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História da 
Educação
Mário Fernandes Ramires
E-book 3
Neste E-book:
Brasil colonial: Jesuítas e as 
reformas Pombalinas ������������������������������� 3
Brasil Império ���������������������������������������������10
Primeira República �����������������������������������16
Considerações Finais ������������������������������ 23
Síntese ���������������������������������������������������������24
2
História da Educação
E-book 
3
BRASIL COLONIAL: 
JESUÍTAS E AS REFORMAS 
POMBALINAS
Conforme estudamos no tópico anterior, durante a 
Era Moderna, muitos países europeus surgiram em 
torno da figura do rei, fortalecido pelo apoio da bur-
guesia e da nobreza após o feudalismo. Os primei-
ros países a surgir foram os pioneiros nas Grandes 
Navegações, sendo eles Portugal e Espanha, que 
colonizaram o território americano desde o final do 
século XV até o século XIX.
Quando pensamos no encontro entre povos nativos 
e europeus, devemos refletir sobre o termo “desco-
brimento”, pois, o continente americano já estava 
povoado por milhões de pessoas, que possuíam as 
mais diversas culturas e formas de organização. 
Desde o extremo Sul ao norte do continente, havia 
sociedades com seus idiomas, religiões, formas de 
ver e vivenciar o mundo bem distintas dos europeus 
e, conforme observado no tópico anterior, a princi-
pal função da educação aplicada pelos europeus 
nessas culturas era ensinar os hábitos e costumes 
do colonizador.
No caso do Brasil, os portugueses se deparam com 
uma enorme população da etnia Tupi, que viviam 
principalmente espalhados pelo litoral em pleno 
processo de expansão e ocupação territorial. Além 
3
desses, inúmeros outros povos indígenas habita-
vam o território que formaria o Brasil. Entre esses 
povos a educação era realizada no cotidiano, apren-
dendo técnicas e valores que utilizariam na vida 
adulta, como a tradição oral e rituais para ressaltar 
esses valores.
No entanto, foram os europeus colonizadores que 
criaram as primeiras instituições de ensino em nosso 
território, sendo os padres jesuítas os responsáveis 
pelo modelo educacional na colônia durante cerca de 
dois séculos, até serem expulsos de todo o território 
português, inclusive das colônias, no ano de 1759. 
Trata-se de um período de intensa catequização de 
indígenas e africanos, além da conversão de judeus 
ao cristianismo, no qual os jesuítas fundaram esco-
las e modelos de ensino distintos, destinados, cada 
qual, a um segmento da sociedade.
Nesse caso, os filhos dos senhores de terras e en-
genhos, por exemplo, não tinham a catequização 
como objetivo de ensino: geralmente o filho mais 
velho era preparado para herdar a administração dos 
negócios da família, um ou mais filhos poderia estu-
dar em universidades europeias. Poderia ser que o 
filho mais novo se tornasse seminarista, talvez pelo 
cumprimento de alguma promessa e as mulheres 
da elite eram educadas nos modos e costumes de 
comportamento da elite.
Após uma tentativa na vila de São Vicente, os pa-
dres da Companhia de Jesus criam, no ano de 1554, 
4
o Colégio de São Paulo, no planalto de Piratininga. 
Nesse momento, iniciam o processo de catequiza-
ção, no qual lançavam mão de metodologias como 
o teatro, a música e a dança, para ensinarem os 
valores da fé cristã aos indígenas. Geralmente, as 
aulas ocorriam na área externa do colégio, ou seja, 
em seu pátio, pois os naturais da terra não estavam 
acostumados a ficar em locais fechados, como as 
salas de aula.
Dentro dos métodos utilizados pelos jesuítas no 
processo de catequização dos povos nativos, des-
taca-se o fato de aprenderem o idioma dos indíge-
nas e seu uso como “língua geral”, inclusive, em 
alguns casos, substituindo o latim nos púlpitos das 
igrejas. Ou seja, ao passo que os padres missioná-
rios se enveredavam na cultura tupi, também ab-
sorviam a cultura dos indígenas e, para fortalecer 
essas relações, criaram aldeamentos e missões, 
locais nos quais conviviam com os indígenas e 
eram praticadas atividades como a agricultura 
e a criação de animais, além dos ensinamentos 
religiosos.
