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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – NCPC/2015 –
JURISDIÇÃO
Sumário
1. INTRODUÇÃO	3
1. Conceito de jurisdição:	3
1.2. Características/princípios da jurisdição:	3
1.3. Divisão:	6
2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS	6
2.1. Autotutela:	6
2.2. Autocomposição:	6
2.3. Mediação:	9
2.4. Conciliação:	9
2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação:	9
2.6. Arbitragem:	10
3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA	18
3.1. Conceito:	18
3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa:	19
3.3. Características da jurisdição voluntária:	19
3.4. Natureza jurídica:	20
3.5. Regras gerais do procedimento:	21
3.6. Legitimidade:	21
3.7. Intervenção do Ministério Público:	22
4. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	22
5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	22
ATUALIZADO EM 24/08/2019[footnoteRef:0] [0: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
JURISDIÇÃO[footnoteRef:1] [1: Por Tássia Neumann Hammes.] 
	1. INTRODUÇÃO
1. Conceito de jurisdição:
O conceito de jurisdição se fragmenta em várias partes. Segundo Fredie Didier, jurisdição é função atribuída a um terceiro imparcial, para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para coisa julgada.
	#SELIGA: A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as partes, de forma equidistante, para decidir a causa.
1.2. Características/princípios da jurisdição:
a) Substitutividade: Desde que o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a lei para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode-se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social.
b) Definitividade: Somente as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo, não podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam-se imutáveis e não podem mais ser discutidos.
	#OLHAOGANCHO¹: Diferença entre coisa julgada material e coisa julgada formal
- Coisa julgada material: É a eficácia que torna imutável e indiscutível a decisão, não mais sujeita a recurso, gerando efeitos fora do processo. A doutrina moderna afirma que é uma das qualidades da sentença que torna imutável a norma jurídica concreta que irá disciplinar a relação. 
Art. 502.  Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
- Coisa julgada formal: É a impossibilidade de modificação da sentença dentro do processo, como consequência da preclusão dos recursos. Gera efeitos apenas dentro do processo.
Art. 507.  É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
	#OLHAOGANCHO² #APROFUNDANDO: Quais os limites da coisa julgada?
Limites objetivos da coisa julgada:
Art. 503.  A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
- Limites subjetivos da coisa julgada:
Art. 506.  A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
- Inexistência de coisa julgada material (#CASCADEBANANA):
Art. 504.  Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
c) Imperatividade: As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes. 
d) Inafastabilidade: A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito (CF, art. 5º, inciso XXXV). Mesmo que não haja lei que se possa aplicar, de forma específica, a determinado caso concreto, o juiz não se escusa de julgar invocando lacuna.
	#SELIGA: Tanto a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) quanto o Código de Processo Civil brasileiro vedam o que se convencionou chamar de non liquet, ou seja, de não resolver a causa. Com efeito, o art. 4º da LINDB estabelece que: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
Já o art. 140 do Código de Processo Civil brasileiro, por sua vez, prescreve que: Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade.
Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência costumam apontar como fundamento constitucional para a vedação do non liquet o princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, que estabelece que: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
e) Indelegabilidade: A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz natural.
f) Inércia: Em regra, a jurisdição é inerte, isto é, ela não se mobiliza senão mediante provocação do interessado. O caráter substitutivo da jurisdição, do qual decorre a imparcialidade do juiz, exige que assim seja: é preciso que um dos envolvidos no conflito leve a questão à apreciação do Judiciário, para que possa aplicar a lei, apresentando a solução adequada. 
g) Investidura[footnoteRef:2]: Só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa função por meio de concurso público ou de nomeação de ordem pública. A ausência de investidura implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo. [2: (CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário - Administrativa): A respeito da jurisdição, julgue o item que se segue. Entre os princípios que regem a jurisdição, o da investidura é aquele que determina que o juiz exerça a atividade judicante dentro de um limite espacial sujeito à soberania do Estado. ERRADO!] 
h) Territorialidade: O princípio da aderência ao território diz respeito a uma forma de limitação do exercício legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do território nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território.
i) Unidade[footnoteRef:3]: a jurisdição é una e indivisível, sendo exercida exclusivamente pelo Poder Judiciário. O que se divide é a competência. [3: (CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Administrativa): A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir. A jurisdição é divisível. ERRADO!] 
