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Unidade IV – Conteúdo Educacional de Direitos Humanos Educação em Direitos Humanos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor DEBORA LUIZA DA SILVA A AUTORA Debora Luiza da Silva Olá! Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras (Habilitação Português) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISNOS) e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Docência pela mesma instituição, com uma experiência técnico-profissional na área da docência e elaboração de conteúdos pedagógicos para cursos da modalidade a distância. Passei por diferentes instituições, entre elas o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e outras privadas, tais como a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), a Uniritter e a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul - Fadergs, ambas do Grupo Laureate International Universities, nas quais já atuei como analista acadêmica de EAD, professora-tutora, designer educacional e docente de EAD. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa e Literatura da EJA EAD do Serviço Social da Indústria - SESI/RS. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida, bem como contribuir com o aprendizado daqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Direitos Humanos na Educação não Escolar ..................................10 O papel das organizações sociais na educação dos direitos humanos .. 11 Educação para paz como uma proposta de Educação em Direitos Humanos ........................................................................................16 A paz como direito ......................................................................................................................... 17 Educação em valores como uma proposta de Educação em Direitos Humanos ...................................................................................... 20 O papel da escola na sociedade contemporânea .................................................. 21 Propostas para a Educação em Direitos Humanos baseada em valores .....................................................................................................................................................22 Tendências da Educação em Direitos Humanos ..........................25 Desafios e tendências da Educação em Direitos Humanos: da teoria à prática ......................................................................................................................................................26 7 CONTEÚDO EDUCACIONAL DE DIREITOS HUMANOS UNIDADE 04 Educação em Direitos Humanos 8 INTRODUÇÃO Olá! Você sabia que a educação em direitos humanos ainda não faz parte dos currículos oficiais das escolas brasileiras? Conforme já estudamos, esta temática está prevista como tema de estudos em uma série de documentos oficiais, bem como na legislação do nosso país. Por isso, em tempos de crise dos valores sociais, é fundamental ampliarmos as discussões acerca da educação em direitos humanos dentro e fora das instituições de ensino. Por isso, nesta última unidade letiva da disciplina, refletiremos sobre esse assunto em espaços não escolares, reconheceremos a educação para paz e a educação em valores como propostas para a educação em direitos humanos e por fim, conheceremos as tendências da educação em direitos humanos. Vamos lá? Ao longo desta unidade você vai mergulhar neste universo! Bons estudos! Educação em Direitos Humanos 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Refletir sobre a Educação em Direitos Humanos na Educação não escolar; 2. Reconhecer a educação para paz como uma proposta de Educação em Direitos Humanos; 3. Interpretar a educação em valores como uma proposta de Educação em Direitos Humanos; 4. Identificar as tendências da Educação em Direitos Humanos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Educação em Direitos Humanos 10 Direitos Humanos na Educação não Escolar INTRODUÇÃO: Entre os objetivos da educação em direitos humanos está a necessidade de assegurar este tema como um aspecto transversal e dialógico entre os diversos atores sociais. Isso significa que dentro das instituições escolares, os direitos humanos podem ser abordados em diversas áreas de conhecimento, bem como pelos diversos setores que compõem a sociedade. Além disso, o diálogo entre as instituições se torna fundamental para que os direitos humanos estejam garantidos sob a perspectiva econômica, social, cultural, educacional