de oferta escolar em território nacional e garantir o acesso) e da família (que deve engendrar os esforços para permanência do aprendente na escola) (BRASIL, 1988). • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB nº 9.394/96): determina que as escolas devem criar programas inclusivos e adaptativos para pessoas com necessidades educacionais especiais, preparando os caminhos educacionais para que o indivíduo possa aprender de acordo com suas potencialidades (BRASIL, 1996). • Lei Brasileira da Inclusão: garante os mecanismos de acessibilidade ao espaço físico, de adaptação para acolhida da pessoa com necessidades especiais e necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2015). No âmbito escolar, o preconceito contra a pessoa com necessidades educacionais especiais, a falta de conhecimento e a negação em aceitar e apoiar o processo deaprendizagem das crianças e adolescentes com deficiências, psicopatologias ou transtornos de aprendizagem são os maiores fatores que levam ao processo de exclusão e evasão escolar. Além da legislação apresentada, os estados e municípios precisam criar os mecanismos inclusivos próprios e formar os professores para que possam atender e ensinar crianças e adolescentes com necessidades especiais. A verdadeira inclusão escolar acontece em sala de aula, quando o aprendente está inserido nas atividades acadêmicas e nos grupos de colegas. Muitas vezes, é preciso preparar a turma para acolher o colega, explicando as características e os mecanismos inclusivos. Da mesma forma, é importante que os professores pesquisem e aprendam sobre novas metodologias, sobre adaptação curricular e sobre as especificidades dos alunos que atende. Dependendo da situação de inclusão, faz-se necessária a presença de um acompanhante escolar, isto é, um profissional que acompanha o aprendente com necessidades educacionais especiais durante todo o período escolar, auxiliando a organização do material escolar, a alimentação e a higiene. Também, ajuda na socialização e acompanha o processo de aprendizagem. Já o atendente terapêutico tem uma função mais educativa: supervisiona e ajuda o processo educacional, trazendo explicações adicionais, ajudando a organização da aprendizagem e a realização das atividades escolares. Formação de professores para a inclusão escolar A prática pedagógica voltada ao processo de inclusão escolar é desafiante. Embora a educação especial faça parte da formação dos professores no período da graduação, trata- se de um processo inicial, ou seja, apresenta amplitude e possibilidades, mas carece de aprofundamento e vivências práticas. Quando se fala em desenvolver uma ação pedagógica para todos, sabe-se que não é uma atividade fácil e simples, ao contrário. É de extrema importância entender que todas as crianças são sujeitos de aprendizagem, cada qual com seu ritmo e desenvolvimento, pois possuem as suas diferenças. (BARRETO; BARRETO, 2016, p. 3-4) Neste sentido, o processo inclusivo deve ocorrer para todos que possuem necessidades educacionais especiais, sejam temporárias (como aquelas oriundas de uma psicopatologia, que tende a apresentar melhora e superação ao longo do processo de tratamento) ou definitivas (como os casos de transtornos de aprendizagem, deficiências e síndromes – que apresentam melhora após atendimento). A problemática que se coloca é que a formação inicial em educação especial é um tanto superficial, levando o professor a buscar aprofundamento para o exercício de sua profissão. Neste sentido, ele pode realizar uma pós-graduação ou cursos específicos, bem como estudos particulares (formação continuada). Estas formações vão prepará-lo para o olhar mais consciente e para a elaboração de práticas mais adequadas à inclusão escolar, realizando estudos de caso e aprofundando temáticas pertinentes, tais como: legislação para a inclusão escolar, os tipos de deficiências e transtornos e como se desenvolvem metodologias e avaliações específicas para cada situação. É importante, no entanto, considerar outro tipo de formação de professores, a chamada formação continuada e em serviço. Ela é continuada porque acontece após a graduação, dando sequência a um processo de estudo que, na verdade, não se encerra, já que a todo tempo há necessidade de atualização profissional. E ela é em serviço porque ocorre dentro da jornada de trabalho do professor, sendo um horário remunerado para estudo. A formação continuada e em serviço tem como característica aprofundar temáticas relacionadas ao trabalho prático do professor, por este motivo é tão interessante. Ela não é uma formação tão genérica, pois enfoca temas e necessidades atuais, levando o grupo a se aprofundar teoricamente sobre a situação e a criar mecanismos para resolução da problemática enfrentada. Veja