1.3. Divisão:
No regime processual civil, a jurisdição pode ser:
a) Contenciosa: é a verdadeira atuação heterocompositiva do Estado (Judiciário) ou do particular (arbitragem) na solução dos litígios. 
b) Voluntária: consiste na intervenção públicanos negócios jurídicos privados, ou seja, na integração da vontade do particular pela chancela do Estado, independentemente da existência de conflito entre as partes.
	2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
2.1. Autotutela:
É a forma mais antiga de solução dos conflitos, sendo definida como o sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. 
Ainda, a autotutela em nosso ordenamento jurídico é excepcional, sendo raras as previsões legais que a admitem. Como exemplos, é possível lembrar a legítima defesa (art. 188, I, do CC); apreensão do bem com penhor legal (art. 1.467, I, do CC); desforço imediato no esbulho (art. 1.210, § 1.º, do CC).
	#COMOFOICOBRADO:
(CESPE – 2013 – TRF1)[footnoteRef:4] d) A autotutela é forma alternativa de solução de conflitos caracterizada pela submissão voluntária de uma parte à pretensão manifestada pela outra. [4: ERRADO. Trata-se de autocomposição.] 
(CESPE – 2014 – TJDF)[footnoteRef:5] (d) o direito de retenção é exemplo de aplicação autorizada do equivalente jurisdicional denominado auto composição. [5: ERRADA. Hipótese de autotutela autorizada.] 
2.2. Autocomposição:
É a solução negocial do conflito entre as partes. A auto composição é um gênero, do qual são espécies a transação, a submissão e a renúncia.
#FOCONATABELA:
	AUTOCOMPOSIÇÃO
	HETEROCOMPOSIÇÃO
	As partes solucionam o litígio
	Um terceiro soluciona o litígio
#OLHAOGANCHO #APROFUNDANDO:
O artigo 3º, parágrafo 2º, do Novo Código de Processo Civil traz o Princípio da Promoção pelo Estado da Solução de Conflitos por Autocomposição. O incentivo à conciliação judicial, em detrimento da construção de uma solução estatal impositiva ao conflito, o estímulo à utilização de técnicas alternativas de composição de conflitos (não judiciais), revela-se tônica do novel sistema, que, expressamente, convoca os personagens do foro a, sempre que possível, estimulá-las.
Esta nova norma fundamental processual consagra a Resolução nº 125/2010/CNJ, que instituiu a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. Estas inovações trazidas pelo novo código têm a finalidade de favorecer o acesso à justiça, possibilitando às partes eleger uma alternativa apta a afastar a morosidade processual, além de buscar uma maior efetividade para a atividade jurisdicional.
Art. 3º (...) § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua pretensão para que se atinja a solução do conflito.
b) Renúncia: O titular do pretenso direito renuncia a este, fazendo desaparecer o direito pretendido e o conflito.
c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua resistência.
Art. 165.  Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
	#SELIGA¹: O Poder Público também pode realizar a autocomposição. É o que prevê o art. 174 do NCPC e o art. 32 e seguintes, da Lei nº. 13.140/2015:
Art. 174.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Art. 32.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência para:
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
#SELIGA²: A instauração de processo administrativo nesse caso suspende a prescrição: Art. 34.  A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição. 
2.3. Mediação:
A mediação é forma alternativa de solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes. Na mediação, o mediador facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham soluções. Para conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure, indica-se a mediação.
Art. 165 § 3o: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
2.4. Conciliação:
Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode sugerir opções de solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relacionamento duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação. 
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação:
a) Independência: Rege a atuação do mediador e do conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento.
b) Imparcialidade: O mediador/conciliador fica impedido de advogar para uma das partes durante 01 (um) ano. A lei traz essa proibição para conferir caráter ético à conciliação/mediação.
c) Autonomia/Autorregramento da vontade: Quem vai resolver o conflito, no fim das contas, são as partes, sendo que o mediador e o conciliador são apenas instrumentos. 
d) Confidencialidade: Dispõe o §1º, do art. 166 que a confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
e) Oralidade: a regra é utilizar linguajar acessível. Tem por objetivo que tudo se faça oralmente e não por escrito. A mediação/conciliação devem se desenvolver em um ambiente pessoal/presencial, para proporcionar a comunicação oral entre as partes. As regras de experiência revelam que o diálogo oral é muito mais apto à manutenção de um consenso.
f) Informalidade: todos vestidos da mesma maneira, mesacircular, etc.
g) Decisão informada: O mediador/conciliador tem que cuidar para que o processo de negociação permita a colheita de informações para que as partes decidam de forma esclarecida e justa. Segundo Daniel Amorim Neves, o referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando.
