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Aula prática (27/09) Tireoide · Formação dos hormônios tireoidianos T3 e T4 As células foliculares da tireoide produzem dois hormônios, que derivam da tirosina iodada, tiroxina e tri-iodotironina. O iodeto ingerido é absorvido no sangue, e é capturado pelas células foliculares por meio de um cotransportador de Na+/ I-, em que o íon Na fornece força para transportar o I para dentro da célula através da membrana basolateral. As células foliculares produzem uma proteína muito grande chamada de tireoglobulina, que contém muita tirosina. A tireoglobulina sofre exocitose no lúmen do folículo da tireoide através da membrana apical. À medida que o iodeto é bombeado para dentro do lúmen, a tireoide peroxidase utiliza peroxido de hidrogênio para oxidar o iodeto em iodo elementar. O iodo é muito reativo e efetua a iodação inespecífica dos resíduos de tirosina da tireoglobulina. Em seguida, a tireoide catalisa a fusão de duas dessas tirosinas iodadas. Quando duas di-iodotirosinas são unidas pela tireoide peroxidase forma a molécula de tiroxina ou T4. Se uma monoiodotirosina for unida a uma di-iodotirosina, o resultado é uma molécula com três átomos de iodo, denominada tri-iodotirosina ou T3. · Formação dos hormônios tiroidianos T3 e T4 A T4 é produzida preferencialmente pelas células foliculares da tireoide quando existe iodo em quantidade suficiente. O hormônio tireoidiano é sintetizado em uma razão de 4:1 (T4/T3), na deficiência de iodo a razão pode ser 1:3 (T4/T3). Nesse estágio, as moléculas de hormônio tireoidiano ainda estão ligadas a molécula de tireoglobulina e são armazenados no coloide do folicular da tireoide até surgir a necessidade de sua secreção. · Controle da secreção dos hormônios tireoidianos pelo eixo hipotálamo – hipófise Os neurônios dentro do hipotálamo produzem um neuro hormônio tripeptídico denominado hormônio de liberação da tireotropina (TRH), que entra no sistema porta hipotálamo-hipofisário para estimular as células tireotrópicas da adeno hipófise a liberar hormônio tireoestimulante (TSH). O TSH entra na corrente sanguínea e estimula a secreção dos hormônios tireoidianos pelas células foliculares da glândula tireoide. Os estímulos para liberação do TRH são: ambiente frio, a leptina (hormônio liberado pelo tecido adiposo quando está adquirindo triglicerídeos, reage com neurônios hipotalâmicos e estimula a secreção de TRH), a lactação e o próprio hormônio tireoidiano. Quando os hormônios já estão produzidos previamente eles sofrem pinocitose, ou seja, são englobados por uma vesícula pinocítica que se fundem para digestão e posteriormente separação do T3, T4 e TG, sendo que apenas o T3 e o T4 passam por difusão para a corrente sanguínea. · Hormônios tireoidianos T3 e T4 A T3 apresenta meia vida mais curta no sangue que a T4, a T4 tem uma maior meia vida por se ligar facilmente a proteínas carreadoras (albumina TBG). Desse modo, os níveis de T4 circulantes no sangue é quase 10 vezes mais que as concentrações de T3. Como os hormônios tireoidianos são lipofílicos e eles precisam ser transportados para o sangue ancorados na proteína globulina de ligação da tiroxina. Após entrar na célula-alvo a maior parte do T4 é convertida em T3 por iodotironina desiodinases no citosol. A T3 liga-se ao receptor nuclear de hormônio tireoidiano com maior afinidade do que o T4 e, portanto, desempenha uma ação biológica quatro vezes maior do que a T4. A conversão de T4 em T3 é considerada uma etapa de ativação que ocorre dentro das células-alvo. Assim, o T4 é produzido em maior quantidade, porém o T3 tem uma potência biológica muito maior. O T3 reverso, é formado pela 5-monodesiodase, não se liga a receptores e é uma forma do catabolismo dos hormônios tireoidianos. · Ação do T3 nos animais 1. Ação rápida (receptores em mitocôndrias) e ações