Prévia do material em texto
Cultura de haplóides e duplo- haplóides Profa. Dra. Cláudia Roberta Damiani Plantas haplóides • Plantas cujos esporófitos apresentam o número gametofítico de cromossomos Origem: ➢ Células haplóides - gametófitos. ➢ Gametófitos femininos - sacos embrionários (dentro do óvulo); ➢ Gametófitos masculinos - grãos de pólen (nas anteras). ➢ Para a obtenção de plantas haplóides in vitro, os gametófitos masculinos são mais utilizados por serem superiores em número. Processos que levam à produção de plantas haplóides ➢ Androgênese: Planta haplóide derivada de um gameta masculino ➢ Partenogênese: Planta derivada de um óvulo não fertilizado ➢ Apogamia: Planta obtida de outras células do megagametófito ➢ Eliminação cromossômica: Eliminação de um complemento cromossômico em células somáticas. Métodos de obtenção de haplóides in vitro • Hibridação interespecífica com posterior eliminação cromossômica; • Cultura de óvulos não fertilizados – partenogênese in vitro (via ginogenética); • Cultura de anteras, pólen ou micrósporos (via androgenética). Hibridação interespecífica e eliminação cromossômica • Processo melhor documentado em cereais; • O mecanismo envolvido é pouco conhecido: – Ocorre dupla fecundação e nas subsequentes divisões celulares ocorre a eliminação do parental masculino, formando o embrião haplóide; • O endosperma também sofre eliminação de cromossomos e degeneração; • Resgate do embrião haplóide por cultura in vitro. Hibridação interespecífica e eliminação cromossômica ... Método bulbosum – alta frequência de cevada haplóide. • Na natureza, as sementes desse cruzamento se desenvolvem por aproximadamente 10 dias e depois abortam. • Método frequentemente adotado. Vantagens: – Técnicas envolvidas (emasculação, polinização e cultura de embriões) são de fácil execução; – Não ocorre mortalidade por albinismo; – Contudo, necessita sincronia do florescimento dos parentais e posterior duplicação cromossômica. • Técnica utilizada em: – Trigo (Triticum aestivum), – Triticale (X Triticosecale) - híbrido obtido do cruzamento entre o trigo e centeio, – Centeio (Secale cereale), – Aveia (Avena spp). • Espécies utilizadas na hibridação: – Hordeum bulbosum, – Teosinte (Zea mays subsp. mexicana), – Sorgo (Sorghum bicolor), – Milheto (Pennisetum glaucum), – Milho (Zea mays). • Atualmente o milho é o mais eficiente. Hibridação interespecífica e eliminação cromossômica ... Exemplo: cruzamentos intergenéricos de trigo e milho (polinizador) Mostarda-preta colza ou canola Repolho Mostarda-amarelaMostarda da abissínia O Triângulo mostra como a hibridação e a poliploidia deram origem a novas espécies no gênero Brassica. Cromossomos de cada um dos genomas A, B e C são representados em diferentes cores. A figura mostra a origem das espécies AABB, AACC e BBCC, que têm cromossomos parentais AA, BB e CC Nabo http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRxqFQoTCJS09KnO3cgCFYwPkAod3koHzQ&url=http://www.oshims.com/herb-directory/m/mustard&psig=AFQjCNE0cdnzniaDVcRb5k0bpD8QL52VMg&ust=1445862065596216 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/70/Cabbage.jpg Como ocorre a eliminação somática (de cromossomos) • Hibridação interespecífica seguida pela eliminação somática de cromossomos de um dos genomas. • Eliminação de um complemento cromossômico por causa da falta de sincronização de ciclos mitóticos, anomalias no fuso mitótico, levando à inativação do genoma paterno. • Dependente do sentido do cruzamento e dos genótipos dos genitores. Como ocorre a eliminação cromossômica? Mitose dependente: - Assincronismo do ciclo mitótico Mitose independente - Formação do “broto” do núcleo Etapas para a produção de plantas haplóides e duplo-haplóides e eliminação somática Protocolo para Trigo: 1. O melhorista idealiza os cruzamentos de acordo com os seus objetivos; 2. As sementes provenientes de hibridações em F1 ou até F2, são semeadas em estufas, com temperatura, umidade e luminosidade controladas, até a emasculação das flores (2 – 3 dias antes da antese); 3. De 4 a 5 dias após emasculação é efetuada a polinização com pólen de milho; 4. 24 e 48 horas após a polinização, injeta-se 2,4-D (0,01 mg.L-1) no entre-nó mais próximo da espiga, para favorecer a formação do embrião; 5. De 9 a 14 dias após são resgatados os embriões imaturos em câmaras de fluxo laminar, sob condições assépticas; Antese: ato da abertura das flores, quando um de seus órgãos sexuais (ou todos) amadurece e o perianto abre-se, iniciando o ciclo reprodutivo das flores. 