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Educação Inclusiva - Unidade 1 1 SITUANDO A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CENÁRIO BRASILEIRO 1.1 Processos de exclusão x inclusão Afrodescendentes, indígenas, população LGBTQIA+, pessoas em situação de rua, mulheres, pessoas idosas, quilombolas e pessoas com deficiência são excluídos porque destoam do padrão “normal” imposto pela sociedade. Esses padrões são construídos culturalmente. A sociedade impõe a forma de se vestir, de se comportar, o padrão físico considerado como belo. Além disso, as pessoas são reconhecidas pelo que elas têm e não pelo que elas são. A única forma que temos de equacionar as desigualdades é instituindo legislações, leis, que nem sempre são cumpridas. 1.2 História da Educação Especial no Brasil: do paradigma da institucionalização ao paradigma da inclusão A história da educação especial é retratada em 3 momentos: Paradigma da institucionalização; Paradigma de serviços/integração; Paradigma de suportes/inclusão. Embora haja essa classificação, um paradigma se materializa, na prática, justaposto ao outro. Paradigma: são valores, ideias e ações que contextualizam as relações sociais. A forma como a sociedade lida com a deficiência e com as pessoas com deficiência. Conventos, asilos e hospitais psiquiátricos eram instituições de confinamento. Paradigma da Institucionalização: Caracterizava-se pela retirada das pessoas do meio social. Nesse período, a matrícula em instituições totais indicava a forma como as famílias sentiam e viviam a deficiência de seus familiares. Somente a partir da década de 1960 é que o paradigma da institucionalização passou a ser criticado. → Iniciativas contrárias ao Paradigma de Institucionalização: Pessoas com deficiência improdutivas custavam caro aos cofres públicos; Críticas de acadêmicos e profissionais da área; Movimento de não institucionalização; Iniciativas pautadas na ideia de normalização; Pessoa com deficiência se adapta à sociedade. Paradigma de Serviços/integração: Teve início na década de 1960. “[...] Necessidade de modificar a pessoa com necessidades educacionais especiais, de forma que esta pudesse vir a se assemelhar, o máximo possível, com os demais cidadãos” (Aranha, 2005, p. 18). Três etapas para a integração: 1. Avaliação: uma equipe identificaria o que precisaria ser modificado no sujeito. 2. Intervenção: atendimento formal e sistematizado, orientado conforme os indicativos da fase anterior. 3. Encaminhamento da pessoa para a vida em sociedade. * Ocorreu nas escolas especiais, classes especiais e centros de reabilitação. → Começa a ser criticado pela comunidade científica e pelas organizações das próprias pessoas com deficiência. Diferenças não se apagam, mas são administradas na convivência social. Busca-se a igualdade da pessoa com deficiência com aqueles que não a possuem. Paradigma de Suportes/inclusão: Formas de garantir o acesso de todos a tudo (escola, ônibus, departamentos públicos, empregos etc.). Suportes que propiciam acesso a todo e qualquer recurso da comunidade. Prevê adequações no processo de desenvolvimento do sujeito, e no processo de ajuste à realidade social. Prevê a intervenção junto às diferentes instâncias: administrativa, saúde, assistência social e educação. Estrutura arquitetônica. Formação de professores. Currículos. A ideia principal é: que a pessoa com deficiência tenha direito à convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo aos recursos disponíveis aos demais cidadãos. Inclusão: igualdade de acesso à sociedade, como o defendido na integração. Qual é a diferença entre o paradigma de serviços e de suportes? Paradigma de serviços: o investimento está centrado em mudanças no indivíduo. Paradigma de suportes: o investimento está centrado em suportes e instrumentos que auxiliam no desenvolvimento do sujeito. 2 INCLUSÃO ESCOLAR: POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 2.1 Legislação e movimentos nacionais e internacionais que norteiam a educação inclusiva Constituição Federativa do Brasil: Estabelece que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família (art. 205). Discorre sobre os princípios da educação: igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola (art. 206). O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência*, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9.394/96: Educação Especial é uma modalidade de ensino. Poderá apoiar; complementar os serviços educacionais; suplementar; substituir. Deve garantir desenvolvimento das potencialidades. 