Art. 166.  A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
2.6. Arbitragem:
a) Conceito:
A arbitragem é regida pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, que trouxe grandes novidades, modificando o seu panorama no Brasil. Essa lei sofreu importantes modificações com a Lei nº 13.129, de 26 de maio de 2015, que autorizou a utilização da arbitragem pela administração pública direta e indireta, desde que versando sobre direitos patrimoniais disponíveis, e que regulamentou a concessão de tutela provisória nos procedimentos de arbitragem.
#COLANARETINA: Arbitragem é o acordo de vontades entre pessoas maiores e capazes que, preferindo não se submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a solução de litígios, desde que relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Atualmente, a arbitragem mantém as principais características de seus primeiros tempos, sendo uma forma alternativa de solução de conflitos fundada basicamente em dois elementos: 
(i) As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses; 
(ii) A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes.
#OBS: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito, escolhida pelas partes. Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles.
	#COMOFOICOBRADO: (CESGRANRIO – FINEP – ANALISTA JURÍDICO) O Sr. W propõe ação de cobrança do valor de R$ 1.000,00 em face do Sr. Z, tendo o processo sofrido extinção por inércia da parte autora, que abandonou a causa por período superior ao permitido. Uma semana após a extinção, o Sr. W propôs a mesma ação em face do mesmo réu que veio a ter o processo extinto por idêntico fundamento. Transitada em julgado a segunda decisão, o Sr. W renova o feito apresentando idêntica ação que vem a ter o mesmo destino, pelo mesmo fundamento anterior. Seis meses após o terceiro desfecho, o Sr. W apresenta, pela quarta vez, a mesma ação, logrando, agora, a citação do réu que apresenta contestação, onde alega, em preliminar, de natureza peremptória[footnoteRef:6]. [6: Letra d.] 
a) litispendência.
b) confusão.
c) arbitragem.
d) perempção.
e) prescrição. 
	#CASCADEBANANA #SELIGA: Não é necessária a participação de advogado no procedimento de arbitragem. Mas nada impede que as partes possam constituir um para que as acompanhe.
Art. 3o, NCPC - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
Art. 1o (…)
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.
Art. 2o (…)
§ 3oA arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade.
b) Limites da arbitragem: 
(i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer-se da arbitragem. Pessoas físicas, jurídicas, administração direta ou indireta.
(ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis.
	#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Superior Tribunal de Justiça afastou as dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei de Arbitragem a contratos celebrados antes da sua vigência, editando a Súmula 485, que assim estabelece: “A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua Edição”.
c) Constitucionalidade da arbitragem:
Desde a edição da Lei nº 9.307/96, surgiu grande controvérsia acerca da constitucionalidade da arbitragem, em razão da dispensa de homologação do Judiciário, para que a sentença arbitral adquira eficácia executiva.
O primeiro fundamento seria a ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Mas não há ofensa à Constituição, porque a arbitragem não é obrigatória, de sorte que a lei não exclui a questão da apreciação do Poder Judiciário. São as partes que preferem que a solução seja dada pelos árbitros. Além disso, as partes podem recorrer ao Judiciário para obter a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos no art. 32 da lei. É o que diz o art. 33, caput: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei.
Um segundo fundamento seria a violação ao princípio do Juiz natural, já que a questão seria decidida por um órgão de escolha dos próprios interessados. Mas isso não ocorre, porque a arbitragem é instituída antes do conflito entre eles. 
#PACIFICOU #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão, em definitivo, no RE 5.206-7. Em sessão plenária, foi declarada a constitucionalidade da lei por maioria de votos, vencidos os Mins. Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves.
d) Convenção de arbitragem:
(i) Cláusula compromissória: Trata-se de uma cláusula inserida em contrato. Por meio dela, fica preestabelecido que, se vier a surgir um conflito, virá a ser resolvido pela arbitragem. É sempre preexistente ao litígio.
	#SELIGA: O § 5º do art. 337 proíbe ao juiz conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Se uma das partes for a juízo e a outra não invocar a convenção, reputar-se-á que ambas renunciaram tacitamente à arbitragem, e que preferiram a solução judicial. Caso, no entanto, o réu invoque a convenção e o juiz verifique que tem razão, julgará o processo extinto sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...)
