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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Campus Montes Claros
Instituto de Ciências Agrárias
Bromatologia
Luciana Castro Geraseev
Daniel Emygdio de Faria Filho
Fabrício Leonardo Alves Ribeiro
Hugo Colombarolli Bonfá
Carlos Renato Viegas
Montes Claros – MG
2010
Bromatologia
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Ficha Catalográfica
(Termos para indexação:)
1. Ovino. 2. Caprino. 3. Produção animal. I. Geraseev, Luciana
Castro. II. Duarte, Eduardo Robson. III. Almeida, Anna Christina. IV.
Título.
Bromatologia
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SUMÁRIO
1. Introdução
1.1. Importância da alimentação animal .......................
1.2. Conceitos básicos .................................................
2. Classificação dos alimentos
2.1. Alimentos volumosos
2.1.1. Principais alimentos volumosos .......................
2.2. Concentrados
2.2.1. Concentrados energéticos
2.2.1.1. Principais concentrados energéticos ...
2.2.2. Concentrados protéicos
2.2.2.1. Principais concentrados protéicos .......
2.3. Minerais .................................................................
2.3.1. Classificação ....................................................
2.3.2. Funções ...........................................................
2.4. Aditivos ..................................................................
2.4.1. Aditivos Nutricionais .........................................
2.4.2. Aditivos Tecnológicos ......................................
2.4.3. Aditivos Sensoriais ...........................................
2.4.4. Aditivos Zootécnicos ........................................
2.4.5. Aditivos Anticoccidianos ..................................
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3. Nutrientes
3.1. Carboidratos .......................................................... 33
3.2. Lipídeos ................................................................. 38
3.3. Proteínas ............................................................... 41
3.4. Vitaminas ............................................................... 46
3.5. Minerais ................................................................. 47
3.6. Água ...................................................................... 49
4. Avaliação do valor nutritivo dos alimentos
4.1. Determinação da digestibilidade dos nutrientes
4.1.1. Digestibilidade Real x Aparente ...................... 58
4.1.2. Fatores que afetam a digestibilidade dos alimentos
......................................................... 58
4.1.3. Esquema de uma gaiola para estudos metabólicos
apropriada para pequenos ruminantes
...................................................... 59
4.2. Avaliação do valor energético dos alimentos ........ 59
4.3. Sistema de nutrientes digestíveis totais ................ 61
5. Fatores antinutricionais
5.1. Definição ............................................................... 63
5.2. Classificação ......................................................... 63
5.3. Principais fatores antinutricionais
5.3.1. Inibidores de enzimas ...................................... 63
5.3.2. Hemaglutininas ................................................ 64
5.3.3. Saponinas ........................................................ 64
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5.3.4. Compostos fenólicos ...................................... 64
5.3.5. Ácido fítico (fitato) e ácido oxálico (oxalato)..... 65
5.3.6. Gossipol ........................................................... 65
5.3.7. Antivitaminas ................................................... 66
5.4. Principais fatores antinutricionais presentes em alguns alimentos
.................................................... 66
6. Consumo voluntário de alimentos
6.1. Introdução .............................................................. 67
6.2. Mecanismos fisiológicos de regulação do consumo
6.2.1. Teoria glicostática ........................................... 67
6.2.2. Teoria da distenção estomacal ....................... 68
6.3. Regulação do consumo em aves
6.3.1. Fatores intrínsecos ......................................... 68
6.3.2. Fatores extrínsecos ........................................ 69
6.4. Regulação do consumo em ruminantes
6.4.1. Fatores relacionados ao animal
6.4.1.1. Tamanho ........................................ 70
6.4.1.2. Estádio fisiológico .......................... 70
6.4.1.3. Fatores relacionados com a dieta .. 71
7. Balanceamento de rações
7.1. Exigências nutricionais
7.1.1. Necessidades energéticas ............................. 73
7.1.2. Necessidades protéicas ................................. 74
7.2. Composição dos alimentos .................................. 74
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7.3. Métodos utilizados para o balanceamento
7.3.1. Quadrado de Pearson ................................... 75
7.3.2. Quadrado de Pearson Duplo ......................... 77
7.3.3. Processo algébrico ........................................ 79
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1. Introdução
1.1. Importância da alimentação animal
A alimentação animal pode representar até 70% do custo de produção,
sendo, portanto, essencial a adoção de um manejo correto para a obtenção
da produtividade adequada.
Genética- Sanidade- Alimentação - Manejo
Produção Animal
Custo Quantidade Qualidade
Eficiência de Produção
Rentabilidade
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Importância da alimentação e melhoramento genético de algumas
espécies:
Tabela 1. Evolução dos novilhos de corte
Desemprenho 1908 1958 1989
Ganho de peso
(g/dia)
800 1100 1300
Ração (kg/dia) 7,3 7,2 7,0
Conversão
alimentar
9,0 6,3 5,9
Custo/Kg 0,41 0,28 0,20
Tabela 2. Evolução das Aves
Ano Idade (dias) Peso (g)
1938 56 850
1972 56 1760
1990 42 2100
A alimentação animal deve estar baseada em quatro princípios
básicos:
1. Não conter substâncias tóxicas ou nocivas aos animais.
2. Atender a demanda de nutrientes para mantença e produção dos animais.
3. Respeitar as particularidades anatômicas e fisiológicas dos animais,
ruminantes e monogástricos; herbívoros, carnívoros e onívoros.
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4. Avaliar as condições econômicas da criação e da alimentação.
OU SEJA
A alimentação ideal visa suprir as exigências de mantença e
produção dos animais fornecendo-lhes todos os nutrientes, sem conter
substâncias tóxicas ou nocivas, respeitando as características anato-
fisiológicas das espécies e ao mais baixo preço possível.
O estudo da alimentação animal envolve basicamente três
aspectos:
• Conhecimento dos alimentos; (análises químicas, análises físicas,
análises microbiológicas e análises biológicas)
• Conhecimento das necessidades dos animais; (ensaios de determinação
das necessidades dos animais)
• Conhecimento da fisiologia animal; (ensaios biológicos).
1.2. Conceitos básicos
• Alimento: Todo produto natural ou artificial susceptível de ser
transformado e aproveitado pelos animais.
• Nutriente: componente presente no alimento que participa do metabolismo
celular do animal. Ex.: Milho (alimento), água, proteína, carboidratos,
lipídeos, minerais, vitaminas (nutrientes).
• Nutriente Essencial: Nutriente que o organismo animal não é capaz de
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sintetizar em quantidade suficiente para atender as exigências de
mantença e produção.
• Exigência: Quantidade do nutriente requerida por determinada espécie e
categoria animal para mantença (metabolismo basal e atividade
voluntárias) e produção (ganho, crescimento, leite e trabalho).
• Conversão alimentar: Capacidade de um alimento se converter em
unidade de produção animal.
Eficiência alimentar: É a quantidadede produto animal obtida por e por unidade
de alimento ingerido.
CA= _Consumo alimentar
Ganho de peso
Usada para comparação de alimentos
Quanto menor for, melhor é a resposta
produtiva, pois significa que menos
alimento foi necessário para se fazer uma
unidade de produto
Consumo
EA= Ganho de peso x 100 Quanto maior for o índice, mais eficiente
é sua resposta produtiva
A Eficiência alimentar compara animais.
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Ex 1. Calcule a Conversão alimentar (CA) e a Eficiência alimentar dos lotes
de suinos abaixo:
Consumo (Kg/dia)
Suinos Creche Crescimento Terminação
Lote 1 0,301 2,213 2,807
Lote 2 0,290 2,392 2,969
Ganho de peso (Kg/dia)
Suinos Creche Crescimento Terminação
Lote 1 0,233 0,874 0,756
Lote 2 0,214 0,910 0,842
LOVALTO et, al., 2004
Ex 2. Um produtor utilizou 2 tipos de silagem para novilhos em confinamento
com peso vivo médio de 420 Kg. As silagens foram utilizadas juntamente com
um concentrado padrão. Calcule a conversão alimentar (CA) de cada dieta e
indique qual das dietas teve um melhor aproveitamento, justificando sua
resposta com base na análise bromatológica, aproveitamento fisiológico e
custo.
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MS (%) PB (%) NDT (%)
Silagem 1 8,5 5,5 60,0
Silagem 2 27,5 6,5 65,0
Dieta 1 Dieta 2
Silagem - consumo MS (Kg) 6,92 8,36
Concentrado - consumo MS
(Kg)
3,47 2,03
Ganho de peso (Kg/dia) 1,10 1,10
Custo -animal/dia (R$) 2,86 2,46
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2. Classificação dos alimentos
Os alimentos são classificados de acordo com a Associação Americana
Oficial de Controle de Alimentos (AAFCO) e o Conselho Nacional de Pesquisas
dos EUA (NRC) e são divididos em:
Alimentos volumosos - são aqueles alimentos de baixo teor energético, com
altos teores em parede celular (FDN) ou em água. Possuem menos de 60% de
NDT e teor de fibra bruta superior a 18% na matéria. Podem ser divididos em
secos e úmidos.
Alimentos concentrados - são aqueles com alto teor de energia, mais de 60%
de NDT, menos de 18% de fibra bruta, sendo divididos em:
• Energético: alimentos concentrados com menos de 20% de proteína
bruta na matéria seca.
• Protéicos: alimentos concentrados com mais de 20% de proteína bruta
na matéria seca.
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2.1. Alimentos volumosos
Engloba todos os alimentos com baixo teor de energia, reflexo do
alto valor de FB dos mesmos. São alimentos utilizados, principalmente na
alimentação de ruminantes devido ao seu baixo custo quando comparados com
os alimentos concentrados.
Estes alimentos, dependendo da categoria animal e da qualidade
do volumoso, não podem constituir a totalidade da dieta e precisam ser
suplementados com minerais, vitaminas e em alguns casos com concentrados
energéticos e protéicos.
Os volumosos podem ser agrupados em dois subgrupos em
função do teor de MS que possuem:
a) Secos: fenos, palhas, sabugos e cascas
b) Aquosos: Forragens verdes, silagens e raízes
2.1.1. Principais alimentos volumosos
a) Cana-de-açúcar
Tabela 3: composição bromatológica da cana-de-açúcar com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca(%) P (%)
Cana-de-açúcar 25,85 4,05 45,65 62,26 0,46 0,03
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
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A cana é um volumoso que apresenta uma alta produção de massa por
hectare (70-200 t/ha), é de fácil manejo e apresenta corte na época de escassez
de forragem (maio-outubro), características que a qualificam como forrageira de
reserva de alto potencial.
Do ponto de vista bromatológico, a cana apresenta uma grande
quantidade de carboidratos fermentáveis (sacarose) o que lhe confere alta
palatabilidade e conseqüentemente grande aceitabilidade pelos animais. Alem
disso a cana produz uma grande quantidade de NDT/ha (10-25 t/ha) comparadas
com 3t/ha do milho e do sorgo, o que corrobora sua qualificação como forrageira
de reserva.
Entretanto a cana-de-açúcar possui algumas limitações nutricionais que
devem ser corrigidas para que se obtenha uma dieta adequada:
• Fibra de baixa digestibilidade
• Baixo teor de proteína em especial de aminoácidos sulfurados
• Baixo teor de minerais
Com relação à digestibilidade da fibra a única maneira de corrigir o
problema seria o tratamento da cana (cana hidrolisada e sacharina) ou a
utilização de variedades com fins forrageiros.
A EMBRAPA em 2002 lançou uma variedade (IAC-86-2480) que possui
uma melhor relação entre teor de fibra e a quantidade de açúcar. Em testes de
desempenho esta variedade resultou em ganho de peso 17% maiores quando
comparadas com outras variedades comuns.
Sem margem de duvidas o maior problema da cana é o seu baixo valor
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protéico, entretanto este problema pode ser facilmente corrigido com a utilização
da uréia (fonte de nitrogênio não protéico) e sulfato de amônio (fonte de enxofre),
associados a um sal mineral de qualidade (fonte de macro e micronutrientes).
a.1) Cálculo da área de cana a ser plantada
A área de cana a ser plantada depende da produção média da variedade
utilizada, do número de animais a serem suplementados e da duração da
suplementação.
Ex.:
• Variedade CB-45-3
• Produção 120 t/ha
• 100 animais com PV de 300 Kg (IMS=18 Kg)
• 150 dias de suplementação.
Demanda: nº de animais x nº de dias de suplementação x consumo = 100
x 150 x 18 = 270.000Kg
Área: Demanda/ Produção = 270.000Kg / 120.000Kg/ha = 2.25 ha
a.2) Suplementação da cana:
O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com seu alto
teor de açúcar (40-50% da MS). Entretanto, como o nível de proteína e
extremamente baixo, isto resulta em um alimento nutricionalmente
desbalanceado, e quando oferecido como componente único da dieta não é
capaz de atender todas as necessidades dos animais. Assim a cana precisa
necessariamente, ser suplementada, sendo que o primeiro nutriente a ser
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corrigido deve ser o nitrogênio.
A forma mais simples e barata que temos para corrigir esta deficiência da
cana é com a uréia + uma fonte de enxofre. Esta é uma tecnologia eficiente e
barata, mas que ainda encontra resistência por parte dos produtores.
Para se evitar acidentes a mistura cana e uréia devem ser manejadas com
critério:
• Mistura de 9 partes de uréia e 1 parte de sulfato de amônio ou 8 partes de
uréia e 2 partes de sulfato de cálcio (gesso)
• 500 g da mistura para 4 litros de água e 100Kg de cana. Nos 10 primeiros
dias para adaptação dos animais.
• 1 Kg da mistura para 4 litros de água e 100 Kg de cana. (após período de
adaptação).
Esta dieta fornece nutrientes para atender as exigências dos animais e
propiciar ganhos de até 300g/dia, ganhos maiores necessitam de nutrientes
adicionais.
b) Cana-de-açúcar Hidrolisada
Hidrólise é uma reação de ruptura de ligações químicas, promovidas pela
água, em meio ácido ou alcalino, ou ainda, pelo calor, com despressurização
brusca de material úmido hidrolisável.
A hidrólise da cana ocorre nas fibras de celulose. Ela rompe as camadas
de lignina que recobrem as fibras de celulose, promovendo a liberação das
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moléculas de açúcar que estavam ligadas quimicamente entre si, no polímero
celulose, disponibilizando este açúcar “extra” (além do açúcar já existente na
solução) para os microorganismos do rúmen. O açúcar é transformado em ácidos
graxos voláteis pelas bactérias do rúmen, que são fonte primária de energia para
os animais.
Tabela 4: Composição bromatológica da cana in natura e da cana
hidrolisada com base na matéria seca.
Alimento MS(%) PB(%) FDN(%) FDA(%)
Cana innatura 21,69 3,28 63,15 42,82
cana hidrolisada 29,93 3,16 58,68 39,74
b.1) Vantagens
• Aumenta a digestibilidade
• Elevação do pH do rúmen do bovino, prevenindo a acidose
• Mais palatável e com cheiro de rapadura
• Maior praticidade, pois a cana hidrolisada com cal, pode ficar estocada por
3 ou 4 dias, sem azedar (não proliferação de microorganismos
indesejáveis)
• Um hectare de cana hidrolisada pode alimentar aproximadamente, 50
(cinquenta) bovinos adultos, durante 4 a 5 meses
• Pode ser suplementada com uréia ou sulfato de amônio. (Mesmo
processo da cana-de-açúcar não hidrolisada)
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b.2) Como Hidrolisar
• Para 100 Kg de cana, diluir 500 g de cal hidratada CH-I (pó) em 2 litros de
água.
• Em sistema manual esparramar a cana no chão e com um regador
molhar com a solução e misturar muito bem.
• Deixar descansar por 10 horas antes de oferecer aos animais.
• O material hidrolisado possui cor características (amarela) e com cheiro
de melaço.
• A cana hidrolisada com cal pode ser guardada até 3 ou 4 dias sem azedar
(pela não proliferação de microorganismos indesejáveis).
b.3) Observações
• Só utilizar a Cal Hidratada I (CHI), pois ela possui baixo teor de Magnésio,
evitando-se assim, diarréia nos bovinos.
• Cal hidratada, nome usual do Hidróxido de Cálcio, que é um álcali fraco e
quase insolúvel em água; Soda ou Soda cáustica, nome usual de
Hidróxido de Sódio, que é um álcali fortíssimo e extremamente solúvel em
água.
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c) Capim Elefante
Tabela 5. composição bromatológica do capim elefante com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P (%)
Capim Elefante 22,27 6,71 49,38 76,89 0,29 0,20
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
O capim-elefante é mais uma opção que o produtor possui para contornar
o problema da estacionalidade na produção de forragem, permitindo um aumento
na capacidade de suporte de propriedade.
Para tanto é necessário que este seja bem estabelecido e adubado para
que se atinja o rendimento desejável.
O maior problema do capim elefante diz respeito ao seu manejo. Ele deve
ser cortado em intervalos de aproximadamente oito semanas, com
aproximadamente 1,20 a 2,00m de altura, de modo que se obtenha a melhor
relação entre a produção de matéria seca e o valor nutritivo do capim.
Materia seca
Idade
Produção de matéria seca
Digestibilidade
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Tabela 6. Composição nutricional e produtividade do capim elefante cortado em
diferentes idades.
Idade (dias) MS (%) PB (%) Celulose (%) MS (Kg/
ha)
PB (Kg/ha)
28 14,35 14,34 28,65 1203 226
56 19,94 9,20 36,10 2507 298
91 27,07 7,64 36,74 2732 243
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
d) Silagem
Tabela 7. composição bromatológica das silangens de milho e sorgo com base na
matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P(%)
Silagem de milho 30,92 7,26 64,27 55,41 0,30 0,19
Silagem de
sorgo
30,82 6,69 57,23 61,41 0,30 0,18
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
A silagem pode ser definida como um produto resultante da fermentação
anaeróbia de uma determinada forrageira, levando a uma produção de ácidos
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orgânicos, principalmente o ácido láctico. O principal objetivo do processo de
ensilagem é o de conservar o valor nutritivo da forrageira.
d.1) Fatores que afetam o processo de ensilagem
• Teor de umidade: (ideal de 30-35% MS). Em excesso de umidade há a
formação de Ac. Butílico e o excesso de matéria seca prejudica a expulsão de
ar (compactação) e aumenta o tempo de respiração e o consumo dos
carboidratos solúveis.
• Teor de carboidratos solúveis (ideal 15%). O teor de carboidratos solúveis
está diretamente correlacionado com a produção de Ac. Láctico (principal
responsável pelo abaixamento do pH da silagem.