2.2 Atendimento Educacional Especializado à pessoa com necessidades educacionais especiais Suporte pedagógico especializado: Classe Comum - ensino colaborativo intérprete dos códigos aplicáveis ao serviço de itinerância. Itinerância - intra ou interinstitucional. Professor especializado, apoio técnico-pedagógico. Sala de Recursos - professor de Educação Especial Complementar ou Suplementar, o ensino curricular, periodicidade variável, atendimento às NEE. Classe Especial - em caráter extraordinário para alunos com acentuados comprometimentos, currículo especial, alto grau de individualização. Classe Hospitalar - recursos educacionais especiais, alunos em condições incapacitantes, impossibilidade de locomoção até a escola. Atendimento Domiciliar - atendimento especializado, alunos impossibilitados de frequentar as aulas, tratamento de saúde. Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) conforme a Resolução CNE/CEB n.2/2001: 1. Dificuldades acentuadas de aprendizagem e limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, divididas em dois grupos: a) Aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica. b) Aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências. 2. Dificuldades de comunicação e sinalização, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis. 3. Altas habilidades/superdotação, facilidade de aprendizagem que permite dominar conceitos, procedimentos e atitudes. Características principais e formas de atuação com: Pessoas com deficiência intelectual, visual, auditiva, física ou motora. 3 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA E ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) 3.1 O aluno com Deficiência Intelectual (DI) 3.1.1 Classificação Uma das maiores consequências é a perda da capacidade mental. Comportamento adaptador: refere-se ao quadro ambiental no qual o sujeito se desenvolve, que pode minimizar os efeitos da deficiência. Teste de QI não deve ser o único parâmetro para classificar o grau da deficiência intelectual. 3.1.2 Causas da DI: Fatores genéticos - alterações na divisão dos cromossomos; Síndrome de Down - a presença de um cromossomo extra no par 21. Chamada de Trissomia 21 ou síndrome de Down.; Fatores teratogênicos - alterações relacionadas ao ambiente no qual o sujeito vive. → Ingestão de drogas. Doenças contraídas pela mãe. Carência nutricional da genitora. Doenças que a criança possa adquirir nos primeiros anos de vida. Excesso de ingestão de álcool pela mãe (Síndrome Alcoólica Fetal). *Identificar o tipo e o grau de deficiência é importante, mas não fundamental para as intervenções pedagógica, psicológica e social. 3.1.3 Atendimento Educacional Especializado (AEE) à pessoas com DI Repensar as funções do professor da escola regular e do AEE. Delimitam-se as funções, mas ambos trabalham de forma conjunta. Antes trabalhavam-se com as pessoas com DI apenas conhecimentos práticos. O ideal é trabalharmos também com conhecimentos teóricos, pois o sujeito com DI deve transpor a condição de senso comum, como os seus demais pares. O professor do AEE não trabalha com conteúdos curriculares. Escrita, cálculo e leitura são responsabilidades do professor da escola regular. O AEE trabalha rumo à superação dos limites da pessoa com DI. Não há materiais específicos para atender às suas necessidades. O objetivo é sairde uma condição passiva diante do conhecimento. 3.2 O aluno com deficiência visual (DV) É definida como perda total ou parcial: ● Cegueira: perda total da visão. ● Visão parcial ou subnormal: necessita de lentes, lupas, dentre outros materiais para ler textos. Pode ser de ordem: ● Congênita: nasce com a deficiência. ● Adquirida: surge após o nascimento. 