e muitas outras. Figura 1 - Ciclo da Educação em Direitos Humanos Papel do professor Mediador Dialógico Parceiro Estudante Fonte: Elaborado pela autora, 2019 A década das Nações Unidas, entre os anos de 1995 a 2004, ganhou considerável destaque no que diz respeito às discussões da temática da educação em direitos humanos. Nesse período, foram oferecidos diversos programas para o desenvolvimento dos direitos humanos no contexto social e escolar de inúmeros países. Tais programas foram elaborados com o apoio e a assistência técnica da Organização das Nações Unidas (ONU), financiados por agências internacionais e posteriormente, foram Educação em Direitos Humanos 11 transformados em programas a longo prazo, certificados por universidades e proporcionando a formação de professores para que fossem aplicados na educação formal. Além disso, foram contemplados por projetos de educação popular conduzidos pela ONU, os quais são objetos de estudo desse tópico. REVISANDO: De acordo com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006): A educação não formal em direitos humanos orienta-se pelos princípios da emancipação e da autonomia. Sua implementa- ção configura um permanente processo de sensibilização e formação de consciência crítica, direcionada para o encami- nhamento de reivindicações e a formulação de propostas para as políticas públicas. (BRASIL, 2006) Por isso, a seguir, verificaremos qual o papel das organizações sociais na educação em direitos humanos, compreendo qual o impacto das associações, das organizações não governamentais, dos sindicatos, entre outras entidades quando se trata desse assunto. O papel das organizações sociais na educação dos direitos humanos Ao iniciar as práticas pedagógicas voltadas à educação em direitos humanos, é preciso agir com respeitoà individualidade e às características de cada sujeito e essa atitude deve prevalecer tanto dentro quanto fora do ambiente escolar. É possível promover atividades em que o próprio sujeito seja capaz de explorar e realizar às suas próprias descobertas. Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH, 2006), a educação não formal age diretamente no empoderamento dos grupos sociais de maneira a proteger, defender e reparar os direitos humanos na sociedade. EXEMPLO: A prática da educação não formal desenvolvida por diversas instituições ocupam o aluno com atividades produtivas e longe do tempo ocioso inverso ao escolar, em que um número grande Educação em Direitos Humanos 12 de crianças ficariam pelas ruas, sujeitas a conhecerem uma realidade bastante real no país, como drogas, cigarro e bebida, por exemplo. Ao contrário, a criança ou o adolescente frequentador de projetos sociais tem a oportunidade de aprender uma profissão, praticar um esporte, aprender a tocar um instrumento musical pelo fato de que a maioria das instituições e projetos de educação não formal desenvolvem seus trabalhos por meio de oficinas culturais, esportivas e profissionalizantes, entre outras. Figura 2 - Organizações sociais e educação em direitos humanos Fonte: Pixabay Cabe ressaltar que esse documento ainda apresenta importantes ações pragmáticas para a educação em direitos humanos não formal, que compreendem uma série de ações e indicam diferentes espaços em que elas podem ser desenvolvidas, tais como: • A alfabetização de jovens e adultos. • A educação popular. • O acompanhamento de pessoas com necessidades especiais. • A execução de projetos de pesquisa voltados aos direitos humanos. • A promoção de educação em direitos humanos para quilombolas, aldeias indígenas, assentados, imigrantes, entre outras comunidades específicas. • A incorporação de programas de inclusão digital e de educação a distância. Educação em Direitos Humanos 13 • As produções artísticas voltadas à educação em direitos humanos. • As capacitações para agentes de esporte, cultura e lazer. SAIBA MAIS: Para conferir todas as ações pragmáticas no que se refere à educação não formal em direitos humanos, leia na íntegra o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, através do link: https://bit.ly/2B3iPey. A educação não formal dos direitos humanos compreende uma série de segmentos, que vai desde comunidades, movimentos e organizações sociais até o Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH, 2006). Incluem-se nesse grupo os segmentos políticos e não governamentais, bem como os setores que compreendem a cultura e a educação. Esses grupos desempenham um importante