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
*#SELIGA #OLHAOGANCHO #APROFUNDANDO:
	REGRA: A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA É VÁLIDA.
	Peculiaridade 1:
Contratos de ADESÃO
	Peculiaridade 2:
Contratos de CONSUMO
	Peculiaridade 3:
Dissídios individuais de TRABALHO
	É válida, desde que o aderente:
• tenha tomado a iniciativa de instituir a arbitragem; ou
• concorde, expressamente, com a sua instituição, por escrito, em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula (art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96).
	Não é válida. O CDC estipula que é nula de pleno direito a cláusula que determina a utilização compulsória de arbitragem (art. 51, VII).
Vale ressaltar, no entanto, que é possível compromisso arbitral nas relações de consumo (REsp 1.169.841-RJ).
	Não é válida arbitragem nos dissídios individuais de trabalho, conforme entendimento pacífico do TST. Obs: é permitida a arbitragem no caso de dissídios coletivos de trabalho (art. 114, § 1º da CF/88). Exceção: prevista pela Reforma Trabalhista: Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativado empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
	#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: NÃO. Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula arbitral deve formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção: compromissos arbitrais patológicos. O Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso arbitral "patológico", isto é, claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do estado em que se encontre o procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).
É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a serem submetidas ao Poder Judiciário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.100-BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2015 (Info 577).
Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o ajuste deverão ser dirimidas via arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora poderá executar o contrato na via judicial ou terá que instaurar o procedimento arbitral? Poderá propor diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato assinado pelo devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de confissão de dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos (executivos). Ele não pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, DEVE-SE AJUIZAR DIRETAMENTE UMA EXECUÇÃO. JUÍZO ARBITRAL NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 560).
A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema. STJ. Corte Especial. SEC 9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2017 (Info 605)
A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral, não possui interesse processual nem legitimidade para integrar o polo passivo da ação que busca a sua anulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613)
*(Atualizado em 25/09/2022) #DEOLHONAJURIS - Quando houver cláusula arbitral, em regra, submete-se ao tribunal arbitral qualquer questão que envolva a existência, validade e eficácia da cláusula compromissória. Com a celebração da convenção de arbitragem que pode se dar por meio da estipulação de compromisso arbitral ou de cláusula compromissória, tem-se que aos contratantes é dada a possibilidade de submeter suas controvérsias, desde que relativas a direitos patrimoniais disponíveis, a um juízo arbitral (art. 1º da Lei n. 9.307/1996).
As espécies de convenção distinguem-se entre si apenas quanto ao objeto submetido à arbitragem: enquanto o compromisso arbitral terá por objeto controvérsia concreta e atual, a cláusula compromissória terá por objeto demanda eventual, indeterminada e futura (SEC 1.210/GB, Corte Especial, julgado em 20/06/2007, DJ de 06/08/2007).
No particular, a questão deve ser abordada com enfoque específico na cláusula compromissória, uma vez que foi pactuada entre as partes, constando expressamente do instrumento contratual entre elas firmado.
Vale lembrar que a pactuação válida de cláusula compromissória possui força vinculante, obrigando as partes da relação contratual a respeitar, para a resolução dos conflitos daí decorrentes, a competência atribuída ao árbitro (REsp 1.277.725/AM, Terceira Turma, julgado em 12/03/2013, DJe de 18/03/2013).
Como regra, diz-se, então, que a celebração de cláusula compromissória implica a derrogação da jurisdição estatal, impondo ao árbitro o poder-dever de decidir as questões decorrentes do contrato e, inclusive, decidir acerca da própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória (princípio da Kompetenz-Kompetenz).
Segundo aponta a doutrina, "o estado de falência superveniente ao processo arbitral não representa obstáculo ao desenvolvimento da arbitragem já instaurada. Como visto, a decretação da falência não foi considerada motivo suficiente para o sobrestamento da arbitragem, sendo razoável se entender que o mesmo entendimento também seria aplicado em caso de processamento ou mesmo concessão de recuperação judicial incidental à arbitragem".