• Ambiente anaeróbio. Está relacionado com o tempo de enchimento, grau de
moagem da forrageira e compactação do silo.
d.2) Qualidade da silagem
Relacionada ao valor nutritivo do material de origem, do pH da silagem
que deve estar entre 4,0-5,0 e do N-amoniacal que estar entre 8 – 11% do
nitrogênio total.
d.3) Consumo da Silagem
Silagens mal fermentadas
Ácido butílico > 2,5% MS NH3 > 20% do N (total)
Aminas > 0,2% da MS
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De maneira geral o consumo das silagens é menor que o da forrageira
que não sofreu fermentação devida, provavelmente a presença de ácido butílico
na silagem (principalmente as extensivamente fermentadas) que causa redução
na aceitabilidade.
Alguns pesquisadores afirmam que a ingestão potencial da MS da silagem
é determinada pela composição bromatológica da forrageira no momento do
corte, mas a ingestão efetiva dependerá das modificações das frações
nitrogenadas e CHO’s durante a fermentação.
d.4) Silagem de milho e de sorgo
O milho e o sorgo são excelentes culturas para a produção de silagem
pois, apresentam varias vantagens , tais como, facilidade de cultivo, bom
rendimento forrageiro, facilidade de mecanização e composição química propicia
para uma fermentação adequada. Apesar destas vantagens, vários aspectos
devem ser levados em consideração para que se obtenha uma silagem de
qualidade a partir destes alimentos:
• Ponto de corte
O ponto de corte do milho deve ocorrer quando a planta apresentar entre
30-35% de matéria seca, o que equivale de 100-110 dias de estádio de
desenvolvimento e o grão deve estar no ponto farináceo duro.
Para o sorgo, recomenda-se que o corte seja feito quando o mesmo
apresentar entre 28-36% de matéria seca em estádio muito semelhante ao milho.
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• Aditivos
Na silagem de milho e sorgo não existe a necessidade de aditivos para
estimular a fermentação, entretanto por serem plantas pobres em nitrogênio
existem vantagens aos e utilizar uréia no ato da ensilagem.
A uréia pode ser adicionada em níveis de 0,5-1% em peso da forragem e
as recomendações são semelhantes às utilizadas para cana.
A adição de uréia na silagem promove a elevação da proteína bruta para
teores de 11-12% da MS. Transformando esta mistura em uma dieta adequada
para várias categorias animais (vacas em manutenção, gestação touros adultos e
bovinos em terminação). Deve-se, entretanto, serem feitas as correções para os
níveis dos minerais, principalmente Ca, Mg, P, Co, K.
e) Feno
Tabela 8. Composição bromatológica dos fenos de brachiária, colonião e pangola
com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) Ca (%) P (%)
Feno de Brachiária 87,28 4,10 45,47 0,31 0,10
Feno de Colonião 89,08 8,56 45,00 0,48 0,20
Feno de Pangola 91,72 5,85 43,50 0,101 0,156
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
O feno é o produto obtido a partir da desidratação de forragens verdes a
níveis menores que 15% de umidade, cujo principal objetivo é manter o valor
nutritivo original da forrageira, permitindo o armazenamento da mesma por um
maior tempo.
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Apesar da produção de feno ser uma boa opção para contornar o
problema de irregularidade de oferta de forragem, no Brasil ainda existe muita
resistência por parte dos produtores na adoção desta tecnologia. Os principais
fatores que levam a esta resistência ao uso do feno são: “baixo consumo animal”
e dificuldade no processo de fenação.
• Baixo consumo animal
O baixo consumo do feno está diretamente ligado à qualidade do mesmo.
Fenos de baixa qualidade limitam o consumo do animal, afetando sua
produtividade.
• Qualidade do feno
Um feno de boa qualidade é aquele que provem de uma forrageira
cortada no momento adequado, que passou por uma secagem bem feita, rápida
e sem ocorrência de chuvas. É proveniente de um solo bem adubado, isento de
ervas espontâneas, fungos e doenças. Fenode boa qualidade apresenta cor
verde característica, maciez ao tato e excelente aroma.
Assim a qualidade do feno é função de diversos fatores, sendo os
principais:
- Época de corte (qualidade x produtividade)
- Espécie forrageira utilizada
- Processo de secagem – duração - relação caule: folha
espessura do caule
comprimento do caule
- Processo de armazenamento (grau de umidade)
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Tabela 9. Teores de proteína (%), digestibilidade de proteína, fibra e matéria seca
sobre as características do feno.
Característica Feno verde Feno marrom Feno preto
% Proteína 21,5 21,0 21,0
Dig. da proteína 67,0 16,0 3,0
Dig. da fibra 41,0 36,0 14,0
Dig. da Matéria
seca
60,0 41,0 27,0
Os fenos, marrom e preto foram armazenados com alto grau de umidade.
• Processo de fenação
O processo de fenação consiste no corte e secagem da forragem, sendo
que o estádio de desenvolvimento da forrageira no momento do corte é sem
dúvida o fator que exerce maior influencia sobre a produtividade e qualidade do
processo.
A recomendação que encontramos normalmente na prática é que o capim
seja cortado no mês de março, para se evitar a ocorrência das chuvas, entretanto
esta recomendação não é adequada, pois a maioria das forrageiras colhidas
nesta época apresentam-se muito maduras e com baixo valor nutritivo.
O ideal para a fenação é associar a produtividade com o valor nutritivo,
assim o corte da forragem (dependendo da espécie) deve ser feito entre 30-50
dias na época de verão, sendo necessário, em média, 30 horas para a secagem
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do capim. O processo de secagem deve ser feito o mais rápido possível e no
caso das forrageiras que apresentam elevada relação caule-folha recomenda-se
a utilização de uma segadeira condicionadora (esmaga o caule).
Para que o feno possa ser armazenado é necessário que a planta atinja
valores de umidade entre 12-15% (ponto de feno). Fenos armazenados com
umidade mais elevada podem sofrer fermentações que afetam seu valor nutritivo.
2.2 Concentrados
São alimentos ricos em energia e/ou proteína e contem menos de
18% de FB na matéria seca. Os alimentos concentrados são divididos em
energéticos e protéicos.
2.2.1 Concentrados energéticos
São alimentos, segundo a classificação internacional que possuem
FB< 18% e PB<20%. Incluem a maioria dos grãos alimentícios e seus
subprodutos e as gorduras e óleos. Apresentam as seguintes características
nutritivas gerais:
• Fornecem muita energia por unidade de peso.
• Possuem baixo teor de fibra.
• Possuem baixo teor de proteína.
• Qualidade da proteína variável (geralmente baixa).
• Médio nível de fósforo e baixo nível de cálcio.
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• Podem ser de duas origens: vegetal: grãos, cereais (milho, trigo,
aveia) ou animal (sebo).
2.2.1.1 Principais concentrados energéticos
a) Milho
O milho é considerado o concentrado energético padrão, é amplamente
utilizado na alimentação animal, participando de 30 a 80% das misturas
concentradas. Sua substituição decorre geralmente de problemas econômicos e
de disponibilidade.
a.1)Características gerais
Tabela 10. Composição bromatológica do milho grão, milho desintegrado palha e
sabugo (MDPS) e gérmen de milho (Refinazil®) com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P (%)
Milho grão 87,64 9,11 87,24 13,98 0,03 0,25
MDPS 87,81 7,71 65,53 31,80 0,04 0,21
Refinazil® 89,42 10,03 86,25 29,79 0,02 0,31
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
• Alta palatabilidade
• Teor elevado de carboidratos (78-83% da MS)
• Baixa fibra
• Baixo teor protéico (principalmente os aminoácidos triptofano e lisina)
• Baixo teor de cálcio
Bromatologia
30
a.2) Utilização:
• Aves e suínos: até 80% da ração.
• Ruminantes: até 70% da ração, com moagem de média a grossa (acidose) e
para vacas leiteiras deve se mantiver um nível mínimo de FDN de 28%.
• Coelhos: até 33% da ração (níveis superiores a 50% provocam incidência de
diarréia).
b) Sorgo
Tabela 11. Composição bromatológica do grão de sorgo com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P (%)
Sorgo 87,90 9,54 80,35 14,21 0,04 0,28
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
Apresenta composição semelhante a do milho, com um pouco a menos de
energia e um pouco mais de proteína e baixa quantidade de carotenos.
O sorgo possui valores de tanino que podem chegar de 2,0-2,5%,
dependendo da variedade. O tanino é um composto polifônico considerado um
fator antinutricional, pois se liga aos aminoácidos interferindo negativamente em
sua digestibilidade e também na palatabilidade do alimento.
No trato gastrintestinal (TGI) o tanino é hidrolisado até Acido gálico e
excretado como metil-ácido gálico, usando a metionina e a colina como doadores
do grupo metil.
A concentração de tanino depende da variedade, não sendo
recomendadas variedades de alto tanino para monogástricos.
Bromatologia
31
b.1) Recomendações:
• Vacas leiteiras: Substitui o milho. Deve ser fornecido moído.
• Aves: Substitui no máximo 50% do milho da ração. Devido à baixa
concentração de carotenóides deve se adicionar pigmentos.
• Coelhos: até 33% da ração.
• Eqüinos: Tem efeito constipante. Deve ser dado em mistura com o farelo de
trigo.
c) Farelo de Trigo
Tabela 12. Composição bromatológica do farelo de trigo com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P (%)
Farelo de trigo 88,01 16,63 72,43 44,30 0,22 1,00
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
Possui um teor médio de NDT e PB. Rico em niacina, tiamina, fósforo e
gordura (EE 4 – 5%). Devido a esse alto teor de gordura o farelo de trigo possui
certo efeito laxativo e também rancifica facilmente.
c.1) Recomendações:
Na prática o farelo é empregado na proporção de 5-20% nas misturas
concentradas e quando adicionado à dieta esta não deve ser armazenada por
período de tempo superior a quatro semanas.
• Eqüinos: Embora seja um bom alimento para eqüinos (efeito laxante), sua
quantidade na ração deve ser limitada devido à alta concentração de fósforo
(doença da cara inchada ou doença do farelo)
Bromatologia
32
• Suínos: Animais em crescimento: até 10% e matrizes de 10-25%.
• Coelhos: 10 a 30% da ração.
d) Polpa cítrica
Tabela 13. Composição bromatológica da polpa cítrica com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT
(%)
FDN
(%)
Ca (%) P (%)
Polpa cítrica 91 7 77 23 1,84 0,12
É um alimento concentrado energético muito utilizado no EUA desde
1911. É formada pela casca, bagaço e semente da laranja sendo pobre em PB e
fósforo e rica em energia e cálcio.
Apesar de ser considerado um alimento concentrado, do ponto de vista da
fermentação ruminal possui características que a colocam entre volumosos e
concentrados (altos níveis de carboidratos solúveis e altos níveis de FDN e FDA
– pectina). Devido a estas características a polpa cítrica possui uma efetividade
de fibra que varia entre 30 a 70%, muito superior quando comparada com os
demais concentrados ( 0 a 25%).
d.1)Recomendações:
O principal uso da polpa cítrica é na alimentação de ruminantes
substituindo parte dos grãos e cereais, podendo chegar a 20% da MS ou 4
Kg/cabeça/dia.
• Vacas em lactação: Até 20% da MS ou 4 Kg/cabeça/dia (Ca/P)
Bromatologia
33
• Vacas secas e novilhas: Até 30% da MS.
• Bezerros até 60 dias: O uso não é muito recomendado devido a baixa
palatabilidade (Maximo 10% da MS)
• Bezerros acima de 60 dias: Até 30% da MS com um período de adaptação
gradual.
e) Melaço
Tabela 14. Composição bromatológica do melaço com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT
(%)
FDN
(%)
Ca (%) P (%)
Melaço94 10 70 0 1.10 0.15
Muito utilizado como palatabilizante, é rico em açucares, cálcio, magnésio
e potássio. Apresenta limitação do uso devido ao nitrato que em excesso causa
diarréia.
e.1) Recomendações:
• Vacas em lactação: até 5%.
• Gado de corte (confinamento): até 8%
• Caprinos e ovinos: até 5%
• Eqüinos: até 3%
• Suínos: até 2%
• Aves: até 1,5%
Bromatologia
34
2.2.2 Concentrados protéicos
Alimentos concentrados que possuem PB> 20% e por esta razão são
alimentos de custo elevado, que devem ser utilizados de forma racional para
suprir o déficit protéico dos alimentos energéticos e volumosos.
Os alimentos protéicos podem ser subdivididos em dois grupos: os de
origem animal e os de origem vegetal.
• Origem animal: constituídos de resíduos industriais de pescado, frigoríficos e
abatedouros. Ex.: farinha de peixe, farinha de sangue. Atualmente seu uso
está proibido.
• Origem vegetal: constituídos pelas sementes ou resíduos industriais de
oleaginosas.
Normalmente estas sementes oleaginosas possuem substancias
inibidoras (anti-tripsina) e tóxicas (gossipol). Felizmente essas substâncias são
desativadas durante o processo de obtenção de óleo e seu uso para os
ruminantes é bastante seguro, ao passo que para monogástricos, ainda existem
limitações devido à incompleta desativação das mesmas.
No caso especifico do gossipol, ele é bastante resistente à temperatura e
a utilização do farelo de algodão na ração de monogástricos deve ser limitada, já
para ruminantes os microrganismos do rumem são capazes de inativar
parcialmente o gossipol, portanto, dificilmente ocorrem problemas de intoxicação
no animal adulto.
Bromatologia
35
2.2.2.1 Principais concentrados protéicos:
a) Farelo de soja
Tabela 15. Composição bromatológica do farelo de soja com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT
(%)
FDN
(%)
Ca (%) P (%)
Farelo de soja 88,61 48,78 81,54 14,62 0,34 0,58
Soja grão 91,18 39,01 84,50 17,52 0,27 0,53
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
O farelo de soja é um subproduto da extração do óleo e representa o
suplemento protéico mais produzido no mundo. Possui um perfil e aminoácidos
excelentes e quando combinado com o milho ou sorgo o único aminoácido
limitante é a metionina.
O nível de proteína no farelo de soja é variável, reflexo principalmente do
tipo de processamento que pode resultar em um subproduto que contem ou não
a casca.
a.1)Características gerais:
• Alta proteína. (40 – 51%)
• Excelente fonte de triptofano, lisina, e treonina.
• Baixa metionina.
• Presença de inibidor de tripsina.
O inibidor de tripsina é um fator antinutricional que diminui a digestão da
Bromatologia
36
proteína ingerida (40% em média), reduzindo principalmente as taxas de
crescimento e produção de ovos. Este inibidor é inativado pelo processamento
(calor) da soja, assim no farelo de soja corretamente processado a atividade é
mínima, enquanto que no grão de soja cru a atividade é alta.
a.2) Recomendações:
• Farelo de soja: Usado para todas as espécies, particularmente para
monogástricos no teor médio de 20-30% da ração.
• Soja grão cru: Deve ser evitado para monogástricos devido ao inibidor de
tripsina. Vacas em lactação: até 2.0 Kg/cabeça/dia.
• Soja grão tostado: Frangos de corte: até 25% da ração. Porcas em gestação:
pode ser a única fonte de proteína
b) Caroço de algodão
Tabela 16. Composição bromatológica do caroço de algodão com base na matéria
seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT
(%)
FDN
(%)
Ca (%) P (%)
Caroço de algodão 90,64 22,62 81,92 46,04 0,33 0,75
Farelo de algodão 90,18 35,05 63,93 28,50 0,24 0,85
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
O caroço de algodão é resultante da remoção do línter para fins têxteis. É
um subproduto rico em óleo (alto NDT), proteína e com bons níveis de fibra,
Bromatologia
37
entretanto devido as presença do gossipol não é indicado para monogástricos e
animais em reprodução (touros).
b.1) Utilização:
• Bovinos de engorda: 2,5 – 3.0 Kg/animal/dia.
• Touros: não é recomendado.
• Vacas de leite: 3 – 4 Kg /animal/dia
O farelo de algodão é um subproduto obtido a partir dos caroços
descascados e esmagados para extração do óleo, contem altos teores de
proteína e fósforo, níveis médios de energia e baixa fibra e cálcio.
O farelo de algodão também possui o gossipol com teores variando de
0.03 – 0.2%, por este motivo é empregado na ração de ruminantes mas de uso
restrito na ração de monogástricos.
• Suínos: somente em fase de terminação.
• Aves: não é recomendado sua utilização (pigmento na gema “ovos verdes”).
c) Farinha de carne, sangue, carne e ossos, cama de frangos
Devido à doença de “vaca louca” estes produtos têm seu uso proibido na
alimentação de ruminantes no Brasil.
Passiveis de uso na alimentação de Não ruminantes, pois é uma grande
fonte de PB e cálcio.
Tomar cuidado com o tempo de armazenamento de rações contendo
farinha de carne e ossos, pois podem sofrer alterações físico-quimicas e
deteriorização por diversas estirpes microbianas patogênicas, causando
intoxicação aos animais podendo levar a óbito.
Bromatologia
38
2.3 Minerais
Constituem os compostos minerais utilizados na alimentação. A escolha
da fonte mineral utilizada deve ser criteriosa levando-se em consideração a
concentração do elemento na fonte e também a disponibilidade do mesmo.
Os minerais exercem funções extremamente variadas no organismo
animal e incluem:
• Participação na formação do tecido conectivo
• Manutenção da homeostase dos fluidos orgânicos
• Manutenção do equilíbrio da membrana celular
• Ativação das reações bioquímicas através da ativação de
sistemas enzimáticos
• Efeito direto ou indireto sobre as funções das glândulas
endócrinas
• Efeitos sobre a microflora simbiótica do trato gastrointestinal
• Participação do processo de absorção e transporte dos
nutrientes no organismo.
2.3.1. Classificação
Os minerais podem ser classificados segundo as suas necessidades
orgânicas em macrominerais e microminerais (considerados aditivos). A
concentração elementos minerais essenciais no organismo animal, reflete as
suas exigências dietéticas.
Estudos recentes demonstram que a utilização de minerais quelatados,
Bromatologia
39
principalmente em dietas de ruminantes, melhora o desempenho destes animais
por permitir uma maior absorção dos minerais.
As fontes minerais podem ser fornecidas aos animais incorporados à dieta
ou em cochos exclusivos para sal mineral onde o consumo deve ser a vontade.
Ex.: fontes de minerais: calcário, sal comum, sulfato de cobre, sulfato e
magnésio, etc.
2.3.2. Funções
a) Cálcio – Essencial para formação e manutenção óssea
Importante para o desenvolvimento e manutenção dos
dentes
Essencial para a secreção normal de leite
Produção e qualidade da casca dos ovos
Participa da contração dos músculos esqueléticos e
cardíacos
b) Sódio - Regulador do volume dos fluidos do corpo, pH e as
relações osmóticas do organismo.