papel na educação não formal dos direitos humanos, pois auxiliam e incentivam a sociedade à reflexão das suas próprias realidades. Além disso, colaboram para que haja interlocução entre a sociedade e as autoridades públicas, de maneira a elaborar e encaminhar propostas para a realização de políticas públicas em diversos setores. Assim, a educação popular ou não formal pode contribuir de forma decisiva para que os direitos humanos, de fato, sejam de todos e todas. Entretanto, como em todo o processo educativo, ela deve ser realizada com objetivos, com rotas a serem traçadas, sabendo o que alcançar e onde se deseja chegar. Os espaços sociais, tais como os lares, as próprias escolas, as associações, os sindicatos e as organizações não governamentais são lugares com grande senso de solidariedade. Neles, o fazer da cidadania está presente com as oportunidades de diálogo, encaminhamentos para a solução de problemas coletivos e ainda as reivindicações de demandas sociais se fazem presentes. Educação em Direitos Humanos https://bit.ly/2B3iPey 14 No que se refere ao ponto de vista metodológico, a educação não formal em direitos humanos contribui para a sistematização, a reorganização e a (re)elaboração de medidas, programas e políticas públicas para a concretização dos mais diversos direitos de uma sociedade. Figura 3: As minorias e os direitos humanos Fonte: Pixabay Além disso, parte-se da oportunidade de considerar a própria realidade dos trabalhadores, cidadãos da periferia, produtores rurais, indígenas e muitos outros grupos específicos, os quais necessitam de apoio social. Dessa forma, a educação em direitos humanos também cumpre o papel de formar intelectualmente diversos indivíduos, que inúmeras vezes, são excluídos das instituições que têm como obrigação promover mudanças em nossa sociedade. Educação em Direitos Humanos 15 RESUMINDO: Nesta unidade, estudamos o ciclo da educação em Direitos Humanos. Ainda vimos que a década das Nações Unidas ganhou destaque nas discussões do tema educação em direitos humanos no âmbito escolar e social em vários países. Ao iniciar as práticas pedagógicas voltadas à educação em direitos humanos, é preciso agir com respeito à individualidade e às características de cada sujeito e essa atitude deve prevalecer tanto dentro quanto fora do ambiente escolar. Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNED, 2006), a educação não formal age diretamente no empoderamento dos grupos sociais, de maneira a proteger, defender e reparar os direitos humanos na sociedade. A educação não formal inclui os segmentos políticos e não governamentais, bem como os setores que compreendem a cultura e a educação. Esses grupos desempenham um importante papel na educação não formal dos direitos humanos. Assim, a educação popular ou não formal pode contribuir de forma decisiva para que os direitos humanos, de fato, sejam de todos e todas No que se refere ao ponto de vista metodológico, a educação não formal em direitos humanos contribui para a sistematização, a reorganização e a (re)elaboração de medidas, programas e políticas públicas para a concretização dos mais diversos direitos de uma sociedade. Educação em Direitos Humanos 16 Educação para paz como uma proposta de Educação em Direitos Humanos Objetivo: Ao final desta unidade, você compreenderá que quando nos referimos à pratica pedagógica dos direitos humanos voltada à cultura de paz, devemos entender que esse processo precisa ocorrer de maneira coletiva, enfatizando os espaços de diálogo e reflexão. Você verá que a paz pode ser entendida como um processo educativo, dinâmico, contínuo e permanente, que ajudará a entender a realidade em que se está inserido. Verificaremos ainda qual a importância da paz na educação em direitos humanos e como esse direito atua na transformação da sociedade. Figura 4 - A educação para a paz Fonte: Pixabay O século XX foi marcado por uma série de episódios de violência e conflitos na sociedade humana, caracterizados pelo autopoder de destruição em massa. Nesse sentido, as propostas de educação em direitos humanos para a paz têm como principais finalidades informar, formar e transformar. Por isso, a cultura de paz deve ser cultivada nas sociedades e ser vista como um processo a ser construído de maneira coletiva e colaborativa. Educação em Direitos Humanos 17 A paz como direito O artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”. A paz pode ser compreendida como um processo educativo, dinâmico, contínuo