6. Após a esterilização dos grãos e o resgate dos embriões imaturos, estes são transferidos para meio de cultura P2 (Chuang et al, 1978) até a obtenção de uma planta haplóide (cromossomos do milho eliminados na primeira divisão). 7. A planta é transferida para vasos com vermiculita e aclimatada em câmara de crescimento por 15 dias, para estimular o perfilhamento. 8. A duplicação do genoma é feita com solução de colchicina (0,25%) + dimetilsulfóxido - DMSO (2%) por 3 a 4 horas. 9. Posteriormente as plantas são transferidas para vasos contendo substrato orgânico. Os novos perfilhos tornam-se duplo-haplóides. 10. Após estas etapas ocorrerá a formação de grãos e obtenção de sementes duplo-haplóides, que serão multiplicadas em condições de telado. Etapas para a produção de plantas haplóides e duplo-haplóides e eliminação somática ... As sementes serão avaliadas de acordo com os objetivos do melhorista. Ex.: composição de gluteínas de alto peso molecular, estresses bióticos e abióticos, tipo agronômico, resistência a doenças, formas e coloração de grão, etc. Condições: Temperatura: 5°C noite, 10°C dia; Fotoperíodo: 12 horas; UR: 60 – 70 %. Germoplasma de trigo Germoplasma de milho Zigoto F1 Embrião Poli-haplóide Diploidização Resgate do embrião Tratamento com 0.1% de colchicina por 5h (imersão) quando a planta apresentar 3-5 colmos Os cromossomos do milho são eliminados nos primeiros 3 ciclos celulares Injeção de 1 mL 2,4- D (100 mg L-1) Produção de haplóides por hibridização distante Niroula et al., (2009) Raj kumar (2009) Trigo poli-haplóide Trigo duplo- haplóide (Homozigoto) Método in vivo http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRxqFQoTCN3C0urY3cgCFUGDkAodsYMJxg&url=http://www.uidaho.edu/extension/cereals/scseidaho/growstage/week-6&psig=AFQjCNGOHpTBph2ecXhT3ZywsYlnZfRFyw&ust=1445864954198900 Ginogênese • Ginogênese Natural – Partenogênese: formação de uma planta de um óvulo não fertilizado; – Pseudogamia: causada por fertilização anormal onde o núcleo da célula gamética não se funde com a célula ovo. Os núcleos masculinos e femininos se dividem independentemente resultando num embrião quimérico com manchas de tecido haplóide e de origem materna e paterna. – Semigamia: desenvolvimento partenogenético do gameta feminino que requer o estímulo da polinização, porém não há singamia completa. O núcleo do pólen penetra na célula ovo mas não se funde com o núcleo da célula ovo (não há emparelhamento cromossômico). Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via ginogênese in vitro • GINOGÊNESE – Cultura de ovários e óvulos in vitro: desenvolvimento de óvulos não fertilizados em plantas. • Ovários polinizados por pólen de outra espécie ou de outro gênero ou então submetendo o pólen a Rx ou γ resultando no desenvolvimento do endosperma pela fusão do núcleo do tubo polínico com um dos núcleos centrais da megáspora. A fusão do outro núcleo generativo com a célula ovo não ocorre e a planta se desenvolve sem haver a fecundação. • Relatada para arroz, milho, cana-de-açúcar, girassol, petúnia e batata-doce. • Respostas baixas (< 15%). • DESVANTAGEM - Número de sacos embrionários (um por óvulo). A nucela é um tecido que constitui o interior do óvulo (saco embrionário),recobrindo a megáspora. Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via androgênese in vitro • Cultura in vitro de anteras, pólen e micrósporos; – Vantagem: um mil a dois mil micrósporos/antera; – Problema: Nem todos os genótipos são responsivos; – Diploidização com colchicina por 4 -12 horas no frio. Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via androgênese in vitro... 1. FUNDAMENTO DA CULTURA DE ANTERAS, PÓLEN E MICRÓSPOROS • Em meio adequado micrósporos de algumas espécies podem originar células vegetativas ao invés de grãos de pólen. • A transcrição de genes associados ao desenvolvimento gametofítico é bloqueada e os genes associados ao desenvolvimento esporofítico são ativados. – O resultado é a formação de pró-embriões haplóides ou calos. • O método é utilizado em várias espécies, como exemplo: cevada, triticale, arroz, canola (colza), trigo, tabaco, pimentão... • A grande vantagem é a simplicidade; • O baixo rendimento das anteras (em razão da viabilidade e não do número) pode ser solucionado com o cultivo em larga escala. Coleta das anteras Inoculação das anteras Proliferação das anteras (micrósporos) Formação de calos Desenvolvimento do embrião Planta haplóide Tratamento com colchicina para diploidização Transplante Procedimentos para a cultura de anteras de trigo Trigo duplo- haplóide Composição dos meios de cultura comumente utilizados para a cultura de anteras de cevada Duplicação cromossômica via colchicina Duplicação cromossômica via colchicina ... ✓A aplicação da colchicina deve ser feita quando os haplóides estão ainda em fases precoces do seu desenvolvimento. ✓Solução de 0,4% de colchicina esterilizada. ✓Atuação: durante a anáfase. Ele que é usado!!!! D0 – duplo-haplóide LATADO, R.R.; CRISTOFANI-YALY, M.; CARVALHO, C.R.; MACHADO, M.A. Plantas autotetraplóides de citros sob tratamento in vitro com colchicina. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 2007, vol.42, n.10, pp. 1429-1435. Determinação do número de ploidia • Contagem cromossômica; • Contagem do número de cloroplastos; • Contagem do número de estômatos; • Citometria de fluxo; • Marcadores moleculares. Contagem cromossômica Citometria de fluxo Marcadores Moleculares APLICAÇÕES DOS HAPLÓIDES E DUPLO-HAPLÓIDES • Obtenção de linhas puras homozigotas após a diploidização; • Redução para uma geração do tempo necessário para a obtenção de linhas homozigotas; • Eliminação da interação dominância/recessividade; • Obtenção de nova variabilidade através do isolamento de mutantes e da recuperação de recombinantes raros; • Mutações recessivas são expressas diretamente nos haplóides, devido à ocorrência de uma única cópia de genes. • Redução no tempo de desenvolvimento de novas variedades: de 10 para 6 anos ou menos; • Linhas recombinantes homozigotas podem ser obtidas em uma geração ao invés de 3 ou 4 anos necessários para o retrocruzamento; APLICAÇÕES DOS HAPLÓIDES E DUPLO-HAPLÓIDES... • Seleção para características recessivas nas linhas recombinantes é mais eficiente, uma vez que, não há mascaramento pelo efeito de alelos dominantes; • Hibridação somática de protoplastos haplóides; • Aspargo: Plantas macho (XY) duplicadas produzem supermacho (YY). Quando cruzados com plantas femininas (XX) produzem linhagens masculinas (XY) de alto rendimento e uniformidade; • Selecionar genótipos superiores diplóides a partir de alotetraplóides e então re-sintetizar alopoliplóides; • Populações sintéticas podem ser cruzadas em níveis de diploidia e tetraploidia em ciclos alternados. – Obs.: Poliploidia aumenta tamanho das plantas e produtividade Problemas e limitações • Formação de plantas com elevados níveis de ploidia; • Proliferação de tecidos somáticos das anteras; • Albinismo: plantas sem clorofila: Principal obstáculo da androgênese como método de obtenção de haplóides em gramíneas. Genótipo, meio e condições de cultura influenciam o aparecimento de plantas albinas. Plantas albinas obtidas por androgênese: parecem ter como causa uma deficiência na síntese proteica e de RNAr ao nível de cloroplastos, provavelmente resultado de uma alteração do DNA cloroplastidial, embora possa ter também o envolvimento de DNA nuclear. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=uoa-lj_3f-tFDM&tbnid=QzXjGYOy4j7AoM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.tudosobreorquideas.com.br/forum/viewtopic.php?f=56&t=210&ei=C_sSUpHZIoLa8wTLjYBo&psig=AFQjCNFQ0bOZegFJFfXpLFAaOOzl7IR9jA&ust=1377062001033076 Slide 1: Cultura de haplóides e duplo-haplóides Slide 2: Plantas haplóides Slide 3: Processos que levam à produção de plantas haplóides Slide 4: Hibridação interespecífica e eliminação cromossômica Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9: Como ocorre a eliminação somática (de cromossomos) Slide 10 Slide 11: Etapas para a produção de plantas haplóides e duplo-haplóides e eliminação somática Slide 12: Etapas para a produção de plantas haplóides e duplo-haplóides e eliminação somática ... Slide 13 Slide 14: Ginogênese Slide 15: Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via ginogênese in vitro Slide 16 Slide 17: Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via androgênese in vitro Slide 18: Obtenção de haplóides e duplo-haplóides via androgênese in vitro... Slide 19 Slide 20 Slide 21: Duplicação cromossômica via colchicina Slide 22: Duplicação cromossômica via colchicina ... Slide 23: LATADO, R.R.; CRISTOFANI-YALY, M.; CARVALHO, C.R.; MACHADO, M.A. Plantas autotetraplóides de citros sob tratamento in vitro com colchicina. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 2007, vol.42, n.10, pp. 1429-1435. Slide 24: Determinação do número de ploidia Slide 25: Contagem cromossômica Slide 26: Citometria de fluxo Slide 27: Marcadores Moleculares Slide 28: APLICAÇÕES DOS HAPLÓIDES E DUPLO-HAPLÓIDES Slide 29: APLICAÇÕES DOS HAPLÓIDES E DUPLO-HAPLÓIDES... Slide 30: Problemas e limitações