Absorção e transporte dos nutrientes para as células
c) Fosforo - Participação do esqueleto
No metabolismo enérgico (ATP, GTP, UDPG, etc).
Ligação DNA-RNA
d) Potássio - Regulador do volume dos fluídos intracelulares, mantendo
pH e as relações osmóticas no interior das células
Bromatologia
40
Ativador de sistemas enzimáticos, principalmente enzimas
da mitocôndria
e) Cloro - Contribui para a tonicidade da resistência iônica do meio
extra e intracelular
Formação de HCl gástrico.
f) Magnésio - Envolvido em todas as reações de transferência de
ligações ricas em energia (ATP-Mg, GTP-Mg, etc).
Estreitamente envolvido no metabolismo de carboidratos,
gorduras, proteínas e ácidos nucléicos, etc.
g) Enxofre - Um dos componentes da cartilagem.2.4 Aditivos
a) Introdução
Qualquer substância adicionada intencionalmente à ração animal, que
normalmente não se consome como tal, nem se usa normalmente como
ingrediente característico do alimento, tenha ou não valor nutritivo, com o
objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou
sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento,
embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de
um alimento para animais, bem como influir positivamente na melhoria do
desempenho dos animais. Ao agregar-se poderá resultar em que o próprio
aditivo ou seus derivados se convertam em um componente de tal alimento.
Bromatologia
41
O uso de aditivos na ração animal diminui a poluição ambiental, pois
proporciona o melhor aproveitamento das matérias-primas que a compõe.
Conseqüentemente, o melhor ajuste da dieta resulta na redução da excreção de
componentes, como fósforo e nitrogênio, que podem tornar-se contaminantes de
solo, água e ar.
b) Regulamentação
O conceito de microingredientes utilizado no setor da produção animal
costumeiramente se aplicava à categoria de aditivos nutricionais da legislação
internacional (Cfe. Reg. 1831/2003 de 22/09/2003 do Parlamento Europeu).
Entretanto, a partir de nova regulamentação do MAPA, a Instrução
Normativa No.13 de 30/11/04, segundo orientações do Codex Alimentarius, as
categorias de aditivos passam a ser:
Aditivos nutricionais
a. vitaminas, provitaminas, e substâncias quimicamente definidas de efeitos
similares;
b. oligoelementos ou compostos de oligoelementos (microminerais);
c. aminoácidos, seus sais e análogos;
d. uréia pecuária e seus derivados.
Aditivos tecnológicos
a. adsorventes;
b. aglomerantes;
Bromatologia
42
c. antiaglomerantes;
d. antioxidantes;
e. antiumectantes;
f. conservantes;
g. emulsificantes;
h. estabilizantes;
i. espessantes;
j. gelificantes;
k. regulador da acidez;
l. umectantes
Aditivos sensoriais
a. corante e pigmentantes;
b. aromatizantes;
c. palatabilizantes
Aditivos zootécnicos
a. enzimas;
b. probióticos;
c. prebióticos;
d. simbióticos;
e. nutracêuticos;
f. ácidos orgânicos;
g. promotores de crescimento e/ou eficiência alimentar
Aditivos Anticoccidianos
a. anticoccidianos.
Bromatologia
43
2.4.1. Aditivos Nutricionais
Toda substância utilizada para manter ou melhorar as propriedades
nutricionais do produto.
2.4.1.1. Vitaminas
Incluem as vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. Podem ser
suplementados incorporados na ração, incorporados ao sal mineral ou ainda na
forma injetável.
2.4.1.2. Microminerais
Também conhecidos como oligoelementos ou compostos de
oligoelementos, os sistemas de produção variam em relação aos tipos de
sais: inorgânicos, orgânicos; e também com a origem das matérias-primas:
metálica ou mineral. Na sua grande maioria a produção é direcionada para os
produtos inorgânicos: sulfatos, óxidos e carbonatos. A produção dos
microminerais na forma orgânica é uma ligação de uma molécula inorgânica
com uma orgânica (aminoácidos, peptídeos, leveduras, proteínas, etc). A
fração orgânica pode ser obtida por: hidrólise parcial ou total de uma proteína
utilizando-se ácidos, enzimas ou síntese de aminoácidos.
a) Ferro – Presente na molécula de hemoglobina e mioglobina
transporte de O2 (respiração
Participa de enzimas e coenzimas (citocromos, peroxidases
– cadeia respiratória).
Participa de produtos (1 ovo = 1 a 1,5 mg de Ferro; leite = 1 a
Bromatologia
44
1,2 mg/litro), etc.
b) Cobre – Essencial na formação óssea
Essencial na manutenção da mielina do sistema nervoso
Envolvido na síntese de queratina, principal componente do
pelo.
c) Manganês – Ativador de várias enzimas (arginase, fosfatase,
tiaminase, desoxiribonuclease, enolase, glicosiltransferases)
Essencial na reprodução e funcionamento normal do sistema
nervoso central.
d) Zinco - Participa de vários sistemas enzimáticos (anidrase carbônica,
desidrogenases, peptidades, fosfatases)
Envolvido em todo processo de multiplicação celular.
e) Selênio – Está associado à vitamina E
No Brasil não à incidência de deficiência de selênio, pois
apresenta solos mais ácidos o que favorece a absorção de
selênio pelas plantas
f) Iodo - Integrante dos hormônios da tireóide
Possui ação calorigênica nos animais homeotérmicos,
através dos hormônios tireoideanos que atuam aumentando
a atividade da mitocôndria, havendo maior consumo de O2 na
célula, aumentando a respiração mitocondrial sustentando a
termogênese orgânica
Bromatologia
45
2.4.1.3. Aminoácidos
Os aminoácidos são as unidades básicas da proteína, nutriente
fundamental da alimentação. Eles são encontrados em todos os alimentos, de
origem animal ou vegetal, que contenham proteínas.
Fontes sintéticas de aminoácidos são rotineiramente utilizadas nas rações
de aves e suínos. As fontes mais utilizadas são as que fornecem metionina, lisina
e triptofano.
A lisina é produzida como um sal hidroclorido e tem cerca de 79% de
lisina ativa, já a metionina está disponível de diversas formas e o percentual de
metionina ativa pode variar de 45% (sal sódico de metionina) a 99% (metionina
DL).
O triptofano não é um aminoácido limitante em dietas de aves e a
tendências de uso se volta mais para suínos.
Bromatologia
46
Funções dos principais aminoácidos:
Aminoácidos e Análogos Funções Biológicas
L-Lisina Elemento estrutural das proteínas,
nucleotídeos e componente das
enzimas. Importância na formação
dos colágenos e tecidos ósseos
L-Treonina Importante elemento estrutural da
proteína com funções de
estabilização destas estruturas
L-Triptofano Elemento estrututal da proteína,
precursor da serotonina que atua
diretamente no apetite animal
L-Glutamina Precursor na síntese de
aminoácidos, nucleotídeos, ácidos
nucléicos, fonte energética de
células de proliferação rápida e com
função na manutenção da
integridade da mucosa intestinal
DL-Metionina Elemento estrutural das proteínas,
enzimas e precursor da cisteína e
dos peptídeos glutation como
iniciador da biosíntese protéica
como doador do grupo metil
Hidroxi Análogo de Metionina
HMTBA
a. Precursor da metionina, elemento
estrutural das proteínas, enzimas
precursor da cisteína e dos
peptídeos glutation como iniciador
da biosíntese protéica como doador
do grupo metil
b. Função acidificante com ação
antibacteriana e antifúngica.
Bromatologia
47
HMBI Precursor na síntese de
aminoácidos, nucleotídeos, ácidos
nucléicos, fonte energética de
células de proliferação rápida, com
alto valor by-pass no rúmem.
2.4.1.4. Uréia
Tabela 17. Composição bromatológica da uréia com base na matéria seca.
Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) FDN (%) Ca (%) P (%)
Uréia 97,53 282,02 0 0 0 0
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2006)
A uréia é uma fonte de nitrogênio não protéica que só pode ser utilizada
pelos ruminantes, sendo necessário o fornecimento de energia e aminoácidos
para o seu adequado aproveitamento.
A uréia contem 45% de N e por isso o seu equivalente protéico é cerca de
280% (45 x 6.25 = 281).
Bromatologia
48
• Uréia no rúmen
URÉIA CO2 + NH3
+ (amônia)
urease
NH3
+ + esqueleto de carbono proteína bacteriana.
bactéria
NH3
+ (excesso) circulação animal (passa pela parede do
rúmen)
NH3
+ (transporte passivo): passa com rapidez
NH4 (transporte ativo): passagem lenta.
Usa-se vinagre para acidificar o rúmen.
- Fornecimento de uréia
- Concentrado: ideal 30% da PB como nitrogênio não protéico, evitar
mistura com soja e parcelar o fornecimento.- Volumosos: preparar soluções com água de distribuir uniformemente.
- Mistura mineral: misturas com até 50% de uréia, diminui o consumo,
altamente solúvel (fazer furos nos cochos)
• Cuidados com o fornecimento:
- Fazer adaptação dos animais.
- Fornecer fontes de enxofre e cálcio.
- Usar no máximo 40g/100 Kg de peso vivo.
Bromatologia
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• Intoxicação:
- Tremores musculares
- Salivação
- Convulsões
- Em caso de intoxicação por uréia deve-se administrar via oral 6 litros de
ácido acético/animal e repetir o procedimento após 3 horas.
2.4.2. Aditivos tecnológicos
Qualquer substância adicionada ao produto destinado à alimentação
animal com fins tecnológicos.
2.4.2.1. Aglomerantes
São substancias com propriedade de aglutinar peletes melhorando a
textura das rações.
Vantagens:
- Aumento da densidade física (reduzindo custos de transporte)
- Reduz a pulverência
- Reduz desperdício nos comedouros
- Elimina seleção de ingredientes.
Desvantagens:
- Custo
- Destrói 10 - 20%de antibióticos e vitaminas.
- Em ruminantes aumentam a taxa de passagem e por conseqüência
Bromatologia
50
diminuem a digestibilidade.
- Substancias mais usadas: bentonita (2,5%) e caulim (1 – 2,5%)
2.4.2.2. Antiaglomerantes: Substância que reduz a tendência das
partículas individuais de um alimento a aderirem-se umas às outras.
2.4.2.3. Antioxidantes
Substâncias que prolongam o período de conservação dos alimentos e
das matérias-primas para alimentos, protegendo-os contra a deterioração
causada pela oxidação. Os principais antioxidantes são: BHT e BHA.
2.4.2.4. Adsorventes
Substância capaz de fixar moléculas.
2.4.2.5. Antiumectantes
Substância capaz de reduzir as características higroscópicas dos
alimentos.
2.4.2.6. Conservantes
Substância, incluindo os auxiliares de fermentação de silagem ou,
nesse caso, os microorganismos que prolongam o período de conservação
dos alimentos e as matérias-primas para alimentos, protegendo-os contra a
deterioração causada por microorganismos.
2.4.2.7. Emulsificantes
Substância que possibilita a formação ou a manutenção de uma
Bromatologia
51
mistura homogênea de duas ou mais fases não miscíveis nos alimentos.
2.4.2.8. Estabilizantes
Substância que possibilita a manutenção do estado físico dos
alimentos.
2.4.2.9. Espessantes
Substância que aumenta a viscosidade dos alimentos.
2.4.2.10. Gelificantes
Substância que dá textura a um alimento mediante a formação de um
gel.
2.4.2.11. Regulador de Acidez
Substância que regula a acidez ou alcalinidade dos alimentos.
2.4.2.12. Umectantes
Substância capaz de evitar a perda da umidade dos alimentos.
2.4.3. Aditivos sensoriais
Qualquer substância adicionada ao alimento para melhorar ou
modificar as propriedades organolépticas destes ou as características visuais
dos alimentos. Incluem os seguintes grupos funcionais:
2.4.3.1. Pigmentantes e Corantes
Substância que confere ou intensifica a cor aos alimentos.
2.4.3.2. Aromatizantes
Substância que confere ou intensifica o aroma dos alimentos.
2.4.3.3. Palatabilizantes
Bromatologia
52
São substâncias que se agregam aos alimentos dos animais buscando
estimular o consumo, proporcionando sabores mais agradáveis aos
ingredientes da dieta, estimulando assim os órgãos olfativos e gustativos. No
caso de animais a maioria dos flavorizantes apenas adiciona um sabor,
principalmente o sabor doce (preferido por bovino, coelhos e cavalos).
2.4.4. Aditivos zootécnicos
Qualquer substância utilizada para influir positivamente na melhoria do
desempenho dos animais. Incluem os seguintes grupos funcionais: digestivo,
equilibradores da flora intestinal e melhoradores de desempenho.
2.4.4.1. Enzimas
Enzimas são proteínas de alta complexidade molecular, que sob
condições específicas de umidade, temperatura e pH atuam sobre substratos
específicos.
Existe um enorme número de enzimas divididas em classes
(Oxidoreductases, Transferases, Hidrolases, Lyases, Isomerases, Ligases). Para
a nutrição animal utiliza-se exclusivamente as Hidrolases, e estas por sua vez
estão divididas em:
Classe Nome (Exemplos) Função
Phosphatases Fitases Responsáveis pela liberação do
Bromatologia
53
fósforo do ácido fítico dos
vegetais, melhorando a
absorção deste e diminuindo a
necessidade de adição do
fosfato à ração.
Glycosidades
(Carbohydrases)
Xylanases,
Beta-glucanases,
Amilases
Melhoram a viscosidade da
ração, além de tornarem
digeríveis partes dos vegetais
que antes eram indigeríveis,
melhorando, deste modo, a
digestibilidade da ração.
Proteases Metaloprotease Permitem um melhor
aproveitamento de alguns tipos
de proteínas, melhorando a
absorção dos aminoácidos,
aumentando a digestibilidade
geral do alimento.
2.4.4.2. Probióticos
São inóculos de bactérias que melhoram o equilíbrio intestinal, afetando
beneficamente a nutrição e a saúde do hospedeiro. São cepas de bactérias
lactoprodutoras normalmente encontradas no TGI de animais sadios.
Mecanismos de ação:
- Produzem ácido láctico, que reduz o pH e por conseqüência reduz a
população de bactérias patogênicas.
- Produzem enzimas digestivas que atuam sinergicamente com os enterócitos.
- Previnem o aumento de aminas tóxicas (diminuição da população de
bactérias patogênicas).
Bromatologia
54
- Estimulam o apetite (mecanismo não conhecido).
O ácido láctico que desempenha fundamental papel não apresenta o
mesmo resultado quando dissociado das bactérias vivas.
A resposta animal é muito variável, na maioria das vezes a grande
resposta é no aumento da taxa de sobrevivência devido à redução das diarréias
bacterianas principalmente em bezerros, cordeiros e leitões.
2.4.4.3. Prebióticos
Ingredientes que não são digeridos pelas enzimas digestivas do
hospedeiro, mas que são fermentados pela flora bacteriana do trato digestório
originando substâncias que estimulam seletivamente o crescimento e/ou
atividade de bactérias benéficas e inibem a colonização de bactérias
patógenas ou indesejáveis. São compostos não digeridos por enzimas, sais e
ácidos produzidos pelo organismo animal, mas seletivamente fermentados
pelos microrganismos do trato gastrintestinal que podem estar presentes nos
ingredientes da dieta ou adicionados a ela através de fontes exógenas
concentradas (GIBSON & RO-BERFROID, 1995; ROY & GIBSON, 1999).
2.4.4.4. Simbióticos
São combinações de prebióticos e probióticos. Um caso clássico é
Bromatologia
55
uma dieta auxiliar a base de FOS e bifidobactérias. O que estes
microrganismos naturais e benéficos fazem, é uma fermentação dos
carboidratos complexos da dieta dirigida a ácidos graxos de cadeia curta
(acético, láctico, propiônico, butírico) e o pH médio resultante seria
responsável pela fisiologia que se traduz em menor inflamação, menor índice
de toxinas (a partir da repressão da outra flora, de maior risco, que gera
aminas e outros catabólitos de risco) e produção de vitaminas e bacteriocinas
(Lactobacillus produz bacteriocina que inibe o crescimento de bactérias
patogênicas).
2.4.4.5. Antibióticos
São utilizados nas rações com três objetivos:
- 10 a 50g /ton: promoção ou estímulo do crescimento.
- 75 a 100g /ton: prevenção de doenças.
- 150 a 500g/ton: curativos (rações medicamentosas).
Modo de ação:
- Inibem o crescimento de microrganismos competidores por nutrientes.
Inibem o crescimento e proliferação de microrganismos produtores de
substancias toxicas (NH3).
- Reduz a espessura da parede intestinal (facilita absorção).
RESULTADO: Aumento no consumo de água e alimentos, e por
Bromatologia
56
conseqüência melhora no desempenho.
Resposta animal aos antibióticos:
- Depende da espécie: frangos de corte até 10%; leitões até50Kg de 10
a15% de resposta; bezerros até três meses de 10 a 30% de resposta.
- Depende da categoria animal (animais mais jovens respondem melhor à
aplicação de antibióticos)
- Depende do manejo sanitário.
Antibióticos mais usados:
- Avilamicina
- Flavofosfolipol
Antibióticos proibidos:
- Cloranfenicol
Europa:
Proibido antibióticos como promotor de crescimento.
Proibido Clorafenicol, Tetraciclinas e sulfonamidas.
2.4.4.6. Ácidos Organicos
Os ácidos orgânicos apresentam efeitos fisiológicos relacionados com o
sistema imune, com o esvaziamento gástrico e motilidade intestinal, absorção de
minerais e água. São constituintes naturais de diversos alimentos, ocorrem no
trato digestivo e produtos do metabolismo intermediário dos animais.
- Funções
Bromatologia
57
Os ácidos orgânicos são de grande valia em nutrição animal por sua
capacidade em reduzir o pH dos alimentos, favorecendo a sua conservação,
exercem uma influência positiva a nível digestivo e metabólico, melhorando os
rendimentos produtivos dos animais, além de serem excelentes fontes de
energia.
Os ácidos orgânicos podem ser utilizados como conservantes,
antifúngicos, palatabilizantes, bacteriostáticos, catalisadores enzimáticos.
Nome Função
Bromatologia
58
Ácido Fórmico Ação bactericida na ração e alta
ação na redução da capacidade
tampão.
Ácido Acético Ação antilevedura na ração.
Ácido Propiônico Ação antifúngica na ração.
Ácido Láctico Ação bactericida na ração, na
preservação antibacteriana no
intestino delgado, na estimulação
das secreções pancreáticas, no
crescimento das células
intestinais e mediana ação na
redução da capacidade tampão.