e permanente, assim como a cultura da paz contribuiu para ajudar as pessoas a desvendarem de maneira crítica a realidade em que estão inseridas, a fim de serem capazes de poder modificá-la de acordo com as suas necessidades. Em 2003, estudiosos da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, se reuniram com o intuito de elaborar um manual de planejamento e avaliação no sentido de restaurar a paz em diferentes zonas de conflito. Desse estudo, resultouum manual educativo com a finalidade de orientar e implementar a temática da educação em direitos humanos em locais com altos índices de violência e opressão, tais como Libéria, Serra Leoa, El Salvador, Guatemala, México, entre outros. Mas mesmo em nosso país, muitas crianças e jovens vivem fora da escola momentos de discriminação, sofrimento, dor e violência. Por isso, é necessário que os educadores pensem em criar espaços cada vez mais humanizados. Assim, é fundamental que as práticas de ensino partam das vivências dos alunos e não apenas das teorias e dos conteúdos. Por isso, a educação para a paz é reconhecida como uma ação internacional voltada às práticas educacionais. Essa atitude contribui de maneira efetiva, sobretudo, para que a educação seja ofertada de forma adequada e significativa. Nesse sentido, conforme afirma Jares (2007), esse processo deve acontecer de maneira contínua e permanente, fundamentado nos dois conceitos principais (concepção de paz positiva e perspectiva criativa do conflito) que, pela aplicação de métodos problematizados, pretende desenvolver um novo tipo de cultura, a cultura da paz, que ajude as pessoas a entender criticamente a realidade, a desigualdade Educação em Direitos Humanos 18 e a violência complexa e conflituosa, para poder ter uma atitude e uma ação diante dela. Figura 5 - A paz como direito humano Fonte: Pixabay Todo modelo pedagógico voltado à educação para a paz parte das recomendações da UNESCO sobre a Educação para a compreensão, a cooperação e a paz internacional. Não se pode realizar tal trabalho sem considerar a realidade social em que os alunos estão inseridos. O educador deve propor a eles que reconheçam os conflitos, mas que sejam capazes de buscar conviver em harmonia, sem aceitar quaisquer formas de violência, sejam elas verbais, morais ou físicas. Ao tratarmos de maneira efetiva a aplicabilidade da paz como proposta para a educação em direitos humanos, o primeiro passo é considerar a legislação brasileira. Além disso, as atividades permeadas no direito da paz devem contribuir para a formação da cidadania, para a responsabilidade ética, respeito à tolerância e importância da democracia. Também se faz necessário considerar a importância da família neste processo, mesmo que a escola seja reconhecida como o veículo fundamental para as mudanças da sociedade, tão necessárias nos dias de hoje. Dessa forma, a sociedade contemporânea entende a educação para Educação em Direitos Humanos 19 a paz e para os direitos humanos como uma proposta desafiadora, mas capaz de assegurar o desenvolvimento sustentável das sociedades, garantindo que os direitos humanos sejam respeitados, tais como a justiça social. Em suma, a educação para a paz em direitos humanos contribui na formação de indivíduos para uma sociedade pacífica, capaz de evitar catástrofes sociais, além de promover o respeito pelas diversidades, a fim de agir como um mecanismo de crescimento e interdependência dos sujeitos. RESUMINDO: Você estudou que as propostas de educação em direitos humanos para a paz têm como principais finalidades informar, formar e transformar. Por isso, a cultura de paz deve ser cultivada nas sociedades e deve ser vista como um processo a ser construído de maneira coletiva e colaborativa. Você estudou que em nosso país, muitas crianças e jovens vivem fora da escola momentos de discriminação, sofrimento, dor e violência, por isso é necessário que os educadores pensem em criar espaços cada vez mais humanizados. Você estudou que é importante que as práticas de ensino partam das vivências dos alunos e não apenas das teorias e dos conteúdos. Cabe ao educador propor que os conflitos sejam reconhecidos, buscando conviver em harmonia, sem aceitar quaisquer formas de violência, sejam elas verbais, morais ou físicas. É necessário considerar a importância da família neste processo, mesmo que a escola seja reconhecida como o veículo fundamental para as mudanças da sociedade. Educação em Direitos Humanos 20 Educação em valores