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NÚCLEO DE PÓS- GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA DESAFIOS DA GESTÃO INDUSTRIAL E A ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO SUMÁRIO GESTÃO INDUSTRIAL........................................................................................4 PROCESSO PRODUTIVO ................................................................................. 4 TIPOS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO ...................................................... 8 INDICADORES DE DESEMPENHO ............................................................. 11 INDICADORES CLÁSSICOS ........................................................................ 12 O MODELO 3PCP NA INDÚSTRIA .............................................................. 14 OS TIPOS DE SISTEMAS PRODUTIVOS ....................................................... 18 3PCP – PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO, PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E CONTROLE DA PRODUÇÃO ................................. 20 INFORMAÇÃO E SUPRIMENTOS NO 3PCP ........................................... 21 GESTÃO DA DEMANDA EM AMBIENTE SUSTENTÁVEL ....................... 23 TÉCNICAS DE PREVISÃO E SEUS MODELOS .......................................... 25 SISTEMA DE PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA (MRP II) ..................................................................................................... 28 PLANEJAMENTO DE DEMANDA E OPERAÇÕES ..................................... 29 PLANEJAMENTO AGREGADO.................................................................... 30 PROGRAMA MESTRE DE PRODUÇÃO (MPS) ....................................... 31 PLANEJAMENTO DAS NECESSIDADES DE MATERIAIS (MRP) ........... 31 PLANEJAMENTO DA NECESSIDADE DA CAPACIDADE (PNC) ............ 32 SISTEMA DE CONTROLE DE CHÃO DE FÁBRICA (SFC) ...................... 33 FINANÇA EMPRESARIAL ............................................................................ 33 PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO...................................... 34 SEQUENCIAMENTO DE PEDIDOS ............................................................. 35 CONTROLE DA PRODUÇÃO ...................................................................... 36 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA – ENTERPRISE RESOURCES PLANNING (ERP) ......................................................................................... 37 PROPOSTAS DE ERP VERDE ................................................................. 39 A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ................................................................... 41 A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COMO ÁREA ............................................ 41 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO .. 42 COMPETÊNCIAS ...................................................................................... 42 HABILIDADES ........................................................................................... 43 OS DESAFIOS DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ....................................... 44 TECNOLOGIA E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ....................................... 45 SUSTENTABILIDADE E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ........................... 47 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ............ 49 REFERÊNCIAS...... .......................................................................................... 51 GESTÃO INDUSTRIAL Fonte: https://dgrande.com.br A gestão industrial visa otimizar os fluxos financeiros, de materiais e de informações por meio da aplicação de metodologias de detecção de lacunas e implantação de ações de melhoria nas áreas industriais das empresas. PROCESSO PRODUTIVO O significado de processo produtivo se refere ao uso de informações e recursos de conversão que utiliza insumos e os transformam em produtos finais de maior valor do que os insumos de entrada (materiais, componentes, pessoal, capital, energia). Na concepção mais frequente, o processo produtivo é entendido como o conjunto de tarefas unidas por fluxo de bens e informações devidamente coordenado com o propósito de modificar o estado e/ou a composição física do que entrou no processo. É um conjunto de atividades de transformação que toma um input, agrega valor e resulta em um output de valor econômico útil para atender a um cliente peculiar. Os processos industriais de manufatura, pela dinâmica do mercado e da competitividade, diferenciam-se e adaptam-se à medida que o ambiente se transforma, a indústria cresce, a tecnologia da informação evolui e o conhecimento especializado se desenvolve. A tecnologia, para o processo produtivo, torna-se preponderante tanto na realização do trabalho quanto na maneira de gerenciá-lo. No cotidiano da fabricação encontrar desperdício, retrabalho etc é comumente identificável no processo de transformação, assim, toda uma ciência de melhoramento foi desenvolvida ao longo do tempo por meio de indicadores de eficiência para monitorar a performance e analisar a gestão do processo. O diagrama de fluxo, na figura abaixo, demonstra as entradas, o processo e a saída para um produto único. Na produção de múltiplos produtos, as condições (tarefas em máquinas universais, fluxos de bens e informações e armazenagem) são específicas para cada produto e podem variar de acordo com a engenharia de produto, os insumos, o sequenciamento, os estoques e os tempos em cada tarefa. Diagrama de fluxo de processo produtivo fictício No sistema operacional, também conhecido como “caixa preta”, algum tipo de bem ou serviço é produzido. Para a produção são necessários os insumos (matéria-prima, componentes, capital, pessoal, energia, entre outros) para serem trabalhados eficientemente no sistema de transformação com a finalidade de obter o produto final e/ou serviço pronto para ser entregue ao mercado consumidor. Para compreender o processo de produção é preciso medir e avaliar os elementos da produção numa perspectiva econômica e sustentável. • Insumos ‒ uma maneira de medir os elementos é utilizar as seguintes métricas para cada unidade produzida: a) horas-homens para mensurar o pessoal, b) quilowatts para energia, c) custo de matéria-prima e componentes, tornando mais difícil a medição da utilização de capital. Também é preciso analisar os insumos sob os aspectos de aproveitamento de material, consumo de energia, utilização de água e metros cúbicos de gases de efeito estufa expelidos. • Produtos finais ‒ o produto final pode ser avaliado sob as condições econômicas dos competidores – preços praticados e diferenciais de competitividade, como políticas socioambientais – e do mercado consumidor – imagem da organização na sociedade. Nesse caso é útil considerar as características do custo de fabricação, a qualidade e o tempo de produção de cada unidade de produto final. Outros critérios podem ser considerados na avaliação, como o total de resíduo gerado, o volume reciclado e reaproveitado. • Tarefas ‒ as tarefas modificam as características dos materiais e componentes em processamento por meio das informações que orientam o procedimento. Uma tarefa toma a forma de acréscimo de valor pelo uso de capital (a tecnologia que determina a natureza das tarefas, fluxos e relacionamentos no processo) e despesas operacionais (mão de obra, materiais, energia, componentes, entre outros). Além dos recursos, cada tarefa demanda um tempo de execução, que varia muitas vezes em função de detalhe e grau de dificuldade operacional, bem como de aparato tecnológico adotado para sua realização, que determinam, por consequência, seu correspondente custo por envolver capital investido. A decisão sobre a tecnologia adotada para a execução de uma tarefa traz consequências sobre o continuum variedade-volume, qualidade, capacidade e retorno de investimentos. Tarefas como a separação de materiais para reciclagem vêm sendo agregadas ao processo de produção.• Fluxos ‒ consistem na movimentação entre armazenagem-tarefas ou tarefas-armazenagem pela logística interna, como também no fluxo de informações e os registros de ocorrências na execução das tarefas. A retroinformação permite subsidiar o sistema de custos da empresa, mostrar a performance do processo produtivo e propiciar o planejamento ou replanejamento de novas ordens de produção. Em relação à sustentabilidade, esta movimentação pode ser avaliada na perspectiva do consumo energético e dos gases de efeito estufa gerados. • Armazenagem ‒ as armazenagens são normalmente encontradas no início (insumos) e no fim do processo produtivo (produto acabado). Tarefas interligadas sem estoque supõem a existência de fluxo continuo planejado. Em um processo do tipo job shop ou intermediário, podem ser encontradas armazenagens intermediárias para otimizar o balanceamento de determinada tarefa considerada “elo crítico”. Além desses conceitos, devem-se considerar ainda os elementos listados abaixo: capacidade, eficiência/produtividade, rapidez/responsividade, confiabilidade, flexibilidade, qualidade e custos. Capacidade: A capacidade de produção está relacionada à dimensão tempo (minutos, horas, dias, semana, meses, ano). É uma função da variedade-volume e caracteriza-se com o limite máximo possível de produção em condições ideais num curto período de tempo. Algumas denominações podem ser encontradas como capacidade máxima (funcionamento de pico), nominal ou normal (nível de produção abaixo do máximo durante períodos de ciclo sem sobrecarga dos recursos de conversão), teórica ou do