Importante mencionar que, mesmo que a situação submetida à arbitragem envolva demanda líquida, pretendendo o procedimento arbitral a formação de título executivo capaz de fundamentar uma futura execução, ganhando a arbitragem ares de ação de cobrança, eventuais "questionamentos sobre a possibilidade de aplicação da exceção prevista no art. 6.º, § 1.º, da Lei n. 11.101/2005, que só se refere a 'quantia ilíquida' [...] é aconselhável que o credor requeira ao árbitro ou ao tribunal arbitral que determine a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial, conforme lhe autoriza o art. 6.º, § 3.º, da Lei 11.101/2005".
É possível inferir que o princípio da Kompetenz-Kompetenz deve prevalecer, até mesmo diante de situações em que se coloque em dúvida o procedimento arbitral, posto que é dado ao árbitro esta função de solucionar os questionamentos acerca da existência, validade e eficácia da própria cláusula compromissória.
Imperioso mencionar que o juízo arbitral prevalece até mesmo para análise de medidas cautelares ou urgentes, sendo instado o Poder Judiciário a atuar apenas em situações excepcionais que possam representar o próprio esvaimento do direito ou mesmo prejuízo às partes, a exemplo da ausência de instauração do juízo arbitral, que se sabe não ser procedimento imediato.
STJ, REsp 1.959.435-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 30/08/2022, Info. 747.
(ii) Compromisso arbitral: O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. É sempre posterior ao litígio.
Diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (#AJUDAMARCINHO):
	Cláusula compromissória
	Compromisso arbitral
	É uma convenção de arbitragem em que as partes dizem que qualquer conflito futuro será resolvido por arbitragem.
	É uma convenção de arbitragem posterior ao conflito. O conflito surgiu e as partes decidem resolvê-lo por arbitragem.
	É uma cláusula prévia e abstrata, que não se refere a um conflito específico.
	É feito após o conflito ter surgido e se refere a um problema concreto, já instaurado.
	Em regra, mesmo havendo a cláusula compromissória no contrato, as partes ainda precisarão de um compromisso arbitral para regular como a arbitragem será feita.
Exceção: Fredie Didier ressalta que não será necessário o compromisso arbitral se a cláusula compromissória for completa, ou seja, contiver todos os elementos para a instauração imediata da arbitragem (exs: quem serão os árbitros,o direito a ser aplicável, o tempo de duração etc.).
	Mesmo que não exista cláusula compromissória no contrato, as partes poderão decidir fazer um compromisso arbitral para resolver o conflito.
	#OUSESABER: O que é carta arbitral? Atenção, trata-se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de ordem, rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida-se, assim como as demais cartas, de uma modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se darão os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros. 
Art. 237. Será expedida carta: (...) IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
e) Sentença arbitral:
A solução do litígio será dada pelo árbitro, por meio de sentença arbitral, que constituirá título executivo JUDICIAL. O prazo para que a profira pode ser estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, mas no silêncio será de seis meses, contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro. 
Vale ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial:
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.
Vale destacar que não há recurso contra a sentença arbitral, mas, de acordo com o art. 30 da lei de arbitragem:
Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou ciência pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que: 
I — corrija qualquer erro material da sentença arbitral; 
II — esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias ou em prazo acordado pelas partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes na forma do art. 29.
A sentença arbitral terá os mesmos efeitos que a produzida pelo Poder Judiciário, inclusive o da coisa julgada material, constituindo ainda, se condenatória, título executivo judicial.
#NÃOESQUECER #UMPOUCODEDOUTRINA: A sentença arbitral pode ser invalidada pelo Poder Judiciário. Fredie Didier explica que há possibilidade de controle judicial da sentença arbitral, mas somente quanto à sua validade (arts. 32 e 33, caput, da Lei n.°9.307/96), ou seja, ela pode ser anulada se tiver vícios formais. O Poder Judiciário não pode, por outro lado, revogar ou modificar a sentença arbitral quanto ao seu mérito por entendê-la injusta ou errada. A parte prejudicada que desejar anular a sentença arbitral por vícios formais deverá ajuizar a ação de nulidade no prazo máximo de 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento (art. 33, § 1º). Ultrapassado esse prazo, a decisão arbitral torna-se imutável pela coisa julgada material. (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 171).
	#SELIGA: A sentença estrangeira poderá ser reconhecida pela jurisdição brasileira!
Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os termos desta Lei.
Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território nacional.
Art. 35.  Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça.