como uma proposta de Educação em Direitos Humanos INTRODUÇÃO: Neste capítulo você vai aprender que muitos professores e profissionais da área educacional vivenciam diversas situações cotidianas em que observam o desrespeito aos direitos humanos. Você vai considerar as inúmeras realidades do contexto social e escolar que podem ser o ponto de partida para a educação em valores como uma proposta para o trabalho sobre a temática dos direitos humanos, objeto deste capítulo. Figura 6 - O papel da educação na sociedade contemporânea Fonte: Pixabay A escola, sobretudo, é um espaço de formação de cidadãos, por isso as atividades escolares devem, acima de tudo, valorizar o diálogo, o respeito e a justiça entre os atores da comunidade escolar, que inclui pais, alunos, professores e equipe diretiva. Nesse sentido, é importante promover um trabalho educativo baseado em valores e articulado aos conteúdos curriculares. Educação em Direitos Humanos 21 O papel da escola na sociedade contemporânea Atualmente, muito se atribui ao processo de ensino-aprendizagem baseado no conhecimento científico, mas é fundamental primar pela formação integral dos cidadãos, visto que a sociedade contemporânea clama por uma educação de qualidade, capaz de valorizar além dos aspectos cognitivos, os aspectos sociais, afetivos e morais. Por isso, faz-se necessário que ocorram discussões voltadas à preparação dos alunos para o convívio em sociedade, formando-os como sujeitos críticos e questionadores da sua realidade, sendo capazes de transformar o mundo do qual fazem parte em um lugar justo e igualitário. Mas, para que o aprendizado dos cidadãos seja considerado significativo, é preciso considerar e estimular os alunos a entenderem que espaços ocupam na sociedade. Além de instruir, a educação deve formar, por isso ambas as ações devem ser compreendidas como ações inseparáveis. Nesse sentido, também se torna fundamental que os professores e educadores estejam preparados para atender às demandas de uma sociedade que necessita ser transformada. Padilha (2005) discorre sobre esses aspectos a partir dos seguintes questionamentos: [...] como alguém que não se respeita, que não respeita os seus próprios direitos, que às vezes nem os conhece e que não sabe defendê-los, poderia ensinar outro alguém sobre o exercício de algum direito ou sobre qualquer outro conteúdo de forma crítica e emancipadora? Ou como alguém que está desacostumado a ser ético e agir, socialmente com justiça? Ou, ainda, como um professor que se deixa vencer pela rotina, por mais dura que possa ser, pode contribuir para a formação de sujeitos que exerçam plenamente a sua cidadania e saibam defender os seus direitos civis, sociais e políticos? (PADILHA, 2005, p. 169) Educação em Direitos Humanos 22 Portanto, as instituições de ensino são vistas como um cenário importante na transmissão e na promoção dos direitos e dos valores. A escola, sobretudo, tem o poder de contribuir para a formação de uma nova sociedade, cuja dignidade humana se realiza dentro da constituição do próprio direito à educação e a partir dela, outros direitos passam a ser reconhecidos. Propostas para a Educação em Direitos Humanos baseada em valores A realidade nos remete a pensar na educação baseada em valores como um trabalho a ser realizado pela família, visto que esse processo envolve uma série de aspectos, tais como sociais, os morais e os psíquicos, entre outros. Figura 7 - valores e direitos humanos Fonte: Pixabay Mas é na escola que se observam e se constituem muitos episódios de violência, indisciplina, bem como o desconhecimento de diversos valores trazidos do ambiente familiar. Por isso, é inquestionável que a escola não seja reconhecida como um espaço para a educação em direitos humanos baseada em valores. Educação em DireitosHumanos 23 Outro fator bastante comum na sociedade atual é a ideia de que os valores estão, na maioria das vezes, associados às questões religiosas, por isso, muito se questiona que indivíduos que não praticam alguma religião possam estar desprovidos de alguns valores. REFLITA: Você sabe explicar o que são valores? Para que eles servem? Como são adquiridos? Convido você a refletir sobre essas questões, antes de darmos continuidades aos nossos estudos! Os valores são constituídos por uma série de hábitos e comporta- mentos de um ser humano. Ao longo da sua vida, cada indivíduo atribui, de acordo com as suas vivências, quais são os valores que deseja carre- gar consigo, os que estejam