projeto (capacidade técnica apresentada pelos fornecedores de máquinas ou equipamentos, nem sempre viabilizada em face ao balanceamento do processo), ociosa (não aproveitamento da capacidade instalada), efetiva ou real (exclui os tempos de paradas técnicas, preparações das máquinas e manutenção programada). Eficiência/ produtividade: A eficiência é uma medida que relaciona o valor real (output) do processo ao valor planejado (input). Já́ a produtividade é uma medida de desempenho dos fatores de produção, ou seja, é uma medida que relaciona o valor do produto final ou resultado gerado (output) do processo ao valor dos recursos ou insumos utilizados (input), podendo ser parcial ou total. Normalmente, é avaliada considerando dois ou mais períodos consecutivos quando comparada e é também denominada variação da produtividade. Rapidez/ responsividade: A rapidez se refere ao tempo mais curto possível entre o pedido (recepção, fechamento de negócio), manufatura (tomada de decisão, logística interna, movimentação de materiais e componentes e fluxo de informação) e entrega do produto ao consumidor (logística de transporte). Já́ a responsividade considera a pontualidade de entrega e habilidade da empresa em responder prontamente as solicitações dos consumidores, com espera e tempo de fila mínimo. Confiabilidade: Significa cumprir, dentro do prazo estipulado ou contrato firmado com o cliente, o prazo de entrega. O cliente só pode julgar a confiabilidade após ter recebido o produto ou serviço. A confiabilidade inclui a análise da operação interna no que se refere a economia de tempo, custos e estabilidade ou confiança no sistema de produção. Flexibilidade: Refere-se à capacidade de ajustar rapidamente as mudanças de operações para volume e diferentes produtos e serviços no ambiente de manufatura. Qualidade: Refere-se à fabricação do produto conforme padrão técnico especificado no projeto de produto que visa alcançar a expectativa, satisfação e a necessidade do cliente. Custos: A utilização de capital e despesas operacionais implica a definição de custos (empregados, instalações, tecnologia e equipamentos, materiais e componentes). TIPOS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO O fluxo de processo numa empresa de manufatura considera a movimentação de material; pessoal da produção; utilização de máquinas e equipamentos; armazenagens inicial, intermediaria e final; características do produto no que se refere a volume e variedade; tecnologia e investimentos empregados, entre outros. Identificam-se quatro estruturas principais de fluxo de processo, citadas a seguir: a) Job shop ‒ também denominada de departamento, refere-se à produção de pequenos volumes para uma grande variedade de produtos. A maioria dos produtos necessita de um conjunto ou sequência diferente de etapas de processamento. Um mesmo posto de trabalho pode processar variados produtos e se tornar “gargalo” por não ter capacidade suficiente para balancear o processo, isso quer dizer que as tarefas devem esperar sua vez – “natureza fundamental das job shops”. São exemplos deste tipo de processo marcenaria, indústria gráfica, empresas de artefatos de couro e oficinas de automóveis. b) Lotes ‒ trata-se de um job shop padronizado. Este tipo de estrutura é geralmente empregado quando um negócio tem uma linha relativamente estável de produtos, cada uma das quais produzindo uma batelada, ou batch periódico, para ser utilizada na próxima etapa do processo ou atender a pedidos de clientes. Exemplos deste tipo de processo são empresas que fabricam equipamentos pesados e o setor de estamparia em montadoras de veículos. c) Linha de montagem ‒ refere-se à produção de peças discretas, que se desloca entre estações em ritmo constante e controlado, seguindo a sequência necessária para obter o produto. Exemplos incluem a montagem de veículos, barcos, aviões, montagem de brinquedos e eletrodomésticos, a fabricação e montagem de silos para secagem e armazenamento de produtos agrícolas, entre outros. d) Fluxo contínuo ‒ vinculado à conversão ou processamento de materiais em sequência predeterminada de etapas em fluxo contínuo e não discreto – movimentação por meio de veículos guiados automaticamente – e conhecido como sistema AGVs. Este tipo de estrutura fabril, constituída “quase de uma única máquina”, envolve importante automatização por integração de máquinas, volume alto, produto único e redução nos tempos mínimos de produção. Exemplos são fabricantes de refrigerantes, processamento do petróleo para extração de combustíveis diversos e produção de massas alimentícias (macarrão). O Quadro a seguir destaca que o volume de produção e a variedade de produtos evoluem de forma oposta para sistemas com finalidades e tecnologias diferentes. Em processos produtivos considerados simples e flexíveis costuma- se ter baixo volume e diversos tipos de produtos. Um exemplo é o empreendimento de marcenaria que produz móveis sob encomenda – móveis ou produtos diferentes solicitados por clientes diversos, o que envolve variados materiais, componentes, forma de produzir, estética, tempo de produção, máquinas e equipamentos distintos. Estágios do contínuo de variação de processos produtivos A seleção do processo produtivo se refere à decisão estratégica de definir o fluxo, as características da fabricação e, consequentemente, o tipo de arranjo adotado na manufatura. Os tipos incluem também a análise dos processos descritos a seguir. • Conversão ‒ transformar extração (bens da natureza) em materiais para a indústria, a exemplo do minério de ferro convertido em chapas de aço. • Fabricação ‒ transformar a matéria-prima oriunda da conversão em componentes para a montagem, por exemplo, o vergalhão de aço da siderúrgica em engrenagem da caixa de câmbio do veículo. • Montagem ‒ montar diferentes componentes acabados em um único conjunto com função específica, por exemplo, a caixa de câmbio do veículo. • Acabamento ou teste ‒ processo complementar vinculado à função básica do produto final. Não é considerado como um processo fundamental propriamente dito, mas sim uma atividade de controle. INDICADORES DE DESEMPENHO Fonte: http://tectrolnet.com.brNo decorrer do processo de produção, as indústrias precisam acompanhar o índice de rejeição, retrabalho interno, setup (tempo de preparação) da fábrica, tamanho médio dos lotes, lead time médio (tempo de execução), rotatividade dos estoques, entre outros fatores. Portanto, entre os fatores de medição destacam-se aqueles relacionados ao custo, qualidade, flexibilidade, velocidade e confiabilidade. Indicadores de desempenho são medidas que tem o propósito de monitorar as ações gerenciais de um processo, isto é, quantificar os resultados das ações com base na natureza e na especificidade do processo. Eles permitem: • Compreender prioridades de atuação; • Decidir com base em dados e fatos concretos; • Proporcionar objetividade de avaliação; • Incentivar mudanças. Para avaliar o desempenho das operações de produção, gestores e engenheiros buscam estabelecer indicadores alinhados às estratégias produtivas. Para tanto, nas últimas décadas, diversas técnicas, ferramentas e modelos foram desenvolvidos para auxiliar no processo de acompanhamento e mensuração de desempenho, destacando-se entre eles: • BSC – balanced scorecard; • Saprov – sistema de avaliação da produtividade vetorial para a manufatura avançada; • SMDT – sistema visível de medidas de desempenho do processo de transformação; • SMED – single minute exchange of die; • Smart – strategic measurement analysis and reporting technique; • Sigma – sustainability integrated guidelines for management; • Maaspi – modelo para avaliação ambiental em sistemas produtivos industriais, entre outros. O desempenho pode ser analisado com base em critérios de eficiência, eficácia e efetividade. • Eficiência ‒ consiste em utilizar da melhor forma possível os recursos disponíveis para a realização da ação. • Eficácia ‒ capacidade de atingir os objetivos organizacionais para uma atividade ou ação. • Efetividade ‒ capacidade de funcionar regularmente, satisfatoriamente, fazendo referência ao que é real e verdadeiro INDICADORES CLÁSSICOS Notadamente, o conceito da produtividade vem sendo utilizado por profissionais nas diferentes ciências. É importante observar que a medida contempla algumas variáveis qualitativas de difícil quantificação. Por exemplo, a maior ou menor satisfação psicológica do trabalhador, o risco de acidentes de trabalho, a informalidade e/ou tempo que não agrega valor, a qualidade das relações com a comunidade e a segurança da continuidade da produção que afetam custos e receitas, mas não são, em geral, incluídas na medida da eficiência ou produtividade. Apesar disso, a medida da produtividade tem sido utilizada como um instrumento de gestão para interpretar a eficiência ou otimização de um sistema de transformação. Portanto, é representada pela relação dos recursos necessários para proceder à produção e a seu resultado final. Em geral, utiliza- se o seguinte algoritmo para determinar o indicador de produtividade total, mista ou parcial: Relação entre medida de produtividade e algoritmo Outro importante indicador de processo refere-se à capacidade. Este indicador está́ vinculado à taxa real de utilização do sistema em relação àquela para o qual ele foi projetado, isto é, a relação entre capacidade efetiva ou real e capacidade teórica ou do projeto. Pode ser definido como: A capacidade efetiva envolve a disponibilidade do processo produtivo em condições normais de operação, ou seja, contrapõe a indisponibilidade, que envolve paradas do processo por quebras, falta de energia, troca de turno, tempo de manutenção programada, tempo