#SELIGA¹: Depois de instituída a arbitragem, os árbitros poderão revogar a medida concedida pelo Judiciário? SIM. A medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário é provisória e, depois de instituída a arbitragem, os árbitros irão reexaminá-lo e poderão mantê-la, modificá-la ou revogá-la. Veja: Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
#SELIGA²: Poderão ser concedidas medidas cautelares ou de urgência depois de instaurado o procedimento arbitral? SIM, mas neste caso tais medidas serão concedidas pelos próprios árbitros que já estarão escolhidos: Art. 22-B (...) Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem para garantir o pagamento de dívida cobrada em execução judicial. A penhora no rosto dos autos consiste apenas numa averbação, cuja finalidade é atingida no exato momento em que o devedor do executado toma ciência de que o pagamento - ou parte dele - deverá, quando realizado, ser dirigido ao credor deste, sob pena de responder pela dívida, nos termos do art. 312 do Código Civil. Assim, é possível aplicar a regra do art. 860 do CPC ao procedimento de arbitragem a fim de permitir que o juiz oficie o árbitro para que este faça constar em sua decisão final, acaso favorável ao executado, a existência da ordem judicial de expropriação. Ex: a empresa “A” ajuizou execução de título extrajudicial contra a empresa “B”; a exequente sabia que a empresa “B” estava em procedimento de arbitragem com a empresa “C” discutindo um contrato; diante disso, a exequente pediu e o juiz decretou a penhora dos direitos, bens e valores que a empresa “B” eventualmente venha a receber caso seja vencedora no procedimento arbitral; assim, se a empresa “C” perder a arbitragem, ela irá pagar os valores não para a empresa “B”, mas sim para a empresa “A”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.678.224-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/05/2019 (Info 648). #IMPORTANTE
	3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
3.1. Conceito:
A questão mais discutida a respeito da jurisdição voluntária é a da sua natureza, pois forte corrente doutrinária nega-lhe a qualidade de jurisdição, atribuindo-lhe a condição de administração pública de interesses privados, cometida ao Poder Judiciário. Pode-se dizer que tem prevalecido, entre nós, a corrente administrativista, que pressupõe que nesse tipo de jurisdição, o juiz não é chamado a solucionar um conflito de interesses.
Apesar disso, mais modernamente, a tendência tem sido por considerá-la como verdadeira jurisdição, entre outras razões, porque:
(i) Administração é tutela de interesse público, e jurisdição voluntária, de interesse privado;
(ii) Também na jurisdição voluntária, em regra, há uma situação conflituosa, capaz de gerar insatisfação, que será solucionada pelo Judiciário. Nem sempre há interesses contrapostos, embora muitas vezes haja. 
3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa:
#FOCONATABELA #COLANARETINA:
	JURISDIÇÃO CONTENCIOSA
	JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
	
O juiz deve dizer qual parte tem razão
	Não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas para que tome determinadas providências necessárias para a proteção dos sujeitos da relação processual
	Busca-se obter uma determinação que obrigue a parte contrária.
Pode beneficiar uma ou ambas as partes
	
Busca-se uma situação que valha para o próprio autor
	
O juiz resolve uma situação de confronto
	O juiz resolve uma situação conflituosa, cuja solução exige uma alteração das circunstâncias que só pode ser propiciada pelo Judiciário
3.3. Características da jurisdição voluntária:
(i) Não é apropriado falar em “partes”, como nos processos de jurisdição contenciosa, mas em “interessados”, pois nãohá lide[footnoteRef:7]; [7: (CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Administrativa): A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir. Na jurisdição voluntária não há lide: trata-se de uma forma de a administração pública participar de interesses privados. CERTO!] 
(ii) O procedimento, como regra geral, é mais sumário que o dos processos de jurisdição contenciosa;
(iii) O princípio da demanda é mitigado, pois o juiz pode, em muitos casos, dar início aos processos de ofício, como na abertura e cumprimento de testamentos e arrecadação de herança jacente;
#IMPORTANTE: Em regra, a jurisdição voluntária é necessária (não opcional). É um atributo bem generalizado, por isso se questiona se ela é mesmo voluntária. Há casos excepcionais de jurisdição voluntária opcional, como na homologação de divórcio consensual sem incapazes envolvidos, celebrável extrajudicialmente, perante os Cartórios.