Podcast 1 
5
Figura 1: Padre José de Anchieta, que chegou ao Brasil com apenas 
19 anos de idade para iniciar o processo de catequização e acultura-
mento dos indígenas. | Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_
of_Anchieta
A partir do século XVII, com o início das bandeiras – 
movimento de pessoas que saíam de São Paulo em 
busca de riquezas pelo interior do Brasil –, muitos 
aldeamentos e missões foram atacados e dizimados, 
sendo os indígenas que lá habitavam escravizados 
e vendidos aos proprietários de grandes extensões 
de terra. A mão de obra indígena foi substituída pe-
6
los africanos que, escravizados, se tornaram uma 
mercadoria valiosa em transações transatlânticas. 
Os africanos também passaram pelo processo de 
aculturamento, no entanto, no que diz respeito à 
escravidão, não tiveram a mesma proteção que os 
indígenas dispunham por parte dos jesuítas. Suas 
práticas religiosas foram intensamente perseguidas 
e combatidas, sempre relacionadas ao mau e ao de-
mônio presentes no pensamento cristão.
Durante o século XVIII, a monarquia portuguesa 
passou por uma série de reformas, inclusive nos 
modelos de administração colonial e educacional. 
O encarregado por essas mudanças foi o Marquês 
de Pombal (1699-1782), tendo sido Secretário de 
Estado do Reino e aplicando as chamadas Reformas 
Pombalinas, que atingiram diretamente o modelo 
educacional colonial:
Com Pombal, iniciou-se uma fase de reformas educa-
cionais (...). Com as reformas, O Estado assumiu dire-
tamente a responsabilidade sobre a instrução escolar, 
cobrando um imposto, o subsídio literário, e introdu-
zindo as aulas régias. O governo, além disso, movido 
por uma visão pragmática do conhecimento científico, 
tomou uma série de medidas culturais e educacionais 
a fim de dinamizar a produção de matérias primas na 
Colônia em benefício da Metrópole, entre as quais o 
apoio às constituições de academias científicas e lite-
rárias, e a criação de instituições educacionais e aulas 
voltadas para o estudo prático e científico. (VILLALTA, 
1997, pp. 348-349).
7
Contudo, devido às grandes dificuldades para se-
rem colocadas em prática, as medidas previstas por 
Pombal não surtiram grande efeito, ou seja, havia 
uma grande distância entre o que se idealizava e 
aquilo que poderia, de fato, ser implementado. As 
aulas avulsas substituíram as aulas em classe nos 
ensinos das primeiras letras e secundário, fragmen-
tando, assim, o processo pedagógico; faltavam pro-
fessores, materiais e estrutura para realizar esses 
projetos. Mesmo o ensino tendo se tornado público, 
não garantia acesso de todos ao ensino, pois as au-
las avulsas acabavam por ser particulares.
De qualquer forma, Pombal teve força política para 
expulsar os jesuítas da Colônia, mas seu projeto não 
se concretizou plenamente. Influenciado pela revolu-
ção científica e pelas descobertas que ocorriam na 
Europa, o Secretário Real desejava inserir o estudo 
científico nas escolas coloniais e as instituições je-
suítas, por possuírem um viés religioso, se tornaram 
um problema. Ele acusava a Companhia de Jesus de 
ser um poder paralelo ao poder da Coroa. 
Dessa forma, podemos pensar que, durante o perí-
odo colonial, a educação foi pautada pela relação 
entre Estado e Igreja. Conforme destacado por 
Villalta (1997):
8
Estado e Igreja, descuidando desse ensino escolar 
eloquente, retórico e imitativo – e, de resto elitista e 
ornamental -, adotaram uma perspectiva geral de edu-
cação claramente reprodutivista, voltada para a perpe-
tuação de uma ordem patriarcal, estamental e colonial. 
(VILLALTA, 1997, p. 351). 
A partir dessas reflexões, podemos pensar que as 
estruturas de organizaçãodo ensino existentes na 
atualidade ainda carregam consigo traços de nosso 
passado colonial, assim como refletem a desigual-
dade social a que nossa sociedade está submetida. 