de limpeza de máquinas, lei econômica do rendimento decrescente, dificuldades de programação, desbalanceamento nos tempos ou velocidade, entre outras. Já́ a capacidade teórica pode ser entendida como a capacidade que os engenheiros de produção tinham em mente quando projetaram o processo produtivo. Ressalta-se que, normalmente, por fatores de compatibilização entre recursos de conversão de marcas e fornecedores, ela não se viabiliza tecnicamente na prática e acaba se estabelecendo o que se denomina capacidade do sistema produtivo, ou seja, inferior à capacidade teórica. A eficiência também é um indicador relevante e contempla a relação existente entre capacidade efetiva e capacidade do sistema. O MODELO 3PCP NA INDÚSTRIA A atividade industrial sempre esteve relacionada ao uso intensivo e linear dos recursos naturais. Essa iniciativa de transformar e descartar levou à degradação ambiental e à escassez de recursos importantes para a sociedade humana. Esse cenário induziu as empresas a adotarem uma nova postura em relação ao planejamento, programação, prática socioambiental e controle na produção, denominada 3PCP. O 3PCP, função administrativa voltada para orientar a manufatura, refere- se ao sistema de informação que sustenta os planos e fatores da produção de maneira a otimizar os recursos disponíveis. Essa função assume, na contemporaneidade, o papel de cumprir o planejamento das vendas nos níveis estratégico, tático, operacional e ambiental, incluindo a tecnologia da informação. O planejamento, programação, prática socioambiental e controle da produção se referem à atividade de gerenciar a operação produtiva satisfazendo de forma contínua a demanda dos consumidores. Para tanto, utiliza-se de um sistema de informação que planeja e programa as operações da empresa para controlar e aumentar a eficiência e a eficácia dos recursos de conversão. No que se refere às siglas PCP (Planejamento e Controle da Produção) e PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção), elas são utilizadas para a mesma finalidade. Entretanto, alguns autores preferem um maior detalhamento, discriminando separadamente a programação do planejamento. Normalmente se considera o horizonte de planejamento (semanas ou meses) relacionado com as políticas estratégicas; por outro lado, a programação (horas ou dias) se relaciona com trabalhos ou tarefas individuais (estoques, sequenciamento, emissão e liberação de ordens de compra, fabricação e montagem, gargalos, produtos acabados, perdas e outros) ligados ao detalhamento do planejamento com o uso de ferramentas especificas. A adição do “P”, de programação da produção, permite considerar atividades diretamente envolvidas com aspectos táticos e estratégicos da manufatura e sua interface com vendas, compras, logística, estoque, qualidade, entre outros. O PPCP, acompanhado das denominações Planejamento e Controle da Produção; Planejamento e Acompanhamento da Produção; Sales Operation Planning ou Planejamento de Vendas e Operações (PVO), tem o propósito de indicar quando e onde cada operação deve ser realizada, quanto de cada matéria-prima deve ser adquirida e, o mais importante, quando cada pedido poderá́ efetivamente ser faturado. O PVO estabelece e reajusta planos contínuos à luz das flutuações da demanda de mercado, da disponibilidade de recursos internos e suprimento de materiais e serviços externos. No que se refere à programação e controle da atividade produtiva, é necessário determinar quais são as operações, o tipo e a quantidade de fatores de produção a serem empregados e as datas de entrega estabelecidas. A dinâmica do processo de planejamento, termo-base da gestão da produção e operações, deve considerar o status quo, a visão de futuro da empresa e os objetivos pretendidos (de longo prazo) – voltados estrategicamente para o horizonte da empresa –, bem como o planejamento em curto prazo direcionado para o uso de recursos internos. A estruturação do PPCP gera, no patamar estratégico, o plano de produção. Na posição tática é estabelecido o Plano Mestre da Produção (PMP) e, na operacional, preparam-se os programas e o acompanhamento de curto prazo da produção. Nessas condições, o PPCP dispõe aprogramação da produção observando os estoques, o sequenciamento de operações, a emissão e liberação de ordens de compras, a fabricação e montagem, bem como executa o acompanhamento e controle da produção, incluindo os aspectos e fatores socioambientais. Portanto, o PPCP representa o elo entre as estratégias, políticas e decisões de manufatura – coerência vertical hierárquica – e as decisões operacionais na fábrica – coerência horizontal entre setores da manufatura. Em geral, o tradicional PPCP é definido em programação, roteiro, aprazamento, liberação e controle, e a abordagem ampliada 3PCP inclui práticas socioambientais na produção, articulando cada uma das dimensões aos princípios de sustentabilidade. Assim, sugere-se denominar, nesse contexto, planejamento, programação, práticas socioambientais e controle da produção. • Programação ‒ determina os tipos e as quantidades dos produtos que serão fabricados com base nos pedidos recebidos dos clientes e/ou nas previsões de vendas. A programação se refere ao detalhamento do plano de produção para a execução de maneira integrada e coordenada entre a fábrica e demais unidades. Em programação, um aspecto ambiental que merece ser considerado engloba o tipo e a quantidade de combustível necessário para a manufatura dos produtos, bem como a fonte de energia a ser consumida, uma vez que está diretamente relacionada às emissões diretas de gases de efeito estufa geradas pela indústria. É importante considerar o volume de reduções do consumo de energia obtido com base em uma programação eficiente (setups e quantidade produzida). • Roteiro ‒ o roteiro especifica as operações a serem realizadas e o tempo unitário de fabricação do produto para cada uma das tarefas. Determina o melhor método de trabalho para cada componente, subconjunto e montagem dos produtos acabados. Também determina o tempo-padrão de preparação e de operação das máquinas. O roteiro de produção apoia as decisões de fabricar ou comprar, fluxo de montagem, forma, tamanho e quantidade de matéria-prima, divisão do trabalho a ser executado, definição do maquinário envolvido, sequência das operações e escolha do ferramental. As decisões referentes ao roteiro também têm impacto direto sobre o consumo de energia e água, além do total de resíduos e rejeitos oriundos da atividade produtiva. • Aprazamento ‒ define quando será́ iniciada a produção, quando terminará e, por diferença, quanto tempo levará. O aprazamento tem relação direta com o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa vinculados ao processo produtivo. • Liberação ‒ consiste na mobilização dos recursos antes do início da produção, conforme cronograma determinado na fase de aprazamento. Nos sistemas de PPCP complexos (desdobramento do produto em diversos níveis), a liberação ou movimentação das ordens de fabricação se encarrega de todas as providências para fabricar: retirada de matéria- prima de almoxarifado, contagem de peças, transferência e entrega de peças produzidas, entre outras atividades. Em termos ambientais, envolve ainda as emissões indiretas de gases de efeito estufa provenientes da movimentação de recursos e materiais, bem como a disposição dos resíduos (armazenamento, recuperação, reutilização, incineração, compostagem, entre outros). • Pratica socioambiental ‒ a relação do PPCP com a dimensão socioambiental envolve diferentes atividades administrativas e operacionais vinculadas a tarefas e operações para evitar impactos e consequências adversas. A dimensão ambiental configura-se, portanto, como um conjunto de operações e atores engajados em diversos sistemas do conhecimento da empresa, numa perspectiva interdisciplinar. Já na dimensão social, devem ser considerados saúde e segurança no trabalho, avaliação de fornecedores em práticas trabalhistas e direitos humanos, saúde e segurança do cliente, igualdade de remuneração entre homens e mulheres, entre outros aspectos. • Controle ‒ define indicadores indispensáveis para o acompanhamento do Plano ou ajustes nas tarefas e tempos de execução, quando ocorrem imprevistos. Refere-se ainda ao monitoramento de suprimentos de materiais e atividades do processo de produção por meio de um programa de vendas. Em relação aos aspectos ambientais, a etapa de controle pode se referir, por exemplo, ao consumo de energia e o total de água retirada por fonte; o volume e percentual de resíduos e rejeitos; o percentual de materiais provenientes de reciclagem; e as emissões de gases de efeito estufa. Para alcançar esses objetivos é importante lembrar que o ambiente produtivo é um sistema sociotécnico que envolve uma realidade tecnológica e social completamente articulada. Portanto, a atuação socioambiental consistente vinculada ao PPCP deve considerar: 1. desenvolvimento de ecotimes para disseminar a educação ambiental (instruir e disseminar conceitos sobre economia – água, energia – e meio ambiente, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, legislação ambiental, auditoria e certificação ambiental, redução do volume de reagentes tóxicos descartados no ambiente). As pessoas devem ser portadoras de soluções, e não apenas de denúncias. A educação ambiental propicia o aumento de conhecimento, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente; 2. incluir a gestão socioambiental nas decisões estratégias, bem como nos processos organizacionais e operacionais. 