este exemplo: digamos que uma escola recebeu um aluno com dislexia na 6ª série do ensino fundamental. Os professores podem, independentemente, buscar cursos e realizar estudos para conhecer mais sobre a dislexia e para desenvolver práticas pedagógicas adequadas a este aprendente. Porém, se a escola se organiza e oferece uma formação para estes professores, os resultados pedagógicos tendem a ser bem melhores, já que discutirão um caso real e poderão criar mecanismos metodológicos coletivos, trazendo a unidade e a segurança que este aprendente precisa. A avaliação da aprendizagem do aprendente inclusivo O processo de avaliação da aprendizagem é complexo, pois se baseia na elaboração de objetivos a serem alcançados, e quem elabora estes objetivos é, normalmente, o professor. Esclareceremos isto melhor. No começo de cada ano letivo, os professores conhecem suas turmas e elaboram um rol de conhecimentos e habilidades que os educandos precisam aprender e desenvolver ao longo dos bimestres ou trimestres escolares. Algumas vezes, estes objetivos são construídos coletivamente, com a participação dos alunos, depende muito da proposta da escola e da flexibilidade permitida ao professor. Quando se estabelecem esses objetivos, compreende-se que a turma toda é capaz e tem as condições necessárias para alcançá-los. O processo de avaliação é conduzido tendo em vista os objetivos desenvolvidos no período e a evidenciação da aprendizagem realizada pelo educando, isto é, o tanto que ele consegue demonstrar que aprendeu e evoluiu. Em situações de inclusão escolar, é muito provável que o educando tenha necessidades de aprendizagem diferentes de sua turma. Vejamos, por exemplo, um educando que possui o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Embora ele consiga aprender e raramente haja necessidade de traçar objetivos diferenciados para este aprendente, seu processo de aprender possui uma dinâmica diferente e precisa ser considerada no momento de avaliação, uma vez que a desatenção e a hiperatividade são fatores que influenciam negativamente o percurso regular de aprendizagem. O aprendente com TDAH também não consegue produzir texto longos e complexos, mas, normalmente, surpreende em sua oralidade, contextualizada, lógica e objetiva, quando se trata de avaliação. Nestes casos, sugere-se que o aprendente com TDAH faça parte das avaliações de forma oral, em que tem maior fluência e é capaz de evidenciar melhor sua aprendizagem. Assim, os professores precisam ter clareza sobre as situações nas quais precisam realizar avaliações diferenciadas (adaptadas). Eles devem olhar seus alunos com empatia e interesse, buscando melhores práticas avaliativas, ou seja, aquelas que efetivamente permitirão que o aprendente evidencie sua aprendizagem. Um aprendente com necessidades educacionais especiais não pode ser avaliado como os demais, que possuem as faculdades mentais íntegras e sem abalos emocionais. Muitas vezes, uma avaliação precisará ser construída de forma diferente, por exemplo: • Usando uma fonte de tamanho e o espaçamento entre linhas de tamanho maior. • Reduzindo o número de questões. • Apresentando questões mais simples e mais objetivas. • Permitindo outras formas de expressão do conhecimento (utilização de desenhos, gráficos, mapas mentais, ao invés de respostas que exigem a expressão da língua escrita). A avaliação contínua deve ser preponderante sobre a avaliação final, isto é, o professor deve avaliar seu aluno ao longo do bimestre ou trimestre, acompanhando paulatinamente sua evolução. A avaliação de final de período acaba sendo apenas um recorte suscetível a problemas inesperados, tais como uma crise de ansiedade, um período de abalo da saúde, uma falta necessária, o que levaria a um comprometimento da capacidade de evidenciação da aprendizagem. Já na avaliação contínua é possível observar os avanços, os retrocessos e a superação do aprendenteem um determinado período, tornando-se, assim, o estilo ideal de avaliação da aprendizagem. Videoaula: O papel da escola no enfrentamento das psicopatologias A escola inclusiva é um desejo de todos, e os mecanismos para que isso ocorra são trabalhosos. É preciso que os professores saibam desenvolver metodologias capazes de estimular e garantir a aprendizagem de todos, incluindo aqueles que possuem singularidades que impactam a aprendizagem. Neste vídeo, você conhecerá a legislação que subsidia a escola inclusiva, as melhores práticas de formação de professores para a escola inclusiva e como a avaliação deve ser organizada em função das necessidades educacionais dos educandos inclusos. Saiba Mais Este artigo apresenta o processo histórico da educação especial e dos processos inclusivos, para entender o momento atual da inclusão escolar. Aborda as fases da exclusão, da segregação, da integração e da inclusão total. Embora especifique a situação dos deficientes, é fácil entender que os estudos se aplicam aos casos de psicopatologias, transtornos de aprendizagem, síndromes, dificuldades de aprendizagem temporárias etc. SILVA NETO, A. de O. et al. Educação inclusiva: uma escola para todos. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 31, n. 60, p. 81-92, jan./mar. 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/3131/313154906008/313154906008.pdf. Acesso em: 16 nov. 2022. Referências BARRETO, K. C. C.; BARRETO, W. P. A formação dos professores e a inclusão escolar. Goiânia, GO: Instituto Federal Goiano, 2016. Disponível em: https://periodicos.ifgoiano.edu.br/index.php/ciclo/article/view/211. Acesso em: 15 nov. 2022. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Congresso Nacional, [2022]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 nov. 2022. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 14 nov. 2022. BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 14 nov. 2022. Aula 5 - Revisão da unidade Psicopatologias na infância e na adolescência Olá, estudante! Chegamos ao momento de finalização desta unidade e, para isso, retomaremos os principais estudos realizados. https://www.redalyc.org/journal/3131/313154906008/313154906008.pdf https://periodicos.ifgoiano.edu.br/index.php/ciclo/article/view/211 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm As psicopatologias não têm origem neurobiológicas. Normalmente, são frutos de um ou mais episódios traumáticos dos quais a pessoa não consegue se recuperar sem ajuda. Podem ser, ainda, resultados de alterações na produção e no transporte de alguns neurotransmissores. Em relação a crianças e adolescentes, observa-se que os transtornos de ansiedade e a depressão são as psicopatologias mais comuns. Em relação aos transtornos ansiosos, estudamos o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), a síndrome do pânico, o transtorno obssessivo-compulsivo (estas três com maior prevalência), o transtorno do estresse pós-traumático, a fobia social e a agorafobia (estas últimas com menor prevalência). Embora tenham origens diferentes, a sintomatologia entre eles é bastante semelhante: suadouro, tremores, dor de cabeça, dor de estômago, taquicardia. Os transtornos de ansiedade causam rupturas no processo regular de ensino e aprendizagem, tanto pelas crises que provocam ausências quanto pela incapacidade de concentração prolongada. Algumas vezes, é importante que o educando não seja e não se sinta exposto e não realize trabalhos em grupo. Estudamos também o transtorno depressivo, ou depressão, um quadro de humor deprimido, semelhante a uma tristeza sem fim, com impossibilidade de execução regular das atividades rotineiras e escolares. É preciso sempre ficar alerta em relação à possibilidade de atentado contra a própria vida. O tratamento dos transtornos ansiosos e depressivos precisa ser prescrito por um médico psiquiátrico, que fará o acompanhamento, muito provavelmente, com suporte psicológico. A escola tem papel importante no enfrentamento destas psicopatologias, pois é um espaço controlado que pode trazer segurança ao educando, ao mesmo tempo que propicia ações que ele pode concretizar de acordo com suas potencialidades, fortalecendo sua confiança e auxiliando o processo de tratamento. Por fim, estudamos também a necessidade de levar formação continuada e em serviço aos professores, para que possam conhecer, desmistificar e ajudar os educandos a enfrentar esta situação, quando existir. Embora os transtornos psicopatológicos sejam relativamente conhecidos, a formação inicial do professor não é suficiente para conhecer as especificidades das psicopatologias apresentadas e para a criação de estratégias pedagógicas que valorizem e estimulem a aprendizagem dos educandos que se encontram nesta situação. Realizar práticas de inclusão e processos de avaliação mais empáticos são responsabilidade da escola e dos professores. Estudo de caso Olá, estudante! Chegamos ao momento de refletir sobre os estudos realizados nesta unidade, aplicando os conhecimentos em uma situação fictícia, porém comum no ambiente escolar e que você, provavelmente, enfrentará em seu ambiente de trabalho. Imagine que você é um psicopedagogo recentemente contratado por uma escola de educação básica. Esta é uma pequena escola particular, com menos de trezentos e cinquenta alunos, e propicia uma educação humanista baseada no diálogo e no acolhimento, respeitando as singularidades e potencialidades de cada aprendente. Porém, não é uma escola que possuía casos de inclusão. Recentemente, uma adolescente que frequenta o sexto ano do ensino fundamental começou a manifestar sintomas de tristeza profunda, isolamento