diretamente ligados às suas ações. Por isso, a educação em direitos humanos baseada em valores trata-se de uma construção, ou seja, um processo. Diante dessas razões, constata-se que os valores dos sujeitos não são como fatores genéticos, herdados por seus ancestrais, mas trata-se de um resultado de comportamentos e atitudes. Figura 8 - Direitos humanos para um mundo mais justo Fonte: Pixabay Educação em Direitos Humanos 24 Nesse processo, a escola desenvolve um importante papel na educação em direitos humanos. As instituições de ensino contribuem para que os alunos percebam que são capazes de viver em um mundo mais justo, mais digno, mais sustentável e mais seguro. Aliar os direitos humanos aos valores e às metodologias de ensino contribui para a formação de cidadãos agentes e críticos ao seu meio social. Assim, os valores aprendidos ou adquiridos na escola são levados para a vida do aluno, a fim de fazerem sentido em suas práticas sociais. RESUMINDO: Aprendemos que a escola é um espaço de formação de cidadãos, por isso as atividades escolares devem valorizar o diálogo, o respeito e a justiça entre os atores da comunidade escolar, que inclui pais, alunos, professores e equipe diretiva. Vimos que é necessário que ocorram discussões voltadas à preparação dos alunos para o convívio em sociedade, formando-os como sujeitos críticos e questionadores da sua realidade, sendo capazes de transformar o mundo do qual fazem parte em um lugar justo e igualitário. Estudamos ainda que, nesse sentido, também se torna fundamental que os professores e educadores estejam preparados para atender as demandas de uma sociedade que necessita ser transformada. Educação em Direitos Humanos 25 Tendências da Educação em Direitos Humanos Objetivo: Neste capítulo você verá que não se pode negar que a educação é a ferramenta mais eficiente para o crescimento pessoal, além de ser considerada como um direito de qualquer indivíduo. Através da educação, muitos outros direitos podem ser alcançados, sejam sociais, econômicos ou culturais. Nesse sentido, o papel exercido pela educação em direitos humanos contribui na formação das futuras gerações. Porém, mesmo que esta temática tenha sido efetivamente uma obrigação dos Estados, das instituições de ensino e das próprias pessoas, há cerca de 50 anos sua aceitação em todo o mundo ainda é considerada recente. Figura 9 - Tendências da educação em direitos humanos na sociedade Fonte: Pixabay Educação em Direitos Humanos 26 Desafios e tendências da Educação em Direitos Humanos: da teoria à prática IMPORTANTE: Para Roberto Bobbio “deve-se ter a preocupação inicial de manter a distinção entre teoria e prática, ou melhor, deve- se ter em mente, antes de mais nada, que teoria e prática percorrem duas estradas diversas com velocidades muito desiguais” (2004, p. 33). Muito se discutiu sobre a importância dos direitos humanos ao longo dos anos, mas pouco se avançou para que as diversas teorias fossem colocadas em prática. Segundo o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (2005, p. 25) “A educação contribui para: a) Criar uma cultura universal dos direitos humanos; b) Exercitar o respeito, a tolerância, a promoção e a valorização das diversidades”. A sociedade atual ainda se encontra em uma realidade que prima pela educação bancária, cujo sujeito encontra-se em uma posição de receptor de conteúdos, que são gravados e reproduzidos. Dessa forma, destaca-se a concepção de ensino defendida por Paulo Freire, o qual considerava o ser humano como um sujeito livre e ativo na sociedade. Por isso, é tão importante que o processo educativo se dê de maneira libertadora, isto é, reconhecendo a realidade dos educandos. Paulo Freire denominou de educação bancária o processo de ensino-aprendizagem em que o professor deposita o conhecimento em alunos desprovidos dos seus próprios pensamentos. Para ele, esse tipo de ensino serviria apenas como treinamento para a formação em massa exclusivamente para o trabalho. Ou seja, nestas situações, os alunos não eram estimulados a desenvolver o pensamento crítico, tão pouco se permitiria que eles atuassem como seres questionadores. Percebe-se, portanto que a educação em direitos humanos enfrenta alguns desafios, entre eles: Educação em Direitos Humanos 27 • Formar professores e educadores, que sempre problematizem e enfatizem a realidade dos estudantes na elaboração das atividades. • Dialogar com os problemas sociais dos alunos ao promover a educação em direitos