Hoje em dia, ainda percebemos diferentes oportu-
nidades na educação, em que as diferentes clas-
ses sociais possuem acesso a uma educação tão 
distinta. Ou seja, ainda faz parte de nossa missão, 
enquanto educadores, lutar por uma escola pública 
de qualidade, a qual todos poderão ter acesso ao 
estudo científico e conhecimento de sua cidadania. 
Podcast 2 
9
BRASIL IMPÉRIO
Conforme vimos no tópico anterior, durante o sécu-
lo XVIII, o mundo ocidental iniciou um processo de 
transformações influenciadas pelos ideais do ilumi-
nismo e do liberalismo. Essas novas perspectivas de 
organização política e econômica previam a diminui-
ção da influência do Estado monárquico absolutista 
nas decisões relacionadas às cobranças de impostos 
e criação de leis, assim como maior liberdade de 
comércio e a livre atuação da iniciativa privada.
Com a Independência dos EUA e a Revolução 
Francesa, esses ideais, guiados pelo lema: Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade, se proliferaram pelo mun-
do, inclusive atingindo as colônias americanas dos 
países europeus, entre essas, o Brasil. Napoleão 
Bonaparte, personagem fruto da Revolução Francesa, 
lidera diversas campanhas na Europa para destituir 
as monarquias e propagar os ideais revolucionários, 
alinhados ao pensamento burguês. Entre os países 
invadidos por Napoleão estava Portugal, aliado da 
Inglaterra, potência que rivalizava com a França na 
disputa por rotas de comércio em regiões europeias 
e coloniais.
Com isso, a França napoleônica ocupa Portugal e a 
Família Real portuguesa, pela primeira vez na histó-
ria das monarquias europeias, deixa a metrópole e 
ruma para a colônia, no ano de 1807, quando chega 
a Salvador na Bahia. Logo em seguida, os membros 
10
da Corte rumam para o Rio de Janeiro, chegando em 
1808 na cidade que se tornou a capital do Império. 
A partir de então, se intensificam os debates e dis-
cussões sobe uma possível independência em rela-
ção a Portugal. Inúmeros jornais surgem em centros 
importantes como Pernambuco, Rio de Janeiro e 
Bahia. Essa propagação de ideais e a contestação do 
modelo colônia português levaram à independência e 
ao surgimento do Império do Brasil, no ano de 1822.
Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil, reinou 
de 1822 a 1831, quando abdicou ao trono, após 
desgastes políticos, crises econômicas e o envol-
vimento do Brasil na Guerra da Cisplatina. Entre os 
anos de 1831 e 1840, o Império do Brasil vivenciou 
o período Regencial, quando, devido à menor idade 
do Imperador, o governo foi exercido por regentes, 
membros das elites, inclusive religiosos. Após as 
regências, iniciou-se o Segundo Reinado, tendo Dom 
Pedro II, que assumiu o trono com apenas 14 anos de 
idade, como seu único monarca até o ano de 1889.
Em relação ao desenvolvimento nas áreas do conhe-
cimento e da cultura, as mudanças são marcantes, 
principalmente com a chegada da Família Real ao 
Rio de Janeiro, no ano de 1808. Tendo em vista que 
o Rio se tornou a capital de um vasto império, era 
necessário transformar a cidade em uma capital eu-
ropeia. Sendo assim, foram tomadas medidas que 
previam essas transformações, como a criação da 
Imprensa Régia (1808), a Biblioteca Nacional e o 
Jardim Botânico (1810), o Museu Real (1818), além 
11
da importante missão cultural francesa, que chegou 
ao Brasil no ano de 1816. 
Contudo, em outros aspectos, a sociedade brasileira 
não sofreu grandes transformações em relação ao 
período colonial, pois permaneceram a escravidão, o 
latifúndio e a monocultura, uma grande desigualdade 
social e a monarquia como modelo político adminis-
trativo. Nesse sentido, os modelos educacionais não 
eram os mesmos oferecidos a todas as camadas da 
população.