duradouras (transcrição de mRNA).; 2. Aumenta o metabolismo basal: aumentam o consumo de oxigênio e possui efeito calorigênico (determinam a quantidade de calorias produzidas pelo corpo em repouso); 3. Aumenta a absorção intestinal de glicose, aumento da entrada de glicose nas células, formação (baixa quantidade) e degradação (alta quantidade) de glicogênio.; 4. Essencial para o crescimento (aumento da captação de aminoácidos e síntese proteica, estimula síntese de GH); 5. Promove lipólise e reduz colesterol plasmático; 6. Necessário para o crescimento, desenvolvimento e puberdade (sem hormônios tireoidianos as fêmeas não ovulam e a produção de espermatozoides nos machos será baixa); 7. Promove formação e maturação do Sistema Nervoso Central e seu funcionamento correto no adulto; 8. Potencializa efeitos do SNA simpático no sistema cardiovascular (manutenção de receptores para catecolaminas); 9. Os hormônios tireoidianos aumentam o metabolismo e a força de contração cardíaca, maior debito cardíaco e maior pressão arterial; · Sinais e sintomas do Hipotireoidismo 1. É a alteração mais comum em cães; 2. Aumenta dos níveis de colesterol sérico, porque os hormônios tireoidianos são lipolíticos, mas aumentam a conversão de colesterol em sais biliares; 3. Redução da capacidade reprodutiva (infertilidade); 4. Diminuição da temperatura corporal 5. Redução da responsividade ao sistema nervoso autônomo simpático (hormônios tireoidianos mantem os números de receptores para adrenalina e noradrenalina) e bradicardia; 6. Em animais jovens provoca redução no crescimento (hormônios tireoidianos interferem na secreção e GH) podendo causar nanismo; 7. Menor desenvolvimento do SNC (e no adulto causa, letargia, reflexos lentos e redução das habilidades mentais; 8. Aumento de peso/ obesidade (por conta do menor metabolismo basal); 9. Perda de pelos (alopecia simétrica no tronco e cauda); 10. Pelagem ressecada, sem brilho, retenção de pelagem nos filhotes; 11. Alterações da pele com predisposição a infecções (hormônios tireoidianos são necessários para o ciclo da pele e da pelagem); 12. Aumento de morbidade; · Causas do Hipotireoidismo Primária: relacionados com a produção do hormônio tireoidiano, deficiência de iodo (aumento da glândula – bócio). Secundária: relacionados a adeno hipófise, incapacidade de secretar TSH. Terciária: relacionadas ao hipotálamo, incapacidade de secretar TRH. Tireoidite autoimuine (causa mais comum em cães – sistema imune ataca as células foliculares); Compostos goitrogênicos (interferem na síntese ou secreção de hormônios tireoidianos; tiocinatos e isotiocinatos oriundos da digestão de glucosídeos cianogênicos presentes em soja crua, beterraba, milho, batata doce, alho; glicosianatos presentes em plantas crucíferas como couve e repolho que são convertidas em goitrina na digestão). Atrofia idiopática da tireoide (pode ocorrer em cães mais velhos). · Sinais e sintomas do Hipertireoidismo 1. Alto metabolismo resulta em polifagia (comer muito), perda de peso, polidipsia (ingesta de muita água) e poliúria (excesso de urina); 2. Hiperatividade e alterações comportamentais; 3. Endocrinopatia mais comum em gatos; 4. Aumento da ativação simpática gera taquicardia e aumento da pressão sistólica (o que pode levar a longo prazo à cardiomiopatia miotrófica e insuficiência cardíaca de alto debito); 5. Midríase (sinais oculares); 6. Dispneia; 7. Tremor, fraqueza e fadiga; 8. Bócio (aumento da glândula); 9. Carcinoma na tireoide (em cães e gatos); · Causas do Hipertireoidismo Hiperplasia (tumores) na tireoide com hipersecreção, são a causa mais comum em gatos (os sintomas são reduzidos com dieta baixa em iodo). Em cães, pode ocorrer a Doença de Graves (anticorpo que consegue se ligar no receptor do TSH promove hipertrofia da tireoide e excesso de produção e secreção dos hormônios tireoidianos).