3. efetivar a transformação do tradicional PPCP na concepção de 3PCP no sistema de produção. Simplificar os fluxos produtivos para economizar materiais, eliminar estoques excessivos e focar a saúde, segurança e direitos humanos no ambiente de trabalho, além de acompanhar indicadores socioambientais vinculados à operação. O engajamento dos colaboradores é condição fundamental para, internamente, promover a consciência socioambiental. Proporcionar aos colaboradores a opção de participar, por empowerment, do processo decisório é uma maneira de fortalecer a corresponsabilidade na fiscalização, monitoramento e acompanhamento dos agentes de impacto negativos. Assim, a prática ambiental deve ser incorporada em cada uma das fases que envolvem o PPCP como condição para alertar o empregado e stakeholder, na perspectiva da produção, sobre focos de degradação ambiental, procedimentos para aproveitamento do uso de matérias-primas, água e energia, normas de redução de resíduos e emissões e boas práticas operacionais. OS TIPOS DE SISTEMAS PRODUTIVOS Os tipos de sistemas produtivos definem um 3PCP específico para cada indústria. Entre eles, destacam-se: • indústria de produção contínua – realiza operações repetitivas, com pouca ou nenhuma interrupção, produz grandes lotes de produtos, normalmente padronizados, e tem reduzida flexibilidade no processo; • indústria de produção intermitente – categorizada em dois tipos: 1. Produção sob encomenda, que prevê maior tempo de preparação em relação ao tempo de operação, produzindo pequenos lotes de uma grande variedade de artigos; 2. Produção repetitiva em lotes de produtos, que tem as mesmas características da indústria de produção sob encomenda, porém simplificada devido à repetitividade dos lotes, a exemplo das indústrias de móveis e eletrodomésticos. O tipo de produção define o 3PCP a ser utilizado. Os ambientes de manufatura podem ser classificados em: • Make to stock (MTS) – fabricação para estoque; • Assemble to order (ATO) – montagem sob encomenda; • Make to order (MTO) – fabricação sob encomenda; • Engineering to order (ETO) – engenharia sob encomenda. Assim, tem-se o 3PCP por fluxo na produção contínua; por projetos especiais na produção sob encomenda; por ordem na produção repetitiva; e por bloco ou cargas – utilizado em determinadasindústrias. Para se realizar o 3PCP existem pré-requisitos essenciais. O primeiro diz respeito ao roteiro de produção, que definirá as peças a serem fabricadas e como o produto será́ montado. O segundo trata do planejamento global da produção, que consiste na busca por um software de gestão que concilie as perspectivas de vendas com a capacidade produtiva da fábrica. E o terceiro pré-requisito, de abordagem política-administrativa, envolve a obtenção de relatórios de perdas, consumo de energia e água, resíduos industriais, processo de reaproveitamento, utilização de mão de obra, entre outros. Esse banco de dados, além de ser utilizado no planejamento ou replanejamento de futuras ordens de serviço ou produção, aproxima e integra o 3PCP e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Nesse caso, compreender as práticas socioambientais relacionadas à otimização dos recursos, eliminação do desperdício e melhor condição da qualidade de vida no trabalho induz a reflexões nas estratégias produtivas ao repensar fatores considerados na tomada de decisão. Assim, a manufatura na organização sustentável não é tarefa de um só gestor, voltado unicamente para investimentos de capital, mas de valores e práticas organizacionais que suportem essa filosofia. Nesse contexto, ao 3PCP cabe a emissão, programação e movimentação das ordens de fabricação, acompanhamento da produção, planejamento e controle de estoques e monitoramento de aspectos socioambientais antes, durante e após a fabricação. 3PCP – PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO, PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E CONTROLE DA PRODUÇÃO O planejamento da manufatura se apoia na capacidade física dos recursos de produção – pessoas, equipamentos, instalações, materiais –, nas necessidades da demanda pela previsão de vendas e/ou pedidos sob encomenda e no atendimento às novas expectativas socioambientais das fábricas. Independentemente do tipo de processo produtivo, o 3PCP contribui para a vantagem competitiva da empresa de manufatura. A competição atual, relacionada à imagem da empresa, implica um planejamento que considera princípios de sustentabilidade ecológica e social. Nesse contexto, o 3PCP, atento aos focos de descartes ou aplicação adequada dos resíduos (reciclagem e reutilização) e ao uso de tecnologias limpas, evolui para apontar questões ambientais no planejamento e controle da produção, de maneira flexível e adaptativa, por meio da avaliação da programação da produção, levantamento dos impactos ambientais e processamento das mudanças na programação do sistema produtivo. O planejamento é uma formalização do que se pretende que aconteça em determina- do momento no futuro, a fim de que a produção ocorra eficazmente e gere os produtos e serviços desejados. Portanto, a função do plano de produção é orientar a fabricação tomando por base pedidos e/ou previsão de vendas; capacidade do processo para atender clientes no prazo e no volume necessários; demanda; tipos de matéria-prima e componentes; níveis de estoques adequados; sequência de tarefas e recursos na forma de pessoal, equipamentos, instalações, compras liberadas, backlog, entre outros. A nova forma de planejar a produção, agregando a dimensão ambiental, implica em políticas de redução de energia, água, matéria-prima, que refletem benefícios ambientais e econômicos para a indústria. Esse desafio aponta para reflexões que envolvem o crescimento quantitativo do volume de produção versus o desenvolvimento qualitativo do sistema produtivo com base na sustentabilidade. As atividades arroladas a seguir podem contribuir para o planejamento da produção que almeja otimizar a gestão ambiental. 1. Identificar as obrigações legais, expectativas sociais, ambientais e regulamentos pertinentes. 2. Identificar fontes de poluição (ar, água, solo) e possíveis oportunidades para sua redução significativa. 3. Identificar elementos de risco para segurança dos trabalhadores e riscos ergonômicos. Ver NR 01 a 36.24. 4. Definir objetivos, metas e cronograma consistentes com a política socioambiental da empresa. 5. Definir procedimentos para o armazenamento e descarte de resíduos perigosos e não perigosos – ver norma ABNT NBR 12235/1992,25 bem como níveis de emissão de poluentes – ver Conama n. 03/1990 e n. 436/2011.26. 6. Indicar um sistema de gestão ambiental com ações e operações que permitam criar valor por meio do uso de energias renováveis, redução do consumo de água e uso de materiais de menor impacto ambiental. 7. Identificar questões sociais de atuação estratégica no ambiente da indústria. 8. Desenvolver capacidade gerencial para integrar stakeholders nas questões ambientais e sociais. 9. Desenvolver responsabilidades e competências em ecotimes para a prática socioambiental e geração de valor. 10. Treinar os colaboradores em práticas e condutas que reduzam o risco laboral e de situações de emergência e acidente ambiental. 11. Estruturar um processo de auditoria para conhecer e avaliar os impactos socioambientais. 12. Articular conhecimento com profissionais e órgãos públicos e privados voltados à sustentabilidade INFORMAÇÃO E SUPRIMENTOS NO 3PCP O desenvolvimento e crescimento de uma organização de manufatura tende a tornar o ambiente de trabalho mais complexo e, consequentemente, faz com que ele dependa de tecnologias de apoio. “A decisão de investir em novas tecnologias está diretamente relacionada à competitividade e à busca por melhor desempenho e resultados de uma organização.” Entre outras utilidades, a tecnologia da informação (TI) na produção surge para apoiar a função 3PCP na empresa de manufatura e dar respostas rápidas ao atendimento e às necessidades especificas dos clientes. No entanto, o intensivo aporte de recursos para a implementação desse sistema suscita dúvidas, em micro e pequenas empresas, acerca do retorno dos investimentos. A aplicação da TI requer análise detalhada em termos de resultados para o negócio. As empresas buscam as melhores soluções de diferentes fornecedores para integrar no sistema Enterprise Resource Planning (ERP) pacotes específicos – denominados best of breed – a cada subsistema da empresa no intuito de conseguir resultados mais efetivos para o 3PCP. Nesse contexto, entender o papel da TI é direcionar o negócio da empresa para a vantagem competitiva ao longo da cadeia de valor. A agilidade, a qualidade e o uso contínuo de informações caracterizam a TI como fator de vantagem competitiva. A complexidade e a integração de parceiros na cadeia de valor torna a implementação de um sistema de 3PCP necessária por permitir o gerenciamento da demanda, suprimentos, capacidade produtiva, fabricação, informação e acompanhamento de metas socioambientais. Os resultados podem ser analisados pelo alcance dos objetivos de diminuição do lead time de produção, redução dos custos de estoque e de produção, fidelidade no cumprimento de prazos, agilidade de resposta em casos de alterações de demanda, melhor acompanhamento de indicadores e atendimento aos princípios da sustentabilidade. Um tipo de informação para ser inserido no sistema de dados gerenciais refere-se à origem dos insumos e materiais utilizados no processo de fabricação. A rastreabilidade ambiental, que consiste na capacidade de identificar a origem de um produto, as ações ambientais realizadas para minimizar os impactos ambientais e o caminho percorrido por ele de um ponto ao outro da cadeia, permite mais segurança ao consumidor, uma vez que disponibiliza dados de gênese do produto