3.2.1 Atendimento Educacional Especializado (AEE) à pessoa com DV E o aluno com deficiência visual? Necessita de instrumentos e recursos que possibilitem a aprendizagem e a percepção do mundo. O aluno com deficiência visual utiliza-se da linguagem oral. O professor do AEE deve fazer uso de estratégias diversificadas que atendam às necessidades dos alunos. Recursos ópticos: lentes, lupas ou telescópio. Recursos não ópticos: material ampliado, lápis 4B ou 6B, gravadores, softwares, uso de chapéus e bonés e circuito fechado de televisão. O mobiliário deve ser estável, a linguagem deve ser incentivada, o material adaptado deve ser confeccionado em relevo. 3.3 O aluno com deficiência auditiva (DA) Refere-se à incapacidade de ouvir. Não percebem os sons da fala nem mesmo com a ajuda de amplificadores (AASI – aparelho de amplificação sonora). Implante coclear: permite a percepção dos sons da fala. Causas da deficiência auditiva: Pré-natal: rubéola materna, hereditariedade, nascimento prematuro, incompatibilidade de RH e causas desconhecidas. Pós-natal: meningites, encefalites e acidentes. 3.3.2 Atendimento Educacional Especializado (AEE) à pessoa com DA O AEE trabalha com o conhecimento das Línguas de Sinais e Portuguesa. Função do AEE: complementar e ajudar o aluno a acompanhar a escola regular. Diagnóstico das habilidades e das barreiras no processo de escolarização. Envolve três momentos específicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras: utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para fornecer a base conceitual dos conteúdos. Atendimento Educacional Especializado de Libras: o ensino da Libras, que orienta-se pelo canal visual espacial. Atendimento Educacional Especializado de Língua Portuguesa: orienta-se por uma concepção bilíngue. 3.4 O aluno com deficiência física e motora DF Deficiência física é um desvio em habilidades motoras básicas. 3.4.1 Atendimento Educacional Especializado (AEE) à pessoa com DF AEE para os alunos com DF deve trabalhar com a tecnologia assistiva. → Tecnologia assistiva: comunicação alternativa (substitui a fala), comunicação aumentativa (utilizada para compensar as falhas na fala) e recurso adaptado (asseguram condições para adquirir a aprendizagem). 4 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA E ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) 4.1 O aluno com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e transtornos funcionais Autismo. Síndrome de Rett. Transtorno de Asperger. Espectro autista. 4.1.2 Características específicas dos TGDs e intervenção educacional O professor deve trabalhar com a função executiva. As pessoas com TGD têm dificuldade com a flexibilidade. Ambiente escolar tem rotina e mudanças de rotinas. Professores devem ser orientados a como lidar com as famílias. 4.2 Crianças com altas habilidades/superdotação Pessoas com algumas aptidões biopsicológicas acima do padrão. A identificação das altas habilidades deve iniciar na sala de aula. Possibilitar a socialização com os colegas. Trabalho conjunto dos profissionais da escola regular e da Educação Especial. Articulação com outras instâncias: Instituições de Ensino Superior, órgãos de pesquisa, de artes e esportes. Situações de aprendizagem que acolham as possibilidades dos alunos. Objetivos do Atendimento Educacional Especializado: ● Maximização da participação dos alunos na escola regular. ● Potencialização das habilidades dos alunos. ● Oferecer recursos tecnológicos, pedagógicos e bibliográficos de interesse dos alunos. ● Incentivar a participação dos alunos em pesquisas. ● Estimular a implementação de projetos com temáticas diversificadas. Unidade 2 5 PROBLEMA DE APRENDIZAGEM OU DE ESCOLARIZAÇÃO? 5.1 Definição de problema de aprendizagem: linguagem e comportamento Diagnóstico difícil. Dificuldades significativas na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem). Podem ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis ou influências ambientais, mas não são resultado direto dessas condições. 5.1.1 Diagnóstico do problema de aprendizagem As causas do distúrbio podem ser de: Ordem exógena – escolar, ambiente social. Ordem endógena – deve ser avaliado por profissionais habilitados (avaliação multidisciplinar). Os profissionais que atuam fora da escola devem estabelecer contato com os professores. Há dois tipos de distúrbio: os de linguagem e os do comportamento. 