Desde a primeira Constituição brasileira, de 1823, 
existe uma ideia de formação e instrução da popu-
lação. Tendo em vista que esse documento nunca 
entrou em vigor, esse primeiro movimento foi uma 
tentativa em vão. Em 1827, surgiu uma lei que previa 
a criação de escolas em todas as vilas, cidades e vi-
larejos do Império, o que infelizmente não se cumpriu 
por falta de estrutura e interesses diversos. No ano 
de 1834, foi realizado um Ato Adicional que previa 
a separação entre os ciclos do ensino, o qual previa 
que o poder central do Império administraria o ensi-
no superior e o ensino elementar ficaria a cargo das 
províncias.
Essa divisão do poder público na gestão do ensino 
criou um abismo entre o ensino básico e o ensino 
superior, na verdade, muito pouco se investiu no ensi-
no primário ou secundário. Não havia uma estrutura 
de ensino sólida prevista na legislação, tampouco 
critérios para aprovação e reprovação em escolas 
12
elementares. Geralmente, os alunos de classes fa-
vorecidas aprendiam conteúdos e disciplinas volta-
das ao curso superior que desejassem seguir. Aos 
mais pobres era destinada uma educação bem mais 
básica, limitada ao aprender a ler, escrever e contar, 
sem o estudo de leis, ciências exatas ou naturais. 
Não havia continuidade ou diálogo entre os ensinos 
primário e secundário.
Não há vinculação entre os currículos dos diversos 
níveis, aliás, nem há propriamente currículo, devido à 
escolha aleatória das disciplinas, sem qualquer exi-
gência de se completar um curso para iniciar outro. Ao 
contrário, são os parâmetros do ensino superior que 
determinam a escolha das disciplinas no ensino secun-
dário, obrigando-o a ser cada vez mais propedêutico, ou 
seja, destinado a preparar os jovens para a faculdade. 
(ARANHA, 2000, p. 154).
Obviamente, as pessoas preparadas para o ensino 
superior eram os filhos das classes mais ricas. Nesse 
sentido, é importante destacar que, durante o período 
imperial, o maior investimento do poder governamen-
tal estabeleceu-se na criação de cursos superiores 
e faculdades. A Academia Real da Marinha, criada 
no ano de 1808, foi a primeira dessas instituições, 
que também abarcavam cursos na área da medici-
na, economia e os cursos jurídicos, de Olinda e de 
São Paulo.
13
Figura 2: Hoje pertencente à Universidade Federal de Pernambuco 
(UFPE), a Faculdade de Direito de Olinda foi fundada em 1827. | Fonte: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Direito_da_Universidade_
Federal_de_Pernambuco
Após 80 anos de sua expulsão, os jesuítas retornam 
ao Brasil, sendo responsáveis pela fundação de diver-
sos colégios, entre os anos de 1860 e 1889. Essas 
instituições, apesar de utilizarem a metodologia jesu-
ítica, também estavam alinhadas aos ideais iluminis-
tas. Destaca-se, ainda, a iniciativa dos protestantes, 
que fundam o colégio Mackenzie, em São Paulo, no 
ano de 1870, entre outras instituições. Instituições 
leigas, ou seja, sem qualquer vinculo religioso tam-
bém desempenharam importante papel:
14
Os colégio leigos da época são os mais progressistas e 
renovadores. Acrescentando-se a esses os já referidos 
colégios religiosos, percebe-se que uma grande massa 
de alunos dirige-se às escolas particulares. Além disso, 
os poucos liceus provinciais fundados pela iniciativa 
pública enfrentam dificuldades diversas, decorrentes 
da falta de organização e de recursos, professores 
mal habilitados e até de insuficiente número de alu-
nos, o que leva muitos a fecharem as portas. (ARANHA, 
2000, p.154). 
Com todas essas dificuldades, algumas medidas fo-
ram tomadas, como a criação de cursos de formação 
de mestres, por exemplo. Na verdade, eram cursos de 
apenas dois anos de duração, que atendiam poucos 
alunos, formados para atuar no ensino secundário.