Ácido Butírico Ação na estimulação das secreções
pancreáticas e no crescimento das
células intestinais.
Ácido Fumárico Ação bacteriostática na ração e alta
ação na redução da capacidade
tampão.
Ácido Cítrico Baixa ação bactericida na ração,
mediana ação na redução da
capacidade tampão.
Ácido Sórbico Excelente ação bactericida e
antifúngica na ração e na
preservação antibacteriana no
intestino delgado.
Ácido Benzóico Ação bactericida, antifúngica e
antilevedura na ração e na
preservação antibacteriana no
intestino delgado.
Acido de HMTB (HMTBA) Ação bactericida, antifúngica
antilevedura na ração e na
preservação antibacteriana no
Bromatologia
59
intestino delgado.
Além de ser precursor de L-
metionina
2.4.4.7. Promotores de crescimento
• Hormônios
São usados como aditivos nas rações ou na forma de implantes.
Alguns países aprovam legalmente o uso destes compostos enquanto em
outros o proíbem estritamente. Em geral os benefícios e a eficiência dos
hormônios têm sido bem demonstrados e seu uso é benéfico a saúde animal,
desde que usado dentro das recomendações.
Mecanismos de ação:
- Promovem a síntese protéica.
- Reduzem a gordura na carcaça.
- Aumentam o crescimento ósseo
- Agem melhor na fase de acabamento-engorda, em criações com boas
condições higiênicas e bom plano nutricional.
Classificação:
- Esteróides endógenos (naturais): estradiol-17-beta, testosterona e
progesterona, 60-80 dias não tem carência; Synovex S (steeroid)
recomendado para machos e contem progesterona e estradiol; Synovex H
Bromatologia
60
(hefeiroid) recomendado para fêmeas e contem testosterona.
Estes esteróides estão presentes normalmente no organismo animal,
entretanto a taxa de produção e os níveis plasmáticos variam de acordo com
o sexo, idade e estado fisiológico.
Nas doses de implante: (<20mg para o estradiol e <200mg para
testosterona e progesterona) e observando o prazo de carência (60-90 dias)
não é possível distinguir entre animais tratados e não tratados.
Aspectos que devem ser levados em consideração:
1) Apresentam baixa disponibilidade quando ingeridos porque são
rapidamente degradados.
2) O implante é feito na orelha (local onde pode haver uma maior
concentração do hormônio)que não faz parte da carcaça.
3) Mesmo para faixa mais sensível (crianças pré-púberes) as
quantidades são menores que as circulantes apresentando pouca chance de
interagir com o metabolismo endócrino.
- Esteróides exógenos:
Trembolona, Zeranol, Dietilbestrol.
São compostos mais resistentes às biotransformações possuindo
maior atividade que os endógenos.
O Dietilbestrol (Stimplants e Vigain) possui potencial carcinogênico e
mutagênico sendo proibido na maioria dos países.
O Zeranol (Ralgro 60dias de carência) que é produzido por um fungo,
Bromatologia
61
não acumula nos tecidos enquanto a Trembolona acumula, devido às duvidas
sobre o uso seguro destes produtos eles são proibidos em alguns países.
- Repartidores de nutrientes
Os agonistas β-adrenégicos ou beta-agonistas são substâncias que
aceleram a oxidação dos ácidos graxos desviando esta energia para a síntese
de proteína.
Os agonistas β-adrenégicos mais estudados são o Clembuterol e o
Cimaterol, eles aumentam a deposição de proteína (em torno de 15%) e
reduzem a deposição de gordura (em torno de 18%). Estes efeitos são mais
notados em machos castrados e fêmeas.
Estas substâncias apresentam um curto prazo de carência e não
apresentam riscos à saúde humana. Entretanto existem alguns aspectos
negativos que devem ser observados:
- Em razão do período de carência, porcos apresentam ganho
compensatório de gordura que inutiliza a ação anterior.
- Porcos aumentam a necessidade de lisina.
- Redução na quantidade de glicogênio da carcaça (pobre glicólise pós-
morte).
- Exigem mais estudos.
Bromatologia
62
2.4.4.5. Manipulação ruminal
• Ionóforos
Alteram a permeabilidade da membrana de organismos gram-positivos
modificando a relação propionato: acetato, aumentando a eficiência da
fermentação ruminal. Ex.: monesina.
• Isoácidos
São ácidos graxos de cadeia curta ramificados, presentes
normalmente no liquido ruminal, sendo essenciais para as bactérias
celulolíticas que os utilizam para a síntese de alguns aminoácidos.
Em dietas de baixa qualidade, principalmente protéica, a ausência
destes isoácidos pode ser uma das causas do não acoplamento da energia
fornecida e a síntese microbiana. Nestas condições o fornecimento de
isoácidos pode elevar a digestibilidade da matéria seca e celulose.
• Tamponantes
São usados para alterar o pH ruminal, principalmente em rações de
vacas leiteiras onde o manejo alimentar se baseia em quantidades elevadas
de concentrados o reduz o pH ruminal levando a um quadro de acidose.
2.4.5. Aditivos Anticoccidianos
Substância medicamentosa utilizada para prevenção da coccidiose.
Bromatologia
63
Gabarito:
Ex 1:
Conversão Alimentar
Creche Crescimento Terminação
Lote 1 1,292 2,532 3,713
Lote 2 1,355 2,628 3,526
Eficiência Alimentar
Creche Crescimento Terminação
Lote 1 77,40 39,49 26,93
Lote 2 73,79 38,04 28,36
Ex 2:
CA – Dieta 1
CSM= 6,92 Kg/MS (silagem) + 3,47 Kg/MS (concentrado) = 10,39 Kg/MS de
ração
CA=CMS/GPD = 10,39/1,10 = 9,46
CA – Dieta 2
CSM= 8,36 Kg/MS (silagem) + 2,03 Kg/MS (concentrado) = 10,39 Kg/MS de ração
CA=CMS/GPD = 10,39/1,10 = 9,46
Conversão Alimentar
Dieta 1 9,46
Bromatologia
64
3 Nutrientes
Os principais nutrientes presentes nos alimentos são:
• Carboidratos
• Proteínas
• Lipídios
• Minerais
• Vitaminas
• Água.
3.1 Carboidratos
Os carboidratos são compostos orgânicos constituídos de átomos de
carbono, hidrogênio e oxigênio. São constituintes, de modo geral, de cerca de
Dieta 2 9,46
As duas dietas apresentaram a mesma CA, mas a Dieta 2 apresenta um
melhor aproveitamento, pois possui uma silagem de melhor qualidade (maior
NDT e PB), diminuindo a necessidade de ingestão de concentrado, o que reduz o
custo total com a alimentação.Bromatologia
65
75% da matéria seca das forragens e por isso representam a principal fonte
de energia para os ruminantes.
a) Principais funções dos carboidratos
- Fonte de energia
- Alimento de reserva (amido e glicogênio)
- Elemento estrutural (celulose e quitina)
b) Classificação dos carboidratos
Para fins de alimentação os carboidratos são classificados em
estruturais e não estruturais, devido a forma de aproveitamento pelo animal.
Os carboidratos não estruturais são plenamente disponíveis para os
animais, seja no íleo dos não ruminantes ou no retículo – rúmen dos
CHO’s
Não Fibrosos:
açúcares solúveis,
amido e pectina
Fibrosos:
celulose,
hemicelulose e
lignina (fenilpropano)
Bromatologia
66
ruminantes, já os polissacarídeos estruturais somente estão disponíveis
mediante a ação de microrganismos, assim somente os ruminantes
conseguem utilizar este tipo de carboidrato.
c) Digestão dos carboidratos (CHO’s)
• Não Ruminantes
Os animais não ruminantes utilizam somente os carboidratos não
estruturais, ou seja, os açúcares solúveis e o amido.
A digestão do amido em suínos começa na boca pela ação da amilase
salivar. Nas aves a boca (bico) tem a função de apreender e deglutir o
alimento, sendo que a saliva tem função apenas de umedecer o alimento não
tendo importância na digestão enzimática.
Após a deglutição o alimento nas aves fica armazenado no papo, onde
ocorre alguma digestão fermentativa (lactobacilos), entretanto para as
condições de criação atual esta digestão tem pouca importância.
Na seqüência tanto em aves como em suínos o alimento vai para o
estomago (suínos) e para o proventrículo (aves) onde sofrerá ação do HCl e
pepsina, sendo que para digestão dos CHO’s estas secreções exerce efeito.
Após a passagem pelo estômago o alimento chega ao intestino delgado
onde ocorre a maior digestão e absorção dos CHO’s.
Na luz do intestino ocorre ação de amilases pancreáticas que é
responsável pela quebra do amido em maltose e maltotriose que por sua vez
Bromatologia
67
sofrem ação de maltases intestinais que fazem a hidrólise com liberação da
glicose a qual fica apta para ser absorvida.
Fisiologia comparada dos animais domésticos:
• Suínos
- Boca – amilase
- Esôfago
- Estômago – HCL
- Intestino Delgado – amilase,
absorção
- Intestino Grosso – cólon,
fermentação microbiana dos
carboidratos estruturais.
• Aves
- Bico – apreensão do alimento
- Papo – digestão fermentativa
- Proventrículo – Trituração e
ação do HCL
- Intestino Delgado – amilase,
absorção
- Intestino Grosso- dois cecos,
fermentação microbiana da
fibra
Bromatologia
68
Ruminantes
Nos ruminantes a fermentação dos CHO’s ocorre no rúmem sendo
resultados das atividades físicas e microbiologicos. A fermentação anaeróbica
destes CHO’s dá origem a produção de AGV que representam a principal
fonte de energia para os ruminantes, atendendo até 80% das exigências
diárias.
Diferente dos Não Ruminantes, os Ruminantes conseguem aproveitar
tanto os CHO’s fibrosos quanto os CHO’s não fibrosos, devido a simbiose com
os microorganismos do rúmem que produzem celulase.
Os Carboidratos são utilizados pelos microorganismos para geração de
ATP e durante este processo, o resíduo da fermentação é então
disponibilizado para o animal (AGV).
Os CHO’s solúveis são fermentados neste esquema sem necessidade
de uma hidrólise prévia, já o amido e a celulose necessitam ser hidrolizados
(bactérias aminolíticas e celulolíticas).
Os CHO’s ao chegarem ao rumem são hidrolizados por bactérias
celulolíticas (celulose, enemi) e aminoliticas (amido) que liberam a glicose por
fermentação A glicose proveniente da quebra do amido, celulose,
hemicelulose e CHO’s solúveis do alimento são convertidos em AGV, com
liberação concomitante de AGV.
Os AGV’s formados atravessam a parede do rumem e são utilizados
pelo metabolismo animal.
Bromatologia
69
• Ruminantes
• Ruminantes
- Boca – substâncias tamponantes
- Retículo – eructação, ruminação
- Rúmen – fermentação dos carboidratos (estruturais e ñ
estruturais).
- Omaso – absorção de água e ácidos graxos voláteis
- Abomaso – HCL
- Intestino Delgado – pouca amilase, absorção
- Intestino Grosso – ceco, fermentação.
CHO’s fibrosos
CHO’s não fibrosos
Rúmem Microrganismos Glicose
Energia p/ MO
Piruvato
Energia p/ MO
AGV (animal)
Bromatologia
70
d) Função dos CHO’s
- Não Ruminantes
- Fornecer energia – (Ciclo de Krebs)
- Síntese de glicogênio (BEP)
- Síntese de gordura (BEP)
- Ruminantes
- Fornecer energia (acetato e butirato)
- Síntese de gordura (acetato e butirato)
- Síntese de glicose (propionato)
e) Aspectos sobre o uso de CHO’s na alimentação animal
- Não Ruminantes
- Utilizam CHO’s não estruturais
- Excesso de fibra: Diminui densidade energética
Diminui taxa de passagem
Diminui o consumo
• Enzimas fibrolíticas (celulases e Xilases)
• Aves
• Fase inicial:
- Saco vitelínico (não contem CHO’s)
- Alimentos que aumentem a glicose circulante (uso
de ácido propiônico?)
Bromatologia
71
• Modo geral: CHO’s com alto teor de amido e baixo teor de
fibra (milho)
• Suinos
• Leitões:
- Não adimitem ingredientes fibrosos
• Matrizes:
- Até 30 dias de gestação (dieta com alto teor de fibra)
(hemicelulose)
- A fibra diminui o estresse de fêmeas confinadas,
pois ocorre um aumento no nível de sociedade. (fibra
– hemicelulose – moída)
• Ruminantes
- Utilizar carboidratos fibrosos e não fibrosos.
- Fornecer quantidade mínima de carboidratos estruturais.
- Os carboidratos estruturais têm a função de manter as funções de
rúmen.
- Altas doses de concentrado implicam em grande quantidade de
amido no rúmen e por conseqüência diminui a ruminação e diminui
também o pH ruminal (acidose).
• Rações com escassez de fibra.
- Diminui a salivação
Bromatologia
72
- Diminui o pH do rúmem
- Queda no consumo de MS
- Diminui o teor de gordura no leite
- Aumenta os distúrbios metabólicos (acidose ruminal)
• Rações com excesso de fibra.
- Diminui a taxa de passagem
- Diminui o consumo
- Queda no desempenho
• Ideal: Rações com quantidades mínimas de fibras para
animais de alta produção.
- NRC gado leiteiro (2001): 25% de FND total e 19% de FDN
proveniente de forragem.
(alterado em função do processamento da forragem,
digestibilidade da forragem, forma de alimentação,
degradabilidade do amido e uso de subprodutos fibrosos)
- Rações com máxima quantidade de volumoso possível para
não comprometer o desempenho do animal.
-
• Enzimas Fibrolíticas
- 0,01 a 1%
- Acima de 15% atividade celulolitica
Bromatologia
73
- Pulverizadas sobre o volumoso antes da alimentação.
- Vacas no terço inicial da lactação.
3.2 Lipídeos
Os lipídeos são substâncias oleosas ou gordurosas formadas por ácidos
graxos que possuem como principal função fornecer energia parta os animais.
Os lipídeos encontram-se em maior quantidade em sementes (soja 18%,
algodão 23%) quando comparadas com forragens (4 – 6% em média).
a) Principais funções dos lipídeos
• Fonte de energia
• Componente das membranas celulares
• Ativadores de enzimas
• Atua no sistema de transporte de nutrientes
b) Classificação dos lipídeos
Os lipídeos ocorrem de duas formas distintas nos alimentos:
• Ácidos graxos livres
• Triglicerídeos (3 ácidos graxos combinados com uma molécula de
glicerol.)
Os ácidos graxos, tanto os livres como os combinados com o glicerol,
podem ser saturados ou insaturados. Essa diferença é importante no processo
deabsorção dos ácidos graxos.
Bromatologia
74
Os ácidos graxos insaturados possuem menor peso e são mais
facilmente absorvidos no intestino delgado, entretanto eles são mais
prejudiciais a nível ruminal, pois diminuem a digestão da fibra.
c) Digestão dos lipídeos
• Não ruminantes
No caso dos lipídeos a boca e o estômago não secretam enzimas que
hidrolisam estes compostos, apenas ocorre uma ação mecânica que aumenta
a superfície do lipídeo, facilitando a ação posterior das enzimas.
A emulsificação destes compostos ocorre no intestino com ação da bile,
lípase pancreática e intestinal.
Os lipídeos absorvidos podem ser depositados na forma de gordura
corporal ou usados como fonte de energia para processos vitais.
- Aves
Gordura da dieta (TG)
Quebra mecânica dos
glóbulos de gordura
Emulsificação com sais biliares
(ativa as lípases e aumenta a
superfície de contato dos
triglicerídeos)
Moela Duodeno
Jejuno Jejuno Enterócito
Ação das lípases
(triglicerídeos → AGL)
Absorção (AGL) (AGL → TG) Circulação.
Bromatologia
75
• Ruminantes
As bactérias do rumem possuem capacidade limitada em utilizar os
ácidos graxos, elas quebram os TG e liberam o glicerol + AGL; o glicerol é
utilizado para geração e o AGL pode ser incorporado à membrana da bactéria
ou sofre biohidrogenação.
No rumem o excesso de lipídeo prejudica a digestibilidade da fibra
porque exerce um efeito de cobertura. Além disso, o AGL, especialmente os
poliinsaturados exercem um efeito tóxico sobre os microorganismos (Gram+,
bactérias metanogênicas e protozoários), que procuram biohidrogenar este
AGL.
Assim o perfil dos AG que chegam ao duodeno para absorção é distinto
do perfil que foi oferecido. Em ruminantes encontramos no duodeno uma
grande quantidade de ácidos graxos não esterificados e uma proporção
pequena de AG polissaturados.
- Ruminante
Rumem Duodeno
Gordura da dieta (TG) Ação da lípase microbiana
(TG → AGL + glicerol)
Ação detergente com a bile
(AGL não aderido a partículas)
Jejuno Jejuno Enterócito
Ação das lípases
(Menor que nos não ruminantes)
Absorção (AGL → TG) Circulação.
Bromatologia
76
Tabela 18: Valores de pH, forma química e ação biliar de ruminantes e não
ruminantes.
Não Ruminantes Ruminantes
pH duodenal 6,0 – 7,0 3,0 – 5,0
Forma química TG AGL (aderidos a partículas)
Ação biliar Emulsificação (pk = 3,7) Taurocólico (pk = 1,5)
Fonte: BERCHIELLI et al. (2006)
d) Aspectos sobre o uso de lipídeos na alimentação animal
• Não Ruminantes
• Geral
- Uso 3 a 5%
- Alta densidade energética
- Melhora a palabilidade
Bromatologia
77
- Reduz o pó
• Aves:
- Nas aves jovens a absorção de gordura é limitada
- Mecanismos de digestão e absorção atingem plenitude
cerca de 2 a 3 semana pós-eclosão (absorção de gordura
aumenta com a idade)
• Suínos
- Diminui o incremento calórico (uso no verão)
- Maior eficiência no catabolismo
- Preço da gordura
- Uso de subprodutos + gordura
• Ruminantes
- Evitar excesso de gordura, especialmente com alta proporção de
AG poliinsaturados (compromete a digestão da fibra)
=
% gordura
suplementar
6 x %FDA (dieta)
% ácidos graxos insaturados na gordura suplementar
Bromatologia
78
3.3 Proteínas
São de fundamental importância na alimentação animal porque estão
intimamente relacionadas os processos vitais das células.
a) Funções
• Fonte de aminoácidos para síntese de proteína corporal
• Fonte de aminoácidos para síntese de hormônios e enzimas
• Fonte de aminoácidos para a síntese de anticorpos
• Transporte de nutrientes
• Regulação do metabolismo da água.
b) Classificação dos aminoacidos
Os aminoácidos são os resíduos da hidrólise das proteínas e do ponto
de vista da nutrição animal estes são classificados como:
• Aminoácidos essenciais: São aqueles que o organismo animal não
consegue sintetizar ou sintetizam de forma insatisfatória para atender a
exigência de mantença e produção, por isso devem ser adicionados a
dieta.