5.1.2 O que é linguagem? Linguagem: conjunto de símbolos e instrumentos utilizados para se comunicar. Pode ocorrer por meio de: gestos, olhares, mímica e fala. O desenvolvimento da linguagem está ligado a dois fatores: Ambientais – refere-se ao ambiente em que se vive. Biológicos – a hereditariedade e o estado de saúde influenciam o desenvolvimento da linguagem. 5.1.3 O que é distúrbio de linguagem? Há um desvio no modo de falar em comparação com as demais pessoas. Prejudica a comunicação. A forma como fala faz com que a pessoa se torne desajustada no grupo. Os distúrbios de linguagem são: a) atraso na linguagem; b) dislalia; c) dislexia; d) disgrafia; e) disortografia; f) discalculia; g) linguagem tatibitate; h) rinolalia; i) gagueira; j) mudez. 5.1.3.1 Atraso na linguagem A criança não apresenta uma linguagem até por volta dos três anos. O atraso pode ser melhorado de maneira natural ou por tratamento especializado. As causas são: problemas de articulação; problemas de audição; problemas emocionais (traumas, carência afetiva, superproteção, uso de outro idioma em casa e vivência em orfanatos). 5.1.3.2 Dislalia É um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade de articular as palavras. Má pronúncia das palavras por: omissão (bicicleta/bicikéta, prato/pato); trocas (como jipe/tipe); distorção (sapo/xapo); As causas podem ser: Ordem orgânica – lesão ou má formação. Ordem funcional – hereditariedade, imitação ou emocional. 5.1.3.3 Dislexia É hereditária e os efeitos diferem conforme a severidade do caso. Dificuldades usuais da dislexia: leitura (lenta, cochichada ou com o auxílio do dedo); escrita (lenta, invertida, embaralhada, letras em espelho e troca de letras); memorização (fatos, números, imagens); relacionar som e letra (sabem os nomes das letras, mas não conseguem relacioná-los à grafia). *Não tem cura. 5.1.3.4 Disgrafia Lentidão na escrita. Letra ilegível. Escrita desorganizada. Traços irregulares. Desorganização geral na folha. Desorganização do texto. Desorganização das letras. Desorganização das formas. O espaço entre as linhas, palavras e letras é irregular. Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular. 5.1.3.5 Disortografia Confusões de letras, sílabas de palavras e trocas ortográficas conhecidas. Troca de letras parecidas sonoramente: faca/vaca, chinelo/jinelo, porta/borta. Confusão de sílabas como: encontraram/encontrarão. Adições: ventitilador. Omissões: cadera, prato/pato. Fragmentações: en saiar, a noitecer. Inversões: pipoca/picoca. Junções: no diaseguinte, sairei maistarde. 5.1.3.6 Discalculia A capacidade matemática para operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático encontra-se inferior à média (DSM IV). Diversas habilidades podem estar prejudicadas: linguísticas; perceptuais; de atenção; matemáticas. O profissional deve dar atenção especial ao aluno que apresenta essas dificuldades. 5.1.3.7 Linguagem tatibitate Distúrbio de articulação e fonação em que o sujeito conserva a linguagem infantil. Pode estar atrelada à reação de adultos que se encantam com expressões erradas. Por exemplo: “minha tilidinha” (para “minha queridinha”), “té totolate” (para “quer chocolate”). Usada para chamaratenção e obter carinho. Jogos e brincadeiras que estimulem a fala correta. 5.1.3.8 Rinolalia É a ressonância nasal maior ou menor do que a normal no ato de falar. A criança pode ser ridicularizada pelos colegas de escola. Gera problemas de relacionamento e escolarização. Em casos graves, torna a fala incompreensível. A criança pode emudecer. 5.1.3.9 Gagueira ou tartamudez Ocorre por volta dos três e quatro anos aos sete anos e com retorno na puberdade. É mais frequente em meninos. A superação ocorre quando: cantam, colocam a mão no bolso, apertam alguma parte do corpo, esfregam as mãos, inclinam a cabeça, andam enquanto falam. Existem duas fases: Primária – não sabe que é gago. Secundária – o sujeito tem consciência. 5.1.3.10 Mudez ou mutismo Incapacidade de articular palavras decorrente de transtornos do sistema nervoso central. Atinge a formulação e a coordenação de ideias e impede a transmissão em forma de comunicação verbal. Causas: problemas de audição; crianças com problemas físicos; mudez psicológica ou emocional. As situações percebidas como foco do mutismo devem ser evitadas. 