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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO - CEUNSP NOME: Natália Aquino Olmos de Castro RGM: 23422-564 Direito Processual do Trabalho - 9º B - Direito noturno. PROFº: George Alexandre Abduch SALTO/SÃO PAULO 2023 PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL José Zinho, residente em Blumenau/SC, trabalhou para a empresa ABC Ltda, sediada em Florianópolis/SC, no período de 24/07/2016 a 30/12/2022, na função de entregador, sem registro em sua CTPS. Foi dispensando sem justa causa e, em razão da ausência do registro, a empresa informou a ele que o via como autônomo, portanto, não pagou suas verbas rescisórias. Ele trabalhava de segunda a sábado, das 08h às 19h, com 1 hora para refeição e descanso. José Zinho obedecia a ordens do supervisor Armando, que lhe passava as diretrizes do trabalho a ser cumprido, inclusive entregando o roteiro a ser feito, e prazos a serem cumpridos. Quando da dispensam José Zinho recebia mensalmente a importância de R$ 2.800,00. QUESTÃO: Como advogado procurado por José Zinho, maneje a medida processual pertinente para defesa de seus interesses. AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA __ª VARA DO TRABALHO DE FLORIANÓPOLIS/SC José Zinho, brasileiro, estado civil, ocupação de entregador, portador do Registro Geral (RG) nº xx.xxx.xxx-x e inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF/MF) sob o número xxx.xxx.xxx-xx, cuja Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ostenta o número xxxxx, Série xxxxx UF, filho de NOME DA MÃE, residente e domiciliado à Rua xxx, nº, Bairro, Blumenau/SC, CEP, endereço eletrônico, por intermédio de seu advogado regularmente constituído, nos termos do instrumento de mandato incluso, com endereço profissional à Rua xxx, nº, Bairro, Cidade/UF, CEP, endereço eletrônico, vem, com o devido respeito, apresentar: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Em face de ABC LTDA, pessoa jurídica de Direito Privado, inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) sob o número xx.xxx.xxx/xxx-xx, com sede em Florianópolis/SC, à Rua xxx, nº, Bairro, CEP, endereço eletrônico, representada por seu sócio [NOME DO SÓCIO], brasileiro, CPF/MF sob nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado à Rua xxx, nº, Bairro, Cidade/UF, CEP, endereço eletrônico, pelas razões de fato e de direito a seguir delineadas: I – DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA Requer-se o deferimento do benefício da gratuidade judiciária, uma vez que o reclamante não dispõe de recursos para suportar as despesas processuais sem prejuízo de sua subsistência e de seus dependentes, declarando-se carente nos moldes do artigo 98 do Código de Processo Civil e artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal, em consonância com o disposto no §3º do artigo 790 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e Súmula 463 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em virtude de sua condição de desempregado. II – DO CONTRATO LABORAL O reclamante foi admitido pela reclamada em 24 de julho de 2016, para desempenhar o cargo de entregador, com jornada de trabalho estipulada de segunda-feira a sábado, das 08h às 19h, com intervalo de 1 hora para refeição e descanso, não havendo qualquer registro em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Em 30 de dezembro de 2022, o reclamante foi dispensado imotivadamente e sem observância do aviso prévio, quando percebia remuneração mensal no montante de R$ 2.800,00. Na ocasião da rescisão contratual, não foram satisfeitas as verbas rescisórias devidas, sob a justificativa da reclamada de que o reclamante era categorizado como autônomo, não restando ao reclamante alternativa senão a proposição da presente demanda trabalhista. III – DO RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO DE TRABALHO SUBORDINADO O reclamante desempenhou suas atividades de forma ininterrupta e sujeita à direção da reclamada por um período superior a seis anos, sem que o devido registro fosse efetuado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), caracterizando evidente transgressão às disposições legais laborais. O ajuste laboral entre as partes é claramente delineado pelos elementos primordiais estabelecidos nos artigos 2º e 3º da CLT, a saber: execução de tarefas de forma pessoal, sujeição à hierarquia, regularidade e contrapartida financeira. Tais elementos atestam, de forma inequívoca, a existência de uma relação de emprego entre o reclamante e a reclamada. Além disso, em conformidade com o princípio da realidade, que estipula a supremacia da verdade dos fatos sobre as formalidades legais, torna-se imperativo o reconhecimento da relação de emprego entre as partes, independentemente da ausência de anotação na CTPS do reclamante, devendo-se considerar a verdadeira