(iv) Não se aplica o critério da legalidade estrita, como estabelece o art. 723, parágrafo único, do CPC: O juiz não é obrigado a observar o critério da legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna;
(v) As sentenças definitivas não se revestem da autoridade da coisa julgada material, como nos processos de jurisdição contenciosa, e podem ser modificadas se ocorrerem circunstâncias supervenientes, desde que justificadas. 
3.4. Natureza jurídica: #APROFUNDANDO
a) Corrente Tradicional ou Escola Paulista (concepção majoritária): Defende que a jurisdição voluntária não tem natureza jurisdicional, e sim de atividade administrativa exercida pelos juízes. Partem da premissa de que não há lide, e, portanto, inexiste a jurisdição. De modo semelhante, também não se fala em ação, e sim em requerimento; não se fala em processo e sim procedimento.
#OBS: A afirmação de que na jurisdição voluntária não há processo, tão somente procedimento, é inadmissível, afinal, mesmo que se trate de atividade administrativa, ainda assim haverá processo e contraditório. Não há partes e sim interessados. Não haveria coisa julgada e sim preclusão. 
b) Corrente minoritária (Ovídio Batista, Calmon de Passos, Leonardo Grecco, Fred Didier): A jurisdição voluntária é considerada uma atividade jurisdicional. Não é correta a afirmação que não há lide em jurisdição voluntária; isto porque pode ser que a lide não exista. O que há é uma lide potencial: pode não haver como pode haver. Tanto a lide pode existir em jurisdição voluntária que os interessados são citados. Dessa forma, há ação, há processo, há partes e coisa julgada. 
#OBS¹: Acerca da coisa julgada, o NCPC não trouxe nenhum indicativo de que a jurisdição voluntária não a faça. Do contrário, prevê a existência de coisa julgada em decisão processual, ou seja, que sequer adentra no mérito da questão, o que reforçaria a discutida corrente.
#OBS²: Nos autos do REsp 1.412.260, apreciado pelo STJ em 2014, a Corte fixou que jurisdição voluntária não faz coisa julgada, adotando a concepção teórica tradicional, todavia proibiu a rediscussão da mesma questão algum tempo depois. Tratava-se de caso de mudança de nome.
3.5. Regras gerais do procedimento:
Art. 720.  O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da providência judicial.
Art. 721.  Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 722.  A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.
Art. 723.  O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único.  O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
Art. 724.  Da sentença caberá apelação.
Art. 725.  Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido de:
I - emancipação;
II - sub-rogação;
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
V - alienação de quinhão em coisa comum;
VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que caracterizar a condição resolutória;
VII - expedição de alvará judicial;
VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor.
Parágrafo único.  As normas desta Seção aplicam-se, no que couber, aos procedimentos regulados nas seções seguintes.
3.6. Legitimidade:
Em regra, o processo origina-se por iniciativa da parte. Mas há procedimentos que podem ser desencadeados pelo Ministério Público, Defensoria Pública (interdição, por exemplo) ou de ofício pelo juiz (abertura e cumprimento de testamento e arrecadação de herança jacente, bens de ausentes ou coisas vagas).
3.7. Intervenção do Ministério Público:
O Ministério Público não intervirá em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, mas apenas naqueles em que estiverem presentes as hipóteses do art. 178 do CPC. Caso isso ocorra, ele será intimado a manifestar-se no prazo de 15 dias.
*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - Em procedimento de jurisdição voluntária, quando a parte ré concorda com o pedido formulado na inicial, mas formula pedido autônomo: (I) se o Juiz não admitir o pedido autônomo como reconvenção e julgar apenas a pretensão autoral, não serão devidos honorários de sucumbência; (II) se o Juiz admitir o pedido autônomo como reconvenção e julgar ambas as pretensões, serão devidos honorários de sucumbência apenas na reconvenção e desde que configurado litígio quanto à pretensão reconvencional. REsp 2.028.685-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 22/11/2022, DJe 24/11/2022. (Info 761 - STJ)
	4. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVO
	Lei nº. 9.307/1996
	Todos os dispositivos
	Código de Processo Civil
	Art. 1º até o art. 15
	5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula.
Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017)
Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.
Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves (2017).
Comentários da Lei de Arbitragem: https://www.dizerodireito.com.br/2015/05/comentarios-lei-131292015-reforma-da.html 
Processo Civil para concursos de Técnico e Analista dos Tribunais e MPU – Editora Juspodivm (2018)
FUC 02. Jurisdição.
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