e acanhamento. Segundo ela, os pais estão em processo de separação e está muito difícil lidar com a situação. Após algumas semanas, a educanda passou a preferir ficar sozinha, isolando-se completamente dos colegas. Prefere não conversar com os professores, fica de cabeça baixa e sua produção vem perdendo qualidade em todos os componentes curriculares. Frequentemente, deixa de fazer trabalhos e prefere ficar desenhando a lápis em seu caderno, evitando usar cores. Não quer conversar e queixa-se de dor de cabeça constantemente. A família optou por levar ao oftalmologista, que, após avaliação preliminar, não identificando um problema com a visão, solicitou avaliação psiquiátrica. A avaliação constatou um quadro de depressão leve, que precisa ser tratado com terapia psicológica e uso de antidepressivo. A família entrou em contato com a escola, conversou com você, apresentou a situação, que tem um bom prognóstico. Porém, a família entende que a escola precisa desenvolver ações apropriadas ao quadro que a educanda apresenta neste momento. O médico e a psicóloga se colocaram à disposição para uma conversa. Os professores encontram-se desnorteados, pois observaram a desvinculação da estudante com a aprendizagem e com a escola, mas não sabem como agir. Como psicopedagogo, o que você faria? Quais são os direitos desta aluna? Como a escola deve se organizar a partir desta situação? Quais são os cuidados que precisam ser tomados? Enfim, o que é depressão? Prepareum material indicando os passos que você seguiria para orientar o acolhimento, a inclusão e a avaliação de aprendizagem desta aluna. Reflita A depressão é um transtorno psicopatológico com um quadro muito particularizado para cada indivíduo. Os sintomas não são lineares e, uma vez que a depressão se instalou, é preciso acompanhar os sintomas por muito tempo, pois ela é sorrateira e aparece novamente sem sinais. Outra informação: o indivíduo que se reconhece como deprimido tende a esconder a situação, pois sabe que sofrerá preconceito e falas equivocadas. Então, ele pode sorrir, brincar e consegue esconder sua real situação. Você sabia disso? Não? Por este motivo, na posição de professor, coordenador ou psicopedagogo, é muito importante que você estude sempre e aprofunde-se nos temas que são desafiantes em seu trabalho. Quem não sofreu um transtorno deste tipo e não tem conhecimento na área tende a achar que é frescura, fraqueza e enrolação. Muito provavelmente, você precisará fazer intervenções junto aos professores e `s comunidade para que possam desenvolver uma postura mais acolhedora. Acredite, seu trabalho é muito valioso! O Videoaula: Resolução do estudo de caso Olá, estudante! No caso apresentado, esta jovem estudante está sofrendo de depressão, que foi se instalando de forma sutil, mas forte, de maneira que a própria psique não teve condições de reagir espontaneamente. A depressão desestrutura o funcionamento dos neurotransmissores e, normalmente, necessita de suporte medicamentoso para reequilíbrio da química cerebral. Os sintomas, conforme apresentado no caso, impedem que a educanda se vincule com a aprendizagem e com a escola, ela não tem energia para conseguir cumprir suas atividades, para estudar, para ficar acordada em sala de aula. O maior desafio é vencer a visão limitada que as pessoas têm sobre os transtornos psicopatológicos. Em geral, acreditam que depressão não é doença de criança, porque não aconteceu nada de tão sério na vida ainda que a levasse a ter depressão. O que não entendem, muitas vezes, é que, na infância e na adolescência, a psique ainda não está completamente organizada e fortalecida. Pois bem, voltando à situação, como o psicopedagogo poderia conduzir a situação? Em primeiro lugar, levando a situação aos professores de forma ética: “a aluna está passando por avaliação médica”. Em relação à parte pedagógica, o coordenador pedagógico é o profissional que deveria conduzir, mas o psicopedagogo tem formação para realizar esta condução. De forma prática, a sequência ideal de ações seria: • Os professores notificados da avaliação médica, já desenvolvendo práticas de acolhimento. • Após laudo, o psicopedagogo e o coordenador conversam com o médico ou psicólogo para alinhar as estratégias de ação – normalmente, junto ao laudo, os profissionais enviam um roteiro de orientações para a escola. • Formação de professores e elaboração de plano de desenvolvimento individualizado para a aluna. • Orientação do psicopedagogo e do coordenador em relação à metodologia, às interações e à avaliação da aluna. • Supervisão e acompanhamento da rotina da educanda. É preciso também ficar atento às temáticas que os professores trabalham, por exemplo, se escolherem texto para leitura, que sejam mais alegres, que evitem levar a aluna a reviver a situação que está atravessando (separação dos pais, depressão). O acompanhamento com a família também se faz necessário, e este é o papel do psicopedagogo. São reuniões realizadas de tempos em tempos para avaliação do progresso da aluna, explicações e acolhimento da família. Espero que estas orientações tenham colaborado com a resolução do seu “mão na massa”! Resumo Visual Referências ABRAMOVITCH, S.; ARAGÃO, L. O. e C. de. Depressão na infância e adolescência. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, ano 10, jan.-mar. 2011. Disponível em: https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730. Acesso em: 7 nov. 2022. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. CASTILLO, A. R. G.L. et al. Transtorno de ansiedade. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 2, n. 22, dez. 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/dz9nS7gtB9pZFY6rkh48CLt/. Acesso em: 5 nov. 2022. BARRETO, K. C. C.; BARRETO, W. P. A formação dos professores e a inclusão escolar. Goiânia, GO: Instituto Federal Goiano, 2016. Disponível em: https://periodicos.ifgoiano.edu.br/index.php/ciclo/article/view/211. Acesso em: 15 nov. 2022. VIANNA, R. R. A. B.; CAMPOS, A. A.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência: uma revisão. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, jun. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 56872009000100005. Acesso em: 5 nov. 2009. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8851/6730 https://www.scielo.br/j/rbp/a/dz9nS7gtB9pZFY6rkh48CLt/ https://periodicos.ifgoiano.edu.br/index.php/ciclo/article/view/211 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872009000100005 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872009000100005 Exercícios da Unidade 2 Transtornos Neurológicos, Psicopatologia e a Aprendizagem Questão 1 A apresentação clínica do transtorno depressivo durante a infância e adolescência é variada, o que torna o processo diagnóstico complexo. Para que seja aventada a hipótese de transtorno depressivo maior, a criança ou o adolescente deve apresentar pelo menos duas semanas de alterações persistentes no humor, manifestadas por humor deprimido e/ou irritável ou perda de interesse. Sintomas associados incluem: sentimentos de desvalia, aumento ou redução do apetite ou do peso, insônia ou hipersonia, decréscimo da atividade, diminuição da concentração e da energia, pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida. Crianças tendem a ter menos sintomas melancólicos, desilusões e tentativas de suicídios que adultos deprimidos, mas são mais propensas a sintomas somáticos. Além disso, a irritabilidade, o mau humor e as reações intempestivas de agressividade fazem comumente parte do quadro clínico nessa faixa etária. Importante lembrar que o transtorno depressivo maior é uma síndrome e por isso inclui, além da mudança do humor (deprimido), sintomas associados que, juntos, formam o quadro clínico. Em crianças e adolescentes é importante que se investigue se os sintomas descritos são de intensidade suficiente para causar prejuízo em casa, na escola ou com os amigos. Assinale a alternativa que apresenta corretamente um sintoma da depressão observável na escola: • Agitação intensa com baixo rendimento escolar. • Episódios de tremores, suadouro, taquicardia com queda no rendimento escolar. • Desatenção com aumento do rendimento escolar. • Esquiva de realização de trabalhos escolares com aumento de rendimento escolar. • Perda de prazer com queda no rendimento escolar. Questão 2: De acordo com o DSM-IV-TR (APA, 2000), são classificados como transtornos de ansiedade: o ataque de pânico; o transtorno de pânico com ou sem agorafobia; as fobias específicas e fobia social; o transtorno obsessiva-compulsivo; o transtorno de ansiedade generalizada; o transtorno de estresse pós-traumático; o transtorno de estresse agudo; o TA devido a uma condição médica, induzido por alguma substância ou sem outra especificação. Tanto a criança quanto o adolescente podem receber qualquer um destes diagnósticos. De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação dos transtornosansiosos contidos na Coluna A com os sintomas que podem ser mais observáveis na escola, apresentados na Coluna B. COLUNA A COLUNA B I. Transtorno de Ansiedade Generalizada 1. O principal sintoma observado é o receio de ser julgado publicamente, o que o educando a evitar participar das atividades educativas. II. Fobia social 2. Um barulho (resultando da queda de um objeto, por exemplo) pode disparar uma crise de ansiedade. III. Agorafobia 3. O educando apresenta sintomas de ansiedade frente a diversas situações, inclusive àquelas às quais está habituado. IV. Transtorno do Estresse Pós-Traumático 4. Neste caso, o educando passa a ter medo de ir à escola, por ser um ambiente populoso e ele tem receio de não conseguir ser atendido caso tenha uma crise de ansiedade. Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as colunas. • I - 4; II - 3; III - 2; IV - 1. • I - 3; II - 1; III - 4; IV - 2. • I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. • I - 3; II - 4; III - 1; IV - 2. • I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. Questão 3: Notas, conceitos, pareceres, portfólios, provas dentre tantas outras práticas são exemplos dos diferentes modos de fazer e expressar a avaliação da aprendizagem. Diagnóstica, formativa, somativa, democrática, inclusiva, são algumas das terminologias que demonstram um movimento de pensar em como essa prática vem se constituindo. Com base na adaptação avaliativa, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. Em situações nas quais a criança ou o adolescente desenvolve um transtorno de ansiedade ou um transtorno depressivo, é preciso que o professor reflita sobre melhores práticas avaliativas que realmente possam evidenciar a aprendizagem destes educandos PORQUE II. os educandos, fragilizados psiquicamente, precisam de acolhimento, suporte e práticas pedagógicas e avaliativas adequadas à situação que está vivendo. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. • As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. • As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. • A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. • A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. • As asserções I e II são proposições falsas. Questão 4 Nos últimos anos, as escolas brasileiras têm vivenciado um forte movimento em prol da ampliação do acesso e democratização do ensino. Esse movimento, atualmente chamado de inclusão escolar, é fruto de discussões anteriores que levam em consideração a importância de pessoas com deficiência conviverem com os demais alunos da escola regular.No bojo da discussão sobre a inclusão escolar de pessoas com deficiência incluem-se os casos de acolhimento e inclusão de crianças e adolescentes com transtornos psicopatológicos. Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir: I. Toda criança tem direito à educação e deve ter a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, para isso é preciso criar estratégias de acolhimento e adaptação escolar. II. Os sistemas educacionais devem ser reorganizados e os programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de considerar a diversidade das características e necessidades educacionais especiais, que se apresentam em quadros de transtornos depressivos e ansiosos. III. Professores precisam ser preparados para o desenvolvimento de práticas inclusivas voltadas a crianças e adolescentes com transtornos depressivos e ansiosos. IV. As escolas não precisam prestar informações que auxiliem médicos e psicólogos a realizar o diagnóstico, pois elas podem influenciar negativamente o processo, e devem seguir as orientações que receberão destes profissionais. Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em: • II, III e IV, apenas. • I, III e IV, apenas. • I, II e III, apenas. • I, II e IV, apenas. • I, II, III e IV Questão 5: Por um longo período, as categorias nosológicas relacionadas à ansiedade, descritas conceitualmente na Classificação Internacional das Doenças (CID) ou no Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), estavam circunscritas à idade adulta. A noção difundida até então era a de que os medos e as preocupações durante a infância eram de curso transitório. Em 1975, a CID-9 incluiu a descrição de uma categoria mais ampla, nomeada de Distúrbios das Emoções, com início específico na infância, que incluía dois distúrbios ansiosos – o distúrbio de ansiedade excessiva e o distúrbio da sensibilidade, timidez e retração social. Em 1980, o DSM-III, seguindo a mesma tendência, apresentou uma nova seção destinada aos transtornos mentais diagnosticáveis pela primeira vez na infância.Com base nos estudos sobre os transtornos de ansiedade na infância e na adolescência, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A escola pode apresentar dificuldades em compreender que transtornos ansiosos podem ocorrer na infância e na adolescência PORQUE II. Ela está preparada apenas para realizar a inclusão de educandos com transtornos neurobiológicos e deficientes. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. • As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. • As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. • A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. • A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. • As asserções I e II são proposições falsas. Inclusão escolar Formação de professores para a inclusão escolar