15
PRIMEIRA REPÚBLICA
Entre os anos de 1889 e 1930, o Brasil viveu o mo-
mento histórico conhecido como Primeira República,que se iniciou com a queda do Império e teve fim 
com o início da Era Vargas. Esse primeiro período 
republicano foi caracterizado por uma sociedade 
extremamente excludente e desigual, com o projeto 
de modernização, baseado na belle époque, atingindo 
de forma violenta os mais pobres. Nesse processo, 
os cortiços foram destruídos no centro do Rio de 
Janeiro, que era a capital do país, e os mais pobres 
passaram a habitar os morros, localizados nas regi-
ões mais afastadas das áreas centrais.
Em relação à política, houve uma grande descentra-
lização do poder. Os poderes locais eram exercidos 
pelos chamados coronéis, que agiam de forma au-
tônoma, aplicando leis e punições, de acordo com 
seus interesses. As eleições eram restritas aos al-
fabetizados, que representavam uma pequena por-
centagem da população, mesmo assim, o voto era 
aberto e havia coerção e intimidações, envolvendo 
compra de votos e violência corporal em períodos 
eleitorais. Esse procedimento era conhecido como 
“voto de cabresto”, em alusão ao cabresto utilizado 
para guiar equinos. 
Durante quase todo esse período, os presidentes se 
alternaram entre mineiros e paulistas, que represen-
tavam os estados mais ricos e com maiores núme-
16
ros de eleitores do país. Esse período também foi 
conhecido como “República do café com leite”, em 
alusão às elites cafeeira de São Paulo e às criadoras 
de gado, de Minas Gerais. Dessa forma, percebemos 
que a economia do país estava nas mãos de grandes 
agricultores e latifundiários, proprietários de grandes 
quantidades de terra, que voltavam suas produções 
ao mercado exterior. 
Contudo, o período da Primeira República não foi 
estático e presenciou intensas mudanças sociais, 
culturais e econômicas. No contexto internacional, as 
principais potências europeias estavam envolvidas 
com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o que 
fez com que seus investimentos e indústrias fossem 
quase totalmente voltados para o conflito bélico. 
Entre as décadas de 1920 e 1930, houve uma grande 
crise na economia mundial, tendo como principal ex-
poente a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, 
no ano de 1929. Em 1940, o mundo entrava em outro 
grande conflito, que duraria até 1944.
Por conta desses acontecimentos, os países com 
pouco desenvolvimento industrial passaram a inves-
tir na industrialização “substitutiva de importação”, 
inclusive o Brasil. As indústrias surgem e crescem 
principalmente nos locais que possuíam capital 
acumulado por conta da economia cafeeira, com 
destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas 
Gerais. Esses polos industriais passaram a receber 
pessoas que provinham de diversas regiões do Brasil, 
da Europa e do Japão. Essa imigração estrangeira 
17
já existia no século XIX, principalmente após as leis 
contra a escravidão serem colocadas em vigor. 
No caso dos europeus, a maioria provinha de paí-
ses como Itália, Espanha e Alemanha, principalmen-
te os dois primeiros. Em São Paulo, por exemplo, 
surgiram diversos bairros operários, com inúmeros 
cortiços que passaram a ser construídos próximos 
das regiões fabris. Nesse contexto de urbanização 
e industrialização, surge um novo grupo social, for-
mado pelos operários das indústrias que passaram 
a se organizar em grupos e realizar movimentos por 
direitos, como a Greve Geral de 1917.
No que diz respeito à educação nesse período de 
nossa história, Paulo Ghiraldelli Júnior (1994) aponta 
a atuação de duas vertentes, o “entusiasmo pela edu-
cação” e o “otimismo pedagógico”. Segundo o autor:
O entusiasmo pela educação teve um caráter quantita-
tivo, ou seja, em última instância resumiu-se na ideia de 
expansão da rede escolar e na tarefa de desanalfabeti-
zação do povo. O otimismo pedagógico insistiu na oti-
mização do ensino, ou seja, na melhoria das condições 
didáticas e pedagógicas da rede escolar. (GHIRALDELLI 
Jr, 1994, p. 15). 
Nesse momento histórico, os países europeus sa-
íram arrasados do conflito mundial e os EUA se 
tornaram a referência econômica e cultural, o que 
atingiu também a educação, como o Movimento da 
18
Escola Nova, encabeçado por John Dewey e William 
Kilpatrik. Este movimento propunha uma educação 
que oferecia alternativas aos modelos tradicionais. 