São eles: Arginina, Lisina Metionina, Fenilalanina, Treonina, Triptofano
e Valina.
Bromatologia
79
• Aminoácidos não essenciais: São aqueles que podem ser sintetizados
pelos animais, podem ser sintetizados a partir de AAUE ou AAE quando
necessário.
São eles: Alanina, Ácido Aspártico, Asparagina, Cisteína, Ácido
glutânico, Glutamina, Glicina, Prolina, Serina e Tirosina.
c) Utilização da proteína - Não Ruminantes.
Nos não ruminantes a digestão protéica inicia-se no estômago através
do ataque do HCL que desnatura a proteína e ativa o pepsinogênio. A pepsina
ativa ataca as ligações peptídicas iniciando o processo de hidrólise da
proteína.
No intestino delgado várias enzimas proteolíticas (tripsina,
quimiotripsina, carboxipeptidases) hidrolisam a proteína até a liberação dos
aminoácidos, os quais serão absorvidos.
Após a absorção os aminoácidos livres são utilizados para síntese de
proteína, síntese de glicose, síntese de gordura ou ainda deaminados e
degradados a CO2 e H2O.
d) Utilização da proteína – Ruminantes.
Proteína do
alimento e
NNP
No estômago
a proteína é
desnaturada
pela pepsina.
No intestino
ocorre o ataque
de enzimas
proteolíticas.
Após o ataque
os aa’s livres
são absorvidos
pelo animal.
Bromatologia
80
A proteína bruta contida nos alimentos dos ruminantes é composta por
uma fração degradável no rúmem e uma fração não degradável no rúmem.
Quando a proteína chega ao rúmem os microorganismos degradam a
fração PDR da PB e utilizam os aa’s e NH3 para à síntese de proteína
microbiana. A síntese desta proteína é dependente da energia proveniente da
degradação dos CHO’s, desta forma quando a velocidade da degradação
protéica no rúmem excede a velocidade de utilização destes compostos, o
excesso de amônia atravessa a parede ruminal e pode ser perdida via urina.
Após a fermentação ruminal, a proteína não degradada no rúmem e a
proteína microbiana são as fontes de proteína que chegam no intestino.
O processo de digestão no abomaso e intestino dos ruminantes é
parecido com o que ocorre com os não ruminantes.
Bromatologia
81
Proteína verdadeira
e NNP
NH3
+
NDT
Boca Intestino
Fezes
Proteína Proteina microbiana
Proteína corporal
“pool de aminoácidos”
Saliva
Fígado Proteína absorvida
proteina do leite excesso (urina)
oxidado (energia)
Rumen
Bromatologia
82
d.1) Degradação microbiana
• A proteína é hidrolisada fornecendo aminoácidos e NH3 (parcialmente)
• O nitrogênio não protéico (NNP) também é hidrolisado a NH3 .
d.2) Síntese de proteína microbiana
d.3) Destino da amônia (NH3)
• Transformar-se em proteína microbiana
Ser absorvida pela parede do rúmen, e daí ser transportada até o fígado
onde pode ser excretada ou reciclada na saliva.
d.4) Absorção pelo animal
Parte da proteína alimentar não degradada e a proteína microbiana
são atacadas a nível de intestino por enzimas proteolíticas,quando ocorre a
liberação dos aminoácidos e posterior absorção pelo animal.
e) Qualidade protéica
A avaliação de um alimento como fonte protéica depende principalmente
de 2 fatores:
• Da quantidade total de proteína
• Da proporção dos aminoácidos componentes de proteína
VB (valor biológico): fração da proteína digerida do alimento que pode
ser utilizada pelo animal para síntese de tecidos ou substancias orgânicas.
NNP e proteína verdadeira NH3 + energia (NDT) Proteína microbiana
Bromatologia
83
% da proteína digerida e absorvida que é retida pelo animal.
➢ Disponibilidade protéica
A proteína para ser de alta qualidade precisa estar disponível para o
animal. A celulose e a hemicelulose podem tornar a proteína contida na célula
inacessível para o ataque enzimático. Em outros casos a digestão pode ser
inibida por inibidores enzimáticos (inibidor de tripsina – soja crua).
O tratamento pelo calor também pode afetar a disponibilidade dos
aminoácidos (Reação de Mailard – complexação do grupamento amina com
açucares redutores).
➢ Perfil de aminoácidos
Proteínas que possuem abundância de aa’s indispensáveis são
consideradas de alta qualidade. Quanto mais o perfil de aa’s se aproxima dos
requisitos dos animais, maior será o VB.
Vale ressaltar que a dieta deve conter também uma quantidade
equilibrada dos aa’s não essenciais porque o metabolismo deamina os aa’s
essenciais para síntese que necessita.
f) Importância da qualidade protéica
Em ruminantes é difícil se trabalhar com qualidade protéica pois há
alteração do perfil de aa’s a nível ruminal. A qualidade protéica é mais
Bromatologia
84
importante quando se trata de animais de alta produção e os aminoácidos
limitantes para estes animais são lisina e metionina.
Para as aves os aa’s limitantes são: lisina, metionina + cisteina, treonina
e triptofano. Quando se trata de suínos os aa’s limitantes são: arginina,
histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina+ cisteína, fenilanina + tirosina,
treonina, triptofano e valina.
g) Aspectos sobre o uso da proteína na alimentação animal.
• Ruminantes
Ruminantes
• Proteína microbiana possui um bom perfil de aa’s (animais com até
4500 kg leite/lactação
• Animais de alta produção – PNDR
- 1° Fornecer PDR – para maximizar sintese microbiana
- 2° Fornecer PNDR – para complementar as exigências dsa
PM do animal.
• Fontes de PNDR: farinha de peixe, promil, farelo de soja tratado.
• Fontes de PDR: farelo de soja, soja grão, farelo de amendoim, farelo
de canola.
Utilizam NNP e proteína verdadeira
(animais de terminação pode ser única fonte)
Bromatologia
85
• Não Ruminantes
• Não utilizam uréia
• Balanceamento de aminoácidos
• Utilização de aminoácidos sintéticos.
3.4 Vitaminas
As vitaminas são substancias que não podem ser sintetizadas pelo
organismo animal e devem ser obrigatoriamente fornecidos através da
alimentação.
A ausência de vitaminas causa vários distúrbios que podem levar o
animal até a morte.
a) Funções
As vitaminas são muito específicas e não são utilizadas como fonte de
energia e nem como componente estrutural.
Sua função é permitir a ação de varias enzimas que atuam no
metabolismo e nos processos celulares.
b) Classificação
As vitaminas são divididas em dois grandes grupos:
• Vitaminas lipossolúveis: A, D, E e K.
• Vitaminas hidrossolúveis: vitaminas do complexo B e vitamina C.
c) Principais vitaminas e suas funções:
• Vitamina A: relacionada à visão, proteção da pele, sistema nervoso.
• Vitamina D: relacionada com a absorção de Ca.
• Vitamina E: antioxidante biológico.
Bromatologia
86
• Vitamina K: relacionada à coagulação sanguínea.
• Vitamina B1 : metabolismo dos carboidratos.
• Vitamina B2 : metabolismo dos carboidratos.
• Nicotinamida: metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas.
• Ácido pantotênico: metabolismo dos lipídeos.
• Vitamina B6 : metabolismo dos aminoácidos.
• Biotina: metabolismo dos aminoácidos.
• Ácido fólico: metabolismo da glicina.
• Vitamina B12 : metabolismo dos ácidos nucléicos.
• Colina: atividade lipotrópica.
• Vitamina C: formação da matriz protéica dos ossos.
d) Digestão:
Nos ruminantes os microrganismos do rúmen sintetizam a vitamina K e
as vitaminas do complexo B. A vitamina D e a vitamina C são sintetizadas pelo
próprio animal, sendo assim os ruminantes precisam receber somente as
vitaminas A e E.
Assim como os ruminantes os monogástricos são capazes de sintetizar
as vitaminas C e D, necessitando receber somente as vitaminas A, E, K e as
do complexo B.
e) Algumas vitaminas e seus precursores
• Vitamina A: β caroteno.
• Vitamina D: ergosterol.
Bromatologia
87
• Vitamina E: tocoferol.
• Vitamina K: menadiona.
3.5 Minerais
São compostos inorgânicos que não podem ser sintetizados pelos
animais e que devem ser integralmente fornecidos pela dieta.
a) Funções:
Os minerais desempenham diversas funções no organismo animal:
• Metabolismo energético (ATP).
• Constituintes de ossos e dentes.
• Manter regulada a pressão osmótica.
• Constituição de diversas enzimas e usados como cofatores enzimáticos.
b) Classificação:
Os minerais são divididos em dois grandes grupos:
• Macrominerais: Ca, P, Mg, K, Na. Cl e S.
• Microminerais: Fe, I, Cu, F, Mn, Mo, Zn, Co, Se, Cr, Ni.
c) Principais macrominerais e suas funções.
• Ca: esqueleto animal, coagulação sanguínea e regulação osmótica.
• P: esqueleto animal, metabolismo energético (ATP).
• Mg: trabalho muscular e nervoso.
Bromatologia
88
• K: função enzimática celular.
• Na e Cl: regulação de pressão osmótica.
• S: metabolismo das proteínas.
d) Digestão
Os minerais são absorvidos a nível de intestino dependendo de sua
forma física e também da presença ou ausência de outros nutrientes.
Alguns minerais competem entre si para serem absorvidos e, portanto, o
nível de um ou mais minerais afeta a taxa de absorção, é o caso, por exemplo,
da relação de antagonismo existente entre Ca x Zn e Cu x Mo, que não
possuem sítios específicos de absorção e, portanto, competem entre si.
No caso de ruminantes uma parte dos minerais é utilizada pelas
bactérias e o restante vai para o intestino delgado onde é absorvido, mas de
maneira geral os microrganismos aumentam a disponibilidade dos minerais.
A composição dos alimentos também influencia na absorção dos
minerais, exemplo disso são os alimentos que contem fitato, o fitato complexa
moléculas inorgânicas indisponibilizando-as para a absorção.
Bromatologia
89
e) Relação entre o desempenho animal e o nível de minerais na dieta.
A B
I II III
Região I: abaixo da exigência mínima do animal.
Região II: região onde a exigência é suprida sem atingir o nível de
toxidez.
Região III: Nível de toxidez.
A: exigência mínima para o animal produzir sem afetar o consumo, a
partir do ponto A não se tem mais nenhum ganho.
B: nível de toxidez (ponto máximo que pode ser suplementado)
Desempenho
animal
Nível na dieta
Bromatologia
90
3.6 Água
A água é o principal componente quantitativo do organismo (98% da
célula).
a) Funções
• Solventes (reações)
• Termoregulação. (alto calor específico)
• Evita mudanças na temperatura corporal (1g de água produz 2,45 J de
calor)
• Transporte de substâncias
• Transporte de resíduos
• Lubrificação (liquido sinovial)
• Processo de visão
b) Perdas de água
• Excreção renal
• Excreção fecal
• Evaporação
• Respiração
• Sudorese
Bromatologia
91
c) Fontes de água
• Água bebida
• Água dos alimentos
• Água metabólica
• A ingestão voluntária de água depende de vários fatores : temperatura,
quantidade de água contidanos alimentos e o nível de produção dos
animais)
• A ingestão de água tem alta correlação
• Quanto maior a quantidade de água ingerida junto com os alimentos
menor será a ingestão voluntária de água
Tabelab 19: Exigência de água por ruminantes em função da umidade do
alimento ingerido.
Umidade (10%) Consumo de água L/ Kg.ms-1
10% (Ração – Feno) 3,7
30% 3,3
50% 2,9
70% (Silagem de capim) 1,5
Água metabólica
• Proteína – 56g água/ 100g de proteína.
• Carboidratos – 45g de água/ 100g de CHO.
• Lipídeos – 119g de água/100g de lipídeos.
Bromatologia
92
• 23,5 g de água da respiração 12,3g de água metabólica.
d) Requerimento animal
• Sujeito a muitas perdas
• De difícil determinação
Tabela 20: Consumo médio de água esperado para as principais espécies
domésticas.
Espécie Quantidade ingerida
Bovinos de corte 22 -66 l/dia
Bovinos de leite 38 – 110 l/dia
Caprinos e ovinos 4 -15 l/dia
Suínos 11 – 19 l/dia
Aves 0,2 – 0,4 l/dia
e) Consumo de água pelos ruminantes
• Produção e lotação: disponibilidade de matéria seca e de água.
• A água fornecida aos animais pode ser oriunda de represas, lagoas,
diques, precipitação pluviométrica.
• Deve-se ter atenção quanto à distancia entre os pontos de água e a
qualidade da mesma.
• Os bebedouros podem ser de cimento, metálicos. Em terrenos declivosos
devem estar espaçados a cada 800m e em terrenos planos a cada 1600.
Bromatologia
93
• O dimensionamento de um bebedouro dever levar em consideração
alguns aspectos importantes como: tamanho médio dos animais, nível de
produção, temperatura ambiente, tipo de alimento fornecido e o número de
animais que vão utilizá-lo.
Ex.: Bovinos de corte em acabamento com 450 Kg de PV, temperatura de
27ºC. Alimentados a pasto (70% de umidade) com lotação de 100 para 50 ha.
Consumo médio por animal: 55 L/dia
Consumo diário do rebanho: 55 x 100 = 5500 L ou 5,5 m³
Cálculo da vazão: 5500l de água / 86400s = 0,063 L/s
Fatores que afetam o consumo e água pelos ruminantes:
• A ingestão de matéria seca que é diretamente ligada com a ingestão
voluntária de água (IVA):
IVA: (3,6 x IMS) – 0,99
• Natureza do alimento
• Condição fisiológica do animal
• Nível de produção: quando se aumenta a produção aumenta o consumo
voluntário e água. Ex.: para se produzir 1Kg de leite são gastos em média
de 1,5 – 2,5 Kg de água
• Atividade física: o consumo de água aumenta com o aumento das
atividades físicas
• Temperatura da água: ideal de 10 – 25ºC
Bromatologia
94
Tabela 21: Relação entre a temperatura ambiente o consumo de água/ Kg de MS
ingerida.
Temperatura ambiente (ºC ) Consumo (Kg de água /Kg.ms)
-12 - 4ºC 3,1
4,4 3,1
10,0 3,3
15,6 3,9
21,1 4,4
26,7 5,1
29,4 5,9
f) Consumo de água em aves
f.1) Importância
• Aumenta a velocidade de crescimento.
• Aumenta a taxa metabólica. (por conseqüência aumenta a ingestão de
água).
f.2) Controle de consumo
Equilíbrio hídrico : Ai + Aa + Am – (Ae+ Au +Af + Ac) = 0
Ai = água ingerida.
Aa = água do alimento.
Am = água metabólica.
Ae = água perdida por evaporação.
Bromatologia
95
Au = água perdida na urina.
Af = água perdida nas fezes e Ac= água corporal (suor).
Equilíbrio
negativo
Aumenta a
concentração de
sódio e cloro.
Osmorreceptores.
Hipotálamo
Renina
Rins
Angiotensina I
Angiotensina II
Sede
Consumo de
água
Hormônio
anti-diurético
(ADH)
Diminuição da
frequência
urinária
Conservação da
água corporal
Bromatologia
96
f.3) Consumo médio
IVA = IMS x 2,0 ( termos práticos)
IVA = idade (dias) x 5,28 ml (medida mais precisa)
Tabela 22: Consumo de água em frangos de corte em diversas idades.
Idade (dias) Consumo (ml/dia)
7 8,0
14 79,8
21 112,2
28 148,5
35 191,6
42 210,0
f.4) Fatores que afetam o consumo
• Temperatura ambiental:
Tabela 20: Consumo de água em frangos de corte submetidos a diferentes
temperaturas.
Temperatura
Idade
1 2 3 4 5
Termoneutra (24ºC) 47,0 111,0 184,0 244,0 282,0
Estresse calórico
(34º)
61,0 155,0 266,0 366,0 410,0
Bromatologia
97
O aumento da temperatura implica em aumento das perdas por
evaporação, maior consumo e água (em torno de 78%), menor fluxo urinário,
menor quantidade de água nas fezes e menor consumo e alimentos e por
conseqüência problema no desempenho animal.
• Consumo de ração
Relação consumo de água / consumo de ração:
25ºC = 1,88g de água/1g de ração.
32,5ºC = 3,64 g de água/ 1 g de ração.
• Fase produtiva
Pré-postura = 1,21 g de água/1g de ração.
Postura = 2,04g de água/ 1g de ração.
• Nível de produção
Tabela 23: Efeito do nível e produção sobre o consumo de água em galinhas
poedeiras.
Número de ovos/ano Consumo de água (ml/dia)
180 169
215 193
230 211
240 224
Bromatologia
98
4. Avaliação do valor nutritivo dos alimentos
A avaliação da qualidade dos alimentos é muito importante para se
poder balancear rações. É necessário se conhecer a composição química dos
alimentos, mas apenas isto não é o suficiente para se dizer qual o real valor
nutritivo dos mesmos, uma alternativa a este problema são os ensaios de
digestibilidade que determinam como o alimento se comporta no TGI do
animal e como este animal pode aproveitar os nutrientes que este alimento
fornece.
A digestibilidade consiste na determinação da quantidade de nutrientes
disponíveis para a absorção, sendo função das características intrínsecas do
próprio alimento, bem como da anatomia fisiológica do animal em questão.
4.1. Determinação da digestibilidade dos nutrientes
Digestibilidade
Total - “in vivo”
Parcial - “in situ”
Convencional
Indicadores
Ruminal
Intestinal
Bromatologia
99
• Digestibilidade total: considera todo TGI do animal, o cálculo da
digestibilidade total é feito por diferença, com base nas análises dos
nutrientes ingeridos e dos nutrientes excretados.
Digestibilidade = (Nutriente ingerido – Nutriente excretado) x 100
Nutriente ingerido
Para pequenos animais (caprinos, ovinos e suínos) são usadas gaiolas
de estudos metabólicos ou sacolas de coleta e para animais de grande porte o
mais comum é o uso de indicadores para se determinar a quantidade de fezes
produzidas.