e informa de onde veio (localização geográfica), como foi produzido (condutas socioambientais adotadas) e a trajetória até́ chegar ao ponto de venda. Outras informações ambientais cada vez mais demandadas das indústrias referem- se a pegada hídrica, à pegada de carbono do processo e do produto e informaçõessobre o descarte e a destinação dos resíduos. Em relação à pegada hídrica, por exemplo, entre outros aspectos, implica ter uma base de dados sobre a quantidade de água que se torna parte do produto, bem como saber a diferença entre a captação e o volume de descarte final, isto é, a água evaporada durante a armazenagem, processamento e transporte. Dependendo do estágio de gestão ambiental estratégica da empresa, abrangência de suas atividades, condições ambientais, requisitos legais e necessidade tática da informação, podem ser inseridos nos sistemas gerenciais os indicadores ambientais definidos pela Global Reporting Initiative ou podem ser selecionados alguns indicadores ambientais de desempenho operacional que envolvem dimensões especificas. GESTÃO DA DEMANDA EM AMBIENTE SUSTENTÁVEL A gestão da demanda é, normalmente, considerada uma função de marketing ou vendas, pois implica em agregar diferentes pedidos e projetar o consumo em períodos específicos. A demanda é o input do planejamento, programação e controle da produção em virtude da coexistência entre marketing/vendas (variações do mercado, mudança de comportamento do cliente, ações de competidores, produtos e política de preço, entre outros) e a manufatura (capacidade de processo, carga de máquina, política de materiais e logística, gargalos de produção, tempo-padrão, força de trabalho, horas extras, contratação e demissão, terceirização, entre outros). O grande mérito da previsão é aproximar o máximo possível o prognóstico da realidade. Essa análise com o uso de recursos computacionais pode incluir modelos quantitativos de projeção e permite ao gestor avaliar, em face ao comportamento histórico da demanda, o desempenho dos modelos adotados e projetar as demandas futuras. Na alta administração, a previsão de longo prazo é a base do planejamento estratégico e, na gerencia intermediaria, a previsão funciona como um referencial para a execução de atividades. No nível tático é possível fazer uso de dados históricos e realizar projeções com base em modelos quantitativos e qualitativos que se referem a algoritmos matemáticos e métodos subjetivos, baseados nos julgamentos dos gerentes. No intuito de antever as variações da demanda, as empresas buscam alternativas como estudos do comportamento do consumidor, aumento da capacidade de produção, locais adequados para instalações, processos de produção enxuta, previsões de demanda e outros. Dessa forma, alguns critérios devem ser considerados pelo gestor, como: características sazonais do produto; nível da agregação de dados; frequência das previsões, precisão da previsão desejada; horizonte de planejamento; necessidades efetivas de previsões; disponibilidade e acurácia de dados; experiência dos gestores de demanda. Quem deve fazer a previsão de demanda? Um especialista que tenha conhecimentos sobre estatística? Um grupo composto de gerentes de área (marketing, ecodesign, finanças, logística e produção) da empresa? Ou o gestor de 3PCP que se relaciona com os diversos gerentes da empresa para cumprir o plano de vendas e conhecer as implicações ambientais? Indiferentemente de quem faça as projeções de demanda, as decisões que envolvem essa atividade consistem em analisar detalhadamente múltiplas variáveis relacionadas a fatores internos e aspectos contextuais. Diferentes unidades da empresa podem necessitar de distintas informações de previsão (valores financeiros, volume ou quantidade de produção e estoque, horas/pessoal, horas/máquina, planos de promoção e preço, entre outros). Entretanto, se o gerente de cada função desenvolve sua própria previsão independentemente, a empresa perderá controle do processo de previsão. A atuação precípua deve estar orientada para aproveitar o uso dos recursos de produção e adequar, o máximo possível, o método de previsão ao comportamento real da demanda para reduzir o erro. Em relação à área de produção, a gestão da demanda implica em identificar as necessidades de bens e insumos a serem requisitados, isto é, entender o volume e a velocidade requerida de cada material em cada ponto da cadeia de suprimentos. Isso implica entender o volume da demanda e a velocidade requerida de cada produto em cada ponto da cadeia de suprimentos. O resultado será um plano único, no qual se balanceiam as necessidades de recursos aos custos da manufatura, logística, vendas e fornecedores. Com relação a esses cuidados básicos durante a coleta e análise dos dados, é preciso estar atento para: 1. Quanto mais dados históricos forem coletados e analisados, mais confiável a previsão será; 2. Os dados devem buscar a caracterização da demanda pelos produtos da empresa, que não é necessariamente igual às vendas passadas, pois pode ter ocorrido falta de produtos, atraso nas entregas ou entregas não feitas; 3. As variações extraordinárias da demanda, como promoções especiais ou greves, devem ser analisadas e substituídas por valores médios, compatíveis com o comportamento normal da demanda; e 4. Quanto mais os dados forem agregados por período em intervalos maiores de tempo, menor será́ a confiabilidade da previsão. TÉCNICAS DE PREVISÃO E SEUS MODELOS A previsão é uma das informações importantes para o planejamento. As incertezas das previsões e seus erros provêm de fontes distintas: • Do próprio mercado, que, dada sua natureza, pode ser bastante instável e de baixa previsibilidade; • Do sistema de previsão, que, com base no modelo escolhido, variáveis definidas e informações coletadas e dados históricos considerados, não gera informações consistentes em relação à demanda futura. Nessas condições, sistemas de informações passam a ser um importante instrumento para aumentar a qualidade dos dados e auxiliar na previsão e tomada de decisão. Entre esses sistemas destacam-se o Supplier Relationship Management (SRM), o Customer Relationship Management (CRM), o Collaborative Planning Forecasting and Replenishment (CPFR), o Enterprise Resource Planning (ERP), o Vendor Management Inventory (VMI) e a Theory of Constraints (TOC). O cliente pode ser uma fonte direta de informações, desde que a gestão da demanda do fabricante e a gestão de relacionamento dos clientes articulem ajustes de sistemas para a transferência de dados entre organizações. Uma vez integrados os sistemas e compreendido o tipo de previsão desejado, o passo seguinte é definir a técnica de previsão entre modelos quantitativos e qualitativos. As técnicas de previsão qualitativas alicerçam-se essencialmente na capacidade de julgamento pessoal, senso comum e intuição de cada gestor de demanda. Por ser subjetiva, a segurança do gestor aumenta à medida que os resultados esperados ficam evidentes ou se tornam mais consistentes quando o modelo empregado é combinado com outros métodos de previsão. As técnicas qualitativas são recomendáveis quando: • Os dados históricos não existem ou estão disponíveis em quantidade insuficiente; • As competências dos gerentes devem ser exploradas; • As metas de venda são estabelecidas pela empresa; • O impacto da velocidade das mudanças tecnológicas no negócio não pode ser previsto por modelos matemáticos; • Determinadas situações no ambiente de negócio não podem ser previstas por modelos matemáticos; • O horizonte da previsão é de médio ou longo prazo; • O lançamento de um novo produto precisa ser mensurado; • As estratégias de negócio estão sendo formuladas • A reação dos clientes a testes de mercado ou promoções estratégicas precisa ser antecipada. A técnica Delphi é um exemplo de modelo qualitativo, sendo realizada por um grupo de especialistas que recebe questionários para responder. As respostas são utilizadas para a obtenção de consenso e formulação de novas questões. O resultado final é uma média de opiniões sobre a probabilidadee a data da ocorrência de eventos futuros. Outras técnicas são a pesquisa de mercado, a analogia histórica, a opinião de clientes potenciais, a opinião de executivos ou vendedores e ainda a técnica cenário, que estabelece uma lógica de eventos, por exemplo, confronto entre demanda e oferta em condições otimista, mais provável e pessimista, com base em um banco de dados já definido, e contribui para analisar a sensibilidade do mercado. Já as técnicas quantitativas – equações, algoritmos e modelos matemáticos – são aplicadas utilizando-se de banco de dados em série histórica confiável (demanda real diária, semanal, mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual). Parte da premissa de que os padrões de comportamento do ambiente passado poderão, por meio das projeções de demanda, continuar acontecendo no futuro. As técnicas quantitativas apontam para melhores resultados em condições adequadas de aplicação e são mais empregadas sob as seguintes circunstancias: • A base de dados é consistente, confiável e disponível; • O horizonte de previsão é de curto prazo; • Os padrões de demanda são estáveis; • Os eventos passados podem ser quantificados em número ou valores; • Os fatores do passado continuarão presentes no futuro. Algumas técnicas quantitativas são a média móvel simples e ponderada, sendo que esta última permite que cada período seja tratado de acordo com sua importância por meio da atribuição de pesos, normalmente maiores para os períodos mais recentes. Também parte do pressuposto de que os períodos mais recentes têm mais significado na determinação de períodos futuros. Ainda destacam-se a média móvel