Essa discussão chegou ao Brasil e muitos intelectu-
ais passaram a propor uma transformação no mode-
lo educacional do país, que presenciou um embate 
entre a Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e 
a Pedagogia Libertária.
O modelo Tradicional era baseado no ensino religio-
so, tendo como referência a educação jesuíta e o 
Ratio Studiorum, seu modelo educacional desde o 
século XVI. Esse modelo previa uma disciplina rígi-
da, sem práticas de reflexão social ou respeito às 
especificidades dos educados, além de prever que 
os alunos deveriam ser educados, no decorrer dos 
anos, pelo mesmo mestre. No entanto, o modelo 
Tradicional não deve ser resumido ao ensino dos 
jesuítas, pois importantes pensadores contribuíram 
com esse segmento educacional. O alemão Johann 
Friedrich Herbart (1776-1841) e o suíço Johan 
Henrich Pestalozzi (1746-1827), por exemplo, pre-
viam o ensino laico, marcado por uma sequência 
passo a passo do processo de ensinar e pela ideia 
de “psicologizar a educação”.
Esses métodos tradicionais, geralmente, propunham 
um controle em relação ao corpo e às emoções dos 
educandos, prevendo métodos de memorização para 
a aprendizagem de conteúdos. Em oposição a esse 
modelo, surgiu a Pedagogia Libertária, que contava 
com escolas e organizações de ensino fundadas por 
19
imigrantes europeus que viviam nos bairros operá-
rios. Influenciados por ideais que previam a liberdade 
do ser humano, principalmente o anarquismo, esse 
modelo contava com a criação de um novo homem, 
que seria capaz de construir seus conhecimentos 
sem a presença de dogmas do capitalismo, que 
influenciavam a concorrência e a desumanização 
das pessoas.
Figura 3: Escola Moderna n° 1 fundada por João Penteado (1877-
1965). Essa instituição de ensino possuía a ideologia anarquista como 
base para as ações educacionais e sociais e foi fundada em 1912, no 
bairro do Belenzinho, na capital paulista. | Fonte: https://anarquismo.
lppe.ifch.uerj.br/textos/texto4.html |
O modelo libertário propunha quatro diretrizes no 
processo pedagógico, sendo elas: educação de 
base científica e racional, dicotomia entre educação 
e instrução, educação moral e solidariedade e, por 
20
fim, adaptação do ensino ao nível psicológico das 
crianças. Dessa forma, percebemos a rejeição aos 
pressupostos religiosos, fortalecendo o estudo da 
ciência e a confraternização humana.
Também indo ao encontro do modelo Tradicional, a 
Pedagogia Nova trouxe importantes debates acerca 
da educação durante a Primeira República do Brasil. 
Nesse sentido, é importante ressaltarmos que:
O Movimento da Escola Nova enfatizou ‘métodos ativos’ 
de ensino-aprendizagem, deu importância substancial à 
liberdade da criança e ao interesse do educando, adotou 
métodos de trabalho em grupo e incentivou a prática de 
trabalhos manuais nas escolas; além disso, valorizou 
os estudos de psicologia experimental e, finalmente, 
procurou colocar a criança (e não mais o professor) 
no centro do processo educacional. (GHIRALDELLI Jr, 
1994, p. 25).
É possível perceber em diversos modelos de ensino 
que surgiram entre as duas Guerras Mundiais, como a 
Pedagogia Waldorf e o Método Montessori, essas ca-
racterísticas da Nova Escola. No entanto, a legislação 
e a organização escolar não atendiam a essas ideias 
de mudanças. Dessa forma, não havia um ensino 
público voltado aos mais pobres, sendo as escolas 
municipais frequentadas por alunos provenientes da 
classe média. Os alunos mais ricos frequentavam as 
escolas particulares e também as públicas, desse 
21
modo,as reformas realizadas na educação foram 
voltadas para o ensino secundário e superior.