essência da relação laboral. Assim sendo, requer-se o reconhecimento da relação empregatícia entre o reclamante e a reclamada, bem como a devida anotação na CTPS do reclamante conforme previsto no artigo 29, inciso 7º, da CLT, e a aplicação da multa estipulada no artigo 47 do mesmo diploma legal. IV – DOS DIREITOS RELATIVOS AO 13º SALÁRIO E FÉRIAS + 1/3 O reclamante prestou serviços à reclamada desde 24/07/2016 até 30/12/2022, não tendo recebido, em nenhum momento, o 13º salário nem as férias, uma vez que a reclamada o considerava como trabalhador autônomo. Caso seja reconhecido o vínculo empregatício, o reclamante tem direito ao recebimento do 13º salário atrasado e das férias referentes a todo o período laborado, incluindo o respectivo terço constitucional. Portanto, requer-se o pagamento do 13º salário proporcional de 2016 e integral dos anos de 2017 a 2022, bem como das férias vencidas em dobro acrescidas do terço constitucional, referentes ao período de 24/07/2016 a 23/07/2021, e das férias simples acrescidas do terço constitucional, referentes ao período de 24/07/2016 a 23/07/2022. V - DO FGTS Em conformidade com a Lei nº 8.036/90, a reclamada é obrigada ao recolhimento do FGTS no montante de 8% da remuneração do trabalhador, o que jamais foi realizado, mesmo diante da ausência de anotação na CTPS do reclamante. Assim, requer-se a condenação da reclamada ao pagamento do FGTS referente ao período laborado. VI – DAS HORAS SUPLEMENTARES Ao longo de todo o vínculo empregatício, o reclamante foi submetido a uma jornada laboral exaustiva, cumprindo regularmente horas além do período estabelecido como padrão. Conforme detalhado anteriormente, o reclamante desempenhava suas atividades de segunda a sábado, das 08h às 19h, totalizando uma carga horária diária de 10 horas e semanal de 60 horas. Esta carga horária excede significativamente o limite legal estipulado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que fixa a duração máxima de 8 horas por dia, admitindo-se a realização de até 2 horas extras mediante acordo individual, acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho. É evidente, portanto, que as horas extras desempenhadas pelo reclamante foram impostas unilateralmente pela reclamada, sem observância das disposições legais pertinentes. Nos termos do artigo 7º, inciso XVI, da Constituição Federal, é assegurado o pagamento de horas extras com acréscimo de, no mínimo, 50%, como forma de compensação pelo trabalho extraordinário. Adicionalmente, a Súmula 85 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) estipula que na falta de acordo ou convenção coletiva fixando outro percentual, o adicional de horas extras deve ser de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho. Diante do exposto, requer-se que a reclamada seja condenada ao pagamento das horas suplementares que excederam as 8 horas diárias, com o adicional de 50%. Dada a habitualidade dessas horas extras, requer-se também a sua integração ao salário do reclamante para todos os fins legais, com reflexo nas verbas contratuais e rescisórias. VII - DO SEGURO DESEMPREGO Em decorrência da dispensa imotivadaocorrida em 30 de dezembro de 2022, é inquestionável o direito do reclamante à percepção do benefício do seguro- desemprego, nos termos preconizados pela Lei nº 7.998/90. O seguro-desemprego representa um amparo essencial aos trabalhadores dispensados involuntariamente, objetivando fornecer auxílio financeiro durante o período de desemprego, salvaguardando, assim, o mínimo necessário para a subsistência e favorecendo a reintegração no mercado laboral. No caso sub judice, o reclamante atende integralmente aos requisitos estabelecidos pela legislação para a concessão do referido benefício, uma vez que foi desligado sem justa causa e carece de recursos suficientes para garantir sua própria subsistência e a de sua família. Portanto, requer-se que a reclamada forneça os documentos pertinentes para a habilitação do reclamante ao mencionado benefício previdenciário, em consonância com as disposições legais aplicáveis, e que efetue o pagamento das parcelas correspondentes conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. VIII- DAS VERBAS RESCISÓRIAS O reclamante possui o direito ao recebimento das verbas rescisórias devidas em decorrência da dispensa sem justa causa promovida pela reclamada, nos seguintes termos: 1. Saldo de salário (30 dias) R$ 2.800,00 O reclamante laborou até o dia 30 de dezembro de 2022, data em que foi dispensado sem justa causa, não percebendo integralmente o salário relativo ao mês de dezembro de 2022. 