humanos. Figura 10 - Os desafios da educação em direitos humanos na sociedade Fonte: Pixabay Conforme afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Básica, os direitos humanos, reconhecidos como temáticas transversais, tradicionalmente eram considerados como direitos individuais de cada indivíduo. Portanto, trabalha-los como um direito coletivo, assim como a paz, torna-se um desafio do ensino. EXEMPLO: Os direitos defendidos pelos povos indígenas, por exemplo, tais como a terra e seus recursos, são considerados tanto individuais, como coletivos, visto que através deles é possível respeitar a sua identidade e as suas culturas. Em suma, a educação em direitos humanos deve ser orientada para que a dignidade humana e o impedimento do sofrimento humano sejam as bases do trabalho com esta temática, independente se ele ocorrer na Educação em Direitos Humanos 28 educação formal ou não formal. E esse processo só se tornará possível, à medida que as autoridades e a sociedade em geral, reconheçam a capacidade dos indivíduos em desenvolverem o pensamento crítico. A educação em direitos humanos deve ser vista como uma política pública capaz de transformar os valores e as atitudes daqueles que são excluídos e marginalizados nos espaços sociais. Além disso, é preciso considerar cada vez mais a necessidade de respeitar as diferenças e as diversidades existentes entre os seres humanos. Figura 11 - Direitos humanos e um mundo mais igualitário Fonte: Pixabay Sabemos que muitos avanços já ocorreram ao longo dos anos no que diz respeito aos direitos humanos. Mas há urgência em acelerar programas e políticas públicas capazes de combater o racismo, a violência, o sexismo, a xenofobia e tantas outras situações causadoras do sofrimento dos seres humanos de todo o mundo. Educação em Direitos Humanos 29 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo – “LEANDRO KARNAL - Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)”. Disponível no link: https://bit.ly/2IG2X6e. Confira! RESUMINDO: Nesta última unidade letiva desta disciplina, estudamos alguns dos importantes aspectos da educação em direitos humanos fora da Escola. Retomamos a importância da educação não formal para os direitos humanos, destacando o papel fundamental das instituições sociais em nosso país, as quais desenvolvem muitos projetos culturais, esportivos e educacionais. Além disso, reconhecemos a paz e os valores como propostas de Educação em Direitos Humanos, discorrendo sobre tais aspectos, a partir da perspectiva de direitos que, quando são assegurados,garantem a promoção de outros direitos. Por fim, terminamos esse capítulo, conhecendo as propensões da educação em direitos humanos, refletindo sobre os desafios e as tendências de promover esse assunto como temática de estudos. Como falamos, esse tema sempre merece muita atenção e requer muito estudo, por isso, esperamos que esta disciplina lhe possibilite continuar aprendendo mais sobre os direitos humanos. Não deixe de realizar as atividades propostas com base nesta temática. Bons estudos! Educação em Direitos Humanos https://bit.ly/2IG2X6e 30 REFERÊNCIAS BOBBIO, N. A Era dos Direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, 19ª. Reimpressão. São Paulo: Elservier, 1992. BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf. Acesso em: 23 maio 2019. BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos- PNEDH. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, Unesco, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ docman/2191-plano-nacional-pdf/file. Acesso em: 23 maio 2019. JARES, X. R. Educar para a paz em Tempos Difíceis. São Paulo: Palas Athena, 2007. UNESCO. Plano de Ação: Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos. Paris: UNESCO, 2006. Disponível em: https://unesdoc. unesco.org/ark:/48223/pf0000147853. Acesso em: 23 maio 2019. Educação em Direitos Humanos http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/file http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/file Direitos Humanos na Educação não Escolar O papel das organizações sociais na educação dos direitos humanos Educação para paz como uma proposta de Educação em Direitos Humanos A paz como direito Educação em valores como uma proposta de Educação em Direitos Humanos O papel da escola na sociedade contemporânea Propostas para a Educação em Direitos Humanos baseada em valores Tendências da Educação em Direitos Humanos Desafios e tendências da Educação em Direitos Humanos: da teoria à prática