A partir dessas análises, percebemos que o período 
da Primeira República foi marcado pela desigualdade 
social e educacional. As diferentes partes do Brasil 
perceberam a educação e evoluíram seus métodos 
de forma distinta. Em São Paulo, por exemplo, cria-
ram-se as escolas preliminares, intermediárias, gru-
pos escolares, escolas provisórias, escolas noturnas 
e escolas ambulantes.
22
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
No Brasil do período Colonial você viu a colonização 
portuguesa da América, a educação por meio da ca-
tequização pelos Padres da Companhia de Jesus e 
o processo violento de conversão e aculturamento 
dos povos indígenas e africanos.
Tivemos também o ensino diferenciado aos filhos 
dos senhores que eram preparados para exercer car-
gos importantes nos negócios, nas leis ou na política, 
as reformas de Marquês de Pombal no Império e 
expulsão dos jesuítas, além da influencia de ideais 
iluministas.
Já no período Imperial tivemos o fortalecimen-
to dos ideais iluministas, liberais e positivistas, 
a Independência do Brasil, o abandono do ensino 
primário e secundário, a educação sem um proje-
to consolidado e uma legislação concreta, apenas 
o desenvolvimento do ensino superior: Escolas da 
Marinha, Faculdades de Direito de Olinda e São Paulo. 
Na Primeira República você viu a extrema desigual-
dade social, o “entusiasmo” e “otimismo” pela educa-
ção Pedagogia Tradicional, e a Pedagogia Nova e a 
Pedagogia Libertária. Você também aprendeu sobre 
os importantes debates acerca da educação no Brasil 
e escolas anarquistas vinculadas aos imigrantes. 
23
Síntese
Parabéns! Chegamos ao final do terceiro tópico 
do nosso curso. 
��������
• Colonização portuguesa 
da América
• Padres da Companhia de 
Jesus responsáveis pela 
educação por meio da 
catequização
• Processo violento de con-
versão e aculturamento dos 
povos indígenas e africanos
• Colégio de São Bento em 
São Paulo
Brasil:
Período
Colonial
Brasil:
Período
Imperial
• Fortalecimento dos ideais 
iluministas, liberais e positivistas
• Independência do Brasil
• Ensino primário e secundário: 
praticamente abandonados
• Sem legislação concreta 
ou projeto de educação 
consolidado
• Desenvolvimento apenas do 
ensino superior: Escolas da 
Marinha, Faculdades de 
Direito de Olinda e São Paulo
• Extrema desigualdade 
social
• “Entusiasmo” e “otimismo” 
pela educação
• Pedagogia Tradicional, 
Pedagogia Nova e Pedagogia 
Libertária
• Importantes debates acerca 
da educação no Brasil
• Escolas anarquistas vincula-
das aos imigrantes
• José de Anchieta, Azpilcuelta Navarro e 
Manoel da Nóbrega
• Ensino diferenciado aos filhos dos 
senhores que eram preparados para exercer 
cargos importantes nos negócios, nas leis 
ou na política
• Reformas de Marquês de Pombal no 
Império e expulsão dos jesuítas
• Influencia de ideais iluministas
• Ratio Studiorum
• Separação: Ensino superior a cargo do poder central 
e demais ciclos sob responsabilidade das províncias
• Colégios leigos
Brasil:
Primeira
República
Referências
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação 
e da Pedagogia. São Paulo: Moderna, 2006.
________. História da Educação. 2 ed. São Paulo: 
Editora Moderna, 2000.
FARIA FILHO. Luciano Mendes de. Pensadores so-
ciais e História da Educação. 3ed. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2017.
GHIRALDELLI Jr. História da Educação. 2 ed. São 
Paulo: Cortez, 1994. (Série Formação do Professor). 
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. A formação e 
o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1997.
VILLALTA, Luiz Carlos. O que se fala e o que se lê: lín-
gua, instrução e leitura. In: História da vida privada no 
Brasil, V. 1. Cotidiano e vida privada na América por-
tuguesa. Laura de Mello e Souza (org.). Fernando A. 
Novais (dir.). São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
	Brasil colonial: Jesuítas e as reformas Pombalinas
	Brasil Império
	Primeira República
	Considerações Finais
	Síntese

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