exponencial, a análise de série temporal e os modelos econométricos que empregam variáveis da macroeconomia e indicadores de crescimento de setores econômicos na análise. Uma das técnicas mais utilizadas é denominada método do coeficiente sazonal. O ajustamento sazonal é aplicado normalmente para períodos – meses do trimestre, bimestre do semestre, trimestre do ano, quadrimestre do ano – de “n” sequências históricas. Sugere-se a integração de técnicas quantitativas e qualitativas quando os limites do modelo estão aquém da expectativa e abrangem um conjunto de fatores, por exemplo, melhor precisão, consistência, capacidade de processar/cruzar grande volume de dados com o estudo de eventos, mudanças no core business, expertise de empreendedores do negócio, entre outros. Diante do exposto, nenhum modelo pode garantir o sucesso da previsão, mesmo as tecnologias computacionais que têm evoluído e apresentado periodicamente importantes novidades nesse campo. No entanto, sabe-se que para previsão com horizonte de curto prazo os modelos quantitativos tendem ser mais adequados e todos podem auxiliar na decisão do gestor de demanda. SISTEMA DE PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA (MRP II) O sistema Material Requirements Planning (MRP) foi inicialmente estruturado nos anos de 1970 e permitiu gerenciar as necessidades de materiais para a produção de um mix de produtos complexos. O MRP evoluiu para Manufacturing Resource Planning II (MRP II), que contempla cinco módulos no sistema: Material Requirements Planning (MRP); Planejamento Agregado ou Sales & Operations Planning (S&OP); Master Production Schedule (MPS); Capacity Requirements Planning (CRP); e Shop Floor Planning (SFC). O módulo MRP determina o instante em que as ordens de produção devem ser liberadas, aplicando a lógica de programação para trás. Para verificar o compromisso de volume e o período gerados deve-se analisar a carga do centro de produção, calculando as cargas de trabalho em horas (ou outra unidade de tempo) necessárias em cada centro e confrontar as necessidades com as respectivas capacidades disponíveis. As discordâncias existentes entre necessidade e disponibilidade devem ser resolvidas pelo gestor de 3PCP usando horas extras, contratação, demissão, terceirização, compensação com formação de estoque, remanejamento de pessoal, alteração de programação, entre outras estratégias de operação. O MRP II visa essencialmente ao planejamento da manufatura, estando inserido no sistema maior, ERP. Requisitos básicos e módulos do MRP II PLANEJAMENTO DE DEMANDA E OPERAÇÕES O planejamento de demanda e operações, realizado com base em pedidos recebidos, visa estabelecer, em médio prazo (entre seis a doze meses), o planejamento das vendas e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos necessários para realizar o plano empresarial e, principalmente, o plano de manufatura. Essa tarefa, no Planejamento dos Recursos de Manufatura (MRP II), exerce uma função importante no processo de gestão da empresa. Nesse contexto, faz-se necessário que o planejamento estratégico esteja sintonizado com os planos de operações diárias da empresa para maior eficácia dos resultados e para não tornar a fabricação um elo ausente na estratégia empresarial. Uma previsão adequada de vendas proporcionará informações à fábrica para priorizar produtos, quantidades necessárias, operações da empresa (finanças, pessoal, compras, engenharia, logística, entre outros) e tempo em que deverão ser disponibilizados. Nesse sentido, é imperativo o fabricante manter um estreito elo de relacionamento com o mercado para acompanhar as tendências, avaliar a conduta dos clientes frente às ações da concorrência e identificar as constantes mudanças, inclusive as relacionadas com o meio ambiente e serviços ecossistêmicos. PLANEJAMENTO AGREGADO Um grande número de empresas de manufatura apresenta um mix de produtos distintos a serem produzidos. Dessa forma, torna-se trabalhoso efetuar uma previsão de demanda de cada um desses produtos. Para tornar isso exequível e melhorar a perspectiva das vendas é recomendável agregar o mix em grupos ou famílias de produtos, o que se denomina planejamento agregado. A finalidade do planejamento agregado é obter o perfil da demanda para o horizonte do planejamento de vendas, compatibilizar os recursos produtivos da empresa com a demanda agregada e buscar, entre caminhos alternativos, a otimização da relação custo-benefício analisando os trade-offs. O planejamento agregado envolve a preparação de planos alternativos inter-relacionados que guiem as operações industriais em médio prazo, normalmente um ano. Estes planos devem incluir: 1. Plano de produção que especifique o volume total da produção a ser efetuada em uma série de períodos futuros; 2. Plano de insumos que especifique os insumos para o plano de produção, detalhando o tamanho da forca de trabalho, a duração do dia de trabalho, as necessidades de materiais, subcontratação, homens em horas extras, capacidade de armazenagem, investimentos, compra de informações, entre outros; 3. Plano de alocação do produto final que indique a distribuição do produto final produzido em canais de vendas ou estoque. A excelência no planejamento agregado é a existência de caminhos alternativos, nos quais as quantidades de insumo, de produção e de produto final possam ser reguladas para satisfazer à demanda prevista, sendo que cada alternativa representa custos e consequências operacionais diferentes. PROGRAMA MESTRE DE PRODUÇÃO (MPS) Este sistema visa ajustar a demanda de mercado aos recursos da empresa, de forma que se produza a quantidade compatível de produtos finais de cada um dos itens de uma dada família estabelecida no planejamento agregado. Trata-se de um nível intermediário de planejamento da produção que objetiva desdobrar o plano de vendas, considerando as relações entre marketing e finanças, em plano operacional de manufatura, normalmente em base semanal e tipicamente de um a seis meses. Isso significa que cada área faz sua parte no processo para cumprir as metas estabelecidas. O MPS se completa com o Rough-CutCapacity Planning (RCCP ‒ em português, planejamento da capacidade bruta aproximada), que trata de uma “aproximação viável” da capacidade de produção de modo a prever os recursos necessários em médio prazo e subsidiar as decisões da quantidade de produção de cada produto. Programadores mestres devem ser compatibilizadores, achando a melhor solução compromissada, aquela capaz de compatibilizar adequadamente os possíveis objetivos conflitantes (também chamados trade-offs) dentro da organização, seja entre diferentes funções, seja entre diferentes níveis hierárquicos de planejamento. PLANEJAMENTO DAS NECESSIDADES DE MATERIAIS (MRP) Para efetivar o planejamento da produção é necessária a listagem dos materiais que serão utilizados. O MRP surgiu da necessidade de se planejar o atendimento da demanda dependente (materiais e componentes da estrutura analítica do produto) que decorre da demanda independente (demanda de mercado em função de projeções e variações econômicas). Nesse contexto, a lista de materiais (bill of material) oferece as informações de quais materiais e em que quantidades serão utilizados para cada produto que será́ fabricado. Para trabalhar o MRP, a estrutura do produto elaborado pela engenharia determina os diferentes níveis, também denominados de “pai-filho-neto”, e componentes necessários devidamente discriminados, quantificados e codificados. Essa estrutura é complementada por parâmetros de decisão, principalmente do tempo de suprimento ou fabricação, estoque de segurança e políticas e tamanho do lote econômico. O planejamento de materiais é realizado a partir da data de entrega da encomenda assumida com o mercado (demanda futura). Assim, a programação é realizada obedecendo a parâmetros de decisão determinados pela gestão, denominando-se “lógica para trás no tempo”. O módulo MRP se completa quando inter-relacionado com níveis de estoque, planejamento de compras e planejamento da capacidade de recursos, neste caso em curto prazo. A logística de suprimentos (compras, estoque e transporte) tem-se posicionado como uma importante função na empresa de manufatura por estar diretamente vinculada aos resultados financeiros da organização. PLANEJAMENTO DA NECESSIDADE DA CAPACIDADE (PNC) O PNC, também conhecido em inglês por Capacity Requeriments Planning (CRP), está relacionado ao MPS. O aspecto mais importante desse módulo é o gerenciamento da disponibilidade de recursos para a produção. Sua função principal é apresentar as condições dos recursos considerados críticos, identificar a falta e a sobra dos recursos necessários para atender ao plano de produção (mão de obra e máquinas) e informar sobre a possibilidade de cumprir o que foi determinado no planejamento de vendas. A solução para a falta de recursos advém, normalmente, da utilização de segundo turno, plano de horas extras, melhoria da eficiência dos recursos, contratação de pessoal, investimento em máquinas e equipamentos ou alteração do plano de produção. SISTEMA DE CONTROLE DE CHÃO DE FÁBRICA (SFC) Este módulo é orientado para a melhoria de desempenho, complementando e aperfeiçoando os sistemas integrados de gestão (planejamento e controle) da produção, tratando da efetiva execução dos planos de produção. Sua principal função é acompanhar a execução do que foi previamente planejado e registrar as interferências no processo produtivo, como, por exemplo: • Avaria de um equipamento essencial na linha de produção; • Problemas inesperados com matéria-prima ou necessidade de alterações de processos; • Falhas de não atingir os objetivos previamente