2. Aviso prévio indenizado - R$ xxxx Considerando a ausência de motivo justificado para a rescisão do contrato de trabalho, assiste ao reclamante o direito ao Aviso Prévio Indenizado, prorrogando- se, assim, o término do vínculo empregatício. Consoante ao disposto no inciso 1º do artigo 487 da CLT, a falta de concessão do aviso prévio pelo empregador implica no pagamento dos salários correspondentes ao período respectivo, integrando-se ao tempo de serviço para todos os efeitos legais. Desse modo, o período de aviso prévio indenizado corresponde a mais 51 dias de tempo de serviço para efeito de cálculo do 13º salário, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS com 40% da multa, fazendo jus o reclamante ao recebimento correspondente à sua verba salarial, estabelecida em R$ 2.800,00. 3. Férias proporcionais – R$ xxxx Ao reclamante é assegurado o direito ao recebimento do período de férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional, referentes ao período de 24/07/2016 a 30/12/2022, conforme estipulado no artigo 146, parágrafo único, da CLT, e artigo 7º, XVII, da CF. Dessa maneira, o reclamante tem direito ao recebimento das férias em proporção de 5/12, acrescidas do terço constitucional, já considerando a devida projeção do aviso prévio. 4. Multa 40% do FGTS – R$ xxxx 5. Multa do art. 477 da CLT – R$ xxxx Na hipótese de não pagamento ao reclamante no prazo estabelecido pelo artigo 477, inciso 6º, da CLT, impõe-se a obrigação de quitação de uma multa equivalente a um mês de salário, revertida em favor do reclamante, conforme disposto no inciso 8º do referido artigo. 6. Multa do artigo 467 da CLT – R$ xxxx A reclamada deverá efetuar o pagamento ao reclamante, na audiência inaugural, de todas as verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, nos termos do artigo 467 da CLT. Nesse sentido, o reclamante protesta pelo recebimento integral das parcelas incontroversas na primeira audiência. IX - DA OBRIGAÇÃO DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS Também é requerido pela reclamante que a reclamada efetue os recolhimentos das contribuições previdenciárias referentes a todo o período laborado, com a incidência de todos os reflexos e adicionais pertinentes que integram a verba salarial. A reclamada deverá comprovar nos autos a efetivação dos recolhimentos, podendo o juiz, se necessário, expedir ofício ao INSS para apuração e cobrança das contribuições. IX- DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se: O reconhecimento do vínculo empregatício no período de 24/07/2016 a 30/12/2022, com a devida anotação em CTPS nos termos do inciso 7º do art. 29 da CLT; A aplicação da multa prevista no artigo 47 da CLT devido à ausência de anotação na CTPS – R$ 3.000,00; A condenação da reclamada ao pagamento do 13º salário referente a todo o período laborado – R$ 12.072,72; A condenação da reclamada ao pagamento das férias vencidas em dobro, acrescidas do terço constitucional, referentes ao período de 24/07/2016 a 23/07/2021 – R$ 37.333,30; A condenação da reclamada ao pagamento das férias simples, acrescidas do terço constitucional, referentes ao período de 24/07/2021 a 23/07/2022 – R$ 3.733,33; O imediato depósito do valor atualizado do FGTS referente a todo o período laborado – R$ 17.472,00; A condenação da reclamada ao pagamento das horas extraordinárias laboradas – R$ XXXXX; A condenação da reclamada ao pagamento das seguintes verbas rescisórias: a) Saldo de salário (30 dias) – R$ 2.800,00 b) Aviso prévio (51 dias) – R$ 4.760,00 c) Férias proporcionais + 1/3 (24/07/22 a 30/12/2022) – R$ 1.555,51 d) Multa de 40% do FGTS – R$ 7.714,74 e) Multa do artigo 477 da CLT – R$ 2.800,00 f) Multa do artigo 467 da CLT – R$ XXXX O recolhimento das contribuições previdenciárias de todo o período laborado – R$ XXXX XI – DOS REQUERIMENTOS Considerando o exposto, solicita-se: A intimação da reclamada nos termos do artigo 841 da CLT, para que, caso queira, apresente resposta à presente reclamação, facultando-lhe a possibilidade de propor acordo, sob pena de sujeição aos efeitos da revelia e confissão quanto à matéria de fato. A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita; Que seja julgada procedente a presente Reclamação Trabalhista, condenando-se a reclamada ao pagamento de todas as verbas discriminadas nos pedidos anteriores, devidamente atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, além do pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 15% sobre o valor da condenação, conforme preconiza o artigo 791-A da CLT, bem como outras cominações legais. A expedição de ofício ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para regularização das contribuições previdenciárias, bem como a apresentação das guias de recolhimento das contribuições. A expedição de alvarás para saque do seguro-desemprego e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a prova testemunhal, documental e o depoimento pessoal. Atribui-se à causa o valor de R$ XXXXX (por extenso). Por conseguinte, requer-se o deferimento. [Localidade], [dia] de [mês] de [ano]. [Nome do Advogado] – OAB/UF nº xxx.xxx