% Indicador no alimento = % indicador nas fezes
consumo de alimento produção de fezes
Ex.: Calcular a digestibilidade de um feno de Coast-cross utilizado na
alimentação de ovinos.
Dados: feno consumido 1,92 kg/dia, fezes excretadas 2,3 kg/dia.
Análise bromatológica do feno e das fezes. (base na matéria seca)
Bromatologia
100
Tabela 24: Teores de matéria seca (MS), nutrientes digestíveis totais (NDT),
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB) e extrato não
nitrogenado (ENN) do feno e fezes.
MS% PB% EE% FB% ENN%
Feno 85 9,3 1,5 35,0 45,1
Fezes 33 12,0 1,5 31,7 42,8
Correção para matéria seca dos dados de alimento ingerido e produção de
fezes.
Feno = 1,92x 0,85 = 1,632 Kg
Fezes = 2,3 x 0,33 = 0,759 Kg
1) Calcular o coeficiente de digestibilidade da MS, PB, EE, FB e ENN.
Digestibilidade total = 1,632 – 0,759 x 100 = 53,49%
1,632
Digestibilidade da PB = 0,1517– 0,0912 x 100 = 39,88%
0,1517
Digestibilidade do EE = 0,024– 0,0114 x 100 = 52,50%
0,024
Digestibilidade da FB = 0,5705 –0,2409 x 100 = 57,77%
0,5705
Digestibilidade do ENN = 0,736032 –0,324852 x 100 = 55,86%
0,736032
Bromatologia
101
2) Calcular a PD, EED, FD, ENND e NDT.
Proteína Digestível= 9,3 x 0,3988 = 3,70
Extrato etéreo Digestível = 1,5 x 0,5250 = 0,7875
Fibra Digestível = 35 x 0,5777 = 20,219
Extrativo não Nitrogenado Digestível = 45,1 x 0,5586 = 25,1928
NDT = 3,70 + 0,7875 x2,25 + 20,219 + 25,1928 = 50,88%
Obs: a digestibilidade da proteína é mais baixa porque sofre influência de
enzimas do intestino, microrganismos mortos e descamação do TGI,
aumentando assim a quantidade de proteína nas fezes, portanto a
digestibilidade da proteína é chamada de digestibilidade aparente, o mesmo
acontece com a fração mineral da dieta.
4.1.1 Digestibilidade Real x Aparente.
A digestibilidade de um nutriente é a fração do mesmo que é consumida
e não é recuperada nas fezes, sendo que alguns nutrientes possuem uma
fração denominada endógena, é o caso da proteína e dos minerais.
No caso da proteína, nas fezes existem além da proteína não digerida,
proteína dos sucos gástricos e proteína microbiana.
Para ruminantes estima-se que ocorre uma excreção de 0,5 – 0,6g de
nitrogênio para cada 100g de MS ingerida. Para fazer a correção da
digestibilidade da proteína é preciso deduzir o valor endógeno.
Bromatologia
102
0,55g N x 6,25 (percentagem de N nas proteínas) = 3,43g de proteína/ 100g
de MS ingerida
Digestibilidade = Proteína ingerida – (P. excretada – P. endógena) x 100
Proteína ingerida
Correção do exemplo anterior:
Digestibilidade da PB = 0,1517 – (0,0912 –0,0561) x 100 = 76,86%
0,1517
Fração endógena = 8,976g N x 6,25 = 56,1
Proteína Digestível = 9,3 x 0,7651 = 7,115%
NDT = 7,115% + 0,7875 x2,25 + 20,219 + 25,1928 = 54,30
Para os lipídeos a fração endógena é muito pequena e, portanto
desconsiderado, os carboidratos são oxidados a gás carbônico e água,
portanto, não possuem fração endógena. Assim com as proteínas os minerais
também possuem uma fração endógena considerável a quantidade destes
minerais varia para cada elemento.
Bromatologia
103
4.1.2 Fatores que afetam a digestibilidade dos alimentos.
A digestibilidade dos alimentos é afetada pela composição do alimento,
pois quanto maior for o percentual de fibra menor será sua digestibilidade,
pela composição da dieta (efeito associativo), pelo preparo do alimento (grau
de moagem) pois quanto menor for a partícula maior é a superfície de contato
exposta a digestão, pelo nível e ingestão pois quanto maior a ingestão menor
é a digestibilidade e finalmente pela taxa de passagem pois quanto menos
tempo o alimento permanecer no TGI do animal menor será sua digestão.
Bromatologia
104
4.1.3 Esquema de uma gaiola para estudos metabólicos apropriada para
pequenos ruminantes:
4.2 Avaliação do valor energético dos alimentos.
A avaliação do valor energético dos alimentos tem por finalidade máxima
conhecer quantitativamente quanto o alimento fornece de energia ao animal,
todos os nutrientes orgânicos produzem energia, porem a determinação é
difícil pois existem muitas perdas durante o processo. O valor energético dos
alimentos é expresso em quatro tipos de energia, são elas: energia bruta,
energia digestível, energia metabolizável, e energia líquida.
Bromatologia
105
Energia bruta é a energia desprendida pela queima completa de uma
substância até seu produtos finais de oxidação (gás carbônico e água) a
energia bruta é expressa em Kcal/g. Os carboidratos possuem valor
energético médio de 4,15 Kcal/g, os lipídios 9,4 Kcal/g e as proteínas 5,65
Kcal/g.
Apenas o conhecimento do valor de energia bruta não é suficiente para
determinar o valor energético do alimento, pois grande parte da energia é
perdida durante a digestão. Ë necessário um valor mais detalhado (energia
digestível), que compreende a diferença entre a energia fornecida pelo
alimento e a energia recuperada na análise das fezes.
ED = EB – EF, onde:
ED = energia digestível, EB = energia bruta do alimento, EF =
energia das fezes.
Ex.:
Alimento EB EF ED
Milho 4,516 0,669 3,847
Feno de alfafa 4,373 1,959 2,414
Silagem de milho 4,516 1,434 3,082
Bromatologia
106
A energia digestível apesar de fornecer uma boa idéia do
aproveitamento energético dos alimentos, também não representa a energia
disponível para o animal pois parte desta energia se perde através da
formação de gases principalmente metano e pela urina, portanto o valor que
mais se aproxima do real é de energia metabolizável (EM)
EM = ED – (E gases + E urina)
A energia metabolizável representa a energia que realmente está
disponível para os processos metabólicos do animal, mas é muito difícil de ser
determinada pois exige a medida da produção de metano que só é possível
com a utilização de câmaras de respiração. Na prática se utiliza o valoe da
energia digestível ou o valor de NDT (nutrientes digestíveis totais).
Ex.:
Alimento EB Fezes Urina Metano ED EM
Milho 4,516 0,669 0,191 0,311 3,847 3,345
Feno de alfafa 4,373 1,959 0,240 0,358 2,414 1,816
Silagem de milho 4,516 1,434 0215 0,358 3,082 2,509
Nota se muita semelhança entre os valores de energia bruta para os
alimentos do exemplo, porém a energia digestível e metabolizável tem valores
muito diferentes pois a maior perda ocorre nas fezes (40-50% para forragens
Bromatologia
107
e 20-30% para concentrados). Pode-se estimar o valor de EM pelas fórmulas,
EM= 0,85 x ED para alimentos concentrados e EM = 0,82 x ED para alimentos
volumosos.
A energia líquida é a que realmente o animal deposita na forma de
produto ou utiliza na sua mantença. Ela é obtida subtraindo o incremento
calórico (IC) da energia metabolizável. O IC é a energia perdida durante a
metabolização dos nutrientes (calor de fermentação + calor do metabolismo
dos nutrientes após a absorção).
EL = EM – IC
Elm (energia líquida de
mantença)
Elp (energia líquida de
produção) E urina
E gases
EB ED EM EL
Fezes IC
perdas no próprio metabolismo
IC 1 Kcal/g 0,6 Kcal/g
Bromatologia
108
4.3 Sistema de nutrientes digestíveis totais
O sistema de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi proposto por Henry
e Morrisom em 1910 e tem seu uso generalizado em condições práticas,
corresponde a uma medida de valor energético dos alimento e das
necessidades dos animais e envolve a porção digestível de cada fração do
alimento. O NDT é variável entre as espécies devido às diferentes
digestibilidades (monogástricos vs ruminantes).
As principais limitações do NDT são: o fato de medir a energia em Kg e
não em unidades energéticas e não considera perda de energia por gases,
incremento calórico e o valor da energia das proteínas.
Fórmula para cálculo: NDT = %PB (dig) + %ENN (dig) + %FB (dig) + %EE
(dig) x 2,25; o EE é multiplicado por 2,25 pois os lipídios possuem 2,25 vezes
mais energia do que os carboidratos. Vale lembrar que 1Kg de NDT equivaleaproximadamente a 4410 Kcl de ED.
Estimativa do NDT em função da análise bromatológica
Fenos, palhas e resíduos fibrosos secos:
NDT = -17,2649 + 1,2120 PB + 0,8352 ENN + 0,4475 FB + 2,4637
EE
Bromatologia
109
Pastagens e forragens frescas:
NDT = -21,7656 + 1,4284 PB + 1,0277 ENN + 0,4867 FB + 1,2321
EE
Silagens e volumosos:
NDT = -21,9391 + 1,0538 PB + 0,9738 ENN + 0,4590 FB + 3,0016
EE
Alimentos energéticos:
NDT = 40,2625+ 0,1969 PB + 0,4028 ENN - 0,1379 FB + 1,903 EE
Alimentos protéicos:
NDT = 40,3217+ 0,5398 PB + 0,4448 ENN - 0,7007 FB + 1,4223 EE
Sendo:
ENN = MS – (PB + EE + FB + Cinzas)
CHOT = MS – (PB + EE + Cinzas)
CNF = MS – (FDNPB + PB + EE + Cinzas)
Bromatologia
110
5 Fatores antinutricionais
5.1 Definição
Os fatores antinutricionais são substâncias presentes nos alimentos que
são sintetizados pelo matabolismo secundário das plantas como elementos de
defesa (proteção contra o ataque de passáros, insetos, etc) e causam efeitos
deletérios nos animais.
5.2 Classificação
• Redutores de digestibilidade:
- Inibidores enzimáticos;
-Hemaglutininas;
-Saponinas (aumentam a viscosidade do material ruminal causando
timpanismo);
-Compostos fenólicos.
• Redutores da disponibilidade dos minerais:
- Ácido fítico (fitato);
- Ácido oxálico;
- Gossipol.
• Inativadores de vitaminas:
- Antivitamina A, D, E, K e complexo B.
Bromatologia
111
5.3 Principais fatores antinutricionais.
5.3.1 Inibidores de enzimas.
• Inibidores de proteases:
- Presente principalmente nas leguminosas;
- Tornam a enzima indísponível;
- São inativados pelo calor.
Ex.: Na soja crua estão presentes os inibidores de tripsina e de quimiotripsina.
A soja tratada com excesso de calor tem sua atividade ureática diminuída, tem
os fatores antinutricionais destruiídos e diminuição da disponibilidade protéica.
Já a soja tratada com pouco calor tem alta atividade ureática, alta
percentagem de fatores antinutricionais e também a disponibilidade protéica
reduzida, nos levando a crer que o tratamento térmico para soja deve ser na
medida certa, pois nem o excesso nem a falta de calor são interessantes.
• Inibidores de α-amilase:
Estes inibidores estão presentes no amendoim, sorgo, milho, trigo e
diminuem a degradação do amido.
5.3.2 Hemaglutininas (causam aglutinação das células vermelhas do
sangue).
- Glicoproteínas;
- Presente nas leguminosas;
Bromatologia
112
- Reduzem absorção de nitrogênio, glicose e vitaminas;
Ex.: A ricina presente na torta de mamona que inativa os ribossomos
impedindo a síntese protéica e o RCA que provoca a aglutinação das células
vermelhas do sangue.
Ex.: Curcina presente no Pinhão Manso
5.3.3 Saponinas
- São glicosídeos de gosto amargo;
- Presentes na soja e na alfafa;
- Formam espuma no rúmen, causando timpanismo;
- Hemolizam células vermelhas do sangue e têm ação lipofílica
(alteram a permeabilidade de membrana
5.3.4 Compostos fenólicos
- Polifenóis resultantes do metabolismo secundário das plantas;
- Mecanismo de defesa química;
- Formam complexos com as proteínas reduzindo sua
digestibilidade.
Ex.: tanino (sorgo), complexa carboidratos e minerais, tem afinidae pela
prolina e inibe enzimas digestivas.
Bromatologia
113
5.3.5 Ácido fítico (fitato) e ácido oxálico (oxalato)
- Reagem com os minerais formando complexos insolúveis, diminuindo
sua disponibilidade;
- O fitato complexa o fósforo, fazendo-se necessário o uso de fitase em
dietas de aves e suínos aumentando de 20-30% a absorção de fósforo;
- O oxalato indisponibiliza o cálcio e o magnésio, tornando-se problema
principalmente para vacas leiteiras de alta produção em início de
lactação;
- Forma complexo com Ca, P, Fe, Zn, Cu e Mg no alimento “in natura” e
no TGI, que são solúveis em pH ácido, mas insolúveis em pH neutro
- Ácido fítico (Cheryom, 1980)
- Ácido oxálico (Midio. et. al., 2000)
H
H
H
OH
│
O ═ P ─ O
│
O
OH
│
O ─ P ═ O
│
O
O
│
O ─ P ═ O
│
OH
O
│
O ═ P ─ O
│
O OH
│
O ═ P─ O
│
O H
H
O
│
O ─ P ═ O
│
O
H
O
HO OH
C − C
O
Bromatologia
114
5.3.6 Gossipol
- Presente no algodão;
- Forma complexos estáveis com o ferro e as proteínas;
- Diminui a disponibilidade da lisina;
- Pode estar de duas formas: gossipol livre ou conjugado com a
lisina.
- O gossipol livre tem maior efeito tóxico principalmente para
aves e suínos (4 – 8 semanas, morte).
- Causa edema pulmonar;
- Reduz a capacidade carreadora de oxigênio;
- O gossipol tem seu efeito tóxico reduzido quando se é
aumentado os níveis de proteína e de ferro da dieta. (lisina sintética)
- Efeito anticoncepcional (reversível)
5.3.7 Antivitaminas
- Avidina: estruturalmente muito parecida com a biotina, toma o
lugar desta vitamina sem realizar a função da mesma;
- Dicumarol: antivitamina K, impede a coagulação sanguínea;
Bromatologia
115
- Fitato: diminui a absorção das vitaminas.
5.4 Principais fatores antinutricionais presentes em alguns alimentos.
- Soja: inibidor e proteases (tripsina e quimiotripsina),
hemaglutinina, saponina e compostos fenólicos;
- Gisassol: Compostos fenólicos (ác. Clorogênico);
- Sorgo: tanino;
- Alfafa: saponina;
- Mamona: ricina.
Bromatologia
116
6 Consumo voluntário de alimentos
6.1 Introdução
Afim de exercer diferentes funções fisiológicas e atender suas exigências
de mantença e produção o animal precisa ingerir quantidades adequadas de
nutrientes que são obtidos a partir dos alimentos presentes na dieta.
O consumo voluntário representa a quantidade de alimento ingerido
voluntariamente por um animal durante um certo período de tempo (24h). É de
suma importância equilibrar o consumo e a produção animal para que não
haja queda na produtividade (subalimentação) ou depósito excessivo de
gordura (superalimentação), pois em qualquer um destes casos haverá
prejuízo para o produtor.
6.2 Mecanismos fisiológicos de regulação do consumo
Se compreendermos o que leva um animal a iniciar e a parar de comer
poderemos entender o controle do consumo voluntário de alimentos.
Entretanto, este conhecimento não é tão simples e várias são as teorias
que têm sido propostas para explicar o controle da ingestão.
6.2.1 Teoria glicostática
Em monogástricos o consumo voluntário pode ser controlado pelos níveis
de glicose plasmática. Pesquisadores mostraram a relativa estabilidade na
concentração de glicose plasmática comandada pelo hipotálamo.
Bromatologia
117
O hipotálamo regula, nestes animais, o consumo através de um balanço
das ações da área lateral ALH (fome) e ventromedial VMH (saciedade).
Quando o animal ingere alimento há um aumento no nível de glicose
plasmática que determina a atividade do centro de saciedade e suprime a
ação do centro da fome fazendo com que o animal pare de comer. Depois de
certo período os níveis de glicose plasmática diminuem eliminando a ação do
centro da saciedade sobre o centro da fome, ativando-o, o que leva o animal a
iniciar outra ingestão de alimentos.
↑ Ingestão de alimentos → ↑ Glicose plasmática → Hipotálamo ventromedial → Saciedade
↑ ↓
Sensação de fome ← Hipotálamo lateral ← ↓ Glicose plasmática ← ↓ Consumo alimentar
Em ruminantes a teoria glicostática não explica totalmente o controle do
consumo voluntário, porque a maioria dos açúcares e amido são fermentados
no rúmen e transformados em AGV pela ação dos microrganismos, e além
disso estes animais possuem mecanismos ativos para suprir a demanda de
glicose para o metabolismo (gliconeogênesedo propionato e de aminoácidos).
Alguns autores citam que a glicose nestes animais é substituída pelos
ácidos graxos voláteis, que estimulam a síntese de octopeptídeos e estes
atuam sobre o centro de saciedade levando o animal a cessar a ingestão.
Entretanto, este mecanismo não explica completamente o controle da
ingestão, especialmente em dietas de baixa qualidade.
Bromatologia
118
6.2.2 Teoria da distenção estomacal
Como a teoria glicostática não explica totalmente o controle de consumo
em ruminantes, principalmente com dietas de baixa qualidade, uma série de
evidências apontam que para estes animais o controle de consumo é
restringido pela capacidade física do rúmen.
Segundo alguns pesquisadores, no rúmen existem receptores de tensão
que integram com o sistema nervoso central para restringir ou cessar a
ingestão de alimentos.
↑Padrão de alimentação → Enchimento do TGI→ Receptores de tensão → Sist. nervoso central
↑ ↓
Sist. nervoso central ← Hormônios ← ↓ Ác. Graxo volátil ← ↓ Padrão de alimentação
6.3 Regulação do consumo em aves
Em aves o controle do consumo é mediado pelo hipotálamo que recebe
sinais oriundos de fatores intrínsecos de fatores extrínsecos.
6.3.1 Fatores intrísecos
Os neurônios hipotalâmicos são expostos a substâncias absorvidas pelo
TGI que podem induzir o centro de saciedade.