estabelecidos; • Comprometimento de prazos firmados com os clientes, acarretando custos e aborrecimentos, entre outros. Nesse contexto, o sistema filtra os eventos ou acontecimentos que ocorrem no nível operacional, permitindo “feedback” ao sistema de planejamento (3PCP) para a tomada de decisões cabíveis. FINANÇA EMPRESARIAL A área de finanças é mais uma base de dados da empresa que utiliza as funções do MRP II para gerar números financeiros e contabilidade gerencial. Indica que os softwares de gestão empresarial (ERPs), que envolvem as diversas funções da organização, culminam em valores e indicadores financeiros que possibilitam avaliar a performance do negócio e servir de parâmetro para decisões de investimentos futuros. O plano financeiro (módulo nos ERPs) está essencialmente relacionado aos interesses estratégicos empresariais. Para cumprir essas condições, envolve controles operacionais bancários, contabilidade geral e fiscal, gerenciamento de tributos, posicionamento de caixa, disponibilidades de curto, médio e longo prazo, custos, gestão de ativos, faturamento, folha de pagamento, aval e decisões de novos investimentos, entre outros. Dessa forma, para um controle mais eficaz das atividades financeiras, na perspectiva do MRP II, são necessárias informações relevantes e confiáveis e a real capacidade de integração entre recursos compatíveis. PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO A programação da produção, enquanto sistema de gerenciamento, está vinculada ao controle de tarefas individuais nos centros de trabalho, visando à execução (atualmente realizada por software de sistema de execução da manufatura) e ao acompanhamento das ordens de produção liberadas para fabricação. O sistema envolve, portanto, um conjunto de elementos de entrada, como a existência de materiais, ordens liberadas, plano de capacidade, roteiro de produção, status da ordem, desempenho da área de fabricação, entre outros, com o propósito de realizar a programação, despacho/liberação, rastreamento, monitoramento e controle das operações. Cumprir o prazo de entrega e entregar a quantidade de produtos vendidos é a principal finalidade de se programar a produção. Portanto, determinar parâmetros de tempo, perda, entre outros, auxilia na programação, uma vez que muitas intervenções são necessárias em função da falta de matéria-prima, energia elétrica, absenteísmo, problemas mecânicos e, principalmente, ajustes para atender às exigências dos clientes. A programação com o uso de suporte computacional – sistema de programação finita ou Advanced Planning and Scheduling Systems (APS) – sequencia as ordens de produção e suas respectivas operações em máquinas para reduzir o tempo de processo, fila, transporte, criticidade, restrições, além de manter os padrões de qualidade e otimizar a capacidade de produção disponível. No mercado, vários sistemas computadorizados de programação são ofertados para planejar a manufatura. Em resumo, a programação da produção constitui-se em um fluxo de informações e de etapas que perpassa diversas áreas envolvidas – estoque, pessoal, logística, manutenção, ferramentaria, laboratórios de análise, transporte interno –, com o propósito de executar as ordens de produção conforme planejado. O gráfico de Gantt é uma ferramenta útil na programação da produção, principalmente para visualizar carga e/ou o sequenciamento de trabalho, podendo ser estruturado numa concepção forward, isto é, “para frente” (programar a atividade para a data mais cedo), ou backward, isto é, “para trás” (programá-la a partir da data de entrega do produto ao mercado), no tempo. Pode ainda envolver o carregamento “finito” (considera restrições de capacidade) e “infinito” (desconsidera restrições de capacidade) dos recursos. Usualmente, para um processo contínuo (produtos de grande volume e pequena ou nenhuma variedade), emprega-se a programação forward finita, já́ que está restrita às máquinas. Para job shop (produtos industriais de pequeno volume e grande variedade), geralmente a limitação se encontra na mão de obra e a programação das tarefas é forward infinita. O gráfico de Gantt é uma importante ferramenta para auxiliar os gestoresno sequenciamento de atividades ambientais relacionadas às etapas de implementação de uma nova planta industrial e ao processo produtivo. SEQUENCIAMENTO DE PEDIDOS Todo sistema de produção apresenta limitação em seus recursos e, consequentemente, em sua capacidade de produção. Para otimizar o uso dos recursos disponíveis, o sequenciamento se constitui no processo de configurar prioridade de execução, tomando por base: • Tempo de processamento de tarefas, máquinas ou centro de trabalho; • Data prometida para entrega ao cliente; • Momento de entrada da ordem na organização industrial; • Data de entrada da ordem de fabricação no centro de trabalho; • Relevância do cliente para o fabricante. As regras de sequenciamento das operações dependem da natureza do processo e, quando programadas, apresentam tempo de execução e consequências diferentes. As regras comumente utilizadas para determinar prioridade de execução estão relacionadas. Regras e procedimentos de sequenciamento Não existe uma regra única de sequenciamento que maximize resultados, assim, adota-se aquela que se ajusta às condições especificas da manufatura. Em situações de programação complexas, as abordagens contemporâneas apontam para sistemas de computação e pessoal especializado na área. A utilização de um sistema de computação na área de produção está́ aliada ao software especifico para simulação ótima no curtíssimo prazo e ao investimento de aquisição dos recursos. CONTROLE DA PRODUÇÃO O controle da produção se resume ao acompanhamento – comparações de rotina – para verificar o cumprimento do que foi programado nas ordens de produção com relação à prática do que produzir, quanto e para quando produzir. As divergências existentes requerem, normalmente, providências para equilibrar a situação conforme o padrão estabelecido. Em geral, no controle são apontados: Tempo gasto com o setup da máquina; Tempo de processo da operação; Tempo para troca de ferramental; Volume de matéria-prima consumida na operação; Perda de material; Retrabalho; Número de peças produzidas boas e peças com defeito; Operação em vazio; Paradas para manutenção. Esses registros auxiliam no cálculo do custo de produção. Além disso, essas informações permitem estabelecer políticas mais precisas para atualizar estoques, consumo de materiais, capacidade produtiva, indicadores de performance diversos e planejamento e programação da produção futura. Os registros da relação programado-realizado exigem, necessariamente, o uso de dispositivos e instrumentos de medição. Uma vez identificado um defeito ou problema, este deve ser relatado em laudo para ser inserido no banco de dados do sistema de controle. O controle, na abordagem da programação da produção, deve ser a ação voltada para aproveitar o investimento em nível ótimo e, mais especificamente, atingir a meta definida pelo marketing no plano de vendas. SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA – ENTERPRISE RESOURCES PLANNING (ERP) As constantes mudanças nos negócios tornam mais difícil criar e manter vantagens competitivas nas empresas. O Enterprise Resources Planning (ERP) desponta atualmente como a tecnologia mais utilizada pelas empresas proativas. A gênese do ERP teve origem na versão Manufacturing Resource Planning (MRP II), na década de 1990. Iniciou e evoluiu com a integração de módulos que envolvem as áreas de manufatura, finanças, vendas, pessoal, logística, engenharia e contabilidade, entre outras. O sistema ERP pode integrar todas as áreas funcionais da empresa, uma vez que pode ter diversos módulos integrados. A capacidade do software de interagir com outras partes do sistema, denominada de interoperabilidade, auxilia demasiadamente as decisões estratégicas e reforça o posicionamento empresarial no mercado. A integração do sistema é benéfica, pois gera consistência e eficiência, além de oferecer maior confiabilidade aos gerentes e reduzir os custos tecnológicos. Um ERP pode envolver as dimensões organizacionais a seguir. • Financeira ‒ planejamento orçamentário, orçamento e verbas, gestão financeira, Dirf, contratos, controle de viagens. • Relacionamento com cliente ‒ vendas/CRM. • Vendas e distribuição ‒ faturamento, pedidos, WEB pedidos, logística e distribui- cão, comércio exterior, gestão de lojas, loja virtual, gestão de postos. • Compras e suprimentos ‒ suprimento/compras, planejamento de materiais, e-procurement. • Gestão de materiais ‒ gestão de materiais, configurador de produto, planejamento de materiais, expedição e inventário mobile. • Contabilidade e fiscal ‒ auditoria fiscal, contabilidade, escrita fiscal, controle patrimonial, recebimento. • Recursos humanos ‒ gestão de pessoas, administração de pessoal, saúde e segurança. • Industria ‒ engenharia de produto, planejamento de materiais, planejamento e controle de produção, carga máquina. • Serviços ‒ gestão de serviços, WEB serviços, manutenção das instalações, gestão de projetos. • Controladoria ‒ custo estrutural, custo ABC, custo real, estratégia de preços. • Business intelligence ‒ Gestão do Resultado, BSC (balanced score card). • Qualidade ‒ documentos e registros, controle de não conformidade, controle de auditoria, treinamentos e competências, controle de planejamento estratégico. • Gestão de processos ‒ workflow (fluxo de trabalho), BPM (Ibolt). • Gestão ambiental ‒ reuso de materiais, descartes e resíduos, eficiência energética e hídrica, desperdícios. Portanto, os sistemas ERP possibilitam relacionamento com variados softwares de gestão, promovendo a