5.1.4 Distúrbios do comportamento/ fobia escolar Incapacidade total ou parcial de frequentar a escola. Independe de níveis sociais, de graus de escolaridade e de níveis de inteligência. Manifesta-se por reações físicas como ansiedade, pânico, náuseas, vômitos etc. A mudança de escola ou de professor não elimina o problema. A fobia existe pelo medo de ir à escola e de ser abandonada. Orientações: não realizar exercícios de repetição, não utilizar medidas punitivas e fazer uso da memória visual. 5.1.4.1 Agressividade Ataque físico ou verbal de um sujeito em relação a uma ou mais pessoas. A criança chora, esperneia, esbraveja. A criança ataca fisicamente com murros, pontapés e mordidas. A criança mais velha substitui o ataque físico pelo ataque verbal. Causas: rejeição dos pais ou parentes, excessiva tolerância da agressividade, falta de supervisão dos pais, discórdias em família, tratamento incoerente e uso de punições físicas dolorosas. O rótulo na escola não ajudará. Atitudes que podem melhorar a situação: Organizar em grupo regras coletivas de convívio social. Estabelecer em grupo as sanções ao não cumprimento das regras. Ser firme, honesto e imparcial. Auxiliar o aluno a controlar seus impulsos e ensinar formas de resolver conflitos. Não ignorar uma briga ou conflito ou mostrar indiferença. 5.1.4.2 Medo Uma situação normal do ser vivo; condição de alerta. Biológico, psicológico e condicionado. Ansiedade e fobia: paralisam e impedem de se relacionar e sair de casa. Não obrigar a enfrentar o que a amedronta. Não utilizar o medo como brincadeira; ouvir os motivos do medo. Amparar a criança amedrontada. Associar fatos agradáveis àquilo que causa medo. 5.1.4.3 Timidez Desconforto e inibição em situações de interação pessoal. Preocupação com as atitudes, as reações e os pensamentos dos outros. É um fator de empobrecimento da qualidade de vida. Não é considerado um transtorno mental. Funciona como regulador social. Mecanismo de defesa – avalia as situações novas com cautela. Timidez situacional e timidez crônica. 5.1.4.4 Transtorno de décit de atenção e hiperatividade (TDAH) Os efeitos do TDAH foram se modificando ao longo do tempo. Influencia o desenvolvimento na escola. É necessário cuidado com o diagnóstico. Médicos ou psicólogos especializados podem diagnosticar. Sintomas relacionados à desatenção: Não atenção a detalhes e dificuldade para se concentrar. Não presta atenção ao que lhe é dito. Dificuldade em seguir regras e instruções. Desvia a atenção para outras atividades. Não termina o que começa e é desorganizado. Evita atividades que exijam um esforço mental continuado. Perde coisas importantes e se distrai facilmente com coisas alheias. Esquece compromissos, tarefas e problemas financeiros. Tarefas complexas são entediantes. Dificuldade em fazer planejamentos de curto ou de longo prazo. Sintomas da hiperatividade/impulsividade: Remexe as mãos e/ou os pés quando sentado. Não permanece sentado por muito tempo. Pula e corre excessivamente em situações inadequadas. Inquieto e barulhento em atividades lúdicas. Agitado e fala em demasia. Responde antes de questões concluídas. Não espera sua vez e se intromete em conversas ou jogos dos outros. 5.1.4.5 Síndrome de burnout Esforço excessivo no trabalho com intervalos pequenos para recuperação. Os estudantes são acometidos nos Ensinos Médio e Superior. Consequências: estresse profissional, exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos. Fatores associados: pouca autonomia no desempenho profissional, problemas com a chefias e clientes. 5.1.4.6 Bullying Assédio por uma pessoa em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O comportamento: É agressivo e negativo; é repetido. Ocorre em um relacionamento desequilibrado de poder entre as partes. O bullying divide-se em duas categorias: 1. Bullying direto – comum entre os homens. 2. Bullying indireto, também conhecido como agressão social – comum entre as mulheres. O isolamento é obtido por meio de uma variedade de técnicas, que incluem: Espalhar comentários. Recusa em se socializar com a vítima. Intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima. Criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos. Manifesta-se por um poder do agressor sobre a vítima. O agressor é autoritário e tem necessidade de impor a sua vontade. Exemplos de bullying: Insultar a vítima e acusá-la de não servir para nada. Ataques físicos repetidos contra uma pessoa. Espalhar rumores negativos sobre a vítima. Fazer com que a vítima faça o que ela não quer. Ameaçar a vítima para seguir as ordens. Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa. Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying. 6 TRABALHANDO EM REDES PARA SUPERAÇÃO DOS PROBLEMAS EDUCACIONAIS 6.1 Definição de redes de trabalho A escola recebe hoje uma clientela diversa. É necessário trabalhar com as necessidades de cada um dos sujeitos. Redes de apoio. Trabalho interdisciplinar entre os profissionais da escola e clínicos. Princípios que norteiam a rede de apoio: a) Ampliar a municipalização. b) Romper com a divisão de estratégias clínicas x escolares. c) À escola cabe a informação, e à saúde, o tratamento de doenças. d) Ressignificação das instâncias administrativas com modelo de gestão colaborativa. 6.2 Definição de ensino colaborativo As funções da rede de apoio são: Auxiliar as escolas e a comunidade escolar, as unidades de reabilitação e saúde. Trabalhar com a formação de profissionais que apoiem a educação inclusiva. Ajudar a comunidade na identificação e na utilização de recursos. Funcionamento intersetorial e interdisciplinar. Equipe composta por profissionais da: psicologia, assistência social, educação especial, pedagogia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. 7 O TRABALHO DE SUPORTE EM PSICOLOGIA O psicólogo é chamado à escola quando o aluno tem problemas de comportamento. Os psicólogos, em períodos anteriores, realizavam laudos e encaminhavam as pessoas para as classes especiais. As perspectivas da sociedade inclusiva modificaram a atuação do psicólogo. Os congressos de Psicologia discutem as novas formas de atuação profissional: Divulgar trabalhos em Educação Inclusiva. Mobilizar o psicólogo para o campo educacional. 7.1 A avaliação das dificuldade de escolarização e das necessidades dos alunos sob a ótica da psicologia Família: Fornece informações sobre o desenvolvimento da criança e a forma como ela lida com as frustrações. Relato sobre os problemas das crianças. É incentivada a questionar a queixa de forma contextual, buscando soluções. Aluno: Conhecer as dificuldades cognitivas e sociais. Perceber como lida com os erros. Material escolar: Como organiza o material escolar. Avaliar em qual matéria o aluno tem interesse. Contexto educacional: Analisara dinâmica de sala de aula. Conversar com os professores. Verificar as expectativas em relação à família. Com essas informações, é possível: Verificar as relações no contexto escolar. Propor medidas de superação das dificuldades. A intervenção junto à gestão das escolas envolve as seguintes ações: ● Ouvir e acolher o professor em suas dúvidas e angústias. ● Perante as incertezas, sinalizar as possibilidades de ambos obterem sucesso. ● Minimizar as expectativas iniciais de cumprimento de currículo e notas. ● Respaldar o professor em situações solicitadas pela escola sem atravessar e/ou substituir o papel do professor. 8 O TRABALHO DE SUPORTE EM SERVIÇO SOCIAL Jovens e adultos enfrentam: Dificuldades de acesso e permanência no ensino público. Falta de unidades escolares próximas à residência. Transporte precário. Falta de estrutura para atender às mais diversas necessidades especiais. Condições de vulnerabilidade social e econômica. A atuação dos profissionais do Serviço Social está voltada para: Garantia do direito de acesso e permanência de alunos nas escolas. Apoio à família e à comunidade escolar na promoção de um ensino público de qualidade e inclusivo. O compromisso é com a emancipação humana e sua inegável ação no contexto social. Condições para que haja uma Educação Inclusiva. 8.1 Intervenções dos assistentes sociais junto a famílias de alunos com deficiência e junto aos alunos em situação de vulnerabilidade social ● Espaços como o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) podem ser utilizados para a formação de grupos com as famílias de alunos com deficiência ou em situação vulnerável, buscando a sua inclusão, bem como a de seus pais. ● Identificar os fatores sociais, econômicos e culturais que venham a determinar a problemática no campo educacional. ● Propor ações que contribuam para a permanência de todos os alunos na escola.