Bromatologia
119
a) Glicose
As aves possuem glicorreceptores na parede do terceiro ou quarto
ventrículo do hipotálamo e também glicorreceptores periféricos que induzem o
centro da saciedade.
b) Aminoácidos
Em aves a tirosina estimula o consumo alimentar, enquanto que o
triptofano inibe. A explicação para tal fato se deve à constatação de que a
tirosina é precursora de catecolaminas e o triptofano é precursor de
serotonina, ambos são neurotransmissores envolvidos com o controle da fome
e da saciedade.
c) Cálcio
Alguns pesquisadores observaram que em aves o nível plasmático de
cálcio pode atuar sobre o hipotálamo sendo um sinal estimulador para o
centro da fome.
6.3.2 Fatores extrínsecos
Um outro nível de regulação hipotalâmica do consumo do alimento é a
sinalização advinda dos receptores periféricos localizados no TGI, fígado, e
sentidos de visão, olfato e paladar.
Bromatologia
120
Mecanismo desencadeadores do estímulo de apreensão e fome
relacionados ao sistema sensorial:
Visão
Social: presença de outra aves
Cor do alimento: laranja ou verde
Forma: arredondada
Gustativo
Preferência ao doce
Rejeição ao amargo
Tolerância ao azedo
Olfato Odores de manteiga
Receptores periféricos relacionadas ao mecanismo de saciedade.
Papo
Mecanorreceptores
Glicorrecptores
Osmorreceptores
Duodeno
Mecanorreceptores
Glicorreceptores
Osmorreceptores
Fígado
Glicorreceptores
Amino - receptores
Lípidio - receptores
Bromatologia
121
6.4 Regulação do consumo em ruminantes
Em ruminantes a regulação do consumo é mais complexa do que em
monogástricos, porque ela envolve tanto mecanismos físicos (enchimento do
rúmen) quanto mecanismos baseados no nível circulante de alguns
nutrientes.
6.4.1 Fatores relacionados ao animal
6.4.1.1 Tamanho
O limite máximo de consumo de um ruminante é determinado pelas
exigências de energia do mesmo, as quais estão diretamente correlacionadas
com o peso vivo dos animais.
Isto ocorre porquê a taxa metabólicado animal é proporcinal ao PV0,75 ,
assim a não ser que limitações físicas intervenham limitando o consumo
(forragens de baixa qualidade) este pode ser expresso em função de PV0,75 .
6.4.1.2 Estádio fisiológico
Um aumento nas exigências do animal para energia na dieta é usualmente
acompanhada por um aumento no consumo voluntário de alimentos. Por isso
o consumo voluntário de vacas de leite aumenta rapidamente após o parto e
atinge os níveis máximos no segundo ou terceiro mês de lactação, chegando
a ser de 30-60% maior do que o consumo de vacas secas.
Bromatologia
122
Vale lembrar que no início da lactação o animal não consegue regular seu
consumo de modo a atender sua de manda energética, correspondendo a
uma fase crítica na criação de vacas leiteiras, especialmente as de alta
produção.
Com relação à gestação, nos dois terços iniciais a demanda energética
sofre poucos acréscimos, pois o desenvolvimento do feto é pequeno nesta
fase, assim o consumo destes animais é semelhante aos de vacas secas. Já
no terço final ocorre um grande desenvolvimento do feto e por conseqüência
um grande aumento nas exigências dos animais, entretanto nesta fase o
crescimento do feto limita o consumo voluntário e ocorre um desequilíbrio
entre o consumo e a demanda energética.
Animais em crescimento tem seu consumo aumentado a medida que
crescem, porém esta relação não é linear. Isto pode ser explicado pelo teor
de gordura corporal, animais mais gordos geralmente apresentam um menor
consumo voluntário. Em parte, esta redução no consumo se deve a redução
na capacidade abdominal, entretanto com dietas altamente digestíveis, onde o
volume físico tem pouca importância, também se observa uma redução no
consumo.
Esta redução sugere que existe um “feed back” metabólico da gordura
sobre o consumo de alimentos.
Bromatologia
123
6.4.1.3 Fatores relacionados com a dieta.
- Digestibilidade
Existe uma relação positiva entre o consumo voluntário e a digestibilidade
da dieta, principalmente forragens.
Em dietas de baixa qualidade o consumo é limitado por fatores físicos,
distenção do rúmen, e nestes casos o aumento da digestibilidade implica em
aumento do consumo voluntário. Com o aumento da digestibilidade os
fatores físicos passam a ter importância secundária e o consumo é regulado
pelas exigências energéticas do animal. Com estas dietas o consumo
decresce com o aumento da digestibilidade, pois o consumo de energia
permanece o mesmo.
Consumo de
Matéria seca
Digestibilidade
Bromatologia
124
- Parede celular.
Em dietas baseadas em volumosos a determinação de parede celular é
extremamente importante porque existe um alta correlação entre a ingestão
de matéria seca e % FDN do alimento.
- Palatabilidade.
A palatabilidade é a impressão total que o animal tem sobre o alimento.
A alta palatabilidade de um alimento tem um efeito positivo sobre o consumo
voluntário.
Diante disto podemos dizer que o consumo voluntário em ruminantes é
regulado por três mecanismos: o fisiológico, onde a regulação é dada pelo
balanço energético, o físico, relacionado à capacidade de distencão do rúmen,
e ainda o psicogênico que envolve o comportamento responsivo.
7. Balanceamento de rações
O balanceamento correto de rações é apoiado em três pontos básicos:
- Necessidades dos animais (exigências);
- Características dos alimentos (composição bromatológica);
- Relação custo/benefício (lucro).
Bromatologia
125
7.1 Exigências nutricionais
As exigências nutricionais dos animais para manutenção ou para produção
podem ser encontrados em diversas tabelas que são específicas para as
diferentes espécies e categorias animais.Essas exigências podem estar
representadas em termos absolutosou em termos relativos.
- Termos absolutos: quantidade necessária de cada nutriente em um
período de 24 h. Ex.: 0,5 Kg de proteína bruta/ dia
- Termos relativos: quantidade expressa em porcentagem da dieta.
Ex.: mistura concentrada com 18% de proteína.
Ex.:
Cabra de 60 Kg de PV, IMS 4,5% PV.
Exigência: 2,7 kg de IMS, 13,7% de PB e 69,63% de NDT (relativo),
370g PB/dia e 1880g NDT/dia(absoluto).
Vaca de 500 Kg de PV, IMS 2,0% PV.
Exigência: 10 kg de IMS, 15% de PB e 70% de NDT (relativo), 1500g
PB/dia e 7000g NDT/dia (absoluto).
7.1.1 Necessidades energéticas
Os principais nutrientes que devem ser balanceados são a proteína e a
energia. As exigências energéticas podem vir expressas das seguintes
maneiras:
-ED, energia digestível;
-EM, energia metabolizável;
Bromatologia
126
-EL, energia líquida;
-NDT, nutrientes digestíveis totais.
Para ruminantes normalmente se utiliza o NDT ou a ED enquanto que
para monogástricos utiliza-se ED ou EM.
7.1.2 Necessidades protéicas
As necessidades protéicas são normalmente expressas na forma de
proteína bruta ou proteína digestível.
Tabela 25: Exigencias nutricionais do gado de corte.
PV
(Kg)
Ganh
o
(g/dia)
Consum
o de MS
(Kg)
PB
(Kg)
PD
(Kg)
ELm
(Kcal)
ELg
(Kcal)
EM
(Kcal)
NDT
(Kg)
200
0 3,5 0,30 0,17 4,10 0 7,0 1,9
500 5,8 0,57 0,35 4,10 1,49 12,1 3,4
1000 5,9 0,61 0,40 4,10 2,82 14,0 3,7
300
0 4,7 0,40 0,23 5,55 0 9,4 2,6
500 6,2 0,60 0,35 5,55 1,91 14,5 4,1
1000 7,6 0,80 0,50 5,55 3,82 19,5 5,6
400
0 5,9 0,51 0,29 6,89 0 11,8 3,3
500 7,8 0,69 0,41 6,89 2,67 18,1 5,1
1000 9,4 0,87 0,54 6,89 5,33 24,5 6,8
Bromatologia
127
Tabela 26: Exigências de Suínos em crescimento.
PV (Kg) Ganho
(g/dia)
Consumo
(g/dia)
ED
(Kcal)
EM
(Kcal)
PB
(g)
Conversã
o
5 200 250 850 805 60 1,25
10 250 460 1560 1490 92 1,84
20 450 950 3230 3090 171 2,11
50 700 1900 6460 6200 285 2,71
110 820 3110 10570 10185 404 3,79
7.2 Composição dos alimentos
Existem várias tabelas com a composição dos alimentos que podem ser
amplamente utilizadas, principalmente para alimentos concentrados. Já que
para alimentos volumosos é necessário que se tenham muito critério quanto a
utilização e tabelas uma vez que a variação na composição destes alimentos
é muito grande. O ideal é que se faça uma análise bromatológica do volumoso
que se deseja utilizar.
7.3 Métodos utilizados para o balanceamento
7.3.1 Quadrado de Pearson
Calcula-se a ração levando em consideração o valor relativo de
determinado nutriente (geralmente a proteína) estabelecendo as proporções
entre dois alimentos ou misturas de alimentos.
Bromatologia
128
Ex.: Calcular uma ração para suínos com 20 Kg de PV ganhando 450g/dia:
Exigências: MS= 950g PB= 171g ED= 3230 Kcal
Exigência relativa: 18% de PB e 3400 Kcal ED/KgMS
Alimentos utilizados:
Milho: 9% de PB e 3500 ED Kcal/Kg
Soja: 45% de PB e 3380 ED Kcal/Kg
Balanceamento pela proteína:
Ração Final:
Alimento MS (Kg) PB(Kg) ED (Kcal)
Milho 75,0 6,75 2625
Farelo de soja 25,0 11,25 845
Total 100,0 18,0 3470
Balanceamento usando três ou mais ingredientes.
Ex.: Ração para gado e corte com 200 Kg de PV e ganho de 1500g/dia.
Exigência: MS= 5,9 Kg, PB= 0,61Kg, NDT= 3,7 Kg
18%
PB
FS. 45% 9 partes de FS. (25%)
Mi. 9% 27 partes de milho (75%)
Ao todo serão 36 partes
+
Bromatologia
129
Exigência relativa: 10,4% de PB e 63% de NDT.
Alimentos utilizados MS(%) PB (%) NDT(%)
Capim Napier 25,0 6,4 48,0
Fubá de milho 88,0 10,3 91,0
Farelo de algodão 90,0 33,3 70,0
Sal mineral 99,0 - -
Sal comum 99,0 - -
• Pré-fixar a quantidade de sal comum e sal mineral na ração (3% da ração).
• Calcular de quanto deve ser a composição relativa da mistura de
concentrado e volumoso.
MS PB NDT
Exigência do animal 5,9 0,61 3,7
Fornecido pelo sal 0,18 - -
Déficit (Kg) 5,72 0,61 3,7
Composição relativa - 10,7% 65%
• Estabelecer relação CO:VO: que será de 45:55.
• Calcular a quantidade fornecida pelo volumoso:
Bromatologia
130
MS PB NDT
Exigência animal 5,72 0,61 3,7
Fornecido pelo volumoso 3,25 0,21 1,56
Déficit (concentrado) 2,47 0,40 2,14
• Composição relativa do concentrado, referente ao déficit: 16% de PB e
87,0% de NDT.
• Cálculo do concentrado: balanceamento pelo NDT.
• Ração Concentrada:
Alimento MS (Kg) PB (Kg) NDT (Kg)
Milho 2,00 0,21 1,82
Farelo de algodão 0,47 0,16 0,33
Total 2,47 0,37 2,15
87%
NDT
Mi. 91% 17 partes de Mi. (81,0%)
F.A.70%
4 partes de Far.Alg (19,0%)
Ao todo serão 21 partes
+
Bromatologia
131
• Ração final:
Alimentos MS (Kg) PB (Kg) NDT (Kg)
Mat. Nat.
(Kg)
Capim napier 3,25 0,20 1,56 13,0
Fubá de milho 2,00 0,21 1,82 2,27
Farelo de algodão 0,47 0,16 0,33 0,52
Sal mineral 0,08 - - 0,08
Sal comum 0,10 - - 0,10
Total 5,90 0,58 3,71 15,97
Exigência do animal 5,90 0,61 3,70 -
Bromatologia
132
7.3.2 Quadrado de Pearson Duplo:
Ex.: Formular uma ração para novilhos em crescimento com 250 Kg de
PV e ganho de peso de 800 g /dia.
• Exigências: CMS = 6,0 Kg NDT = 67,6% PB = 13,6%
Alimentos MS% PB% NDT%
Cana picada 23,2 4,31 60,7
Farelo de trigo 89,0 18,4 70,8
Milho grão 89,0 9,0 85,0
Uréia 100 281,0 -
• Resolver para proteína:
Fazer duas misturas isoprotéicas uma com NDT acima e outra abaixo de
67,6%.
13,6%
PB
Cana 4,31% 267,4 partes de cana (96,64%).
58,67% de NDT
Uréia 281%
9,29 partes de Uréia (3,36%)
Ao todo serão 276,69
Bromatologia
133
• Pré-mistura 1: 13,6% de PB e 58,67 de NDT.
• Calcular os componentes da pré-mistura 2:
• Pré-mistura 2: 13,6% de PB e 78,05% de NDT (34,65+43,40).
• Resolver pelo NDT:
13,6%
PB
67,6%
NDT
Farelo de trigo 18,4% 4,6 partes de farelo de trigo.
(48,94%)
34,65% de NDT
+
Milho 9,0%
4,8partes de Milho (51,06%)
43,40 de NDT
Ao todo serão 9,4 partes
Pré-mistura 1- 58,67% 10,45 partes de Pré-mistura 1
(53,92%)
Pré-mistura 2- 78,05%
+
8,93 partes de Pré-mistura 2 (46,08%)
Ao todo serão 19,38
Bromatologia
134
• Cálculo das pré-misturas:
Ração total: 6,0Kg de MS
Pré-mistura 1: 53,92% de 6,0 Kg = 3,23 Kg, sendo que destes 3,23 Kg
96,64% são de cana o que corresponde a um total de 3,12 Kg de cana (MS) e
3,36% são de uréia correspondendo a 0,11 Kg de uréia (MS).
Pré-mistura 2: 46,08% de 6,0 Kg = 2,77 Kg, sendo que destes 2,77 Kg
(MS) 48,94% são de farelo de trigo, o que corresponde a um total de 1,36 Kg
de farelo (MS) e 51,06% são de milho correspondendo a 1,41 Kg (MS).
• Cálculo da ração final:
Ingredientes % PB (%) NDT(%) MN (Kg) %
Cana 52,11 2,24 31,63 224,6 80,74
Farelo de trigo 22,55 4,15 15,97 25,34 9,11
Milho 23,53 2,11 20,00 26,44 9,50
Uréia 1,81 5,09 0 1,81 0,65
Total 100 13,59 67,6 278,19 100,00
Exigência - 13,6 67,6 - -
7.3.3 Processo algébrico
Esse método é utilizado para determinar a proporção de dois alimentos ou
misturas de alimentos de modo a suprir a exigência de dois ou mais nutrientes
concomitantemente.
Bromatologia
135
Ex.: Calcular uma ração para suínos em crescimento com 15 Kg de PV e
ganho médio de 300g/dia.
Exigência: MS = 900g
PB = 23,2% ou 209g
ED = 3778 Kcal/Kg ou 85,7% de NDT ou ainda 771 g de
NDT.(ED = NDT x4410)
Ca = 0,78% ou 7,02g de Ca.
P = 0,67% ou 6,03 g de P.
Alimentos MS% PB% NDT% Ca% P%
Fubá de milho 89 9,0 85,0 0,023 0,31
Farelo de soja 89 45,0 82,0 0,41 0,62
Calcário 99 - - 38,0 -
F. bicálcico 99 - - 23,0 18,0
Premix mineral 99 - - - -
Premixvit. 99 - - - -
Sal comum 99 - - - -
Óleo 100 - 195,0 - -
• Alimentos pré-fixados:
Premix mineral (0,05) = 0,45g
Premix vitamínico (0,5%) = 4,50g
Sal comum (0,15%) = 1,35g
Calcário + F. Bicálcico (2,5%) = 22,5g
Bromatologia
136
Óleo (4,5%) = 40,5g
Total fornecido pelos pré-fixados = 69,3g
• Calcular o déficit descontando os pré-fixados:
MS (g) PB (g) NDT (g)
Exigência 900 209,0 771,3
Pré-fixado 69,3 - 78,98
Déficit 830,7 209,0 692,32
• Montar a equação:
PB = 0,09 Mi + 0,45 FS = 209 g de PB
NDT = 0,85 Mi + 0,82 FS = 692,32 g de NDT
• Eliminar a primeira equação: calcular o fator:
Fator = 0,85 / 0,09 = 9,44
• Multiplicar a primeira equação pelo fator multiplicado por -1.
-0,85Mi – 4,25 FS = -1972,96
0,85 Mi + 0,82 FS = 692,32
3,428 FS = 1280,64
FS = 373,6 g
Bromatologia
137
• Substituir FS na primeira equação:
0,09Mi + 0,45 x (373,6) = 209
0,09Mi + 168,12 = 209
0,09Mi = 40,88
Mi = 454,22
• Calcular os nutrientes fornecidos pelo milho e pelo farelo de soja:
MS (g) PB (g) NDT (g) Ca (g) P (g)
Exigência 900,0 209,0 771,3 7,02 6,03
Milho 454,22 40,89 386,07 0,10 1,41
Farelo de soja 373,6 168,12 306,35 1,53 2,32
Pré-fixados 69,3 0,0 78,98 ? ?
Total 897,1 209,0 771,48 1,63 3,73
Déficit -2,9 0,0 +0,1 -5,39 -2,31
• Balancear o cálcio e o fósforo:
1º Fósforo.
100g de fosfato bicálcico ----------- 18g de P
X g ----------- 2,31 g de P
X = 12,83 g de fosfato bicálcico
2º Cálcio.