gestão compartilhada da informação, a exemplo do Consumer Relationship Management (CRM) e do Supply Chain Management (SCM). Dessa forma, pode-se dizer que o sistema de gestão integrada ERP pressupõe o gerenciamento, pela organização, de uma série de fatores, tanto conceituais quanto operacionais, necessários à viabilização do projeto de integração. O foco holístico deu ao sistema ERP a capacidade de influenciar substancialmente todos os processos de negócios e todas as unidades organizacionais da empresa, refletindo diretamente nas estratégias da organização e na capacidade competitiva. Todavia, a implantação do ERP é um projeto complexo e de longa duração que, dependendo do tamanho da empresa, pode variar de dois a quatro anos. Nesse período, mudanças drásticas ocorrem na organização, tanto no nível tecnológico e de processos de trabalhos quanto no nível comportamental dos funcionários. Os fatores cruciais relacionados à implantação do ERP não se limitam à dificuldade tecnológica, ou seja, instalação, adaptação e manutenção, mas também dizem respeito à sensibilidade e receptividade com que são tratadas as mudanças trazidas pelo sistema e, para isso, deve haver a disseminação de uma cultura de uso do sistema na empresa. Destaca-se ainda que a tecnologia de informação ERP deve ser entendida como uma ferramenta de apoio e de suporte, e não como um fim em si própria. PROPOSTAS DE ERP VERDE Nos últimos anos, os complexos sistemas de ERP evoluíram para sistemas de informação com suporte à gestão corporativa social e ambiental. Alguns sistemas já́ abordam indicadores de sustentabilidade no que se refere às emissões e recomendações de carbono de produtos e ênfase na utilização eficiente do consumo de energia e água, passando a ser denominado de ERP verde. O ERP verde, por finalidade, busca aumentar a compatibilidade ambiental das empresas e de seus processos de transformação, incluindo relatórios focados em embalagens, energia e emissões, resíduos e água, segurança, saúde e qualidade de vida dos colabora- dores. Alguns tipos já́ focam a eficiência energética, emissões de gases, resíduos sólidos e descarga, a exemplo do SAP, Oracle, Infor e Microsoft. Alguns dossistemas ERP voltados a uma abordagem da sustentabilidade auxiliam na elaboração de relatórios sobre o consumo de energia elétrica e de gás de uma empresa industrial para determinar sua pegada de carbono. O desafio para os novos projetos de ERP é incorporar indicadores verdes em cada etapa da cadeia de suprimentos e de fabricação para calcular os impactos sistêmicos ocasionados pelas diversas operações de transformação do produto. Almeja-se também avaliar o impacto dos produtos sobre os serviços ecológicos, integrando a perspectiva de gestão de materiais do berço ao berço, e incorporar algum nível de accountability relacionado com a pegada de carbono no custo do produto No Sustainable Dynamics AX, as empresas já conseguem capturar dados de impacto em seus processos de negócios diários. Esses dados podem ser analisados numa perspectiva de tendências, que os leva da medição operacional à gestão de decisões estratégicas. O painel permite que as empresas vejam os custos associados às suas emissões de consumo de energia e gases de efeito estufa em curso, dando-lhes visibilidade e oportunidade de redução desses custos. Essa ferramenta também contribui com a análise do ciclo de vida do produto ou do serviço no propósito de avaliar os aspectos ambientais do berço ao túmulo. Normalmente, isso requer um inventário de matérias-primas ou insumos e componentes, permitindo criar rótulos ecológicos Já́ o Oracle Business Intelligence possibilita acompanhar as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e outros dados ambientais em relação às metas de redução, emissões voluntárias e ao atendimento à legislação vigente. Pode-se afirmar, portanto, que a capacidade de incorporar informações de suporte à decisão de impacto ambiental nas operações de manufatura será um grande salto para o futuro do ERP. A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Fonte: https://selecaoengenharia.com.br A engenharia de produção desenvolveu-se, ao longo do século XX, para responder às necessidades de desenvolvimento de métodos e técnicas de gestão dos meios produtivos demandada pela evolução tecnológica e mercadológica. Enquanto que os ramos tradicionais da Engenharia, cronologicamente seus precedentes, evoluíram na linha do desenvolvimento da concepção, fabricação e manutenção de sistemas técnicos, a Engenharia de Produção veio a concentrar-se no desenvolvimento de métodos e técnicas que permitissem otimizar a utilização de todos os recursos produtivos. A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COMO ÁREA Partindo-se da definição de Engenharia de Produção, identifica-se uma base científica e tecnológica própria da Engenharia de Produção que a caracteriza como grande área. Esse conjunto de conhecimentos, que está parcialmente listado a seguir, é fundamental para que qualquer tipo de sistema produtivo tenha um funcionamento coordenado e eficaz: - Engenharia do Produto; - Projeto da Fábrica; - Processos Produtivos; - Engenharia de Métodos e Processos; - Planejamento e Controle da Produção; - Custos da Produção; - Qualidade; - Organização e Planejamento da Manutenção; - Engenharia de Confiabilidade; - Ergonomia; - Higiene e Segurança do Trabalho; - Logística e Distribuição; - Pesquisa Operacional. Uma análise mais detalhada da formação oferecida atualmente indica que esses conhecimentos e habilidades são próprios e característicos da Engenharia de Produção. Além disso, a Engenharia de Produção trabalha esses assuntos de forma integrada, considerando como cada um deles enquadra-se dentro do conjunto que compõe um sistema produtivo. Ressalta-se que a aplicação desses conhecimentos requer a base de formação que existe apenas na Engenharia. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO Diante dos desafios da área faz-se necessário que o profissional tenha competências e habilidades para trabalhar de maneira que impacte positivamente a sociedade. COMPETÊNCIAS 1. Ser capaz de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e financeiros a fim de produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a possibilidade de melhorias contínuas; 2. Ser capaz de utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada de decisões; 3. Ser capaz de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos, levando em consideração os limites e as características das comunidades envolvidas; 4. Ser capaz de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e know-how, projetando produtos ou melhorando suas características e funcionalidade; 5. Ser capaz de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando produtos e processos, e produzindo normas e procedimentos de controle e auditoria; 6. Ser capaz de prever a evolução dos cenários produtivos, percebendo a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade; 7. Ser capaz de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço da demanda das empresas e da sociedade; 8. Ser capaz de compreender a inter-relação dos sistemas de produção com o meio ambiente, tanto no que se refere a utilização de recursos escassos quanto à disposição final de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade; 9. Ser capaz de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos; 10. Ser capaz de gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas empresas utilizando tecnologias adequadas. HABILIDADES Compromisso com a ética profissional; Iniciativa empreendedora; Disposição para auto aprendizado e educação continuada; Comunicação oral e escrita; Leitura, interpretação e expressão por meios gráficos; Visão crítica de ordens de grandeza; Domínio de técnicas computacionais; Domínio de língua estrangeira; Conhecimento da legislação pertinente; Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares; Capacidade de identificar, modelar e resolver problemas. Compreensão dos problemas administrativos, socioeconômicos e do meio ambiente; Responsabilidade social e ambiental; “Pensar globalmente, agir localmente”; OS DESAFIOS DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO O atual cenário econômico do Brasil não é dos melhores. Com notícias constantes de crise e desemprego, muitas pessoas vão perdendo sua fonte de renda. As vagas disponíveis com os diversos cortes reduziram muito e a quantidade de profissionais no mercado é cada vez maior. Inserido neste mercado, o profissional de engenharia não foge à regra e também vem sofrendo com o desemprego nos últimos meses. Essa dificuldade, contudo, não é a única e nem o maior dos desafios do engenheiro. Ao longo da carreira, o profissional se depara com diversas situações que precisa demonstrar habilidade e vontade para superar e sobreviver em um mercado que possui oportunidades, mas que também é bastante competitivo. Os desafios já começam na formação. Especialmente no Brasil, existe um grande número de pessoas com grandes dificuldades no aprendizado de disciplinas de exatas. Essa falha na educação de base muitas vezes impede que muitos entrem no ramo da engenharia, já que será impossível fugir dos cálculos e gráficos. A carga horária também é cruel e exige que os alunos continuem seus estudos fora do horário de aula em uma quantidade muito maior que outros cursos. É impossível levar “nas coxas” uma graduação na área. Não por acaso, cerca de 40% dos alunos que iniciam o curso não conseguem conclui-lo, desistindo no meio do caminho. Aqueles que sobrevivem ao duro período de estudos passam a enfrentar outros desafios da profissão. Combinar a teoria aprendida com a prática é o primeiro deles, já que em