100 g de fosfato bicálcico ----------- 23 g de Ca
12,83 g de FB ------------ Xg de Ca
X = 2,95
Bromatologia
138
Déficit de cálcio: 5,39 – 2,95 = 2,44g de Ca
100g de calcário -------------- 38g de Ca
Xg -------------- 2,44g de Ca
X = 6,42g de calcário
• Ração final:
Alimentos MS (g) % PB(%) NDT(%) Ca(%) P(%) M Nat(g) M Nat(%)
Milho 454,2 50,82 4,57 43,20 0,01 0,16 510,34 51,22
Farelo de soja 373,6 41,80 18,81 34,27 0,17 0,26 419,78 42,12
Calcário 6,42 0,72 - - 0,27 - 6,48 0,65
F. bicálcico 12,83 1,43 - - 0,33 0,26 12,95 1,30
Premix min. 0,45 0,05 - - - - 0,45 0,05
Premix vit 4,50 0,50 - - - - 4,54 0,46
Sal comum 1,35 0,15 - - - - 1,36 0,14
Óleo 40,50 4,53 - 8,77 - - 40,50 4,06
Total 893,85 100 23,38 86,2 0,78 0,68 996,4 100
Exigência 900,0 23,2 85,7 0,78 0,67
Bromatologia
139
Ex. 2: Calcular uma ração para novilhos em crescimento com 300Kg de
PV e ganho diário de 1,5Kg/dia e peso à maturidade de 533Kg.(peso à
maturidade é o mesmo que PV com 28% de gordura).
MS (Kg) NDT (Kg) PM (g) Ca (g) P (g)
Exigência de mantença - - 274 9 7
Exigência de produção - - 442 33 13
Total 7,83 5,99 716 42 20
% - 76,55 13,65 0,54 0,26
• Fórmulas:
% de NDT = 60,4 – (0,0392 x PV 28%G) + (24,7 x GDP) = 76,55%
IMS = 10,3 – (0,00453 x PV 28%G)+(0,0191xPV)+(2,83 x GDP) –
(0,131 x %NDT) = 7,83 kg
PB = PM / 0,67 = 1069 g
Alimentos MS (%) NDT (%) PB(%) Ca (%) P (%)
Milho 89,0 85,0 9,0 0,023 0,31
Soja grão 90,0 97,3 42,1 0,278 0,655
Silagem de sorgo 29,9 60,0 6,6 0,35 0,21
Silagem de milho 27,4 63,0 8,03 0,52 0,16
Calcário 100 - - 38,0 -
Fosfato bicálcico 100 - - 23,0 18,0
Sal comum 100 - - - -
Premix mineral 100 - - - -
Bromatologia
140
• Relação CO:VO:
Depende da produção do animal e da qualidade do volumoso. Quanto
maior for a produção maior será proporção de concentrado na ração, quanto
melhor a qualidade do volumoso menor e proporção de concentrado.
Vale lembrar que a proporção de volumoso depende da disponibilidade da
propriedade, quanto maior for a proporção de volumoso na ração, menor será
o seu custo.
Relação CO:VO = 60:40 e no volumoso teremos 50% de silagem de sorgo
e 50% de silagem de milho.
CO = 60% da exigência = 4,698 kg MS
VO = 40% da exigência = 3,132 Kg MS (50% de silagem de sorgo e 50% de
silagem de milho).
• Nutrientes fornecidos pelo volumoso:
MS (Kg) NDT (Kg) PB (Kg) Ca (g) P (g)
Silagem de milho(20%) 1,566 0,987 0,126 8,14 2,51
Silagem de sorgo(20%) 1,566 0,940 0,103 5,48 3,29
Total 3,132 1,927 0,229 13,62 5,80
Exigencia 7,830 5,994 1,069 42 20
Déficit (concentrado) 4,698 4,067 0,840 28,38 14,20
• Calculando o concentrado:
a. Pré-fixados
Calcário e F. Bicálcico (1% da dieta total) = 78,3g
Bromatologia
141
Sal comum (0,15%da dieta total) = 11,75g
Premix mineral (0,5% da dieta total) = 39,15g
Total = 129,2g
• Nutrientes fornecidos pelos pré-fixados:
MS (Kg) NDT (Kg) PB (Kg) Ca (g) P (g)
Calcário + F. Bicálcico 0,0783 0,0 0,0 ? ?
Sal comum 0,0117 0,0 0,0 0,0 0,0
Premix mineral 0,0391 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 0,1292 0,0 0,0 ? ?
Concentrado 4,698 4,068 0,839 28,38 14,20
Déficit (milho e soja) 4,570 4,068 0,839 - -
• Montar a equação:
PB = 0,09Mi + 0,421 SG = 839g de PB
NDT = 0,85Mi + 0,973 SG = 4068g de NDT
• Multiplicar a primeira equação pelo fator (-9,44):
-0,85Mi – 3,974 SG = -7920,16
0,85 Mi + 0,973 SG =4068
3,001 SG = 3852,16
SG = 1283,6g
Bromatologia
142
• Substituir SG na primeira equação:
0,09Mi + 0,421 x (1283,6) =839
0,09Mi + 540,40 = 839
0,09Mi = 298,6
Mi = 3317g
• Balancear cálcio e fósforo.
Calcular os nutrientes oferecidos:
MS (Kg) NDT (Kg) PB (Kg) Ca (g) P (g)
Silagem de milho 1,566 0,986 0,126 8,14 2,51
Silagem de sorgo 1,566 0,940 0,103 5,48 3,29
Milho 3,317 2,819 0,298 0,76 10,28
Soja 1,283 1,248 0,540 3,57 8,40
Total 7,732 5,993 1,070 17,95 24,48
Exigência 7,830 5,990 1,069 42 20
Déficit - - - -24,05 +4,48
Calcular a quantidade de calcário:
100g de calcário --------------------38 g de Ca
x -------------------- 24,05
x = 63,29g de calcário.
Bromatologia
143
Ração final:
Ingrediente MS (Kg) % PB (%) NDT(%) Ca (%) P(%)
Silagem de milho 1,566 19,96 1,60 12,57 0,10 0,03
Silagem de sorgo 1,566 19,96 1,32 11,98 0,07 0,04
Milho 3,317 42,28 3,80 35,93 0,01 0,13
Soja 1,283 16,35 6,88 15,91 0,05 0,11
Calcário 0,063 0,80 - - 0,30 -
Sal comum 0,012 0,15 - - - -
Premix min 0,039 0,50 - - - -
Total 7,846 100,0 13,6 76,4 0,53 0,30
Exigência 7,830 - 13,6 76,5 0,54 0,26
Ração final na matéria natural:
Ingrediente Matéria natural (Kg) %
Silagem de milho 5,715 35,24
Silagem de sorgo 5,237 32,29
Milho 3,727 22,98
Soja 1,426 8,79
Calcário 0,063 0,39
Sal comum 0,012 0,07
Premix min 0,039 0,24
Total 16,219 100
Bromatologia
144
Ex.: Calcular uma ração para vacas leiteiras no início da lactação com
600Kg de PV produzindo 20Kg de leite/dia, com 3,5% de gordura e 3% de
proteína.
Fórmulas:
IMS = -4,69 + (0,0142x PV) + (0,356 x PL) + (1,72x % de gordura) =
16,97Kg/dia
%PB = 8,83 - (0,00483 x PV) + (0,119 x Kg de leite) – (0,716 x % gordura) +
(2,54 x % proteína do leite) = 13,43%
% NDT = { 48,6 – (0,0183 x PV) + (0,435 x Kg de leite) + (0,728 x %de
gordura) + (3,46 x % proteina no leite)} x 1,04 = 61,62%
%Ca = 0,507+ (0,000136 x PV) + (0,00065 x PL) = 0,602
%P = 0,316 – (0,000062 x PV) + (0,00197 x Kg de leite) = 0,318
Exigências:
MS (Kg) PB(%) NDT(%) Ca(%) P(%) FDN(%)
16,97 13,43 61,62 0,60 0,32 35
Bromatologia
145
Ingredientes disponíveis:
Alimentos %MS %PB %NDT %Ca %P %FDN
Pastagem seca 25 4,0 50,0 0,25 0,10 70,0
Silagem de milho 27,4 8,0 63,0 0,52 0,16 59,1
Milho grão 89,0 9,0 85,0 0,023 0,31 9,0
Farelo de soja 89,0 45,0 82,0 0,41 0,62 7,75
Caroço de algodão 90,0 25,0 90,0 0,12 0,54 37,0
Uréia 100 281,0 0 0 0 0
Calcário 100 0 0 38 0 0
Fosfato bicálcico 100 0 0 23 18 0
Premix min. e vit. 100 0 0 0 0 0
Sal comum 100 0 0 0 0 0
• Calcular os pré-fixados:
Calcário + F. Bicálcico: 3,7% do concentrado = 0,132Kg
Sal comum: 2,0% do concentrado = 0,071Kg
Premix mineral: 0,35% do concentrado= 0,013Kg
Uréia: 5,35% do concentrado = 0,191Kg
*concentrado = (dieta total – volumoso) = 16,970 – 13,410 = 3,56
• Calcular a relação CO:VO:
Pelo NDT:
1º) No volumoso: 40% de pasto e 60% de silagem de milho: NDT = 57,8
2º) No concentrado 10% são fixos ( não têm energia).
NDT Co = (NDT Mi + NDT FS + NDT CA) / 3 x( Desconta os pré-fixados)
NDT Co = (90 + 85 + 82) / 3 = 85,67 x 0,886 = 75,90 (100-11,4)
Bromatologia
146
NDT Vo = 40% pasto + 60% silagem
NDT Vo = 0,4 x 50 + 0,6 x 63 = 57,8
Cálculo:
NDT Co + NDT Vo = NDT exigência
75,90 (1-Vo) + 57,8 Vo = 61,68
75,90 – 75,90 Vo + 57,8 Vo = 61,68
-18,1 Vo= -14,22 (-1)
Vo = 14,22/18,1 = 0,79%
Co = 21
Relação CO:VO = 21:79
• Nutrientes fornecidos pelo volumoso:
Ingrediente MS
(Kg)
PB
(Kg)
NDT
(Kg)
Silagem de milho(46,8%) 8,05 0,644 5,072
Pasto (31,2%) 5,36 0,214 2,680
Total 13,41 0,858 7,752
Bromatologia
147
• Nutrientes fornecidos pelos pré-fixados:
Ingrediente MS (Kg) PB (Kg) NDT (Kg)
Calcário + F.bic. 0,132 0 0
Sal comum 0,071 0 0
Premix min 0,013 0 0
Uréia 0,191 0,537 0
Total 0,407 0,537 0
• Cálculo do déficit que será corrigido pelo energético+protéico:
Protéico = 20% de farelo de soja e 80% de caroçode algodão.
Energético = milho.
Alimentos MS (Kg) PB (Kg) NDT (Kg)
Volumoso 13,41 0,858 7,752
Pré-fixado 0,407 0,537 0
Total 13,817 1,395 7,752
Exigência 16,970 2,279 10,457
Déficit 3,153 0,884 2,705
Bromatologia
148
• Montar a equação:
Energético (milho): 0,09PB e 0,85NDT
Protéico (20% de FS e 80% de CA): PB = (45 x 0,2 + 25 x 0,8) = 29%
NDT = (82 x 02 + 90 x 0,8) = 88,4%
0,09Mi + 0,29 prot = 884 (multiplicar pelo fator -9,44)
0,85 Mi + 0,884 prot = 2705
-0,85Mi – 2,739 prot = - 8348
0,85 Mi + 0,884 prot =2705
1,855 prot = 5643
prot= 3042,05g sendo que 608,41g são de farelo de soja e
2433,64g são caroço de algodão.
Milho = 0,09Mi + 0,29 x (3042,05) = 884
Mi = 20g
Bromatologia
149
• Calcular o déficit de Ca e P:
Alimentos MS (Kg) PB (Kg) NDT (Kg) Ca (g) P (g)
Silagem de milho 8,05 0,644 5,072 41,86 12,88
Pasto 5,36 0,214 2,680 13 5,,36
Milho 0,020 0,0018 0,017 0,0046 0,062
Farelo de soja 0,608 0,274 0,499 2,49 3,77
Caroço de algodão 2,433 0,608 2,190 2,91 13,14
Uréia 0,191 0,537 0 0 0
Sal comum 0,071 0 0 0 0
Premix min. 0,013 0 0 0 0
Total 16,746 2,279 10,458 60,26 35,21
Exigência 16,970 2,279 10,457 102,16 53,97
Déficit - 0 0 41,90 18,76
1º. Balancear o fósforo:
100g de F.bic ----------------18g de P
x g ----------------18,76
x = 104,22g de fosfato bicálcico
2º. Balancear o cálcio:
104,22g de F.bic x 0,23 (% de Ca) = 23,92
Déficit = 41,9 – 23,92 = 17,98
100g de calcário--------------38g de Ca
x g --------------17,98
x = 47,32g de calcário.
Bromatologia
150
Ração final:
Alimentos MS (Kg) % PB (%) NDT (%) Ca (%) P (%)
Silagem de milho 8,05 47,64 3,81 30,02 0,25 0,08
Pasto 5,36 31,72 1,27 15,86 0,08 0,03
Milho 0,020 0,12 0,01 0,10 0,00 0,00
Farelo de soja 0,608 3,60 1,62 2,95 0,01 0,02
Caroço de algodão 2,433 14,40 3,60 12,96 0,02 0,08
Uréia 0,191 1,13 3,18 - - -
Calcário 0,047 0,28 - - 0,11 -
Fosfato bic. 0,104 0,61 - - 0,14 0,11
Sal comum 0,071 0,42 - - - -
Premix min. 0,013 0,08 - - - -
Total 16,897 100 13,49 61,89 0,61 0,32
Exigência 16,970 - 13,43 61,62 0,60 0,32
Ração final na matéria natural:
Alimentos Mat. Natural (kg)
Silagem de milho 29,380
Pasto 21,440
Milho 0,022
Farelo de soja 0,683
Caroço de algodão 2,703
Uréia 0,191
Calcário 0,047
F. bicálcico 0,104
Sal comum 0,071
Premix 0,013
Total 54,614
Bromatologia
151
Ex.: Formular uma ração balanceada para frangos de corte machos de 8
a 21 dias de idade, utilizando o método algébrico, considerando as
seguintes informações:
Produto Comercial
Suplemento vitaminas e microminerais para inclusão em 2 kg por tonelada de
ração – Níveis por Kg de ração: vitamina A 5.500.000 U.I; vitamina D3
1.000.000 U.I; vitamina E 6.500; vitamina K3 1.250 mg; vitamina b1 500 mg;
vitamina B2 2.500 vitamina B6 750 mg; vitamina B12 7.500 mg; ácido fólico 250
mg; pantotenato de cálcio 6.500 mg; niacina 17.500 mg; biotina 25 mg;
antioxidante 2.000 mg; cobre 3.000 mg; ferro 25.000 mg; iodo 500 mg;
manganês 32.500 mg; selênio 100 mg; zinco 22.500 mg; veiculo q.s.p 1000g.
Exigências nutricionais
Energia metabolizável = 3.050 Kcal/kg, proteína bruta = 21,14%, cálcio =
0,90%, fósforo disponível 0,45%, sódio = 0,22%, lisina = 1,31%; metionina =
0,51%; colina = 300mg/Kg. Adaptado de Rostagno et al. (2005).
Bromatologia
152
Alimentos disponíveis
Tabela – Alimentos disponíveis e composição nutricional (na matéria natural).
Ingredientes
EM
Kcal/ Kg
PB
(%)
Pd
(%)
Ca
(%)
Na
(%)
Lis
(%)
Met
(%)
Colina
(%)
Milho 3381 8,3 0,08 0,03 0,02 0,24 0,17 -
Farelo de soja 2256 45,3 0,18 0,24 0,02 2,77 0,64 -
Óleo de soja 8790 - - - - - - -
Calcáreo calcítico - - - 38,4 - - - -
Fosfato bicálcico - - 18,5 24,5 - - - -
Sal comum - - - - 39,7 - - -
DL - Metionina - - - - - - 98 -
L - Lisina - - - - - 78 - -
Cloreto de Colina 60% - - - - - - - 60
Adaptado de Rostagno et AL. (2005).
Outras informações
Incluir 300 ppm de probiótico a base de Bacillus subtilis
Deixar espaço na fórmula de 8%
Bromatologia
153
Proteína
Montar a equação
0,083 Milho + 0,453 F. soja = 21,14
Milho + F. soja = 92,00
Milho = 92 – F. soja
0,083 (92- F. soja) + 0,453 F. soja = 21,14
7,636 – 0,083 F. soja + 0,453 F. soja = 21,14
0,37 F. soja = 13,504
F. soja = 36,5%
Milho = 92 – F. soja
Milho = 92,36,5
Milho = 55,5%
Energia Metabolizável
a) Total EM fornecida pelo Milho e F. soja
0,555 x 3381 + 0,365 x 2256 = 2700 kcal/ kg
Milho F. soja
b) Deficit
3050 – 2700 = 350 Kcal/Kg
Bromatologia
154
c) Suplementação com óleo de soja
8790 Kcal/Kg ---------- 100%
350 Kcal/Kg ---------- X
X = 3,98%
Fósforo disponível
a) Total de fósforo pelo milho + F. soja
0,08 x 0,555 + 0,18 x 0,365 = 0,1101%
Milho F. soja
b) Déficit = 0,45 – 0,11 = 0,34%
c) Suplementação com fosfato bicálcico
18,5% Pd ---------- 100%
0,34 % Pd ---------- X
X = 1,84%
Cálcio
a) Total Ca fornecido pelo milho, F. soja e fosfato bicálcico
0,03 x 0,555 + 0,24 x 0,365 + 245 x 0,0184 = 0,555%
Milho F. soja F. bicálcico
b) Déficit = 0,90 – 0,555 = 0,345
c) Suplementação calcário
38,4% Ca ---------- 100%
0,345% Ca ---------- X
X = 0,90%
Bromatologia
155
Sódio
a) Total fornecido pelos outros ingredientes = 0,0184%
b) Déficit = 0,2016
c) Sal comum = 0,51%
Lisina
a) Total fornecido pelos outros ingredientes = 1,1442%
b) Déficit = 0,1658%
c) L. lisina = 0,21%
Metionina
a) Total fornecido pelos outros ingredientes = 0,32795%
b) Déficit = 0,18205%
c) DL. Metionina = 0,19%
Colina
a) 300mg/kg = 300mg/1000g = 0,3g/ 1000g = 0,03/ 100g
b) Déficit 0,03% colina
c) Suplementação com Cloreto de colina
60% colina ---------- 100% cloreto de colina
0,03% colina ---------- X
X = 0,05% Cloreto de colina
Bromatologia
156
Probiótico
300mg/kg = 0,3g/1000g = 0,03g/100g = 0,03%
Quantidade de probiótico a ser utilizado é de 0,03%.
Ração Kg
Milho 55,5
Farelo de soja 36,5
Óleo de soja 3,98
Calcáreo calcítico 0,90
Fosfato bicálcico 1,84
Sal comum 0,51
DL - Metionina 0,19
L - Lisina 0,21
Cloreto de Colina 60% 0,05
Probiótico 0,03Suplemento 0,20
Total 99,91